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Fundamentos da Biossegurança Nesta aula você irá entender à respeito dos Princípios de Biossegurança, Conceito e Importância, como um fato antigo na história com descrição da doença e trabalho. Aprenderá pelo viés as questões da legislação da Biossegurança de modo geral e na Agropecuária, bem como medidas de intervenção. Com esses fundamentos você será capaz de atingir os seguintes objetivos traçados: Compreender os princípios que norteiam a Biossegurança Entender a relação da Biossegurança com o grande marco das descobertas dos agentes antimicrobianos a todas áreas do conhecimento em saúde Resumo: Conceitos de Biossegurança Antes de descrever o conceito e a importância da Biossegurança na sistematização da etiologia ocupacional, cabe ressaltar fatos marcantes nos idos de 1700 com a preocupação com os questionamentos frente a anamnese médica. Acontecimentos importantes como a Revolução Industrial já estudada em outros momentos, se faz presente ao fato de ter relação saúde-trabalho e ambiente. O primeiro serviço de medicina do Trabalho é referenciado no segmento da indústria têxtil na Inglaterra (expressivo na época). Os registros revelam que ao longo da história as reivindicações por partes dos operários na tentativa de se reduzir as possibilidades de associações causa-efeito e a morbidade dos trabalhadores. Muita coisa mudou após essa concepção histórica, abrindo margem à uma abordagem de mais atenção aos ambientes de trabalho, no contexto das relações saúde – trabalho. E outros campos também ganham ênfase como da Engenharia. Um grande marco ao se falar na biossegurança está vinculada ao surgimento dos seres microbianos, sendo assim todas as áreas do conhecimento em saúde sofreram modificações aos mecanismos entre causa-efeito. Um exemplo focado ao ambiente laboral está relacionado ao trabalho. A busca dos riscos e situações de perigo. Temos a empresa hospital um cenário de agentes: biológicos, físicos, químicos entre outros. Os conceitos de Biossegurança se expandem em diversos parâmetros, e vamos destacá-los, embora tal denominação ainda seja muito isolada, em questões práticas. Na ótica etimológica, a palavra biossegurança (biosafety) traz sua expressão do prefixo grego bio que significa vida, e segurança (safety) do inglês, que exprime “qualidade de ser seguro e livre de danos. (COSTA, M.A.F, 2005); De acordo com a Organizações das Nações Unidas (OMS), para a agricultura e alimentação, a Biossegurança é uma atuação estratégica na qual se analisam e gerenciam riscos que possam comprometer significativamente a vida humana, vegetal e animal. (OMS, 2013) Autores como Teixeira e Valle (2010), fazem suas contribuições definindo a Biossegurança como um conjunto de atitudes inclinadas à prever, reduzir ou erradicar riscos inter - relacionados às atividades de pesquisa, produções, ensino, desenvolvimentos tecnológicos e dispensação de serviços com enfoque na saúde do homem, dos animais, do meio ambiente e da qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Não podemos nos distanciar do aspecto educacional de tanta valia junto ao tema, a partir de princípios científicos que zelam pela segurança da vida humana, animal, vegetal e ambiental. No Brasil, refere-se à Biossegurança como uma agregação de ações que se destinam a: Prevenir; Controlar; Diminuir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humande adoção de novas tecnologias e fatores de risco a quem estão expostas. A perspectiva da interdisciplinaridade é fundamental entre os diversos tipos de conhecimentos, no campo da Engenharia, da Ética, da Saúde, da Química e outros. A efetivação da biossegurança precisa estar alinhada ao comportamento das pessoas envolvidas. Estudar, questionar, pensar e manter-se em constante atualização são atividades importantes ao mundo do trabalho. Legislação de Biossegurança As primeiras referências de diretrizes para Biossegurança foram do National Institute of Health (NIH) em 1976 com normas de segurança laboratorial. Outros países como Alemanha, França e Inglaterra definiram normas de biossegurança laboratoriais, desencadeando o trabalho de harmonização nas empresas. Na década de 90 um marco descatou-se na Regulamentação da Biossegurança, ocorrendo nos Estados Unidos e Reino Unido (1992). O documento de “Escopo” apresentado pelos Estados Unidos estabelecia limites para atuação das agências americanas, que examinariam apenas os produtos bacteriológicos que apresentassem risco irrazoável. Essa análise se detinha à normas restristas, inibindo a pesquisa e o desenvolvimento de produtos novos. Já no Reino Unido, o documento estava pautado na regulamentação da biotecnologia, era excessivamente preventiva, obsoleta e não científica. É de suma importância a existência de normas de segurança biológicas confiáveis, com condições de proteção à propriedade intelectual, pautada em fundamentos científicos. A biossegurança no Brasil, prevista na Lei 11.105 de 25 de março 2005, que dispõe sobre a política nacional de biosegurança. Já na segunda vertente relaciona questões comuns às instituições de saúde à cerca dos riscos apresentados no ambiente hospitalar (Biológico, Químico, Físico, Ergonômico e Psicossociais), relacionando-se aos riscos ocupacionais. Os riscos ocupacionais são classificados em cinco itens, segundo à Universidade de São Paulo, 2012: a) Risco Biológico: vírus, bactérias, protozoários, fungos, bacilos, insetos, cobras, aranhas, outros. São descritos pela cor Marrom. b) Risco Químico: suas manisfestações são poeira, fumos, vapores, névoas, produtos químicos em geral. São caracterizados na cor Vermelha. c) Risco Físico: manifesam-se em forma de ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes, úmidade, dentre outros. São representados pela cor Verde. d) Risco Ergônomicos: manisfestam-se por trabalhos físicos pesados, postura incorreta, Trabalho em turnos, Monotonia. São caracterizados pela cor Amarela. e)Riscos de Acidente: referem-se à iluminação inadequada, animais peçonhentos, probabilidade de incêndios e explosão, arranjo físico inadequado, entre outros. São caracterizados pela cor Azul. O Ministério da ciência e tecnologia 8.974/95 de 05 de janeiro de 1995, apêdice 2 da instrução normativa 7 de 1997, classifica a Biossegurança em 4 níveis em relação à probabilidade de risco Nível de Biossegurança 1 (NB-1): Possui baixo risco individual e coletivo, neste nível são manipulados microrganismos que fazem parte da Classe de Risco 1. Não é necessária nenhuma característica de desenho estrutural, além de adequado planejamento espacial e funcional, e boas práticas no laboratório. Nível de Biossegurança 1 (NB-2): apresenta risco individual moderado e risco coletivo limitado, neste nível são manipulados microrganismos que fazem parte da Classe de Risco 2. Diz respeito aos laboratórios clínicos, de pesquisa ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico. É necessário o uso de barreiras físicas primárias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual) e secundárias (desenho e organização do laboratório). Nível de Biossegurança 1 (NB-3): representa risco individual alto e risco coletivo moderado, neste nível são manipulados microrganismos que fazem parte da Classe de Risco 3 ou grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da Classe de Risco 2. Aqui além das medidas apresentadas no nível 2, é necessário o desenho e construção laboratorial especiais. O controle deve ser rígido em relação a operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos. E deve ser oferecido ao pessoal técnico treinamento específico a respeito de procedimentos de segurança e manipulação destes microrganismos. Nível de Biossegurança 1 (NB-4): agrupa os agentes que causam doenças graves para o homem, reprensentando um risco severo para os profissionais de laboratório e coletividade; Laboratório de de contenção máxima, onde são manipulados microrganismos de Classe de Risco 4. Representa o nível mais alto de contenção e deve estar localizada em uma unidadeindependente de outras áreas. Neste nível é necessário todos os requisitos físicos e operacionais dos níveis de contenção 1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança. Os riscos ocupacionais já de conhecimento nos cenários de trabalho devem seguir rigorosamente as normas de biossegurança, pois envolvem atividades que estão relacionadas ao maior bem humano: a vida. Por fim, a biossegurança precisa ser vista sobre uma conscientização educacional e preventiva. A biossegurança no Brasil se iniciou a partir do processo de institucionalização na década de 80. E no ano de 1985 a Fiocruz promoveu o primeiro curso de biossegurança voltado para área da saúde, que perdura até os dias de hoje. No quesito legislativo, surge a portaria 485, que aprova a Norma Reguladora 32, à respeito da saúde e segurança no local de trabalho e em estabelecimentos de saúde. Biossegurança na Agropecuária A vivência ocupacional na agropecuária tem atraído a atenção dos profissionais de saúde e segurança do trabalho, especialmente por se tratar de uma área de grande relevância na economia nacional, abrangendo um grande grupo de trabalhadores. As empresas geralmente possuem uma forma de organização constituída por linhas de procedimentos que utilizam máquinas, equipamentos e dispositivos de corte que apresentam um notável risco de acidentes de trabalho, particularmente nos procedimentos onde é necessária a atividade manual. Em virtude dos riscos de acidentes se faz necessário o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), para proteger o trabalhador contra os riscos relacionados as atividades laborais realizadas. Um dos riscos de maior relevância é o biológico, devido a exposição por contato direto com a carne, sangue, vísceras, fezes, urina, secreções vaginais ou uterinas, restos placentários, líquidos e fetos de animais, que podem estar infectados com doenças de caráter zoonótico, como a tuberculose e a brucelose. É importante realizar a avaliação do risco onde ocorre a manipulação de materiais e agentes biológicos, levando em consideração os fatores que contribuem de modo direto para a o aumento ou diminuição do risco. A avaliação de risco é realizada para que se possa determinar barreiras de contenção adequadas. O conceito de Biossegurança transpassa o cenário laboratorial, onde se eram adotadas medidas preventivas para a fim de manter a segurança do trabalhador e a qualidade do trabalho, almejando a necessidade mais complexa de resguardar as espécies do planeta. Prevenção A prevenção está direcionada às ações para garantir um cuidado mais seguro em todas as instâncias da assistência. As condições de trabalho não podem estar inadequadas e inseguras, com irregularidades e deficiências organizacionais, carência de fator humano e projetos estruturais limitados no olhar ergonômico. É percebido nos estudos de Cardoso (2012), ao nos revelar em seu estudo que a biossegurança está relacionada diretamente a questões ambientais sob um comportamento analítico-operacional, especialmente para as questões como desastres. Maziero (2012), aponta que a aplicabilidade das precauções universais de isolamento de contato da equipe de enfermagem constatou que o envolvimento efetivo dos profissionais é de fundamental importância para a prevenção e controle das infecções hospitalares. Uma medida de grande valia nas ações de prevenção é a implantação de programa de prevenção permanente que contemple práticas seguras e proporcione uma assistência de qualidade. O exercício do bom senso aliado à conscientização, educação e treinamento favorecem uma cultura de biossegurança efetiva e incorporada aos preceitos de saúde, segurança e qualidade. Um profissional com formação nos princípios de biossegurança torna-se um agente transformador, multiplicador qualificado com experiência e habilidades condizentes com as demandas do mercado. Isso será de grande valia para prevenção de acidentes e consequentemente para a melhoria das condições ambientais no trabalho. Objetivando à segurança e exposição mínima aos riscos no ambiente de trabalho foram instituídas normativas relacionadas à equipamento de proteção individual e coletiva. O equipamento de proteção individual é todo aquele utilizado para proteção contra ameças-riscos à segurança e a saúde do trabalhador em seu ambiente de trabalho. Existem situações que pode ser utilizado mais de um equipamento com a mesma finalidade. Na 6ª Norma Regulamentadora do Trabalho encontramos as obrigações de competência do empregador e do empregado. Faz-se necessário a adesão dos profissionais ao uso de equipamentos (EPI ou EPC). Essa adesão se mantém efetiva quando atribuímos a finalidade/uso desses equipamentos à sua disponibilidade em que exercerão suas atividades. O profissional de saúde encontra-se constantemente exposto aos agentes biológicos, colocando em risco a sua integridade física, tendo visto os aparecimentos de novos riscos que afetam a saúde de âmbito mundial. Na prevenção e controle podemos mencionar objetivos à cerca de: Desenvolver a capacidade de identificar as situações de risco; Aplicar os conhecimentos de Biossegurança; Foco na ausência ou minimização de riscos; Aplicar conhecimentos de técnicas e dos equipamentos; Adotar medidas preventivas contra exposição do trabalhador, do laboratório e do meio ambiente à agentes potencialmente contaminados. Por fim, com a educação em biossegurança poderemos atingir os seguintes objetivos: Evitar acidentes; Evitar contrair doenças ocupacionais; Evitar contaminação entre trabalhadores; Evitar contaminação de pacientes; Evitar contaminação da área de trabalho. Nada mais efetivo como melhor prevenção: Informações e treinamento. Atividade Extra: Para saber mais sobre o conceito de Biosegurança assista ao vídeo sobre o assunto no Canal Sáude da Fiocruz, através do link: https://www.canalsaude.fiocruz.br/canal/videoAberto/biosseguranca E também indico o Manual de Biossegurança e Gerenciamento de Resíduos, elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O manual pode ser acessado através do link abaixo: http://portal.anvisa.gov.br/documents/4048533/4992156/Biosseguran%C3%A7a+e+Gerenciamento+de+residuos.pdf/b8bb3a6c-89ed-4b32-8b8b-235f2b7651bf Referência Bibliográfica: CARDOSO, T.A.O; COSTA, F.G; NAVARO, M.B.M.A. Biossegurança e desastres: conceitos, prevenção, saúde pública e manejo de cadáveres. Physis. 2012; 22 (4): 1523-1542. Centers for Disease Control and Prevention - CDC. Biosafety in microbiological and biomedical laboratories. 4a. ed. U.S. Department of Health and Human Services, Atlanta, 1999. 250p. COSTA, MAF. Construção do conhecimento em saúde: a situação do ensino de biossegurança em cursos de nível médio na Fundação Oswaldo Cruz [tese]. Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, 2005. Marra, G.C., Cardoso, TAO, Souza, L.H.. Biossegurança no Trabalho em Frigoríficos: da margem do lucro à margem da segurança. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2012/Jul). [Citado em 22/09/2020]. Está disponível em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/biosseguranca-no-trabalho-em-frigorificos-da-margem-do-lucro-a-margem-da-seguranca/10603?id=10603 MAZIERO, V.G.; VANNUCHI, M.T.O, VINTURI, D.W; HADDAD, M.C.L; TADA, C.N. Universal isolations precautions for patients at an academic hospital. Acta Paul Enferm. 2012; 25(2): 115-20. Organização Mundial de Saúde, International Food Safety Authorities Network. Biosecurity: An integrated approach to manage risk to human, animal and plant life and health. INFOSAN Information – Biosecurity, 2010. [acesso em 10 mar 2013]. Disponível em: http: //www.who.int/foodsafety/fs_management/No_01_Biosecurity_Mar10_en.pdf. TEIXEIRA P, Valle S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2010. p. 442. Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Medicina de Ribeirão Preto. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes [Internet]. [acesso em 8 mai 2012]. Disponível em: http://cipa.fmrp.usp.br/Html/MapaRisco.htm.01 (Instituto AOCP, 2018) O conceito de Biossegurança se refere: 02 (FCC, 2019) A biossegurança é uma área de conhecimento constituída pelo conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos visando à saúde do homem, dos animais, à preservação do meio ambiente e à qualidade dos resultados. Uma das ferramentas para identificação dos riscos é o mapa de risco, no qual o risco biológico é representado pela cor: 03 (CESGRANRIO, 2012) De acordo com a Lei no 8.974/1995, as normas de segurança e os mecanismos de fiscalização no uso das técnicas de engenharia genética na construção, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, liberação e descarte de organismos geneticamente modificados (OGM), visando a proteger a vida e a saúde do homem, dos animais e das plantas bem como o meio ambiente, constituem o campo de abrangência e de competência da