Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISCIPLINA MICROBIOLOGIA AMBIENTAL AULA 04 MICRORGANISMOS DE INTERESSE SANITÁRIO E AMBIENTAL AUTOR VIDEANNY VIDENOV ALVES DOS SANTOS E CYBELLE TEIXEIRA MARQUES TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL DISCIPLINA MICROBIOLOGIA AMBIENTAL AULA 04 MICRORGANISMOS DE INTERESSE SANITÁRIO E AMBIENTAL AUTOR VIDEANNY VIDENOV ALVES DOS SANTOS E CYBELLE TEIXEIRA MARQUES TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL GOVERNO DO BRASIL Presidente da República DILMA VANA ROUSSEFF Ministro da Educação JOSÉ HENRIQUE PAIM FERNANDES Diretor de Ensino a Distância da CAPES JOÃO CARLOS TEATINI Reitor do IFRN BELCHIOR DE OLIVEIRA ROCHA Diretor do Campus EaD/IFRN ERIVALDO CABRAL Diretora Acadêmica do Campus EaD/IFRN ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE Coordenadora Geral da UAB /IFRN ILANE FERREIRA CAVALCANTE Coordenadora Adjunta da UAB/IFRN MARLI TACCONI Coordenadora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental MARIA DO SOCORRO DIÓGENES PAIVA MICROBIOLOGIA AMBIENTAL AULA 04 Microrganismos de Interesse Sanitário e Ambiental Professor Pesquisador/Conteudista VIDEANNY VIDENOV ALVES DOS SANTOS E CYBELLE TEIXEIRA MARQUES Diretora da Produção de Material Didático ROSEMARY PESSOA BORGES Coordenador da Produção de Material Didático LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Revisão Linguística HILANETE PORPINO DE PAIVA Coordenação de Design Gráfico LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Projeto Gráfico BRENO XAVIER Diagramação/ Ilustração ERIWELTON CARLOS M. DA PAZ INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA RIO GRANDE DO NORTE Campus EaD 5 INTEMPERISMO E SOLO APRESENTANDO A AULA Caro(a) aluno(a), nesta aula discutiremos sobre a distribuição dos microrganismos na natureza, os principais fatores físicos que influenciam essa distribuição e examinaremos como alguns microrganismos conseguem viver em condições extremas. Na sequência, você compreenderá a importância dos microrganismos na manutenção do equilíbrio do ambiente pela reciclagem dos elementos químicos e pela manutenção da cadeia alimentar em ambientes aquáticos. Por fim, conhecerá como os microrganismos são utilizados no tratamento de esgotos e na limpeza de poluentes. DEFININDO OBJETIVOS Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: • Compreender a distribuição dos microrganismos na natureza; • Perceber a influência dos fatores físicos na distribuição ambiental dos microrganismos; • Refletir que a compreensão das adaptações de organismos extremófilos ao seu ambiente auxilia no desenvolvimento de produtos biotecnológicos; • Perceber a importância dos microrganismos para a manutenção da vida na Terra; • Reconhecer os microrganismos de interesse sanitário e ambiental. 6 GEOLOGIA AMBIENTAL DESENVOLVENDO O CONTEÚDO DISTRIBUIÇÃO DOS MICRORGANISMOS NA NATUREZA Os microrganismos e seus habitats Você já parou para pensar que os microrganismos estão presentes em todos os lugares onde existe vida? Pois é, existem diferentes ambientes que rodeiam os seres vivos e não há nenhum local na Terra capaz de sustentar a vida sem microrganismos (SCHAECHTER; INGRAHAM; NEIDHARDT, 2010). Na aula 02, você foi questionado sobre a quantidade de espécies de microrganismos que existem na Terra, está lembrado? Agora, você arriscaria dizer quantos microrganismos existem no mundo? Estima-se que o número total de células microbianas na Terra seja cerca de 5x1030 células, o que corresponde a maior porção da biomassa do planeta (MADIGAN et. al., 2010). Como vimos nas aulas anteriores, os microrganismos podem ser encontrados por toda parte. Mas, você sabia que existem ambientes onde podemos encontrar os principais ecossistemas desses seres microscópicos? São eles: ambientes aquáticos (oceanos, lagoas, lagos, riachos, gelo e fontes termais), ambientes terrestres (solo e ambientes da subsuperfície profunda) e em outros organismos, como plantas e animais (MADIGAN et. al., 2010). Vamos ver agora exemplos que evidenciam a amplitude do número de microrganismos que habitam os ambientes mencionados anteriormente. Nos oceanos há quase um milhão de bactérias por ml de água, totalizando, no mínimo, 1029 células em todos os oceanos (SCHAECHTER; INGRAHAM; NEIDHARDT, 2010); em uma colher de solo fértil, podem existir milhões de microrganismos; os animais carregam uma grande população de microrganismos em suas superfícies corpóreas, no trato intestinal e em seus orifícios e as bactérias são responsáveis por mais de 50% do peso da fezes humanas e de animais (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005a). 7 INTEMPERISMO E SOLO Microrganismos Extremófilos Você lembra que comentamos sobre ambientes extremos na aula 02? Naquela aula falamos sobre o domínio Archaea e citamos como exemplo de seres procariontes prertencentes a esse domínio os que vivem em ambientes extremos. Agora, vamos conhecer mais um pouco sobre os microrganismos extremófilos, ou seja, seres microscópicos que sobrevivem e crescem em condições extremas de temperatura, pressão, radiação, acidez, alcalinidade ou salinidade. Os microrganismos extremófilos possuem representantes distribuídos, principalmente, nos domínios Bacteria e Archaea. Esses seres já foram encontrados em fontes de água fervente, em minúsculas aberturas em rochas a um quilõmetro de profundidade, em riachos formados nas montanhas pelo derretimento da neve e em águas com muita concentração de sal, como por exemplo as do mar Morto. Também já foram isoladas mais de 5000 bactéria de cada milímetro de neve no Polo Sul e explorações nas profundezas do oceano revelam um grande número de microganismos que vivem na ausência de luz e sujeitos a grandes pressões (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Observe na figura 1 representantes extremófilos dos domínios Bacteria e e a localização de alguns ambientes onde eles já foram encontrados. LEMBRE-SE! Como os microrganismos estão distribuidos por todo o globo terrestre e possuem ampla relação com os demais seres vivos, foi necessário classificá- los e, assim, organizá-los em grupos com base em algumas características. VOCÊ SABIA? Os microrganismos que vivem em ambientes extremos não só suportam esses extremos como, na realidade, requerem a condição extrema para seu crescimento. Esse é o motivo de serem chamados extremófilos, já que o sufixo filo significa “amante” (MADIGAN et. al., 2010). 8 GEOLOGIA AMBIENTAL O potencial biotecnológico dos microrganismos extremófilos tem merecido uma atenção cada vez maior da comunidade científica. Antigamente, estes seres eram vistos com curiosidade, porém, agora, estão sendo considerados soluções viáveis para os problemas econômicos e/ou ecológicos de diversos processos industriais, não só devido aos seus processos metabólicos, mas devido às próprias enzimas que produzem, as quais possuem, muitas vezes, propriedades com enorme Fig. 01 - Microrganismos extremófilos representantes dos domínios Bacteria e Archaea e alguns ambientes onde eles já foram encontrados. Fo nt e: A da pt ad o de G ui m ar ãe s (2 01 2) . DISPERSÃO DOS MICRORGANISMOS Como seres tão pequenos e morfologicamente tão simples conseguem alcançar quase todos os lugares da Terra? As correntes de ar transportam os microrganismos desde a superfície terrestre até as camadas superiores da atmosfera e, assim, eles podem percorrer todo o planeta. Por esse motivo, algumas vezes são encontrados microrganismos característicos dos oceanos no pico de uma montanha. Além disso, eles também podem ser transportados por correntes de água, por outros seres vivos ou através de objetos. Mas cuidado! Quando os dejetos contendo microrganismos patogênicos são lançados em em água corrente, pode-se causar a disseminação de doenças. 9 INTEMPERISMO E SOLO potencial biotecnológico (FÉLIX, 2008). Veja alguns exemplos do uso de enzimas de organismos extremófilos na indústria: hidrólise do amido, branqueamento de papéis, processamento de alimentos, limpeza do ambiente pela degradação de poluentes e indústriafarmacêutica. Você conheceu uma infinidade de ambientes que os microrganismos conseguem habitar, agora, você lembra quais mecanismos esses seres microscópicos possuem para, em alguns casos, suportar condições tão adversas e poderem estar em, praticamente, todos os lugares? Vimos, na última aula, que a capacidade que os microrganismos possuem de viver em uma grande variedade de ambientes está associada com a diversidade genética que eles possuem, o que reflete diretamente na sua diversidade metabólica. Você também deve lembrar que vimos, na aula anterior, a presença de vias metabólicas exclusivas nos microrganismos e, por esse motivo, eles são capazes de obter energia metabólica de forma que nenhum outro grupo de organismo consegue. Dessa forma, os microrganismos conseguem viabilizar a vida em ambientes que antes acreditava-se impossível. Influência dos fatores físicos na distribuição ambiental dos microrganismos Bem, até agora nos limitamos a conhecer os principais ambientes habitados pelos microrganismos e os principais fatores, característicos desses seres, que estão relacionados ao sucesso na colonização de locais tão diversos. Mas, você saberia dizer quais os fatores ambientais que influenciam a sobrevivência e distribuição desses seres no ambiente? O metabolismo dos microrganismos é amplamente PARA REFLETIR O desenvolvimento de novos produtos biotecnológicos ambientais pode estar associado à melhor compreensão das adaptações de organismos extremófilos ao seu ambiente? O próximo tópico da aula irá auxiliá-lo (a) nessa reflexão. 10 GEOLOGIA AMBIENTAL afetado pelos fatores químicos e físicos de seu ambiente (MADIGAN et. al., 2010). Na aula passada, você percebeu a importância dos nutrientes (fatores químicos) para os microrganismos. Agora, nós vamos conhecer melhor como a sobrevivência e distribuição dos microrganismos é influenciada pelas condições físicas do ambiente. Porém, abordaremos apenas os fatores temperatura, pH e salinidade. A temperatura influencia diretamente o crescimento dos microrganismos, pois todos os processos de crescimento são dependentes de reações químicas que são afetadas pela temperatura (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005a). Para que os microrganismos pudessem habitar locais com diversidades de temperaturas tão grandes, foi necessário que eles desenvolvessem ao longo do tempo adaptações em suas móléculas de ácidos nucleicos, proteínas e enzimas e, na própria maquinaria de síntese de proteínas, assim como em várias estruturas como a membrana. Para cada microrganismo existe uma temperatura mínima, abaixo da qual o crescimento não é possível, uma temperatura ótima, na qual o crescimento ocorre rapidamente, e uma temperatura máxima. Acima dela o crescimento torna-se impossível (MADIGAN et. al., 2010). Observe na figura 2 a relação entre crescimento microbiano e variação da temperatura. Perceba que as alterações celulares e metabólicas vão ocorrendo à medida que a temperatura aumenta ou diminui e influenciam diretamente na taxa de crescimento. De acordo com Madigan et. al. (2010) os microrganismos podem ser divididos em quatro grupos conforme as temperaturas ótimas de crescimento: psicrófilos (o ponto ótimo está situado em temperaturas baixas); mesófilos (o ponto ótimo corresponde a temperaturas medianas); Fig. 02 - Microrganismos extremófilos representantes dos domínios Bacteria e Archaea e alguns ambientes onde eles já foram encontrados. Fo nt e: (M A D IG A N e t. al ., 20 10 ). 11 INTEMPERISMO E SOLO termófilos (o ponto ótimo encontra-se em temperaturas altas); e hipertermófilos (o ponto ótimo está em temperaturas muito altas). Veja na tabela 1 as principais características de cada um desses grupos. CARACTERÍSTICAS Grupo de Microrganismo Intervalo de temperatura de crescimento Principais representantes microscópicos Principais habitats Importância econômica PSICRÓFILOS Os microrganismos psicrófilos crescem melhor em temperaturas de 15 a 20ºC, podendo crescer em temperaturas mais baixas bactérias, fungos, algas e protozoários. águas frias, solos tais como os de oceanos e das regiões polares. deterioram o alimento estocado por longos periodos a temperatura de 4 a 10ºC. MESÓFILOS 25 a 40ºC. Bactérias patogênicas e saprófitas, os fungos, as alga e os protozoários. Dentro do corpo de animais e em ambientes terrestres e aquáticos de clima temperado e tropical. São patógenos, deteriorantes e utilizados na fabricação de alimentos. TERMÓFILOS A maioria cresce em torno de 40 a 85ºC, mas crescem melhor entre 50 a 60ºC. Procariontes e fungos filamentosos. Dentro do corpo de animais e em ambientes terrestres e aquáticos de clima temperado e tropical. São patógenos, deteriorantes e utilizados na fabricação de alimentos. HIPERTERMÓFILOS Acima de 80 ºC. Procariontes Áreas vulcânicas e fontes termais. Produtos de produtos biotecnológicos. Tab. 01 - Divisão dos microrganismos conforme suas temperaturas ótimas de crescimento e principais características de cada grupo Fo nt e: A ut or ia p ró pr ia . 12 GEOLOGIA AMBIENTAL O pH faz referência à acidez ou alcalinidade de uma solução (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). A maioria dos microrganismos são neutrófilos, ou seja, crescem melhor em pH neutro, mas existerm alguns que suportam condições extremas de acidez ou alcalinidade. O reduzido número de espécies que conseguem viver em ambientes com valores muito baixo ou alto de pH é devido esses extremos provocarem diversos problemas associados ao funcionamento celular como a desnaturação de proteínas, danos no DNA e na membrana celular. Microrganismos que apresentam crescimento ótimo em pH baixo, normalmente abaixo de pH 6, são conhecidos como acidófilos. Os fungos tendem a ser mais tolerantes ao ácido do que as bactérias e alguns procariotos também são acidófilos. Ambientes contendo pH ácidos são comumente encontrados em locais associados a atividades vulcânicas. Já aqueles microrganismos que apresentam pH ótimo igual a 9 ou superior são conhecidos como alcalifílicos. Eles são encontrados normalmente em lagos ricos em carbonato de cálcio e solos ricos em carbonato. Seus principais representantes são os procariotos (MADIGAN et. al., 2010). PESQUISE Pesquise sobre o processo de compostagem de resíduos sólidos. Esse conhecimento prévio será importante para a aula 11, na qual você conhecerá as etapas da compostagem e a importância dos organismos termófilos para o processo. Não deixe de registrar a sua pesquisa em seu material. PARA REFLETIR Na aula passada, durante a abordagem do metabolismo energético, você estudou a fermentação bacteriana. Agora, relacione o fato de poucas bactérias crescerem em um pH ácido abaixo de 4 e muitos alimentos como o chucrute, os picles e muitos queijos serem protegidos da deteriorização por produtos formados durante o processo da fermentação bacteriana. 13 INTEMPERISMO E SOLO A disponibidade de água no ambiente é fundamental para a sobrevivência dos microrganismos, uma vez que eles obtêm a maioria dos seus nutrientes na água presente no seu meio. Além de requererem água para seu crescimento, sua composição chega a ser 80 a 90% de água (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012 ). Você não pode deixar de lembrar que na aula passada, falamos sobre a importância da água para o metabolismo dos microrganismos. A água está em constante movimento através da membrana citoplasmática, em um fluxo com sentido que parte de uma solução contendo uma baixa concentração de substâncias dissolvidas (solutos) para outro contendo uma alta concentração de solutos. A força com a qual ela se move é conhecida como pressão osmótica. Em meio aquoso, não devem existir grandes diferenças na concentração de solutos dentro e fora da célula microbiana, ou as células poderiam desidratar-se ou romper- se (PELCZAR;CHAN; KRIEG, 2005a). A salinidade, de águas naturais, varia de quase zero em água doce podendo chegar à saturação (32% de NaCl) em lagos salgados, como no Grande Lago Salgado em Utah (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Os microrganismos podem ser classificados em relação à tolerância ou necessidade da presença de salinidade no ambiente em que habitam. Não halófílos são aqueles que não necessitam e não toleram a presença de sal no meio; halotolerantes crescem melhor na ausência, mas suportam certo grau de salinidade no ambiente; halófilos são aqueles que necessitam de uma determinada quantidade de sal; halófilos extremos necessitam de sal em concentrações elevadas (MADIGAN et. al., 2010). Observe na figura 3 o efeito da concentração de cloreto de sódio (NaCl) no crescimento de microrganismos com diferentes tolerâncias ou necessidades de sal. Compreender como os fatores ambientais influenciam a distribuição dos microrganismos na natureza é importante para entender e densenvolver métodos de controle das atividades microbianas, que será assunto da nossa aula de número 06. 14 GEOLOGIA AMBIENTAL ATIVIDADE 01 1.1. Quais substâncias constroem as células? Quais são os principais elementos químicos que formam essas substâncias? 1.2. De um modo geral, comente sobre a importância dos elementos químicos citados na questão 1 para os microrganismos. 1.3. Como os microrganismos obtêm os elementos químicos Fo nt e: (M A D IG A N e t. al ., 20 10 ). Fig. 03 - Efeito da concentração de cloreto de sódio no crescimento de microrganismos com diferentes tolerâncias ou necessidades de sal. VOCÊ SABIA? Peixe salgado e frutas em calda são conservados pela retirada osmótica de água de quaisquer células microbianas que estejam presentes. 15 INTEMPERISMO E SOLO OS MICRORGANISMOS E O MEIO AMBIENTE O papel dos microrganismos na reciclagem da matéria Antes de iniciarmos esse assunto, reveja o tópico Microbiologia do ambiente da aula 01. Nele citamos o importante papel que os microrganismos possuem na manutenção do equilíbrio ambiental através da reciclagem dos elementos químicos, devolvendo ao ambiente a energia e os nutrientes contidos em animais, plantas e resíduos orgânicos. Na aula passada, vimos que os elementos químicos são indispensáveis para todos os seres vivos. Você consegue recordar o motivo deles serem tão importantes? Alguns elementos químicos, principalmente, carbono, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo são considerados essenciais para a vida por participarem da formação dos componentes e do funcionamento celular. Porém, existe um problema. Eles são abundantes na natureza, mas não necessariamente nas formas que possam ser utilizados pelos organismos vivos. Os microrganismos, através de suas atividades metabólica, são os principais responsáveis pela conversão desses elementos em formas que possam ser utilizadas por plantas e animais, provocando alterações químicas e físicas significativas nos ecossistemas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Você deve estar lembrado que o carbono forma o esqueleto estrutural de carboidratos, lipídeos e proteínas. Quando ocorre a morte de algum organismo necessários para o seu crescimento? Cite exemplos. 1.4. O que são elementos traços? Liste os principais e explique a sua importância. 1.5. É correto afirmar que a água é um nutriente por ser indispensável para o crescimento dos microrganismos? Justifique a sua resposta. 1.6. Explique a importância de conhecer as exigências nutricionais dos diferentes microrganismos. 1.7. Explique a importância do gás oxigênio para a sobrevivência dos microrganismos aeróbicos obrigatórios, anaeróbicos facultativos e anaeróbicos obrigatórios. Fo nt e: A ut or ia p ró pr ia . 16 GEOLOGIA AMBIENTAL vivo os microrganismos (principalmente bactérias e fungos), por meio do processo de decomposição, devolvem esse elemento químico para a atmosfera na forma de dióxido de carbono (CO2). Os organismos fototróficos, como as cianobactérias, as plantas verdes, as algas, e as bactérias verdes e púrpuras sulfurosas utilizam o dióxido de carbono para realizarem a fotossíntese e produzir matéria orgânica para os organismos heterótrofos como animais, fungos e bactérias (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Se não fosse pela decomposição do material orgânico pelos microrganismos, o carbono se acumularia na matéria vegetal morta e não estaria disponível em quantidades suficientes, como o dióxido de carbono para o crescimento das plantas (SCHAECHTER; INGRAHAM; NEIDHARDT, 2010). Você saberia dizer outro processo do metabolismo energético dos microrganismos que libere dióxido de carbono para a atmosfera? Seres microscópicos quimiorganotróficos realizam a respiração aeróbica e, por meio dela, disponibilizam o CO2 para a atmosfera. O oxigênio da nossa atmosfera é constantemente reabastecido pela atividade dos seres vivos e foi originalmente produzido por bactérias fotossintéticas. Até os dias de hoje, pelo menos, metade do oxigênio presente no ar resulta da fotossíntese algas microscópicas e cianobactérias; o resto origina-se da fotossíntese vegetal (SCHAECHTER; INGRAHAM; NEIDHARDT, 2010). O enxofre, na sua forma elementar, não pode ser utilizado por plantas ou animais. Entretanto, algumas bactérias, como a bactéria autotrófica Thiobacillus thiooxidans, podem convertê-lo em sulfato, uma forma que pode ser utilizada por todos os seres vivos. As plantas O QUE É UM PRODUTO BIODEGRADÁVEL? Materiais biodegradáveis são aqueles que podem ser decompostos por meio da ação natural dos microrganismos. Hoje, existe a preocupação com a poluição ambiental causada por produtos não biodegradáveis, como a maioria dos plásticos. Respondendo a essa preocupação, os cientistas estão desenvolvendo materiais que são mais facilmente degradados pelos microrganismos (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005b). 17 INTEMPERISMO E SOLO utilizam o enxofre dos sulfatos para a síntese de alguns aminoácidos (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005b). O fósforo tende a acumular-se nos mares, pois diferente dos outros ciclos, não existe um produto volátil contendo fósforo para retornar fósforo para a atmosfera. O ciclo do fósforo envolve mudanças de formas solúveis para insolúveis e de fosfato orgânico para inorgânico, frequentemente em relação ao pH. Por exemplo, o fosfato nas rochas pode ser solubilizado por bactérias como o Thiobacillus (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Você já deve ter ouvido falar no ciclo do nitrogênio e que os microrganismos realizam um papel fundamental em várias etapas do ciclo (figura 4). Com exceção dos nitratos sintetizados quimicamente, usados como fertilizantes, somente algumas bactérias são fonte significativa de nitrogênio utilizável, pois conseguem converter o nitrogênio atmosférico (N2) em amônia, essencial para toda a vida (SCHAECHTER; INGRAHAM; NEIDHARDT, 2010). Vamos ver como elas conseguem realizar essa conversão? Fig. 04 - Ciclo de Nitrogênio Fo nt e: (T O RT O RA ; F U N KE ; C A SE , 2 01 2) . 18 GEOLOGIA AMBIENTAL Durante a decomposição da matéria orgânica, as proteínas serão quebradas em seus constituintes, os aminoácidos. Estes sofrerão desaminação, ou seja, terão o grupamento amina removido e este será convertido em amônia (NH3), etapa conhecida como amonificação. Como a amônia é um gás, ela desaparece rapidamente do solo seco, mas em solo úmido torna-se solúvel em água, e íons amônio (NH4 +) são formados. O próximo passo será realizado por algumas bactérias nitrificantes, como as dos gêneros Nitrosomonas (oxidam amônia em nitrito) e Nitrobacter (oxidam nitrito em nitrato), processo denominado nitrificação. Essas bactérias possuem como características serem aeróbias, gram-negativas, quimioautotróficas e, geralmente habitam o solo, o esgoto e ambientes FIXAÇÃO DE NITROGÊNIO As bactériasfixadoras de nitrogênio podem ter vida livre ou estabelecerem uma relação de simbiose com certas plantas. Encontramos os organismos de vida livre amplamente distribuídos no solo e, como principais representantes, temos as espécies pertencentes ao gênero Azotobacter e as cianobactérias, que são aeróbias, e o Clostridium pasteurianum, que é anaeróbio. A fixação de nitrogênio realizada por esses microrganismos é de grande importância nos campos alagados de arroz, no solo improdutivo, em superfícies rochosas novas e em solos áridos cultivados ou virgens. No segundo caso, temos a fixação simbiótica do nitrogênio, que é de grande importância para a agricultura. Bactérias, conhecidas como rizóbios, do gênero Rhizobium, Bradyrhizobium e outros infectam raízes de plantas leguminosas, como soja, feijão, ervilha e amendoim formando nódulos em suas raízes. Nessa associação a planta fornece condições anaeróbicas e nutrientes para o crescimento da bactéria, e a bactéria fixa o nitrogênio, que pode ser incorporado às proteínas da planta (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005b; TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). 19 INTEMPERISMO E SOLO aquáticos. As plantas tendem a utilizar o nitrato como fonte de nitrogênio e, muitas bactérias heterotróficas aeróbicas, após formação do nitrato por meio da nitrificação, são capazes de convertê-lo em amônia e a utilizam para produzir seus aminoácidos. Para finalizar o ciclo, algumas bactérias, em condições de anaerobiose, são capazes de reduzir o nitrato a nitrogênio gasoso por um processo denominado desnitrificação. Esse processo é útil para essas bactérias produzirem energia, mas do ponto de vista agrícola, é indesejável por resultar na perda de nitrogênio do solo e, consequentemente, diminuir a quantidade de nutrientes disponível para o crescimento da planta (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005b; TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Os microrganismos e os ambientes aquáticos As águas superficiais podem ser classificadas como água doce, de estuário e oceânica. Esses corpos de água possuem variação considerável nas características físicas, o que afeta os microrganismos presentes. Esses seres, em águas naturais, estão distribuídos desde a região superficial à zona bêntica. Nos estuários, as condições ambientais variam de águas doce à oceânica e, por isso, a diversidade de microrganismos é bastante grande. Nos oceanos, a região superficial bem como as águas de todas as profundidades também apresentam um conjunto característico de seres microscópicos. Aqueles encontrados na região superficial formando o plâncton são principalmente cianobactérias, algas e protozoários. As populações de cianobactérias e algas são denominadas de fitoplâncton, já as constituídas de protozoários são denominadas de zooplâncton. No sedimento bêntico encontramos um grande número de bactérias, muitas das quais são aeróbias facultativas ou anaeróbias (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005b). Os seres microscópicos ocupam importante posição na cadeia alimentar do ambiente aquático (figura 5). Como exemplo, podemos citar o fato do zooplâncton alimentar-se do fitoplâncton e estes serem produtores de alimentos para a cadeia alimentar no oceano já que, através da fotossíntese, convertem a energia do sol em energia química. Outros microrganismos (quimiolitotróficos) também atuam como produtores, pela transformação de compostos químicos inorgânicos em compostos orgânicos (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005b). 20 GEOLOGIA AMBIENTAL Um grande número de microrganismos em um corpo de água geralmente indica altos níveis de nutrientes nesse ambiente. Caso ocorra um aumento excessivo de microrganismos em decorrência do excesso de nutrientes em um corpo de água, teremos o fenômeno da eutrofização (voltaremos a falar sobre esse fenômeno na aula 10). Como o oxigênio não se difunde muito bem na água, o crescimento de microrganismos na água parada com nutrientes provoca a rápida utilização do oxigênio dissolvido nela. Consequentemente, a água fica sem oxigênio, os peixes morrem e ocorre produção de odores devido à atividade anaeróbica. O movimento da água tende a aumentar a quantidade de oxigênio dissolvida e auxilia no crescimento da população de bactérias aeróbicas. Portanto, o movimento melhora a oxigenação da água e auxilia na degradação de nutrientes poluidores (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Microrganismos e a limpeza do ambiente Como vimos na aula passada, a diversidade de microrganismos permitiu Fig. 05 - Principais eventos da cadeia alimentar aquática. Fo nt e: A da pt ad o de P el cz ar , C ha n e Kr ie g (2 00 5b ). 21 INTEMPERISMO E SOLO a utilização de um vasto repertório de substâncias orgânicas para a nutrição e o crescimento desses seres. Acredita-se que, havendo água disponível, para quase todo composto orgânico que ocorre naturalmente, existe pelo menos um tipo de microrganismo que pode degradá-lo. Isso é muito útil para a limpeza de poluentes ambientais (SCHAECHTER; INGRAHAM; NEIDHARDT, 2010). A seguir, você verá alguns exemplos de técnicas que utilizam os microrganismos ou produtos de seu metabolismo, como enzimas, para limpeza do meio ambiente. Tratamento de esgoto A águas de esgoto ou residuais são águas que já foram utilizadas pelo homem para fins domésticos ou industriais. Podemos encontrar nas diferentes tipos de microrganismos como fungos, protozoários, algas, bactérias e vírus. Por isso, o esgoto deve ser tratado para eliminar microganismos potencialmente patogênicos. As estações de tratamento de esgoto combinam processos físicos com a ação de microrganismos benéficos. O papel desses organismos é de fundamental importância, pois eles degradam grande parte do material orgânico presente e decompõem outras substâncias químicas indesejáveis. Um dos microrganismos mais importantes para avaliar a potabilidade da água é Escherichia coli, pois sua presença indica a contaminação com material fecal, já que esta bactéria é encontrada normalmente no trato intestinal humano (PELCZAR; CHAN; KRIEG, 2005b; TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Voltaremos a falar nesse assunto na aula 10. Biorremediação Você deve estar lembrado que, na aula passada, citamos o exemplo de bactérias que degradam ácidos graxos para obter energia e poderem ser utilizadas para degradar produtos do petróleo, sendo úteis como biorremediadoras em desastres ambientais que envolvam derramamento de óleo no ambiente. Esse processo que utiliza microrganismos na degradação de poluentes gerados pelas atividades humanas é conhecido como biorremediação microbiana. Os microrganismos, do próprio ambiente ou introduzidos (em estado nativo ou geneticamente modificado), podem ser utilizados para consumir óleo derramado, solventes, pesticidas e outros poluentes 22 GEOLOGIA AMBIENTAL tóxicos ao ambiente. A biorremediação simplesmente acelera o processo natural de limpeza por meio da introdução de microrganismos consumidores de poluentes, ou de nutrientes específicos que auxiliam os microrganismos a degradarem os poluentes (MADIGAN et. al., 2010). A figura 6 representa o uso de microrganismos no processo de b i o r r e m e d i a ç ã o . Perceba, na figura 6, a diferença entre a quantidade de óleo presente na porção da praia onde não foi utilizado o tratamento (à esquerda) e na porção da praia que recebeu o tratamento (à direita). Fo nt e: (T O RT O RA ; F U N KE ; C A SE , 2 01 2) . Fig. 06 - Biorremediação de um derramamento de óleo no Alasca. PESQUISE Produtos químicos que não são encontrados normalmente na natureza são conhecidos como xenobióticos. Muitos desses produtos, como os pesticidas são altamente resistentes à degradação microbiológica. Um exemplo é o inseticida DDT, que por ser tão resistente, acumulou-se em níveis prejudiciais no ambiente (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Sabendo disso, pesquise como ocorre a contaminação de águassubterrâneas por pesticidas e descreva uma alternativa para o uso do mesmo. Esta deve ser viável economicamente e não agredir o meio ambiente. Não deixe de registrar sua pesquisa em seu material. 23 INTEMPERISMO E SOLO Resíduos sólidos municipais Os resíduos sólidos municipais (lixo) devem passar por tratamento antes de sua disposição final na natureza. A fase de tratamento dos resíduos corresponde ao conjunto de ações que objetivam a minimização da geração de lixo e a diminuição da periculosidade e do seu volume, quando possível (BRASIL, 2005). A compostagem (tema da aula 11) e a digestão anaeróbica são processos de tratamento de resíduos que dependem da ação de microrganismos para acontecer. A digestão anaeróbica é um processo de degradação biológica de resíduos sólidos que ocorre na ausência de oxigênio. Como resultado da degradação dos resíduos sólidos, é gerado o chorume, um líquido de coloração escura, odor desagradável e altamente tóxico. Esse líquido possui alto poder de contaminação, podendo contaminar o solo e as águas subterrâneas e superficiais. Além da formação do chorume, o processo de digestão anaeróbica gera gases que contribuem para o aquecimento global da Terra, como o metano (CH4), que é tóxico e altamente inflamável, e o dióxido de carbono (CO2). O metano é uma das mais convenientes fontes de energia produzida pela bioconversão. Atualmente, muitas comunidades produzem quantidades úteis de metano a partir de resíduos de aterros (BRASIL, 2005; TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). O aterro sanitário (figura 7) é um local ambientalmente seguro para a disposição final dos resíduos no solo. Os resíduos dispostos nesse local serão confinados no menor espaço e volume VOCÊ SABIA? Acredita-se que existam 10 trilhões de toneladas de metano nos sedimentos do fundo do oceano. Esse valor corresponde, aproximadamente, duas vezes mais a quantia de depósitos de combustíveis fósseis da Terra, como carvão e o petróleo. Além disso, as bactérias metanogênicas nas profundezas do oceano estão constantemente produzindo mais. Como o metano é muito mais potente como gás de efeito estufa que o dióxido de carbono, o ambiente da Terra seria perigosamente alterado se todo esse gás escapasse para a atmosfera (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). 24 GEOLOGIA AMBIENTAL possíveis e estarão isolados do ambiente por meio da impermeabilização do solo, da cobertura das camadas de lixo e da drenagem dos gases para não gerar danos ambientais e para a saúde pública (BRASIL, 2005). Fo nt e: A da pt ad o de E nt en da a d ife re nç a en tr e os li xõ es e a te rr os s an itá rio s (D oc um en to o n lin e) Fig. 07 - Representação esquemática de um aterro sanitário. ATIVIDADE 03 1.1. Como ocorre a fixação do dióxido de carbono (CO2) e quais os microrganismos capazes de fixá-lo? 1.2. Defina desaminação, amonificação, nitrificação, desnitrificação e fixação de nitrogênio. 1.3. Diferencie a fixação de nitrogênio simbiótica da não simbiótica. 1.4. Qual a importância dos microrganismos para a vida em ambientes aquáticos? 25 INTEMPERISMO E SOLO 1.5. Quais as características presentes nos microrganismos que permitem sua utilização em diferentes técnicas para limpeza do ambiente? 1.6. O que é biorremediação? Cite dois exemplos nos quais essa tácnica possa ser utilizada. 1.7. Qual a importância ambiental do aproveitamento de metano produzido a partir da bioconversão que ocorre em aterros sanitários? LEITURAS COMPLEMENTARES 1. Leia o texto intitulado “Compromisso brasileiro com a vida dos solos” extraído da revista XXI – Ciência para a vida (ZAMBUDIO, Sandra. Compromisso brasileiro com a vida dos solos. Revista XXI: Ciência para a vida, Brasília, n. 01, p. 10-15, jun.-set., 2012. Disponível em: <http:// revista.sct.embrapa.br/download/XXI_n1_pt.pdf>. Acesso em 14 abr. 2014.). Sua leitura proporcionará uma melhor compreensão sobre a fixação de nitrogênio e a utilização de microrganismos fixadores na agricultura. O texto encontra- se na plataforma Moodle. 2. Leia também o texto intitulado “Biorremediação” disponível na plataforma Moodle. O texto contém conceitos importantes sobre biorremediação e explica como aplicar esta técnica na limpeza de ambientes poluídos. Texto extraído da revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento (GAYLARDE, Christiane Claire; BELLINASO, Maria de Lourdes; MANFIO, Gilson Paulo. Biorremediação. Revista Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, Brasília, v. 8, n. 34, p. 36-43, jan.-jun. 2005. Disponível em: < http://www. biotecnologia.com.br/revista/bio34/biorremediacao_34. pdf>. Acesso em: 14 abr. 2014.). 26 GEOLOGIA AMBIENTAL RESUMINDO Os microrganismos possuem uma grande diversidade genética e isso permitiu que esses seres pudessem habitar quase todos os lugares da Terra, inclusive aqueles considerados extremos. A distribuição desses seres no ambiente é influenciada por fatores químicos, como oferta de nutrientes, e físicos, como temperatura, pH e salinidade. Cada microrganismo possui uma temperatura e faixa de pH ótimas de crescimento e podem tolerar ou necessitar da presença de salinidade no ambiente. De acordo com a temperatura ótima de crescimento, os microrganismos podem ser classificados em psicrófilos, mesófilos, termófilos e hipertermófilos; com relação a faixa ótima de pH para crescimento eles são classificados em acidófilos, neutrófilos e alcalifílicos; quando é considerado sua tolerância ou necessidade de salinidade no ambiente eles podem ser não halófilos, halotolerantes, halófilos e halófilos extremos. Os microrganismos contribuem de modo essencial na manutenção do equilíbrio dos organismos vivos através da reciclagem dos elementos químicos e por constituírem a base da cadeia alimentar em ambientes aquáticos. Esses seres ou produtos de seu metabolismo, como enzimas, são essenciais no desenvolvimento de produtos biotecnológicos e por possuírem grande capacidade de degradar compostos orgânicos são utilizados em diferentes aplicações de interesse sanitário e ambiental como o processo de tratamento de esgotos, a biorremediação e o tratamento de resíduos sólidos municipais. 27 INTEMPERISMO E SOLO AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS 1. Em uma aula de microbiologia, o professor afirmou o seguinte: Os microrganismos são essenciais para a manutenção da vida na Terra. Você concorda com ele? Justifique. 2. De que maneira os microrganismos extremófilos podem ser úteis na indústria biotecnológica? 3. Qual a importância da fixação simbiótica de nitrogênio para a agricultura? 4. Explique como o funcionamento celular de uma bactéria psicrófila seria afetado, caso ela fosse colocada em um ambiente típico de uma bactéria hipertermófila. 5. Qual o motivo de serem encontradas poucas espécies de microrganismos vivendo em locais com pH considerado extremo? 6. Relacione a capacidade de decomposição de compostos orgânicos que os microrganismos possuem, com a utilização desses organismos em diferentes técnicas que visam à limpeza do ambiente. LEMBRE-SE Bioconversão: alterações em materiais orgânicos provocadas por microrganismos. Biomassa: matéria orgânica total produzida por um organismo vivo. Cadeia alimentar: sequência de seres vivos em um ecossistema que se alimentam uns dos outros. Consumidor primário: organismo que se alimentam da matéria orgânica produzida pelos produtores. 28 GEOLOGIA AMBIENTAL Decomposição: processo biológico, realizado principalmente por bactérias e fungos, no qual a matéria orgânica é transformada em seus constituintes mais simples. Ecossistema: associação dos organismos com o seu ambiente. Efluente: dejetos líquidos do esgoto e processos industriais. Estuário: extensão de águas costeiras que apresenta uma ligação livre com o mar aberto. Fitoplâncton: organismos fotoautotróficospresentes no plâncton. Habitat: ambiente natural de um ser vivo. Produtor: organismo autótrofo que converte dióxido de carbono em compostos orgânicos. Plâncton: organismos aquáticos flutuantes. Simbiose: associação entre dois ou mais seres vivos. Zona bêntica: sedimento encontrado no fundo de um corpo de água. Zooplâncton: organismos não fotossintéticos presentes no plâncton. 29 INTEMPERISMO E SOLO CONHECENDO AS REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Manual de educação para o consumo sustentável. Brasília: MMA; MEC; IDEC, 2005. CENTRO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS (SANTEC). Entenda a diferença entre os lixões e aterros sanitários. 2013. Disponível em: <http://www.santecresiduos.com.br/ noticia/2013/06/14/entenda-a-diferenca-entre-os-lixoes-e-aterros-sanitarios/>. Acesso em: 14 abr. 2014. FÉLIX, D. J. S. Potencial biotecnológico dos microrganismos extremófilos. 2008. 115 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Microbiologia Molecular, Departamento de Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal, 2008. Disponível em: <http://ria.ua.pt/bitstream/10773/754/1/2008001195.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2014. GUIMARÃES, M. Minúsculos, mas de peso: organismos invisíveis a olho nu demonstram capacidade de resistir a viagens interplanetárias. Revista Pesquisa FAPESP, São Paulo, n. 193, mar. 2012. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/03/23/ min%C3%BAsculos-mas-de-peso/>. Acesso em: 10 abr. 2014. MADIGAN, M. T. et. al. Microbiologia de Brock. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. PELCZAR JÚNIOR, M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: conceitos e aplicações. Tradução de Sueli Fumie Yamada, Tania Ueda Nakamura, Benedito Prado Dias Filho. 2. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2005a. v. 1. PELCZAR JÚNIOR., M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: conceitos e aplicações. Tradução de Sueli Fumie Yamada, Tania Ueda Nakamura, Benedito Prado Dias Filho. 2. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2005b. v. 2. SCHAECHTER, M.; INGRAHAM, J. L.; NEIDHARDT, F. C. Micróbio: uma visão geral. Porto Alegre: Artmed, 2010. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução de Aristóbolo Mendes da Silva et al. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. LISTA DE FIGURAS Fig. 01 - Adaptado de Guimarães (2012). Fig. 02 - (MADIGAN et. al., 2010). Fig. 03 - (MADIGAN et. al., 2010). Fig. 04 - (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Fig. 05 - Adaptado de Pelczar, Chan e Krieg (2005b). 30 GEOLOGIA AMBIENTAL Fig. 06 - (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012). Fig. 07 - Adaptado de Entenda a diferença entre os lixões e aterros sanitários (Documento on line)
Compartilhar