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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2 2 ORIGEM DA INTERNET ...................................................................................... 3 3 O E-COMMERCE ................................................................................................ 5 3.1 Tipos de E-commerce ................................................................................... 6 3.2 Classificação de Serviços no E-commerce.................................................... 8 4 VANTAGENS E DESVANTAGENS ...................................................................... 8 4.1 Desvantagens do e-commerce.................................................................... 10 4.2 Segurança nas Transações ........................................................................ 11 5 REALIDADE DO E-COMMERCE NO BRASIL ................................................... 14 5.1 Crescimento ................................................................................................ 16 5.2 Perfil dos consumidores .............................................................................. 18 6 LEIS DE E-COMMERCE NO BRASIL ................................................................ 21 6.1 Informações claras sobre a loja e ofertas .................................................... 23 6.2 Especificidades dos sites de compras coletivas .......................................... 24 6.3 Atendimento e relacionamento com o cliente .............................................. 24 6.4 Arrependimento de compra ......................................................................... 25 7 PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DA TEORIA ECONÔMICA ................................ 26 7.1 E-commerce: inovações e teorias econômicas aplicáveis ........................... 27 7.2 O E-fenômeno ............................................................................................. 29 8 E-COMMERCE NAS EMPRESAS ..................................................................... 35 9 E-MARKETING .................................................................................................. 46 9.1 Construção da Marca .................................................................................. 47 10 PLANO DE NEGÓCIOS ................................................................................. 48 11 RELACIONAMENTO COM O CLIENTE ......................................................... 50 12 CONCORRÊNCIA NO E-COMMERCE .......................................................... 53 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 53 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 ORIGEM DA INTERNET Fonte:ariciafontinele.files.wordpress.com A internet, como rede mundial de computadores interconectados, é um privilégio que o homem moderno absorve e faz uso em seu cotidiano. De qualquer parte do mundo e a qualquer hora, através da internet é possível consultar o maior repositório de informações, transmitir dados além de possibilitar a comunicação entre pessoas de regiões diferentes. Segundo PUC Rio/CCE (1998 apud VICENTINI, 2004, p.02) a Internet é uma rede pública de comunicação de dados, com controle descentralizado e que utiliza o conjunto de protocolos TCP/IP como base para a estrutura de comunicação e seus serviços de rede. Isto se deve ao fato de que a arquitetura TCP/IP fornece não somente os protocolos que habilitam a comunicação de dados entre redes, mas também define uma série de aplicações que contribuem para a eficiência e sucesso da arquitetura. Entre os serviços mais conhecidos da Internet estão o correio-eletrônico (protocolos SMTP, POP3), a transferência de arquivos (FTP), o compartilhamento de arquivos (NFS), a emulação remota de terminal (Telnet), o acesso à informação hipermídia (HTTP), conhecido como WWW (World Wide Web). A internet é formada por um conjunto de redes que estão alocadas por todo o mundo, que tem em comum o protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol / Internet Protocol). O TCP/IP é a linguagem de comunicação entre os computadores na internet. “A gigantesca rede de computadores interliga desde computadores de 4 grande porte até notebooks pessoais através de linhas comuns de telefone, linhas de comunicação privada, cabos submarinos, canais de satélite e diversos outros meios de telecomunicação” (MicroServer, 2004 apud VICENTINI, 2004, p.02). Diversos tipos de entidades fazem uso da internet, como empresas comerciais, órgãos governamentais, universidades, instituições públicas e privadas além de usuários domésticos. A internet curiosamente nasceu da necessidade do Ministério de Defesa Americano (Departamente of Defense) em proteger os importantes e sigilosos dados militares, no contexto da guerra fria que ocorria entre as duas grandes potências mundiais, os Estados Unidos e a União Soviética. Os militares americanos temiam ataques das forças inimigas, com perigo de destruição total ou parcial dos dados armazenados. A solução encontrada foi à criação de uma rede eletrônica de dados, onde para maior confiabilidade os dados deveriam ser armazenados em diversos computadores, de lugares diferentes. No caso de modificação nos dados, estes deveriam ser atualizados em todos os outros pontos, dessa maneira em caso de destruição de um ponto haveria os outros que garantiriam a integridade dos dados. A Advanced Reserch Projects Agency (ARPA), entidade integrante do sistema militar americano, foi a responsável pela realização do projeto idealizado, durante alguns anos a rede de computadores interconectados recebeu o nome de ARPANet, a rede fora inaugurada em 1969, realizando a comunicação entre quatro computadores. Segundo a Inter-Ponta Informática (2004), durante os anos subsequentes a inauguração da ARPANet a mesma foi sendo ampliada com novos pontos em todo os Estados Unidos, adicionando as universidades na rede, em 1971, surgiu o modelo experimental do e-mail (o primeiro software de transmissão de e-mail surgiu em 1972), ampliando a utilidade da rede, em 1973, foram criadas as primeiras conexões internacionais, interligando computadores na Inglaterra e na Noruega, o restante da década de 70 foi marcada pela expansão da ARPANet. Em 1982, o protocolo padrão da rede foi implementado, no ano seguinte toda a parte militar se desvinculou da ARPANet, criando uma rede exclusiva militar a MILNet. Nesse momento o conjunto de computadores interconectados começa a ser 5 chamado de Internet, com a popularização do novo nome e a cisão com a parte militar a ARPANet se esvaziou e deixou de existir oficialmente em 1990. O pressuposto da Internet é de que a mesma seja uma comunidade aberta a qualquer computador ou rede independente dos sistemas em uso, ou diferentes modelos de computadores,para tanto se fez uso do protocolo TCP/IP para estabelecer a comunicação. Um grupo de cientistas do CERN – Laboratoire Européen pour la Physique des Particules, elaboraram e criaram o serviço www, em 1991, para tornar a navegação na internet clara e rápida possibilitando ao leigo um acesso antes restrito a especialistas. A partir de então a internet ultrapassou a barreira das universidades passando a fazer parte das empresas e residências, agilizando trabalhos, diminuindo distâncias, oferecendo produtos e serviços, ampliando os horizontes de informações, levando entretenimento e diversão a cada um de seus usuários. 3 O E-COMMERCE Fonte:digitalks.com.br A palavra comércio acompanhou o homem desde sempre na sua história. Nos tempos mais remotos era visto como comércio de trocas, no qual as pessoas trocavam o que produziam por algo que necessitavam. Este conceito de comércio tem mantido 6 o seu objetivo principal, uma vez que o comércio tradicional continua a basear-se na troca de bens e serviços para satisfazer as necessidades do homem. Com o evoluir da sociedade, as novas tecnologias se tornaram parte integrante do comércio, sendo a internet uma das principais responsáveis por esta evolução. O comércio tornou-se então, mais dinâmico e exigente, ganhando novas formas de transação entre fornecedor e cliente, o que originou uma alteração nos hábitos de consumo da sociedade. Segundo Fagundes (2009 apud NASCIMENTO, 2009, p.20): O comércio eletrônico através da internet é o ramo de atividade econômica que mais cresce no mundo. As jovens empresas que ingressam no comércio on-line têm atraído o maior número de investidores do mercado de ações, aumentando o valor de mercado de forma alucinante. O termo e-commerce deriva do termo comércio eletrônico, onde as negociações são realizadas exclusivamente pelo formato eletrônico, ou seja, pela internet. Porém, não se refere apenas a negociações pela internet, mas também atua auxiliando as empresas na condução de seus negócios. O e-commerce é utilizado para facilitar ou comercializar produtos ou serviços online, de forma rápida e de fácil acesso para os elementos da sociedade em qualquer parte do mundo, uma vez que se trata de uma forma de comércio à distância, que permite comprar o melhor produto pelo melhor preço, reduzindo significativamente o tempo e os custos envolvidos. 3.1 Tipos de E-commerce O e-commerce tem vários tipos de transações que ocorrem entre pessoas, empresas e até mesmo governo onde todos buscam relacionar-se para realizar negócios on-line. Os modelos de transações mais conhecidos são: B2B, B2C, C2C, B2G; onde: • B2B (Business-to-Business): são as transações que ocorrem entre empresas, perdendo todas as antigas tradições que ficavam arquivadas em papeis, perdendo na maioria das vezes tempo e espaço. Com a nova maneira de negociar on-line, tudo ficou mais simples e ágil, possibilitando primeiramente um jeito de otimizar as cadeias de valores e cada vez mais aumentar o universo das empresas 7 entre si. Porém com toda essa facilidade existe um pequeno detalhe: os sistemas utilizados na maioria das vezes são diferentes, de forma que há necessidade de implantar um sistema operacional homogêneo, onde tudo fica mais fácil, pois um sistema implantado traduz as informações com as mesmas linguagens utilizadas nas transações realizadas pelas empresas. • B2C (Business-to-Consumer): são as transações que ocorrem entre uma pessoa jurídica e uma pessoa física, ou seja, entre a empresa e o seu consumidor final. O B2C é uma maneira ótima da empresa se relacionar e interagir com os seus clientes finais, a fim de aumentar cada vez mais o seu fluxo de vendas. O consumidor entra no site, navega, escolhe o seu produto, a empresa leva este produto até o consumidor através da logística da sua empresa. • C2C (Consumer-to-Consumer): é o tipo de transação que ocorre entre pessoas físicas, ou seja, consumidores finais, sem envolver nenhuma empresa no negócio. O leilão pela internet é um ótimo exemplo, onde é negociada uma infinidade de produtos com pessoas do mundo inteiro na rede. • B2G (Business-to-Governamet): são as transações que ocorrem on-line entre as empresas e o governo. Geralmente esta transação visa reduzir custos nas operações, nas compras oficiais das prefeituras, governos estaduais e governos federais. O e-commerce cada vez mais vem facilitando o dia-a-dia das pessoas, pois além do conforto também é muito seguro navegar e poder realizar operações pela internet. Quadro - Exemplos de aplicações de comércio eletrônico Governo Empresa Consumidor Governo G2C Ex. coordenação G2B Ex. informação G2C Ex. informação Empresa B2G Ex. aquisição B2B Ex. e-commerce B2C Ex. loja virtual Consumidor C2G Ex. imposto C2B Ex. comparação de preços C2C Ex. leilão Fonte: LIMEIRA, 2007 (apud NASCIMENTO, 2009) 8 3.2 Classificação de Serviços no E-commerce Com o objetivo de tornar as transações comerciais mais ágeis foram desenvolvidos alguns serviços on-line: • E-NF (Nota Fiscal Eletrônica): tornou-se um sistema obrigatório para as empresas que foram listadas para implantar o sistema. A partir desta nova maneira de emitir a nota fiscal os antigos talonários de papel que as empresas utilizavam deixaram de ter valor e todo o sistema passou a ser on-line. O sistema E-NF possibilita a fiscalização das empresas on-line, evitando assim a sonegação de impostos, pois todas as ações realizadas pela empresa, estão ligadas 24 horas no sistema da Receita Federal. • E – Boleto: a partir do mês de outubro de 2009 as cobranças que eram feitas por meio de papéis passaram a ser digitalizadas, podendo ser pagas e consultadas pela internet, via celular e caixas eletrônicos dos bancos, ou seja, a partir de então os gastos e o tempo que antes eram necessários para pagar um boleto foram reduzidos com o surgimento do e-boleto. O cliente poderá escolher como quer pagar suas contas, uma vez que poderá usar a forma convencional ou aderir ao e-boleto. Os principais objetivos da implantação do e–boleto é o combate às fraudes e gastos com papel e impressão, além da agilidade nos serviços prestados que antes eram feitos somente pelas agências bancárias. Com todas essas fortes vantagens as agências bancárias passam a atender com maior atenção aos seus clientes. 4 VANTAGENS E DESVANTAGENS Em um mundo globalizado no qual vivemos, o e-commerce se tornou uma ferramenta essencial para toda organização que deseja realizar negócios além das fronteiras, pois pessoas de qualquer parte do mundo podem ter acesso aos mesmos produtos, sejam eles regionais, nacionais ou importados. O cliente que utiliza um site de e-commerce para realizar suas compras além da comodidade, tem também na maioria das vezes preços mais acessíveis, produtos mais variados e diferenciados dos que tem nas lojas reais, e o melhor, as lojas funcionam 24 horas e 365 dias. Existem tipos de negócios que funcionam apenas virtualmente, como, por exemplo, as lojas Submarino e Amazon que só existem on-line e com um enorme 9 sucesso. As lojas online vendem todos os tipos de produtos e serviços desde livros até cursos a distância. Empresas de pequeno, médio e grande porte tem se utilizado do e-commerce buscando oferecer mais vantagens aos seus clientes garantindo o sucesso de seus produtos e serviços. Uma das vantagens que seus clientes encontram é o cadastro que é realizado na primeira compra, onde adquire um login e uma senha, que servirá como fidelização, pois através do cartão de exclusividade do site ele tem direito a preços e ofertas especiais, além das formas de pagamento que os sites de e- commerce oferecem que muitas vezes são bem mais vantajosas. O cliente tem a comodidade de não precisar sair de casa para adquirir um novo produtoou serviço, basta clicar, preencher as informações necessárias e está efetuada a compra; em poucos dias o seu novo produto será entregue em sua casa. O grande crescimento do e-commerce se deve muito à mudança de hábito das pessoas, que estão deixando de realizar suas compras em lojas reais e estão optando por lojas virtuais. Dentre os fatores considerados como impulsionadores dessa mudança de hábito destacam-se a conveniência da compra sem sair de casa, principalmente levando em consideração as grandes cidades ou regiões mais afastadas onde o acesso a centros comerciais torna-se difíceis e também o custo- benefício, já que na grande maioria das vezes os produtos comprados pela internet têm custos menores que os comprados nas lojas reais, bem como uma maior facilidade de encontrar determinado produto em estoque. Tamanha é a variedade dos produtos disponíveis nos sites de e-commerce que vão desde os bens de consumo até educação à distância e outros produtos/serviços que antes só eram possíveis se realizados pessoalmente. De acordo com Mendes (2013 – apud TURCO ET AL, 2017, p.05), além das vantagens indiscutíveis em termos de economia de escala e redução de custos, praticidade e comodidade, o uso de mecanismos eletrônicos possibilita também maior transparência às transações realizadas pelo setor público. Informações gerenciais e histórico de transações também costumam ser públicos, facilmente acessíveis e podem servir para estabelecer estratégias e parcerias comerciais futuras. O grande momento que o e-commerce vivencia, e suas perspectivas podem ser explicados também, pelo aumento do uso dos meios de pagamento eletrônico, como os cartões de crédito e débito, no lugar de transferência e boleto bancários, comuns no início da década de 2000. No Brasil, o cartão de crédito se posiciona como 10 a principal escolha do consumidor que compra pela internet. (MENDES, 2013.p.15 – apud TURCO ET AL, 2017, p.06). Segundo Coelho (2013 – apud TURCO ET AL, 2017, p.06), o e-commerce ainda oferece vantagens no aumento da produtividade, otimizando processos na organização, abrindo novos mercados nacionais e internacionais, proporciona custos menores em relação à logística, aumentando a flexibilidade, proporciona custos menores em relação à comunicação, aumentando o acesso a informação. Aumenta a qualidade na gestão do relacionamento com o cliente, diminuindo os custos gerados com a prestação de serviços ao cliente e ainda uma infinidade de novas parcerias. O e-commerce traz grandes benefícios para os clientes proporcionando compras mais eficientes, oferecendo um maior leque de escolhas, preços mais baixos e um alto nível de serviços personalizados. Também oferece novos tipos de produtos e serviços. O consumidor passa a possuir uma fonte de informação constante sobre novos tipos de produtos, podendo comparar preços, prazos de entrega, encontrar informações sobre as empresas, produtos e concorrentes, disponibilizando produtos mais personalizados ou até mesmo lançamentos de produtos. (COELHO,2013 – apud TURCO, 2017, p.06). O grande crescimento do e-commerce deve-se muito à mudança de hábito das pessoas, que estão deixando de realizar suas compras em lojas físicas e estão optando por lojas virtuais. Uma das maiores vantagens de se ter um e-commerce é a conveniência de poder fazê-lo funcionar a partir do conforto da sua própria casa, se quiser. 4.1 Desvantagens do e-commerce Mesmo com todas as vantagens apresentadas pelo e-commerce, como qualquer outro, esse tipo de comércio também possui seus pontos fracos a serem analisados pelas empresas e clientes antes de utilizarem essa ferramenta. Dentre as principais desvantagens Mendes (2013 – apud TURCO ET AL, 2017, p.07) cita: - Não são todos os tipos de produtos que podem ser comercializados pelo e- commerce, uma vez que existem produtos em que os clientes preferem ver pessoalmente e tocar antes de realizar a compra; 11 Podem existir falhas no sistema 24 horas, causando grandes impactos nas organizações caso os serviços prestados on-line; - Existe o risco tanto para as organizações como para os clientes de não saber a identidade real de quem está do outro lado do computador. O cliente não possui muitas informações sobre a empresa e vice-versa, não sabendo quais são suas verdadeiras intenções; - Há dificuldades na entrega dos produtos devido às más condições de vários tipos de transporte, entretanto essa entrega necessita ser rápida e a um custo viável; - Existe também a preocupação dos clientes se os produtos irão chegar danificados em suas residências e se porventura isso ocorrer, se a troca do produto acontecerá de forma rápida, ou se o produto realmente é aquele que é mostrado nas imagens do site; - O cliente nem sempre está acostumado em realizar compras pela internet e o prazo de entrega do produto muitas vezes não é cumprido. Acima de tudo, ainda não existem leis especificas para tratar das transações virtuais fazendo com que muitas vezes os consumidores se sintam inseguros ao realizar transações pela internet. Porém apesar das vantagens que o e-commerce pode oferecer para as organizações e seus clientes, seu uso ainda sofre algumas falhas, de maneira que seu crescimento dependerá do alto investimento a ser alocado nessa nova ferramenta do mundo digital. 4.2 Segurança nas Transações Quando se fala sobre atuar no ramo do e-commerce vários fatores terão de ser abordados e muito bem planejados. E um desses fatores é a segurança nas informações processadas. Em um site de e-commerce existem informações de entrada e saída, além do banco de dados e senhas de segurança. Até meados da década de 1990 as transações de compra e venda pela internet ainda não eram bem vistas pelo público brasileiro em geral. O perfil de compra seguia uma rotina ou certa maneira, necessária para uma boa compra e promover a satisfação nos serviços de pós-venda. Durante anos o cliente depositou sua confiança em coisas concretas e tangíveis e na segurança do atendimento presencial, como Kotler e Armstrong (2003, p. 363 – 12 apud NASCIMENTO, 2009, p.24) afirmam: “a venda pessoal é a apresentação feita pela força de vendas da empresa com o propósito de efetuar vendas e desenvolver relacionamentos com os clientes”. As compras não eram feitas a todo instante, pois era necessária a locomoção até as lojas, ou ainda, a visita de um representante que deveria trazer toda a “parafernália” da loja e de seu mostruário para que o cliente pudesse manusear, sentir, experimentar e fazer uma série de questionamentos sobre a qualidade do produto, procedência, até a forma de pagamento, chegando a assistência do pós-venda. Percebeu-se então que o fator preponderante na decisão de compra era na verdade o atendimento, que era responsável por transmitir segurança na compra. Hoje essas questões continuam tendo seu papel nas transações comerciais em todo mundo, porém a cultura ou o perfil de compra do consumidor brasileiro e mundial está mudando, graças às transmissões eletrônicas de informação, que estão cada vez mais seguras e confiáveis. A primeira grande mudança na cultura de compra teve seu início com o telemarketing que invadiu o comércio. As empresas criaram suas centrais de atendimento onde os vendedores ligavam para pessoas de diversas partes do Brasil com o objetivo de proporcionar comodidade nas compras, oferecendo aos possíveis clientes um serviço em que não haveria mais a necessidade de locomover-se até as lojas para adquirir os produtos e nem mesmo procurá-los, os produtos (as empresas) é que procuravam seus clientes. Partindo dessa mudança, muitas empresas do ramo de telemarketing surgiram com as chamadas centrais de atendimento. Estas empresas conseguiram seu espaço no mercado e graças a essa abordagem ao público em geral, conquistou cada vez mais parceriasimportantíssimas com fabricantes, distribuidoras e financeiras como empresas de cartões de crédito. Desde então a mudança no perfil de compra do consumidor foi ficando cada vez mais perceptível pelos profissionais de marketing, que denominavam esse tipo de compra como compra às escuras. Mas, o que fora chamado de compra às escuras se tornou a grande ferramenta de alavancagem das compras pela internet, que até então eram bem sutis, sem muita representação no comércio local e mundial. De posse desse novo estouro comercial, os profissionais de marketing viram uma oportunidade em ascensão. As pessoas agora estavam preocupadas com a garantia de sigilo e segurança de seus dados financeiros como cartões de crédito, 13 boletos bancários e com a entrega de seus produtos, visto que a questão de garantia dos produtos estava agora sob responsabilidade compartilhada dos produtores e da empresa de divulgação e venda. Existiram ainda alguns casos de fraudes e golpes, porém esses casos eram de empresas recém entradas nesse ramo e também pela falta de interesse, por parte do comprador, em não se certificar da idoneidade da empresa com a qual estava negociando. Onde certamente caberia a aplicação do ditado popular “quando a esmola é demais, até o santo desconfia! ”, em se tratando das ofertas tentadoras encontradas. Desde então houve uma busca tanto por parte dos desenvolvedores de sites como também pelas empresas que possuíam sites de e-commerce sobre a questão da segurança nas transações eletrônicas. Lembrando que quando se fala de segurança nas transações eletrônicas duas vertentes precisam ser consideradas: •A primeira é com respeito aos dados e informações entrantes fornecidas pelo comprador, ou seja, coleta e processamento de dados como o número do cartão de crédito, nome, endereço, local de entrega, telefone e até mesmo que tipo de produto está comprando. •A segunda, não menos importante, é referente à reputação, histórico da empresa e suas parcerias. É de máxima importância que toda empresa que possua um site de e-commerce tenha um link chamado institucional, onde mostra a história da empresa desde o seu surgimento relatando sua missão, visão e objetivos bem como seus valores éticos e morais. Algumas empresas disponibilizam comerciais bem elaborados, que mostram a infraestrutura e como valorizam o desenvolvimento de seus colaboradores, ressaltando também suas ações de responsabilidade social e ambiental. Sem esquecer de mencionar seus parceiros financeiros e logísticos, que respaldam sua reputação empresarial e comercial, ou seja, dando maior credibilidade e confiança aos compradores sobre a entrega de seus produtos. Essa é a chamada segurança relacional, que tem como objetivo transmitir confiança e certeza de compra certa através de uma transação segura. Entretanto, muitas são as ferramentas de segurança para transações eletrônicas através da internet, as quais podem ser citadas o Firewall e a Criptografia. 14 Firewall – sistema de hardware e software que bloqueia o acesso de usuários não autorizados a entrar em uma determinada rede. Criptografia – é a técnica de cifrar uma mensagem ou um arquivo utilizando um código secreto, baseado em algoritmos. (LIMEIRA, 2009, p. 333 e 336 apud NASCIMENTO, 2009, p.26) Como já foi visto não existe transação com segurança total, seja ela virtual ou não. Todas as ferramentas são passíveis de erros, nas quais pessoas mal- intencionadas se aproveitam para tentar levar vantagem. Porém, mais e mais ferramentas são desenvolvidas e aperfeiçoadas para garantir e assegurar o máximo de segurança possível. 5 REALIDADE DO E-COMMERCE NO BRASIL Fonte:magicwebdesign.com.br Ao falar do surgimento do e-commerce no Brasil, é quase que obrigatório citar também o surgimento da internet, pois foi nela que as empresas e os empreendedores perceberam a oportunidade de abordar de uma maneira diferente a comercialização e exposição de seus produtos e serviços. Guizzo (1999 – apud VIEIRA, 2015, p.02) explica que o primeiro contato que o Brasil teve com a internet foi no ano de 1988 quando o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), localizado no Rio de Janeiro, conseguiu acesso à Universidade de Maryland que fazia parte da Bitnet. Apenas dois meses depois a 15 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) também conseguiu ter acesso a Bitnet, só que dessa vez o acesso foi através da Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), em Chicago. No final de 1994 o governo brasileiro decidiu investir em estrutura para que esta nova tecnologia pudesse ser explorada comercialmente. A criação e desenvolvimento desta estrutura ficou a cargo da Embratel e da Rede Nacional de Pesquisa (RNP). Em abril de 1995 o Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia decidiram em conjunto implementar uma rede de internet global e integrada, para que a internet pudesse ser acessada tanto para uso acadêmico quanto comercial. A partir deste ano, com o setor privado tendo acesso à internet, é que a ideia de comercializar produtos e serviços começou a surgir, dando início ao que é chamado hoje de e-commerce. “As empresas constroem suas vantagens competitivas através de aplicação das cadeias de valores de forma estrategicamente importantes de uma forma mais barata ou melhor do que a concorrência. ” (PORTER, 1989 - apud VIEIRA, 2015, p.02). As empresas perceberam no e-commerce uma maneira de obter uma vantagem competitiva, expondo e vendendo seus produtos de uma maneira alternativa com a qual estavam acostumados. A necessidade de se diferenciar do varejo tradicional fez com que as lojas percebessem que poderiam através do comércio eletrônico diminuir custos e oferecer vantagens fundamentais aos consumidores como menor preço, maior comodidade e variedade de produtos. De acordo com dados divulgados pela E-bit a respeito das vendas online, o Brasil no primeiro semestre do ano de 2013 era responsável por 60% das transições online realizadas na América Latina, e um aumento de 24% na comparação ano a ano. Como já citado, o comércio eletrônico no Brasil possui um crescimento contínuo desde seu surgimento, com isto em mente, este trabalho se propõe a responder a seguinte pergunta: Após este tempo de e-commerce, ele ainda pode ser considerado um modelo de negócio promissor? Um dos grandes focos de oportunidades do século XXI é o comércio eletrônico, sendo de vital importância para empresas e empreendedores que buscam uma vantagem competitiva no mercado atual, e para aproveitar essas oportunidades é necessário conhecer o mercado eletrônico desde seu início às tendências futuras. 16 5.1 Crescimento De acordo com o levantamento a seguir realizado pela E-bit, empresa especializada em e-commerce, pode-se perceber um faturamento crescente no setor do comércio eletrônico desde o ano de 2001 até o ano de 2014, e uma projeção do faturamento para o ano de 2015. Fonte: ebit- www.e-commerce.org.br (apud VIEIRA, Murilo Pereira) Apesar da desaceleração da economia que se encontra em estado de recessão técnica e do aumento no endividamento do brasileiro, o e- commerce nacional ganhou cinco milhões de novos consumidores em 2014, o que contribui para que o setor mantenha as taxas médias de crescimento dos últimos anos. (SALVADOR, on-line. 2015 - apud VIEIRA, 2015, p.) De acordo com o histórico do faturamento anual fica claro a capacidade que o e-commerce possui de se adaptar às dificuldades econômicas. No ano de 2008, ano da grande crise mundial que afetou praticamente todos os países e mercados, o comércio eletrônico no Brasil cresceu 1,8 bilhão de reais. No ano seguinte, em 2009 o faturamento continuou a subir, alcançando um crescimento de 2,4 bilhões de reais. Conforme aponta o presidente da associação brasileira de comércioeletrônico, nesta segunda crise econômica que o e-commerce enfrenta atualmente, a tendência é que ele continue crescendo devido ao grande número de usuários que aderiram a este modelo de comércio. 0 10 20 30 40 50 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 0,5 0,9 1,2 1,8 2,5 4,4 6,4 8,2 10,6 14,8 18,7 22,5 28 35,8 43 Faturamento anual do e-commerce no Brasil em Bilhões http://www.e-commerce.org.br/ 17 Variação do faturamento anual 2015 R$ 43,00 bilhões 20% 2014 R$ 35,80 bilhões 24% 2013 R$ 28,00 bilhões 28% 2012 R$ 22,50 bilhões 20% 2011 R$ 18,70 bilhões 26% 2010 R$ 14,80 bilhões 40% 2009 R$ 10,60 bilhões 33% 2008 R$ 8,20 bilhões 30% 2007 R$ 6,30 bilhões 43% 2006 R$ 4,40 bilhões 76% 2005 R$ 2,50 bilhões 43% 2004 R$ 1,75 bilhão 48% 2003 R$ 1,18 bilhão 39% 2002 R$ 0,85 bilhão 55% 2001 R$ 0,54 bilhão Fonte: ebit- www.e-commerce.org.br. Não considera vendas de automóveis, passagens aéreas e leilões on-line. (apud VIEIRA, Murilo Pereira) Pelos dados apresentados fica evidente que o e-commerce vem se fortalecendo, tendo como um dos principais motivos a maior confiança em realizar compras virtuais devido aos avanços tecnológicos e sites especializados em intermediar a compra de maneira mais fácil e segura. A entrada de novas lojas, a consolidação das já existentes e a fusão de grandes grupos de varejo já conhecidos no mercado tradicional, também contribuíram para alavancar a confiança neste canal. Diante dos dados da variação do faturamento anual, percebe-se que a variação está diminuindo gradativamente, porém isto não é sinal de enfraquecimento do setor, pois é comum que quanto menor o mercado maior será o seu crescimento e consequentemente a variação do faturamento. Como pode ser visto na figura acima, no ano de 2006 a variação foi a maior da história do e-commerce com 76%, e faturamento de 4.4 bilhões de reais, já para o ano de 2015 a variação estimada foi de 20% e previsão de faturamento de 43 bilhões de reais De acordo com relatório WebShoppers, divulgado pela E-bit no primeiro semestre de 2014, a categoria mais vendida em volume de pedidos era Moda e Acessórios com 17%, seguido de Cosméticos e Perfumaria/Cuidados Pessoais/Saúde com 15% e os Eletrodomésticos, responsáveis por 12% do volume de pedidos. 18 Uma matéria publicada pela revista Pequenas Empresas Grandes Negócios e realizada pela consultoria IBISWorld9 indicam que os setores com maior potencial para crescerem entre os anos de 2015 e 2020 são os de Roupa masculina (14,02%), Comidas (12,02%) e Sapatos (8,02%). Com base no cenário atual e na projeção futura a respeito dos setores com maior potencial de crescimento é possível perceber que não são os mesmos setores que continuarão liderando o crescimento deste mercado, e isso exemplifica as oportunidades atuais e futuras que o e-commerce oferece. 5.2 Perfil dos consumidores Todo empreendedor ou empresa busca entender o perfil do cliente para que possa oferecer o produto ou serviço que eles mais necessitam. “O comportamento do consumidor engloba o estudo de o que compram, por que compram, quando compram, onde compram, com que frequência compram e com que frequência usam o que compram". (SCHIFFMAN; KANUK. 2000. p. 5 - apud VIEIRA, 2015, p.07) No levantamento a seguir, realizado pela empresa E-bit, entre os usuários de internet através de um formulário constando várias opções de preferência na finalidade de acesso mostram que a opção “verificar os e-mails” foi marcada por 95% dos entrevistados, em segundo lugar está o e-commerce com 81%, seguido dos portais de notícias e entretenimento, ambos com 79%. Fonte: e-bit informação- www.ebitempresa.com.br 95% 81% 79% 79% 74% 54% 34% 21% 19% 10% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Finalidade do acesso a internet 19 No comércio eletrônico assim como no comércio tradicional, não existe uma receita mágica para o sucesso, tudo depende de entender o cliente e oferecer aquilo que ele procura. Para compreender e definir melhor o perfil do consumidor segue abaixo o volume de compras por renda familiar, faixa etária e o grau de escolaridade, com o intuito de entender melhor o perfil do e-consumidor. De acordo com os dados publicados pelo centro de políticas sociais da Fundação Getúlio Vargas em seu website, a classe C possuía à época renda familiar de R$ 1.064 a R$ 4.591.00 e a classe D uma renda de R$ 768 a R$1.064, representando assim mais de 60% das transações realizadas no comércio eletrônico no ano de 2014 conforme o gráfico abaixo. Fonte: www.e-commerce.org.br Ao contrário do que se imagina, a faixa etária responsável pela maior quantidade de transações online, 38%, é entre 35 a 49 anos. A explicação para a quantidade de transações para essa faixa etária é o fato de ser uma faixa economicamente mais ativa e mais madura, onde possuem uma renda um pouco mais elevada e adotam o cartão de crédito como sendo o seu principal meio de pagamento. Em segundo lugar está o público mais jovem, entre 25 e 34 anos, responsável por 32% das compras realizadas pela internet. 1% 11% 32% 38% 16% 2% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% Até 17 anos Entre 18 e 24 anos Entre 25 e 34 anos Entre 35 e 49 anos Entre 50 e 64 anos Mais de 64 anos Faixa Etária X Quantidade de Trasações 20 Fonte: www.e-commerce.org.br A partir dos dados apresentados é possível ver que o aumento da escolaridade está diretamente relacionado à renda familiar, que por sua vez está ligado com o número de transações realizadas no comércio eletrônico. Este fato acontece não só pela renda mais elevada, mas também pelo maior esclarecimento por parte das vantagens e do nível crescente de segurança nas transações online. Em um estudo realizado pela Hi-Mídia (2012), empresa especializada em venda de mídia online, aponta que "mais que a opinião de parentes e amigos, é a internet a maior influenciadora na hora de se decidir por uma compra." Ainda segundo este estudo a respeito do perfil do e-consumidor, 93% dos entrevistados das classes C/D/E já são e-consumidores, contra 90% dos pertencentes às classes A/B. Quando se diz respeito aos motivos de se comprar online 68% por cento dos internautas afirmaram que compram online por causa do preço e 56% por conta da comodidade. A pesquisa ainda aponta que praticamente todos os consumidores comparam preços na internet antes de fazer suas compras, independente se as realizarão em lojas físicas ou online. 3% 22% 23% 32% 20% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Ensino Fundamental Ensino Médio Superior Incompleto Superior Completo Pós Graduação Escolaridade X Quantidade de Transações 21 6 LEIS DE E-COMMERCE NO BRASIL Fonte:bleez.com.br Recentemente, o decreto 7962/13 foi expedido pela presidente Dilma Rousseff no intuito de regulamentar o Código de Defesa do Consumidor, Lei 8078/90, acerca do comércio eletrônico no Brasil. Tem como principal objetivo aumentar a segurança nas compras, esclarecer os direitos do consumidor e fornecer mais informações aos clientes sobre a empresa e o produto a ser adquirido. Além disso, a regulamentação fez com que o mercado de e-commerce se tornasse mais profissional, aumentando a sua credibilidade com outros setores do comércio e tornando-o essa grande potência que cresce a cada ano, mesmo em períodos de transtornos políticos ou recessões econômicas. As principais determinações que entraram em vigor em 15 de maio de2013 foram: 1. Aumento das informações institucionais e de contato: a loja eletrônica deverá apresentar informações de contato como telefone e e-mail, visíveis aos seus visitantes; 22 2. Direito de arrependimento: o cliente tem o direito de devolução do produto em até 7 dias úteis após sua aquisição de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. No casodo e-commerce, esse prazo inicia-se logo após a data de entrega. Antes era comum cobrar o frete da devolução do cliente; entretanto, a partir de agora o arrependimento não poderá gerar prejuízos ao comprador. 3. Descrição dos produtos ou serviços: as informações dos produtos deverão ser completas e claras, incluindo os possíveis riscos que podem apresentar à saúde e à segurança do consumidor. O preço, taxas e adicionais deverão estar claramente indicados, assim como as formas de pagamento a disponibilidade do produto. 4. Frete e data de entrega: o prazo para entrega dado pela loja online deverá ser cumprido, o frete deverá ser rastreado e as informações disponíveis ao cliente durante todo o trajeto entre a loja e o destino. Essa lei possivelmente aumentará a segurança das compras online, atraindo mais consumidores e, consequentemente, aumentando ainda mais a economia no mercado (BRASIL, 2013 – apud MENDES, 2013, p.32). As mudanças exigidas pela nova legislação propõem um reforço na responsabilidade do comércio eletrônico nacional, possibilitando, assim, ao consumidor a prática de uma compra segura e funcional, pois a infração das especificações inseridas pelo decreto implicarão em uma série de punições para o vendedor. No que tange aos impostos sobre as mercadorias adquiridas online, o Brasil adota uma posição bem diferente da adotada pelos Estados Unidos. Os produtos vendidos em lojas de e-commerce são taxados da mesma maneira que os produtos vendidos em lojas convencionais. Segundo o relatório da Receita Federal: “Não tributar o comércio eletrônico implica também alguns efeitos particulares de distribuição. Quem tem acesso à internet, particularmente em países em desenvolvimento como o Brasil, são pessoas de renda mais alta e com melhor educação. A isenção da tributação seria, assim, regressiva do ponto de vista distributivo, pois os pobres têm menor acesso a este meio de comunicação” (FEDERAL, 2001– apud MENDES, 2013, p33). A decisão do Brasil pode estar protegendo o consumidor de baixa renda, dando prioridade à tributação. Entretanto, está deixando de proteger as empresas nascentes 23 do e-commerce, que precisam competir tanto com empresas do mundo todo já estabelecidas online, quanto com empresas offline no Brasil. Analisando em âmbito nacional, não é correto que as empresas convencionais paguem tributos e as de comércio eletrônico não. Todavia, como a competição não é somente dentro do país, as empresas de e-commerce nacionais estão em desvantagem em relação às empresas de e-commerce dos Estados Unidos e de outros países que utilizam as mesmas estratégias de proteção a esse tipo de indústria. A fim de estimular mais esse mercado, seria interessante o governo brasileiro implementar uma tributação alternativa para o comércio online. Uma alternativa que não prejudicasse quem não faz parte do comércio eletrônico, mas que também não minasse as possibilidades das empresas brasileiras de e-commerce de conquistarem consumidores fora do território nacional. 6.1 Informações claras sobre a loja e ofertas Uma das novidades do decreto e que, certamente, passou longe do radar dos empresários desse ramo é a obrigatoriedade de fornecer informações de forma explícita sobre a empresa e as suas ofertas. Entretanto, algumas pessoas podem se perguntar: mas o que, afinal, seriam informações claras e precisas? Simples. Vamos destacar as principais que devem ser facilmente encontradas nas páginas do seu e-commerce: – Número do CNPJ e a razão social da empresa; – Endereço físico e números de telefone para contato e e-mail; – Descrição essencial do produto, principalmente quanto aos riscos que ele pode gerar para a saúde e a segurança do consumidor; – Especificação detalhada do preço, contento todos os custos adicionais, como despesa com fretes (se houver) ou seguros; – Condições globais da sua oferta, com a disponibilidade do produto ou serviço, meios de pagamento, promoções e formas de entrega; – Informações sobre possíveis restrições quanto ao aproveitamento de uma oferta. Além disso, é necessário ter uma linguagem simples e objetiva. 24 O contrato de compra também deve ser disponibilizado integralmente em alguma página do site. Também é fundamental que seja apresentado um resumo do carrinho de compras antes de o cliente efetuar o pagamento. Dessa forma, você oferece a ele a oportunidade de excluir algum produto selecionado. Ainda sobre a transparência das informações, também é obrigação da empresa enviar um e-mail contendo a confirmação de compra, além de apresentar as condições de troca e devolução. 6.2 Especificidades dos sites de compras coletivas Outra regra nova atingiu em cheio as empresas que fazem vendas coletivas, tendo em vista que os que exploram esse tipo de atividade, segundo o decreto, também são equiparados às empresas de e-commerce. Portanto, eles devem mostrar: – O mínimo que deve ser adquirido para a efetivação de uma compra; – O prazo para que a oferta possa ser aproveitada pelos compradores; – Identificação do fornecedor responsável pelo portal e da empresa que forneceu a oferta, contendo a razão social, número do CNPJ, endereço físico e eletrônico. Também é importante mencionar que as empresas que oferecem a compra coletiva devem ficar atentas ao Projeto de Lei n° 1.232/2011, que tramita no Congresso Nacional. Ele tem por objetivo estabelecer critérios para aqueles que atuam nesse setor. 6.3 Atendimento e relacionamento com o cliente O atendimento ao consumidor no comércio eletrônico também foi afetado pela Lei do E-commerce. Inicialmente, é crucial que toda a comunicação seja feita de forma respeitosa, leve, simples, clara e objetiva — ou seja, nada de linguagem técnica. Além disso, é preciso confirmar imediatamente o recebimento e aceitação de uma oferta, fornecer respostas rápidas (em, no máximo, 5 dias) sobre reclamações ou solicitação de suspensão do negócio. 25 Também é importante disponibilizar ferramentas simples para que o consumidor possa identificar erros e corrigi-los instantaneamente, antes de efetuar o pagamento e conclusão da compra, além de oferecer mecanismos que protejam os dados e a compra do seu cliente. Você deverá apresentar um pequeno resumo com as principais informações do contrato de compra e venda antes de o consumidor tomar a decisão final. Nesse termo, devem constar todos os direitos e deveres de ambas as partes. 6.4 Arrependimento de compra Sem dúvidas, a principal modificação trazida pela Lei do e-commerce foi a regulamentação do arrependimento de compra. De fato, tal direito já era previsto no Código de Defesa do Consumidor, estabelecendo que a compra feita poderia ser cancelada em até 7 dias após o recebimento do produto. O Decreto 7.962/2013 reafirmou esse direito em seu artigo 5º, tornando o arrependimento de compra mais bem regulamentado. Dessa forma, o consumidor pode solicitar a devolução dos itens adquiridos, sem qualquer ônus para ele. Por fim, é importante ressaltar que, apesar de ser complexa e, aparentemente, não muito vantajosa para o comerciante, a Lei do E-commerce possibilitará que as empresas tenham mais segurança e transparência nas vendas que são realizadas, o que contribuirá para o crescimento dessa atividade no país. 26 7 PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DA TEORIA ECONÔMICA Fonte:3bqcok3blxop389wjn309a64-wpengine.netdna-ssl.com Momentos de transição, como o que o e-commerce vive, são frequentemente seguidos de novas regras de competição. Devido à rapidez e a grandes mudanças envolvidas em seu desenvolvimento, a internet, o e-commerce e tudo o mais que o cercam pode ser chamado de “e-fenômeno”. Não se sabe se seria correto dizer que uma nova economia seria necessária para explicar o que ocorre com o advento da internet. Novas leis e observações ajudam a análise dos fatos queocorrem, porém, é sempre conveniente verificar as teorias econômicas anteriormente e amplamente estudadas, visto que elas sempre podem apresentar características que ajudam a explicar as situações que buscamos entender (PORTER, 2001 – apud MENDES, 2013, p.35). Conforme Varian (2002 – apud MENDES, 2013, p.35), novas ideias são sempre importantes e ajudam a explicar certos fenômenos, porém, elas têm um alcance limitado. A busca por uma ideia realmente relevante deve ser feita, também, através de pesquisas em literatura econômica já estabelecida 27 7.1 E-commerce: inovações e teorias econômicas aplicáveis O desenvolvimento e a implementação de novas tecnologias estão fortemente relacionados com resultados econômicos. O crescimento e desenvolvimento de economias modernas, está baseado nas inovações bem como em novas tecnologias, conforme muitos economistas já relataram em suas obras. Em A Riqueza das Nações, Adam Smith identifica os antigos fatores de produção — capital, terra e trabalho. Hoje, eles não são mais suficientes para determinar o sucesso de um negócio. Inovação e capacidade de adaptação das empresas às novas tecnologias e novos mercados são essenciais para uma empresa atingir esse fim (TASSABEHJI, 2003 – apud MENDES, 2013, p.35). No início do século XX, Konfratieff apresenta a sua Teoria de Ondas Longas de Crescimento Econômico, em que ele estuda o comportamento do preço no século XIX. Um ciclo de Kondratieff pode ser explicado baseando-se nos estágios de suas fases: inicia-se com a fase de expansão, com o surgimento de inovações tecnológicas marcantes; passa-se à fase de recessão, também chamada de depressão primária, onde há carência de matéria-prima; seguindo-se a uma fase de depressão, com o colapso econômico. A tecnologia seria a forma de sair da depressão e iniciar a recuperação econômica, entrando em um novo ciclo (TASSABEHJI, 2003; FERREIRA, 2008 – apud MENDES, 2013, p.35). Grandes inovações tecnológicas criam estímulos econômicos e geram ondas de crescimento nos mais diversos setores. Kondratieff demonstrou a existência de períodos longos de crescimento da economia, seguidos de períodos de intensa recessão. Ele acreditava que a interação entre distintos fatos produzia um padrão que se repetia ao longo de um grande período de tempo. Esses fatos envolviam principalmente inovações, seguidos de guerras, de descobertas e da opinião pública. Até o momento, foi possível identificar quatro ondas que se encaixam perfeitamente na teoria de Kondratieff: 1) Primeira onda: a Revolução Industrial; 2) Segunda onda: o uso generalizado da máquina a vapor e do transporte ferroviário, permitindo a consolidação da indústria siderúrgica; 3) Terceira onda: desenvolvimento e consolidação da indústria petrolífera, das redes elétricas e do desenvolvimento do motor de combustão interna, que 28 possibilitaram a expansão dos Estados Unidos no fim do século XIX e início do século XX; 4) Quarta onda: marcada por uma concentração de inovações importantes para o desenvolvimento, entre as quais podemos destacar o rádio, a televisão, o computador, os foguetes, os satélites, a tecnologia nuclear, a aviação comercial, os semicondutores e os microprocessadores (FERREIRA, 2008 – apud MENDES, 2013, p.36). A internet tem sido vista como provável motivo impulsionador para a 5ª onda de Kondratieff. Uma vez que a atual transformação no sistema de comunicações é baseada em inovações, que impulsionam os demais setores da economia gerando crescimento econômico e estimulando novas inovações como o e-commerce. De acordo com Devezas, Linstone e Santos (2005 – apud MENDES, 2013, p.36), a internet causa profundos impactos não somente pelo e-commerce, mas também, socialmente e culturalmente durante o desenvolvimento da 5ª onda de Kondratieff. Schumpeter segue com a linha de pensamento de Kondratieff e sugere que a inovação tecnológica é quase que exclusivamente o único meio de desenvolvimento econômico. Ele afirma que as oportunidades de inovação técnica se propagam irregularmente através de diferentes setores da economia e não são contínuos ao longo do tempo. Ela ocorre de maneira mais explosiva, assim que os empreendedores percebem um novo potencial, surgindo de novas combinações tecnológicas e mudanças organizacionais (TASSABEHJI, 2003 – apud MENDES, 2013, p.36). As inovações caracterizam-se pela introdução de novas combinações produtivas ou mudanças nas funções de produção. Schumpeter classifica essas modificações de cinco formas distintas: (i) Introdução de um novo bem ou de uma nova qualidade de um bem; (ii) Introdução de um novo método de produção; (iii) Abertura de um novo mercado; (iv) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados; e (v) Estabelecimento de uma nova organização (SOUZA, 1994 – apud MENDES, 2013, p.36) 29 A introdução de um novo método de produção, ou seja, um método ainda não verificado pela experiência naquele ramo produtivo em que tal introdução é realizada e que não decorre necessariamente, de qualquer descoberta científica, mas que pode simplesmente consistir em um novo método de tratar comercialmente uma mercadoria, caso que ocorreu no e-commerce. Através de novos métodos logísticos e um planejamento mais detalhado do ciclo de vida do produto, atingiu-se uma redução considerável de custos. Schumpeter diz que o objetivo é produzir uma unidade de produto que custe menos e, assim, criar a diferença entre o seu preço existente e os seus novos custos. Dessa maneira, o lucro ocorre com custos menores, visto que o preço do produto, na presença de uma inovação — é menor do que o preço do produto original. Shumpeter diz que a abertura de um novo mercado é um ramo particular da indústria de transformação do país em questão ainda não explorado, quer tenha esse mercado existido antes, quer não (SOUZA, 1994 – apud MENDES, 2013, p.37). Em relação ao e-commerce, a fase de imitação de um produto é acelerada. Com mais competidores e rapidez de informação, diminuem as barreiras para criação de produtos similares. Acaba ocorrendo uma redução da vantagem de ser a firma inovadora, em função da redução da fase de imitação. Já não é mais tão atrativo investir tanto em P&D, pois a duração no mercado do produto como sendo único no mercado se torna reduzida. Com as facilidades que a internet e o e-commerce trazem, é mais fácil e rápido encontrar informações que reduzam esse tempo de reação das empresas. De acordo com Besanko et al. (2009 – apud MENDES, 2013, p.37): “Vantagens competitivas baseadas em capacidades e fontes imitáveis ou as vantagens de ser a firma líder podem eventualmente se tornar obsoletas conforme surgem novas tecnologias, gostos mudam ou as políticas governamentais evoluem” 7.2 O E-fenômeno Muito já foi falado a respeito do impacto que a internet, e toda a rede que cresceu a partir dela, geraram e ainda geram na economia. Foram criadas teorias com o objetivo de explicar o fenômeno advindo da internet, como a Lei de Moore, a Lei de Metcalfe, a Lei de Gilder, entre outras. Além disso, cabe uma breve análise sobre a 30 necessidade de uma nova economia para explicar as mudanças que a internet proporcionou, e ainda proporciona, nos mercados em que é inserida. Em meio a diferentes visões que buscam explicar o e-fenômeno, algumas teorias como a Lei de Moore, a Lei de Metcalfe e a Lei de Gilder, baseadas em observações, conseguem apresentar uma possível previsão do que poderá ser o futuro da internet e de tudo que a envolve. De acordo com Tassabehji (2003, p 286- 287 – apud MENDES, 2013, p.37), “essas leis sustentam a tecnologia que dá as diretrizes para as empresas e, dessa forma, as empresas devem se adaptar a essas leis” Gordon Moore graduou-se em química na Universidade da California em Berkeley e pósgraduou-se em química e física no Instituto de Tecnologia de Berkeley. Foi o co-fundador da Intel Corporation, em 1968 e permaneceu como CEO da empresa até 1987. É diretor da Gilead Sciences Inc., membro da Academia Nacional de Engenharia dos Estados Unidos, além de ter recebido a Medalha Nacional de Tecnologia em 1990 do Presidente George Bush. A Lei de Moore prevê que a cada 18 meses, o número de transistores iria dobrar de capacidade enquanto o custo permaneceria constante. Essa lei é prestigiada por ter tornado possível a revolução dos computadores e equipamentos eletrônicos, pois podem ser produzidos em grandes quantidades usando técnicas simples a um custo muito baixo. Os transistores, hoje em dia, têm substituído quase todos os dispositivos eletromecânicos, a maioria dos sistemas de controle e aparecem em grandes quantidades em tudo que envolva eletrônica, desde os computadores às geladeiras (TASSABEHJI, 2003; HOWSTUFFWORKS.COM, 2013 – apud MENDES, 2013, p.38). Inicialmente a lei de Moore não passava de uma observação, mas acabou tornando-se um objetivo para as indústrias de semicondutores, fazendo com que as mesmas alocassem muitos recursos nesse setor para poder alcançar o nível de desempenho das previsões de Moore. É isso que torna a lei de Moore realmente importante, pois sem ela, talvez não tivéssemos um desenvolvimento tão acelerado em nível de hardware e com custos cada vez mais acessíveis Assim, computadores ainda mais potentes seriam criados sem que seu preço aumentasse na mesma proporção. Ao apontar isso, a Lei de Moore foi, utilizada para prever os níveis de rápidas mudanças tecnológicas e seus efeitos tanto econômicos quanto sociais (TASSABEHJI, 2003 – apud MENDES, 2013, p.38). 31 Podemos ver na figura abaixo a evolução da capacidade dos processadores da Intel entre 1970 e 2000. Existem diversas previsões que a Lei de Moore não durará muito tempo mais. Até bem pouco tempo atrás, após alguns anos de uso, um computador estava desatualizado e precisava ser substituído para acompanhar a evolução dos programas que eram desenvolvidos. Eles já não possuíam mais capacidade para rodar e, portanto, seu uso se tornava limitado. Hoje, essa diferença entre a capacidade dos computadores e dos programas não evolui tão rapidamente. Os hardwares estão mais potentes, além disso, o uso da nanotecnologia faz com que o espaço físico se torne menor, possibilitando espaço para outros dispositivos. Dessa maneira, a lei deixaria de ser válida, pois a capacidade dos programas teria um limite e em breve, os computadores o estariam alcançando. Fonte: 2.bp.blogspot.com Robert Metcalfe fez sua graduação no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, MIT, e sua pós-graduação na Universidade de Harvard. Em 1972, após a conclusão de seus estudos foi para Centro de Pesquisas da Xerox em Palo Alto nos Estados Unidos, onde inventou a Ethernete criou a empresa 3Com. Hoje, é professor de Engenharia Elétrica e diretor de Inovação na Universidade do Texas. A Lei de Metcalfe mostra que o valor de uma inovação cresce o número de usuários dela ao quadrado, V=n2, sendo V o valor de uma inovação e no número de usuários. Isso significa que uma tecnologia possui mais valor quanto maior for o número de pessoas que a utilizam e quanto mais pessoas a utilizarem, mais valiosa ela se torna; esse valor cresce exponencialmente. Assim funciona o peer to peer, esse tipo de e- 32 commerce não é útil e não possui valor algum se poucas pessoas fizeram parte dele. Conforme o número de usuários aumenta, mais útil a ferramenta se torna e, consequentemente, mais valor é agregado a ela. À vista disso, cada computador adicionado à rede P2P é uma nova fonte e acrescenta valor e mais opções de acesso aos usuários (TASSABEHJI, 2003 apud MENDES, 2013, p.39). Uma tecnologia que não esteja disseminada, que seja de uso de poucos, não possui tanto valor quanto uma tecnologia que está ao alcance de muitos. O mesmo vale para programas de computador, redes sociais, e-commerce, jogos, softwares de computadores e toda gama de produtos e serviços ligados à internet. A lei de Metcalfe se encaixa perfeitamente no momento que vivemos, em que os smartphones, seus aplicativos e as redes sociais, se tornam cada vez mais comuns. A grande maioria dos aplicativos faz sentido quando um número grande de pessoas os usa. Da mesma maneira funciona uma rede social. Facebook, Twitter e Linkedin não teriam propósito algum caso o seu número de usuários fosse pequeno. Fonte: cdn-images-1.medium.com (Lei de Metcalfe) A lei de Metcalfe pressupõe constante inovação como a chave para manter o crescimento da economia que gira em torno da internet. Tem a ideia que a cada nova onda de inovações tecnológicas cria-se uma nova curva em S, que representa o ciclo de vida de um produto, trazendo benefícios exponenciais. De acordo com Metcalfe, conforme novas curvas S fossem sendo agregadas, uma curva em forma de “bastão de hockey” iria ser gerada. Empresas que investem em Pesquisa & Desenvolvimento, visionárias ou com recentes inovações de sucesso, se posicionam no início de cada nova curva, enquanto empresas que têm capacidade de inovação menor se posicionam no topo da antiga curva S e correm o risco de não sobreviverem a uma nova onda de crescimento (TASSABEHJI, 2003 - apud MENDES, 2013, p.41). 33 Fonte:image.slidesharecdn.com (Curva S) George Gilder, graduou-se na Academia Exeter e na Universidade de Harvard. Escreve para as revistas Forbes, The Economist, The Harvard Business Review, o Wall Street Journal entre outras. Segundo a Lei de Gilder, a capacidade das bandas cresce pelo menos três vezes mais rápido do que os custos da evolução da potência dos computadores. Isto significa que quanto maior a banda, mais informações podem passar por um cabo de computador. Os custos dessas transações se reduzirão pela metade ao passo que a velocidade dobrará nos próximos anos. Ou seja, além do desenvolvimento das bandas, que proporcionam mais velocidade e eficiência nas transações online, os custos na internet estão caindo. Assim, fica cada vez mais barato operar com essas tecnologias. Hoje, programas considerados pesados são distribuídos através da internet e, ao serem executados, funcionam como se estivessem instalados localmente no computador do usuário (NARDON; FURUIE; TACHINARDI, 2000 apud MENDES, 2013, p.41). Michael Porter diz que existem cinco forças que mostram o quão atrativo é uma indústria e o potencial para adquirir vantagem competitiva que ela apresenta. A ideia de uma nova economia que explicaria o e-fenômeno é desnecessária de acordo com Porter (2001 - apud MENDES, 2013, p.41). A tecnologia é de extrema importância para as empresas, porém, não é preciso tratá-la como a única solução para alterar a estrutura das empresas. É perigoso e precoce afirmar que a internet muda toda a estrutura de um mercado. Apesar de muitas vantagens, a internet pode trazer também, diversas desvantagens às empresas e aos mercados. A redução das barreiras à entrada nos mercados é prejudicial às empresas já estabelecidas, além disso, a facilidade de aquisição dos sistemas tecnológicos de infraestrutura não permite uma diferenciação nas proporções que poderia causar caso fosse um sistema 34 menos acessível. Se todas as empresas que operam via internet tiverem os sistemas mais atuais à sua disposição ou a um baixo custo, nenhuma empresa terá vantagem perante as outras. Dessa maneira, as empresas que entram no mercado online estão competindo com pouca diferenciação. O consumidor se beneficia dessa guerra onde os recursos são praticamente iguais aos concorrentes, no entanto, as empresas não. O fator menos favorável para as empresas utilizarem como variável estratégica, em uma situação de concorrência, acaba sendo a principal arma que elas podem utilizar: o preço. Emrazão do preço ter mais evidência em empresas dot-com, muitas delas deixaram de lado estratégias básicas de competição e abdicaram da qualidade dos bem e serviços em função disso. Cada tipo de indústria tem uma diferente reação à adoção da internet. Para o e-commerce cuja diferenciação dos produtos se dá principalmente pelo preço, a internet traz dificuldades quando é necessário diferenciar qualidade de bens e serviços. Entretanto, quando se trata de leilões online, a internet traz benefícios ao mercado, uma vez que, existe a dificuldade de encontrar substitutos e a competição nesse setor não é inteiramente focada no preço. Os benefícios que a internet e todos os sistemas envolvidos podem trazer correm o risco de serem anulados se todas as empresas fizerem uso deles ao mesmo tempo. Dessa forma, a internet deve ser uma estratégia complementar adotada pelas empresas, e não a principal. Mesmo com todos os benefícios que a internet traz aos mercados, não se exclui a necessidade de atividades como estratégias e planejamento. As empresas, contudo, não podem mais escolher se vão implementar a internet entre as suas estratégias ou não. Se elas quiserem permanecer competitivas, isso nem deve ser discutido, o que é preciso levar em consideração é como fazer uso da internet na estrutura de empresas já consolidadas e como será a estrutura de empresas exclusivamente dot-com (PORTER, 2001; TASSABEHJI, 2003 apud MENDES, 2013, p.42). Outro fator que impulsionou a proliferação dos mercados na internet foi a maneira que os dados de crescimento do setor são apresentados. As empresas de e- commerce, em sua maioria, apresentam seus resultados de forma distorcida. Custos, receita e preços, muitas vezes podem, convenientemente, não ser calculados da maneira convencional. A importância de uma empresa dot-com é frequentemente medida de acordo com o número de consumidores, o número de visitas no site, a taxa de cliques dados no site, entre outras medidas questionáveis. Economicamente, é difícil fazer uma comparação entre as empresas, pois poucas informações 35 convencionalmente utilizadas para esse fim são divulgadas. Assim, os sinais dados pelas empresas de e-commerce são confusos e não necessariamente traduzem a realidade do mercado. 8 E-COMMERCE NAS EMPRESAS Fonte: rhpravoce.com.br O tipo de empresa e o tipo de mercado em que ela está inserida são essenciais para delinear o tipo de estratégia a ser tomada. Segundo Ozaki e Vasconcellos (2012 apud MENDES, 2013, p.43), uma metodologia frequentemente utilizada para mensurar os impactos trazidos pela internet ao e-commerce é a análise das forças competitivas de Porter. Cinco forças competitivas que determinam o tipo de mercado, auxiliando na elaboração de estratégias de uma empresa. São elas: (i) Ameaças de novos entrantes; (ii) Poder de barganha dos fornecedores; (iii) Poder de barganha dos consumidores, (iv) Substitutos perfeitos e (v) Rivalidade entre as empresas existentes. 36 Combinadas essas forças, determinariam como o valor econômico de cada bem ou serviço criado é dividido entre empresas e demais envolvidos nas transações ocorridas no mercado, como consumidores e fornecedores, por exemplo (PORTER, 2001 apud MENDES, 2013, p.43). O e-commerce é uma realidade nos mais diversos setores da economia. Sua assimilação e utilização tornaram-se parte da estratégia das empresas. Home page e e-mail são as aplicações mais comuns de e-commerce entre uma grande parte das empresas consolidadas. A tendência é buscar aplicações mais estruturadas, como catálogos e formulários (ALBERTIN, 2012 apud MENDES, 2013, p.43). De qualquer maneira, por mais simples que seja a inserção da empresa no mercado online, consequências podem ser percebidas como podemos verificar nas tabelas abaixo. Os efeitos positivos para as empresas são o que tem atraído tanto empresas novas como empresas consolidadas para esse mercado. Consequências que o e-commerce traz para as empresas Efeitos positivos Efeitos negativos Redução da barreira geográfica Redução das barreiras à entrada Redução dos custos variáveis Mais empresas no mercado Maior contato com os consumidores Aumento dos custos fixos Melhora na coleta de informações tanto sobre o mercado quanto sobre os consumidores Guerra de preços Compartilhamento de plataformas e estratégias com os concorrentes Compartilhamento de plataformas e estratégias com os concorrentes Aumento da atratividade da empresa Consequências que o e-commerce traz para os consumidores Efeitos positivos Efeitos negativos Redução da assimetria de informações O preço passa a ser o fator mais importante Redução dos preços médios dos bens e serviços online Redução da qualidade dos bens e serviços Maior número de empresas Facilidade e praticidade Comparação de preços facilitada 37 O “compartilhamento de plataformas e estratégias com os concorrentes” foi classificado tanto como um efeito positivo tanto como negativo para as empresas, pois apesar de melhorar seu desempenho individualmente, quando compartilhada não apresenta tantos benefícios como o esperado. Para uma empresa entrante, essa facilidade de informações é um efeito benéfico, pois agrega dados sobre o mercado fazendo com que se reduzam as informações imperfeitas. Para uma empresa já estabelecida, no entanto, isso significa que suas estratégias são mais facilmente copiáveis, reduzindo, assim, suas vantagens perante as demais empresas. Em relação aos consumidores, os efeitos positivos se sobrepõem aos efeitos negativos. A redução da qualidade, nem sempre é um fator definitivo, pode ser uma redução momentânea, resultante da guerra de preços entre as empresas. Porém, após o equilíbrio dos preços, uma maior qualidade dos bens e serviços oferecidos pode ser requerida pelos consumidores, mesmo que modifique posteriormente o equilíbrio dos preços pré-estabelecidos. Besanko et al. (2009, p 292 - apud MENDES, 2013, p.) dizem que “Quando a qualidade é alta, a demanda é mais alta do que quando a qualidade é baixa. ” Ou seja, para que a demanda aumente, posteriormente a qualidade tende a aumentar. O ambiente online, permite que as relações cliente-empresa e empresa- fornecedores sejam melhor exploradas. É inegável que a internet, e o mercado criado por ela, influenciaram e ainda influenciam todos os mercados e empresas que buscam se tornar ou permanecer competitivas. É evidente, também, que isso ocorre em diferentes intensidades e maneiras. Para uma empresa não tornar sua imagem obsoleta, é cada vez mais recomendável a adesão a essa nova tecnologia, que traz muitas mudanças para as mesmas. No entanto, os efeitos trazidos pela internet e pelo e-commerce podem ser positivos ou negativos. Dentre os diversos efeitos que podem ocasionar em um mercado está o aumento da rivalidade entre os competidores, muito em razão do consumidor ter mais informação e capacidade de pesquisa, uma vez que é muito mais fácil pesquisar preço e qualidade do produto via internet do que por meios convencionais. Esse é um ponto benéfico para o consumidor, porém, não necessariamente para a empresa, que se vê obrigada a ser mais competitiva. Soma- se ainda, o fator localização, que deixa de ser tão importante quanto antes. Os consumidores, especialmente os moradores de cidades pequenas, onde existe menos oferta e diversificação, têm muitos benefícios com o e-commerce, tal como: a comparação de preços com mais praticidade, sem a necessidade de ligações 38 telefônicas ou deslocamento físico. Muitas vezes, esses consumidores têm ainda a possibilidade de conseguir o frete gratuitamente (IPEA, 2011; DINIZ, 1999 apud MENDES, 2013, p.45). Agora, a barreira do mercado geográfico fica mais sensível ou, em muitos setores, inexistente. O mercado consumidor do e-commerce deixa de ser local e/ouregional para se tornar nacional e/ou internacional. Há um aumento da rivalidade entre os competidores existentes, pois quando um site faz uma promoção ou lança um novo produto, todos os rivais ficam cientes; podendo, então, tomar medidas para minimizar as vantagens obtidas pela empresa inovadora. Dessa forma, o tempo que normalmente se teria para reagir a uma inovação, fica reduzido. Os custos variáveis diminuem e ocorre um consequente aumento dos custos fixos, o que acaba corroborando para a redução dos preços dos produtos. Desde sempre, a assimetria de informações entre consumidores e vendedores beneficiou e onerou alguma das partes. Outro ponto comum era a dificuldade enfrentada entre as partes de captar essas informações e compará-las. Isso quer dizer que, consumidores não encontravam facilmente o fornecedor de sua cesta de consumo e, por sua vez, os fornecedores não atingiam de forma eficiente todos os consumidores que poderiam consumir os bens e serviços que ofertavam. O mercado online proporcionou uma disseminação da informação; os produtos ou serviços atingem uma área geográfica muito maior, o que antes não era possível. Com o aumento da competitividade, o preço final dos produtos se torna a principal atratividade, gerando um efeito negativo para as indústrias e positivo para os consumidores. Isto ocorre em função do preço, não em função da qualidade que muitas vezes acaba sendo sacrificada para oferecer preços mais atrativos. O mercado se expande em consequência da maior eficiência que a internet e o e-commerce trazem para as empresas. Outro fator de destaque é o aumento de informações que o consumidor tem ao utilizar a internet para pesquisa de produtos. Além de pesquisar fornecedores e preços, aumentando seu poder de barganha, o consumidor pode ainda descobrir novos substitutos para os produtos. Os próprios sites de venda possibilitam essa informação, uma vez que é cada vez mais comum anunciar produtos similares que podem despertar o interesse do consumidor. Contudo, segundo Wise e Morrison (2000, p 88 apud MENDES, 2013, p.45), o fato da concorrência online ser baseada, principalmente, no preço faz com que a confiança e a relação de longo prazo que as empresas já estabelecidas conquistaram, 39 sejam postas em risco. Em relação ao e-commerce B2B, o relacionamento com os fornecedores também pode ser abalado, posto que, em detrimento da qualidade, algumas empresas preferirão fornecedores usando como critério de escolha o menor preço de produtos. Levando, assim, a um relacionamento empresa-fornecedor fragilizado, visto que, se aparecer outra oferta com menor preço, a relação extinguir- se-á. Tendo em vista que muitas empresas operam com uma política de estoques mínima, o relacionamento com os fornecedores acaba se tornando mais delicado. Dessa maneira, enfrenta-se um paradoxo: o e-commerce traz benefícios às empresas; porém, os pontos negativos podem se sobrepor aos positivos. Outro ponto de destaque em relação às deficiências encontradas nos modelos de negócios de e- commerce é a pressa de entrar no mercado que muitas empresas, principalmente as exclusivamente online, manifestam. Muitas empresas não fazem estudo de mercado, viabilidade da empresa, preferências do consumidor, análise de custos, dificuldades de frete e etc.. Assim, como em outros mercados, o despreparo de alguns empresários é um grande entrave ao sucesso da empresa e, consequentemente, ao sucesso e crescimento do e-commerce (WISE; MORRISON, 2000 apud MENDES, 2013, p.46). Ademais, aos custos de entrada e aos efeitos negativos trazidos com a adesão ao e-commerce somam-se os sunk costs. Sunk costs ou custos irrecuperáveis são as assimetrias entre uma firma que já se comprometeu com uma tecnologia em particular e outra que está planejando se comprometer. Esses custos irrecuperáveis surgem porque a empresa, já comprometida com uma tecnologia em particular, investiu recursos e capacidades organizacionais que podem ser específicos para a tecnologia em questão e se tornam assim, menos valiosas se a empresas resolver aderir a outras tecnologias (BESANKO et al., 2009 apud MENDES, 2013, p.46). Hoje, no Brasil, uma das principais dificuldades enfrentadas pelas empresas, seja qual o setor que elas estiverem inseridas, tanto se tratando de empresas online quanto empresas offline, é a logística. O país é deficitário em vários modais logísticos e essa carência custa muito às empresas, tanto em temos financeiros, quanto no relacionamento com o consumidor. O modal que se faz mais presente no Brasil é o rodoviário, um dos mais caros existentes indo de encontro à minimização de custos e atrapalhando qualquer estratégia empresarial. Quando o preço do produto final é tão importante quanto é no e-commerce, essas consequências podem ser sentidas mais intensamente. Somando-se a esses fatores, os atrasos que podem ocorrer na entrega 40 dos produtos, afetando negativamente a reputação da empresa, reduzindo, ao mesmo tempo, a confiança nas compras na internet como um todo. As firmas têm diversas maneiras de reduzir seus custos a fim de obter o maior benefício possível dentro de sua cadeia de produção. Para o e-commerce, a logística é uma das formas mais eficazes para atingir tal objetivo. Na fase de desenvolvimento inicial, era grande a dificuldade de se prever qual seria a demanda por esta nova forma de compra. As lojas de comércio eletrônico enfrentaram problemas por não terem conseguido estimar adequadamente as vendas e planejar suas operações para grandes variações de demanda que aconteciam, principalmente, no final do ano — período que as vendas aumentam em quantidade considerável devido ao Natal. Visto que principais dificuldades enfrentadas no comércio eletrônico estavam relacionadas às questões logísticas, buscaram-se soluções (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2002 apud MENDES, 2013, p.46). Nos últimos anos, seus métodos vêm sendo inovados e, em função disso, ótimos resultados logísticos vêm sendo atingidos no mercado de e-commerce. Assim, a logística auxilia o comércio eletrônico, aumentando sua eficiência. Segundo Chopra e Meindl (2007 - apud MENDES, 2013, p.47), toda a cadeia de suprimentos bem-sucedida tem um planejamento logístico bem elaborado. Muitas empresas ao redor do mundo vêm utilizando a cadeia de suprimentos como meio de maximizar seu lucro e tornarem-se mais competitivas. Bowersox e Closs (1996- apud MENDES, 2013, p.47) enfatizam que a logística diz respeito à obtenção de produtos e serviços no lugar e tempo desejados. Inclui, também, na sua concepção a ideia de integração das atividades da empresa. Muitas vezes não se sabe a importância que o transporte tem para os custos de uma empresa. Empresas como a Dell vendem seus produtos para o mundo todo com apenas algumas plantas fabris. Outro exemplo é a Kodak que, com a mudança de estrutura de mercado fotográfico necessitou reformular sua cadeia de suprimentos. A alteração do tipo de serviço oferecido implicou em uma transformação na logística da empresa, uma vez que produtos digitais têm uma vida útil mais curta, criando a necessidade de um planejamento de suprimentos mais rigoroso. A reestruturação da Kodak foi feita em duas partes da empresa; uma ligada diretamente aos consumidores e a outra, ligada ao time de planejamento e execução da cadeia de logística. A questão era identificar quais pontos deveriam ser mudados e quais eram as oportunidades de melhoria do sistema. Uma das questões identificadas pela empresa foi que a logística 41 de suprimentos de peças consideradas caras, acima de 700 dólares, tinha 50% do time de logística a sua disposição, embora compusesse menos de 5% do total de peças utilizadas. Análises similares foram feitas e ajudaram a construir uma visão detalhada da estrutura empresarial da Kodak. Dessa maneira, concluíram que as peças mais caras
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