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UFRN - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CCSA – CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DESSO – DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUENYA RACHEL FONSECA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA: 
Possibilidades e limites do exercício profissional nos processos de 
reabilitação social de pessoas com transtornos mentais nos CAPS’s e o 
impacto causado pela pandemia 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2022
 
 
 
 
 
SUENYA RACHEL FONSECA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA: 
Possibilidades e limites do exercício profissional nos processos de 
reabilitação social de pessoas com transtornos mentais nos CAPS’s e o 
impacto causado pela pandemia 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (UFRN), para 
obtenção do título de formação na 
graduação de Serviço Social. 
 
Orientador: Profa. Dra. Maria Célia 
Correia Nicolau 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2022 
Silva, Suenya Rachel Fonseca da.
 Serviço social na saúde mental em tempos de Pandemia:
possibilidades e limites do exercício profissional nos processos
de reabilitação social de pessoas com transtornos mentais nos
CAPS's e o impacto causado pela pandemia / Suenya Rachel Fonseca
da Silva. - 2022.
 74f.: il.
 Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais
Aplicadas, Departamento de Serviço Social. Natal, RN, 2022.
 Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Célia Correia Nicolau.
 1. Serviço Social - Monografia. 2. Transtornos Mentais -
Monografia. 3. Pandemia - Monografia. 4. Assistente Social -
Exercício Profissional - Monografia. I. Nicolau, Maria Célia
Correia. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título.
RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 364.2:61
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355
 
 
 
 
SUENYA RACHEL FONSECA DA SILVA 
 
 
SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA: 
Possibilidades e limites do exercício profissional nos processos de reabilitação social 
de pessoas com transtornos mentais nos CAPS’s e o impacto causado pela 
pandemia 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (UFRN), para 
obtenção do título de formação na 
graduação de Serviço Social. 
 
 
Aprovada em: ______/______/______ 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
______________________________________ 
Profª Drª Maria Célia Correia Nicolau 
Orientadora 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
______________________________________ 
Profª. Drª. Tássia Rejane Monte Santos 
Membro interno 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
______________________________________ 
Renata Lorena Ferreira Penha 
Membro externo 
CRAS Felipe Camarão Natal/RN
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente à Deus, por tudo, mas principalmente, por Sua graça 
infinita, Seu favor imerecido em minha vida. 
Aos meus pais, Marquês e Iranice, por estarem presente em todas as etapas 
da minha vida. São a minha base e a quem eu recorro, seja qual for a ocasião. 
Quero sempre ser um dos orgulhos de vocês. 
Aos meus irmãos, Kerem e Daygson, por estarmos sempre vibrando um com 
a conquista do outro. Que isso perdure até o fim da nossa vida. 
Ao meu amor, Daniel, por acreditar que sou capaz, até quando eu mesma 
começo a duvidar. Por ser o porto seguro que eu preciso no final de todos os dias 
cansativos. 
Àqueles amigos que brindam junto comigo a minha felicidade. Sou grata por 
todas as orações, este apoio é um dos fundamentais em minha vida, e quero que 
saibam que estarei aqui para brindar as conquistas de vocês também. 
À UFRN, por tudo o que ela me proporcionou desde o início: conhecimento; 
experiências; força; confiança; e mais importante, amizades. Amigas que amanhã 
serão colegas de profissão, a quem eu desejo todo o sucesso do mundo. Tudo isso, 
com certeza, me mudou e me moldou para enfrentar as barreiras da vida. 
Aos professores, por todo o conhecimento e sabedoria repassado com louvor. 
Pelos incentivos e pela crença em nosso potencial. 
À Célia Nicolau, pela paciência e sabedoria em me orientar na elaboração 
deste trabalho. Sei que já está colhendo o sucesso do seu esforço. Lhe desejo 
felicidades. 
Às professoras que compõem a banca deste trabalho, Tássia e Renata, 
obrigada desde já pela disponibilidade e por todas as contribuições de melhoria. 
Agradecer é se diminuir para entender que a gente não conseguiria sozinho, e 
quão acolhedor é ter pessoas para lhe abraçar no processo. Por isso, agradeço 
novamente a Deus, por todas estas pessoas que Ele colocou no meu caminho. Sem 
Ele, eu nada seria. 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho trata da atuação do profissional do Serviço Social no âmbito da saúde 
mental, na particularidade dos CAPS, em tempos de pandemia. A saúde mental e a 
forma como a sociedade lida com esta problemática, se constitui uma demanda 
presente, à qual o assistente social também se insere por meio da 
multiprofissionalidade. Objetiva identificar as possibilidades e os limites que se 
apresentam no cotidiano dessa intervenção nas equipes multiprofissionais nos 
processos de reabilitação social de pessoas com transtornos mentais nos CAPS, na 
perspectiva da efetivação dos direitos dessa parcela da população. Orientada numa 
perspectiva crítica dialética busca compreender as causas que determinam os 
transtornos mentais no contexto da sociabilidade capitalista, considerando sobretudo 
o momento pandêmico que vivenciamos. Na perspectiva de subsidiar as análises 
teórico-metodológicas da pesquisa, no percurso metodológico foram realizadas a 
pesquisa bibliográfica, envolvendo a revisão da literatura que trata da temática 
estudada, bem como a pesquisa documental que envolveu documentos relacionados 
à instituição pesquisada - CAPs. Quanto aos resultados da pesquisa, a partir da 
análise dos referenciais teóricos, deduzimos que o exercício profissional do 
assistente social no Centro de Atenção Psicossocial já enfrentava muitos limites 
relacionados à: recursos financeiros, infraestrutura e déficit de funcionários, entre 
outros, no entanto, com a pandemia, esses limites se intensificaram, pois além dos 
obstáculos já existentes, o isolamento social e demais medidas orientadas pelo 
Ministério da Saúde para evitar transmissibilidade, situações adversas surgiram que 
implicaram no aumento dos índices de transtornos de ansiedade, de pânico, de 
depressão, entre outros sofrimentos psíquicos. Em face dessa realidade, houve a 
necessidade dos Centros de Atenção Psicossocial se empenharem no incremento 
de novas estratégias para possibilitar o atendimento das demandas já existentes, e 
as novas provenientes do momento de pandemia, colocando para os profissionais 
de Serviço Social, e os demais envolvidos na atenção à saúde mental nos CAPS, 
limitações no exercício profissional. Tornou-se necessário desenvolver atividades 
remotas com usuários-familiares do CAPS, estabelecer articulações com as Clínicas 
da Família para dispensação de medicações, entre outras ações, criando 
possibilidades para assegurar que os usuários e familiares se sentissem atendidos 
em suas demandas, em face da sensação de insegurança criada pela crise sanitária 
no momento de pandemia. 
 
Palavras-chave: Serviço Social. Transtornos mentais. Pandemia. Limites e 
Possibilidades no Exercício Profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This work deals with the performance of the Social Service professional in the field of 
mental health, in particular CAPS, in times of pandemic. Mental health and the way 
society deals with this problem constitutesa present demand, to which the social 
worker is also inserted through multiprofessionality. It aims to identify the possibilities 
and limits that present themselves in the daily life of this intervention in 
multiprofessional teams in the processes of social rehabilitation of people with mental 
disorders in CAPS, from the perspective of the realization of the rights of this part of 
the population. Oriented in a critical dialectical perspective, it seeks to understand the 
causes that determine mental disorders in the context of capitalist sociability, 
especially considering the pandemic moment we are experiencing. In order to 
support the theoretical-methodological analysis of the research, in the methodological 
path, bibliographic research was carried out, involving the review of the literature that 
deals with the studied theme, as well as the documentary research that involved 
documents related to the researched institution - CAPs. As for the research results, 
from the analysis of the theoretical references, we deduced that the professional 
practice of the social worker in the Psychosocial Care Center already faced many 
limits related to: financial resources, infrastructure and staff deficit, among others, 
however, with the pandemic, these limits were intensified, because in addition to the 
existing obstacles, social isolation and other measures guided by the Ministry of 
Health to avoid transmissibility, adverse situations emerged that resulted in an 
increase in the rates of anxiety disorders, panic, depression, among other 
psychological sufferings. In view of this reality, there was a need for Psychosocial 
Care Centers to strive to increase new strategies to make it possible to meet existing 
demands, and new ones arising from the moment of a pandemic, putting for Social 
Service professionals, and others involved in mental health care in CAPS, limitations 
in professional practice. It became necessary to develop remote activities with CAPS 
users-family members, establish articulations with Family Clinics for dispensing 
medication, among other actions, creating possibilities to ensure that users and 
family members felt attended to in their demands, in the face of the sensation of 
insecurity created by the health crisis at the time of a pandemic. 
 
 
Keywords: Social Work. Mental Disorders. Pandemic. Limits and Possibilities in 
Professional Practice. 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 01 - Atividades realizadas nos CAPS em geral em alguns locais do 
Brasil...........................................................................................................................51 
Tabela 02 - Textos utilizados como base sobre a atuação do assistente social em 02 
(dois) CAPS................................................................................................................53 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ABEPSS - Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social 
AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
CAPS - Centro de Atenção Psicossocial 
CAPS AD - Centro de Atenção Psicossocial especializado em Álcool e outras 
Drogas 
CAPS i - Centro de Atenção Psicossocial infantil 
CEP - Código de Ética Profissional do Serviço Social 
CF - Constituição Federal 
CFESS - Conselho Federal de Serviço Social 
CONSEPE - Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão 
COVID-19 - Coronavírus Disease/2019 
DST - Doença Sexualmente Transmissível 
MS - Ministério da Saúde 
IAP - Instituto de Aposentadoria e Pensão 
MTSM - Movimento de Trabalhadores de Saúde Mental 
OMS - Organização Mundial de Saúde 
OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde 
PCD - Pessoa com Deficiência 
PTM - Portador de Transtornos Mentais 
RAPS - Rede de Atenção Psicossocial 
SRT - Serviços de Residência Terapêutica 
TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade 
TEA - Transtorno do Espectro Autista 
UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro 
UPA - Unidade de Pronto Atendimento 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................10 
2. A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL, A CRIAÇÃO DOS CAPS NO 
TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS E A INSERÇÃO DO SERVIÇO 
SOCIAL NOS CAPS .................................................................................................20 
2.1 A Reforma Psiquiátrica no Brasil e a criação dos CAP’s no tratamento de 
Transtornos Mentais...................................................................................................21 
2.2 A inserção do Serviço Social nos CAP’s - Um espaço de Intervenção Profissional 
....................................................................................................................................28 
3. A IMPORTÂNCIA DO CAP’s NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO SOCIAL 
DOS PACIENTES COM TRANSTORNO MENTAL E OS LIMITES E 
POSSIBILIDADES NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL 
NO CONTEXTO PANDÊMICO .................................................................................39 
3.1 A saúde mental no momento de pandemia e a importância dos CAPS na 
reabilitação social dos pacientes................................................................................39 
3.2 A atuação do Assistente Social na Saúde Mental nos CAPS e os Limites e 
Possibilidades na sua intervenção em tempos de pandemia no processo de 
reabilitação social dos pacientes ...............................................................................45 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................62 
REFERÊNCIAS .........................................................................................................67 
 
 
10 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Serviço Social, profissão inscrita na divisão social e técnica do trabalho tem 
ocupado diferentes espaços sóciocupacionais, dentre esses espaços estão as 
instituições no campo da saúde mental, nas quais os assistentes sociais têm 
inserção e vêm atuando em respostas às requisições sócio-institucionais 
relacionadas aos processos de reabilitação social de pessoas com transtornos 
mentais, na particularidade dos CAPS’s. 
Os estudos e observações a despeito do exercício profissional dos 
assistentes nos espaços dos CAPs, participando desses processos de reabilitação 
das pessoas com transtornos mentais durante o período da pandemia do Covid-19, 
levaram a perceber a ampliação do número de casos de pessoas com doenças 
mentais, carecendo de tratamento. Tal ampliação demandou, portanto, um número 
de pacientes que chegaram para tratamento superior à quantidade que era oferecida 
pelo sistema de saúde, de acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana da 
Saúde) em conjunto com a OMS (Organização Mundial de Saúde). E, foi 
precisamente esse aumento do número de pacientes atendidos pelo CAPs, e, por 
seu turno, pelo assistente social, enquanto parte de uma equipe interprofissional1, 
que determinou a escolha do tema em questão neste trabalho que trata do 
SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA: 
possibilidades e limites do exercício profissional nos processos de reabilitação social 
de pessoas com transtornos mentais nos CAPS’s e o impacto causado pela 
pandemia. 
Refletindo sobre os transtornos mentais, enquanto uma das expressões da 
questão social2 que demanda e fundamenta a atuação do profissional de Serviço 
 
1 E, nesta atuação em equipe, tornou-se fundamental observar no exercício profissional as 
referências dos seus princípios ético-políticos constantes em seus documentos legais (Código de 
Ética Profissional e Lei de Regulamentação da Profissão, ambos datados de 1993, e Diretrizes 
Curriculares da ABEPSS, datada de 1996). (Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na 
Saúde, p. 25) 
2 A questão social é a materialização histórica dos antagonismos sociais, a concretização das 
desigualdades numa dada sociedade edas respostas engendradas pelo sujeito a estas 
desigualdades, revelando os mecanismos¸ as formas e as estratégias de organizações social dos 
sujeitos constituinte e da vida social. (IAMAMOTO, 1999, p.147) 
11 
 
 
 
 
Social3, temos que o Brasil é o país que apresenta maior predominância de casos de 
pessoas com depressão da América Latina, de acordo com a Organização Mundial 
da Saúde (OMS)4. Isso torna esse assunto um dos mais urgentes para ser estudado 
e publicado. A saúde mental afetada se constitui um transtorno, implicando 
comportamentos, e pensamentos nos indivíduos expressos através dos sofrimentos 
psíquicos, como a depressão, o transtorno de ansiedade, o transtorno bipolar, a 
demência, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), a 
esquizofrenia, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), entre outros, que 
comprometem sua saúde mental, um problema bastante recorrente em nossa 
sociedade desde seus primórdios5. 
Na atual conjuntura tem aumentado cada vez mais casos de doenças 
mentais, em razão do momento que acabamos de enfrentar: uma pandemia do 
COVID-19 que no Brasil chegou ao final do ano 2021 com mais de 22 milhões de 
casos e 619.056 mortes pelo vírus6. Frente à conjuntura de pandemia, o medo da 
morte de grande parte da população é iminente, assim como o medo do 
desemprego, da não possibilidade de assistência médica em razão da superlotação 
dos hospitais, o sofrimento pelas perdas dos entes queridos e o isolamento social 
fez com que ocorresse um pico de transtornos mentais nesse período7. 
Foi constatado no cotidiano dessa população em processo de isolamento ou 
não, sofrimentos psíquicos em decorrência da pressão no trabalho dos profissionais 
 
3 “O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundamentação enquanto especialização do 
trabalho. Nessa perspectiva, a atuação profissional deve estar pautada em uma proposta que vise o 
enfrentamento das expressões da questão social que repercutem nos diversos níveis de 
complexidade da saúde, desde a atenção básica até os serviços que se organizam a partir de ações 
de média e alta densidade tecnológica” (Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Saúde, 
p.21) 
4 Nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4% — hoje, isso 
corresponde a 322 milhões de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra. Os dados vieram à tona 
em um relatório recente realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para piorar, os 
brasileiros estão levando esses índices para o alto. No nosso país, 5,8% dos habitantes sofrem com a 
desordem, a maior taxa do continente latino-americano. A faixa etária mais afetada varia entre 55 e 
74 anos. 
Leia mais em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/brasil-e-o-pais-mais-deprimido-e-ansioso-da-
america-latina/https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/brasil-e-o-pais-mais-deprimido-e-ansioso-
da-america-latina/ 
5 Os sofrimentos psíquicos tratados como loucura sempre estiveram presente no horizonte social 
como um fato estético do cotidiano da vida social em todas as civilizações (MILLANI E VALENTE, 
2008) 
6 https://www.cnnbrasil.com.br/saude/brasil 
7 Estudo realizado pela Pfizer: Saúde Mental na Pandemia do Coronavírus. 
12 
 
 
 
 
de linha de frente nos hospitais e nas instituições de assistência social; nas 
condições de ensino dos professores que foram obrigados a trabalhar em sistema 
remoto - “home office” (toda rede de ensino público e privado), demandando 
exigências aos espaços familiares, onde os processos de adoecimentos psíquicos 
foram intensos. 
Ao pensar na temática de Saúde Mental, devemos sempre envolver as 
relações dos indivíduos com os outros indivíduos no âmbito familiar e no contexto da 
sociedade, não é possível pensar a Saúde Mental como um caso isolado. Sabemos 
que os indivíduos convivem em relações que se estabelecem em seu ambiente de 
trabalho, no âmbito familiar, nas redes de apoio em comunidades e demais 
convivências que envolvem pessoas e grupos. 
Essas são relações permeadas por questões econômicas, socioculturais, 
ambientais, étnico/raciais, psicológicos e comportamentais, com implicações diretas 
nas condições de vida e de saúde física e mental desses indivíduos. Isto significa 
que os casos de saúde mental devem ser pensados a partir de um determinado 
contexto social, observando e analisando seus determinantes, e, neles, os fatores de 
risco aos quais os indivíduos se expõem a partir do estilo de vida, hábitos, costumes, 
relação entre o individual e o social, determinando a qualidade de vida e saúde 
desses indivíduos e o acesso a política de saúde mental. É nesse contexto que são 
identificadas as diferentes expressões da questão social, objeto de intervenção do 
Serviço Social. 
O reconhecimento da questão social, portanto, como objeto de intervenção 
profissional e base de fundamentação do seu trabalho na divisão do trabalho coletivo 
(conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS, 1996), orienta o 
exercício profissional numa perspectiva de totalidade, tendo como base a análise 
dos determinantes sociais, econômicos, políticos e culturais do contexto 
sociohistórico, terreno em que a profissão se exerce na relação com os indivíduos, 
usuários dos serviços prestados na área da saúde mental. Abordagem crítica que 
possibilita conhecer as condições materiais de vida dos indivíduos e grupos e suas 
relações, ao mesmo tempo orienta uma atuação que busca respostas no âmbito do 
Estado e da sociedade civil, na perspectiva de “garantir os recursos financeiros, 
materiais, técnicos e humanos necessários à garantia e ampliação dos direitos” 
(CFESS, 2010, p. 21). 
13 
 
 
 
 
Na perspectiva de uma abordagem do contexto sociohistórico, em que a 
profissão se materializa na relação com os indivíduos na saúde mental, demarcamos 
a importância da análise do período 2020-2021 na particularidade das ações nos 
Centros de Atenção Psicossocial. Conjuntura em que o Brasil, em um contexto 
globalizado, vivenciou uma pandemia de forma intensa, acarretando mortes e um 
processo de sofrimento psíquico de milhões de brasileiros em todas as regiões já 
enfatizado anteriormente. Os atendimentos aos Centros de Atenção Psicossociais se 
multiplicaram em razão do aumento dos transtornos mentais, demandando uma 
atuação voltada à reabilitação dos doentes mentais que chegavam a esses espaços, 
criados e institucionalizados, resultantes de um grande movimento decorrente da 
Reforma Psiquiátrica. 
A Reforma Psiquiátrica no Brasil proporcionou mudanças significativas na 
política de saúde mental, tanto referentes às modificações operacionais, quanto 
conceituais, consideradas de suma importância no processo da orientação do novo 
modelo de atenção à saúde mental de forma descentralizada e multiprofissional. E, 
nesta perspectiva, a política de saúde mental vem sendo operacionalizada, em 
nossa sociedade, mediante um compromisso com a promoção, prevenção e 
tratamento dos transtornos mentais, seguindo um novo modelo antimanicomial8 e 
humanizado. Mudanças, sobretudo na abordagem profissional, tanto na psicologia 
quanto no Serviço Social, bem como em todo o campo da saúde. 
A Reforma Psiquiátrica que possibilitou a ampliação dos espaços de trabalho 
para os profissionais de saúde, evidencia a importância do assistente social na 
equipe multiprofissional nos serviços ligados à saúde mental, dentre outras, os 
Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). Os Parâmetros para atuação do Assistente 
Social na Saúde dispõe sobre as atribuições do assistente social na saúde mental, e 
atribui como articulação do profissional: 
 
participar, em conjunto com a equipe de saúde, de ações 
socioeducativas nos diversos programas e clínicas, como por 
 
8 O movimento antimanicomial constitui-se como um conjunto (plural) de atores, cujas lutas e conflitos 
vêm sendo travadas a partir de diferentes dimensões sócio-político-institucionais.Trata-se de um 
movimento que articula, em diferentes momentos e graus, relações de solidariedade, conflito e de 
denúncias sociais tendo em vista as transformações das relações e concepções pautadas na 
discriminação e no controle do “louco” e da “loucura” em nosso país.” Disponível em: 
https://www.scielo.br/pdf/csc/v12n2/a16v12n2.pdf Acesso em 09 de novembro de 2021 
14 
 
 
 
 
exemplo: na saúde da família, na saúde mental, na saúde da mulher, 
da criança, do adolescente, do idoso, da pessoa com deficiência 
(PCD), do trabalhador, no planejamento familiar, na redução de 
danos, álcool e outras drogas, nas doenças infectocontagiosas 
(DST/AIDS, tuberculose, hanseníase, entre outra) e nas situações de 
violência sexual e doméstica (CFESS, 2010, p. 54) 
 
Eduardo Mourão, em seu livro “Saúde Mental e Serviço Social” (2002) traz 
todo o aparato que precisamos saber sobre a periodização do surgimento da 
Reforma Psiquiátrica no Brasil e no mundo. Ele ressalta que o movimento da 
Reforma Psiquiátrica no Brasil teve seu desenvolvimento em um contexto onde 
surgiu vários movimentos sociais no país. Entre eles, o Movimento de Trabalhadores 
de Saúde Mental (MTSM), que surgem no ano de 1978 constituídos por 
trabalhadores integrantes do “movimento da reforma sanitária, associações 
familiares, pessoas vinculadas aos sindicatos, as associações de profissionais e 
pessoas com transtornos mentais com longo histórico de internações psiquiátricas” 
(Brasil, 2005, p.7) É, sobretudo o MTSM, transitando por vários espaços de luta que 
 
 
passa a protagonizar e a construir a partir deste período a denúncia 
da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da 
hegemonia de uma rede privada de assistência e a construir 
coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao 
modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos 
mentais9 (BRASIL, 2005) 
 
Esses movimentos foram determinantes para que se tenha hoje no Brasil 
uma política de saúde mental, articulada às pressuposições da reforma psiquiátrica, 
operacionalmente indicando de forma progressiva a substituição dos hospitais 
psiquiátricos pela rede de serviços de atenção em saúde mental formada pelos 
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ambulatórios de saúde 
mental, residências terapêuticas, centros de convivência e cultura, 
serviços de saúde mental, emergências psiquiátricas em hospitais 
gerais e atendimento em saúde mental na rede básica de saúde 
(EDILANE BEZERRA & MAGDA DIMENSTEIN, 2008, p. 633) 
 
Nesta perspectiva de tratamento, considera-se saúde o estado de bem estar 
completo, sendo ele físico, mental e social. Este é o conceito definido pela OMS 
 
9 Ver a propósito a Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no Brasil, 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf/ 2005. 
 
15 
 
 
 
 
(Organização Mundial de Saúde) em 1948. Sendo assim, o público que sofre com 
transtornos mentais e não possui uma rede de apoio necessária para o tratamento, 
tem seus direitos violados. A respeito disso, é dever do Estado promover uma saúde 
e condições de vida de qualidade para a população, como está disposto no artigo 
227 da Constituição Federal: 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de 
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. (CF, 1988) 
 
É válido salientar que os casos relacionados aos transtornos mentais graves 
e persistentes como a esquizofrenia, a depressão e a ansiedade, em todo o mundo 
estão presentes na sociedade em todas as civilizações. No entanto, a frequência nos 
últimos tempos está cada vez maior, em virtude de vários fatores distintos, dentre 
outros já enfatizados como: maior responsabilidade no trabalho causada pela sua 
intensificação, sobretudo nos hospitais, na assistência social e demais atividades 
essenciais; o desemprego para muitos acompanhado da fome e miséria; a incidência 
dos casos de COVID que exigiu um processo longo de isolamento social; a 
exigência do uso de máscaras e higienização; a orientação pela não aglomeração, 
entre outros. 
Foi realizado estudo onde foram comparados dados de 2019 e 2020, e se 
percebeu o aumento da ansiedade na população durante a pandemia. Foi 
confirmado que os indivíduos tiveram chances aumentadas em 3 (três) vezes de 
desenvolverem transtornos de ansiedade, de depressão ou ambos em um só 
indivíduo10. Sendo assim, acredita-se que esse é um tema que precisa ser discutido, 
tendo em vista a pandemia que vivenciamos entre os anos 2020 e 2021, em razão 
do novo Coronavírus (COVID-19), o que proporcionou uma alta significativa nos 
assuntos que envolvem a saúde mental. Além do fato de termos vivenciado tão 
recentemente esse momento, se tornar um assunto mais urgente. O impacto que a 
pandemia causou na saúde mental da população, ainda está sendo mensurado, 
 
10 Informação retirada do estudo realizado pelo Instituto de Ciências Integradas em parceria com a 
Pfizer. (CUMINALE, 2020) 
16 
 
 
 
 
estudos ainda estão sendo feitos, no entanto, sinais de transtornos mentais já se 
tornam visíveis, sobretudo pelo número de casos demandados nos CAPS. 
A saúde mental é um assunto que precisa de atenção e estudos, por se 
constituir o seu inverso (processo de adoecimento) uma problemática grave do 
cotidiano vivida por aqueles acometidos de transtorno mental na nossa realidade 
social, e que precisa de toda e qualquer visibilidade possível, visto que é de 
fundamental importância, considerando ser o Brasil o país mais ansioso do mundo, 
de acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS 11 . A forma como a 
sociedade enxerga e lida com essas situações é de extrema importância para a 
criação de políticas públicas e a erradicação de qualquer forma de preconceito. 
Outra razão é estar intrinsecamente relacionado a área da saúde, área que pretendo 
seguir com os meus estudos e profissão. 
Para além disso, é válido frisar que a saúde no Brasil é um direito de todos e 
um dever do Estado, devendo este ser o principal provedor para os indivíduos da 
sociedade. Assim como afirma o artigo 196 da Constituição Federal de 1988: 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de 
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (CF, 
1988). 
 
Tenhamos presente que a ansiedade em um contexto mundial afeta 260 
milhões de pessoas, e o Brasil é o país que possui maior número de pessoas 
ansiosas, um total de 9,3% da população 12 . A sociedade está cada vez mais 
propensa a distúrbios mentais, devido à enorme pressão psicológica no trabalho, no 
campo acadêmico, e até mesmo nos espaços familiares. Com isso, entende-se que 
esse estudo é de fundamental importância para a sociedade em geral, tendo em 
vista questões futuras que podem surgir de acordo com os possíveis agravamentos 
da problemática. 
Foi de fundamental importância o estudo aprofundado nessa área de 
atuação, que possibilitou analisar a atuação dos profissionais do Serviço Social na 
 
11 Leia: https://exame.com/ciencia/brasil-e-o-pais-mais-ansioso-do-mundo-segundo-a-oms/ 
12 De acordo com a OMS. Informação retirada da revista Veja, com o título: Pesquisa mostra que 
86% dos brasileiros têm algum transtorno mental. 
 
17 
 
 
 
 
Saúde Mental, identificando as possibilidades e os limites que se apresentam no 
cotidiano dessa intervenção nas equipes multiprofissionais nos CAPs e nos 
processos de reabilitação social de pessoas com transtornos mentais nos CAPS, 
visando a efetivaçãode direitos dos usuários com transtornos mentais. Os objetivos 
específicos visam: aprofundar o conhecimento sobre a "reforma psiquiátrica" no 
Brasil considerando as diferentes concepções sobre a saúde mental e as estratégias 
de tratamento de pessoas com transtornos mentais; identificar as orientações para a 
atuação de profissionais do Serviço Social na saúde mental, considerando as 
diretrizes e princípios do Projeto Ético Político Profissional; observar e identificar as 
estratégias adotadas por assistentes sociais no âmbito de equipes multidisciplinares 
do CAPs e o processo de reabilitação para a efetivação de direitos dessas pessoas 
no contexto pandêmico, além de estudar e conhecer os serviços da rede de Saúde 
Mental. 
Para elaboração desta pesquisa se deu a partir da demarcação dos 
transtornos mentais e na forma como a sociedade lida com eles. É de conhecimento 
geral que a sociedade ainda possui um estigma13 em relação à doença mental. Uma 
pessoa diagnosticada com transtornos mentais, seja ela qual for (em termos de 
classe, raça, credo e gênero), recebe olhares diferentes e preconceituosos por parte 
da sociedade. Simone Monteiro e Wilza Vilela, no livro “Estigma e Saúde” (2013), 
tratam a respeito de como a sociedade reage à essa situação. E as razões são, em 
sua maioria, históricas. 
O Brasil possui um passado de discriminação e racismo muito forte em seu 
desenvolvimento, o que infelizmente, refletiu por muitos anos e por seu turno, rebate, 
na forma de olhar e reagir face as doenças mentais. Mais precisamente, o trabalho é 
focado em como os profissionais de Serviço Social atuam nesse campo de trabalho, 
com medidas protetivas através de políticas públicas, viabilizando direitos, entre 
outros parâmetros necessários ao trato com esse público: elemento central da 
pesquisa. Com isso, as principais questões a se fazer são: Quais os limites 
 
13 Gofmann (2004) define estigma social como “a situação do indivíduo que está inabilitado para 
aceitação social plena” (GOFFMAN, 2004, P.4). Ou seja, estigma social faz referência a 
desaprovação das crenças e características pessoais que confrontem as normas culturais 
predominantes em determinado grupo social, designando o seu portador como desqualificado ou/e 
menos valorizado. 
 
 
18 
 
 
 
 
enfrentados pelos Assistentes Sociais nesse campo de trabalho? Quais serviços 
existem para responder às questões da saúde mental? Quais ações específicas 
desenvolvidas pelo assistente social frente à problemática? Quais as possibilidades 
do exercício profissional do assistente social no processo de reabilitação das 
pessoas com doenças mentais em sua intervenção? E quais as estratégias de 
intervenção dos profissionais de Serviço Social frente à uma pandemia? 
A abordagem teórico-metodológica utilizada na pesquisa, empregou técnicas 
quantitativas e qualitativas, consideradas técnicas estatísticas e teóricas que têm 
como base a coleta de dados, para enumerar e medir categorias e compreender 
processos na realidade social mais a fundo, de acordo com Gil (2012). Tais técnicas 
utilizam a apuração de dados e informações aprofundadas, que resultam na 
compreensão do exercício profissional diante dos processos de reabilitação das 
pessoas com transtornos mentais no campo da saúde mental. Sendo assim, se faz 
necessário a combinação de instrumentos que possibilitem a coleta de dados 
precisos, sendo eles números e informações. A coleta de informações se deu a partir 
da pesquisa bibliografia14 e documental15. 
A fundamentação teórica das análises deste trabalho se deu através de 
estudo e análise de documentos de domínio científico tais como livros, periódicos, 
ensaios críticos e artigos científicos publicados sobre a saúde mental e o CAPS, que 
propiciou uma base teórica articulada à temática, cujos autores destacamos, Mourão 
(2002); Lisboa (2016); Iamamoto (2000, 2002, 2005); Tenório (2002); Amarante 
(1995); Silva (2019); Pereira (2016); Coutinho e Coutinho (2017); Matos (2020) entre 
outros. A pesquisa documental se deu através do estudo dos documentos 
 
14 Ainda de acordo com Gil (2012), a pesquisa bibliográfica permite ao autor o acesso a uma gama 
de informações muito maior do que a que poderia se obter pesquisando diretamente. Presumo que 
isso se dá pelo fato de que na pesquisa bibliográfica, você possui várias informações, de 
pesquisadores diferentes, com visões distintas, onde o pesquisador tem acesso à vários ângulos de 
um mesmo fenômeno. 
15 Tanto a pesquisa documental como a pesquisa bibliográfica têm o documento como objeto de 
investigação. No entanto, o conceito de documento ultrapassa a ideia de textos escritos e/ou 
impressos. O documento como fonte de pesquisa pode ser escrito e não escrito, tais como filmes, 
vídeos, slides, fotografias ou pôsteres. Esses documentos são utilizados como fontes de informações, 
indicações e esclarecimentos que trazem seu conteúdo para elucidar determinadas questões e servir 
de prova para outras, de acordo com o interesse do pesquisador (FIGUEIREDO, 2007), apud Sá-
Silva; Almeida; Guindani (2009, p05) 
 
JACKSON Ronie Sá-Silva; ALMEIDA ,Cristóvão Domingos de, GUINDANI, Joel Felipe. Pesquisa 
documental: pistas teóricas e metodológicas .Revista Brasileira de História & Ciências Sociais Ano I - 
Número I - Julho de 2009 
19 
 
 
 
 
publicados pelo Ministério da Saúde na Conferência Regional de Reforma dos 
Serviços de Saúde Mental - Documento de Caracas (2005) e do CFESS (2010) entre 
outros. 
A pesquisa bibliográfica ocorreu através da coleta de informações em artigos 
publicados sobre a atuação do assistente social na saúde mental no período de 
pandemia entre 2020 e 2021, dos quais foram utilizados dois artigos “Serviço Social 
no enfrentamento à COVID-19”, no capítulo “Quantas crises cabem na política de 
saúde mental durante uma pandemia?”: Desafios e práticas do Serviço Social nos 
centros de atenção psicossocial, dos autores FRANÇA; MELO; ARAÚJO; BIBIANO; 
CAVALCANTI e PONTES (2021) e “Serviço Social em tempos de pandemia: 
provocações ao debate” no capítulo “O cuidado em Saúde Mental infantojuvenil em 
tempos de pandemia: relatos da atuação profissional da/o assistente social num 
Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil” dos autores CRONEMBERGER; 
LIMA e MACÊDO (2020). 
Levando em consideração que a temática analisada contempla o contexto da 
pandemia, por ser um período muito recente, não existem muitos trabalhos 
publicados que contemplem o exercício do assistente social nos CAPS. Além dos 02 
(dois) artigos já referidos, foram utilizados também artigos que tratam do 
funcionamento do CAPS (sem especificar o exercício profissional do assistente 
social), no contexto pandêmico, nas cidades de Bahia, Rio de Janeiro, Florianópolis 
e Caicó, dos autores, respectivamente: SENA et al (2021); BARBOSA et al (2020); 
CORREA (2022) E ARAÚJO et al (2021). 
Trabalhamos a partir de uma pesquisa exploratória, a partir do conhecimento 
do fenômeno para em seguida delimitar melhor o objeto de pesquisa, e em seguida 
explorar e analisar a atuação do profissional do Serviço Social nos CAPS’s. 
Tomamos como base o método materialismo-histórico-dialético16, o qual permite 
partir da aparência dos fatos, buscando a essência do objeto analisado, na 
proporção em que são encontradas as respostas das questões da pesquisa. Através 
desse método foi possível a problematização da realidade da qual o objeto faz parte, 
das relações que o configuram, permitindo, assim, capturar a sua estrutura e 
dinâmica em um contexto sócio-hsitorico determinado. 
 
16 Esse método é caracterizado por uma corrente filosófica que, segundo Karl Marx, se apropria do 
conceito da dialética para compreender a realidade social ao longo do contexto histórico. 
20 
 
 
 
 
O conhecimento foi adquirido por aproximações sucessivas, transitando por 
um conhecimento parcial da realidade. Ao focarmos a pesquisa mais precisamentenas instituições de apoio a essa problemática, estreitamos os estudos ao Centro de 
Atenção Psicossocial (CAPS), visto que este é um serviço de saúde de cunho 
comunitário e aberto à população que dela necessita. Formado por uma equipe 
multiprofissional, tem como um de seus integrantes o assistente social. Uma 
instituição especializada no tratamento de transtornos mentais, incluindo 
necessidades causadas pelo álcool e drogas, com o principal intuito de reabilitação 
social. 
Este trabalho está constituído de três capítulos, além da introdução como 
capítulo I e as considerações finais. O segundo capítulo traz uma abordagem sobre 
a Reforma Psiquiátrica no Brasil, a criação dos CAPs no tratamento dos transtornos 
mentais e a inserção do serviço social nos CAPs - um espaço de intervenção 
profissional. Uma descrição do que foi a Reforma Psiquiátrica no Brasil, o 
surgimento dos CAPs para o tratamento dos transtornos mentais e a inserção do 
Serviço Social nesse campo. O terceiro capítulo trata da importância dos CAPs no 
processo de reabilitação social dos pacientes com transtorno mental, demarcando os 
limites e possibilidades na atuação profissional do assistente social no contexto 
pandêmico. 
 
 
 
2. A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL, A CRIAÇÃO DOS CAPS NO 
TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS E A INSERÇÃO DO SERVIÇO 
SOCIAL NOS CAPS 
 
Este capítulo aborda o Movimento da Reforma Psiquiátrica aqui no Brasil, 
considerando o contexto histórico e social do país, mostrando como a psiquiatria era 
vista no momento e a forma como a sociedade lidava com a mesma. Além disso, 
este conteúdo discorre sobre a criação dos Centros de Atenção Psicossocial, os 
CAPS, na atenção aos tratamentos relacionados aos transtornos mentais e como 
esses centros serviram de suporte para os hospitais que até então eram os 
responsáveis pela alta demanda de transtorno mental. Ao final, o capítulo apresenta 
21 
 
 
 
 
a inserção do serviço social no campo da saúde mental, mais especificamente nos 
CAPS, demarcando a importância desses profissionais integrarem à equipe 
multiprofissional que lida com a área da saúde mental. 
 
2.1 A Reforma Psiquiátrica no Brasil e a criação dos CAP’S no tratamento de 
transtornos mentais 
 
O grande marco para mudanças significativas no âmbito da saúde mental foi 
a Reforma Psiquiátrica, que provocou outras perspectivas na área da saúde e da 
assistência para lidar com pessoas com transtornos mentais. A Reforma Psiquiátrica 
no Brasil eclode contemporânea ao “movimento sanitário”, no final da década de 70, 
no final da ditadura militar brasileira17. Mais precisamente no ano de 1978, quando 
deu início um efetivo movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em 
nosso país, reivindicando mudanças nos modelos de atenção e gestão nas práticas 
de saúde. Reivindicações “em defesa de uma saúde coletiva, o protagonismo dos 
trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e 
produção de novos modos de cuidados do doente mental” (DOCUMENTO DE 
CARACAS, 2005, p.7) 
A Reforma no Brasil efetivamente transita entre o fim da ditadura militar e o 
processo de redemocratização18 do país (Tenório, 2002). E, para Amarante 
 
tem como fundamentos apenas uma crítica conjuntural ao 
subsistema nacional de saúde mental, mas também – e 
principalmente – uma crítica estrutural ao saber e às instituições 
psiquiátricas clássicas, dentro de toda a movimentação político-social 
 
17 A Ditadura Militar no Brasil, regime autoritário que teve início com o golpe militar em 31 de março 
de 1964, com a deposição do presidente João Goulart. O regime militar durou 21 anos (1964-1985), 
estabeleceu a censura à imprensa, restrição aos direitos políticos e perseguição policial aos 
opositores do regime. Ademais o governo estabeleceu cassações de mandatos, demissões de 
funcionários públicos e expulsão de militares das Forças Armadas. 
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/ditadura-militar-no-brasil-1964-1985/ 
18 [...] Os assistentes sociais, por meio da reorganização políticosindical se inserem no movimento 
sindical classista na ANAMPOS - Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais -, de 
1978 a 1983 - quando é fundada a CUT - Central Única dos Trabalhadores. Esse movimento, 
denominado de novo sindicalismo, irrompe uma perspectiva de lutas classistas, contra a ditadura 
militar e pela redemocratização do país em uma concepção e prática sindical orientadas às lutas 
imediatas da classe trabalhadora por melhores condições de vida e de trabalho e aos interesses 
históricos na luta antiimperialista, anticapitalista e socialista. (ABRAMIDES, Maria. SERRA, Rose - 
Democracia em Serviço Social, 2007). 
22 
 
 
 
 
que caracteriza a conjuntura da redemocratização (AMARANTE, 
1995, p.91). 
 
E, em meio a este cenário, a Reforma Psiquiátrica protagonizou, a partir 
deste período, uma denúncia a violência asilar que pacientes com transtornos 
mentais sofriam, e junto a isso, as precárias condições de funcionamento dos 
hospitais psiquiátricos, “a mercantilização da loucura, a hegemonia da rede privada 
de assistência e construiu de forma coletiva uma crítica ao chamado saber 
psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com 
transtornos mentais” (Documentos de Caracas, 2005, p. 7). E daí propôs um novo 
modelo de atenção aos doentes mentais, na perspectiva de tirar do poder dos 
hospitais psiquiátricos a responsabilidade central pelo cuidado a esses doentes. 
A psiquiatria preventiva19, na década de 70, tinha o foco de combater tudo o 
que parecia ameaçar o conforto e a tranquilidade da sociedade, ou seja, tudo o que 
fugisse de sua “normalidade” para a época. Pessoas com transtornos mentais eram 
consideradas loucas, e a loucura antigamente não era bem vista pela sociedade20, e 
o tratamento para casos de saúde mental era feito através de internações 
psiquiátricas, porém com o uso de violência na maioria dos casos. Este é o momento 
propício para o início dos movimentos e a ruptura de medidas repressivas. 
A Reforma Psiquiátrica incide no final da década de 70, em meio a uma crise 
no modelo de assistência dos hospitais psiquiátricos. Crise que se configura numa 
conjuntura caracterizada pelo processo de expansão do capitalismo monopolista, 
sob o domínio de um Estado autocrático burguês21 . Em um contexto político de 
 
19A Psiquiatria preventiva trouxe como proposta a possibilidade de retirar os atendimentos dos 
consultórios privados e dos asilos para levá-los à comunidade. Seu objeto de estudo era a saúde 
mental e não a doença, seu objetivo era a prevenção da doença mental, o sujeito de tratamento 
passou a ser a coletividade e não mais os indivíduos, os profissionais não eram somente os 
psiquiatras, mas as equipes comunitárias, e o espaço de tratamento passou a ser a comunidade. Um 
novo conceito de personalidade também foi adotado; o indivíduo tornou-se a unidade biopsicossocial. 
(ALINE FROLLINI LUNARDELLI LARA, 2006, p7) 
20 O discurso que alimenta esse sistema percebe os loucos como seres perigosos e inconvenientes 
que, em função de sua “doença”, não conseguem conviver de acordo com as normas sociais. 
(Silveira LC, Braga VAB. Acerca do conceito de loucura e seus reflexos na assistência de saúde 
mental.) 
21 “O Estado autocrático burguês, no golpe de pós-64, é representado por um bloco hegemônico 
constituído pelos altos escalões da tecnocracia estatal, pela oficialidade militar e pela burguesia 
nacional monopolista, associada às multinacionais, das quais se tornaram aliadas. Sob a dominação 
desta autocracia, ocorreu um aprofundamento do capital monopolista na economia do país, tendo 
como um dos principais requisitos para este fim a estabilidade política. Essa fase foi garantida por 
23 
 
 
 
 
acirramento das relações autoritárias e repressivas e exceção sob uma ditadura 
militar22. 
Contraditoriamente, este período também foimarcado por movimentos e 
lutas sociais por diversas causas possíveis, entre elas, a Reforma Psiquiátrica. 
Eduardo Mourão (2002), ao fazer uma periodização do desenvolvimento da Reforma 
Psiquiátrica, aponta que um dos alicerces que puncionou a incidência da reforma 
psiquiátrica foram os movimentos trabalhistas da época. 
A emergência do Movimento de Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM), 
constituiu o movimento formado pelos trabalhadores que também integraram o 
movimento sanitário, juntamente com familiares de pessoas que sofriam transtornos 
mentais, membros de sindicatos e apoiadores em geral, somados também a outros 
movimentos da época, para gerar mais força, se dá no ano de 1978. A mobilização 
desses movimentos foi de extrema relevância pois efetiva a importância dos direitos 
dos pacientes e seus familiares no contexto da sociedade, e o efeito que os 
movimentos sociais causam. Além do que, até aquele momento, o Estado não 
disponibilizava para a população um atendimento de saúde de caráter universal, 
disponibilizava-se somente aos trabalhadores contribuintes dos institutos23. 
Os movimentos sociais buscavam, portanto, os direitos aos pacientes 
psiquiátricos, como também a defesa da saúde coletiva. A luta ficou caracterizada 
como o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental, o MTSM. O MTSM surge 
com o propósito de reformulação da assistência psiquiátrica, mediante um 
 
medidas institucionais que fortaleceram um esquema de repressão, visando propiciar, aos grupos 
investidores, as mais sólidas garantias econômicas e políticas” (NICOLAU, 2005p.) 
22 Segundo Amman (1980, p.101), o regime militar implantado sob a autocracia burguesa 
estabeleceu uma “(...) nova correlação de forças instaurada entre classes e frações de classe 
hegemônicas que inauguram outras regras de jogo no campo das relações sociais”. Neste sentido, os 
movimentos políticos e ideológicos das classes populares foram desativados, desbaratinados e 
controlados. Isto por representarem “(...) uma ameaça para o equilíbrio e a ordem do sistema, para a 
implantação do novo regime e para a consolidação do modo de produção capitalista” (ibidem, p.102) 
23 Com a criação dos IAPs passou-se a incluir em um mesmo instituto toda uma categoria 
profissional, não mais apenas empresas e o Estado passou a participar da sua administração, 
controle e financiamento. A partir daí, dá-se início à criação de um sistema público de Previdência 
Social, porém, ainda se mantinha o formato do vínculo contributivo formal do trabalhador para a 
garantia do benefício, caso não contribuísse estaria excluído do sistema de proteção. Em decorrência 
desse sistema estavam excluídos: os trabalhadores rurais, o profissional liberal e todo trabalhador 
que exercesse uma função não reconhecida pelo Estado. Dessa forma, a proteção previdenciária era 
um privilégio de poucos, ocasionando uma injustiça social em grande parte da população, podendo-
se notar uma cidadania regulada e excludente, pois não garantia a todos os mesmos direitos. 
(Explicação retirada do site da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Saúde. Disponível em: 
<https://cnts.org.br/noticias/saude-era-exclusividade-de-poucos-antes-do-sus-parte-1/> ) 
24 
 
 
 
 
pensamento crítico que possibilitou a inversão do modelo antimanicomial. O contexto 
da iniciação da reforma se deu no período de crise do modelo de assistência dos 
hospitais psiquiátricos, foi um processo social e político, composto por várias 
instituições e serviços que incide em vários territórios, evidenciando seus projetos 
nos governos federal, estadual e municipal, assim como nas universidades, 
conselhos profissionais, associações de atenção à saúde mental, e ainda, ao 
interesse público. 
O movimento da reforma surge a partir das denúncias realizada por 266 
(duzentos e sessenta e seis) profissionais trabalhadores das instituições de saúde 
mental, evidenciando a precarização e falta de recursos e a necessidade de 
reorganizar o Modelo Psiquiátrico Brasileiro, que garantisse a cidadania dos 
usuários, transformando-se no Movimento da Luta Antimanicomial (LMA). É nesse 
contexto e nessas condições que a reforma psiquiátrica avança, marcada por 
conflitos e muitos desafios. 
É sobretudo, a denúncia aos métodos de violência utilizados pelos 
manicômios que impulsionam o movimento de luta. De acordo com Eduardo Mourão 
(2002), entende-se que a crítica é feita, já na década de 70, a partir da constatação 
de que os hospitais psiquiátricos são “antiterapêuticos”, como ele mesmo cita em 
seu livro. Ou seja, as práticas utilizadas nesses hospitais envolviam torturas e 
desumanidades, e é justamente o que impulsiona a criação dos primeiros 
movimentos sociais em prol da saúde mental. 
O Movimento começa a reivindicar condições dignas para as pessoas que 
possuíam doenças mentais, tendo como base as principais denúncias aos hospitais 
psiquiátricos da época, tanto os públicos quanto os privados; a denúncia contra a 
indústria da loucura, onde era acordado entre o poder público e privado um maior 
número de internação de pacientes e por um período mais prolongado, visando a 
geração de mais recursos para a indústria de mercantilização da saúde. Além disso, 
havia também a reivindicação por melhores condições de trabalho nos hospitais 
psiquiátricos para os profissionais da área de saúde mental. Assim, o movimento da 
Reforma Psiquiátrica prossegue em meio a tensões e conflitos. É válido salientar 
que a Reforma Psiquiátrica teve seu desenvolvimento em conjunto com a Reforma 
25 
 
 
 
 
Sanitária no Brasil 24 , também se constituiu uma iniciativa de movimentos dos 
trabalhadores da saúde em geral. 
Para os movimentos de Reforma Psiquiátrica e Sanitária havia a ideia de 
que os problemas de saúde poderiam ser diminuídos através da inserção do 
indivíduo na sociedade, de sua participação, com isso, era necessário lhe 
oportunizar. Essa vertente defende a ideia de que os transtornos mentais podem ser 
evitados se descobertos precocemente25. 
Sendo assim, a principal finalidade da psiquiatria preventiva passa a ser a 
procura por pessoas com transtornos mentais, para que o cuidado seja feito o mais 
rápido possível e assim, não causar “danos” maiores no bem estar do indivíduo e da 
sociedade. Essa perspectiva de atenção à saúde mental foi assumida não apenas 
pelos Estados Unidos, como também pela América Latina como um todo, ao ser 
reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entre outras entidades. Em 
1973, a OMS estabelece como referência para a área psiquiátrica um 
remodelamento da assistência em saúde mental 26 , tendo como referência para 
essas mudanças o hospital de Trieste, na Itália, dirigido por Franco Basaglia27. 
A Reforma Psiquiátrica se fundamenta não somente em uma crítica ao 
sistema nacional de cuidados à saúde mental, mas também uma crítica aos 
 
24 “Assim, a Reforma Sanitária Brasileira tomava do relatório da 8ª CNS um conjunto de questões 
consideradas “definidoras dos novos rumos da política nacional de saúde, devendo estar 
asseguradas constitucionalmente” (RODRIGUEZ NETO, 1997, p. 70), a saber: conceito de saúde, 
referido não apenas à assistência médica mas relacionado com todos os seus determinantes e 
condicionantes (trabalho, salário, alimentação, habitação, transporte, meio ambiente, entre outros); 
direito universal e igualitário à saúde; dever do Estado na promoção, proteção e recuperação da 
saúde; natureza pública das ações e serviços de saúde; organização das ações do Estado em uma 
rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um Sistema Único de Saúde gratuito, 
descentralizado para Estados e Municípios, sob controle social; subordinação do setor privado às 
normas do SUS, quando necessário, contratado sob as normas do direito público; diretriz de 
estatização progressiva; desvinculação do Sistema de Previdência Social, com financiamento 
autônomo, preservada a gradualidade na substituiçãodas fontes previdenciárias; estabelecimento de 
pisos de gastos.” (PAIM, 2008, p. 155) 
25Estudo realizado pela Universidade Paulista Objetivo, cujo tema é: A criação do Centro de Atenção 
Psicossocial Espaço Vivo. 
26 Informação retirada do blog PEBMED - A luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica. 
27 Basaglia, médico psiquiátrico, grande crítico da postura tradicional da cultura médica, que 
transformava o indivíduo e seu corpo em meros objetos de intervenção clínica. No campo das 
relações entre a sociedade e a loucura, ele assumia uma posição crítica para com a psiquiatria 
clássica e hospitalar, por esta se centrar no princípio do isolamento do louco (a internação como 
modelo de tratamento), sendo, portanto, excludente e repressora (...) Franco Basaglia esteve 
algumas vezes no Brasil realizando seminários e conferências. Suas ideias se constituíram em 
algumas das principais influências para o movimento pela Reforma Psiquiátrica no país. 
Veja Portal PEBMED: https://pebmed.com.br/a-luta-antimanicomial-e-a-reforma-psiquiatrica 
26 
 
 
 
 
conhecimentos sobre a área e as instituições clássicas que as praticam. O objetivo 
do movimento era principalmente a mudança nas práticas dos hospitais psiquiátricos 
(práticas manicomiais por meio de torturas), organizando assim, a política no setor 
de saúde28. Suas queixas se davam mais precisamente em relação aos maus tratos, 
a violência e a tortura, além da corrupção, que existiam nos hospitais psiquiátricos. 
Era excessiva a negligência e a falta de cuidados com os pacientes. Com isso, 
começam a surgir os pensamentos críticos a respeito da natureza da psiquiatria e os 
cuidados médicos. 
A reforma provocou mudanças expressivas, principalmente, no modelo de 
assistência à saúde mental, trazendo avanços no atendimento à pessoa com 
transtorno mental, além de proporcionar diversas demandas voltadas ao Serviço 
Social. A saúde mental deve ser vista como um estado de bem estar emocional, 
assim como psicológico, esse é um dos principais requisitos apontados pelo 
movimento. A Reforma Psiquiátrica agiu não só nas instituições e nos serviços, mas 
no cotidiano e nas relações pessoais do dia a dia. 
Nesse cenário, é expressiva a importância do surgimento do primeiro CAPS 
no Brasil, para a trajetória da saúde mental brasileira. O primeiro CAPS criado no 
Brasil foi denominado de Professor Luís da Rocha Cerqueira, na cidade de São 
Paulo, no ano de 1986. Foi criado na intenção de evitar futuras internações, no 
cuidado ao paciente, e acolhimento dos pacientes que estavam dispensados dos 
hospitais, já utilizando o novo pensamento sobre saúde mental, em relação à 
mudança nas práticas. Além disso, o CAPS surge como um processo de intervenção 
aos hospitais psiquiátricos que utilizavam práticas de maus-tratos com os pacientes. 
O movimento de Reforma Psiquiátrica promoveu uma repercussão nacional a 
respeito dos exercícios de violência que os hospitais realizavam, o que culminou 
ainda mais a revolta da população e viabilizou a criação dos CAPS. 
O CAPS surge como uma possibilidade de se ter uma rede de proteção 
adequada para esses indivíduos, pois diante de revoltas e organizações dos 
movimentos, o CAPS se tornou uma alternativa de cuidados aos transtornos 
mentais, mais eficaz e sem a crueldade que os hospitais psiquiátricos possuíam. Em 
 
28 Estudo realizado pela Universidade Paulista Objetivo, cujo tema é: A criação do Centro de Atenção 
Psicossocial Espaço Vivo. 
27 
 
 
 
 
conjunto ao surgimento dos CAPS, foi realizada a 1ª edição da Conferência Nacional 
de Saúde Mental, no Rio de Janeiro, em 198729. 
De acordo com a Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento 
(2019), ainda no período de 1989, foi implantado um projeto de lei proposto pelo 
Deputado Paulo Delgado, “a lei propunha a regulamentação dos direitos da pessoa 
portadora de transtornos mentais, bem como defende a extinção progressiva dos 
manicômios no Brasil.” Alguns estudos indicam que o início das lutas da Reforma 
Psiquiátrica se deu neste momento nos campos legislativo e normativo. Em 1992 
tem-se a vitória da aprovação para a substituição progressiva dos leitos psiquiátricos 
por uma rede mais completa de atenção aos pacientes com transtornos mentais, 
graças à luta intensiva de movimentos sociais da época, assim como o MTSM. 
Posteriormente, passa a haver no país muito mais atenção voltada a essa 
população, normas federais são efetivadas, que regulamentam a realização de 
serviços voltados à atenção no dia a dia e nas experiências com os primeiros CAPS, 
e outras instituições. Ainda segundo a Revista, os autores enfatizam a mudança que 
os movimentos e a reforma trouxeram a saúde mental em si: 
O novo conceito de saúde mental passou a priorizar o sujeito e não 
mais a doença em si. Assim, a esse sujeito passou a ser oferecido 
um tratamento mais humano e de qualidade. Criou-se, para tanto, 
aparatos, dispositivos e espaços apropriados direcionados ao seu 
tratamento, visando oferecer uma proposta terapêutica apropriada, 
com profissionais qualificados para essa demanda, além da 
humanização no cuidado com esses pacientes. O CAPS é um 
exemplo dessas instituições, pois trata a saúde mental com o foco no 
usuário. Precisa-se, então aderir a ações intersetoriais, bem como 
às políticas sociais diversas de forma a possibilitar uma intervenção 
interdisciplinar que visa a integralidade ao atender o sujeito portador 
de transtornos mentais. (SILVA, 2019, p.6) 
 
Nota-se que o movimento de Reforma Psiquiátrica traz consigo diversas 
possibilidades, como oferecer uma proposta terapêutica apropriada, desenvolvida 
através de profissionais qualificados, tendo o CAPS como uma dessas instituições, 
além de demarcar a importância da inserção do profissional de Serviço Social nos 
 
29 Outros eventos considerados pela literatura como marcos para a Reforma Psiquiátrica Brasileiras 
foram: V Congresso de Psiquiatria em Camboriú, que ocorreu em Santa Catarina em 1978; I 
Congresso de Psicanálise de Grupos e Instituições, em 1978; I Congresso Brasileiro de 
Trabalhadores em Saúde Mental em São Paulo no ano de 1979; III Congresso Mineiro de Psiquiatria 
em 1979, que contou com a participação de Franco Basaglia (OLIVEIRA, W.F.; PADILHA, C.D.S.; 
OLIVEIRA, C.M, 2011) 
28 
 
 
 
 
serviços de saúde mental, principalmente no campo interdisciplinar, induzindo uma 
discussão necessária sobre a situação. A respeito dessa inserção profissional, 
veremos com mais clareza no próximo ponto. 
 
2.2 A inserção do Serviço Social nos CAP’S - um espaço de intervenção 
profissional 
 
O campo da Saúde Mental é um lugar muito rico e propício para a atuação 
do Assistente Social, enquanto parte de uma equipe interprofissional, cuja atuação 
se volta para uma ação interdisciplinar. A interdisciplinaridade que implica em uma 
atuação cooperativa de diferentes especializações de saberes, que enriquece o 
trabalho e condensa uma unidade à diversidade de saberes, portanto resguardando 
as diferenças (IAMAMOTO, 2002). 
Nesse contexto, o assistente social, mesmo realizando atividades 
partilhadas com outros profissionais, dispõe de ângulos particulares 
de observação na interpretação dos mesmos processos sociais e 
uma competência também distinta para o encaminhamento das 
ações, que o distingue do médico, do sociólogo, do psicólogo, do 
pedagogo etc (IAMAMOTO, 2002. Pg. 64) 
 
 De acordo com Eduardo Mourão (2002), em sua afirmação sobre as novas 
práticas de saúde mental, ele traz diversas áreas que atualmente se inserem no 
campo da saúde mental, por possuírem formação qualificada para isso. Dentre as 
áreas citadas no decorrer do livro, estão a psicologia, a sociologia e, claro, o campo 
da saúde pública. Logo, entende-se que é nesse campo em que o profissional do 
Serviço Social está inserido, pois atua no planejamento, na execução e avaliação de 
políticas públicas30 que contemplem a saúde mental.De acordo com uma Cartilha do CFESS – Conselho Federal de Serviço 
Social, que trata a respeito dos parâmetros para a atuação do Assistente Social na 
saúde em geral, destaca-se um parágrafo sobre as atribuições do Assistente Social 
no campo da saúde: 
 
30 (IAMAMOTO, 2002, p.60) “Historicamente, os assistentes sociais dedicaram-se à implementação 
de políticas públicas, localizados na linha de frente das relações entre população e instituição como, 
nos termos de Netto (1992), 'executores terminais de políticas sociais'. Embora este seja ainda o perfil 
predominante, não é mais exclusivo, sendo abertas outras possibilidades” 
29 
 
 
 
 
O projeto da reforma sanitária vem apresentando como demandas 
que o assistente social trabalhe as seguintes questões: 
democratização do acesso as unidades e aos serviços de saúde; 
estratégias de aproximação das unidades de saúde com a realidade; 
trabalho interdisciplinar; ênfase nas abordagens grupais; acesso 
democrático às informações e estímulo à participação popular. 
(CFESS, 2010, p.26) 
 
Com isso, é notório um traço em comum entre a reforma sanitária da saúde 
e o próprio projeto ético-político da profissão do serviço social, onde se destaca a 
necessidade do trabalho em equipe, da interdisciplinaridade entre as profissões. O 
Assistente Social precisa cooperar e articular, não somente com profissionais de sua 
área, mas também integrando a equipe interprofissional, partilhando das atividades 
com outros profissionais - o psicólogo, o médico, o nutricionista, o farmacêutico, 
entre outros - na coordenação e execução de ações nos programas de saúde 
mental, dentre outros campos de intervenção profissional (IAMAMOTO, 2002). 
Para Iamamoto (2002, p. 64), o assistente social, ao partilhar dessas 
atividades de forma cooperativa com outros profissionais no trabalho em equipe, 
dispõe de “ângulos particulares de observação” e “interpretação” das diferentes 
demandas que chegam como requisições institucionais em relação a saúde mental, 
bem como “uma competência também distinta” no direcionamento das ações, que o 
diferencia dos demais profissionais. Isto porque na equipe, cada um traz uma 
especialidade, fruto de sua formação profissional e das situações vividas “na sua 
história social e profissional”, fundamentada numa “capacitação teórico-
metodológica”, que o permite identificar conexões inerentes as “expressões da 
questão social” trabalhadas, ao mesmo tempo usar “habilidades e sensibilidades” no 
desempenho das atividades propostas. O trabalho coletivo, portanto, não dissolve as 
“competências e atribuições dos profissionais”, ao contrário, “exige maior clareza no 
trato das mesmas e o cultivo da identidade profissional, como condição de potenciar 
o trabalho conjunto”. 
Ademais, o Assistente Social direciona seu trabalho não somente para as 
especificidades e singularidade do caso em particular, mas estabelece “nexos e 
relações” no contexto da realidade social, em que se encontra o portador de doença 
mental. Daí a importância da capacitação teórico-metodológica do assistente social 
que o leva a leitura e interpretação das condições de saúde do usuário, seus 
30 
 
 
 
 
problemas e situações que contribuem para o processo de adoecimento do portador 
da doença mental. 
Não se pode negar que existem situações que acontecem no cotidiano da 
vida social que contribuem para a agravar a realidade dos pacientes da saúde 
mental. Dentre essas situações, encontra-se o preconceito aos pacientes com 
transtornos mentais que se manifesta pela “exclusão do sistema produtivo e da 
convivência social, em razão do estigma social” inerente a identidade desses 
pacientes; pessoas consideradas, “historicamente, pela sociedade, como uma 
pessoa perigosa e incapaz, portanto, que deve ser excluída do convívio social” 
(PEREIRA, 2016, p.04). 
A partir dessa reflexão, é possível distinguir algumas das especificidades do 
profissional assistente social na área de saúde mental, expressas em seus objetivos. 
De acordo com a Revista Científica do Multidisciplinar, são esses alguns dos 
objetivos do Serviço Social: 
Conhecer e analisar a realidade social do paciente, com o objetivo de 
identificar, de maneira crítica, as manifestações da questão social 
presente na vida do indivíduo; desenvolver estratégias de 
intervenção juntamente com os familiares de pacientes, a fim de 
fortalecer os vínculos familiares; identificar a consolidar mecanismos 
de suporte e proteção, buscando a reinserção social dos usuários, 
resgate da cidadania e a vivência de hábitos saudáveis; buscar 
métodos que permitam identificar os direitos dos pacientes e que 
possibilitem a defesa e a universalização deles. (SILVA, 2019, p.11) 
 
Desse modo, considerando a atuação do Assistente Social no campo da 
saúde mental, o profissional de Serviço Social possui autonomia relativa na 
implementação das políticas sociais, uma vez que embora no Brasil o Serviço Social 
seja regulamentada como profissão liberal, 
 
não tem uma tradição de prática peculiar às profissões na acepção 
do termo. O Assistente Social não tem sido um profissional 
autônomo, exerça independentemente suas atividades, dispondo das 
condições materiais e técnicas para o exercício de seu trabalho e do 
completo controle sobre o mesmo, seja no que se refere à maneira 
de exercê-lo, ao estabelecimento da jornada de trabalho, ao nível de 
remuneração e, ainda, ao estabelecimento do “público ou clientela a 
ser atingida”. (IAMAMOTO, 2006, pg. 80) 
 
31 
 
 
 
 
Isto significa que, o assistente social, enquanto trabalhador assalariado, 
mesmo dispondo, segundo Iamamoto (2000), de uma "autonomia ética e técnica” no 
seu exercício profissional, legitimada pelo “código de ética e pela regulamentação 
legal da profissão”, tem sua “força de trabalho” submetida a uma relação de poder 
hierarquicamente constituída no âmbito da instituição, portanto, subordinada “às 
normas, decisões e predeterminações do seu empregador e gerenciador”, seja na 
esfera do estado, nas empresas privadas, e nas organizações da sociedade civil. 
De acordo com a legislação que regulamenta a profissão, a Lei nº 8.662, 
compete ao Assistente Social “elaborar, implementar, executar e avaliar políticas 
sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, 
entidades e organizações populares” (art. 4º, inciso I). Ou seja, é também do 
assistente social a responsabilidade pela implementação de políticas públicas, 
enquanto participando de uma equipe interprofissional. Entretanto, um dos grandes 
desafios enfrentados pelo assistente social é a materialização dessas políticas que 
vêm se precarizando, em razão da ofensiva neoliberal31 expressa no desmonte dos 
direitos sociais e trabalhistas conquistados e o corte nos orçamentos das políticas 
sociais, demarcando a regressão, a flexibilização e a desregulamentação desses 
direitos (SANTOS, 2017), que vem atingindo a área da saúde mental, bem como 
demais áreas como a educação, ciência e tecnologia, a previdência, a segurança 
pública, a habitação , a justiça, o trabalho, entre outras áreas demarcando o 
acirramento da questão social no brasil, pós-golpe32. 
O Estado tem a capacidade de promover investimentos públicos, e isto 
depende dos recursos orçamentários. Porém, nos últimos anos o país caminha na 
contramão desta perspectiva, considerando a aprovação da Emenda constitucional 
 
31 A despeito do neoliberalismo segundo a concepção de Harvey (2008): “é uma teoria das práticas 
político-econômicas que propõe que o bem-estar humano pode ser melhor promovido liberando-se as 
liberdades e capacidades empreendedoras individuais no âmbito de uma estrutura institucional 
caracterizada por sólidos direitos a propriedade privada, livres mercados e livre comércio” (HARVEY, 
2008, p.12). 
32 O golpe de 2016 apresentou a particularidade da divulgação do discurso de que o governo de 
Dilma havia cometido crime de responsabilidadefiscal, pela prática de “irregularidades contábeis, 
“pedaladas fiscais”, para cobrir déficits nas contas públicas – uma prática corriqueira em todos os 
governos anteriores” (LÖWY, 2016, p. 57-58), isto justificaria a legalidade do impeachment nas 
esferas institucional, constitucional e democrática. Apesar disso, diferentes laudos técnicos 
apontaram que as manobras contábeis realizadas ao longo do governo desta presidenta eram legais. 
Esta assertiva esclarece a percepção de que a retirada de Dilma do governo brasileiro em 31 de 
agosto de 2016 se constituiu como um golpe de Estado (SOARES, 2018, p. 82). 
32 
 
 
 
 
95, em 2016, pelo congresso durante o governo de Michel Temer33, instituindo o 
congelamento de recursos por 20 anos, portanto sacrificando despesas e 
investimentos sociais em diversos programas essenciais, principalmente nas 
políticas de saúde pública no Brasil, em benefício do setor financeiro34. Emenda 
consolidada na agenda do atual presidente da república Messias Bolsonaro, na qual 
fora imposto um sinistro “teto de gastos públicos”, penalizando as áreas sociais, 
sobretudo a população mais pobre e subalternizada assistida pela saúde mental. 
No entanto, o assistente social mesmo enfrentando o desmonte das políticas 
de saúde mental, em razão dos cortes dos orçamentos a elas destinadas, sob os 
ditames da perspectiva ultraliberal, continua na árdua luta para possibilitar o acesso 
às redes de apoio para que os usuários sintam-se protegidos e ocorra a efetivação 
dos direitos aos portadores de transtornos mentais. Com isso, suas ações possuem 
um olhar amplo para o contexto de vivência do usuário, a fim de propor uma 
intervenção por meio de 
uma visão crítica acerca do processo de trabalho em saúde mental, 
da realidade social, da relação entre o desenvolvimento do 
capitalismo e a existência crescente de transtornos mentais [...]. 
Exige-se, pois, a apreensão do sujeito em sua integralidade, 
considerando sua relação com o meio em que está inserido 
(COUTINHO e COUTINHO, 2017, p.6) 
 
Posto isso, a intervenção do Assistente Social corresponde (bem como 
outras especificidades) a interdisciplinaridade de equipe como realidade cotidiana, 
nesse âmbito da saúde mental, bem como a adoção de práticas mais humanizadas 
nas instituições. A ação do assistente social também está, especificamente, em 
atender a princípios de integralidade35, intersetorialidade36, trabalhando sempre em 
 
33 Coube a Michel Temer a incumbência de “promover a reestruturação reacionária e conservadora 
do capitalismo brasileiro nas novas condições históricas de dominância do império neoliberal face ao 
aprofundamento de suas contradições estruturais” (ALVES, 2016, s/p). 
34 As ações e omissões governamentais sobre políticas públicas essenciais integram um plano maior 
de sucateamento e desmonte, que tentamos abordar ao longo das últimas semanas. Conforme as 
informações que trouxemos na série de reportagens sobre a destruição do Estado Brasileiro, o 
conjunto de reformas, privatizações e abandono de políticas públicas constitui um caminho que leva o 
país a retrocessos brutais em diversas áreas e ao retorno à condição de dependência e 
subserviência, com estagnação da economia e aumento das disparidades. 
http://www.sindjus.com.br/brasil-por-um-fio-os-cortes-de-recursos-e-os-impactos-nas-politicas-
publicas/14412/ 
35 “Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços 
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de 
complexidade do sistema” (LEI 8.080, 1990) 
33 
 
 
 
 
conjunto com as expressões sociais, especialmente nesse caso, expressões ligadas 
à exclusão da pessoa com transtorno mental. A atuação do profissional de Serviço 
Social nesse campo é de fundamental importância pois é uma atuação com o olhar 
social distinto das demais profissões. 
O serviço Social tem como objeto principal em sua profissão a questão 
social, a classe trabalhadora, o usuário dos serviços e a sociedade. Logo, seus 
direcionamentos possuem um olhar crítico, provocativo, sempre com a intenção final 
de propor uma intervenção adequada para o usuário. Desde a academia o 
assistente social entende como essência de sua futura profissão a questão social. E 
falar em questão social não implica dizer apenas pobreza, mas a desigualdade 
social que assola a sociedade nessa conjuntura. Em outras palavras, o assistente 
social atua em busca de uma sociedade justa e igualitária, considerando a questão 
social dos indivíduos, para assim, elaborar a intervenção. Na saúde mental, isso não 
é muito diferente. O profissional do Serviço Social trabalha com a questão social que 
o paciente com transtorno mental enfrenta no seu dia a dia. 
No CAPS, o profissional de Serviço Social compõe a equipe interdisciplinar, 
a fim de identificar demandas e realizar os devidos encaminhamentos, atenta a 
conhecer às condições sócio-históricas, as quais estão submetidos os usuários e 
construir um perfil tendo em conta a singularidade de cada usuário. 
]Na perspectiva de construir o perfil socioeconômico dos usuários, uma das 
suas competências - segundo a lei que regulamenta a profissão e reiterado nas 
orientações dos Parâmetros da Atuação do Assistente Social na Política Saúde - o 
assistente social identifica informações importantes como renda, local de habitação, 
trabalho, escolaridade, utilização de serviços públicos (previdência, assistência, 
direitos trabalhistas), contexto familiar em que o usuário vive. São informações 
importantes para análise das condições que determinam e condicionam a saúde da 
população usuária. Essas informações subsidiam a formulação de estratégias de 
ação, mediante análise da situação socioeconômica do usuário, ao mesmo tempo 
entende e identifica os direitos a que essa população usuária tem acesso, direciona 
 
36 A contribuição do profissional de Serviço Social na gestão e no planejamento busca a 
intersetorialidade, na perspectiva de conceber a saúde no âmbito da Seguridade Social. (CFESS, 
2010, p. 61) 
34 
 
 
 
 
a realização dos devidos encaminhamentos e subsidia a prática dos demais 
profissionais de saúde envolvidos na equipe. 
O estudo socioeconômico, não é apenas uma orientação, mas configura 
uma das dimensões fundamentais que compõem o exercício profissional, a 
dimensão investigativa37. Com a investigação, o profissional do Serviço Social é 
capaz de entender com mais clareza a questão social e suas expressões, através de 
uma conversa, de um olhar, de uma observação de situações que não foram 
explícitas, com a finalidade de subsidiar o direcionamento das estratégias para a sua 
intervenção, e encaminhar soluções para cada situação na sua singularidade. “Mais 
do que uma postura, o caráter investigativo é constitutivo de grande parte das 
competências/atribuições profissionais” (GUERRA, 2009, p. 3). Ao utilizar esse 
processo investigativo no campo de estudo em questão, no CAPs, é possível 
entender a real importância dessa dimensão no exercício profissional. Os pacientes 
com transtornos mentais, em sua maioria, não conseguem expressar de fato o que 
estão sentindo, nem relatar com precisão os acontecimentos de sua vida, daí então 
que se torna imprescindível a investigação, junto aos pacientes e seus familiares, 
como necessidade para a construção do processo de intervenção. 
Além disso, o assistente social deve ter em sua concepção de trabalho, as 
diretrizes do projeto ético-político da profissão, bem como o conhecimento dos 
parâmetros de atuação na política de saúde. Neste sentido, portanto, sua ação 
profissional deve partir “dos fundamentos teórico-metodológicos e ético-políticos 
construídos pela profissão em determinado momento histórico e os procedimentos 
técnico-operativos” articulados a esses fundamentos, bem como considerar 
conceitos “fundamentais para a ação dos assistentes sociais na saúde, comoa 
concepção de saúde, a integralidade, a intersetorialidade, a participação social38 e a 
interdisciplinaridade” (CFESS, 2010, p. 39), discutidos ao longo desse trabalho. 
 
37 Segundo Nicolau (2019, p. 41), “É de suma importância neste contexto e nesta direção conceber o 
ofício da pesquisa, ou a dimensão investigativa, como fundamental no e para o trabalho profissional, 
o que implica a formação de profissionais capazes de empreender uma leitura-análise atualizada e 
qualificada da realidade em movimento e da própria atuação profissional. Essas são as reais 
possibilidades que condicionam e viabilizam o processo de conhecimento dos graduandos no 
processo formativo” 
38 O projeto Democracia de Massas (de Netto, 1990) prevê a ampla participação social, conjugando 
as instituições parlamentares e os sistemas partidários com uma rede de organizações de base: 
sindicatos, comissões de empresas, organizações de profissionais e de bairros, movimentos sociais 
urbanos e rurais. (CFESS, 2010, p. 19) 
35 
 
 
 
 
Com isso, a importância do profissional de serviço social nos CAPS se torna 
ainda mais relevante na equipe interprofissional, uma vez que pode contribuir na 
continuidade das ações e condições reivindicadas pela reforma psiquiátrica na 
perspectiva de acesso aos direitos, bens e serviços, como os relacionados à 
previdência social (sobretudo aos direitos trabalhistas e demais benefícios da 
previdência); a assistência social (como o direito ao Bolsa Família, o FGTS 
Emergencial, a tarifa Social de Energia Elétrica, o Benefício de Prestação 
Continuada (BPC), a Carteira do Idoso, o Benefício Emergencial), além da emissão 
de documentos , entre outros. Para responder a essas demandas que chegam como 
requisições institucionais, o profissional necessariamente precisa estar atento ao 
tempo presente, muito bem articulado aos fundamentos Teórico-metodológicos, 
Ético-políticos e Técnico-operativos. 
O assistente social tem como princípio fundamental da profissão, de acordo 
com o código de ética a: “Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do 
arbítrio e do autoritarismo” (CEP, 2012, pg. 23). Ou seja, após uma luta árdua que foi 
a Reforma Psiquiátrica, o assistente social também atua na defesa para que esses 
direitos conquistados, não sejam novamente tomados dos pacientes com transtornos 
mentais, para que as práticas dos hospitais psiquiátricos não sejam novamente 
exercidas na base da violência, da exclusão, do estigma e na negação dos direitos 
conquistados. A propósito, os Parâmetros para Atuação do assistente social na 
saúde traz39: 
Já nas equipes de saúde mental, o assistente social deve contribuir 
para que a Reforma Psiquiátrica alcance seu projeto ético-político. 
Nessa direção, os profissionais de Serviço Social vão enfatizar as 
determinações sociais e culturais, preservando sua identidade 
profissional. Não se trata de negar que as ações do assistente social 
no trato com os usuários e familiares produzam impactos subjetivos, 
o que se põe em questão é o fato do assistente social tomar por 
objeto a subjetividade, o que não significa abster-se do campo da 
saúde mental, pois cabe ao assistente social diversas ações 
desafiantes frente às requisições da Reforma Psiquiátrica tanto no 
trabalho com as famílias, na geração de renda e trabalho, no controle 
social, na garantia de acesso aos benefícios (ROBAINA, 2009 apud 
CFESS, 2010, pg. 41). 
 
 
39 CFESS. Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde. Brasília, 2010. 
36 
 
 
 
 
A intervenção profissional do assistente social nos CAPS ocorre através de 
diversas ações, desde a triagem, a escuta qualificada, os estudos de casos, as 
conversas em grupo, entre outras. Analisando trabalhos anteriores que dissertam 
sobre a atuação do assistente social nos CAPS, foi encontrado o de Anna Flávia 
Montenegro Lisbôa, que é direcionado para o CAPS III Leste, em Natal/RN. Tendo 
este trabalho como referência bibliográfica no presente estudo, trazemos uma das 
suas reflexões que ratificam as ações dos assistentes sociais nos CAPS: 
Para a realização do atendimento aos pacientes acometidos por 
transtornos mentais, bem como seus parentes, é realizado por meio 
de triagem e escuta qualificada do atendimento em serviço social. 
Posteriormente, após a identificação das necessidades, é realizado o 
encaminhamento para realização da consulta médica a qual poderá 
resultar em internação, frequência diária, ou consultas esporádicas 
na instituição. (LISBÔA, 2016, pg. 55) 
 
Observem que o exercício profissional do assistente social no campo da 
saúde mental, precede o registro dos atendimentos sociais no prontuário, mediante 
triagem e escuta qualificada, atento às singularidades e particularidades de cada 
usuário a partir das queixas expressas pela família, bem como pelas atitudes do 
paciente. O resultado dessas ações que resultam na identificação de necessidades e 
demandas passam a subsidiar a equipe de saúde quanto às informações dos 
usuários, que, resguardadas as informações sigilosas já registradas no prontuário 
social, viabilizam os encaminhamentos e estratégias para o tratamento terapêutico 
que ocorrem via consultas médica, internações e/ou encaminhamento para os outros 
órgãos de acordo com as demandas e necessidades dos pacientes. Tais 
procedimentos contribuem não somente o acesso à saúde pública, mas também, 
acesso e conhecimento sobre o que é direito do paciente com transtorno mental. 
O exercício profissional, seja na área da saúde mental ou em outras áreas, o 
assistente social conta com agentes que também possuem suas responsabilidades 
no tratamento. São eles: o Estado, a família e a sociedade40. Posto isso, não são só 
instituições responsáveis para o tratamento dos transtornos mentais, mas a família 
também se constitui uma instituição de extrema importância nesse processo de 
 
40 Art. 227 da Constituição Federal do Brasil de 1988: É dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
37 
 
 
 
 
reabilitação. A forma como a família lida com o paciente, ou até mesmo a falta desse 
conjunto de pessoas ao longo da vida do indivíduo influencia na sua doença e no 
seu processo de cura. O indivíduo portador de transtornos mentais possui 
necessidades, fragilidades e sofrimentos psíquicos, portanto precisa do apoio da 
equipe, e sobretudo da família no processo de tratamento de reabilitação. 
De acordo com os parâmetros para a atuação de assistentes sociais na 
política de saúde (2010), esse vínculo com a família é imprescindível para o 
tratamento do doente mental e configura uma das principais ações do assistente 
social em suas atividades: “fortalecer vínculos familiares, na perspectiva de 
incentivar o usuário e sua família a se tornarem sujeitos do processo de promoção, 
proteção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde”. Apesar disso, é 
necessário assumir que a entidade familiar também possui as suas inconstâncias, e 
entender que nem todo portador de transtorno mental (PTM) possui o apoio familiar 
que seria tão importante para o seu tratamento41. 
Ademais, contemporaneamente, a população vem enfrentando desde 2020 
a pandemia em decorrência da COVID-19, quando tivemos um número significativo 
de mortes (mais de 600 mil mortes no Brasil42), com tantos milhões de casos em 
todo Brasil, contando com uma estrutura precária para o seu enfrentamento43. O 
momento pandêmico, até o início do processo de vacinação em 2021, trouxe o 
aumento do processo de adoecimento psíquico na população, para além do número 
que já apresentavam queixas anteriormente numa conjunturaneoliberal com 
implicações de desemprego, subemprego, insegurança alimentar, habitação 
precária, entre outros. 
A pandemia aumentou consideravelmente os transtornos mentais em razão 
do isolamento social, bem como do medo de adoecer pela obrigatoriedade de se 
 
41 São diversos os desafios que se apresentam a família do PTM, pois ela também se encontra 
instável em diferentes aspectos, principalmente pela dificuldade no convívio junto a este sujeito que 
alterna momentos de lucidez com fortes crises e agressividade, situação agravada quando este 
resiste ao reconhecimento e tratamento do transtorno, o que de certa forma está relacionado ao 
preconceito e discriminação já tão cristalizados, colocando-se como um dos obstáculos na busca por 
apoio e orientação. Texto retirado do artigo “O trabalho do Assistente Social junto aos 
portadores de transtorno mental e sua respectiva família”. BUSSULA, 2009. 
42 https://especiais.g1.globo.com/bemestar/coronavirus/estados-brasil-mortes-casos-media-movel/ em 
29/06/2022 
43 O sucateamento dos serviços, a falta de planejamento, corte dos gastos, corrupção, 
mercantilização da saúde são fatores que estão contribuindo para mortalidade da população, 
incluindo as pessoas portadoras de deficiência. 
38 
 
 
 
 
encontrar na linha de frente no exercício das atividades essenciais, dentre outras 
questões que permearam a vida da população nos momentos agudos de 
transmissibilidade do coronavírus. Esta se constituiu uma demanda crescente para o 
Serviço Social, no contexto da pandemia. 
 
39 
 
 
 
 
 
3. A IMPORTÂNCIA DO CAP’s NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO SOCIAL 
DOS PACIENTES COM TRANSTORNO MENTAL E OS LIMITES E 
POSSIBILIDADES NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL 
NO CONTEXTO PANDÊMICO 
 
O presente capítulo aborda acerca da importância dos CAPS na reabilitação 
dos pacientes com transtornos mentais, as medidas tomadas no cotidiano do 
trabalho profissional dia a dia nos CAPS. Aborda os limites encontrados no exercício 
profissional dos assistentes sociais no momento de pandemia vivenciado pelo país 
nos anos 2020 - 2022, além das possibilidades possíveis no exercício profissional no 
processo de reabilitação dos pacientes com transtorno mental no momento 
pandêmico. Como suporte teórico foi utilizado o livro Políticas de Saúde Mental, 
baseado no curso de políticas públicas de saúde mental, do CAPS Luiz R. 
Cerqueira, que tem como organizador Mário Dinis Mateus (2013), além dos autores 
(as) Rosa e Lustosa (2012), Reis (...) entre outros. 
 
3.1 A saúde mental no momento de pandemia e a importância dos CAPS na 
reabilitação social dos pacientes 
 
Os CAPS44, integrando a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)45, foram 
instituídos como serviços substitutivos ao modelo asilar (internações em hospitais 
 
44 Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as Unidades de Acolhimento (UA), são pontos de 
atenção que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) instituída pela Portaria GM/MS n. 
3.088/2011 (Brasil, 2011). “Dentre as principais diretrizes da RAPS, é importante destacar: · “respeito 
aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas; promoção da equidade, 
reconhecendo os determinantes sociais da saúde; · combate a estigmas e preconceitos; · garantia do 
acesso e da liberdade das pessoas; promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais 
da saúde; · combate a estigmas e preconceitos; · garantia do acesso e da qualidade dos serviços, 
ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; · atenção 
humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; · desenvolvimento de atividades no território, 
que favoreça a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; · 
desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos; · ênfase em serviços de base territorial e 
comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares; · desenvolvimento 
da lógica do cuidado para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com 
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, tendo como eixo central a 
construção do projeto terapêutico singular” (Brasil, PORTARIA Nº 3.088, 2011). 
45 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que foi instituída pela Portaria nº 3.088 de 23 de 
dezembro de 2011, é a responsável por designar os pontos de atenção para o atendimento à pessoas 
40 
 
 
 
 
psiquiátricos), ao mesmo tempo possibilitando a ampliação e articulação de espaços 
de atenção à tratamento terapêutico da saúde mental, no âmbito do Sistema Único 
de Saúde (SUS). 
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em suas diferentes 
modalidades I CAPS I46; - CAPS II47 , CAPS III48, CAPS AD49, CAPS AD III50, CAPS 
i 51 (BRASIL. PORTARIA Nº 3.088, 2011), constituem-se espaços abertos e 
comunitários de atenção estratégica às pessoas com transtornos mentais graves e 
persistentes e com sofrimento ou transtorno mental decorrentes do uso de 
substâncias psicoativas como crack, álcool e outras drogas, seja em situações de 
crise ou nos processos de reabilitação psicossocial, em sua área territorial. Os 
atendimentos ocorrem prioritariamente através de uma equipe multiprofissional, sob 
a ótica interdisciplinar e realiza o atendimento (Brasil, 2011). 
O CAPS foi um grande passo para reafirmar a vitória obtida no movimento 
da Reforma Psiquiátrica no Brasil, viabilizando que as práticas violentas utilizadas 
pelos hospitais psiquiátricos no passado não sejam mais executadas, além de 
auxiliar na sobrecarga dos hospitais psiquiátricos. Segundo Mateus 
 
com transtornos mentais, além de incluir os efeitos causados pelo uso álcool e outras drogas. Dessa 
forma, é instituído como cuidados e estratégias utilizadas nos CAPS: acolhimento inicial; acolhimento 
diurno e/ou noturno, atendimento individual, atenção às situações de crise, atendimento em grupo, 
atendimento em família, atendimento domiciliar, práticas corporais, práticas expressivas e 
comunicativas, ações de reabilitação psicossocial, entre outras práticas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2013). 
46 Atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e também com necessidades 
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas de todas as faixas etárias; indicado para 
Municípios com população acima de vinte mil habitantes. 
47 Atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, podendo também atender pessoas 
com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, conforme a organização da 
rede de saúde local, indicado para Municípios com população acima de setenta mil habitantes; 
48 Atende pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Proporciona serviços de atenção 
contínua, com funcionamento vinte e quatro horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando 
retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPS Ad, 
indicado para Municípios ou regiões com população acima de duzentos mil habitantes; 
49 Atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando as normativas do Estatuto da Criança e 
do Adolescente, com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Serviço de 
saúde mental aberto e de caráter comunitário, indicado para Municípios ou regiões com população 
acima de setenta mil habitantes; 
50 Atende adultos ou crianças e adolescentes, considerando as normativas do Estatuto da Criança e 
do Adolescente, com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Serviço de 
saúde mental aberto e de caráter comunitário, indicado para Municípios ou regiões com população 
acima de setenta mil habitantes; 
51 Atende crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e persistentes e os que fazem uso 
de crack, álcool e outras drogas. Serviço aberto e de caráter comunitário indicado para municípios ou 
regiões com população acima de cento e cinquenta mil habitantes. 
41Podemos dizer que o sistema de saúde mental no Brasil apoia-se 
sobre uma política híbrida, que avança sobre uma constante tensão 
entre concepções diferentes da reforma da atenção psiquiátrica. O 
sistema baseia-se hoje numa ênfase às ações no âmbito do CAPS, 
havendo uma mudança de um sistema hospitalocêntrico para um 
modelo de enfoque comunitário. (MATEUS, 2013, p. 36) 
 
Os CAPS, no âmbito da RAPS, realizam articulações de forma estratégica, 
com diversos campos da atenção básica à saúde, atuando junto às Equipes de 
Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, as Unidades Básicas de Saúde 
(UBS) 52 e as unidades de urgência - UPA (Unidade de Pronto Atendimento)53 . 
Estabelecem contatos com hospitais especializados se necessário, com centros 
terapêuticos de tratamento de dependência química, entre outros. Nesse processo 
os CAPS, através de suas equipes, articulam e ativam os recursos existentes em 
outras redes, assim como nos territórios em função dos atendimentos, tendo como 
base o princípio da intersetorialidade (BRASIL, MS, 2013). 
É notória a importância dos CAPS para uma comunidade no tratamento da 
saúde mental, considerando, por exemplo: a cidade de Natal/RN “é a segunda 
capital do Nordeste com maior número de adultos com depressão, aponta Ministério 
da Saúde. A capital potiguar contabiliza 11,8% de registros nessa parcela da 
população, atrás somente de Recife, com 12,5%”54. Os demais transtornos mentais, 
 
52 As Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) são a porta de entrada preferencial do Sistema Único de 
Saúde (SUS). O objetivo desses postos é atender até 80% dos problemas de saúde da população, 
sem que haja a necessidade de encaminhamento para outros serviços, como emergências e 
hospitais. Os profissionais do Mais Médicos atuam nas UBSs e compõem as equipes de saúde da 
família com enfermeiros, dentistas e agentes de saúde. Eles são, em sua maioria, especialistas em 
medicina de família e comunidade. Aqueles que ainda não o são fazem, assim como os demais, um 
curso de especialização em saúde da família. http://maismedicos.gov.br/o-que-tem-na-ubs 
53 As UPAs funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, e podem resolver grande parte das 
urgências e emergências, como pressão e febre alta, fraturas, cortes, infarto e derrame. As UPAs 
inovam ao oferecer estrutura simplificada – com Raio X, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de 
exames e leitos de observação. Nas localidades que contam com as UPAs, 97% dos casos são 
solucionados na própria unidade. Quando o paciente chega às unidades, os médicos prestam 
socorro, controlam o problema e detalham o diagnóstico. Eles analisam se é necessário encaminhar o 
paciente a um hospital ou mantê-lo em observação por 24h. http://www.saude.ba.gov.br/atencao-a-
saude/comofuncionaosus/rede-de-urgencia-e-emergencia/ 
54 Um levantamento inédito publicado pelo Ministério da Saúde neste mês coloca Natal como a 
segunda capital do Nordeste com o maior número de pessoas com 18 anos ou mais que relataram 
um diagnóstico médico por depressão. A capital potiguar contabiliza 11,8% de registros nessa parcela 
da população, atrás somente de Recife, com 12,5%, conforme dados tabulados pelo órgão ministerial 
através da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 
(Vigitel) - ano base 2021. Essa é a primeira vez que a pesquisa traz números relacionados à 
depressão. Entre os sintomas da condição, estão: tristeza persistente, desânimo, baixa autoestima, 
42 
 
 
 
 
somando-se a depressão, segundo dados da SMS, foram registrados nos 05 (cinco) 
CAPS da cidade do Natal 32.070 atendimentos em 2021, através dos serviços de 
psiquiatria, clínica geral, psicologia, matriciamento, entre outros. 
As comunidades ou territórios que não dispõem dos serviços do Centro de 
Atenção Psicossocial têm acarretado dificuldades tanto para a população que 
apresenta esses transtornos, como para a unidades básicas e de urgências e 
emergências, as quais se constituem portas de entrada no processo de atendimento 
dessa população, uma vez que inviabiliza as devidas articulações e 
encaminhamentos55. 
Com a pandemia da COVID-19, declarada em março de 2020, as medidas 
de distanciamento social e demais recomendações do Ministério da Saúde para 
evitar transmissibilidade, trouxeram muitas situações adversas que implicaram no 
aumento dos índices de transtornos de ansiedade, de pânico, de depressão, entre 
outros transtornos e sofrimentos psíquicos causados pelo medo do adoecimento, do 
isolamento social, da convivência familiar perturbada, do desemprego e perdas 
salariais, das perdas de familiares por morte, da imposição do trabalho remoto, 
suspensão de aulas presenciais, mudança de padrão econômico, sensação de 
desamparo e abandono, falta de tratamento eficaz e controle doença. 
Os casos de transtornos mentais na pandemia entre 2020 e 2021 cresceram 
significativamente, muitos deles não contabilizados, uma vez que os registros 
revelam 32.070 atendimentos, através dos diversos serviços ofertados nas unidades 
dos CAPS. Com uma população estimada em quase 900 mil habitantes (2021), de 
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com certeza 
pessoas com transtornos mentais ultrapassam essa estatística, uma vez que a 
população contabilizada nesses espaços, em sua maioria, encontra-se em situação 
de vulnerabilidade social assistida pelo SUS. 
Foi constatado uma sobrecarga em razão das demandas nos atendimentos 
nos CAPS, e na própria RAPS. Em face dessa realidade, houve a necessidade dos 
 
sentimento de inutilidade, alterações no apetite, ganho ou perda de peso súbita, insônia, excesso de 
sono e fadiga acentuada. https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2022/04/27/ 
55 Em Natal, a porta de entrada para esse acolhimento é na atenção primária, através das Unidades 
Básicas (UBS). De acordo com o coordenador de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde 
(SMS), Luís Fernando Pires, o município também dispõe de policlínicas e cinco Centros de Atenção 
Psicossocial (CAPS). http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/atendimentos-a-pessoas-com-
transtornos-mentais. Acessado em 30/06/2022 
43 
 
 
 
 
Centros de Atenção Psicossocial se empenharem no incremento de novas 
estratégias para atender as demandas já existentes, e as novas provenientes do 
momento de pandemia. 
Um estudo sobre o CAPS UERJ (2020), situado na cidade do Rio de 
Janeiro, assegura que as atividades ocorreram nesse período para além do espaço 
físico, foi necessário se reinventar e realizar atividades também remotas, como 
ligações 
Contatos telefônicos foram realizados para antecipar a ida de 
usuários-familiares ao CAPS, assim como articulações com as 
Clínicas da Família para dispensação de medicações. Esta conduta 
garantiu o acesso a medicações e receitas por entendê-las como 
uma forma de assegurar que os usuários e familiares se sentissem 
mais protegidos frente à sensação de incerteza produzida pela crise 
e pela ideia de que o serviço fecharia. (BARBOSA et al, 2020, p. 15) 
 
Além disso, outras medidas foram tomadas, como instruções sobre a 
higienização das mãos, a fim de diminuir o contágio entre eles, o que é de extrema 
importância pois além de contribuir para a menor proliferação do vírus, também 
trabalha a saúde mental do paciente, quando explicado que fazendo os 
procedimentos corretos, as chances de contaminação são consideravelmente 
menores. Outra medida adotada por esse CAPS UERJ, foi a liberação de 
requisições de medicamentos com um maior intervalo de tempo, com o intuito de 
fazer com o que o paciente se desloque de sua casa até o CAPS com menos 
frequência, e assim tendo uma menor exposição ao vírus. 
De acordo com o artigo já mencionado, essas medidas trouxeram benefícios 
não somente para os pacientes, mas para o funcionamento do centro. As medidas 
possibilitaram um trabalho mais otimizado, tendo em vista umaredução na 
quantidade de pacientes, os profissionais conseguiam atender com mais precisão e 
dar uma atenção maior aos que estavam em atendimento presencial. Isso evidencia 
um dos problemas recorrentes que o sistema de saúde local sofre: a alta demanda 
que causa a superlotação na maioria das instituições de saúde. Com o relato é 
possível perceber que se houvesse mais profissionais qualificados, mais insumos 
para tratar os doentes, mais equipamentos e mais recursos financeiros, a saúde 
seria de qualidade para todos. E os Centros de Atenção Psicossociais também não 
enfrentariam dificuldades no atendimento. 
44 
 
 
 
 
Conforme matéria publicada no site do Ministério da Saúde 56 sobre o 
aumento de investimentos na saúde mental no momento de pandemia, o autor 
afirma que nos primeiro 06 (seis) meses do ano de 2020, foram realizados 
165.562.84 atendimentos à saúde mental, tanto nos CAPS quanto em rede de 
Atenção Primária à Saúde. 
Neste ano, já foram investidos R$ 1,1 milhão para implantação de 
novos serviços para atendimento à saúde mental, o que 
proporcionou a abertura de 24 novos CAPS, 11 Serviços de 
Residência Terapêutica (SRT), 01 Unidade de Acolhimento Infanto-
juvenil e 40 novos leitos de saúde mental em hospital geral. Também 
foram habilitados 21 Equipes Multiprofissionais de Atenção 
Especializada de Saúde Mental para atendimento ambulatorial. 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020) 
 
Neste momento de pandemia, as instituições de cuidado à saúde mental 
precisaram se articular e expandir os horizontes para que pudessem atender a alta 
demanda. Segundo o Ministério da Saúde, o maior dos transtornos mentais 
identificados neste período de pandemia foi a ansiedade. É possível entender que 
este é um transtorno já existente na sociedade, mas o contexto pandêmico de 
âmbito mundial, não só afetou pessoas que até então não possuíam a ansiedade, 
como agravou casos de pessoas que já lidavam com esse transtorno antes. O que 
torna o serviço realizado pelos CAPS ainda mais necessário. Juntamente a isso, 
vale salientar que outros transtornos como o uso de álcool e outras drogas também 
ficam em evidência (MS, 2020), por vezes até, em decorrência da própria ansiedade. 
Em Natal/RN, o número de atendimentos nos CAPS aumentou cerca de 
32% no durante a COVID-19. Como já fora dito, o número 30.070 para atendimentos 
nos centros psicossociais no ano de 2021, é um número crescente, tendo em vista 
que em 2018 foram realizados 24.279 atendimentos57. No entanto, é importante 
salientar que no pico central da pandemia, o ano de 2020, os números tiveram uma 
redução, considerando o isolamento social exigido pelo governo e a minimização no 
quantitativo de profissionais, as pessoas não saíam de casa para procurar 
atendimento. Já no ano 2021, onde a poeira da pandemia começa a baixar, e as 
 
56 Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), matéria publicada no ano de 2020. Disponível 
em: <https://aps.saude.gov.br/noticia/ 
57 Dados retirados de uma matéria publicada pelo Jornal Tribuna do Norte em 2022. Disponível em: 
<http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/atendimentos-a-pessoas-com-transtornos-mentais-
crescem-32-em-natal/539034>. 
45 
 
 
 
 
medidas restritivas começam a ser flexibilizadas, a procura pelos centros de atenção 
psicossocial começam a entrar em evidência. 
Uma matéria publicada pela Prefeitura de Natal, aponta o CAPSi, que é o 
CAPSi infantojuvenil, como referência em saúde mental na cidade58. O CAPSi lida 
com jovens e adolescentes com transtornos mentais, em sua maioria, o autismo. O 
processo de reabilitação social dos pacientes é feito por meio de diversos trabalhos 
interdisciplinares, voltado para a área que o paciente possui mais necessidade. Este 
processo é feito por meio de oficinas, rodas de conversa, a fim de promover a 
interação entre eles. O método de rodas de conversas e oficinas é eficiente para 
obter informações que nem sempre são ditas pelo paciente ou pelo familiar. Além de 
auxiliar na ressocialização deste, pois, muitos pacientes que ali se encontram 
possuem talentos e vocações que por vezes não são exploradas em seus 
cotidianos, e ao conseguirem executar certas atividades, significa dar um passo para 
a inserção na sociedade desses indivíduos como cidadão produtivo e exercendo sua 
cidadania. 
O assistente Social encontra-se inserido nas instituições de saúde mental, 
na particularidade dos CAPS, que junto com os demais profissionais da saúde, 
compõem a equipe de profissionais que atua numa perspectiva de 
interdisciplinaridade, em respostas às diferentes demandas, que chegam como 
requisições institucionais, expressando as necessidades sociais dessa população 
acometida de transtornos mentais. No próximo item iremos tratar desta atuação 
profissional. 
 
 
3.2 A atuação do Assistente Social na Saúde Mental nos CAPS e os Limites e 
Possibilidades na sua intervenção em tempos de pandemia no processo de 
reabilitação social dos pacientes 
Tenhamos presente que a Reforma Psiquiátrica trouxe significativas 
mudanças no modelo da política de saúde mental brasileira, relacionadas às 
práticas, saberes, valores culturais e sociais de extrema importância na defesa dos 
 
58 Caps Infantojuvenil é referência em saúde mental na cidade. Prefeitura de Natal. Disponível em: 
<https://prefeitura.natal.br/news/post/31404> 
 
46 
 
 
 
 
direitos das pessoas acometidas de transtorno mental de diferentes ângulos, visando 
a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, na qual a “doença mental” 
não seja alvo de preconceitos e diferenças, mas sim de possibilidades de conquistas 
na promoção da autonomia e inserção social de seus protagonistas” (MOTA e 
RODRIGUES, 2016, p. 653). A política de saúde mental, portanto, vem sendo 
implementada comprometida com a promoção, prevenção e tratamento dos 
transtornos mentais, seguindo um novo modelo antimanicomial, através dos serviços 
substitutivos aos hospitais psiquiátricos, entre esses serviços, encontra-se os 
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). 
A Reforma Psiquiátrica, não só trouxe um novo modelo de tratamento 
psiquiátrico aberto e comunitário, como ampliou os espaços de trabalho para os 
profissionais de saúde mental, através da equipe multiprofissional atuante nesses 
serviços substitutivos, dentre eles o CAPS. A área da saúde mental constitui um 
campo que exige e demanda diversas profissões, envolvendo diferentes saberes e 
competências, que atuam numa perspectiva de interdisciplinaridade, dentre elas o 
Serviço Social. 
Reiteramos aqui, que o assistente social atua nos campos de saúde mental, 
mais precisamente nos Centros de Atenção Psicossocial, segundo (IAMAMOTO, 
2005) participando das equipes multiprofissionais, ao lado de outros profissionais da 
saúde como - o nutricionista, o enfermeiro, o médico, o psicólogo, o terapeuta 
ocupacional, o educador físico - dos programas e projetos voltados para prevenção e 
tratamento de doenças mentais, de acordo com as demanda e requisições 
institucionais59. 
No espaço dos CAPS’s, bem como nos demais espaços de atendimento à 
saúde mental, os assistentes sociais têm como objeto de atenção a exclusão das 
pessoas com transtornos mentais do processo produtivo e do convívio social 
(PEREIRA, 2015). Pessoas estigmatizadas socialmente como loucas, perigosas e 
incapazes do acesso ao mercado de trabalho, enfrentando, portanto, o preconceito 
da sociedade com as pessoas que apresentam sofrimentos psíquicos ou transtornos 
mentais graves decorrentes ou não do uso de substâncias psicoativas. 
 
59 Nesse contexto, o assistente social, mesmo realizando atividades partilhadas com outros 
profissionais, dispõe de ângulos particulares de observação na interpretação dos mesmos processos 
sociais e uma competência também distinta para o encaminhamento das ações, que o distingue do 
médico, do sociólogo, do psicólogo, do pedagogo etc (IAMAMOTO, 2002. Pg. 64)47 
 
 
 
 
O exercício profissional, mediante atuação em equipe, segundo os 
Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde (CEFSS, 
2019, p. 25) exige do assistente social a observância dos seus princípios ético-
políticos, nomeados nos documentos legais da profissão, tais como: o Código de 
Ética Profissional (1993) a Lei de Regulamentação da Profissão (1993) e as 
Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996). 
Considerando o princípio da liberdade como valor ético central, na defesa 
pelos direitos humanos e a consolidação da cidadania, conforme o Código de Ética 
Profissional (1993) (CFESS, 2010), observamos uma convergência de valores com a 
defesa do tratamento humanizado da Saúde Mental, explicitados pela Reforma 
Psiquiátrica. Ao defender a liberdade do paciente como sujeito de direitos, bem 
como uma saúde de qualidade para todos sem distinção, configuram os princípios 
da universalidade, autonomia e do exercício da cidadania, tornando evidente uma 
similitude de projetos entre as bases legais que orientam o exercício profissional e 
os princípios da Reforma Psiquiátrica. Inclusive esta preconiza a importância do 
assistente social para composição das equipes de saúde mental, na perspectiva de 
contribuir na conservação e permanência dos direitos já conquistados. 
Nessa perspectiva, para efetivação do tratamento terapêutico alternativo ao 
asilar foi divulgada a portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002, que estabelece os 
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e suas respectivas complexidades: 
4.2.1 - A assistência prestada ao paciente no CAPS II inclui as 
seguintes atividades: a - atendimento individual (medicamentoso, 
psicoterápico, de orientação, entre outros); b - atendimento em 
grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, 
entre outras); c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas 
por profissional de nível superior ou nível médio; d - visitas 
domiciliares; e - atendimento à família; f - atividades comunitárias 
enfocando a integração do doente mental na comunidade e sua 
inserção familiar e social; g - os pacientes assistidos em um turno (04 
horas) receberão uma refeição diária: os assistidos em dois turnos 
(08 horas) receberão duas refeições diárias (PORTARIA nº 
336/2002) 
 
A mesma portaria, dispõe sobre os profissionais necessários para compor 
uma equipe do CAPS, sendo eles: 
4.2.2 - Recursos Humanos: A equipe técnica mínima para atuação no 
CAPS II, para o atendimento de 30 (trinta) pacientes por turno, tendo 
como limite máximo 45 (quarenta e cinco) pacientes/dia, em regime 
48 
 
 
 
 
intensivo, será composta por: a - 01 (um) médico psiquiatra; b - 01 
(um) enfermeiro com formação em saúde mental; c - 04 (quatro) 
profissionais de nível superior entre as seguintes categorias 
profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta 
ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto 
terapêutico. d - 06 (seis) profissionais de nível médio: técnico e/ou 
auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e 
artesão. (PORTARIA nº 336/2002) 
 
A inserção do Serviço Social nesse espaço sócio-ocupacional ocorre pela 
sua competência técnica na construção dos projetos terapêuticos desses pacientes, 
sobretudo, egressos ou não da hospitalização psiquiátrica. Como também na 
reiteração da premissa basilar do acesso ao CAPS como direito de assistência à 
Saúde universal. 
As expressões da questão social que os portadores de transtornos mentais 
trazem consigo como demandas são as mais diversas. No entanto, as mais comuns 
estão ligadas principalmente à dificuldades financeiras, devido ao comprometimento 
da sua capacidade laboral que impede seu acesso ao trabalho; os estigmas e 
preconceitos que endossam à discriminação que dificultam e/ou privam da 
convivência social. 
O não acesso ou permanência no trabalho, em muitos casos, ocorre porque 
o portador de transtorno mental não consegue continuar fixo em um emprego, uma 
vez que suas debilidades e capacidades cognitiva e/ou de psicomotricidade estão 
comprometidas, interferindo na sua condição de trabalhador ativo, afetando o seu 
poder aquisitivo. Em outros casos, o portador de transtornos mentais é tido 
socialmente como o “incapaz”, “louco” ou “desequilibrado”, o que dificulta o acesso 
ao emprego. Associado a essas questões, existe uma visão equivocada a respeito 
dos Centros de Atenção Psicossocial, intitulados como o “lugar dos loucos”, por 
muitos na sociedade. 
Esses fatores comprometem as condições objetivas e subjetivas de inserção 
social dessas pessoas na sociabilidade do capital, uma vez que além dos 
transtornos mentais, sua condição de vulnerabilidade social pela pobreza, 
subalternidade e exclusão social, os incluem na condição de pauperização. 
No período pandêmico, os transtornos mentais se intensificaram, como já foi 
explicitado anteriormente, no entanto, há uma quantidade expressiva de pessoas 
que não foram até os CAPS, tendo em vista o isolamento social instruído como 
49 
 
 
 
 
medida de contenção sanitária pelos organismos de Saúde Internacionais. É de 
conhecimento, portanto, que muitos profissionais de várias áreas tiveram seus 
trabalhos suspensos no período crítico da pandemia do COVID-19, ou receberam 
férias ou até mesmo, passaram a trabalhar em formato remoto (“home office”). 
No entanto, profissionais da área da saúde, aqui em Natal/RN, além de não 
terem paralisado seus trabalhos, tiveram suas férias suspensas60. A intenção era ter 
o maior número possível de profissionais nos hospitais, UPAS e postos de 
atendimento, o que resultou em uma espécie de “convocação” de profissionais da 
saúde. Com isso, é de se considerar que o aumento de transtornos mentais da 
população também pode ter grande incidência nos profissionais da linha de frente da 
pandemia, levando em consideração que eram, praticamente, a única classe de 
trabalhadores que estavam ainda na ativa de forma presencial. Por se constituírem 
serviços essenciais, tornou-se mais que necessários nesse momento, até em função 
da pressão à que esses profissionais estavam submetidos, como profissionais de 
linha de frente. Ou seja, tanto pessoas que estavam em suas casas isoladas, sem 
poder sair, quanto as pessoas que não pararam de trabalhar e estavam na “linha de 
frente”, correram o risco de terem sua saúde mental prejudicada, pois cada ser 
humano possui sua forma de lidar com o sofrimento. 
A atuação dos Assistentes Sociais não foi diferente nos espaços do CAPS. 
No momento crítico de pandemia, inserido no campo da saúde como trabalhador 
assalariado, não pôde parar suas atividades, até porque, como prevê o Código de 
ética da própria profissão: “Art. 3º São deveres do/a assistente social: [...] d - 
participar de programas de socorro à população em situação de calamidade pública, 
no atendimento e defesa de seus interesses e necessidades” (Código de Ética do/a 
Assistente Social, 2012, p. 27). 
No que se refere ao fazer profissional do Assistente Social simultaneamente 
ao período pandêmico, o CFESS e o CRESS têm lançado algumas notas para 
amparar e orientar o exercício profissional nesse momento atípico. Posto isso, as 
orientações do Conselho (CFESS, 2020) consistem em: 
 
60 https://portaldeprefeitura.com.br/2021/03/04/secretaria-de-saude-suspende-ferias-de-profissionais-
de-saude-por-conta-do-agravamento-da-pandemia/ 
50 
 
 
 
 
● Manter incessantemente a disseminação de informações sobre a higienização 
correta das mãos, bem como ser praticada também pela equipe, a fim de amenizar a 
proliferação do vírus. 
● Excepcionalmente, neste momento pandêmico algumas atividades podem ser 
efetuadas de forma remota, como teletrabalho e videoconferência, para que não 
sofram consequência por serem totalmente interrompidas (para isso, é necessária a 
avaliação por parte da equipe para julgar quais casos podem esperar e quais casosprecisem de intervenção imediata). 
● Avaliação social para entrega de benefícios, parecer social e estudo social 
não estão entre as atividades que podem ser realizadas remotamente.61 
Para observarmos as condutas realizadas pelos CAPSs nesse momento de 
pandemia, e identificar os limites e possibilidades de sua atuação, foi necessário a 
pesquisa bibliográfica e documental de diversos documentos e artigos sobre o 
funcionamento dos CAPS em vários locais diferentes, como Caicó/RN, Recife/Pe, 
Rio de Janeiro/RJ e Santa Cruz/Ba. 
Vale salientar que nos Centros de Atenção Psicossocial já existiam em sua 
composição algumas atividades que são fundamentais. Entre elas: as reuniões em 
grupo, os atendimentos individuais, os atendimentos domiciliares, e o projeto 
terapêutico individual, que é um dos procedimentos mais importantes para o usuário. 
Vejam a propósito: 
§ 1º O acolhimento na Unidade de Acolhimento será definido 
exclusivamente pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial de 
referência que será responsável pela elaboração do projeto 
terapêutico singular do usuário, considerando a hierarquização do 
cuidado, priorizando a atenção em serviços comunitários de saúde. 
(BRASIL. PORTARIA Nº 3.088, 2011) 
 
A importância do projeto terapêutico singular é tamanha pois contribui para a 
ressocialização e recuperação da autonomia do paciente. O projeto terapêutico 
singular consiste em uma metodologia de tratamento pensada pela equipe do Centro 
de Atenção Psicossocial, de acordo com a singularidade de cada paciente 
(CORREA, 2022). 
 
61 Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/2020CfessManifestaEdEspecialCoronavirus.pdf. 
Em 29/06/2022. 
51 
 
 
 
 
Com advento da pandemia, não só os CAPS’s, mas inúmeras instituições de 
todas as regiões precisaram se adaptar e se reinventar para dar continuidade as 
suas atividades. Medidas foram necessárias como o isolamento e distanciamento 
social, higienização das mãos e roupas, a utilização de máscaras, entre outras 
medidas. De acordo com uma dissertação publicada, a respeito dos CAPS em 
Florianópolis/SC, os fluxos de encaminhamentos dos pacientes foram reordenados, 
assim como foram suspensas as atividades em grupo. Além disso, o funcionamento 
acontecia apenas nos 5 (cinco) dias úteis da semana com a utilização dos EPI’s 
necessários (CORREA, 2022). O período pandêmico trouxe limites ao exercício 
profissional, mas os dados pesquisados nos mostraram um movimento do próprio 
profissional de criar estratégias que possibilitaram superar e enfrentar os limites 
postos. 
No que se refere a mudanças nas estratégias de funcionamento no 
momento pandêmico, os CAPSs na cidade do Rio de Janeiro também tiveram as 
suas modificações, como por exemplo: a promoção da educação, de forma a 
orientar os pacientes sobre a higienização correta das mãos para reduzir a 
proliferação do vírus, conforme orientação do CFESS/CRESS. 
Diante disso, os profissionais passaram a realizar acompanhamentos por 
meio telefônico, diminuindo assim a exposição do paciente no trajeto que ele faria de 
casa até o CAPS. Outra medida tomada pelo CAPS no RJ que criou possibilidades 
para o exercício profissional do assistente social, foi a negociação com a equipe 
para que as requisições de medicamentos fossem entregues com um período maior 
de tempo, para que diminuísse a ida do usuário até a instituição. Essa medida em 
específico é feita considerando a condição de saúde de cada paciente 
individualmente, de forma que os que possuíam menos necessidade obtinham 
requisições de maior tempo, os que possuíam maior urgência, voltavam a instituição 
com um intervalo menor de dias (BARBOSA et al, 2020). 
Já o CAPS situado em um município no sul da Bahia optou pelo fechamento 
da unidade como medida sanitária (SENA et al, 2021). O autor relata que o CAPS 
fechou as portas por um período de 5 (cinco) meses, e, como consequência, houve 
a interrupção da continuidade dos tratamentos “in loco”, de forma que deixaram de 
52 
 
 
 
 
ser realizadas as abordagens do Projeto Terapêutico62 dessa unidade CAPS, tais 
como: oficinas de arte, dança, música, além de atividades como visita domiciliar, e 
atividades culturais. 
Com o fechamento da instituição, essas práticas terapêuticas foram 
suspensas, obviamente, e ainda, segundo o artigo, mesmo após a volta das 
atividades, houve afastamento dos usuários. Foi relatado que alguns pacientes 
tinham suas medicações atrasadas, e devido ao uso descontinuado de suas 
medicações prescritas, ocorreu o aumento considerável de crises de sofrimentos 
psíquicos. Em se tratando de pacientes dependentes químicos, ocorreu a retomada 
da utilização de substâncias psicoativas por parte dos pacientes em tratamento 
(SENA et al, 2021). Nesse contexto, fora observada as consequências da 
interrupção do funcionamento do CAPS, e aponta como um dos limites no exercício 
profissional que dificultou o processo de reabilitação dos pacientes com transtorno 
mental. 
Outro CAPS que teve suas atividades modificadas, em decorrência da 
pandemia, foi o CAPS III situado na cidade de Caicó/RN63. Diante do cenário de 
pandemia em que os atendimentos presenciais foram restritos, nessa unidade foi 
feita uma adaptação ao contexto pandêmico na rotina dos atendimentos diários, 
como estratégia para evitar a suspensão dos tratamentos e fechamento dessa 
unidade de Saúde. Através do uso das tecnologias, assim como o CAPS no Rio de 
Janeiro, a equipe de profissionais incluiu uma terapeuta ocupacional, e fazia ligações 
para realizar os atendimentos diários. 
Por intermédio dessas ligações, eram colhidas informações sobre o estado 
de saúde do paciente, e assim eram identificados pacientes que realmente 
necessitavam de atendimentos presenciais, e os que conseguiam aderir ao 
atendimento remoto (ARAÚJO et al, 2021). Surge uma nova técnica na atuação 
profissional, a escuta qualificada por meio de telefonemas. Novamente, diante dos 
limites do atendimento presencial, o uso do atendimento on-line constituiu uma 
possibilidade viável para dar continuidade ao tratamento. 
 
62 Os Projetos Terapêuticos Singulares (PTS), compõem atendimento em grupo, domiciliar, 
familiares, oficinas, entre outras estratégias. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013) 
63 Informações obtidas através do artigo “Reinventando o cuidado em saúde mental no CAPS III de 
Caicó em tempos de pandemia” (ARAÚJO et al, 2021). 
53 
 
 
 
 
Os dados construídos a partir da pesquisa bibliográfica encontram-se 
sintetizados nas tabelas abaixo, onde são expostas de forma organizada as 
atividades que foram desenvolvidas e/ou interrompidas nos CAPS no período de 
pandemia. As tabelas mostram as atividades realizadas normalmente, antes do 
período pandêmico, contudo no período de pandemia elas estavam defasadas. 
Sinalizamos “Sim” para as atividades que continuaram ser desenvolvidas como 
possibilidades de atuação e fortalecer o processo de reabilitação, e “não” para as 
que foram interrompidas nesse contexto constituindo-se limites ao processo de 
reabilitação do paciente, e as demais possuem texto autoexplicativo. 
ATIVIDADES 
CAPS I – 
Interior da 
Bahia 
CAPS II – Rio 
de Janeiro 
CAPS II – 
Florianópolis 
CAPS III – 
Caicó 
Acolhimento Não realizada 
apenas nos 
primeiros 5 
(cinco) meses 
de pandemia. 
Após esse 
período, sim. 
Sim, de forma 
presencial. 
Sim, de forma 
presencial. 
Sim, de forma 
presencial. 
Atendimento 
individual Não Sim, por meio 
telefônico, e, 
quando 
necessário, 
presencialmen
te. 
Sim, por meio 
telefônico, e 
com 
agendamento. 
Sim, por meio 
telefônico, e, 
quando 
necessário, 
presencialment
e, desde que 
fosse 
agendado. 
Atendimento 
familiar Não 
Sim, por meio 
telefônico, e, 
quando 
necessário, 
presencialmen
te. 
Não. Quando 
necessário, por 
meio telefônico. 
Atendimento 
domiciliar Não Alguns casos 
estritamente 
Sim. Sim, 
organizada de 
54 
 
 
 
 
necessáriosacordo com as 
necessidades 
dos pacientes, 
através de 
busca ativa por 
telefone. 
Atendimento 
medicament
oso 
Não realizada 
apenas nos 
primeiros 5 
(cinco) meses 
de pandemia. 
Sim, 
organizada de 
acordo com as 
necessidades 
dos pacientes. 
Sim, 
remotamente, 
através de 
receituário 
digital (exceto 
para 
receituário azul 
que era feito 
presencialment
e). 
Sim, 
presencialment
e. 
Atendimento 
médico 
Não realizada 
apenas nos 
primeiros 5 
(cinco) meses 
de pandemia. 
Após esse 
período, sim. 
Sim, de forma 
presencial. 
Sim. Sim, de acordo 
com maiores 
necessidades, 
através de 
busca ativa por 
telefone. 
Oficinas 
Terapêuticas 
Não 
Não Sim, através 
de 
teleatendiment
o. 
Inicialmente 
não. Após um 
período voltou 
presencialment
e. 
Tabela 01 – Fonte: elaborado pela autora com base nos textos acima citados 
 
No processo de pesquisa de artigos para composição deste trabalho, foram 
encontrados (02) dois artigos que tratam estritamente da atuação profissional do 
assistente social nos CAPS’s no período de pandemia. Estes estudos serviram de 
base para o ponto central deste trabalho, pois mostram a vivência do Serviço Social 
frente à pandemia do COVID-19. 
 
55 
 
 
 
 
AUTOR (ES) TÍTULO DO 
CAPÍTULO 
LIVRO LOCAL TIPO DE 
CAPS 
André 
Domingos de 
Assis França; 
Catharina 
Cavalcanti de 
Melo; Evelly 
Nathália Lira 
de Araújo; 
Natália Morais 
de Araújo 
Bibiano; Sílvia 
Lúcia Gomes 
Cavalcanti; 
Wanessa da 
Silva Pontes. 
“Quantas 
crises cabem 
na 
política de 
saúde mental 
durante uma 
pandemia?”: 
Desafios e 
práticas do 
Serviço Social 
nos centros 
de atenção 
psicossocial. 
Serviço Social 
no 
enfrentamento 
à COVID-19 
Recife - PE Todos. 
Izabel Herika 
Gomes Matias 
Cronemberger
; Sayonara 
Genilda de 
Sousa Lima; 
Naira de 
Sousa Macêdo 
O cuidado em 
Saúde Mental 
infantojuvenil 
em tempos de 
pandemia: 
relatos da 
atuação 
profissional 
da/o 
assistente 
social num 
Centro de 
Atenção 
Psicossocial 
Infantojuvenil. 
Serviço Social 
em tempos de 
pandemia: 
provocações 
ao debate. 
Teresina - PI CAPSi 
Tabela 02 - Fonte: elaborado pela autora com base nos textos acima citados 
 
Em relação ao texto “Serviço Social no enfrentamento à COVID-19” 
(FRANÇA, et al), um dos capítulos disserta a respeito do exercício profissional do 
Serviço Social no âmbito da saúde mental, na cidade de Recife/Pe. Logo 
percebemos o maior limite para o desempenho das atividades profissionais do 
Serviço Social nos CAPS no contexto pandêmico: o isolamento social. Reorganizar 
atividades de forma presencial nos espaços dos CAPS’s que surtisse maior efeito no 
enfrentamento do distanciamento social, constituiu um árduo trabalho. A título de 
56 
 
 
 
 
exemplo temos o Projeto Terapêutico Singular (PST) que consiste em atividades 
realizadas de forma individual, em grupo, nas oficinas, entre outras. De acordo com 
as necessidades dos usuários, são atividades que contribuem para a reabilitação 
social do paciente, se manejadas presencialmente, frente a frente, trocando 
experiências e aprendizados uns com os outros, mediante um trabalho coletivo. 
O impacto causado pela pandemia nos CAPS em Recife, são, em sua 
maioria, as mudanças no desenvolvimento do trabalho e as repercussões que isso 
trouxe: os acolhimentos foram mantidos, no entanto, os atendimentos presenciais 
foram reduzidos, sendo feito apenas os estritamente necessários, como em 
momentos de crise. Assim como em outros CAPS no Brasil, o CAPS em Recife 
passou a realizar suas reuniões de forma remota, on-line. Outra medida tomada foi a 
flexibilização da carga horária, a fim de cumprir com o máximo distanciamento 
social. Outras atividades que requerem uma maior participação, como atividades em 
grupo, visitas domiciliares, precisaram ser suspensas. Vejam como a tomada de 
decisões para o enfrentamento dos limites no tratamento do paciente com transtorno 
mental exigiu criatividade, proatividade e competência crítica no manejo dessas 
decisões. 
O exercício profissional do Serviço Social precisou ir além. Tomando como 
exemplo esse CAPS na cidade de Recife, articulações começaram a ser feitas 
remotamente e/ou por meio telefônico e podemos então considerar essa uma nova 
modalidade de atividade do Serviço Social. Atendimentos feitos por meio telefônico 
iam além do que apenas atender o paciente cadastrado nos CAPS’s, isto porque 
foram feitos atendimentos com as famílias, além de ser realizada uma busca ativa 
dos usuários que necessitavam de atendimentos presenciais com mais urgências. 
Nessas ocasiões, o Serviço Social atendia também demandas espontâneas 
como orientar sobre a real propagação do vírus e meios de prevenção, assim como 
instruir a procura de vias confiáveis de notícias a fim de alertar sobre a terrível 
propagação de fake news. Outrossim, foi requisitado ao serviço social, o que já é de 
sua atribuição, mostrar os caminhos para o acesso aos direitos da população, nesse 
57 
 
 
 
 
caso, em específico, o auxílio emergencial64 disponibilizado pelo governo, uma das 
demandas mais frequentes (quem possui o direito e como obter). 
Essas mudanças se desenrolaram em um aumento da procura pelo/a 
profissional do Serviço Social em busca de orientações gerais de 
acesso aos serviços, que frequentemente requerem agendamento 
on-line ou contato telefônico. (FRANÇA, et al, 2021, p. 151) 
 
O uso do meio telefônico possibilitou um vasto alcance no atendimento aos 
pacientes, não só dos profissionais para com o usuário, mas também entre as 
equipes, viabilizando o matriciamento65 , estratégia que fortalece a comunicação 
entre a rede dos serviços de saúde, bem como de outras áreas, através da troca de 
informações, visando a assistência ao usuário, como já pressupõe o Código de Ética 
da profissão, quanto ao dever do assistente social nas suas relações com outros 
profissionais. A ferramenta on-line trouxe também benefícios na otimização de 
tempo do profissional do assistente social, tornando possível levar mais informações 
a um número maior de usuários e suas famílias, e em um período menor de tempo. 
A respeito das atividades em educação, para orientação sobre higienização 
das mãos, redução do contágio, distanciamento social, foi realizada através do 
teleatendimento. E, nesse processo, foi criado um campo de possibilidades de 
investigação, através do exercício profissional do assistente social, onde foi possível 
conhecer a condição social de cada paciente. O estudo das condições das pessoas 
atendidas revelou uma realidade em que em nosso país ainda existem pessoas que 
não tem acesso à água potável e recursos para higienização de um modo geral66. 
Dentre os impactos que as modificações causaram na população usuária do 
Centro de Atenção Psicossocial, estão o afastamento e/ou abandono de muitos aos 
atendimentos, causando a interrupção de muitos tratamentos. O que reafirma ainda 
mais a importância do CAPS para pessoas que possuem esses transtornos e a 
continuidade nos tratamentos para a reabilitação social do paciente. 
 
64 Benefício financeiro disponibilizado pelo Governo Federal, para assegurar renda mínima às 
famílias brasileiras em situação de vulnerabilidade, tendo em vista que muitas atividades econômicas 
foram afetadas no período de pandemia. (https://www.gov.br/cidadania/pt-br/servicos/auxilio-
emergencial) 
65 “Recurso pedagógico para a construção compartilhada do cuidado entre os serviços de saúde e 
os/as usuários/as, principalmente junto às demais unidades de saúde, [...] as ações matriciais foram 
estratégicas para o fortalecimento e a comunicação entre a rede.” (FRANÇA, et al, 2021, p. 151) 
66 Algo a ser discutido na unidade de atendimento e levado aos órgãos competentes. 
58 
 
 
 
 
Como já mencionado anteriormente, a família possui papel fundamental na 
promoção e recuperação do paciente. Desde o cuidado em casa até a 
disponibilidade na participaçãodo tratamento nos CAPS’s. Infelizmente, essa foi 
outra área afetada pela pandemia, pois as atividades em grupo realizadas com as 
famílias foram suspensas. No entanto, ao reinventar a forma de atendimento e fazer 
a utilização do teleatendimento, foram criadas possibilidades de possível estabelecer 
um contato com maior facilidade com os familiares, além do assistente social poder 
conversar com mais familiares, possibilitando um parecer social mais completo, 
tendo em vista, a maior variedade de fontes. 
Por fim, o texto enfatiza a importância do controle social no exercício da 
profissão do Serviço Social, uma vez que fora impossibilitada, devido à pandemia. 
Por outro lado, esses espaços foram reconstruídos através da ferramenta on-line, 
possibilitando, também, maior acesso por parte dos profissionais, alcançando mais 
profissionais da equipe que compõe o CAPS’s, e proporcionando mais informações 
que beneficiam a instituição e o trabalho em equipe, além da otimização do tempo. 
O outro artigo analisado traz o relato de profissionais do serviço social em 
um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil, na cidade de Teresina, no Piauí, 
o CAPSi II Dr. Alexandre Nogueira. Além das crianças e adolescentes já 
institucionalizadas nesse CAPS, havia também a incidência de outras crianças 
afetadas pelo contexto da pandemia, contudo estavam afastadas do convívio escolar 
e da sociabilidade com outras crianças. Neste sentido enfatiza 
Inferimos, pois, que no contexto atual da Covid-19, crianças e 
adolescentes em vulnerabilidade social são os mais afetados: são 
suscetíveis a déficits históricos que perpassam gerações e gerações, 
como falta de saneamento, condições precárias de moradia, 
segurança alimentar, segurança social e acesso à saúde preventiva. 
(PEREIRA & CRONEMBERGER, 2020, p. 198 -199) 
 
O CAPSi II Dr Alexandre Nogueira atende crianças e adolescentes entre 2 
(dois) e 18 (dezoito) anos de idade, que possuem transtornos mentais, como 
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro 
autista (TEA); esquizofrenia; depressão, transtorno afetivo bipolar, entre outros, 
sendo eles caracterizados como graves, severos e persistentes. Além de atender 
esse mesmo público que possui histórico de uso prejudicial de álcool e outras 
drogas. O CAPS também dispõe de atividades interventivas como atendimentos 
59 
 
 
 
 
individuais, com grupos terapêuticos, atendimento familiar, oficinas terapêuticas, 
visitas domiciliares, tratamento medicamentoso, matriciamento, entre outras. 
Entre as modificações feitas na realização do trabalho profissional estão a 
redução da equipe profissional, por meio de rodízio, com a intenção de evitar a 
aglomeração. De igual forma, a equipe realizou seus atendimentos por meio do 
telefone, para a efetuar uma busca ativa a respeito da saúde dos usuários e suas 
principais demandas, mesmo com o distanciamento. Algumas consultas, de acordo 
com a necessidade do usuário e após uma avaliação via telefone, eram feitas 
presencialmente, casos que eram necessários como a concessão de medicamentos 
ou a renovação de receitas. 
Os atendimentos telefônicos feitos pelos assistentes sociais acabavam 
transformando-se, também, em demandas espontâneas, que no caso do contexto 
pandêmico, em sua maioria, eram relacionadas à informações sobre como obter o 
auxílio emergencial, e outros benefícios. Tendo em vista a crise constituída no tripé 
econômica-política-sanitária do país67 muitas famílias tiveram seus negócios falidos, 
ou precisaram fechar as portas temporariamente, outras tiveram que parar de 
trabalhar e ficar em suas casas, o que acarretou em alto número de famílias sem 
trabalho, com insegurança alimentar em nível grave, habitação precária, sem 
proteção social, vivendo em situação de vulnerabilidade. Fora requisitado ao Serviço 
Social a demanda de busca ativa para a concessão de benefícios na perspectiva de 
suprir essas necessidades básicas da população. O uso do meio virtual se constituiu 
a forma que os assistentes sociais utilizaram para identificar e acompanhar cada 
caso solicitado. 
Ainda nos teleatendimentos, o assistente social frisava sempre sobre a 
importância de se apropriar de notícias verdadeiras, informando que o indivíduo 
deveria procurar veículos de comunicação confiáveis, tendo em vista a disseminação 
 
67 Resta-nos evidente que a crise brasileira conforma-se sob um tripé econômico-político-sanitário 
que não encontra similitude na maioria dos países capitalistas do mundo; (...) O solo para as ações 
dos capitais na sucção do fundo público como parte da equação de sua crise está ‘fertilizado’ pela 
dor, pela asfixia, pelo sofrimento e pela morte da classe trabalhadora, já que a Covid-19, no Brasil, 
percorreu uma letal trajetória determinada pela classe, gênero, cor e, insistimos, pelas ausências de 
trabalho, alimentação, habitação, transporte, educação e proteção social (saúde, assistência e 
previdência) adequadas ao provimento da vida. Estas carências são vergonhosamente históricas e 
não foram iniciadas neste momento da Covid-19; todavia, tais misérias foram agravadas pela 
propositada inação diante da mais grave e triste ocorrência que se abate sobre todas as gerações 
vivas, neste momento, no Brasil (GRANEMANN, 2021, p.6) 
60 
 
 
 
 
de notícias falsas sobre o COVID-19. Além disso, era enfatizado a importância de se 
manter as relações afetivas com os familiares e amigos, mesmo que virtualmente, 
por se constituir um dos processos de tratamento de alguns transtornos mentais. 
Para isso, foi disponibilizado um número de celular para o CAPS, para o maior e 
melhor atendimento dos usuários. 
A atuação do assistente social através da circulação de informações 
essenciais no âmbito das instituições, visando a ampliação de conhecimentos e a 
troca desses conhecimentos com outros profissionais, se deu por meio de grupos no 
whatsapp. Ademais, a via telefônica também foi usada para orientar a respeito das 
atividades educativas, sobre os riscos do vírus e sua propagação, sobre a 
higienização correta das mãos e sobre as medidas que devem ser tomadas para 
evitar o contágio. De acordo com os Parâmetros para atuação de Assistentes 
Sociais na saúde, a educação e informação se configuram deveres do assistente 
social: 
participar, em conjunto com a equipe de saúde, de ações 
socioeducativas nos diversos programas e clínicas, como por 
exemplo: na saúde da família, na saúde mental, na saúde da mulher, 
da criança, do adolescente, do idoso, da pessoa com deficiência 
(PCD), do trabalhador, no planejamento familiar, na redução de 
danos, álcool e outras drogas, nas doenças infectocontagiosas 
(DST/AIDS, tuberculose, hanseníase, entre outras) e nas situações 
de violência sexual e doméstica. (CFESS, 2010, p. 54 ) 
 
No entanto, alguns atendimentos essenciais foram feitos de forma 
presencial, no caso realizados de acordo com a busca ativa dos assistentes sociais, 
por meio de telefone e posteriormente marcados de forma presencial, de acordo com 
a necessidade. Nessa mesma busca ativa, outras questões foram visualizadas e 
identificadas, como casos de violência doméstica, violência infantil; casos de suicídio 
em potencial, ou até mesmo, famílias que careciam de atendimento em suas 
necessidades básicas como água e comida. 
Vários foram os caminhos, percursos e estratégias construídos pelos 
assistentes sociais para a continuidade dos serviços em tempos de pandemia. 
Estrategicamente, no âmbito do CAPS, o serviço social, bem como as outras 
categorias, se reinventaram em distintas possibilidades, de acordo com o possível 
para o momento, visando a não interrupção dos tratamentos. Temos que, as 
61 
 
 
 
 
medidas tomadas, mesmo com as limitações, contribuíram para um final sem danos 
piores. 
62 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Após a realização da pesquisa, ficam inúmeras reflexões a respeito do tema 
que, diga-sede passagem, precisam ser discutidas com mais frequência e com 
maior abertura no meio acadêmico. Uma delas ao longo das análises, podemos 
compreender que muitos indivíduos adquiriram algum transtorno mental, em 
decorrência dos efeitos da pandemia do COVID-19. Concretamente, tivemos o 
significativo aumento de casos de transtorno mental e/ou sofrimento psíquico, 
acarretando limites ao trabalho dos profissionais de linha de frente das instituições 
que atuam com o processo de adoecimento da saúde mental. 
O mundo passou por um momento atípico e totalmente inesperado para 
muitos. A instrução era “ficar em casa”, no entanto, muitos profissionais da saúde e 
da assistência, dentre eles, os assistentes sociais, não tinham esse poder de 
escolha. Ao contrário, grande número de secretarias publicou notas suspendendo as 
férias desses funcionários. Ou seja, a pressão de precisar trabalhar na “linha de 
frente” e o medo cada vez maior de se contaminar, resultaram em transtornos 
mentais como: ansiedade, síndrome do pânico, depressão, entre outros. Um relato 
de um trabalhador que esteve na assistência como técnico de enfermagem em um 
CAPS na Bahia enfatizou: 
Como trabalhador da saúde, quero, ainda, registrar que fui infectado 
pela COVID-19, e durante o isolamento, confesso que também tive 
sintomas de transtorno de ansiedade, pelo medo de não conseguir 
viver frente ao número de perdas de pacientes que presenciei 
enquanto cuidava deles (SENA, et al, 2021). 
 
Com isso, é possível perceber a fragilidade emocional vivida pelos 
trabalhadores de linha de frente, como aqueles que permaneceram isolados em 
suas casas. Embora tenha sido reduzido os riscos de contaminação e de morte, em 
razão da vacina, a pandemia ainda não acabou. Os casos continuam a acontecer 
em menor proporção em relação ao momento mais crítico, assim como as mortes, 
contudo mesmo nos casos com sintomas leves, as pessoas correm riscos de 
sequelas graves. Eis o motivo para que sejam propagadas mais informações sobre 
as práticas de higiene, isolamento social, uso de máscaras, monitoramento das 
63 
 
 
 
 
condições de saúde das pessoas vítimas da doença. As pessoas acometidas pelos 
transtornos mentais, em razão da pandemia covid-19, continuam sendo demandas 
nos espaços de tratamento da saúde mental, dentre esses espaços estão os 
CAPS’s. 
A Reforma Psiquiátrica, discutida no capítulo 1 (um) desta pesquisa trouxe 
significativas mudanças no modelo da política de saúde mental brasileira, 
relacionadas as práticas, saberes, valores culturais e sociais na defesa dos direitos 
das pessoas com transtorno mental, na perspectiva da construção de uma 
sociedade mais justa e igualitária. A luta dos trabalhadores da saúde enfrentada 
durante a Reforma Psiquiátrica foi crucial para que instituições como CAPS fossem 
criadas como substitutivo dos hospitais psiquiátricos, integrando a rede de 
assistência à saúde mental. 
Durante todo o período da nossa graduação em Serviço Social, vimos o 
quanto é importante as lutas dos movimentos sociais na busca por uma sociedade 
mais justa e igualitária, que corresponde a um dos princípios da profissão do serviço 
social referenciado no Código de Ética da profissão “Articulação com os movimentos 
de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste e com a luta 
geral dos trabalhadores” (CFESS,1993). 
A profissão de Serviço Social tem como objeto de sua atuação a questão 
social, base e fundamento de sua atuação profissional. E, na particularidade deste 
trabalho sua atuação se volta para as pessoas com transtorno mental que vivenciam 
situações de exclusão da produção, do consumo e da cidadania, associada a 
situação de preconceitos e estigma social, em razão do seu adoecimento psíquico. 
O assistente social em seu cotidiano, sob a orientação dos documentos legais que 
orientam seu exercício profissional, direcionam suas práticas na perspectiva da 
promoção da justiça, da equidade, da integralidade, da igualdade, independente de 
cor, raça, crença, orientação sexual ou condição psíquica; se opondo, portanto, a 
qualquer tipo de violência ou agressão, seja ela física, psicológica ou qualquer outra. 
O Serviço Social atua, não só no CAPS, mas em qualquer instituição que 
trabalhe com a Política Nacional de Humanização (PNH), que se volta para um 
atendimento de qualidade, ao mesmo tempo que articula avanços tecnológicos para 
melhor acolher os pacientes, beneficiando não só os usuários, mas os profissionais 
em seus ambientes de trabalho (BRASIL, 2004). 
64 
 
 
 
 
Os limites e possibilidades mais identificados ao longo da pesquisa giram em 
torno da necessidade de dar continuidade aos atendimentos demandados como 
requisições institucionais no momento da pandemia, quando o momento do 
isolamento social foi mais crítico. Foi observado que alguns CAPS’s utilizaram a 
ferramenta tecnológica, como as ligações telefônicas para agendamento, para que 
os tratamentos não fossem prejudicados. Significou uma saída estratégica em meio 
ao caos que a pandemia trouxe, e funcionou como uma possibilidade de encaminhar 
as respostas às necessidades básicas dessas pessoas com transtornos mentais, 
além do tratamento terapêutico medicamentoso. Logo, os questionamentos que 
ficam são: se tivéssemos mais conhecimento tecnológico e mais acesso à 
tecnologias, os atendimentos teriam sido de uma qualidade melhor durante a 
pandemia? 
É nítida a carência de mais recursos na área da saúde, principalmente a 
saúde mental, para lidar não só com essas situações em caráter emergencial, como 
as que já faziam parte antes da pandemia. O uso da tecnologia pelos assistentes 
sociais, seja por videoconferência ou teleatendimento, pode ser eficaz em muitos 
outros casos, mesmo fora da pandemia, para atingir um maior número de usuários; 
sobretudo aqueles que têm suas limitações de diferentes ordens e não conseguem 
se dirigir até uma unidade. Vale salientar que, a mediação dos recursos da 
tecnologia utilizados pelos assistentes sociais e demais profissionais, para o 
atendimento aos pacientes com sofrimento psíquicos na perspectiva da garantia dos 
direitos, se constituiu uma possibilidade de enfrentamento aos limites impostos ao 
exercício profissional do assistente social, enquanto inserido nos espaços dos 
CAPS’s. 
O projeto ético-político da profissão fundamenta a e orienta a formação e o 
exercício profissional na sua cotidianidade. De acordo com Netto (1999) 
Os projetos profissionais [inclusive o projeto ético político do Serviço 
Social] apresentam a autoimagem de uma profissão, elegem os 
valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam os seus 
objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, institucionais e 
práticos) para o seu exercício, prescrevem normas para o 
comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas da sua 
relação com os usuários e seus serviços, com as 
outras profissões e com as organizações e instituições sociais, p
rivadas e públicas [...] (1999, p. 95) 
65 
 
 
 
 
Considerando essas orientações, o assistente social precisa estar 
alinhado aos princípios e diretrizes estabelecidas no seu projeto ético-político. Neste 
sentido, é fundamental ao profissional a compreensão das dimensões teórico-
metodológica, técnico-operativa e ético-política, as quais se constituem requisitos 
“fundamentais, possibilitando ao profissional colocar-se diante das situações com as 
quais se defronta, vislumbrando com clareza os projetos societários, seus vínculos 
de classe, e seu próprio processo de trabalho” (ABEPSS, 1996, p.13) 
Assim, é inegável a importância de tais dimensões, que implica uma 
competência crítica e propositiva no processo da intervenção no cotidiano do 
trabalho do assistente social. Como afirma Iamamoto (2000, p. 52) essas dimensões 
“são fundamentais e complementares entre si”. Ao pensar o trabalho do assistente 
social em um contextode pandemia global, e analisar seus limites e possibilidades, 
vinculamos as medidas e estratégia criadas pelos profissionais à dimensão técnico-
operativa, a qual se materializa no cotidiano do exercício profissional do assistente 
social, no “o que fazer, porque fazer, como fazer e para que fazer” de acordo com as 
demandas que lhes são apresentadas e nas alternativas dispostas para o momento. 
Mioto (2009) afirma que esta dimensão é um caminho entre o projeto profissional e a 
formulação de novas respostas de acordo com as novas demandas que surgem. 
Contudo, essas estratégias e técnicas pensadas e operacionalizadas no exercício 
profissional carecem de uma articulação aos referentes teórico-críticos é ético-
políticos, na busca de trabalhar as situações demandas pela realidade, tendo 
presente, portanto, a dimensão intelectiva como fundamento para a intervenção 
(ABEPSS, 1996). Concretamente, “As estratégias são mediações complexas, 
implicando articulações entre as trajetórias pessoais, os ciclos de vida, as condições 
sociais dos sujeitos envolvidos para fortalecê-los e contribuir para a solução de seus 
problemas/questões” (ABEPSS, 1996, p.14) 
Tenhamos presente que várias foram as estratégias construídos pelos 
assistentes sociais e demais profissionais para o enfrentamento dos limites impostos 
pelo contexto pandêmico em sua fase mais crítica. Momento em que foram criadas 
as possibilidades de enfrentamento desses limites no âmbito dos CAPS’s, voltadas 
em função de garantir a continuidade do processo de reabilitação dos pacientes com 
transtornos mentais. E, na criação dessas possibilidades de forma crítica e 
propositiva, estão presentes as orientações teórico-metodológicas, ético-políticos. 
66 
 
 
 
 
dadas pelo conjunto ABEPSS/CEFSS/CRESS/2020, através dos documentos 
produzidos na profissão. 
 
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	Microsoft Word - TCC UltimaVersão SAÚDE MENTAL - Trabalho final

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