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Time Mindfulness - Cristina Benito

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PARA ANDRÉS E 
NOSSO MUNDO 
LIVRE DO TEMPO
Título original: Time Mindfulness: toma el control de tu tiempo y vive de forma más próspera y creativa
Copyright © 2020 by Cristina Benito
Direitos de tradução acordados por intermédio de Sandra Bruna Agencia Literaria, SL. Todos os
direitos reservados.
Direitos de edição da obra em língua portuguesa no Brasil adquiridos pela Agir, selo da E N
F P S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser
apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio,
seja eletrônico, de fotocópia, gravação etc., sem a permissão do detentor do copirraite.
E N F P S.A.
Rua Candelária, 60 — 7.º andar — Centro — 20091-020
Rio de Janeiro — RJ — Brasil 
Tel.: (21) 3882-8200
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B467t
Benito, Cristina
Time mindfulness: assuma o controle de seu tempo e viva de forma mais próspera e criativa /
Cristina Benito; tradução e apresentação por Edmundo Barreiros. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Agir,
2021.
216 p.
Formato: e-book, com 2.939KB
ISBN: 9786558371014
1. Aperfeiçoamento pessoal. I. Barreiros, Edmundo. II. Título.
CDD: 158.1
CDU: 130.1
André Queiroz – CRB-4/2242
SUMÁRIO
O QUE É TIME MINDFULNESS?
1 – F    
Seu cérebro e o tempo
O relógio de nossa vida
Por que o tempo é serenidade
Por que tempo é dinheiro
Por que o tempo é criatividade
Qual é seu cronoper�l?
Seu mapa de prioridades
A arte de envelhecer bem
2 – E 
O tracking de seu tempo
Os ladrões de tempo
O inimigo em casa
Do FOMO ao JOMO
O �m da procrastinação
Resolver, delegar ou eliminar
Viva simplesmente
Benefícios da vitamina “N”
3 – M  
A verdadeira produtividade
Transforme a tecnologia em sua aliada
A bússola dos biorritmos
Concentre-se e você vencerá
A pausa ativa
Novos hábitos para viver com Time Mindfulness
Sua agenda Time Mindfulness
Agora… faça
A 12   
B
A     (   
)
O QUE É TIME MINDFULNESS?
Em um de seus primeiros romances, A vida está em outro lugar, Milan
Kundera conta a história de um homem que sente estar sempre no lugar
errado. Apesar de não parar quieto, as coisas interessantes acontecem onde ele
não está. Não seriam justamente essas mudanças que fazem com que nenhum
lugar nem momento sejam adequados?
Quando você vive convencido de que a vida está em outro lugar, sem
perceber afasta o melhor da existência para longe de você a �m de con�rmar
que tem razão.
Algo parecido acontece com o tempo. Muitas pessoas vivem acreditando
que não têm tempo porque sua vida é uma sucessão de urgências, e as
obrigações e compromissos lhes roubam o dia inteiro. Outras podem estar
convencidas de que “certo tempo passado foi melhor” e têm saudade de uma
época que, talvez, no momento não souberam valorizar. Outras situam o
tempo de qualidade em um futuro hipotético, já que determinam condições
para poder desfrutar da vida: quando me aposentar, quando tiver dinheiro,
quando conseguir me organizar melhor (com certeza, este livro vai servir para
esta última).
Seja como for, assim como acontece com o protagonista de Kundera, se
o tempo ideal nunca é aquele em que se vive, seu tempo para viver está sempre
em outro lugar. E isso equivale dizer que o tempo presente não tem valor.
Enquanto você vagar pela nostalgia ou pelo desejo por aquilo que acredita não
ter, sua existência será uma triste sala de espera.
NO MEIO DA TEMPESTADE
Meu marido, o escritor Andrés Pascual, diz em suas palestras que o tempo
adequado, o momento de paz para fazer alguma coisa, não chegará nunca. É
preciso estar disposto a erguer nosso sonho desde o caos, a trabalhar no meio
da tempestade se necessário.
Todos os “quando…”, porém, mais especialmente o “quando tiver
tempo…”, mascaram nossos medos e nos condenam ao inferno da
procrastinação. Essa palavra tão feia está de�nida no dicionário como “o hábito
de atrasar o que devemos fazer, substituindo isso por atividades mais
irrelevantes”.
Enquanto acreditamos não ter tempo para viver a existência que
desejamos, desperdiçamos milhares de segundos, horas, dias inteiros surfando
entediados pelas redes sociais ou assistindo à televisão, entre tantas outras coisas
que fazemos por inércia. Deixamos nossas prioridades em stand-by e, além
dessas distrações automáticas, comparecemos a reuniões inúteis ou aceitamos
marcar compromissos que não nos acrescentam nada.
Por que, então, achamos que nos falta tempo quando deixamos que a
vida passe tão despreocupadamente? Com que solução contamos para tantas
“fugas” que perfuram nossas agendas como uma peneira, até nos deixarem sem
um momento de qualidade para nós mesmos?
ACABE COM O STAND-BY
Com este livro, você vai aprender a dar protagonismo às suas prioridades,
eliminando os “ladrões de tempo” que estão sempre à espreita e desativando as
desculpas que o levam a adiar o que deveria estar fazendo.
Para isso, além das técnicas que apresentarei neste manual, você terá de
fazer algo simples que custa muito para grande parte da humanidade: tomar
consciência.
O Time Mindfulness (TM) consiste exatamente nisso, ser consciente do
tempo, o que implica:
Decidir que fração de sua jornada (ou, pelo menos, de seu tempo livre)
você quer dedicar às coisas verdadeiramente importantes.
Deter as “fugas” por meio das quais as horas escapam inutilmente,
esvaziando seu depósito de tempo disponível.
Organizar sua agenda não de acordo com o que as outras pessoas exigem
de você, mas de acordo com suas prioridades.
Eliminar a procrastinação de seu dia a dia.
Tirar períodos de descanso que, além de recarregar as baterias do bom
humor, sejam verdadeiros oásis de criatividade.
Aprender a multiplicar o valor de cada hora, evitando a dispersão e
incorporando técnicas que aumentarão seu rendimento.
Você vai encontrar tudo isso neste programa pioneiro de TM, que está
alicerçado em uma verdade muitas vezes negada: seu tempo é seu. Talvez você
venda parte dele em troca de um salário, e também falaremos disso, mas o
restante não pertence a ninguém, só a você.
Considerando que o tempo são os trilhos pelos quais circula o trem de
nossa vida, vamos aprender a aproveitar a viagem.
Ao tomar consciência de seu tempo, você começará a dar a ele o valor
que merece. Cada hora do seu dia será preciosa porque, como cantavam os
Rolling Stones em 1964: “O tempo está do seu lado.”
Tenho certeza de que as horas dedicadas a ler este livro serão um
investimento bastante rentável, já que, muito em breve, no lugar de ir contra o
relógio, você vai fazer do relógio — e de sua agenda — seu melhor aliado para
viver a vida que deseja.
Cristina Benito
SEU CÉREBRO E O TEMPO
O RELÓGIO INTERIOR MARCA AS EXPERIÊNCIAS
Dizem que, se você quiser deixar um físico nervoso, basta perguntar a ele o
que é o tempo. Para Newton, o tempo era uma magnitude física e objetiva,
algo que se move e �ui sempre adiante, como se fosse um grande relógio
cósmico. Para Einstein, era subjetivo, pois depende da velocidade com que nos
movemos pelo espaço. Segundo o gênio alemão, o tempo �ui inclusive de
forma pessoal:
“Sente-se em uma placa quente por um minuto e vai parecer uma hora.
Sente-se ao lado de uma garota bonita por uma hora e vai parecer um minuto:
aí está a teoria da relatividade.”
Para a física quântica, todas as possibilidades convivem em um mesmo
instante.
Mais importante do que de�nir o que é tempo é decidir o que fazemos
com ele. O tempo é um presente que nos foi dado, devemos estar à sua altura e
aproveitá-lo como ele merece para a�orar nosso melhor.
KRONOS E KAIRÓS
Na Grécia Antiga se usavam duas palavras para de�nir o tempo: kronos e kairós.
A primeira se referia ao tempo mensurável, entendido como uma sequência
quantitativa. Por isso, utilizamos essa raiz para “cronômetro”, “cronologia” e
outros termos que medem a quantidade de tempo.
O acerto dos gregos foi criar maisuma palavra, kairós, que se referia à
qualidade do tempo. Eles sabiam que nós, seres humanos, temos a capacidade e
a responsabilidade de dar a cada instante a máxima qualidade.
Como diz o escritor e palestrante Álex Rovira, um beijo dura poucos
segundos, mas pode marcar uma vida, assim como um abraço, uma palavra
amável ou um gesto de entrega. Kairós equivale a estar neste exato momento,
sentir-se em sintonia com o mundo, alinhado para fazer qualquer coisa a que
se proponha. É alcançar a plenitude aqui e agora.
Mas, para isso, é preciso saber viver no presente.
Muitas vezes o passado nos impede de avançar. Se foi triste, pelo pesar ou
pela raiva que sentimos; se foi belo, pela nostalgia. O mesmo acontece com o
futuro. Nos preocupamos com coisas terríveis que ainda não aconteceram e
nos desesperamos porque esse futuro idílico que desejamos não chega. Em
ambos os casos, nós nos bloqueamos e não agimos para que o presente seja
melhor.
Não conseguimos aproveitar o que acontece neste exato — e maravilhoso
— momento.
Como a�rma o zen, o passado não existe, tudo o que aconteceu trouxe
você a este momento em que está agora. O futuro também não existe, será
você mesmo a construí-lo com seus atos no presente, aproveitando seu tempo
de forma apropriada.
VIVER SEM TEMPO
Os amondawa, um povo da Amazônia brasileira com o qual se estabeleceu
contato pela primeira vez em 1986, não têm o conceito de tempo.
O professor Chris Sinha, da Universidade de Portsmouth, que
conviveu com eles e estudou sua língua, explica que eles não consideram o
tempo como algo que se pode medir ou contar, nem sobre o qual falar de
maneira abstrata.
Eles não têm palavras nem para o tempo nem para suas divisões ou
medidas como dia, mês ou ano. Tampouco para a próxima semana nem
para o ano passado. Só para as divisões entre dia e noite e as estações
chuvosas e secas. Eles não contam nem sua própria idade. Têm nomes
diferentes para as fases de sua vida ou de acordo com o status que vão
adquirindo na tribo. Por exemplo, um menino pequeno cede seu nome a
seu irmão recém-nascido e recebe um novo.
Segundo Sinha, nós pensamos no tempo como uma coisa. Dizemos “o
�m de semana voou”, “as provas estão chegando”, “não tenho tempo”… E
acreditamos que essas declarações são objetivas, quando não passam de
metáforas que criamos e que, sem percebermos, terminaram se convertendo
em nossa forma de pensar, nos roubando a liberdade da qual ainda
desfrutam os amondawas.
NOSSO RELÓGIO DE EXPERIÊNCIAS
Há cinco anos, um grupo de cientistas da Universidade Norueguesa de Ciência
e Tecnologia recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina por ter
descoberto nosso GPS cerebral; ou, dizendo de uma forma mais técnica, um
conjunto de células que habita o córtex entorrinal médio e forma um sistema
de coordenadas que nos permite entender qual é nossa situação no espaço.
Graças ao trabalho dessas células, entendo o “onde”. Mas e em relação ao
“quando”, devem ter se perguntado os médicos escandinavos. Como eu sei em
que momento me encontro, se se passou uma hora, um ano, muito ou pouco
tempo desde este ou aquele acontecimento? Como tinham descoberto um
sistema neuronal para ordenar o espaço, eles continuaram a investigar até
encontrar o que mede o tempo, que sem dúvida está localizado muito perto do
anterior, no córtex entorrinal lateral.
Como tantas vezes acontece na ciência, e na vida em geral, o que no
início parecia um fracasso, os levou ao sucesso do experimento. Quando
estavam a ponto de desistir porque o comportamento das células estudadas não
respondia a padrões �xos — na verdade era um verdadeiro caos —, eles
perceberam que isso acontecia porque o tempo varia a cada instante e para
cada pessoa.
Como diz o pesquisador: “A rede neuronal mede um tempo subjetivo
derivado do �uxo contínuo da experiência.” Isso é, trata-se de um relógio
especial que registra o tempo associado a cada uma das experiências que
vivemos. Por isso, dependendo de qual seja nosso estado mental e nossas
circunstâncias, temos a sensação de que o tempo passa mais rápido ou mais
devagar, como no exemplo apresentado por Einstein.
Essa tese cientí�ca não se diferencia muito do que propunham os grandes
�lósofos: “Não meça o tempo em horas ou dias, meça-o em ações e satisfação.”
Esses são os únicos ponteiros que têm verdadeiramente importância em sua
vida e que terão efeitos na dos outros.
OS MINUTOS DIVERTIDOS DURAM MENOS
O pesquisador Hudson Hoagland descobriu, graças a uma gripe da qual sofria
sua esposa, que a febre alta afeta nossa noção de tempo. Enquanto estava
doente, os minutos que ele passava fora de casa pareciam longuíssimos, e não
só porque ela sentia falta dele. Vários estudos con�rmaram que, quando a
temperatura corporal sobe, nosso cérebro tem a percepção de que se passou
mais tempo do que objetivamente se passou.
Emoções fortes também podem distorcer a percepção do tempo. Como
podem dizer os participantes de um experimento do conhecido divulgador
cientí�co David Eagleman: para pessoas corajosas que saltaram de uma altura
de 15 andares em uma rede, os três segundos que duraram a queda pareceram
nove. Ou as pessoas que sofrem um acidente e acreditam ver tudo em câmera
lenta. A amígdala cerebral intervém diante de situações de medo ou pânico,
alterando nosso relógio interno.
Se estamos atrasados para o trabalho, os mesmos cinco minutos que
passamos todo dia na plataforma do metrô parecerão uma hora. A espera de
resultados médicos se torna eterna, enquanto as tardes em que desfrutamos da
companhia de nossas amigas e suas con�dências voam.
As expectativas também in�uem em nossa percepção do tempo. Se acha
que não, pense no efeito da “viagem de volta”. “Quanto falta?”: certamente
essa pergunta lhe parece mais habitual nas viagens de ida, que sempre parecem
mais longas, embora tenham os mesmos quilômetros que as de volta.
Como explica o psicólogo Niels van de Ven, as viagens novas geram
nervosismo e certa ansiedade devido às expectativas depositadas sobre elas, que
ativam nosso sistema nervoso simpático, fazendo com que percebamos o
tempo de forma mais dilatada. É o contrário do que acontece no retorno.
Nossa expectativa é “vai durar muito tempo outra vez”, e paradoxalmente o
caminho nos parece mais curto.
Que efeitos práticos podemos extrair de tudo isso? Nada mais nada
menos que uma certeza: nosso cérebro tem controle sobre como experimentamos o
tempo.
Como veremos ao longo deste livro, se conseguirmos vencer o estresse e
as inércias vazias, deixaremos de ser escravos do relógio para nos convertermos
em donos de nosso tempo.
MINDFULNESS PARA UMA VIDA LONGA E PLENA
Quando olhamos para trás em nossas vidas, apesar de os minutos desfrutados e
bem aproveitados parecerem curtíssimos por estarmos nos sentindo bem, são
esses momentos que dão sentido a nossa existência.
Podemos completar, então, o título da parte anterior dizendo que os
minutos divertidos duram menos, mas prolongam a vida. Porque, se nos
deixamos levar pela rotina, o dia a dia se tornará tediosamente eterno e, de
forma paradoxal, nos deixará a sensação de que a vida passa sem percebermos.
Sensação essa que nos leva a um estado de apatia que é totalmente contrário ao
TM.
A ciência demonstrou que o mindfulness — cultivar a atenção plena e
estar concentrado no aqui e agora —, entre outros muitos benefícios, traz
serenidade e melhora a memória. Nossos cérebros armazenam mais
informação sobre os eventos que vivemos, sejam grandes ou pequenos, e isso
nos faz perceber a passagem do tempo de forma mais pausada.
Ao contrário, estar distraídos na rotina cria a sensação desagradável de
que o tempo está voando e estamos, literalmente, jogando nossa vida no lixo.
VIVA AS COISAS COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ
Maximilian Kiener, um designer austríaco de quem recomendo o projeto
precioso Why Time Flies [Por que o tempo voa], que você pode experimentar
gratuitamente em sua página na internet, explica a percepção do tempo a
partir das teorias do �lósofo francês Paul Janet.
Em seu primeiro ano de vida, umacriança está constantemente
recebendo novos estímulos, descobrindo e experimentando. Para ela, um ano,
ou mesmo um mês, é quase uma eternidade.
Da mesma forma, a primeira semana de uma longa viagem a um país
desconhecido, na qual recebemos uma grande quantidade de novas
informações, vai nos parecer muito mais longa que as seguintes. Isso explica
por que quando você volta a um lugar que foi especial em sua infância, ele lhe
parece menor, pois esse lugar foi seguido por muitos outros e, além disso, você
não o está descobrindo pela primeira vez.
Na infância vivemos o presente com plenitude, considerando que tudo é
novo para nós. Mas, à medida que envelhecemos, nossas vidas se enchem de
atividades repetitivas, começamos a viver presos ao passado ou nos projetando
no futuro… e o presente nos escapa.
Sendo assim, pode-se dizer que o TM é coisa de crianças. Que essa
de�nição seja bem-vinda! Vamos recuperar a capacidade de perceber cada
minuto da vida como uma eternidade cheia de possibilidades.
COMO FAZER SEU DIA DURAR MAIS TEMPO
orin Klosowski, especialista em tecnologia aplicada ao bem-estar, diz: “É
surpreendente a quantidade de experiências novas que se apresentam ao longo
do dia quando prestamos um pouco de atenção.”
Ele estabeleceu como objetivo de ano novo fazer uma coisa nova a cada
semana que o tirasse do piloto automático: ir a uma conferência, assumir a
palavra em um evento, escrever sobre coisas que tinha medo de enfrentar…
É sabido que a zona de conforto é mais uma prisão que um refúgio. Nós
nos atemos ao que é conhecido, reduzimos nossas “primeiras vezes”, e o tempo
avança em disparada.
Ao dizer sim às novas experiências, além de crescer como pessoas,
acumulamos novas memórias que mudam a percepção subjetiva do tempo. Ao
exprimir nossos dias, semanas ou meses, eles parecem durar mais,
enriquecendo nosso kairós. Em vez de se angustiar com a passagem inevitável
do tempo, o cérebro se dispõe a aproveitar ao máximo cada experiência.
Para fechar este capítulo, proponho uma série de truques com os quais
você pode enganar sua mente para que seus dias pareçam tão longos quanto
são para as crianças.
D      . Quando você visita um
ambiente novo — e não é preciso ir para outro continente —, seu
cérebro absorve grande quantidade de novas informações por meio dos
cinco sentidos. Curiosamente, isso faz com que o tempo seja percebido de
forma mais pausada, gerando uma sensação de relaxamento.
C  . Variar os relacionamentos pessoais também
ativa seu cérebro e atrasa o relógio. Cada novo contato chega com
histórias diferentes, assim como tem uma visão diferente do mundo que
enriquecerá a sua.
M  . Se você é autônomo, experimente trabalhar de
vez em quando em escritórios improvisados como um café ou um
parque. Pratique isso também com as atividades de seu tempo ocioso que
exigem estar sentado a uma mesa ou sofá, como ler ou aprender um
idioma.
A  . Esta ideia resume todas as anteriores. A
vontade de saber mais, de aprender, seja pro�ssionalmente ou em
qualquer disciplina vital, é a característica principal das crianças e a
virtude que estica seus dias como elástico. Dê a seu tempo a qualidade que
ele merece!
UM POUCO DE SÍNTESE
Mais importante que a quantidade de tempo é sua qualidade.
Os minutos de felicidade parecem durar menos, mas persistem por
muito tempo na memória e dão sentido à vida.
Cultivar a atenção plena prolonga o tempo, porque o vivenciamos mais
lentamente e com maior profundidade.
Experimentar o mundo com os olhos de criança quase nos leva à
eternidade.
O RELÓGIO DE NOSSA VIDA
NÃO SE PODE MEDIR TUDO
Quando ganhei meu primeiro relógio de pulso, me achei maior e importante,
com ocupações e coisas para fazer. Ele tinha uma pulseira de couro marrom e
um mostrador pequeno cor creme com o 12, o três, o seis e o nove marcados.
Para minha primeira comunhão, me deram um relógio digital Casio. Também
me lembro do relógio de ouro que deram a minha tia Angelines quando ela se
aposentou. Por outro lado, a primeira coisa que minha mãe fazia quando
íamos para a casa no interior onde passávamos os verões era tirar seu relógio de
pulso e guardá-lo em um vaso de cerâmica.
Nós nos acostumamos a ver a hora constantemente e quase sempre para
conferir o tempo que nos resta: para terminar alguma coisa, para chegar a
algum lugar… Embora hoje em dia muita gente use o celular para consultar a
hora, vivemos ligados a um relógio como a ampulheta que foi entregue pela
Bruxa Malvada do Oeste para Dorothy em O mágico de Oz, anunciando sua
última hora de vida.
Como não vamos viver angustiados pela falta de tempo?
Queiramos ou não, o relógio — esteja onde estiver — condiciona nossa
vida. E no que se refere à gestão do tempo, assim como nossa mente, ele pode
ser um aliado ou um inimigo terrível.
QUANDO ERA POSSÍVEL SENTIR O CHEIRO DO TEMPO
O primeiro sistema para medir o tempo, há cinco ou seis mil anos, nos ajudou
a nos organizarmos. Tínhamos deixado de ser nômades e precisávamos
organizar a sociedade e convocar as reuniões de vizinhos da época. Desde
então, utilizamos os métodos mais variados para controlar o tempo.
Os egípcios colocavam obeliscos para medir o meio-dia. Mais tarde
criaram os relógios de sol, que já marcavam as horas, mas apresentavam muitos
inconvenientes: não funcionavam à noite nem em dias nublados, e a duração
das horas variava de acordo com a época do ano.
Na Grécia e em Roma, para medir a duração das guardas e dos turnos de
intervenções nos tribunais, utilizava-se um cronômetro de água chamado
clepsidra, que se traduz como “ladrão de tempo”.
Na China e no Japão, era possível sentir o cheiro do tempo: as barras de
incenso marcavam a duração da visita de uma gueixa ou da meditação no
templo. Algumas delas tinham até alarme: prendia-se a elas uma campainha
para que tocasse quando o período de tempo estabelecido se consumasse.
Assim, o tempo também começava a ser escutado.
Os primeiros relógios mecânicos foram instalados nos mosteiros durante
a idade média. Ainda sem ponteiros ou mostradores, consistiam de um sistema
de pesos, molas e campainhas que indicavam as horas. Até então, durante as
vigílias, se usavam velas nas quais se faziam marcas, mas o ora et labora exigia
uma hora mais precisa para não se sobrepor às matinas ou às laudes, vésperas
ou completas.
Também foram úteis para mercadores e artesãos para organizar seus
horários comerciais, e por isso precisavam ser grandes e estar bem no alto.
E, �nalmente, acrescentaram ponteiros aos relógios. Os pêndulos �caram
mais ágeis e surgiu o ponteiro dos minutos. Daí em diante, com a Revolução
Industrial, chegou a produção em massa; as pessoas podiam ter em casa um
artefato que marcava as horas. Esse podia ser de mesa, de bolso… e de pulso,
como o que minha mãe botava no vaso.
No início, porém, é possível pensar que o uso que se fazia dos relógios
pessoais era mais inteligente do que hoje é habitual. Sabemos por crônicas da
época que os primeiros usuários se retiravam para uma sala para ver a hora,
pois não era bem visto fazer isso. Ainda hoje, o protocolo diz que é melhor ir a
cerimônias sem relógio. Deixe-o em casa e aproveite o evento, diria um bom
an�trião.
Atualmente, os relógios analógicos parecem ter seus dias contados. Nas
escolas britânicas, eles já estão sendo substituídos por digitais porque, nas
provas, as crianças não param de perguntar quanto tempo lhes resta para
terminar, já que não entendem o objeto que está preso à parede.
Chegou a hora de ensinar, nessas escolas e em todas as outras, a fazer
amizade com o tempo para viver de forma mais próspera, serena e criativa. Há
milênios observávamos o movimento dos planetas e dos astros no céu para
medi-lo. Mas sabe o que pensam as estrelas? O quanto nós somos fugazes.
CASIO: CINCO VALORES PARA ALCANÇAR O SUCESSO
Essa empresa japonesa criou o primeiro relógio digital nos anos 1970. Aos
poucos, incorporaram luz, alarme, cronômetro…Os relógios inteligentes
atuais oferecem muito mais, no entanto, a história do sucesso da Casio, uma
empresa de calculadoras que soube diversi�car, sempre será considerada um
exemplo a ser seguido.
Estes são os cinco valores que a inspiraram, todos eles presentes na
cultura japonesa:
C. Para estar sempre na hora certa, é preciso investir
esforço. Entregue-se a seus projetos com a mesma fé e determinação que os
japoneses demonstraram depois da Segunda Guerra Mundial, e o “milagre”
vai acontecer sozinho.
R. Volte a se levantar depois de cada queda. A exigência, a
responsabilidade e a superação pessoal são ensinadas aos japoneses. O
mesmo que demonstram os relógios Casio, cujos materiais resistem quando
mergulhados em água, ao levar pancadas e, também, à passagem do tempo.
F. Assim como o junco japonês, além de resistência, é
preciso ter �exibilidade. Os japoneses se adaptam, são respeitosos, evitam
causar problemas ou participar de debates que perturbam a boa convivência.
A Casio foi bem-sucedida porque criou relógios que se adaptam a todo tipo
de clientes e de situações.
T. A aposta na inovação foi o elemento-chave para a
recuperação econômica do país e para o sucesso de suas empresas.
D. O estilo japonês é caracterizado por combinar elementos
tradicionais com outros mais vanguardistas. E esta hibridização também
pode ser aplicada a nossa vida, misturando a sabedoria tradicional com as
novas tendências.
RELÓGIOS PARADOS ESTÃO CERTOS DUAS VEZES AO DIA
Embora nem todos os países tenham entrado em acordo sobre a medição do
peso ou da distância, há unanimidade em referência ao tempo. Durante o dia,
a Terra faz uma rotação completa sobre seu eixo. Um mês, 29 dias e meio, é
um ciclo completo da lua. E um pouco mais de 364 dias é a duração da viagem
da Terra pela sua órbita ao redor do Sol. Como a cada ano sobram umas seis
horas, a cada quatro temos um ano bissexto.
O que não está tão claro é o porquê das 24 horas. Parece que os egípcios
herdaram o sistema duodecimal dos sumérios, que usavam o dedo polegar para
contar as falanges dos outros quatro dedos: três em cada dedo, 12 em cada
mão, 24 horas no total.
Foram os astrônomos gregos que, seguindo o sistema hexadecimal,
dividiram as horas em sessenta minutos, e estes em sessenta segundos. Talvez
por se tratar de um número que facilita muito os cálculos por ser divisível por
2, 3, 6, 10, 12, 15, 20 e 30.
Todos os relógios do mundo se ajustam segundo um tempo-padrão de
referência universal (UTC) baseado em relógios atômicos extremamente
precisos, e além disso sempre contando com a referência solar. Na verdade, a
velocidade de rotação da Terra apresenta perturbações que devem ser
compensadas de vez em quando acrescentando-se algum segundo adicional ou
ano bissexto para manter os relógios em sintonia (desde 1972, quando
começamos a contar com a referência do UTC, isso ocorreu 27 vezes). Se não
acrescentássemos esses segundos, no ano 2100 estaríamos entre dois e três
minutos fora de sintonia com a posição do sol.
Não há problema se é necessário fazer correções. Como diz Woody
Allen: “Todos nos equivocamos, mas até um relógio parado acerta duas vezes
por dia.”
TUDO O QUE VOCÊ PODE FAZER EM UM MINUTO
Ao ler sobre essa diferença de minutos, talvez você tenha pensado: “Não é
grande coisa.” Mas já parou alguma vez para re�etir sobre todas as coisas
maravilhosas que podem ser feitas em um minuto?
Lembrar a uma pessoa o quanto você gosta dela.
Fazer respirações de ioga para se sentir melhor.
Saborear uma taça de Rioja (o vinho da minha terra).
Ter uma grande ideia ou, pelo menos, um pensamento positivo.
Dar em um amigo o abraço de que ele precisa.
Ganhar um minuto inteiro de beijos de suas sobrinhas.
Mandar uma mensagem por WhatsApp pedindo desculpas por algo que
não tenha feito certo.
Mandar outra para agradecer.
Não despreze nenhum dos minutos do relógio. Todos eles são igualmente
importantes. Lembre-se sempre de que, quando você dedica um minuto a uma
coisa, deixa de dedicá-lo a outra. E esse minuto nunca voltará.
Isso é Time Mindfulness.
KALPA, A MAIOR MEDIDA DE TEMPO CONHECIDA
Um kalpa dura tanto (4,32 bilhões de anos para o hinduísmo, 1,28 bilhão
para o budismo) que, quando Buda queria descrevê-lo para seus discípulos,
precisava recorrer a analogias.
1. Imagine uma montanha de sementes de mostarda diminutas. Um kalpa
seria o tempo que ela levaria para se esgotar se um ser celestial descesse
uma vez a cada três anos para levar uma dessas sementes.
2. Imagine uma montanha de dez quilômetros cúbicos. Um kalpa seria o
tempo que ela levaria para desaparecer se um ser celestial roçasse nela
com a ponta da manga de seu traje de seda uma vez a cada três anos.
3. Imagine a água de todos os oceanos. Um kalpa seria o tempo que levaria
para secá-la se um ser celestial descesse uma vez a cada três anos para
molhar um pincel.
Essa forma oriental de entender o tempo como algo efetivamente
in�nito contrasta com a forma mais generalizada do Ocidente, onde somos
obcecados por preencher os dias, as horas e os minutos.
TODOS OS BRANCOS TÊM UM RELÓGIO, MAS NENHUM TEM
TEMPO
Em 2015, meu marido publicou um livro de crescimento pessoal chamado A
viagem de sua vida, um diário de bordo das dez viagens que mais nos
marcaram após mais de duas décadas percorrendo o mundo juntos. A escala na
Etiópia tinha o título de “Tire seu relógio e recupere seu tempo”.
Foi nesse país tão desconhecido quanto fascinante, por volta de 2002,
que nós dois vislumbramos pela primeira vez a necessidade de nos libertarmos
da tirania do relógio.
Nesse capítulo ele contava como o chefe de uma tribo hamer, com a qual
tínhamos passado a noite, nos convidou a participar de uma festa tradicional
que seria celebrada no dia seguinte. Eu me lembro que pegamos uma pasta
com nosso plano de viagem escrito à caneta e explicamos a ele que sentíamos
muito, mas tínhamos de seguir em frente. O ancião nos olhou �xamente e
sentenciou:
— Todos os brancos têm um relógio, mas nenhum tem tempo.
Saímos da cabana pensando sobre essa frase. Ele tinha razão. Os
ocidentais se empenham em estimar o tempo em segmentos cada vez menores;
séculos, anos, dias, horas, minutos, segundos… e nós nos obrigamos a
preenchê-los e a seguir seu ritmo. Acreditamos que o tempo tem existência em
si mesmo, que esses ponteiros estão aí desde o princípio da eternidade e que os
seres humanos estão condenados a viver no ritmo determinado para nós.
O sol tinha começado a cair, mas ainda fazia calor. Amanhecer,
entardecer… Compreendemos que esse era o único relógio dos membros
daquela tribo. Para eles, a vida se dividia em momentos marcados pelos fatos
que realmente ocorriam. O tempo só existia quando eles faziam com que
existisse. Cada um marcava o ritmo a �m de agir mais, viver mais.
Naquela tribo não diziam “há dois anos” ou “há dez anos”; diziam:
“Quando este guerreiro passou pelo ritual do salto dos bois”, ou “quando nós
todos abrimos o poço em plena seca”. Por isso respeitavam tanto os anciãos,
porque tinham vivido mais coisas que os jovens (ao contrário do que nós
diríamos: falta tempo para os velhos!).
Voltamos à cabana para dizer ao ancião que íamos �car para o dia
seguinte e todos os que fossem necessários. Então notamos que o enfeite que
ele usava na testa, pendurado de uma faixa que envolvia sua cabeça, era meia
pulseira metálica de um relógio. Alguém o havia presenteado e ele tinha
arrancado o relógio — que desde então devia estar no fundo do rio Omo — e
colocado alguns elos de aço inoxidável de enfeite.
Não vou recomendar que você jogue seu relógio no lixo, mas, ao longo
dos próximos capítulos, vou lhe dar algumas sugestões de como usá-lo
corretamente e recuperar seu tempo.
UM POUCO DE SÍNTESE
Um relógio pode ser um dispositivo muito útil ou um instrumento que
nos acorrenta.
Antigamente, a etiqueta dizia que para ver a hora era melhor ir à outra
sala, um bom hábitoque devíamos recuperar.
Não se deve desperdiçar nem um minuto sequer, porque esse é um
tempo que pode ser empregado de forma maravilhosa.
Melhor do que ter um relógio de ouro e brilhantes é ter tempo.
POR QUE O TEMPO É SERENIDADE
VISTA-ME DEVAGAR PORQUE TENHO PRESSA
O tempo são os trilhos pelos quais circula o trem de nossa vida. Se os trilhos
estão cuidados e o traçado está bem pensado, nossos dias �uirão com leveza,
quase como se não tocássemos o chão.
Se deixamos de cuidar dos trilhos, permitindo que enferrujem, ou os
enchemos de bifurcações e cruzamentos, nosso trem não vai chegar a lugar
nenhum, e é possível até que ele descarrilhe ou se choque contra outros trens.
Algo semelhante acontece com as pessoas que não têm nenhum controle
sobre sua agenda.
Elas enchem suas jornadas de caos, o que acaba prejudicando os outros, e
estão sempre contra o relógio. Elas ocultam as obrigações e vão correndo de
uma urgência para outra; às vezes dedicam muito tempo a atividades
secundárias, e aí �cam faltando horas para fazer o essencial.
Esgotadas, essas pessoas vivem navegando pela desordem e reclamam de
não conseguir lidar com tudo. A vida as supera.
Tudo isso tem remédio se aplicarmos o TM, mas, antes de explicar no
que ele consiste, vamos ver o que acontece quando nos dedicamos a viver sem
tomar o controle de nosso tempo.
A VIDA SEM TIME MINDFULNESS
Administrar mal o tempo di�culta nossa vida e a enche de caos e irritação. O
que se traduz em um estado permanente de tensão e transitoriedade que acaba
minando os nervos e a própria saúde do corpo.
Por trás de muitos quadros de estresse crônico, transtornos de ansiedade e
doenças relacionadas, como úlceras ou problemas cardiovasculares, há uma
péssima gestão do tempo que nos obriga a estar em alerta permanentemente e
produz uma sensação de esgotamento.
O fato de não saber organizar nosso tempo leva a:
S      . A pessoa sem TM está em
uma corrida de obstáculos constante, porque a desorganização faz com
que precise buscar soluções de última hora, que em geral não são as
melhores. Isso implica um gasto maior de energia e, frequentemente,
também econômico, como veremos no próximo capítulo.
I  . Se não temos controle sobre nosso tempo, isso
promove o estresse de ter de decidir tudo em movimento. Por exemplo,
por não ter reservado a tempo o restaurante apropriado para um jantar
importante, você terá que se conformar com opções piores, e além disso
precisará investir um tempo extra nessa busca de última hora.
C  (    ). A falta de TM faz
com que ponhamos mais coisas na agenda do que podemos fazer, o que
resulta em angústia. Isso quando não nos esquecemos diretamente dos
compromissos marcados. Em consequência, chegamos tarde em todos os
lugares ou temos de cancelar compromissos, o que é um problema para os
outros e para a própria pessoa, já que será necessário procurar um novo
espaço na agenda, o que signi�ca novamente investir mais tempo.
S   . Todo mundo passou por isso, pelo
menos, uma vez em seus tempos de estudante. Apesar de ter boas
intenções, a hora de estudo vai sendo adiada e, no �m, você se vê na noite
da véspera da prova diante de uma pilha de anotações e com os nervos à
�or da pele. Os resultados não costumam ser os melhores — com sorte,
você salva a situação com uma nota mínima para aprovação —, e a
maratona de última hora cobra o preço sobre o corpo. Especialmente na
maturidade, roubar horas de sono por culpa de nossa desorganização
pode ser fatal.
UM SUICÍDIO BIOLÓGICO
Carlos Egea, pneumologista do hospital Vithas San José de Vitória, membro
da Sociedade Espanhola do Sono, a�rma que dormir menos de seis horas
por dia é um suicídio biológico. “Roubar” horas de descanso para fazer o
que devíamos ter feito enquanto estávamos acordados é um negócio
extremamente perigoso já que, segundo esse respeitado médico, “dormir
menos de seis horas aumenta em 30% o risco coronariano”. Além de botar
em perigo a vida — muitos acidentes de trânsito têm sua origem em um
microssono causado pela falta de descanso —, a privação de sono afeta a
concentração no trabalho, o que multiplica os erros, e os órgãos perdem a
capacidade de recuperação.
A VIDA COM TIME MINDFULNESS
Einstein dizia que “a única razão para o tempo existir é para que não aconteça
tudo simultaneamente”. E certamente essa é a �nalidade do uso inteligente do
relógio: em vez de correr como condenados, sentindo que o mundo está
caindo sobre nossas cabeças, podermos aproveitar a paisagem do trem.
A boa gestão do tempo, quando seguimos nossas prioridades e fazemos
uma coisa depois da outra, traz a serenidade de forma natural. Ela nos dá uma
sensação agradável de controle sobre nossa própria existência.
Ao contrário da aceleração, do multitasking e de seguir fazendo reparos,
seria um estilo de vida que poderia se desenvolver assim:
Acorde um pouco antes do necessário, com tempo su�ciente para não
começar o dia correndo.
Depois de seu ritual matinal — exercício, meditação, um pouco de leitura
—, disponha de tempo para tomar café da manhã com calma, planejando
os principais objetivos do dia.
Vá para a rua com tempo su�ciente para não ter de se apressar. Você pode
se permitir fazer parte do caminho a pé e prestar atenção ao mundo que o
rodeia. Não se desgaste atualizando suas redes sociais pelo caminho.
Quando estiver no local de trabalho, concentre-se em seu serviço, sem
outras distrações, para �uir com o que faz e estar com as tarefas em dia.
Assim você evitará sair mais tarde.
Aproveite o horário de almoço para conversar com os amigos ou atualizar
suas redes, se necessário.
Dedique a tarde — ou o tempo livre do dia — para fazer o que
realmente lhe apetece, sem compromissos desnecessários. Se estiver com
um amigo, é porque esse encontro realmente lhe agrada.
Em lugar de se anestesiar uma noite após a outra com séries ou em frente
à TV, aproveite seu tempo para cozinhar, conversar com a família e
repassar os acontecimentos do dia.
Tome nota do que você fez durante o dia e o que pode fazer melhor no
dia seguinte.
Um pouco de leitura em papel, ou outra atividade relaxante, será uma
boa maneira de preparar seu corpo para o sono.
Durma as horas necessárias — nunca menos de sete ou oito — para
poder enfrentar a manhã seguinte com energia e o foco concentrado nos
objetivos.
Para poder viver com esse tipo de serenidade, é preciso aprender a extrair
o sumo de cada momento. Na segunda e na terceira partes deste livro,
abordaremos técnicas e truques para conseguir fazer isso.
O HOMEM TRANQUILO
O grande mestre da serenidade Ramana Maharshi era também um verdadeiro
especialista na administração do tempo.
Conta-se desse guru indiano do século passado que ele emanava tamanha
tranquilidade e paz que, diante de sua presença, seus visitantes também
entravam em um estado de profunda meditação e calma. A ele se atribui a
frase: “É preciso que mostrem a você o caminho dentro de sua própria casa?”
Seu discípulo e biógrafo Arthur Osborne, ao falar dos hábitos cotidianos
desse sábio, faz alusão ao respeito que ele tinha por seu tempo e pelo das outras
pessoas:
Bhagavan Sri Ramana foi meticulosamente exato, muito atento, prático e
de ótimo humor. Sua vida diária foi conduzida com uma pontualidade que
os indianos de hoje teriam de chamar de puramente ocidental. Ele foi
preciso e organizado em tudo. A sala do ashram era varrida várias vezes por
dia. Os livros estavam sempre no lugar. Os tecidos que cobriam o sofá
estavam meticulosamente limpos e perfeitamente dobrados. A tanga, que
era tudo o que vestia, era de um branco resplandecente. Os relógios do
salão eram acertados diariamente com o horário da rádio. Nunca se
permitiu que o calendário �casse com a data atrasada. A rotina da vida �uía
de maneira regular.
Sri Ramana também era rígido com seus discípulos, insistindo que
cumprissem suas tarefas pontualmente.
O MOSTEIRO EM CASA
Sem a necessidade de viver em um ashram ou em um mosteiro zen, podemos
aplicaressa ordem que proporciona serenidade à vida cotidiana.
Nossa mente, que pensa constantemente, e nosso ambiente
frequentemente nos levam à intranquilidade. Integrar estas práticas ajudará
você a preservar a calma:
M     . A bagunça e a acumulação
em nosso espaço são re�exo de uma mente desordenada. Nesse sentido,
não é por acaso que spas sejam zonas limpas e praticamente vazias.
P  . Ter poucas coisas contribui para
economizar dinheiro, e a mesma coisa acontece com o tempo. Um estudo
de Harvard demonstrou que um ambiente de trabalho limpo e espaçoso é
muito mais produtivo que outro cheio de objetos e arquivos. Se você quer
melhorar sua concentração, elimine a maior quantidade de coisas de sua
área de trabalho.
L  . O café, o chá e as bebidas energéticas podem
mantê-lo ativo por algumas horas, mas, se o deixam nervoso ou irritado,
você não desfrutará de um tempo de serenidade nem de qualidade.
A     . Não basta prestar atenção a como
alimentamos o corpo, mas também a como nutrimos nossa mente. Por
isso é importante ver e ler coisas com uma mensagem otimista ou
formativa. Não desperdice seu tempo valioso enchendo sua mente de
lixo.
T    . De vez em quando, é preciso dar um
descanso à mente, passando um tempo sem televisão, fones de ouvido
nem nada que gere som. Se isso o incomoda, pode ser que algo não esteja
funcionando em sua vida, e o silêncio vai ajudá-lo a descobrir isso.
E    . Há pessoas que promovem
con�itos, que sempre estão reclamando ou fazendo drama por qualquer
coisa. Quando chegam a sua vida, trazem caos e esgotamento. Se puder,
evite-as e busque a companhia de pessoas que tenham uma personalidade
agradável. A serenidade é contagiosa.
L  . Especialmente antes de dormir, estar exposto a telas —
televisões, celulares, tablets e leitores de livros digitais — é uma garantia
de grande irritação para os nervos. Voltar à leitura analógica é uma forma
de investir nosso tempo em serenidade e em uma compreensão mais
profunda das coisas, já que associamos as telas ao instantâneo e super�cial.
SERENIDADE = PRODUTIVIDADE
Uma mente lúcida e calma pode analisar cada problema e agir com seriedade,
aplicando os recursos e medidas apropriados. Se, como produto da pressa ou
dos estimulantes, reagimos de forma excessiva diante de qualquer situação, só
conseguiremos gerar estresse, cometer erros e, portanto, desperdiçar nosso
tempo e energia.
Diz um provérbio hindu: “Não há nada que pague um instante de paz.”
E uma maneira excelente de promover essa paz consiste em ser prudente com
o relógio, evitando armadilhas que nos roubam o tempo e a serenidade, como:
Ser otimistas demais com nossa agenda.
Dar um prazo curto para uma tarefa que, na verdade, necessita de mais
tempo.
Assumir compromissos desnecessários. Dizer “sim” quando queremos
dizer “não”.
Ficar hipnotizados diante das redes sociais ou da televisão para “matar o
tempo”.
Dormir ou comer mal achando que poupamos tempo.
Sobre esse último ponto, talvez ganhemos minutos ou horas, mas nosso
rendimento ao longo do dia será de baixa qualidade e, no �m das contas,
teremos sido menos produtivos.
UM POUCO DE SÍNTESE
A má gestão do tempo leva você a estar sempre irritado e a passar o dia
correndo, o que reduz a qualidade de vida.
É uma péssima decisão roubar horas de sono, já que, além de pôr em
perigo nossa saúde, acabamos rendendo menos.
Ter controle sobre o relógio e a agenda nos traz segurança e con�ança
na vida.
Uma jornada serena é mais produtiva que a de quem vive sob o jugo do
estresse.
POR QUE TEMPO É DINHEIRO
GESTÃO DE RICOS, GESTÃO DE POBRES
Quando escrevi Money Mindfulness, meu livro sobre como gerar, conservar e
multiplicar dinheiro, dediquei um capítulo importante a esta máxima: “O
tempo é a divisa mais rentável do mundo.”
Ainda há muita gente que vive como se o tempo não custasse nada e o
gasta de forma irre�etida, sem tomar consciência de que ele é nosso recurso
mais limitado. Quem administra mal seu tempo também administra mal seu
dinheiro, já que ambos são duas faces da mesma moeda.
Cada vez que compramos alguma coisa, na verdade pagamos com nosso
tempo ou, o que dá no mesmo, com nossa vida. E, na verdade, as perdas de
tempo se convertem de forma imediata em perdas de dinheiro. Por isso, assim
como temos de prestar atenção a cada euro, devemos fazer o mesmo com cada
minuto de nossa vida. Ter a consciência real de seu valor para, a partir disso,
aproveitá-lo ao máximo.
Como dizia Gandhi, um grande gestor do tempo ao qual voltaremos
mais adiante: “Assim como não se pode perder um grão de arroz ou um pedaço
de papel, você não pode perder um minuto de seu tempo.”
NÃO VENDA SEU TEMPO, COMPRE-O
Antes de entrarmos no método prático que você encontrará na segunda parte
deste livro, é preciso observar que estamos diante de uma mudança de
paradigma. Em relação à gestão do tempo como instrumento gerador de
dinheiro, o que funcionava há uma década já não é útil hoje em dia.
Podemos resumir a nova realidade por meio de uma frase do
conferencista Harv Eker, um tanto radical, mas correta: “Os pobres vendem
seu tempo, enquanto os ricos o compram.”
Os ricos sabem que o tempo é mais valioso que o dinheiro em si, por isso
contratam pessoas para fazer as coisas que não lhe agradam ou nas quais
investir seu tempo não seria produtivo.
Os pobres, ao contrário, trocam seu tempo por dinheiro. Uma estratégia
que parte de um inconveniente do qual é impossível escapar: o tempo é
limitado. Ao funcionar assim, coloca-se limites em seus rendimentos,
cerceando toda a possibilidade de se obter riqueza.
Quando vender seu tempo, lembre-se de uma das leis de Money
Mindfulness: “Não se ganha dinheiro trabalhando mais horas, mas liberando o
tempo para pensar em novas oportunidades.”
Os novos critérios de produtividade, como explicaremos na terceira parte
deste livro, estão rompendo com o tópico de “gastar horas” em troca de um
salário �xo, porque esquentar a cadeira não equivale a ser produtivo, e não é
rentável nem para o trabalhador nem para a empresa. As empresas mais
visionárias do planeta, como a Net�ix ou outras de setores relacionados à
inovação, começaram a comprar resultados de seus empregados,
independentemente das horas que trabalhem ou se estão presencialmente no
escritório ou trabalhando remotamente.
Entretanto, ainda há muita gente que vende seu tempo por atacado,
entregando em bloco todas as horas do dia, mesmo quando grande parte delas
não são produtivas ou não se re�etem em um salário mais alto; da mesma
forma, muitos trabalhadores autônomos, apesar de serem seus próprios chefes,
trabalham de sol a sol para, com sorte, chegarem apertados no �m do mês.
E o que é pior: muitas pessoas que, embora tenham um salário alto ou
ganhem mais do que poderiam imaginar, não têm tempo de aproveitar isso
porque entregam em troca absolutamente todas as suas horas e vivem imersas
em uma busca interminável: trabalham para pagar as contas de todas as coisas
desnecessárias que vão comprando à medida que ganham mais.
Se você está em alguma dessas situações, além das estratégias �nanceiras
propostas em Money Mindfulness, sem dúvida precisa de TM. É necessário
tomar consciência tanto do valor do tempo que você dedica ao trabalho
quanto do que precisa reservar para si mesmo e para os seus a �m de levar uma
vida plena e próspera.
A AGENDA DAS PESSOAS EFICIENTES
Pense nisto que vou lhe dizer: todas as pessoas do planeta têm a mesma
quantidade de horas em um dia. Então por que há pessoas que têm muito mais
e obtêm resultados melhores que eu? É porque são mais rápidas e inteligentes,
porque têm mais facilidades? Talvez haja um pouco disso, mas é
principalmente porque sabem administrar seu principal recurso — o tempo —
de forma e�caz graças a ferramentas e hábitos que as ajudam a esticá-lo como
se fosse um elástico.
O empreendedor e escritor Kevin Kruse entrevistou mais de duzentas
pessoas de sucesso, incluindo multimilionários,empresários, atletas olímpicos e
estudantes brilhantes, e perguntou a eles qual seu principal segredo para a
produtividade. Você pode imaginar qual foi a resposta? Tratar o tempo como seu
ativo mais valioso.
Eles a�rmaram que o tempo era seu ativo mais valioso pois, com ele
podiam conseguir todo o resto, inclusive a prosperidade econômica. É possível
até recuperar dinheiro se ele foi perdido, mas não há forma de recuperar o
tempo. Uma vez gasto, não se pode sair para buscar mais, nem comprá-lo nem
pedi-lo emprestado.
Partindo dessa premissa, essas entrevistas demonstraram que as pessoas
altamente produtivas experimentam o tempo de forma diferente. Elas não seguem
sistemas complexos de gestão, com diagramas complicados. Em vez disso, têm
em comum uma série de hábitos fáceis de aplicar por qualquer um. Vou
resumir em seguida os mais signi�cativos para que você logo possa aumentar
essa lista de felizardos.
Vamos chamá-los de “hábitos para converter o tempo em ouro”.
1. Concentre-se nos minutos, não nas horas
As pessoas comuns organizam suas agendas por horas ou meias horas,
enquanto as pessoas de muito sucesso têm plena consciência de que cada
dia tem 1.440 minutos. Se dormimos oito horas, o que é altamente
recomendável, temos à disposição 960 minutos a cada dia que devem ser
aproveitados como merecem.
O potencial de cada minuto é importantíssimo e conta para o
resultado �nal. Por isso, pense duas vezes antes de pedir “um minuto” a
alguém, ou antes de você mesmo doá-lo. E em especial antes de desperdiçá-
lo.
Para manter o domínio sobre sua agenda, seu tempo e, portanto, suas
�nanças, você deve manter cada minuto sob controle.
O CLUBE DAS 5H DA MANHÃ
Robin Sharma, que começou a �car famoso em todo o mundo em 1999
com O monge que vendeu sua Ferrari, causou grande impacto recentemente
com seu livro O clube das 5 da manhã. Por meio de uma fábula na qual um
milionário excêntrico se torna mentor de dois desconhecidos, ele apresenta
um método no qual, além de evitar as distrações digitais, madrugar tem
importância capital.
Se levantar quando a maior parte da humanidade está dormindo libera
uma primeira hora preciosa para despertar o “gênio interior”, garante
Sharma, que sugere praticar o 20/20/20. Depois de madrugar, vamos
dedicar os primeiros vinte minutos a fazer exercícios e suar, já que isso
aumenta as conexões neuronais. O próximo bloco de vinte minutos será
reservado para planejar nossos objetivos, começando assim a jornada com o
foco bem dirigido. O terceiro bloco dessa hora lúcida está destinado ao
aprendizado: ler biogra�as de grandes personagens, escutar podcasts
informativos ou qualquer outra atividade que nos permita ganhar
conhecimento.
Outra das regras apresentadas por Sharma em seu livro é a 90/90/1.
Ela consiste em dedicar, durante noventa dias consecutivos, os primeiros
noventa minutos de cada dia para fazer exclusivamente uma mesma coisa
que considere ser uma grande oportunidade para si mesmo. Em vez de
responder a e-mails ou mensagens ou ler notícias na internet, o autor
garante que cumprir esse desa�o sem falhas durante três meses — o que
exigirá se levantar bem antes de ir trabalhar — produz resultados lendários.
2. Pratique uma rotina matinal
Antes de Sharma escrever seu livro, as pessoas altamente e�cazes já sabiam
que vale a pena dedicar uma hora do dia para fortalecer sua mente, seu
corpo e seu espírito com rituais matinais perfeitamente de�nidos.
Mesmo que não pratiquem o 20/20/20 nem o 90/90/1, a maioria se
levanta cedo, se hidrata bem, toma um café da manhã saudável, faz
exercícios leves e alimenta a mente com meditação, oração ou com leituras
inspiradoras ou jornais. Incorporam rituais de agradecimento ou
autorre�exão para deixar claro quais são seus objetivos para aquele dia.
O guru Vaibhav Shah dizia: “Cada vez que você vê uma pessoa de
sucesso, vê apenas sua glória pública, nunca os sacrifícios particulares para
conquistá-la.”
O melhor de aplicar TM é que você não perceberá isso como um
sacrifício extra.
3. Priorize
As pessoas ultraprodutivas se concentram em uma única coisa, o que as leva
a conseguir isso com sucesso. Como primeiro passo, identi�cam sua meta.
Dependendo de sua situação ou atividade, pode ser desde conseguir uma
promoção, mais clientes ou alcançar as vendas que lhe permitam cobrar os
100% de bônus, até manter uma família unida e saudável, ou passar em
provas que abrirão novas oportunidades para você.
Em seguida, identi�cam qual tarefa terá o maior impacto para
aproximá-las dessa meta e dedicam a ela uma ou duas horas a cada manhã,
na verdade, as primeiras horas do dia porque costumam ser as mais
produtivas. Um conselho extra: elas fazem isso evitando qualquer tipo de
interrupção (mais à frente vou explicar como conseguir isso).
ENGULA ESSE SAPO
Dan Ariely, professor de psicologia e comportamento econômico na
universidade de Duke, a�rma que a maioria das pessoas são mais produtivas
— e seu potencial cognitivo é maior — durante as primeiras horas da
manhã.
“Infelizmente”, a�rma, “as rotinas da maioria das pessoas e seus
horários de trabalho não estão projetados para maximizar esse potencial
brilhante e precoce. Um dos erros mais tristes na gestão do tempo é que as
pessoas dedicam essas duas horas mais produtivas a coisas que não exigem
grande capacidade cognitiva, como as redes sociais.”
Se não as aproveitamos para navegar pelas redes sociais, grandes
predadoras de tempo, temos a tendência de utilizar nossas primeiras horas
do dia para tarefas mais fáceis e triviais, como ver e-mails ou ler as notícias,
pois isso nos mantém na zona de conforto.
As primeiras horas do dia são também as mais e�cazes para resolver
problemas, segundo indicam dois grandes gestores do tempo que
recomendam: “Engula esse sapo.” Contra o hábito preguiçoso de começar
pelo fácil e postergar os problemas ao longo do dia, o que ocupará espaço
mental por todo o dia, a �loso�a engula esse sapo propõe que nos livremos
primeiro da tarefa mais pesada ou con�itante para assim render nas horas
seguintes sem esse peso.
4. Esqueça as listas de tarefas
As resoluções de ano novo costumam fracassar retumbantemente, salvo
raras exceções. Trata-se apenas de listas de tarefas ou objetivos, meras
anotações de coisas pendentes que você espera realizar, mas que não estão
acompanhadas de nenhum plano, nem de prazos especí�cos. Além disso,
quando as escrevemos no dia a dia, não costumamos distinguir entre o
urgente e o importante e misturamos sem ordem nem regra atividades que
poderiam ser feitas em poucos minutos com outras que, com certeza,
levarão horas para serem executadas corretamente.
Uma vez terminada a lista, mergulhamos de cabeça e começamos
com os trabalhos mais fáceis ou aqueles que são feitos rapidamente, sem
levar em conta se são ou não essenciais ou se darão algum retorno. O que
nos deixa realmente satisfeitos, porque nos leva a crer que somos e�cientes,
é eliminar tarefas da lista. Quanto mais, melhor, sem nos importarmos que
essas sejam as mais insigni�cantes.
Dessa forma, além de ser improdutiva, a lista se converte em um
lembrete constante de tudo o que nos falta fazer, o que gera estresse e
insônia.
Já nos anos 1930, a psicóloga russa que investigou o “efeito
Zeigarnik” alertou: as tarefas incompletas permanecem em sua mente até que
você as termine, ocupando espaço e roubando seu tempo e energia. Sabe como
ela chegou a essa conclusão? Observando que garçons se lembravam
melhor dos pedidos pendentes ou sem cobrar do que daqueles que haviam
acabado de servir, o que a levou a realizar alguns estudos que
demonstraram como a memória é mais e�caz com os processos não
concluídos… Basta pensar nas séries de televisão que nos prendem.
5. Programe sua agenda
Em vez de fazer listas, as pessoas altamente produtivas programam cada
tarefa em sua agenda, independentemente se é uma reunião com seu
melhor cliente, um telefonema para sua mãe ou sua sessão semanal de
coaching. Sem afetar a �exibilidade exigida pelo �uxo do dia a dia, toda
tarefa que você resolveu agendare para a qual reservou um tempo — não
há outra forma de fazer as coisas — deve ser considerada bloqueada como
se fosse uma consulta com seu médico.
Viva de acordo com essa agenda. Se uma tarefa não está agendada é
como se não existisse; e, quando está, é preciso cumpri-la, aconteça o que
acontecer, sem desculpas.
Ao contrário do que acontece quando você escreve uma tarefa em
uma lista, o fato de anotá-la em sua agenda libera sua mente. Mesmo que
não a termine e tenha de reagendá-la para o dia seguinte, o efeito é
diferente, já que você terá mais uma vez atribuído a ela um tempo e talvez
também um espaço no qual realizá-la.
E lembre-se do que nos diz Jeff Weiner, diretor-executivo do
LinkedIn: “Separe blocos de tempo para pensar, para não fazer nada.” Em
sua agenda, tudo deve estar anotado e, como veremos em detalhes em
outro capítulo, o nada também deve estar anotado.
A AGENDA DE WARREN BUFFETT
Em um encontro cara a cara entre Bill Gates e o milionário Warren Buffett
para uma rede de TV norte-americana, o primeiro disse: “Eu me lembro
quando Warren me mostrou sua agenda.” Em seguida, Buffett sacou um
caderninho de seu bolso e o entregou ao entrevistador. “Aqui não tem quase
nada…”, surpreendeu-se ele ao folheá-lo. “Absolutamente”, respondeu
Buffett, enquanto Gates brincava dizendo: “É alta tecnologia, tenha
cuidado, você pode não entender.”
Enquanto o entrevistador comprovava que em alguns meses havia
apenas três ou quatro anotações, Gates contou que, tempos atrás, ele tinha
cada minuto cheio de compromissos porque pensava que era a única
maneira possível de fazer as coisas; e que foi exatamente Buffett quem lhe
mostrou a importância de deixar tempo para pensar: “É preciso controlar
seu tempo. Diante das exigências de ter reuniões, e coisas desse tipo, sentar-
se e pensar pode ser uma prioridade alta para um CEO.”
Buffett explicou que todo mundo queria seu tempo, por isso tinha de
ser muito cuidadoso com ele: “Basicamente posso comprar qualquer coisa
que eu queira, mas não há maneira de comprar mais tempo.”
O investidor eliminou de sua agenda quase todas as tarefas que
supostamente deveria fazer: nunca fala com analistas. Raramente fala com a
mídia. Não assiste a eventos da indústria. Vai apenas a reuniões internas. Ele
morou fora de Nova York durante quase toda a sua carreira.
Tudo pela simplicidade, que por sua vez lhe proporciona tempo.
6. Use um caderno para liberar a mente
Richard Branson diz que não teria construído a Virgin se não fosse um
simples caderno que leva com ele aonde quer que vá para anotar seus
planos. Por sua vez, o magnata grego Aristóteles Onassis recomendava:
“Carregue sempre um caderno. Anote tudo: ideias, as pessoas novas que
conheceu, coisas interessantes que ouviu. Essa é uma lição de um milhão de
dólares que não ensinaram a você na escola de administração!”
Em geral, as pessoas ultraprodutivas liberam sua mente e, por isso,
ganham tempo porque não há nada pendente em seu pensamento, já que
anotam qualquer ideia em tempo real.
Datas, endereços, possíveis presentes, alternativas de férias,
restaurantes, uma garrafa de vinho de que gostou para não ter de rever
novamente a carta completa, um diagrama da mesa na primeira reunião
com clientes… eu me lembro do que dizia um professor de meu instituto:
“Quem não toma nota é um idiota.” Para os efeitos do TM, essa a�rmação
é bastante verdadeira.
A CANETA É MAIS PODEROSA QUE O TECLADO
Como demonstra um estudo dos psicólogos Pam A. Mueller e Daniel M.
Oppenheimer publicado na Psychological Science, é melhor tomar notas à
mão do que no celular. Em suas próprias palavras:
“Tomar notas no celular em vez de à mão é cada vez mais comum.
Muitos investigadores sugeriram que tomar notas em um celular é menos
e�caz que tomar notas à mão para aprender. (…) Em três estudos,
descobrimos que os estudantes que tomaram notas nos celulares obtiveram
resultados piores que os estudantes que �zeram anotações à mão.
Demonstramos que, embora tomar mais notas possa ser bené�co, a
tendência dos que tomam notas no celular é transcrever as reuniões em vez
de processar a informação e reformulá-la com suas próprias palavras. Isso
acontece em detrimento do aprendizado. Eles se lembram dos dados, mas
aplicam pior os conceitos.”
7. Delegue o que for possível
As pessoas ultraprodutivas não perguntam: como posso fazer esta tarefa?
Em vez disso, perguntam: como esta tarefa pode ser feita? Isso equivale, na
medida do possível, a eliminar o “eu” da equação. Trata-se de passar seu
tempo fazendo o que sabe fazer melhor e desenvolvendo os pontos fortes
que só você tem.
Aqui estão as famosas três perguntas de Harvard que vão permiti-lo
economizar algumas horas por semana:
O que posso deixar de fazer que não agrega valor nem a mim nem a
minha empresa?
O que posso delegar ou terceirizar, já que não sou a única pessoa que
sabe fazê-lo?
O que preciso continuar fazendo, mas posso redesenhar para fazer de
forma mais e�ciente, ou seja, com os mesmos resultados e menos
tempo?
8. Jante em casa… ou em outro planeta
As pessoas altamente produtivas sabem o que valorizam na vida, e não é
apenas o trabalho. Para alguns, é o tempo com a família, para outros, o
exercício, a formação pessoal constante… Momentos esses que estão
incluídos nessa agenda e que devemos cumprir de qualquer forma.
Como diz o executivo da Intel Andy Grove, “sempre há mais coisas a
fazer, mais do que deveria ser feito, mais do que é possível fazer”, por isso
um elemento diferencial é incluído por quem, em vez de queimar sem
parar uma hora depois da outra, aprende a dizer: “Até aqui é o su�ciente.”
Desta forma, ele se converte em um mestre em abrir mão, em se permitir
se soltar. Encontrando, assim, tempo para o que ama de verdade.
Para Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook, a prioridade é
jantar em casa todos os dias; para Richard Branson, é imaginar uma
aventura em algum planeta. Só você sabe qual é a sua. Inclua isso em sua
agenda e dedique esse tempo ao que realmente quer.
Celebre o que fez e não lamente o que não conseguiu fazer. Como
recomendava o �lósofo Ralph Waldo Emerson há um século e meio:
“Termine cada dia sem remorsos. Você fez o possível. Amanhã será
outro dia.”
UM POUCO DE SÍNTESE
Cada minuto de seu tempo conta e sempre vale mais que o dinheiro.
É conveniente dedicar as primeiras horas da manhã, as de maior
rendimento, às coisas verdadeiramente importantes.
Postergar um problema só serve para que ele ocupe espaço mental por
todo o dia.
Não faça listas; agende quando e como vai fazer cada coisa.
Delegue tudo o que puder e concentre-se naquilo que só você pode
fazer.
Reservar tempo livre para pensar é o maior investimento que pode ser
feito.
POR QUE O TEMPO É CRIATIVIDADE
SOBRE A IMPORTÂNCIA DO VAZIO
Em uma conhecida fábula oriental, um homem muito rico visita um mestre de
chá famoso por sua sabedoria. Enquanto o visitante explica tudo o que fez e
conseguiu na vida, o mestre de chá vai enchendo sua xícara até que no �m a
infusão transborda e acaba se derramando sobre a mesa.
Quando o hóspede endinheirado lhe diz que pare de servir chá, pois a
xícara está cheia, o mestre retruca: “Ela está cheia como você está cheio de si
mesmo. Assim, será impossível que aprenda qualquer coisa.”
Esse conto próprio dos ensinamentos zen indica o título deste capítulo: se
não se gera espaço livre, ou seja, tempo, não é possível que surja nada de novo.
E, apesar disso, se observamos as agendas da maioria das pessoas, parece que
elas são viciadas em encher de atividades e compromissos todo o tempo
disponível.
A que se deve isso?
HORROR VACUI
Essa expressão latina signi�ca “horror ao vazio” e tem sua origem em uma
crença da antiguidade segundo a qual o vazio não podia existir no cosmo. No
âmbito da arte e da decoração, fala-se de horror vacui quando há a tendência
de encher todo espaço disponível, algo que ocorria com o barroco ou na
tradição da arte muçulmana.
As vanguardas do século XX criticaram muito o costume de encher todo
o espaço disponível, eo arquiteto austríaco Adolf Loos chegou a a�rmar em
um famoso artigo de 1908 que “o ornamento é um crime”, algo próprio de
bárbaros e de pessoas sem estilo.
No design nórdico e no admirado visual zen que distingue os produtos da
Apple, por exemplo, tenta-se abrir mão de tudo o que é acessório. Não há nada
mais belo que uma superfície branca e vazia para estimular a imaginação e a
criatividade.
A UTILIDADE DO VAZIO
No poema XI do Tao Te Ching, o mestre Lao-tsé já se referia, há dois
milênios e meio, ao poder criativo de não encher o espaço e o tempo:
Trinta raios convergem
no centro de uma roda,
mas é seu vazio
que é útil para o carro.
Modela-se a argila para fazer a vasilha,
mas de seu vazio
depende o uso da vasilha.
Abrem-se portas e janelas
nas paredes de uma casa,
e é o vazio
o que permite habitá-la.
Nós centramos nosso interesse no ser,
mas a utilidade depende do não ser.
Assim como Loos considerava que encher o espaço não combinava com a
modernidade, uma agenda abarrotada de coisas é um ato igualmente bárbaro,
já que eliminamos qualquer opção de improvisar, de produzir algo novo.
Voltemos à pergunta: por que o cidadão moderno, que carrega um
smartphone, padece de horror vacui em sua organização do tempo? Pode haver
vários motivos:
Uma �xação equivocada pela produtividade, entendendo que apenas o
“cheio” tem valor, ignorando que o “vazio” é a premissa da inovação.
A obrigação autoimposta de atender às expectativas das outras pessoas. Se
cada vez que alguém quer alguma coisa de nós, o que é pago com tempo,
dizemos que sim, �caremos sem nenhum espaço para poder fazer outras
coisas.
O medo de um encontro consigo mesmo promovido pelo espaço vazio.
Talvez essa seja a razão mais importante do preenchimento de nossa
agenda. Enquanto fazemos coisas e atendemos pessoas, não temos tempo
de pensar. E se paramos para pensar… talvez surjam perguntas
incômodas às quais temos di�culdades para responder. Muitas pessoas
enchem seu tempo com qualquer coisa para evitar esse desa�o.
Pablo Neruda advertia sobre esse tipo de horror vacui: “Um dia em
qualquer lugar, você vai indefectivelmente encontrar a si mesmo, e essa, apenas
essa, pode ser a mais feliz ou a mais amarga de suas horas.”
MANOBRAS DE DISTRAÇÃO
O compromisso consigo mesmo que leva à re�exão e à criatividade pode ser
evitado de muitas maneiras. A mais comum é assumir mais trabalho do que
devíamos realmente fazer, já que isso nos libera de pensar. Outra, muito
habitual, é encher o tempo livre com séries de TV — há quem veja
temporadas inteiras em um �m de semana — ou “preencher” qualquer
minuto livre no transporte público, no trajeto do trabalho para casa, com
redes sociais que raramente nos trazem algo de valor, mas que nos
“distraem”.
Em seu ensaio Os grandes prazeres, Giuseppe Scaraffia observa que esse
vício em distrair a mente das perguntas fundamentais não é exclusividade
desta época. No século XVIII, o �lósofo Benjamin Constant tinha �xação
pelos bordéis e, em um exemplo mais moderno, Ernest Hemingway se
embebedava para poder encher seu vazio, apesar de seu grande talento
criativo. Um horror vacui que o levou a se suicidar com um tiro de escopeta
em 1961 ao se sentir incapaz de continuar criando.
NO NADA, TUDO É POTENCIAL
O Gênesis bíblico começa com o nada, a partir do qual o criador faz surgir o
universo e tudo o que há dentro dele. Esse nada que contém tudo em
potencial está à disposição de qualquer pessoa que queira fazer de sua vida um
ato de criação.
Otto Scharmer, professor do MIT em Boston, defende essa necessidade
de vazio em sua “Teoria U”, que pode ser resumida com duas expressões em
inglês: apenas por meio do “Let it go” será possível o “Let it come”.
Enquanto você estiver cheio de tudo o que é velho, como o ricaço que
visitou o mestre de chá, nada de novo poderá entrar.
Considerando que este é um livro sobre o tempo, vamos ver o que
podemos liberar para criar um espaço temporal criativo:
PARE DE…
trabalhar mais horas do que as necessárias;
querer abarcar tudo como se não houvesse amanhã;
ir a compromissos que não o alimentem;
se anestesiar com a televisão e as redes sociais.
E VÃO CHEGAR…
novas ideias que, de outra forma, não teriam lhe ocorrido;
projetos empresariais, artísticos ou de autoconhecimento que podem
transformar sua vida;
descansos ou pausas para fazer uma “troca de chip”;
pessoas novas que trazem ar fresco a sua vida;
as satisfações de improvisar, conquistar a liberdade pessoal.
AS PEDRAS GRANDES
Eu me lembro de um romance simpli�cado que li enquanto estava
aprendendo inglês. Ele se chamava O céu é o limite e contava a história de um
homem ambicioso e cada vez mais ocupado que começa a trabalhar na sede de
uma empresa que ocupa um arranha-céu.
Ele começa desempenhando funções simples nos andares inferiores, mas
à medida que entrega sua vida ao trabalho, vai subindo de cargo e também de
andar. No �m de sua carreira, passa a ocupar o escritório de diretor da empresa
no andar superior.
Ao perceber que não pode mais continuar subindo e que sua carreira
engoliu totalmente sua vida pessoal, ele vai ao terraço e se lança no vazio.
Sem chegar a um �nal tão dramático, um exercício em forma de fábula
explicada nas escolas de administração pode nos ajudar a estabelecer
prioridades, assunto ao qual dedico um capítulo inteiro.
Imagine que um gestor de tempo chegue a uma sala de aula com um pote
de vidro e um saquinho de pedras.
Após os cumprimentos iniciais, ele põe as pedras no vidro e pergunta aos
alunos se ele está cheio.
Quando dizem a ele que sim, ele pega um segundo saco menor, cheio de
areia, e o derrama dentro do vidro. Os grãos penetram entre as pedras e
acabam por encher o pote de vidro.
O gestor de tempo pergunta pela segunda vez se o pote está cheio. Os
alunos voltam a dizer que sim, embora perceba-se alguma dúvida em suas
vozes. Em seguida, ele pega um jarro de água e o derrama no vidro cheio de
pedras e areia.
— Está cheio agora? — pergunta o gestor.
— Não sabemos… — responde um dos estudantes em nome dos demais.
— O que eu acabei de demonstrar em relação ao tempo?
Após alguns instantes de silêncio, uma aluna se atreve a dizer:
— Que não faz diferença o quanto sua agenda está cheia. Se você for
hábil, sempre vai conseguir incluir mais alguma coisa.
— Não — retruca o gestor de tempo. — O que quis demonstrar com
esse exercício é a necessidade de botar as pedras grandes primeiro, porque em
pouco tempo não caberão mais delas. As pedras grandes são as coisas realmente
importantes em sua vida. O resto encontra seu lugar.
Termino este capítulo com um convite para que você se faça uma
pergunta vital:
Quais são as pedras grandes de sua vida?
Coloque-as no pote de vidro, que é o tempo de sua vida, antes da areia e
da água. Como diz o gestor, se você põe primeiro o que deve ir primeiro, o
resto encontra seu lugar.
UM POUCO DE SÍNTESE
Liberar tempo é imprescindível para que coisas novas aconteçam.
O horror vacui esconde o medo de nos fazermos perguntas cujas
respostas possam mudar nossa vida.
A magia do “nada” está em conter todas as possibilidades.
Se você não largar o velho, o novo não poderá vir.
Ponha primeiro as “pedras grandes” de sua vida. O resto encontrará seu
lugar.
QUAL É SEU CRONOPERFIL?
SEIS MANEIRAS DE ADMINISTRAR O TEMPO
Vivemos com tanta pressa que poucas vezes temos consciência do uso que
fazemos dos dias, horas e minutos que a vida nos oferece. Entretanto, se
prestarmos atenção a como lidamos com o tempo, podemos introduzir
mudanças que resultarão em uma grande melhora qualitativa em nosso dia a
dia.
O tempo é o bem mais valioso que temos, pois uma vez gasto não pode
ser reposto, por isso é crucial que saibamos qual é nosso padrão na hora de
empregá-lo. Isso nos coloca no terreno do TM, que nos devolverá o controle
sobre nossa existência.
Considerando que a forma de aproveitar o tempo é algo complexo, é
possível que seu cronoper�l seja uma combinação de vários padrões,embora
certamente um deles seja o dominante. Sua função é conseguir que você
entenda e corrija seus hábitos disfuncionais relacionados com o uso do tempo
para que sua vida seja mais �uida e melhor.
Vejamos agora os cinco padrões que, se levados ao extremo, não nos
permitem desfrutar do tempo:
1. O velociraptor
Voa de um lugar para outro, em um estado de alerta permanente, tentando
realizar o maior número de tarefas possível. Seu otimismo com a agenda é
absurdo, e sempre encontra espaço para um compromisso ou missão a mais.
Isso o obriga a correr ensandecido, pegando táxis para chegar em cima da hora
ou atrasado em todos os lugares. Ao �m do dia, ele sente que não fez nem a
metade do que havia previsto, o que gera frustração. Para esse per�l, os dias
deviam ter mais de 48 horas.
Os compromissos com o velociraptor são rápidos, porque ele sempre tem
de ir a outro lugar, e frequentemente provoca confusões com a agenda. É
habitual que ele roube horas de sono para conseguir fazer um pouco mais,
embora seja pagando um preço muito alto com sua saúde.
O estresse é seu modo de vida, e seu estado de ânimo mais comum são a
ansiedade e o nervosismo. Muitas vezes ele sente que não aguenta com tudo,
mas nem por isso tira o pé do acelerador. Ele acredita erradamente que, se
parar de fazer as coisas, o mundo deixará de funcionar. Por isso, a única coisa
que pode parar um velociraptor é um choque vital — um acidente ou uma
doença, uma demissão ou a ruína econômica, uma separação —, a não ser que
ele se entregue ao TM antes de se destruir.
O conferencista Álex Rovira de�niu esse per�l com uma ordem que,
quando trabalhava como consultor, ouviu ser gritada em uma empresa: “É
urgente que seja urgente!”
PERIGOS DA VELOCIDADE
Uma fábula conta que um explorador branco, que desejava chegar o quanto
antes ao coração da África, ofereceu um pagamento extra aos carregadores
para que andassem mais rápido. Eles obedeceram durante vários dias, mas
uma tarde se sentaram no chão e se negaram a continuar.
Quando o explorador pediu explicações, eles responderam:
— Andamos tão depressa que nem sabemos mais o que estamos
fazendo. Agora precisamos esperar que nossas almas nos alcancem.
O grande perigo da pressa é que ela se converta no motor de nossa
vida, em piloto automático, até esquecermos, como os carregadores, por que
estamos correndo.
Contra essa síndrome, a primeira coisa a fazer é deter a inércia e, em
seguida, nos perguntarmos por que iniciamos o caminho e como queremos
vivê-lo.
2. O procrastinador
“Amanhã” é sua palavra favorita, ou “depois” em sua versão mais suave. Esse
per�l tem verdadeiros problemas para começar qualquer coisa, mesmo que seja
de vital importância para si mesmo.
Ele se perde nos preparativos, que no fundo são uma forma de atrasar o
início do que já devia estar fazendo. Dedica muito tempo a preparar o terreno,
e pouco ou nenhum para cultivá-lo.
Um exemplo clássico seria o estudante que dedica o primeiro dia de aula
a organizar suas anotações e fazer um calendário das páginas que estudará por
dia. Isso o deixa tranquilo e ele vai descansar ou se ocupar de outra coisa,
convencido de que “amanhã, sim”. Porém, um velho provérbio adverte que
“pela rua do amanhã se chega ao beco do nunca”. No dia seguinte, uma
mudança de planos ou um imprevisto vão obrigá-lo novamente a adiar o
início e a reprogramar o cálculo de páginas por dia, o que leva a um gasto de
tempo adicional. Um dia depois, é muito provável que a situação se repita até
que… o estudante se vê na noite da véspera da prova com um monte de
anotações que não conseguiu ver sobre a mesa e os nervos à beira de um
colapso.
Considerando que todos procrastinamos coisas na vida, vou dedicar um
capítulo inteiro a como acabar com o hábito de adiar o importante enquanto
se dedica tempo ao que é secundário.
O procrastinador vive de esperanças e, quando percebe que não cumpre
com o que determinou, acaba desesperado.
3. O precrastinador
Um artigo recente do New York Times aborda um novo cronoper�l que é o
contrário do anterior. Trata-se daquelas pessoas cuja ansiedade as leva a
antecipar tudo.
O precrastinador chega ao supermercado alguns minutos antes dele abrir,
entrega seu trabalho com uma semana de antecedência — caso um acidente o
impedisse de fazê-lo nos últimos dias — e sempre chega aos encontros
marcados antes de você.
Por trás dessa necessidade de viver em modo antecipado está o medo de
não fazer as coisas ou de permitir que elas se desviem do caminho. Melhor
chegar antes que o mundo venha abaixo.
Uma situação comum de precrastinação acontece nos portões de
embarque, onde, embora os passageiros tenham seu assento marcado, fazem
�la — às vezes de meia hora ou mais — quando poderiam estar sentados
confortavelmente até o embarque começar.
Há quem tema que sua bagagem de mão não caiba na cabine e que ela
tenha de ser despachada, mas também encontramos na �la executivos com suas
valises. O que estão fazendo ali de pé, esperando tensos que comece o
embarque?
Adam Grant, autor de livros e professor de administração e psicologia em
Wharton, a�rma que a precrastinação é “o lado sombrio de ser muito bom em
fazer as coisas. O que é proveniente da preocupação de que não haverá tempo
su�ciente para fazer bem uma coisa, em especial quando outras pessoas
dependem de você”.
Viver sempre com o chip de “antes que” leva a uma perda de tempo
constante, já que, como diz o provérbio popular: “Não adianta madrugar que
o dia não amanhecerá mais cedo.” Caso se adiante dois passos do ritmo do
mundo, estará sempre esperando que abram, aguardando o horário de um
compromisso ou irá até mesmo multiplicar seu trabalho.
Ao entregar uma tarefa com muita antecipação, você corre o risco de
duas coisas:
1. Que solicitem mudanças e melhorias, já que “há tempo” (por isso os
melhores freelancers entregam suas tarefas no limite do prazo, para que
não seja possível pedir mudanças), ou que o peçam para refazer o
trabalho.
2. Que lhe deem outras tarefas que teriam sido atribuídas a outras pessoas
pelo único fato de estar livre. Isso pode ser um problema quando você
tem um emprego assalariado em uma empresa.
Querer “tirar de cima” o que tem de fazer pode levá-lo a escolher um
tema ruim de tese de doutorado, por exemplo, ou a se juntar com a pessoa
errada. Adiar é tão perigoso quanto estar sempre à frente, pois, entre outras
coisas, você pode cair na precipitação.
4. O homem simultâneo
Ou a mulher, é claro. Esse cronoper�l pode se combinar com os outros, já que
é uma maneira de gerenciar cada passo que damos. Quem segue esse padrão
precisa fazer sempre várias coisas ao mesmo tempo, porque acha que desse jeito
“poupa tempo”.
Na verdade, o homem simultâneo consegue fazer muitas coisas, mas com
um nível baixo de atenção, o que provoca muitos acidentes e erros. Esse per�l
bota a quantidade acima da qualidade.
Enquanto ele anda pela rua, atualiza as redes sociais em seu celular, com
o risco de se chocar contra outros pedestres ou um poste.
Nas reuniões familiares ou de amigos, continua com a alma no escritório,
respondendo a chamadas ou e-mails, ou pensando em outras coisas. Ele não
percebe o que está acontecendo à sua volta porque está sempre “em outro
lugar”, como vimos no início deste livro.
O multitasking continua até mesmo nas horas de descanso. Se está
pegando sol em uma piscina, pode levar fones de ouvido para escutar um curso
de formação. Se está na cama, percebe cada vibração produzida em seu celular.
Sobre isso, um grupo de 35 psiquiatras norte-americanos que decidiu
examinar a conduta de Donald Trump advertiu que o presidente
habitualmente interagia com as redes sociais altas horas da madrugada. Um
deles chegou a lhe mandar a mensagem: “Pelo bem do país, vá dormir.”
Quando, no dia seguinte, um jornalista perguntou a ele sobre o
comentário, o presidente disse: “Se ouço que surgiu alguma coisa, preciso ver o
que está acontecendo.”
5. O O’Clock
Em teoria, esse cronoper�l seria o ponto médio exato entre o procrastinador e
o precrastinador, mas a �xação

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