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(dois verbetes para um dicionário de sexologia, 1923) Psicanalise e Teoria da Libido Psicanálise É um procedimento para a investigação de processos psíquicos. É um método de tratamento de distúrbios neuróticos, baseado nessa investigação. É uma série de conhecimentos psicológicos adquiridos que constituem atualmente uma disciplina científica. Reconhece-a como ciência pois possui teoria, método e técnica. Histeria É apresentada em duplo aspecto, psíquico e físico, em sua sintomatologia. Breuer, em 1880/1881, tratou de uma paciente histérica – com a hipnose - que apresentava paralisias motoras, inibições e transtornos de consciência. Dez anos após esse ocorrido, Freud retorna a Viena e se propõe, juntamente com Breuer a retomar o caso, e desenvolvem estudos sobre a histeria. Designaram catártico o método terapêutico por eles aplicado. Os sintomas histéricos surgiam quando um processo psíquico carregado de muito afeto era impedido de acertar-se pela via normal que conduz a consciência e à mobilidade. Trauma psíquico: quando o afeto “entalado” entra por vias erradas, achando escoamento na inervação somática (conversão). Catarse Ocorre quando há – no tratamento - a abertura dos caminhos para a descarga do afeto através das vias normais. É o “vomitar”, estar consciente dos afetos. Associação Livre Utilizar o material de pensamentos espontâneos para elucidar questões do paciente. O paciente é convidado a, ao se colocar no lugar de auto-observador, a ler apenas a superfície de sua consciência, por um lado se abstendo de qualquer impedimento moral, sem omitir nada que lhe ocorra. Arte da interpretação A experiência mostrou que o mais adequado para o médico que conduzisse a análise seria entregar-se, com atenção uniformemente flutuante, à sua própria atividade mental inconsciente. Evitar o máximo de reflexão e a formação de expectativas conscientes, não pretender fixar na memória nada do que se ouve. Conjugando imparcialidade e prática, chegava-se normalmente em resultados confiáveis. A interpretação dos atos falhos e das ações casuais Atos psíquicos frequentes das pessoas normais, para os quais não se buscava explicação, devem ser considerados como os sintomas dos neuróticos (isto é: possui um significado desconhecido pela pessoa, mas que pode ser facilmente encontrado através da análise) O esquecimento de palavras, os frequentes atos falhos ao falar, perder ou pôr fora de lugar objetos... se dão como manifestações suprimidas da pessoa, ou consequência do choque de duas intenções No tratamento analítico, a interpretação dos atos falhos tem seu lugar como meio para desvelar o inconsciente junto à interpretação das associações. A interpretação dos sonhos O melhor e a maior parte do que sabemos dos processos das camadas psíquicas do inconsciente vem da interpretação dos sonhos. A maior tarefa é transferida para o sonhador, ao lhe perguntar sobre suas associações com cada elemento do sonho. Com as associações, chegamos a pensamentos que correspondem inteiramente ao sonho, mas que revelam porções genuínas e inteligíveis da atividade mental desperta. O sonho lembrado se contrapõe, como conteúdo onírico manifesto, aos pensamentos oníricos latentes achados mediante a interpretação. Pela relação com a vida desperta, chama-se pensamentos oníricos latentes de resíduos diurnos. Teoria dinâmica da formação do sonho A força motriz para a formação do sonho é fornecida por um impulso inconsciente reprimido durante o dia, com que os resíduos diurnos puderam estabelecer contato e que, a partir dos pensamentos latentes, traz para si uma realização do desejo. Todo sonho é, por um lado, a realização de um desejo do inconsciente e por outro lado, na medida em que consegue proteger dos distúrbios do sono, uma realização do desejo normal de sono. A dinâmica da formação do sonho é igual a formação dos sintomas: Ambas possuem tendencias, uma inconsciente e reprimida que geralmente busca satisfação/realização do desejo, e uma que é parte do Eu consciente, desaprovadora e repressiva. Resultado desse conflito é que as tendencias acham expressão incompleta. O desenvolvimento da libido O instinto sexual, que na vida mental chamamos de “libido”, é constituído de instintos componentes nos quais pode novamente desdobrar-se e que só gradualmente se unem em organizações definidas. As fontes desses instintos componentes são os órgãos do corpo. Primeira fase de organização a ser discernida é a oral, na qual em conformidade com os interesses predominantes do bebê, desempenha o papel principal. É seguida pela organização anal sádica em que a zona anal e o instinto componente do sadismo são principais. Nesta fase a diferença entre os sexos é representada pelo contraste entre ativo e passivo. A terceira e última fase da organização é aquela em que a maioria dos instintos componentes converge para o primado das zonas genitais. Normalmente a evolução é atravessada rápida e moderadamente, mas certas partes individuais dos instintos permanecem atrás, nas fases prodrômicas do processo, e dão assim surgimento a fixações da libido, importantes como predisposições constituintes para irrupções subsequentes de impulsos reprimidos e que se encontram em relação definida com o desenvolvimento posterior das neuroses e perversões. O processo de encontrar um objeto e o complexo de édipo Em anos precoces da infância (entre 2 e 5 anos) ocorre uma convergência dos impulsos sexuais, da qual, em meninos o objeto é a mãe. Essa escolha de objeto, junto de uma atitude de rivalidade e hostilidade com o pai, fornece o conteúdo do que é fornecido como complexo de édipo, que é da maior importância em todo ser humano na determinação da forma final de sua vida erótica. Indivíduo normal aprende a dominar seu complexo de édipo, e o neurótico permanece envolvido nele. A Teoria da Repressão As neuroses são a expressão de conflitos entre o ego e aqueles impulsos sexuais que parecem – ao ego – incompatíveis com a integridade e os padrões éticos. Por esses impulsos não estarem em sintonia com o ego, o ego os reprime, ou seja, afaste deles seu interesse e impede de se tornarem conscientes. Se no curso da análise, tentamos tornar conscientes os impulsos reprimidos, damo-nos conta das forças repressivas em forma de resistência A libido reprimida encontra outras saídas do inconsciente, porque regride aos pontos fracos do desenvolvimento libidinal, onda há fixações infantis, irrompe na consciência e obtém descarga. Isso resulta em sintoma, trazendo, uma satisfação sexual substitutiva. Transferência Ela varia entre a devoção mais afetuosa e a inimizade mais obstinada e deriva todas as suas características de atitudes eróticas anteriores do paciente, as quais se tornaram inconscientes. Essa transferência, tanto em sua forma positiva quanto negativa, é utilizada como arma pela resistência; porém, nas mãos do médico, transforma-se no mais poderoso instrumento terapêutico e desempenha um papel que dificilmente se pode superestimar na dinâmica do processo de cura. As pedras angulares da teoria psicanalítica Constituem o principal tema da psicanálise bem como os fundamentos de sua teoria. Processos mentais inconscientes; Teoria da resistência e repressão; Importância da sexualidade e Complexo de Édipo. Narcisismo Neuroses de transferência (histeria e neurose obsessiva) se diferem, pois o sujeito tem a disposição uma quantidade de libido que está focalizada em ser transferida para objetos externos. Distúrbios Narcísicos (demência precoce, paranoia, melancolia) caracterizam-se pela retirada da libido dos objetos. A psicanálise como ciência empírica Não é como as filosofias que partem de conceitos básicos já definidos, que uma vez que completas, não possuem mais lugar para uma melhor compreensão. Ela se atém aos fatos do seu campo de estudo, procura resolver os problemas imediatos da observação, acha-se sempre incompleta e pronta a corrigir ou a modificar suas teorias. Libido: termo empregado na teoria dos instintos para descrever a dinâmica da sexualidade. Contraposição de Instintos sexuais x Instintos do Eu As primeiras manifestações estudadas pela psicanálise foram as neuroses de transferência, onde seus sintomas se davam pelo fato de os impulsos sexuais haverem sido rejeitados (reprimidos) pelo Eu, e achado expressão por meio do inconsciente. Sublimação: O mais importante destino de um instinto reprimido. O objeto e a meta são mudados, de forma que um instinto originalmente sexual passa a encontrar satisfação numa realização não mais sexual, com maior valor ético e social. Instinto de rebanho: Há quem afirme que exista um instinto de rebanho específico, inato e não suscetível à decomposição, que determina a conduta social do ser humano, levando os indivíduos à união em comunidades. A psicanálise discorda e afirma que ainda que tal instinto seja inato ele pode remontar a investimento de objetos libidinais e desenvolver-se na criança como formação reativa a posturas hostis de rivalidade. Impulsos sexuais inibidos na meta: Os instintos sociais pertencem a uma classe de impulsos instintuais que não carecem ser descritos como sublimados. Não abandonaram seus objetivos sexuais, mas são reprimidos, por resistências internas, de alcançá-los; contentam-se com certas aproximações à satisfação e, por essa própria razão, conduzem a ligações especialmente firmes e permanentes entre os seres humanos. A essa classe pertencem em particular as relações afetuosas entre pais e filhos, que originalmente eram inteiramente sexuais, os sentimentos de amizade e os laços emocionais no casamento que tem sua origem na atração sexual. Reconhecimento de Duas Classes de Instintos na Vida Mental Embora a psicanálise se esforce por desenvolver suas teorias tão independentemente quanto possível das outras ciências, é, contudo, obrigada a procurar uma base para a teoria dos instintos na biologia. Instinto de morte: trabalha silenciosamente para conduzir o ser vivo à morte, e voltando-se para o externo se manifestaria como tendencias de agressão e destruição. Instintos libidinais, ou de vida, ou Eros: intenção de formar unidades cada vez maiores com a substância viva, e assim manter o prosseguimento da vida. Nos seres vivos, os instintos de vida ou de morte estabeleceriam misturas ou fusões regulares, mas seriam também possíveis disjunções deles. Conforme a natureza dos instintos, as duas espécies - Eros e instinto de morte- estariam atuando e pelejando entre si desde o surgimento da vida.
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