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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
 CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
 CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA 
 LUIS GUSTAVO MEDEIROS DE SOUZA 
 MUDANÇA NA CURVATURA DA FIBRA CAPILAR: UMA REVISÃO SOBRE OS 
 PRINCIPAIS ALISANTES QUÍMICOS UTILIZADOS NA ÁREA COSMÉTICA 
 NATAL/RN 
 2022 
 LUIS GUSTAVO MEDEIROS DE SOUZA 
 MUDANÇA NA CURVATURA DA FIBRA CAPILAR: UMA REVISÃO SOBRE OS 
 PRINCIPAIS ALISANTES QUÍMICOS UTILIZADOS NA ÁREA COSMÉTICA 
 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
 ao Curso de Graduação em Farmácia, da 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
 como requisito parcial à obtenção do título de 
 Bacharel em Farmácia. 
 Orientadora: Profª. Drª. Elissa Arantes Ostrosky 
 NATAL/RN 
 2022 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
 Sistema de Bibliotecas - SISBI 
 Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS 
 Souza, Luis Gustavo Medeiros de. 
 Mudança na curvatura da fibra capilar: uma revisão sobre os 
 principais alisantes químicos utilizados na área cosmética / Luis 
 Gustavo Medeiros de Souza. - 2022. 
 45f.: il. 
 Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (graduação) - Universidade 
 Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, 
 Departamento de Farmácia. Natal, RN, 2022. 
 Orientadora: Elissa Arantes Ostrosky. 
 1. Cabelo - TCC. 2. Alisantes químicos - TCC. 3. Alisamento 
 capilar - TCC. I. Ostrosky, Elissa Arantes. II. Título. 
 RN/UF/BSCCS CDU 665.585 
 Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474 
 LUIS GUSTAVO MEDEIROS DE SOUZA 
 MUDANÇA NA CURVATURA DA FIBRA CAPILAR: UMA REVISÃO SOBRE OS 
 PRINCIPAIS ALISANTES QUÍMICOS UTILIZADOS NA ÁREA COSMÉTICA 
 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
 ao Curso de Graduação em Farmácia, da 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
 como requisito parcial à obtenção do título de 
 Bacharel em Farmácia. 
 ______________________________________ 
 Profª. Drª. Elissa Arantes Ostrosky 
 ______________________________________ 
 Matheus Henrique Silva Pereira 
 ______________________________________ 
 Msc. Samara Vitória Ferreira de Araújo 
 AGRADECIMENTOS 
 Agradeço à Deus, por ter me sustentado até aqui e por ter me ajudado a 
 vencer todas as dificuldades ao longo da minha formação acadêmica. 
 À minha família, principalmente à minha mãe, por todo apoio, paciência e 
 compreensão. 
 Aos meus amigos, por todo apoio, ajuda, paciência e incentivo. 
 A minha orientadora, Profª. Drª. Elissa Arantes Ostrosky, pela paciência, 
 disponibilidade e apoio durante a realização deste trabalho. 
 Por fim, agradeço a todos os meus professores, que tive o privilégio de ser 
 aluno, por todo o ensinamento repassado que levarei para a vida toda. 
 RESUMO 
 Desde a pré-história, a sociedade utilizava cosméticos para cuidar e melhorar sua 
 imagem. Os egípcios foram os primeiros usuários de cosméticos, a famosa Cleópatra 
 como exemplo, se banhava com leite de cabra para ter uma pele suave e macia. 
 Uma grande preocupação estética do homem é o cabelo, que apesar de não ser 
 primordial para sobrevivência ainda tem um enorme impacto psicológico e social. Ao 
 longo do tempo, os produtos de alisamento capilar tornaram-se uma necessidade 
 para muitos consumidores que desejam que seus cabelos cacheados, crespos ou 
 ondulados tornem-se lisos. E com isso, surgiram diversas formas de alisamentos que 
 evoluíram com o passar do tempo. Em vista disso, o objetivo do presente trabalho é 
 realizar uma revisão da literatura sobre os principais alisantes químicos utilizados na 
 área cosmética. Dessa forma, foi realizada uma ampla busca de artigos e revistas 
 científicas publicados no Scielo, Pubmed e Google Scholar, que estivessem em 
 conformidade com o tema proposto. A pesquisa abrangeu o período de 1990 a 2022. 
 De acordo com o levantamento bibliográfico, muitas formas de alisamento foram 
 lançadas no mercado de cosméticos como substâncias químicas com o intuito de 
 obter o efeito alisante como o alisamento alcalino. Estas substâncias agem 
 profundamente na fibra capilar, alterando as ligações dissulfídicas da queratina, 
 resultando em uma reestruturação destas ligações. Além disso, o uso de formulações 
 a base de formaldeído se tornou uma febre, e o primeiro país a iniciar essa prática foi 
 o Brasil que trouxe alto risco à saúde dos consumidores. Em seguida, surgiu a 
 escova progressiva a base de ácidos como ácido glioxílico, esse procedimento 
 conhecido no exterior como “queratina brasileira” teve um aumento em sua 
 popularidade por causa de sua compatibilidade com procedimentos de alisamentos 
 em cabelos descoloridos e outras químicas, atribuindo aspecto suave, natural e 
 brilhante. Entretanto, apenas os relaxantes químicos alcalinos e oxidantes são 
 oficialmente permitidos para o uso. Portanto, o uso de produtos alisantes deve ser 
 feito de modo responsável e é importante ressaltar que o uso irracional de 
 substâncias não autorizadas pelos órgãos sanitários pode trazer vários riscos à 
 saúde. 
 Palavras-chave: Cabelo; Alisantes químicos; Alisamento capilar; Escova 
 progressiva. 
 ABSTRACT 
 Since prehistoric times, society has used cosmetics to care for and improve its image. 
 The Egyptians were the first users of cosmetics, the famous Cleopatra as an example, 
 bathed in goat's milk to have smooth and soft skin. A major aesthetic concern for men 
 is hair, which, despite not being essential for survival, still has an enormous 
 psychological and social impact. Over time, hair straightening products have become 
 a necessity for many consumers who want their curly, frizzy or wavy hair to be 
 straight. And with that, several forms of straightening emerged that evolved over time. 
 In view of this, the objective of the present work is to carry out a literature review on 
 the main chemical straighteners used in the cosmetic area. In this way, a wide search 
 was carried out for articles and scientific journals published in Scielo, Pubmed and 
 Google Scholar, which were in accordance with the proposed subject. The research 
 covered the period from 1990 to 2022. According to the bibliographic survey, many 
 forms of straightening were launchedin the cosmetics market as chemical 
 substances in order to obtain the smoothing effect such as alkaline straightening. 
 These substances act deeply in the capillary fiber, altering the disulfide bonds of the 
 keratin, resulting in a restructuring of these bonds. In addition, the use of 
 formaldehyde-based formulations has become a fever, and the first country to start 
 this practice was Brazil, which brought a high risk to the health of consumers. Then 
 came the progressive brush based on acids such as glyoxylic acid, this procedure 
 known abroad as "Brazilian keratin" had an increase in its popularity because of its 
 compatibility with straightening procedures on bleached hair and other chemicals, 
 giving it a smooth appearance, natural and bright. However, only alkaline and 
 oxidizing chemical relaxers are officially allowed for use. Therefore, the use of 
 straightening products must be done responsibly and it is important to emphasize that 
 the irrational use of substances not authorized by health agencies can pose several 
 health risks. 
 Keywords: Hair; chemical straighteners; hair straightening; Progressive brush. 
 LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 Figura 1 - Cabelisador………………..……………………………………………………13 
 Figura 2 - Pente quente…………...……….………………………………………………14 
 Figura 3 - Método Walker de alisamento….……………………………………………...14 
 Figura 4 - Principais estruturas da fibra capilar………...………………………………..19 
 Figura 5 - Formação de ponte dissulfeto….……………………………………………...21 
 Figura 6 - Classificação dos cabelos....…………………………………………………..23 
 Figura 7 - Creme Salon Line….…………………………………………………………...24 
 Figura 8 - Reação de redução das ligações dissulfídicas ……………………………..26 
 Figura 9 - Processo de lantionização…………………………………………………….28 
 Figura 10 - Aparelho Photon Blue …………..……….………………………….……….35 
 Figura 11 - Shampoo The First……………………………………………………………36 
 SUMÁRIO 
 1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………. 10 
 2. OBJETIVO ………………………………………………………………………………. 11 
 3. METODOLOGIA ………………………………………………………………………... 12 
 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ………………………………………………………….. 13 
 4.1 HISTÓRICO …………………………………………………………………………… 13 
 4.2 ESTRUTURA DO CABELO ………………………………………………………... 18 
 4.3 LIGAÇÕES QUÍMICAS ………………………………………………………………. 20 
 4.4 TIPOS DE CABELO …………………………………………………………………. 21 
 4.5 PRINCIPAIS MECANISMOS DE ALISAMENTO QUÍMICO …………………….. 25 
 4.5.1 COMPOSTOS TIÓLICOS (ÓXIDO-REDUÇÃO) ………………………………… 25 
 4.5.2 HIDRÓXIDOS (LANTIONIZAÇÃO) ………………………………………………. 27 
 4.5.3 AMIDAS ÁCIDAS (CARBOCISTEÍNA E ÁCIDO GLIOXÍLICO) ………………... 28 
 4.5.4 METILAÇÃO (FORMALDEÍDO) …………………………………………………... 30 
 4.6 SEGURANÇA NO USO DE ALISANTES QUÍMICOS …………………………... 31 
 4.7 INOVAÇÕES MERCADOLÓGICAS ……………………………………………….. 34 
 4.7.1 ALISAMENTO FOTOIÔNICO ……………………………………………………... 34 
 4.7.2 SHAMPOO ALISANTE …………………………………………………………….. 36 
 4.7.3 ALISAMENTO ENZIMÁTICO ……………………………………………………… 37 
 5 DISCUSSÃO …………………………………………………………………………….. 39 
 6 CONCLUSÃO …………………………………………………………………………… 41 
 7 REFERÊNCIAS ………………………………………………………………………… 42 
 10 
 1. INTRODUÇÃO 
 Os cabelos apresentam um papel fundamental na aparência do indivíduo, e 
 apesar de não possuírem função vital, são de extrema importância pelo lado social e 
 psicológico. Ao longo da nossa história, podemos observar a preocupação dos seres 
 humanos com sua aparência. E isso é refletido no mercado de beleza ao longo do 
 tempo que cresce constantemente devido às novas exigências de seus 
 consumidores. 
 A procura incansável pela beleza incentiva a adequada formação, 
 desenvolvimento e atualização dos produtos no mercado e dos profissionais do 
 segmento cosmético para que esses possam atender às necessidades do mercado e 
 às vontades de um consumidor cada vez mais exigente (LEONARDI, 2008). 
 Nos anos 2000 a escova progressiva era uma febre no Brasil, apresentava 
 resultados como alisamento satisfatório na primeira aplicação, fios maleáveis e 
 brilhantes. Entretanto, consumidores apresentavam queixas como dores de cabeça, 
 irritações e queimaduras que levaram a indústria cosmética a buscar por novas 
 formulações e ativos alisantes que atendesse esse público (FRANQUILINO, 2020 ). 
 Apesar de atualmente está em alta a valorização e empoderamento dos 
 cabelos naturais, a escova progressiva mantém sua popularidade nos salões de 
 beleza. São consumidores que não abrem mão do efeito liso ou controle de volume, 
 como também a praticidade no cuidado diário dos fios. O mercado possui uma gama 
 variada de novos compostos alisantes a fim de atender o mercado consumidor. 
 Esses produtos são lançados com as mais diversas denominações: escova de 
 verniz, escova inteligente, escova progressiva, escova definitiva, entre outros, todas 
 com propostas de transformações permanentes na estrutura do cabelo 
 (FRANQUILINO, 2020 ). 
 11 
 2. OBJETIVO 
 O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão da literatura sobre os 
 principais alisantes químicos utilizados na área cosmética, analisando os diferentes 
 mecanismos de alisamento e suas regulamentações, bem como trazer as inovações 
 e as tendências do mercado. 
 12 
 3. METODOLOGIA 
 A revisão de literatura foi realizada empregando bases de dados online, livros 
 e revistas acadêmicas considerando um intervalo de tempo entre 1990 a 2022. Os 
 descritores utilizados para a busca de estudos foram: ativos alisantes, alisamento 
 capilar, mecanismo de ação de alisamentos químicos, em português e inglês que 
 estavam em conformidade com o tema proposto. 
 As bases de pesquisa eletrônicas acessadas foram: Scielo, Pubmed e Google 
 Scholar. Os critérios de seleção das bases de dados foram estudos publicados em 
 periódicos nacionais e internacionais. Os critérios de exclusão foram artigos que não 
 incluíam as palavras-chaves descritas e os artigos sem consonância com a temática 
 do estudo. 
 13 
 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 4.1 HISTÓRICO 
 A preocupação do homem com sua imagem é descrita desde a época 
 pré-histórica. Desde o período grego e romano até os dias atuais, as mulheres 
 manifestam o desejo de possuírem um cabelo bonito e atraente (WILKINSON; 
 MOORE, 1990). 
 O ser humano primitivo dependia do cabelo (ou pêlos) para aquecimento e 
 proteção. Apesar de que o cabelo não seja mais necessário para sobrevivência, 
 ainda tem um enorme impacto, principalmente na autoestima (HALAL, 2012). 
 Dependendo do padrão estético de cada época, se buscava seguir a 
 tendência a todo custo. Nos anos 30, no Brasil tinha início o padrão do cabelo liso. 
 Nessa época, ainda não havia métodos químicos de alisamento, então o jeito era 
 alinhar os fios de forma mecânica com o chamado cabelisador . Um “parente”bem 
 distante da chapinha que era uma haste de metal levada a brasa ou ao fogão. Esse 
 processo trazia muitos danos, ainda mais que não havia protetores térmicos naquela 
 época (REVISTA CABELOS, Guia de Alisamento 2015). 
 Figura 1 - Cabelisador. 
 Fonte: https://www.paulaoantiguidades.com.br/peca.asp?ID=9837514 
 Logo após surge o pente quente, que foi moda até os anos 1980. Esse 
 processo se assemelhava ao do cabelisador: um instrumento aquecido no fogo e era 
 passado diretamente no cabelo. A única diferença era no formato em que era mais 
 14 
 parecido com um pente, além de ser mais eficiente no alisamento que o anterior 
 (REVISTA CABELOS, Guia de Alisamento 2015). 
 Figura 2 - Pente quente. 
 Fonte: https://www.lilileiloeira.com.br/peca.asp?ID=7540715 
 Já no início de 1900, nos Estados Unidos houve o surgimento de uma 
 pomada criada por Madam C. J. Walker, fabricante afro-americana de cosméticos que 
 revolucionou o tratamento dos cabelos “afroétnicos”. Esse tratamento tornou os 
 cabelos excessivamente ondulados mais macios, brilhantes e mais fáceis de 
 pentear. Entretanto, essa pomada não alisava totalmente os cabelos e as mulheres 
 com cabelos afros não podiam alcançar os estilos das mulheres caucasianas 
 (PICON et al., 2016). 
 15 
 Figura 3 - Método Walker de alisamento. 
 Fonte:https://www.metropoles.com/vida-e-estilo/beleza/produtos-assinados-por-mada 
 m-c-j-walker-ainda-sao-vendidos 
 Em 1905, Walker iniciou o uso de escova para alisamento juntamente ao 
 tratamento capilar que já tinha desenvolvido. A escova poderia ser aquecida no 
 fogão e usada com a pomada satisfazendo a necessidade das mulheres de alisar 
 seus cabelos “afroétnicos”. Esse método, primeiramente conhecido como método 
 Walker, foi mais tarde denominado de “hairpressing” e posteriormente esse 
 tratamento térmico passou a ser utilizado com piastra que é popularmente 
 denominado chapinha (PICON et al., 2016). 
 Em seguida, não demorou muito para o surgimento de empresas 
 especializadas em produtos para o consumidor afro-americano. Em 1957 uma 
 grande empresa da época, Submmit Labs, começou a comercializar os primeiros 
 alisantes a base de hidróxido de sódio. Sua formulação continha hidróxido de sódio 
 como princípio ativo, água, vaselina, óleo mineral e emulsificantes, uma formulação 
 simples, porém eficaz (OBUKOWHO, 2012). 
 O hidróxido de sódio foi o método químico para relaxamento dos cabelos que 
 substituiu a aplicação do método de alisamento temporário Walker. O uso 
 consecutivo de alisante alcalino diminui a resistência dos cabelos, tornando- os 
 frágeis. Além disso, apresentava irritação ao couro cabeludo, dificuldade para 
 enxágue e problemas com estabilidade da fórmula (PICON et al., 2016). 
 Ao longo do tempo, as formulações contendo hidróxido de sódio foram 
 evoluindo e foram obtidas formulações com um melhor sensorial e estabilidade 
 química. Em 1978 surgiram novos modelos alcalinos com a presença do hidróxido 
 de guanidina, uma alternativa que mostrava ter menor potencial de irritação em 
 relação ao hidróxido de sódio (PICON et al., 2016). 
 A partir de 2003, o uso de formulações a base de formaldeído se tornou uma 
 febre, e o primeiro país a iniciar essa prática foi o Brasil, mais precisamente a cidade 
 do Rio de Janeiro. As formulações eram compostas por uma emulsão com agentes 
 condicionadores, peptídeos e proteínas, aditivados com solução de formaldeído a 
 37% que eram adquiridas em farmácias (PICON et al., 2016). 
 16 
 A utilização do formol elevou na época a popularidade desses procedimentos 
 alisantes devido aos ótimos resultados na primeira aplicação com fios maleáveis e 
 brilhantes, mas que no entanto traziam alto risco a saúde causando dores de cabeça, 
 irritação aos olhos, queimaduras no couro cabeludo, dificuldade para respirar dentre 
 outros (PICON et al., 2016). 
 Devido aos problemas que foram apresentados aos consumidores, muitos 
 produtos que foram lançados no mercado utilizando o formol como ativo de 
 alisamento foram proibidos nos EUA pela FDA (Food and Drug Administration) em 
 2009. No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) seguiu a FDA 
 e proibiu qualquer produto contendo formol com concentração acima de 0,2% 
 (OBUKOWHO, 2012). 
 De acordo com a resolução n° 36, de 17 de junho de 2009 os artigos 
 seguintes dispõem sobre a proibição do comércio do formol ou de formaldeído 
 (solução a 37%) em drogaria, farmácia, supermercado, armazém e empório, loja de 
 conveniência e drugstore como também dispõe sobre os riscos causados à saúde da 
 população nessa concentração. 
 Art. 1° Fica proibida a exposição, a venda e a entrega ao consumo de 
 formol ou de formaldeído (solução a 37%) em drogaria, farmácia, 
 supermercado, armazém e empório, loja de conveniência e drugstore. 
 Art. 2º A adição de formol ou de formaldeído a produto cosmético 
 acabado em salões de beleza ou qualquer outro estabelecimento acarreta 
 riscos à saúde da população, contraria o disposto na regulamentação de 
 produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes e configura infração 
 sanitária nos termos da Lei Nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo 
 das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis. (Resolução n° 36 
 da ANVISA,2009) 
 Em seguida, surgiu nos salões do Brasil um procedimento denominado como 
 escova progressiva de queratina entre outros nomes com apelos diversificados como 
 escova inteligente, de verniz, chocolate… como uma alternativa para substituição do 
 formol com produtos à base de carbocisteína e ácido glioxílico. Além disso, sua 
 17 
 popularidade aumentou por causa da compatibilidade do procedimento de 
 alisamento com cabelos descoloridos e em cabelos com outras características, 
 atribuindo aspecto suave, natural e brilhante (FRANQUILINO, 2020 ). 
 Atualmente, apenas os relaxantes químicos (alcalinos) são oficialmente 
 legalizados e seguros pela vigilância de saúde para o uso como alisantes de 
 cabelos (PICON et al., 2016). 
 18 
 4.2 ESTRUTURA DO CABELO 
 Para se entender como atuam as principais substâncias ativas alisantes, é 
 necessário compreender a estrutura da fibra capilar, composta principalmente por 
 queratina, a proteína formadora da fibra capilar e as ligações que mantém os 
 aminoácidos e as estruturas que dão origem a uma grande variedade de tipos de 
 cabelos (HALAL, 2012). 
 Os pelos desenvolvem-se numa invaginação da epiderme denominada de 
 folículo piloso ou pilosebáceo, uma invaginação epitelial profunda circundada por 
 uma rica rede vascular e nervosa. A parte mais profunda do folículo piloso adquire 
 uma forma globosa, configurando o bulbo piloso, uma porção dilatada da raiz do 
 pelo. Além disso, as células epiteliais dobulbo piloso formam a matriz germinativa, 
 que futuramente, originam os pêlos. A medida que as células proliferam na matriz 
 germinativa, são empurradas para a superfície, tornando-se queratinizadas e 
 constituindo a haste do pelo, parte visível do cabelo (MAGALHÃES, 2000). 
 Está inserido nesta região também o músculo erector ou frenador, inserido no 
 terço inferior do folículo piloso e responsável pela mudança no aspecto dos pelos 
 causado pelo frio ou emoção (LEONARDI, 2008). 
 No folículo pilosebáceo também se encontram canais, chamados ductos 
 sebáceos, que irrigam a haste do cabelo com a oleosidade natural produzida pelas 
 glândulas sebáceas anexadas a cada folículo piloso. A forma do folículo piloso 
 determina a forma do cabelo nas diferentes raças, não tendo nenhuma relação com a 
 sua estrutura bioquímica. Dessa forma, o folículo piloso em forma de espiral define a 
 forma crespa do cabelo afro, o folículo reto define o cabelo liso em haste reta dos 
 orientais e o caucasiano tem o folículo piloso intermediário (PEYREFITTE, MARTINI 
 & CHIVOT, 1998). 
 Em geral, o indivíduo adulto tem cerca de cem mil folículos capilares no couro 
 cabeludo. Cada fio de cabelo possui três camadas principais separadas e distintas: 
 medula, córtex e cutícula (HALAL, 2012). As três camadas da fibra capilar podem ser 
 observadas na Figura 4. 
 19 
 Figura 4 - Principais estruturas da fibra capilar. 
 Fonte: https://anatomia-papel-e-caneta.com/sistema-tegumentar/cuticula-do-pelo/ 
 A medula é a parte mais interna do eixo capilar e não tem uma função bem 
 definida. Normalmente, somente os fios mais espessos e ásperos possuem uma 
 medula, como os pelos da barba. É muito comum que fios finos e naturalmente loiros 
 não tenham medula (HALAL, 2012). 
 O córtex é o constituinte majoritário em massa da fibra capilar, cerca de 88%, 
 é responsável pelas propriedades mecânicas da fibra. Ele dá ao cabelo força, 
 flexibilidade, elasticidade e cor. Basicamente, o córtex é formado por queratina 
 cristalina inserida em uma matriz de queratina amorfa. Cada célula cortical é formada 
 por macrofibrilas alinhadas no sentido longitudinal do fio, que, por sua vez, são 
 compostas por microfibrilas unidas pela matriz intercelular e formadas por queratina 
 amorfa com um grande número de reticulações por pontes de enxofre. A matriz é 
 amorfa e rica em cistina (21%) e mantém os filamentos unidos por pontes de 
 dissulfeto (PINHEIRO et al., 2022). 
 A elasticidade dos cabelos é resultado da estrutura proteica única dentro do 
 córtex. Penteados molhados ou térmicos, permanentes e relaxamentos químicos não 
 seriam possíveis sem ela. (HALAL, 2012) 
 A cutícula protege e cerca o córtex por uma camada simples de células 
 sobrepostas transparentes tipo escamas, que se mantém coesas, unidas pelo 
 cimento intercelular, em condições normais. Ela também age como uma barreira para 
 20 
 produtos químicos como coloração para cabelos, loções relaxantes e permanentes. 
 Em pH alcalino e temperatura alta podem dilatar a cutícula e deixar que produtos 
 químicos penetrem no córtex (HALAL, 2012). 
 A associação da medula, córtex e cutícula forma afibra de cabelo, entretanto é 
 a quantidade de subfibrilasque dá ao cabelo suas propriedades físicas. Além disso, o 
 cabelo é formado por aproximadamente 91% de proteína que é composta de longas 
 cadeias de aminoácidos conectadas de ponta a ponta como um colar de pérolas 
 (HALAL, 2012). 
 O cabelo é formado basicamente por queratina, uma proteína constituída pelo 
 encadeamento de um número muito grande de aminoácidos, unidos por ligações 
 peptídicas que são ligações covalentes, portanto fortes e difíceis de romper. Entre os 
 20 aminoácidos existentes na natureza, 18 estão presentes na queratina. Esses 
 aminoácidos assumem conformação de longas fibras que ficam dispostas em 
 paralelo e enroladas em torno uma das outras. Logo, o cabelo é formado por cadeias 
 de queratina dispostas em hélice, as quais estão presas por ligações à base de 
 enxofre. A principal característica da queratina é a existência de alto teor de enxofre 
 devido a presença de cistina (LEONARDI, 2008). 
 4.3 LIGAÇÕES QUÍMICAS 
 Todas as cadeias polipeptídicas (união de vários aminoácidos) presentes na 
 estrutura do cabelo estão arranjadas em paralelo e são ligadas por três tipos de 
 ligações: ligação de cistina ou dissulfeto, ligação salina e ligação de hidrogênio 
 (VILLA et al, 2008). 
 Na estrutura dos cabelos, a ligação de hidrogênio acontece quando um 
 átomo de hidrogênio da porção ácida de um aminoácido se fixa em um átomo de 
 oxigênio na porção ácida de outro aminoácido. As ligações de hidrogênio são 
 facilmente rompidas pela água ou calor, e é responsável pelo efeito molhado e 
 penteados térmicos. Apesar dessas ligações individuais serem fracas, existem 
 muitas delas no cabelo e representam um terço da força total do cabelo (HALAL, 
 2012). 
 Já as ligações iônicas, acontecem quando uma carga negativa de um 
 aminoácido se fixa a uma carga positiva de um outro aminoácido. Essas ligações 
 21 
 dependem do pH e são facilmente quebradas por soluções alcalinas ou ácidas 
 fortes. Embora essas ligações individuais sejam também fracas, há muitas delas no 
 cabelo que apresentam um terço da força total do cabelo (HALAL, 2012). 
 A ligação de dissulfeto é uma ligação química forte, ligação covalente e 
 diferente das demais ligações já citadas. Essa ligação se une aos átomos de enxofre 
 de dos aminoácidos cisteínicos vizinhos para formar cistina. Elas não se rompem 
 com calor ou água. E mesmo que haja menos ligações dissulfídicas que as de 
 hidrogênio ou salinas, elas são ainda mais fortes e representam um terço da força 
 total do cabelo. O mecanismo de ação de relaxamentos químicos e permanentes 
 funcionam criando mudanças químicas e físicas nas ligações de dissulfeto do cabelo 
 (HALAL, 2012). 
 Figura 5 - Formação de ponte dissulfeto . 
 Fonte: Adaptado de DELFINI. 
 4.4 TIPOS DE CABELO 
 Seja lisa, ondulada, crespa ou encaracolada, a forma do cabelo apresenta 
 sempre uma composição química básica formada por queratina. Por outro lado, as 
 formas do cabelo variam enormemente e são controladas geneticamente. As 
 diferenças dependem, em grande parte, da secção transversal do cabelo e de como 
 ele cresce, devido ao seu ângulo de curvatura (FERREIRA, 2016). 
 Os asiáticos possuem cabelo com uma secção transversal mais espessa e 
 circular, os cabelos são então lisos. Já os africanos possuem uma secção transversal 
 22 
 oval achatada, formando um cabelo crespo e encaracolado. Os caucasianos 
 possuem uma secção transversal mais variada, porém sendo quase oval, elíptica e 
 achatada, apresentando formato desdeleve ondulado até bastante cacheado 
 (FERREIRA, 2016). 
 Muitos estudos classificam o cabelo humano em três diferentes grupos 
 étnicos: cabelos africanos, asiáticos e europeus. Entretanto, há outros fatores a se 
 considerar para se ter uma classificação mais completa. Há uma complexidade 
 biológica humana derivada da diferenciação populacional e da miscigenação étnica 
 que contribuiu para a grande variedade de cabelos (METTRIE, et al; 2007). 
 Ao se aprofundar nessa diversidade capilar, há algumas denominações como: 
 cabelos lisos disciplinados, ondulados, volumosos, cacheados, muito cacheados e 
 crespos (METTRIE, et al; 2007). 
 Tendo o propósito de estabelecer uma classificação mais concreta para os 
 diferentes tipos de cabelo que levam em consideração a biodiversidade humana, De 
 La Mettrie e seus colaboradores realizaram um grande estudo em 2007. Foram 
 analisadas 1442 mechas coletadas de voluntários (72% mulheres e 28% homens) 
 que não utilizaram nenhum tipo de relaxamento ou coloração no cabelo em um 
 período de 9 meses em grandes cidades de 18 diferentes países. Os parâmetros de 
 medida avaliados foram o diâmetro de curvatura da fibra, o índice de curvatura (razão 
 entre a menor e a maior curvatura em uma mecha esticada), o número de torções e 
 de ondulações (METTRIE, et al; 2007). 
 De acordo com o estudo, foi possível classificar o cabelo humano após fazer 
 uma análise e um estudo estatístico, em 8 diferentes tipos de cabelo, uma 
 classificação mais precisa que engloba a enorme gama da variabilidade de tipos e 
 formas de cabelos no mundo conforme apresentado na figura 6 (METTRIE, et al; 
 2007). 
 O Brasil, por ser um país com uma população bastante miscigenada, possui 
 todos estes 8 tipos de cabelo em toda sua extensão. Possui a maior biodiversidade 
 capilar encontrada no mundo tornando-o um terreno fértil para a pesquisa de novos 
 ativos alisantes capilares (METTRIE, et al; 2007). 
 23 
 Figura 6 - Classificação dos cabelos em 8 diferentes tipos de acordo com a 
 biodiversidade humana. 
 Fonte: (METTRIE, et al; 2007) 
 Muitas empresas do ramo como a L’Oréal utilizam este estudo como guia a fim 
 de direcionar seus produtos a um tipo de cabelo. Outras empresas refinaram estas 
 classificações adicionando classificações intermediárias entre estes 8 tipos de 
 cabelo. No mercado de cosméticos, encontram-se produtos em que o rótulo está 
 especificado o tipo de cabelo ao qual ele se destina, como por exemplo a empresa 
 Salon Line, que usa as letras a, b e c como também a numeração do 1 ao 4 para 
 classificar o tipo de cabelo (METTRIE, et al; 2007). 
 24 
 Figura 7 - Creme Salon Line com a indicação do cabelo que 
 o produto se destina. 
 Fonte:https://www.salonline.com.br/creme-para-pentear 
 25 
 4.5 PRINCIPAIS MECANISMOS DE ALISAMENTO QUÍMICO 
 Para se entender como funcionam os principais mecanismos de alisamento 
 químico, é necessário compreender sua definição e saber quais são os requisitos 
 para sua regularização. 
 O alisamento químico é um procedimento definitivo que o cabelo é alisado 
 permanentemente alterando a conformação e as propriedades dos fios. Ele rompe as 
 pontes dissulfeto da queratina, resultando na diminuição da curvatura da fibra capilar 
 de forma duradoura (DIAS et al, 2007). 
 De forma simplificada, pode-se dizer que os alisantes têm o objetivo de 
 romper as ligações dissulfetos, amolecendo os cabelos de modo a dar o formato 
 desejado (BEDIN, 2008). 
 A resolução n° 409, de 27 de julho de 2020 dispõe sobre os procedimentos e 
 requisitos necessários para a regularização de produtos cosméticos para alisar ou 
 ondular os cabelos. 
 Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre procedimentos e requisitos para a 
 regularização de produtos cosméticos para alisar ou ondular os cabelos. 
 Parágrafo único. Os produtos para alisar ou ondular os cabelos de que 
 trata esta Resolução são aqueles que modificam a estrutura química capilar 
 para alisar, reduzir o volume ou ondular os cabelos com duração do efeito após 
 enxágue (Resolução n° 409, 2020). 
 4.5.1 COMPOSTOS TIÓLICOS (ÓXIDO-REDUÇÃO) 
 Os alisantes compostos à base de tióis são os mais utilizados no Brasil e o 
 princípio do seu mecanismo de ação é alcalino. Em sua formulação, há a associação 
 do ácido tioglicólico (composto tiólico) com um agente alcalinizante gerando o ativo 
 tioglicolato de amônio ou outro de acordo seu agente alcalinizante (FRANQUILINO, 
 2013). 
 O ácido tioglicólico e seus derivados foram utilizados por muito tempo para 
 proporcionar ondulação permanente aos cabelos e posteriormente passaram a ser 
 utilizados em produtos alisantes (BOLDUC & SHAPIRO, 2001). 
 26 
 Seu mecanismo de ação consiste no rompimento das ligações dissulfeto 
 quando o agente redutor, ácido tioglicólico, fornece ÍONS H+ quebrando as pontes 
 de enxofre (DIAS et al, 2007). 
 Figura 8 - Reação de redução das ligações dissulfídicas . 
 FONTE: Adaptado de OBUKOWHO 
 Para que esse processo ocorra é necessário deixar o composto sobre o 
 cabelo durante o tempo determinado pelo fabricante, que varia entre 20 a 35 minutos, 
 dependendo da sensibilidade do tipo de cabelo. 
 A fibra é modelada com auxílio de uma prancha aquecida, em seguida é 
 aplicado o agente oxidante, como o peróxido de hidrogênio, para que sejam 
 restabelecidas as novas ligações em uma nova conformação. Vale enfatizar que 
 esse mecanismo é mais brando comparado aos demais mecanismos alisantes por 
 seu pH ser considerado intermediário entre 8,5 a 9,5 (FRANQUILINO, 2013). 
 “O grau de quebra das ligações dissulfídicas da queratina depende da 
 concentração do agente redutor e da tensão aplicada aos cabelos. Entretanto, 
 independente das condições, pode-se romper cerca de 65-70% das ligações 
 dissulfídicas (...)” (DELFINI, 2011). 
 27 
 Os alisantes com agente alcalinizante tioglicolato de amônio, possui uma 
 ação mais branda e lenta sendo utilizado em cabelos ondulados, descoloridos e 
 tingidos. Além dele, há outros agentes alcalinos como o tioglicolato de trietanolamina 
 que também apresenta ação branda e lenta sem cheiro de amônio, sendo uma 
 alternativa para os consumidores que relatam o odor forte. Há também os alisantes 
 com o monotioglicolato de glicerol, eles possuem uma ação mais branda e lenta, 
 sendo indicado para cabelos extremamente porosos e danificados (FRANQUILINO, 
 2013). 
 4.5.2 HIDRÓXIDOS (LANTIONIZAÇÃO) 
 Os alisantes contendo os hidróxidos em sua formulação atuam pelo 
 mecanismo de ação baseado na lantionização e seupH é extremamente alcalino. A 
 classe dos hidróxidos é composta pelo hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, 
 hidróxido de lítio, hidróxido de magnésio, hidróxido de guanidina. Basicamente todos 
 eles reagem da mesma maneira sendo que o hidróxido de sódio e o de lítio são os 
 mais agressivos. Além disso, a ação do hidróxido de lítio, por ser menos solúvel em 
 água, é mais lenta (DELFINI, 2011). 
 O pH varia de 11,5 á 13,5 trazendo uma dilatação da estrutura capilar. O fio 
 torna-se maleável ao alisamento mecânico que deve ser aplicado sobre os fios, 
 através da escovação ou uso da chapinha para conferir o efeito liso ao fio de cabelo. 
 Após a ação do hidróxido, um produto neutralizante ácido é aplicado, geralmente na 
 forma de xampu. O neutralizante tem a função de restabelecer o pH para a faixa 
 natural dos cabelos (pH 4,5-6,0) , neutralizando os resíduos alcalinos deixados 
 (DIAS et al, 2007). 
 O mecanismo da lantionização consiste na ação dos hidróxidos, em que o íon 
 hidroxila rompe as ligações dissulfídicas, removendo o átomo de hidrogênio e logo 
 após o átomo de enxofre é expelido, formando ao final a lantionina (FRANQUILINO, 
 2013). 
 28 
 Figura 9 - Processo de lantionização. 
 FONTE: Adaptado de OBUKOWHO 
 A lantionina apresenta apenas um átomo de enxofre (C-S-C) diferente da 
 cistina, que possui a ligação dissulfídica (C-S-S-C). Nessa reação de lantionização, 
 há o enfraquecimento do fio, reduzindo sua resistência e aumentando sua propensão 
 a quebras. Devido ao pH extremamente alcalino, esse procedimento apresenta um 
 alisamento mais potente e é mais indicado para os cabelos afro por apresentarem 
 uma maior resistência (DELFINI, 2011). 
 4.5.3 AMIDAS ÁCIDAS (CARBOCISTEÍNA E ÁCIDO GLIOXÍLICO) 
 A carbocisteína associada com o ácido glioxílico vem sendo comercializada 
 como mais uma opção de produto alisante que também utiliza o princípio da 
 oxidação em seu mecanismo de ação porém com pH ácido. O processo de 
 alisamento do cabelo utilizando o ácido glioxílico não ocorre pela reação entre o 
 formaldeído liberado e o cabelo, mas ocorre a reação entre o ácido e a estrutura dos 
 aminoácidos através do processo de desnaturação da proteína, reação entre o 
 radical aldeídico com os grupamentos amínicos e as pontes de dissulfeto, que após 
 enxágue e associado ao calor da chapinha que pode ser de 180° a 230°C dá origem 
 a uma estrutura bio-polimerizada, conferindo o efeito de alisamento (PINHEIRO, 
 2014). 
 29 
 De acordo com a ANVISA os produtos que utilizam o ácido glioxílico com o 
 objetivo de alisamento/relaxamento dos cabelos ainda estão irregulares e ainda não 
 existe uma regulamentação para seu uso como princípio ativo. Além disso, os 
 fabricantes de produtos a base de ácido glioxílico, não descrevem na formulação que 
 este tem a finalidade de alisar ou relaxar os cabelos e sim sendo utilizado em 
 concentrações que variam de 10 a 20% (p/p) com a finalidade de um regulador de pH 
 (BRASIL, 2014; MIYAMARU, 2014). 
 Existem poucos relatos na literatura com relação a decomposição desses 
 ativos, em alguns estudos foi relatado a formação de formaldeído em quantidades 
 equivalentes a existente no ar (MIYAMARU, 2014). É importante reforçar que são 
 traços de formaldeído oriundos da decomposição do ácido glioxílico gerados durante 
 a aplicação do processo térmico. A liberação ocasiona concentrações abaixo dos 
 limites de tolerância estabelecidos pelas instituições como ACGIH (American 
 Conference of Governmental Industrial Hygienist) que não trazem impactos 
 toxicológicos relevantes, de acordo com o fabricante (FRANQUILINO, 2020 ). 
 Conforme a RDC Nº 409 de 2020, os produtos contendo ativos como a 
 carbocisteína associada com o ácido glioxílico ainda não estão regularizados e 
 inclusos na lista de substâncias permitidas em produtos cosméticos para alisar ou 
 ondular os cabelos. Os fabricantes possuem até 24 meses para se adequarem e 
 fazerem os testes exigidos para avaliação desses ativos como: corrosividade, 
 genotoxicidade, mutagenicidade, carcinogenicidade. 
 Art. 11. Os ativos "Cysteamine HCL", "Cysteine HCL", "Glyoxyloyl Hydrolyzed 
 Wheat Protein/Sericin", "Pyrogallol", a combinação de ativos "Glyoxyloyl 
 Carbocysteine + Glyoxyloyl Keratin Aminoacids" e outros ativos presentes em 
 produtos cosméticos destinados a alisar ou ondular os cabelos com registro vigente, 
 mas ainda não previstos na “Lista de ativos permitidos em produtos cosméticos para 
 alisar ou ondular os cabelos”, além do "Glyoxylic Acid", cuja avaliação de segurança 
 está em andamento, serão reavaliados pela Anvisa com base nos critérios 
 estabelecidos nesta Resolução . 
 Art. 14. Para os produtos cosméticos destinados a alisar ou ondular os cabelos já 
 registrados na ANVISA, será concedido o prazo de até 24 (vinte e quatro) meses para 
 adequação da rotulagem ao disposto nesta Resolução, contados a partir da data da 
 publicação do ativo presente no produto na “Lista de ativos permitidos em produtos 
 cosméticos para alisar ou ondular os cabelos” (Resolução n° 409, 2020). 
 30 
 Proliss 100 ® (INCI name: Glyoxyloyl Carbocysteine (and) Glyoxyloyl Keratin 
 Amino Acids (and) Water), está disponível no mercado e de acordo com o fabricante, 
 é uma tecnologia exclusiva e patenteada para o realinhamento térmico dos fios. 
 Confere brilho, maciez e movimento natural aos cabelos volumosos e rebeldes 
 (https://aqia.net/produtos/proliss-100) 
 Além disso, a utilização de outros ácidos como ácido salicílico, ácido 
 benzóico, ácido lático e outros podem ser utilizados também associados com a 
 carbocisteína. Entretanto, eles atuam de forma mais superficial com relação aos 
 alisamentos alcalinos, apresentando uma ação de realinhamento, controle de frizz e 
 relaxamento (FERREIRA, 2016). 
 4.5.4 METILAÇÃO (FORMALDEÍDO) 
 Nos anos 2000, as escovas progressivas utilizando o formol viraram febre 
 graças ao seu poder alisante imediato, porém traziam diversos malefícios à saúde 
 como irritações nos olhos, boca, nariz, dificuldade respiratória, dores de cabeça, 
 entre outros, que acarretou em seu proibimento no mercado (FRANQUILINO, 2020 ). 
 O mecanismo de ação também age através da oxidação, mas não se baseia 
 no rompimento das ligações dissulfídicas e sim utiliza as ligações dissulfeto já 
 rompidas. Em seguida, ocorre a formação de ligações metilênicas que com a ação 
 do calor o formol se funde com a queratina selando e plastificando a cutícula. Dessa 
 forma, impermeabilizandoe deixando o fio liso, dificultando a hidratação da fibra 
 capilar deixando mais susceptível a quebra mecânica (FRANQUILINO, 2013). 
 Segundo a Resolução nº 36/2009, a ANVISA proíbe o uso do formol como 
 ativo de alisamento químico devido aos riscos à saúde da população. Essa 
 substância em produtos cosméticos somente é permitida com função de conservante, 
 com limite máximo de 0,2%, e como ativo endurecedor de unhas, com limite máximo 
 de 5% ,concentrações essas em que o formol não exerce efeito alisante (Resolução 
 n° 36 da ANVISA,2009). 
 31 
 4.6 SEGURANÇA NO USO DE ALISANTES QUÍMICOS 
 Durante o processo de alisamento pode ocorrer a irritação do couro cabeludo 
 que é resultante da aplicação de produtos químicos. O ato de lavar o cabelo antes do 
 procedimento com bases mais alcalinas como os hidróxidos, pode elevar o risco de 
 irritação. O couro cabeludo tem uma barreira protetora natural de sebo que é 
 temporariamente removida quando o cabelo é lavado (HALAL, 2012). 
 É necessário que o cabelo fique sem ser lavado por 24 horas antes da 
 aplicação do alisante químico. Pode-se recomendar o uso de xampu antirresíduo 
 várias vezes antes do dia da aplicação. Isso especialmente para relaxantes de 
 hidróxidos. É importante que o cabelo e o couro cabeludo estejam secos totalmente 
 antes da aplicação (HALAL, 2012). 
 É importante examinar o couro cabeludo e o cabelo com muito cuidado antes 
 de começar um tratamento químico. Deve-se procurar sinais de irritação, 
 vermelhidão, sensibilidade ou inchaço no tecido, feridas abertas e entre outros 
 problemas de pele (HALAL, 2012). 
 De forma geral, os produtos de alta alcalinidade são um perigo sério aos 
 olhos. Eles podem reagir com a proteína do olho e criar um filme insolúvel em água 
 que pode dificultar o enxágue apropriado e a limpeza dos olhos. Para se evitar 
 acidentes é recomendado proteção ocular e uso de cremes protetores para prevenir 
 o contato com o rosto, olhos e pescoço (HALAL, 2012). 
 Erros podem acontecer quando se retoca esses produtos no crescimento do 
 cabelo. É necessário tomar precauções para evitar a sobreposição que pode 
 acarretar em quebra e causar danos excessivos ao cabelo. Além disso, lavar e 
 enxaguar de forma correta são passos de muita importância, os resíduos dos 
 alisantes podem ficar presos no cabelo. Falhar na neutralização desses resíduos 
 pode causar danos e ressecamento excessivo (HALAL, 2012). 
 Além disso, é primordial que se faça o teste de mechas, ele deve ser 
 realizado antes de qualquer aplicação de produtos químicos como forma de avaliar a 
 resistência dos fios. O teste de mecha é importante pois permite descobrir se o 
 cabelo está preparado ou não para receber a química e, assim, evitar que os fios 
 quebrem ou sofram um corte químico caso estejam muito danificados antes do 
 procedimento. Para isso, escolhe-se algumas mechas de cabelo em lugares 
 32 
 diferentes da cabeça como por exemplo nas laterais e na parte de trás do cabelo. 
 Evita-se o topo, pois caso haja corte químico não irá aparecer. Então aplica-se com 
 abundância em toda a mecha o produto que se julgue correto para o tipo de cabelo, a 
 1 dedo da raiz e deve agir por 5 minutos. Passado o tempo, verifica-se se a estrutura 
 do cabelo está resistente ou fragilizada. O ideal é que fique levemente elástico, sem 
 esticar demais. Mas se o cabelo estiver muito elástico e quebradiço, deve-se 
 enxaguar imediatamente e neutralizar. Caso o cabelo tenha passado no teste de 
 mecha, aí sim poderá ser realizado os procedimentos (GOMES, 2011). 
 Com relação ao uso de formol, seu uso indevido pode causar risco à saúde e 
 quanto maior for a concentração e a frequência de aplicações maiores serão os 
 danos, que ocorrem pela inalação dos gases e pelo contato com a pele, sendo 
 perigoso tanto para profissionais que aplicam o produto como para os usuários. 
 (ABRAHAM et al., 2009). 
 A inalação deste composto pode causar irritação nos olhos, nariz, mucosas e 
 trato respiratório superior. Em altas concentrações, pode causar bronquite, 
 pneumonia ou laringite. Os sintomas mais frequentes no caso de inalação são fortes 
 dores de cabeça, tosse, falta de ar, vertigem, dificuldade para respirar e edema 
 pulmonar. O contato com o vapor ou com a solução pode deixar a pele 
 esbranquiçada, áspera e causar forte sensação de anestesia e necrose na pele 
 superficial (ABRAHAM et al., 2009). 
 A resolução RDC nº 07, de 10 de fevereiro de 2015 classifica os produtos 
 cosméticos quanto ao seu risco: 
 ● Produtos de grau 1: cuja comprovação não seja inicialmente 
 necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu 
 modo de usar e suas restrições. 
 ● Produtos de grau 2: cujas características exigem comprovação de 
 segurança e eficácia, bem como informações e cuidados, modo e 
 restrições de uso. 
 33 
 Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes: são 
 preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de 
 uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema 
 capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas 
 mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de 
 limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou corrigir odores 
 corporais e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado (Resolução n° 
 07 da ANVISA ,2015). 
 Conforme a resolução vigente, os alisantes químicos são classificados como 
 grau 2, pois envolve um risco potencial para o consumidor. Os produtos possuem pH 
 extremo e muitos deles, têm odor forte e liberam gases quando aquecidos. Por isso, 
 podem causar danos ao couro cabeludo, irritação aos olhos e vias aéreas 
 superiores. 
 34 
 4.7 INOVAÇÕES MERCADOLÓGICAS 
 4.7.1 ALISAMENTO FOTOIÔNICO 
 A patente PT 107337 publicada em 2013 apresenta uma técnica inovadora 
 no mercado de alisamento. Ela apresenta um método que utiliza a tecnologia laser e 
 da foto polimerização em conjunto com um produto de alisamento no qual é capaz de 
 melhorar o “longlasting” (durabilidade) e a qualidade do resultado (PONCES, 2014). 
 O mecanismo de ação dessa técnica se baseia na polimerização de 
 monômeros presentes no produto de alisamento, tais como a cisteína, provocando 
 uma reação de condensação que libera água e não gera compostos tóxicos 
 proibidos pela legislação vigente, tais como o formol (PONCES, 2014). 
 A formulação do produto consiste na mistura de ureia 10% na proporção de 
 1:1 com a seguinte formulação: Água, Cisteína ou Ácido glioxílico, Poliquatérnio-7, 
 Polyquartenium-10, Diazolidinil, Proteína Hidrolisada de Soja, Miristato de isopropilo, 
 Parafina líquida, Estearato de glicerilo, Estearato de PEG-40, Sorbitol,Etilexanoato 
 de cetearilo, Dimeticona Fenoxietanol, Álcool cetílico, Óleo de Persea Gratissima, 
 Carbomer,Alantoína, Ácido palmítico, Ácido esteárico, Etilexiglicerina, Perfume 
 (fragrância), Hidróxido de sódio, Ácido láctico, Limoneno, Hexilcinamal, 
 Alfa-isometilanona, Linalol, Salicilato benzílico, Eugenol, Citral, Hidroxicitronelal e 
 Coumarina (PONCES, 2014). 
 Segundo a patente, a formulação e a aplicação do laser devem ser utilizados 
 seguindo os seguintes passos: 
 1) Aplicação do produto uniformemente no cabelo, alinhando bem a fibra e 
 deixar atuar por 25 min; 
 2) Escovar o cabelo e passar a mecha pelo laser, com comprimento de onda na 
 faixa do vermelho de 630 a 670 nm, permanecendo 30 segundos sobre a área de 
 interesse; 
 3) Aplicar a lâmpada de LED azul pura de alta potência e alto brilho, entre 430 
 e 485 mn sobre cada mecha do cabelo, com pelo menos 30 segundos de intervalo 
 entre cada aplicação. (O passo 3 deve ser aplicado ao invés do passo 2 ou em 
 conjunto); 
 4) Secar o cabelo e alimentar com pranchas elétricas (capinha) a uma temperatura 
 35 
 compreendida entre 100 e 180ºC, preferencialmente 120ºC. 
 O equipamento para realizar a polimerização pode ser um chaveiro de laser 
 ou de preferência o aparelho utilizado em tratamentos dentários. Diferentemente da 
 luz natural, o laser é monocromático, possuindo um único comprimento de onda. No 
 mercado, já tem disponível produtos cosméticos que usam esta tecnologia como o 
 produto “Photon Hair Uom” da empresa Tânagra. É vendido também um aparelho 
 que emite a radiação azulada para facilitar a aplicação do produto (PONCES, 2014; 
 TÂNAGRA). 
 Figura 10 - Aparelho Photon Blue da marca Tânagra. 
 Fonte: TÂNAGRA E PHOTON HAIR. 
 36 
 4.7.2 SHAMPOO ALISANTE 
 O shampoo alisante “The First” é um produto de alisamento lançado em 2016 
 que promete revolucionar o mundo do alisamento capilar. A maioria dos produtos 
 encontrados no mercado de alisamento atualmente são géis ou cremes. O “The First'' 
 traz uma formulação inovadora na textura do alisante capilar, sendo o primeiro 
 shampoo no mercado que promove alisamento (SWEET HAIR). 
 Figura 11 - Shampoo The First. 
 Fonte:https://www.sweetoficial.com.br/MLB-1964247591-the-first-shampoo-que-alisa- 
 sem-formol-sweet-hair-_JM. 
 The First é composto por um blend de ácidos: Ácido Salicílico, Ácido 
 Alfa Lipóico, Ácido Glicólico, Ácido Lático e Ácido Hialurônico. Separados eles 
 não têm funções diferenciadas para a estrutura do fio, porém,a junção dos 5, 
 de forma específica, é capaz de promover alisamento quando associado à 
 fonte de calor (Sweet Hair). 
 37 
 Segundo o fabricante, Sweet Hair, não possui formol. O alisamento é causado 
 por uma mistura de ácidos orgânicos usualmente encontrados em alimentos: ácido 
 salicílico, ácido alfa lipóico, ácido glicólico, ácido lático e ácido hialurônico. Não há 
 relatos na literatura e nem do fabricante com relação às concentrações dos 
 componentes do produto. 
 A forma de aplicação é muito simples, sendo similar a aplicação de um 
 shampoo: Primeiro, os cabelos devem ser umedecidos e deve ser retirado o excesso 
 de água. É então aplicado cerca de 50 ml de shampoo da mesma maneira simples 
 que o consumidor está acostumado a fazer em casa. A única diferença é que o 
 produto deve ser deixado no cabelo por 20 minutos. Após este tempo, basta secá-lo 
 e passar a chapinha 5 a 7 vezes em cada mecha (a temperatura vai variar de acordo 
 com o tipo de cabelo, sendo recomendado 180ºC a 230ºC) (SWEET HAIR). 
 O primeiro shampoo que alisa no mundo possui afinidade com 
 a queratina do cabelo e, através da acidez e fonte de calor, promove a 
 desnaturação da proteína. Como esse alisamento não é um processo 
 permanente e não quebra as pontes dissulfeto, garante a segurança 
 de compatibilidade com outros processos químicos e pode haver uma 
 renaturação ,o cabelo volta a estrutura normal entre 6 a 9 meses 
 (Sweet Hair). 
 4.7.3 ALISAMENTO ENZIMÁTICO 
 A adição de enzimas que interferem no mecanismo de alisamento pode ser 
 considerada uma inovação no mercado de produtos capilares. A patente de número 
 US 2010/0,012,142 A1 publicada em 2010 pelo inventor Richard A. Presti. De 
 acordo com o criador, esse método traz uma inovação para relaxar ou alisar o cabelo 
 de forma suave e permanente utilizando enzimas proteolíticas como alisamento 
 38 
 capilar, mais especificamente a enzima keratinase kerA isolada de Bacillus 
 licheniformis PWD-1 (PRESTI, 2010). 
 Conforme os estudos, essa enzima possui a habilidade de clivar ligações 
 inter-peptídicas permitindo alterar a conformação da fibra, conferindo menos dano ao 
 cabelo (PRESTI, 2010). 
 Seguindo as orientações do criador, o cabelo deve ser pré-tratado com uma 
 solução que irá dilatar ligeiramente as fibras dos cabelos e facilitar a difusão das 
 enzimas. Essa solução deve agir sobre as fibras durante 25 minutos a 25ºC. Dentre 
 os ativos sugeridos para o intumescimento das cutículas estão: mono, di e 
 trietanolamina, amônia e uréia, com concentração de 0,1 a 25%. Para ajudar na 
 difusão, a patente sugere: ácido oleico, etoxidiglicol, laurocapram ou o 
 pentilenoglicol (PRESTI, 2010). 
 Deve-se aplicar uma solução de tratamento que deve ser deixada sobre as 
 fibras durante 45 minutos a uma temperatura de 45ºC. O principal componente desta 
 solução é a enzima keratinase kerA em concentração entre 0,01 a 10%, cujo pH de 
 máxima atividade é 7,5 e por isso, a solução deve ser tamponada entre o pH 7 e 8 
 (PRESTI, 2010). 
 Depois do tempo de aplicação da solução de tratamento, deve-se enxaguar 
 para que a digestão das ligações inter-peptídicas cesse. É então aplicada a 
 chapinha e modelado o cabelo da forma de desejo. O cabelo só poderá ser lavado 
 novamente após 24 horas da aplicação. O diferencial desta técnica é que a fibra 
 capilar não fica tão danificada e sensibilizada quanto com os tratamentos mais 
 usuais (PRESTI, 2010). 
 39 
 5 DISCUSSÃO 
 O mercado de alisantes capilares sofre grande influência social e cultural, o 
 que intervém diretamente no desejo do consumidor. Tal desejo faz com que as 
 empresas pesquisem novos compostos capazes de alcançar essas necessidades 
 criando produtos cada vez mais inovadores. 
 Para inovar, é de suma importância entender quais são os compostos com 
 capacidade de transformar a conformação estrutural das fibras capilares, quais seus 
 mecanismos de ação e a evolução que tais produtosvêm sofrendo durante os anos. 
 Atualmente, mesmo estando em alta a valorização dos cabelos cacheados e 
 naturais, ainda existe uma procura grande no mercado por produtos capazes de 
 realizar alisamento capilar, pois muitos consumidores não abrem mão do efeito liso 
 ou controle de volume, como também a praticidade no cuidado diário dos fios. 
 Dos ativos de alisamento alcalinos convencionais, há a família dos hidróxidos 
 como o hidróxido de sódio, guanidina, lítio e potássio e os compostos a base de tiol 
 como o tioglicolato de amônio, que são regulamentados e extensamente estudados. 
 Com relação aos hidróxidos, por utilizarem um pH mais alcalino, eles 
 apresentam um alisamento mais potente e por isso são indicados para cabelos mais 
 resistentes, espessos e afro. 
 Já os compostos tiólicos que atuam pelo mecanismo redutor com alta, 
 intermediária e baixa potência de acordo com a base alcalina utilizada são 
 considerados alisantes mais brandos, pois possuem um pH menos alcalino que 
 dilata e danifica menos a estrutura capilar do que os hidróxidos. Podendo ser usado 
 em cabelos tratados quimicamente quando em baixas concentrações. Além disso, há 
 outros agentes alcalinizantes como monotioglicolato de glicerol, sendo indicado para 
 c abelos porosos e danificados e tioglicolato trietanolamina que também apresenta 
 ação branda e sem cheiro de amônio. 
 O alisamento a base de formol teve grande popularidade inicialmente, ele 
 apresentou resultados rápidos e satisfatórios, produzindo um cabelo liso e com 
 brilho, porém posteriormente os malefícios causados à saúde e aos fios mostrou não 
 ser vantajoso o seu uso. 
 Por outro lado, surgem os alisantes ácidos à base de ácido glioxílico e 
 carbocisteína como uma alternativa, trazendo ótimos resultados atribuindo aspecto 
 40 
 suave, natural, brilhante e com compatibilidade do procedimento de alisamento com 
 cabelos descoloridos. 
 Entre todos os tipos de ativos de alisamento químico apresentados até agora, 
 apenas os alcalinos estão regularizados pelos órgãos competentes. O formol, por 
 apresentar diversos riscos à saúde dos consumidores, é proibido pela ANVISA como 
 ativo de alisamento, por ser necessário uma alta concentração de uso. Já com 
 relação às substâncias ácidas , muito se questiona sobre a sua formulação em que 
 alguns estudos apontam a liberação de formol quando este é submetido a altas 
 temperaturas, mas de acordo com o fabricante, não acarreta impactos toxicológicos 
 significativos. Desta forma, apesar de se conhecer pouco sobre o mecanismo de 
 ação das amidas ácidas, ainda existe muitas dúvidas com relação a segurança e 
 eficácia desse procedimento, sendo assim, necessário mais estudos sobre o 
 mecanismo dos alisantes ácidos e sua formulação, além de estudos sobre a 
 toxicologia do ácido glioxílico. 
 Destacando mecanismos inovadores, a patente US 2010/0,012,142 A1 sobre 
 alisamentos enzimáticos foi divulgada em 2010 trazendo uma tecnologia de 
 alisamento que está sendo desenvolvida por uma empresa e é possível que algum 
 tipo de produto a base de enzimas seja futuramente comercializado e regulamentado 
 no Brasil. 
 Outra inovação aparente do mercado é o surgimento do alisante fotoiônico, 
 trazendo o uso da tecnologia laser e da foto polimerização em conjunto, que é capaz 
 de melhorar a durabilidade e a qualidade do resultado do procedimento. 
 A praticidade também tem sido um ponto que pode auxiliar muito, 
 principalmente para os consumidores que estão buscando por uso prático e rápido. 
 Os alisantes que apresentam um tempo de aplicação baixo podem se destacar 
 nesse quesito como os shampoos ácidos. 
 É importante destacar a evolução e inovação dos produtos alisantes ao longo 
 dos anos, que buscam além de uma ação mais efetiva, no alinhamento, relaxamento, 
 controle de volume e frizz dos cabelos cacheados. Adicionalmente, visam 
 proporcionar um efeito mais brando em relação aos danos causados à fibra capilar, 
 enriquecendo as formulações com substâncias especiais que podem contribuir para 
 a hidratação, nutrição e reparação dos cabelos. 
 41 
 6 CONCLUSÃO 
 A busca do ser humano pela estética do cabelo liso trouxe a necessidade da 
 criação de diversas técnicas de alisamentos que foram evoluindo ao longo do tempo. 
 Os diferentes tipos de alisamentos promovem modificações nas conformações das 
 ligações químicas do fio que muitas vezes é irreversível e acarreta na perda proteica. 
 De acordo com o presente trabalho de revisão, os alisantes mais seguros são 
 aqueles que possuem o mecanismo de alisamento alcalino como os hidróxidos e os 
 tióis. Pois apresentam mais estudos na literatura sobre seu mecanismo de ação e 
 além de serem permitidos pelos órgãos sanitários (ANVISA). Já a utilização do 
 formol que por uma época foi muito empregado com intuito de alisamento não é 
 permitido pelos órgãos sanitários como agente alisante devido ao alto risco à saúde, 
 além da queda capilar. É importante ressaltar que atualmente o mercado vem 
 seguindo a tendência de aplicação de substâncias fortemente ácidas, que ainda 
 necessitam de mais estudos que comprovem a segurança de uso para que sejam 
 regulamentadas no mercado cosmético pelos órgãos competentes. O que leva a 
 enfatizar que o uso irracional de substâncias não autorizadas pelos órgãos sanitários 
 pode trazer vários riscos à saúde, tanto ao consumidor como também aos 
 profissionais que trabalham diretamente com os alisantes capilares. 
 É visível que o conhecimento acerca desses ativos e de seus mecanismos de 
 ação é importante para o desenvolvimento do setor, buscando aprimorar o 
 desempenho, qualidade, segurança e eficácia desses produtos. 
 42 
 7 REFERÊNCIAS : 
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