Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

2018
MicroeconoMia i
Profª. Carla Eunice Gomes Correa
Prof. Diego Boehlke Vargas
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª. Carla Eunice Gomes Correa
Prof. Diego Boehlke Vargas
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
C824m
 Correa, Carla Eunice Gomes
Microeconomia I / Carla Eunice Gomes Correa, Diego 
Boehlke Vargas – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 
 198 p.; il.
 
 ISBN 978-85-515-0162-7
 1.Microeconomia I – Brasil. I. Vargas, Diego Boehlke. 
II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 338.5
Impresso por:
III
apresentação
Caro acadêmico! Diariamente nos deparamos com muitas notícias 
sobre a economia do país e do mundo. Vemos que vários fatores alteram 
o mercado tanto do lado dos consumidores como dos produtores, desde 
questões como aumento da renda, desemprego, inflação, aumento da carga 
tributária e as próprias questões climáticas fazem com que haja severas 
modificações no mercado. 
Entretanto, compreender a economia como um todo não é uma 
tarefa simples, pois trata-se de uma ciência muito complexa e com muitas 
particularidades. Desta forma, para um melhor entendimento desta ciência, 
você já estudou anteriormente, na disciplina de Economia, que foram 
criadas algumas divisões para o estudo da economia, e a microeconomia 
é uma delas.
Assim, nesta disciplina de Microeconomia I, vamos voltar nosso olhar 
para um microestudo do mercado, e neste contexto, vamos nos preocupar 
em estudar dois agentes econômicos: os consumidores e os produtores. 
Na Unidade 1 estudaremos os princípios que norteiam os estudos 
microeconômicos, a demanda, a oferta e o mercado em equilíbrio. 
Estudaremos os conceitos de demanda e oferta, veremos que muitos fatores 
acabam influenciando o mercado de oferta e demanda de mercado, como 
é o caso do preço. O preço define não somente a quantidade de produtos 
que o consumidor pretende adquirir, como também define a quantidade de 
produtos que serão ofertados no mercado. Além disso, nosso estudo mostrará 
que ao tomar a decisão de colocar em prática algumas políticas econômicas 
impostas pelo governo, muitas vezes, beneficiamos apenas um dos agentes 
econômicos. Além disso, veremos que muitos fatores acabam influenciando 
o mercado de oferta e demanda de mercado como é o caso do preço.
A Unidade 2 apresenta os fatores que influenciam o comportamento 
da curva de demanda e oferta, bem como, estudaremos com maior 
detalhamento o comportamento do consumidor. Você já refletiu o que 
nos leva a consumir com tanta intensidade? Veremos as preferências do 
consumidor, o que define a sua vontade de comprar e, consequentemente, 
quais os fatores que influenciam a sua escolha. 
IV
A Unidade 3 deste livro de estudos apresenta a teoria da firma. 
Estudaremos na unidade anterior as escolhas do consumidor e suas 
necessidades em adquirir bens e serviços. Mas de onde vêm esses bens e 
serviços? Nesta unidade veremos que a produção destes bens e serviços 
envolve vários processos, desde a compra de matérias-primas, a busca por 
mão de obra qualificada e o uso de tecnologias, que são aspectos fundamentais 
para que a empresa alce seu objetivo primordial, que é o lucro. Veremos ainda 
que a empresa também terá custos, bem como, deverá traçar estratégias para 
alcançar a competitividade do mercado. 
Esperamos que com o conteúdo deste livro você compreenda a teoria 
microeconômica, informações que serão importantes na análise dos cenários 
econômicos. 
Bons estudos!
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
UNIDADE 1 – PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS:
 DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO ...................................... 1
TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA ........................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO MICROECONÔMICO ................................................ 3
2.1 PREÇOS, MERCADOS E ESCOLHAS .......................................................................................... 7
2.2 TEORIAS E MODELOS .................................................................................................................. 10
2.3 ANÁLISE POSITIVA X ANÁLISE NORMATIVA ...................................................................... 12
3 CONTRIBUIÇÕES DA MICROECONOMIA ............................................................................... 13
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 18
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 – ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO ........................................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 21
2 ESTUDO DA DEMANDA ................................................................................................................. 22
2.1 A CURVA DA DEMANDA ............................................................................................................ 24
2.2 FATORES QUE AFETAM A CURVA DA DEMANDA ............................................................. 27
2.3 FUNÇÃO DA DEMANDA ............................................................................................................ 34
3 ESTUDO DA OFERTA DE MERCADO ........................................................................................... 34
3.1 CURVA DE OFERTA ...................................................................................................................... 37
3.2 FATORES QUE AFETAM A CURVA DE OFERTA ..................................................................... 39
3.3 FUNÇÃO DA OFERTA .................................................................................................................. 42
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................44
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47
TÓPICO 3 – EQUILÍBRIO DE MERCADO ........................................................................................ 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 EQUILÍBRIO DE MERCADO ........................................................................................................... 49
2.1 EXCESSO DE OFERTA E DEMANDA NO MERCADO .......................................................... 50
3 FATORES QUE AFETAM O PREÇO DE EQUILÍBRIO ............................................................... 51
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 56
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 58
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 59
UNIDADE 2 – ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ................. 61
TÓPICO 1 – ELASTICIDADES ............................................................................................................. 63
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63
2 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA ..................................................................................... 63
2.1 ELASTICIDADE NO PONTO ........................................................................................................ 69
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA ......................................... 72
suMário
VIII
2.3 A ELASTICIDADE-PREÇO NO PONTO MÉDIO (OU NO ARCO) ........................................ 75
2.4 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA E A RECEITA TOTAL .......................................... 77
2.5 CASOS ESPECIAIS DE ELASTICIDADE ..................................................................................... 81
3 ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA .................................................................................... 84
4 ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA ............................................................... 89
5 ELASTICIDADE DA OFERTA .......................................................................................................... 91
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 94
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 96
TÓPICO 2 – TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE............................ 99
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 99
2 UTILIDADE TOTAL E UTILIDADE MARGINAL ....................................................................... 99
3 A CURVA DE DEMANDA INDIVIDUAL E O EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR ............106
4 O EXCEDENTE DO CONSUMIDOR .............................................................................................110
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113
TÓPICO 3 – A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR .....................................................115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115
2 CESTAS DE MERCADORIAS .........................................................................................................116
3 CURVAS DE INDIFERENÇA ...........................................................................................................118
4 TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO .....................................................................................122
5 A LINHA DE RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA ...........................................................................126
6 O EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR .............................................................................................132
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................135
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................137
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................138
UNIDADE 3 – TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS ....................................139
TÓPICO 1 – TEORIA DA PRODUÇÃO ............................................................................................141
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141
2 TEORIA DA PRODUÇÃO ................................................................................................................142
2.1 FUNÇÃO DA PRODUÇÃO ........................................................................................................146
2.2 ANÁLISE DE PRODUÇÃO A CURTO PRAZO .......................................................................147
2.2.1 Teoria da produção com um fator fixo .............................................................................147
2.2.2 CONCEITO DE PRODUTO TOTAL, PRODUTO MARGINAL E
 PRODUTO MÉDIO ..............................................................................................................147
2.3 ANÁLISE DA PRODUÇÃO A LONGO PRAZO .....................................................................150
2.4 ECONOMIAS DE ESCALA .........................................................................................................153
2.4.1 Rendimentos crescentes de escala ......................................................................................153
2.4.2 Rendimentos decrescentes de escala .................................................................................154
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................156
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................158
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159
TÓPICO 2 – TEORIA DOS CUSTOS ................................................................................................161
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161
2 DIFERENÇAS ENTRE CUSTOS E DESPESAS ...........................................................................161
3 DIFERENÇA ENTRE CUSTOS ECONÔMICOS E CUSTOS CONTÁBEIS ..........................162
4 CUSTOS DE OPORTUNIDADE .....................................................................................................162
IX
5 CUSTOS EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS .........................................................................................163
6 CUSTOS PRIVADOS VERSUS CUSTOS SOCIAIS: .................................................................164
7 CUSTOS NOCURTO PRAZO ........................................................................................................165
8 CUSTO MÉDIO E CUSTO MARGINAL ......................................................................................168
9 CUSTOS A LONGO PRAZO ...........................................................................................................171
10 RELAÇÃO ENTRE OS CUSTOS NO LONGO PRAZO E NO CURTO PRAZO .................175
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................178
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................179
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................180
TÓPICO 3 – MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS
 COMPETITIVOS ............................................................................................................181
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181
2 MERCADOS COMPETITIVOS ......................................................................................................181
3 POLÍTICA DE MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS DAS EMPRESAS ...........................................183
4 AS RESTRIÇOES DA FIRMA E A MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO .........................................186
5 NÍVEL DE PRODUÇÃO PARA A MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS A CURTO
 E LONGO PRAZO .............................................................................................................................188
5.1 DECISÃO DE PARALISAR AS ATIVIDADES NO CURTO PRAZO ....................................190
5.2 A DECISÃO DA EMPRESA DE ENTRAR EM UM MERCADO OU SAIR NO
 LONGO PRAZO ...........................................................................................................................191
6 CURVA DE OFERTA EM UM MERCADO COMPETITIVO ...................................................192
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................194
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................195
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................197
X
1
UNIDADE 1
PRINCÍPIOS NORTEADORES 
MICROECONÔMICOS: DEMANDA, 
OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• compreender os princípios microeconômicos;
• ter o entendimento das contribuições da microeconomia;
• entender a demanda e oferta de mercado;
• identificar quando um mercado se encontra em equilíbrio.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o auxiliarão na apropriação dos conhecimentos.
TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
TÓPICO 2 – ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO 
TÓPICO 3 – EQUILÍBRIO DE MERCADO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
 PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
1 INTRODUÇÃO
Observar as mudanças que ocorrem no mundo é essencial para a 
compreensão da economia. Em economia estudamos como os recursos escassos 
são alocados entre os vários usos alternativos. Desta forma, podemos dizer que 
a economia nos ajuda a entender a natureza, as empresas, a sociedade e muitas 
outras questões que envolvem o mundo dos negócios.
Assim como uma família, a sociedade diariamente precisa tomar muitas 
decisões. Vamos imaginar nossa casa, sempre precisamos realizar a divisão de 
tarefas de cada membro da família, e o que cada um deles receberá em troca 
pelas tarefas executadas. O mesmo ocorre com as empresas, como os recursos são 
escassos, cabe a elas tomarem a decisão em relação à produção, à mão de obra 
disponível e ao mercado que irá atender. 
Para melhor compreender este processo, utilizaremos uma das grandes 
áreas da economia, que é a microeconomia. A microeconomia se ocupa em estudar 
o comportamento econômico dos agentes econômicos de forma individual: 
consumidores, firmas e proprietários dos recursos. 
Por isso, a microeconomia é uma das áreas da economia que mais sofre 
com mudanças bruscas, sejam elas na área política, social, ambiental e cultural, 
pois modificam o comportamento destes agentes e, consequentemente, do 
mercado em que eles atuam. 
Veremos, nesta unidade, como os acontecimentos econômicos, políticos, 
culturais e ambientais influenciam o aumento de preços, por exemplo, na 
disponibilidade de produtos e na formação de preços das empresas. Além disso, 
vamos estudar os princípios da microeconomia, quais as ferramentas que são 
utilizadas nas análises, o mercado da oferta e demanda e o equilíbrio de mercado. 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO 
MICROECONÔMICO 
Microeconomia tem origem na palavra grega mikros, que significa 
“pequeno”, ou seja, é uma das divisões da economia que objetiva o estudo da 
economia a uma visão em close – como se estivéssemos observando através de um 
microscópio (HALL; LIEBERMAN, 2003). 
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
4
NOTA
A teoria do liberalismo econômico surgiu no contexto do fim do mercantilismo, 
período em que era necessário estabelecer novos paradigmas, já que o capitalismo estava se 
firmando cada vez mais. A ideia central do liberalismo econômico é a defesa da emancipação 
da economia de qualquer dogma externo a ela mesma, ou seja, a eliminação de interferências 
provenientes de qualquer meio na economia. FONTE: Disponível em: <http://brasilescola.
uol.com.br/economia/liberalismo-economico.htm>. Acesso em: 18 fev. 2018.
A microeconomia ou teoria microeconômica tem sua origem baseada 
no liberalismo econômico, corrente a que pertenciam os primeiros economistas 
clássicos, particularmente Adam Smith, Thomas Robert Malthus, David Ricardo, 
John Stuart Mill e Jean-Baptiste Say (GARÓFALO; PINHO, 2016).
O período neoclássico iniciou na década de 1870, com as obras de William 
Stanley Jevons, Carl Menger e León Walras, e depois desenvolvidas por seus 
seguidores, como Eugen Bõhm-Bawerk, Joseph Alois Schumpeter, Vilfredo Pareto, 
Arthur C. Pigou e Francis Edgeworth. Neste período, privilegiam-se os aspectos 
microeconômicos da teoria, pois a crença na economia de mercado fez com que 
não se preocupassem tanto com a política e o planejamento macroeconômico.
A obra de maior repercussão dessa época foi Princípios de economia, de 
Alfred Marshall, publicada pela primeira vez em 1890, e que serviu como livro 
texto básico até a metade deste século.
Nesse período, a formalização da análise econômica evoluiu muito. O 
comportamento do consumidor foi analisado em profundidade. O desejo do consumidor 
de maximizar sua utilidade (satisfação no consumo) e do produtor em maximizar o 
lucro é a base para a elaboração de um sofisticado aparato teórico. Por meio do estudo 
de funções ou curvas de utilidade e de produção, considerando restrições de fatores e 
restrições orçamentárias, é possível deduzir o equilíbrio de mercado. Como o resultado 
depende basicamente dos conceitos marginais (receita marginal, custo marginal etc.), a 
teoria neoclássica é também chamada de teoria marginalista.
A análise marginalista é muito rica e variada. Alguns economistas 
privilegiaram alguns aspectos, como a interação de muitos mercados 
simultaneamente – o equilíbrio geral de Walras é um caso –, outros privilegiaram 
aspectos de equilíbrio parcial, usando um instrumental gráfico – a Caixa de 
Edgeworth, por exemplo. 
A economia clássica fundamentava-se no estudo do processo de produção, 
distribuição, circulação e consumo dos bens e serviços (riqueza). Motivo este que 
faz com que a microeconomia sejaconsiderada uma das áreas mais básicas da 
economia. A microeconomia fornece instrumentos de análise que são utilizados 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
5
NOTA
A microeconomia não tem seu foco específico na empresa (não deve ser 
confundida com administração de empresas), mas no mercado, no qual as empresas e 
consumidores interagem, analisando os fatores econômicos que determinam tanto o 
comportamento do consumidor quanto o comportamento da empresa.
De acordo com Vasconcelos e Oliveira (2008), podemos destacar três 
princípios que caracterizam a teoria microeconômica:
O primeiro princípio baseia-se no pressuposto de que a economia é 
composta de agentes econômicos: as firmas e os consumidores (que estudaremos 
mais detalhadamente nos próximos tópicos).
O segundo princípio considera que cada um dos agentes econômicos 
tem uma função objetiva, por exemplo, o consumidor tem por objetivo escolher o 
melhor padrão de consumo e as firmas têm por objetivo o lucro máximo. 
O terceiro princípio pressupõe que os sistemas econômicos oferecem 
limites aos agentes econômicos, devido à escassez de recursos naturais e 
produtivos, ou seja, tem como premissa básica a lei da escassez. 
NOTA
A lei da escassez é produzir o máximo de bens e serviços a partir dos 
recursos escassos disponíveis a cada sociedade. (FONTE: Disponível em: <http://www.
hamiltonsilva.com.br/2012/10/economia-e-lei-da-escassez.html>. Acesso em: 12 mar. 2018. 
em diversas disciplinas da economia, tais como: economia do setor público, 
economia internacional, economia e meio ambiente. 
A microeconomia analisa a formação de preços com base em dois mercados: 
• Mercado de bens e serviços (preços de bens e serviços).
• Mercado dos serviços dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis e lucros).
A microeconomia, também conhecida como a teoria dos preços, é a parte 
da teoria econômica responsável pelo estudo do comportamento das famílias, 
das empresas e do mercado. 
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
6
FIGURA 1 – GRANDES TÓPICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA 
FONTE: Vasconcelos (2006, p. 8)
Observe na Figura 1 que o estudo da microeconomia se ocupa em conhecer 
cinco grandes grupos: teoria da demanda, teoria da oferta, análise das estruturas 
de mercado, teoria do equilíbrio geral e do bem-estar e imperfeições de mercado. 
UNI
A microeconomia se ocupa em estudar as escolhas individuais dos indivíduos, 
por exemplo, as decisões e preferências do consumidor. Quais os fatores que levam as 
pessoas a consumirem um produto ao invés de outro. 
A macroeconomia estuda as realidades agregadas em nível dos países. Ela se preocupa em 
estudar, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB), as questões relacionadas ao nível de 
emprego, entre outras. 
Mas você deve se questionar: qual é a importância em compreender 
o comportamento das famílias, empresas e governo? Imaginemos que em 
determinada cidade as pessoas sempre buscam fazer o pão que consomem. 
Assim, se um empresário optar por abrir na cidade uma fábrica de panificação, 
ele terá êxito no mercado? Neste contexto, a microeconomia pode ser comparada 
a um mapa de uma cidade, pois traça em detalhes o mapa de como os indivíduos 
tomam as suas decisões de compras e como estas decisões acabam afetando o 
preço e a produção dos produtos.
Os grandes tópicos da economia que estudaremos na análise 
microeconômica estão sintetizados na Figura 1.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
7
 A microeconomia, muitas vezes, é confundida com o estudo da “Economia 
Industrial” (que estuda o contexto da indústria), entretanto, esta é uma disciplina 
intermediária da microeconomia e da macroeconomia, pois a indústria tem 
toda uma complexidade interna (produção, tecnologia, mão de obra) e também 
abrange as questões macroeconômicas, quando pensamos nas negociações com 
o mercado, que envolve questões sobre importação e exportação, cotação de 
moedas estrangeiras, entre outros fatores.
2.1 PREÇOS, MERCADOS E ESCOLHAS
A microeconomia também se ocupa em estudar os preços. Todos os dias, 
convivemos diretamente com o preço dos produtos. Ao ir ao supermercado, 
você, muitas vezes, faz sua opção de compra dos produtos em função do preço. 
Estudaremos no decorrer desta disciplina como os preços são determinados. 
Você verá que em uma economia planejada os preços são fixados pelo governo. 
Em uma economia de mercado, os preços são fixados pela interação dos agentes 
econômicos (PINDICK; RUBINFELD, 2013). 
UNI
Preço: é a expressão monetária do valor de um bem ou serviço. Um torneiro 
mecânico, por exemplo, deseja empregar-se com o maior salário possível. Sendo escassa 
a oferta de torneiros no mercado, os produtores estarão dispostos a pagar um valor alto de 
salário para conseguir o profissional. A partir do momento em que mais pessoas entram 
nessa profissão e começam a ofertar seus serviços no mercado, a tendência é de que o 
valor dos salários venha a cair. O mesmo ocorre com o preço do bem (produto), quando 
os consumidores procuram maiores quantidades de determinado produto, o preço subirá, 
sinalizando ao produtor que há uma escassez no mercado, assim, ele aumentará sua 
produção, com o objetivo de obter um maior lucro ao vender com um preço mais alto 
(SOUZA, 2013; MANSFIELD; YOHE, 2006). 
Vimos anteriormente que a microeconomia se dispõe a explicar vários 
dilemas da economia. Ao longo do texto utilizamos, muitas vezes, a expressão 
“mercado”. E você acompanha diariamente pessoas, empresários, jornalistas, 
fazerem abordagens sobre o comportamento do mercado (petrolífero, 
automobilístico, imobiliário, de trabalho, de ações etc.). Mas você sabe o que é 
um mercado?
Você se recorda como ocorriam as trocas na Idade Média? Neste período, 
os agricultores eram responsáveis pelo plantio dos alimentos e realizavam suas 
trocas com os artesãos na cidade que necessitavam de produtos para a sua 
sobrevivência.
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
8
FIGURA 2 – MERCADO PÚBLICO NA IDADE MÉDIA E MERCADO PÚBLICO EM SÃO PAULO
 FONTE (a): Disponível em: <https://idademedia.wordpress.com/2012/08/12/o-cativante-
espetaculo-do-desenvolvimento-das-cidades-medievais/> e (b) <https://spcity.com.br/conhecendo-
o-mercado-municipal/>. Acesso em: 12 mar. 2018.
Hoje, essa troca ocorre no mundo inteiro nos mercados. Mas há uma 
diferença entre os dois períodos. Na Idade Média, os agricultores buscavam 
alguém que se interessasse por suas colheitas e que tivesse bens que fossem do 
interesse do agricultor para realizar a troca – realizavam a troca direta.
NOTA
Os problemas das trocas diretas e da determinação do valor dos produtos 
estimularam a criação do dinheiro. E isso facilitou a comparação e a junção de produtos 
diferentes, como sapatos e tecidos, já que ambos têm um preço, que é a expressão 
monetária do valor atribuído a esses bens. Se o preço do par de sapatos é R$ 120,00 e o de 
um metro de tecidos é R$ 60,00, a relação de preço entre essas duas mercadorias é de 2:1, 
ou seja, significa que o par de sapatos vale o dobro do metro de tecidos. A soma de 100 
pares de sapatos (R$ 12.000,00) e um fardo de tecidos de 50 metros (R$ 3.000,00) totaliza 
R$ 15.000,00 (CARVALHO, 2015, p. 26).
Hoje trocamos bens por dinheiro. Os agricultores trocam suas colheitas 
por dinheiro (vendem) e compram com esse dinheiro outros bens que atendam 
às suas necessidades, ou seja, realizam a troca indireta.
A troca hoje é tão indireta e tão complexa que nenhum computador e 
nenhum governo, por maior que seja, poderia acompanhar todas as 
suas complexas interações [...]. A maioria dos bens que você compra 
é produzida por pessoas que você não conhece. A facilidade que o 
dinheiro (ou moeda) oferece está em você não precisar conhecer essas 
pessoas, mas apenas os preços dos bens que eles vendem (WELSSELS, 
2010, p. 2).
Para você compreender melhor o que é um mercado e seu funcionamento, 
é necessárioque você sempre se lembre de que existem dois grandes grupos: 
compradores (consumidores) e vendedores (produtores). 
A B
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
9
O grupo dos compradores é formado pelos consumidores que adquirem 
bens e serviços e pelas empresas que adquirem mão de obra, capital e matéria-
prima. E o grupo dos vendedores é composto pelas empresas que vendem os bens 
e serviços fabricados tanto para consumidores, como também para os detentores 
dos recursos naturais (PINDICK; RUBINFELD, 2013). 
NOTA
Na maioria das vezes, as pessoas atuam no mercado tanto como vendedores quanto 
como compradores, pois, em algum momento vendem ou compram algum bem e serviço.
A interação dos compradores e vendedores dá origem ao MERCADO. Em 
economia, de acordo com Salvatore (1984, p. 2), mercado é “um local ou contexto no 
qual compradores e vendedores compram e vendem bens, serviços e recursos [...]”.
NOTA
Mercado é o contexto em que compradores (do lado da procura) e vendedores 
(do lado da oferta) realizam transações. Pode-se dizer, alternativamente, que o mercado é a 
interação entre as forças de oferta e de procura.
Em um mercado, as empresas podem vender produtos iguais ou 
correlatos, produto de um setor, ou mais setores. 
Você sabia que uma das preocupações dos economistas é a definição do 
mercado? Ou seja, saber identificar quem são os compradores e os vendedores de 
determinado mercado. Vejamos, por exemplo, um cidadão que mora no Norte do 
país e que queira comprar artigos de vestuário para vender. Ele só se deslocará 
para grandes centros, como São Paulo, se o preço dos produtos for mais baixo, do 
contrário, ele comprará no seu local de origem.
Mas, precisamos ainda considerar que em um mercado, tanto compradores 
quanto vendedores realizam escolhas. Para compreendermos melhor a questão das 
escolhas dos indivíduos, consideremos uma afirmação de Rolling Stones, citada 
por Pindick e Rubinfeld (2013, p. 4): “você não pode ter sempre tudo o que deseja”. 
Mesmo as pessoas consideradas ricas, por exemplo, Mike Jagger, têm consciência 
de que até mesmo pessoas bem-sucedidas realizam escolhas e têm limites. Limites 
que muitas vezes nos foram impostos já na infância. Quantos de nós, quando 
crianças, não precisávamos realizar escolhas entre um brinquedo ou outro?
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
10
Em cada um dos mercados, vamos encontrar compradores e vendedores 
diferentes, dependendo do bem e serviço que forem negociados. Vamos encontrar 
um mercado de laranjas, o de carros, o de imóveis, e poderíamos listar milhares 
de bens e serviços que podem ser vendidos. Mas, mesmo num mercado tão amplo 
e complexo, infelizmente, não poderemos comprar tudo o que gostaríamos num 
determinado momento. 
 A microeconomia trata dessas escolhas e limites. Por isso que 
alguns autores afirmam que a economia é a ciência das escolhas. Precisamos 
realizar escolhas por que nem sempre nossa renda é suficiente para adquirir 
todos os bens e serviços que satisfaçam nossas necessidades e nossos desejos. 
Além disso, também sabemos que os desejos da sociedade são infinitos. Cada 
pessoa tem necessidades ou desejos diferenciados. O mesmo ocorre com nossos 
recursos naturais. Os recursos naturais são finitos e as necessidades ilimitadas, 
por isso que as empresas realizam escolhas do que produzir, como produzir e 
para quem produzir os bens e serviços. 
NOTA
Você sabia que em países como Coreia do Norte e Cuba as decisões do 
que produzir e para quem produzir são do governo? Tanto as empresas como a própria 
população (consumidores) têm pouca autonomia para tomar decisões.
A ideia de fazer escolhas é importante no estudo da economia. Nos 
próximos tópicos, você verá na prática como as escolhas que realizamos ajudam 
a compreender o estudo microeconômico. 
2.2 TEORIAS E MODELOS 
Você estudou anteriormente que economia é uma ciência social e as 
ciências sociais se destinam a estudar a natureza/comportamento dos indivíduos, 
as relações humanas e o desenvolvimento no meio que habitam, estudando as 
normas de convivência do homem e dos respectivos modos de organização. Além 
disso, as ciências sociais se inter-relacionam com outras áreas do conhecimento, 
como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, o Direito Social e a Economia e 
suas divisões. 
Mas como explicar essas inter-relações complexas? A microeconomia, 
assim como outras ciências, utiliza teorias e modelos para explicar os fenômenos 
estudados. Assim, a teoria microeconômica utiliza premissas simples para explicar 
como as empresas determinam a quantidade a ser produzida e a quantidade de 
fatores de produção que serão necessários utilizar (PINDICK; RUBINFELD, 2013).
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
11
“A Teoria Econômica analisa, de forma simplificada, o funcionamento de 
um sistema econômico, utilizando um conjunto de suposições e hipóteses acerca 
do mundo real, procurando obter as leis que o regulam” (SOUZA, 2013, p. 3).
Um modelo “é uma representação matemática de uma empresa, um 
mercado ou outra entidade, com base na teoria econômica [...]” (PINDICK; 
RUBINFELD, 2013, p. 6). 
Uma das características da teoria microeconômica é que ela realiza as 
análises por meio de modelo econômico. 
UNI
O modelo econômico é uma representação abstrata da realidade, ou seja, uma 
forma simplificada de demonstrar a realidade. Podendo ser até comparado a uma maquete. 
A construção dos modelos implica a adoção de hipóteses podendo 
se viabilizar segundo dois procedimentos distintos, isto é, usando o 
método indutivo ou, então, recorrendo ao método dedutivo. O primeiro, 
igualmente conhecido como experimental ou estatístico ou, ainda, 
científico, fundamenta-se em hipóteses que possam ser laboratorialmente 
testáveis, observáveis, originar modelos estatísticos e, assim, permitindo 
efetuar inferências, prever os acontecimentos e tomar decisões, embora 
nem sempre sejam necessariamente seguras (GARDALO, 2016, p. 12).
No campo da economia, é fundamental destacar que os modelos 
constituem as formas auxiliares que ajudam na compreensão das complexidades 
do campo da microeconomia, uma vez que compreender como as pessoas tomam 
suas decisões, realizam suas escolhas e como as empresas e/ou firmas orientam 
suas tomadas de decisões acabam sendo ações complexas. 
FIGURA 3 – EXEMPLO DE UM MODELO ECONÔMICO 
FONTE: Adaptado de: <https://www.ecodebate.com.br/2014/08/06/o-modelo-extrai-produz-descarta-
e-a-insustentabilidade-dos-ods-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/>. Acesso em: 15 jan. 2018.
Natureza
Fonte de Recursos
Natureza
Depósito de Lixo
Sistema
econômico
Throughput
(transumo)
Modelo econômico: Extrai - Produz - Descarta
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
12
Observe na figura anterior que este modelo, por exemplo, visa explicar 
o fluxo que ocorre entre a extração de matéria-prima até o descarte do produto, 
dando ênfase ao lançamento de dejetos. 
Os modelos econômicos são úteis para as empresas nas tomadas de 
decisão sobre formação do preço de venda e produção, ajudam os indivíduos a 
tomarem decisão de investimento, bem como, ajudam o governo na formulação 
de políticas públicas (HALL; LIEBERMAN, 2003).
Outra característica marcante da microeconomia é que ela possui natureza 
estática comparativa. De acordo com Gardalo (2016, p. 14), no contexto científico 
são previstas três situações distintas:
Estática: não envolve ação ou movimento. É o caso típico de uma 
fotografia tirada de um grupo de alunos, quando do início do curso 
de graduação. Outra situação é caracterizada pela apresentação do 
equilíbrio do consumidor quando desejando maximizar a satisfação 
ou, então, a do equilíbrio da firma em decorrência da política adotada 
na condução dos respectivos negócios. É o registro do momento tal e 
qual encontrado. 
Dinâmica: envolve a comparação de dois diferentes resultados 
preocupando-secom toda a movimentação entre eles, as eventuais 
alterações e/ou ajustamentos que tiveram curso. Um exemplo é uma 
filmagem historiando algo desde o nascedouro até a ocasião da extinção. 
Estática comparativa: compara dois resultados, duas situações de 
equilíbrio, antes e depois de uma mudança (situações ex ante e ex post), 
sem atentar ao que estaria nos bastidores no processo de mudança. 
Caso típico é a comparação de duas fotografias: a de um grupo de 
estudantes quando do início da graduação e aquela do mesmo grupo 
ao término do curso.
Desta forma, podemos dizer que a natureza estática comparativa da Teoria 
Microeconômica consiste em “confrontar duas ou mais posições de equilíbrio 
sem qualquer preocupação com o que possa ter ocorrido, a extensão do período 
ou os ajustamentos processados na passagem da situação inicial para a final” 
(GARDALO, 2016, p. 14). 
 Podemos usar como exemplo casos que presenciamos diariamente nos 
noticiários, por exemplo, “a decisão governamental pelo lançamento de um 
tributo, sendo que o período de tempo em que isso sucedeu e os ajustamentos 
processados são deixados de lado ou encarados como irrelevantes” (GARDALO, 
2016, p. 14). 
2.3 ANÁLISE POSITIVA X ANÁLISE NORMATIVA 
Outro fator importante na análise de um problema é que você saiba que a 
microeconomia também trata de questões tanto da economia positiva (científicas) 
como da economia normativa. 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
13
As questões da economia normativa referem-se àquilo que se supõe 
que seja o adequado, ou seja, está relacionado diretamente com a formulação 
de políticas públicas. Implicam considerar em suas análises preceitos éticos e 
morais, bem como, utilizam de juízo de valor quando na descrição da situação, 
colocando os fatos “como deveriam ser”. 
Tomamos como exemplo o dilema entre equidade e eficiência na escolha 
entre um aumento no imposto da gasolina e a imposição de restrições à importação 
de petróleo estrangeiro.
Já as questões da economia positiva dizem respeito às explicações 
e previsões que são realizadas por economistas, por exemplo, um aumento 
da alíquota de imposto da gasolina pelo governo. Isso afetaria o preço do 
combustível, a opção de uso do automóvel pelos consumidores, a frequência de 
uso de automóveis. Assim, haveria a necessidade de as pessoas que formulam 
as devidas políticas públicas realizarem previsões de o que poderia ocorrer com 
esse aumento, ou como o mercado se comportaria; qual a arrecadação que esse 
aumento provocaria, entre outros fatores.
Neste sentido, Gardalo (2016, p. 14) coloca que 
[...] a Microeconomia inserida na economia positiva observa 
sistematicamente as situações e, a partir da análise e descrição delas, 
efetuada cientificamente, elabora os princípios gerais (exemplo: o 
consumidor maximiza a sua satisfação), as leis (casos da Lei Geral 
da Procura e da Lei Geral da Oferta), as teorias (exemplificadas pela 
Teoria da Firma e a Teoria do Consumidor) e os modelos econômicos 
(como os de formação de preços compatíveis às diversas estruturas 
mercadológicas) – (grifo nosso).
Assim, a análise positiva contribui para explicar, por exemplo: qual será 
o impacto de uma quota de importação para automóveis estrangeiros? Ou ainda 
para responder: qual será o impacto de um aumento no imposto da gasolina?
Na prática veremos que a economia normativa e a positiva estão inter-
relacionadas. De acordo com Hall e Liebermann (2003, p. 5), não podemos realizar 
argumentações sobre o que deveria ser ou não ser realizado, a menos que saibamos 
alguns fatos reais sobre o mundo. Desta forma, toda análise normativa é, portanto, 
uma análise positiva subjacente, mas “embora uma análise positiva possa, pelo 
menos em tese, ser realizada sem julgamento de valor, uma análise normativa 
sempre se baseia, pelo menos em parte, nos valores da pessoa que realiza”.
3 CONTRIBUIÇÕES DA MICROECONOMIA 
Podemos dizer que as contribuições da Teoria Microeconômica são 
diversas. Ela permite que possamos analisar os diferentes agentes econômicos de 
forma individualizada, sem considerar o fator tempo, bem como, podemos fazer 
uso e aplicações descritos a seguir, conforme Gardalo (2016, p. 10):
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
14
Usos – Os instrumentais microeconômicos são usados principalmente 
sob a forma de linguagem sempre que descrevam, ordenem e estabeleçam 
limites a determinada circunstância, favorecendo a comunicação entre 
os estudiosos em geral e os especialistas em particular. Essa linguagem 
assume a forma literal, ou seja, no sentido usual deste termo (ou 
expressão), permitindo compreendê-lo sem ajuda do contexto, como 
acontece, por exemplo, quando mencionada a expressão “Lei Geral da 
Procura”, enunciando-a. Outras formas assumidas pela linguagem são 
a tabular ou estatística (caso de uma tabela de procura correlacionando, 
de forma inversa, as quantidades demandadas segundo os diversos 
patamares de preço), a versão gráfica (representação em um diagrama 
cartesiano de uma tabela de procura), ou, ainda, expressada na forma 
matemática de uma função (expressão da função procura). Em resumo, 
quando utilizada como linguagem, dentro das formas por esta assumida, 
a microeconomia conduzirá ao mesmo resultado na comunicação entre 
os estudiosos da matéria. Portanto, estando dois economistas a trocar 
ideias, a simples referência do vocábulo demanda dispensa enunciar do 
que se trata, uma vez que ambos sabem, de maneira adequada e precisa, 
o que ele traduz, seja literalmente, matematicamente, na versão tabular 
ou na visão gráfica.
Em relação às aplicações da Teoria Microeconômica, podemos dizer que 
ela é uma ferramenta fundamental para ajudar a esclarecer políticas e estratégias, 
tanto em horizonte de planejamento quanto no nível de política econômica.
Caro acadêmico, cabe lembrá-lo de que a Teoria Microeconômica não é um 
guia, um manual de técnicas, mas sim um mecanismo que ajuda na compreensão 
como um todo. 
Para as empresas, a análise microeconômica pode subsidiar decisões 
como:
• Definição da política de preços.
• Realização de previsões de demanda. 
• Previsões de custos de produção.
• Decisões ótimas de produção.
• Análise de projetos de investimento. 
• Definição e estudos que envolvem a localização de empresas.
• Estratégias e políticas de propaganda e publicidade. 
Em relação à política econômica, a teoria microeconômica pode contribuir 
em questões como:
• Avaliação de projetos de investimentos públicos.
• Efeitos dos impostos sobre mercados específicos.
• Política de subsídios.
• Fixação de preços mínimos na agricultura.
• Fixação do salário mínimo. 
• Política salarial.
• Política de tarifas públicas.
• Controle de lucros em estruturas mercadológicas (monopólios e oligopólios). 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
15
Podemos ainda destacar a importância da microeconomia para 
outras disciplinas, por exemplo, o Comércio Internacional (relações entre 
países constituem uma ampliação das relações entre indivíduos), o Turismo 
(conhecimento mais aprofundado sobre impacto do turismo na economia de 
outros países), a educação financeira (orienta as pessoas a organizarem suas 
finanças), transportes etc. 
Muitas vezes, as pessoas pensam que o economista estuda somente 
matemática. Engano deles, o economista também utiliza a matemática para 
compreender os fenômenos que ocorrem no cotidiano, mas acaba utilizando deste 
conhecimento associado à utilização de ferramentas aplicadas em consonância 
com estatística, matemática financeira, contabilidade, engenharia, possibilitando 
dar conteúdo empírico às formulações e conceitos teóricos (GARDALO, 2016).
DICAS
DICA DE FILME
Roger e Eu – 1989
Michael Moore
Quando o cineasta realizador de documentários Michael Moore 
fez seu primeiro trabalho importante, Roger and Me, literalmente 
ninguém acreditou nele, e não era para menos: o que se propunha 
era pedir explicações a Roger Smith, presidente da GeneralMotors, 
pelo fechamento de 11 fábricas na cidade de Flint (cidade natal de 
Moore, no Estado de Michigan), que deixou 30 mil pessoas sem 
trabalho. O mais flagrante era que as fábricas automobilísticas 
deixavam um superávit milionário.
Durante dois anos, Moore tentou sem êxito entrevistar Roger 
Smith, entretanto, fez o retrato de uma cidade que um dia foi 
modelo de bem-estar e entrou na miséria por uma decisão da 
mesma companhia que a levantou.
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
16
LEITURA COMPLEMENTAR
Microeconomia e meio ambiente: análise de fundamentos microeconômicos 
inerentes à gestão ambiental nas organizações
Pedro dos Santos Portugual Junior 
Nilton dos Santos Portugual
[...]
A questão ambiental, já há algum tempo, passou a fazer parte do 
cotidiano gerencial das empresas. O desenvolvimento sustentável tomou o lugar 
do crescimento econômico e da simples expansão da produção, não sendo apenas 
mais um “modismo”, mas uma necessidade sine qua non para a continuação da 
vida no planeta.
A noção de que o ser humano e suas atividades econômicas são os 
personagens principais do mundo está descartada. O que se toma como verdade 
neste início de século XXI é que ambos, ser humano e empresas, nada mais são 
que simples componentes de um sistema muito maior e complexo, que necessita 
de equilíbrio para continuar existindo.
A variável ambiental passou a fazer parte dos processos decisórios das 
organizações e sua gestão é imprescindível para a manutenção e continuidade 
dos negócios.
Não se trata de impedir o progresso econômico, mas realizá-lo de uma 
forma que, segundo Donaire (1999, p. 28), “possibilita, ao mesmo tempo, eficácia 
e eficiência na atividade econômica e mantém a diversidade e a estabilidade do 
meio ambiente”.
Isto posto, nota-se que a empresa tem um papel fundamental na 
incorporação da questão ambiental ao processo produtivo, haja vista que a 
produção é a peça-chave da economia.
Isso deve ocorrer pelo fato de que o consumo e, principalmente, o 
processo produtivo causam impactos denominados externalidades negativas 
e os mercados falham em não as mensurar, conforme preconiza Chen (2007, p. 
1): “Consumo ou produção de um agente que causa um efeito indireto sobre o 
consumo e produção de terceiros, e que não se reflete no mecanismo de preços 
de mercado”.
O fato de existirem essas externalidades negativas provocou uma mudança 
de paradigma na sociedade capitalista com relação à busca de uma manutenção do 
sistema sem impactos destrutivos sobre o meio ambiente. Isto ocorre, como explica 
Motta (2006, p. 182), pelo fato de que “na presença de externalidades, os cálculos 
privados de custos ou benefícios diferem dos custos ou benefícios da sociedade”.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA
17
Por isso, torna-se importante analisar e discutir teorias econômicas, 
principalmente da microeconomia, e adaptá-las como base para o processo 
decisório empresarial. Pois, conforme Seiffert (1996), os problemas de alteração 
ambiental podem ser abordados quantitativamente de modo concreto no nível de 
microeconomia [...].
PORTUGUAL JUNIOR, Pedro dos Santos; PORTUGUAL, Nilton dos Santos. Microeconomia e 
meio ambiente: análise de fundamentos microeconômicos inerentes à gestão ambiental nas 
organizações. Rev. Adm. UFSM, Santa Maria, v. 3, n. 3, p. 393-410, set./dez. 2010.
DICAS
Gostaríamos de indicar para você e sua formação acadêmica 
a leitura do Livro Freakonomics - O lado oculto e inesperado de tudo 
que nos afeta, de Stephen J. Dubner, Editora Elsevier, 2007.
18
Neste tópico, você estudou que:
• A economia é uma ciência social e que se divide em microeconomia, que 
estuda o comportamento dos agentes econômicos de forma individual; e a 
macroeconomia, que estuda os agregados macroeconômicos, por exemplo, o 
Produto Interno Bruto (PIB).
• Os economistas utilizam modelos econômicos para explicar de forma simples 
o funcionamento da economia.
• A economia também utiliza de questões positivas e normativas nas análises 
econômicas.
• O mercado é um local onde se encontram compradores e vendedores com o 
objetivo de negociar os produtos.
RESUMO DO TÓPICO 1
19
Para exercitar os conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir:
1 A microeconomia é uma das divisões da economia que objetiva o estudo da 
economia a uma visão em close – como se estivéssemos observando através de 
um microscópio. Enquanto teoria, a microeconomia se baseia em três principais 
princípios. Cite e explique os principais princípios da microeconomia. 
2 A microeconomia se ocupa em estudar alguns grandes tópicos. Analise as 
preposições a seguir e assinale a alternativa correta:
I – A teoria da demanda se ocupa em estudar o comportamento do 
consumidor e a demanda de mercado.
II – O estudo da teoria da oferta se divide em teoria individual e coletiva.
III – O mercado de bens e serviços é formado pelo mercado de: concorrência 
perfeita, concorrência monopolística, monopólio e oligopólio.
IV – O estudo da teoria da oferta individual envolve a teoria da produção e dos 
custos de produção.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a proposição I está correta.
b) ( ) As proposições I e II estão corretas.
c) ( ) As proposições I, III e IV estão corretas.
d) ( ) Todas as proposições estão corretas. 
3 O que é mercado?
4 Uma das características da teoria microeconômica é que ela realiza as 
análises por meio de modelo econômico. Com relação ao modelo econômico, 
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O modelo econômico é uma representação abstrata da realidade, ou 
seja, uma forma simplificada de demonstrar a realidade. Podendo ser 
até comparado a uma maquete.
b) ( ) Os modelos econômicos não são utilizados pelas empresas nas tomadas 
de decisão sobre formação do preço de venda e produção. Portanto, não 
se trata de uma ferramenta eficaz na análise econômica. 
c) ( ) A teoria econômica utiliza de premissas complexas para explicar como 
as empresas determinam a quantidade a ser produzida, e a quantidade 
de fatores de produção que serão necessários, e por isso, não justifica a 
utilização dos modelos econômicos. 
d) ( ) A ideia de fazer escolhas é importante no estudo da economia, por isso, 
a necessidade de se utilizar os modelos econômicos, visto que eles são 
representações subjetivas.
AUTOATIVIDADE
20
21
TÓPICO 2
ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Você estudou no tópico anterior que o mercado é composto por 
compradores, vendedores e produtores. Por isso, é importante que você 
compreenda dois conceitos fundamentais em economia: demanda e oferta. Estes 
conceitos básicos retratam o comportamento do consumidor (demanda) e o 
comportamento do produtor (oferta).
IMPORTANT
E
DEMANDA: está associada ao comportamento do consumidor.
OFERTA: está associada ao comportamento do vendedor.
Você verá ao longo deste estudo que várias questões importantes podem 
ser compreendidas a partir dos fundamentos da oferta e da demanda de mercado. 
Como as firmas tomam as decisões de produção em relação às preferências do 
consumidor? O que acontece com o preço dos produtos quando alguma alteração 
climática ocasiona perdas na produção? Como a imposição de tributos afeta 
produtores e consumidores? 
Além disso, nas próximas unidades estudaremos as diferentes formas 
de mercados. Encontraremos nos diversos tipos de mercados mais ou menos 
compradores e vendedores; da mesma forma, poderemos identificar, nestes 
tipos, semelhanças profundas ou importantes diferenças entre os produtos 
comercializados. Neste momento vamos basear nossas análises e exemplificações 
no mercado de concorrência perfeita, considerando que os produtos ofertados 
sejam todos iguais e que da mesma forma haja compradores e vendedores e que 
sua influência sobre o preço é nula, ou seja, ambos aceitarão que a determinação 
do preço seja definida pelo mercado.
Agora vamos estudar de forma mais detalhadaa oferta e a demanda do 
mercado. 
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
22
2 ESTUDO DA DEMANDA 
O consumidor procura, sempre que possível, aumentar seu grau de 
satisfação consumindo bens e serviços que são úteis e que atendam às suas 
necessidades de acordo com seus gostos. À medida que ele consome bens e 
serviços, que lhe são úteis e agradáveis, tanto melhor será para ele (SOUZA, 2013).
A demanda ou procura é definida como a quantidade de um determinado 
bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir a um determinado preço 
(VASCONCELOS; GARCIA, 2016). 
Observem que na definição da demanda, os autores Vasconcelos e Garcia 
(2016) utilizaram a locução verbal “desejam adquirir”, isto remete a uma intenção 
de compra, um desejo de compra e não a própria compra. Por esse motivo, não 
podemos utilizar a palavra demanda como um sinônimo de comprar.
IMPORTANT
E
A quantidade de qualquer produto demandado por uma pessoa é a quantidade 
total que ela decidirá comprar a um determinado preço, em um determinado período de tempo. 
Observe que até este momento estamos nos referindo à demanda do 
consumidor, a chamada demanda individual. E quanto à demanda de mercado? 
Em relação à demanda de mercado o conceito é bem semelhante. 
Demanda de mercado – é a quantidade de qualquer produto demandada 
pelo mercado, é a quantidade total que a totalidade de compradores do mercado 
decidiria comprar a um determinado preço (HALL; LIBERMANN, 2003). 
Observe, nestes conceitos, que eles se referem às escolhas dos 
consumidores. A procura por um bem depende de vários fatores que influenciam 
na escolha do consumidor por um produto, por exemplo, o preço, a renda, a 
preferência do consumidor (VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2008). Vale lembrar que 
além da palavra escolha, a palavra preço também teve significância nos conceitos 
apresentados. Isso significa que vamos estudar como os preços são determinados 
nos mercados competitivos.
Ficou claro que à medida que o preço sobe, as pessoas adquirem menos 
mercadorias e vice-versa. Essa relação é tão comum de ser observada no mercado 
que os economistas resolveram batizá-la de Lei geral da demanda. 
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
23
A Lei geral da demanda estabelece que quando o preço de um bem se eleva 
e todas as outras coisas permanecem inalteradas, a quantidade demandada desse bem 
diminui. A queda do preço do bem faz com que o consumidor acabe comprando mais de 
determinado produto. 
Observe no conceito apresentado que se considerou apenas que o preço 
sofresse variação, isso significa que neste momento estamos analisando somente 
a variável preço – as demais variáveis permanecem inalteradas (coeteris paribus).
Você recorda o significado de coeteris paribus? 
UNI
Coeteris paribus “é uma expressão latina que significa tudo o mais constante. 
Na microeconomia, analisa-se um dado mercado, isolado aos demais É a análise e equilíbrio 
parcial” (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 578).
ATENCAO
Para você entender melhor, vamos tomar como base um defeito no 
automóvel. Imagine que seu automóvel deu pane. Com certeza, o mecânico 
fará vários testes para verificar a causa do problema. Entretanto, sabemos que 
o automóvel é composto de diversas peças. Mas, para descobrir o problema, o 
mecânico não irá mexer em todas as peças ao mesmo tempo. Ele vai verificar uma 
peça de cada vez até resolver o problema. Da mesma forma ocorre com a economia, 
para compreendermos o mercado, analisamos a influência de uma variável de cada 
vez (que neste caso foi o preço) e observamos o que ocorre neste mercado. 
Desta forma, você pode observar que a teoria da demanda foi construída 
a partir de hipóteses sobre o comportamento dos consumidores. Estes possuem 
orçamentos restritos – recursos limitados – e precisam tomar decisões, fazer 
escolhas entre as alternativas disponíveis. A combinação escolhida primará pelo 
máximo de satisfação ou utilidade, respeitando o limite imposto pela renda. 
Os fundamentos da demanda têm por base o conceito de utilidade, que 
nada mais é do que o grau de satisfação atribuído pelos consumidores aos bens 
que desejam adquirir. 
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
24
UNI
A teoria do valor-utilidade, representante da visão utilitarista, assume que o 
valor de um bem é definido pela satisfação que este representa para o consumidor. 
A teoria do valor-trabalho, adotada por economistas clássicos como Adam Smith, David 
Ricardo, Thomas Malthus e também por Karl Max, considera que o valor dos bens é 
determinado pelo lado da oferta, por meio dos custos a eles incorporados, sendo a mão de 
obra o mais representativo.
2.1 A CURVA DA DEMANDA
A curva da demanda é a forma gráfica que dá a informação sobre a 
quantidade de mercadorias que os consumidores estão dispostos a adquirir a um 
determinado preço de mercado, mantendo-se constante qualquer outro fator que 
possa vir a influenciar a quantidade demandada. 
NOTA
A curva de demanda mostra como as mudanças no preço levam as pessoas a 
alterar a quantidade dos produtos que desejam adquirir. Assim, podemos dizer que o preço 
é a causa e a quantidade o efeito. 
A curva de demanda relaciona preços e quantidades que os consumidores 
desejam adquirir, pois a um preço mais baixo, os consumidores são estimulados 
a adquirir outras quantidades do produto, mesmo que já tenham adquirido 
(MILTONS, 2016).
A inclinação da curva de demanda (D) é descendente (negativamente 
inclinada) – da esquerda para a direita. Mas por que ela é negativamente inclinada? 
A curva de demanda negativamente inclinada tem relação direta com o 
preço (P) e a quantidade do produto (Q), ou seja, isso significa que à medida que o 
preço aumenta, uma quantidade menor de determinado produto X o consumidor 
está disposto a consumir. E à medida há uma redução no preço do produto, a 
procura pela quantidade de produtos X aumenta. Podemos dizer que há uma 
relação inversa entre preço e quantidade demandada.
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
25
FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CURVA DE DEMANDA
FONTE: Os autores
Para você compreender melhor o movimento da curva de demanda, 
observe a Tabela 1, que demonstra a oferta e demanda de um determinado 
produto X que, neste caso, poderiam ser celulares. 
TABELA 1 – DEMANDA DO PRODUTO X
Preço do Produto X
(Celulares) Quantidade Demandada
1.200 18
1.180 22
1.160 26
1.140 30
1.120 34
1.100 38
800 42
Fonte: Os autores
Observe na Tabela 1 que a um preço de R$ 1.200,00 (P1), a demanda pelo 
produto X é de 18 unidades (Q1). Mas a partir do momento em que o preço do 
aparelho celular cai para R$ 800,00 (P2), a quantidade de produtos demandados 
aumenta para 42 unidades (Q2). É claro que neste caso estamos supondo que 
somente o preço do produto se altera, e que as demais variáveis permanecem 
constantes (coeteris paribus). 
Preço (P)
Quantidade (Q)
Curva de Demanda
(negativamente Inclinada)
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
26
FIGURA 4 - GRÁFICO DEMANDA DO PRODUTO X
FONTE: Os autores
Analisando graficamente (figura anterior), podemos observar que à 
medida que o preço cai, a quantidade demanda de celulares aumenta, ou seja, a 
quantidade de celulares que o consumidor está disposto a adquirir aumenta em 
função do preço, fazendo com que a curva da demanda seja inclinada para baixo.
No entanto, a teoria da demanda admite duas exceções: os Bens de Giffen 
e os Bens de Veblen. 
Bens de Giffen são aqueles que têm sua demanda aumentada quando 
há aumento no preço. Esse comportamento é diferente da maioria dos produtos, 
que são os mais procurados à medida que seu preço cai. A elasticidade-preço da 
demanda é positiva (quanto maior o preço, maior a demanda) e sua curva de 
demanda é crescente. Um exemplo que podemos considerar é o pão. O pão é um 
produto considerado básico, consumido por todasas classes sociais. A elevação 
do preço do pão pode levar a um maior consumo do produto, principalmente 
em famílias de baixa renda, pois não há no mercado outro produto mais barato e 
acessível que venha a substituir o pão nas refeições diárias. Assim, maiores gastos 
com pão levariam a uma redução do consumo de outros alimentos, obrigando as 
famílias de baixa renda a consumirem mais pão para sobreviver (MILTONS, 2016).
Os Bens de Veblen “são bens de consumo ostentatório, tais como joias, 
objetos de arte e automóveis de luxo. Quando o preço aumenta, aumenta também 
a quantidade demandada” (MILTONS, 2016, p. 35).
1200
(P)
(Q)
1180
1160
1140
1120
1100
800
18 22 26 30 34 4238
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
27
FIGURA 5 – CONSUMO DE LUXO EM 2017
FONTE: Disponível em: <http://www.valor.com.br/sites/default/files/gn/18/01/
arte04emp-301-tendencias-b6.jpg>. Acesso em: 12 mar. 2018.
2.2 FATORES QUE AFETAM A CURVA DA DEMANDA 
Vimos no exemplo anterior que o preço afeta a curva de demanda, fazendo 
com que ela aumente ou diminua. Da mesma forma que o preço, existem outros 
fatores que podem causar algum deslocamento na curva de demanda. Podemos 
dizer que o mercado é afetado diariamente por acontecimentos diversos. 
Vejamos agora algumas das variáveis que podem fazer com que a curva 
da demanda se desloque:
Renda: o aumento da renda da população pode fazer com que aumente 
a demanda por determinados tipos de produtos. O mesmo ocorre com a riqueza 
de uma pessoa. Quando uma pessoa aumenta sua riqueza, é natural que ela 
demande uma quantidade maior de bens e serviços. A elevação da renda ou da 
riqueza provoca o aumento da demanda pela maior parte dos bens – chamados 
de bens normais (moradia, viagem, roupas, calçados, eletrônicos etc.). 
Mas lembre-se, não são todas as curvas de demandas que se comportam 
desta forma. No caso dos bens inferiores, uma elevação da renda fará com que as 
pessoas procurem menos por esse tipo de bem, como é o caso da carne moída de 
segunda qualidade. À medida que a renda aumenta, a tendência é que esta carne 
seja substituída por uma carne de primeira qualidade, por exemplo, alcatra bovina. 
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
28
FIGURA 6 - EXEMPLO DE BENS INFERIORES (CARNE MOÍDA X ALCATRA) BOVINA)
FONTE: Disponível em: <http://www.casadecarnespine.com.br/index.php?route=product/
product&product_id=69>. Acesso em: 12 mar. 2018.
Além disso, é importante destacar que o estudo da relação entre a 
quantidade demandada e a renda gera uma nova classificação de bens: o 
consumo saciado, que ocorre quando houver um aumento da renda e não houver 
qualquer alteração da quantidade demandada deste bem. Ex.: Arroz, sal, feijão 
são produtos alimentícios básicos que são consumidos pelos brasileiros. Assim, 
uma alteração na renda das pessoas não fará com que elas venham a consumir 
mais destes produtos no seu dia a dia. 
a) O preço de outras mercadorias: o preço de outras mercadorias pode influenciar 
a quantidade demandada de um produto. Isso pode ocorrer de duas maneiras: 
a primeira envolve os produtos com mesma finalidade, mas apenas com marcas 
distintas. No caso de duas marcas de biscoitos ou a margarina e a manteiga 
(figura a seguir), o que vai incentivar a escolha do consumidor é o preço 
relativo do produto, ou seja, se o preço da manteiga subir, a tendência é que o 
consumidor passe a consumir a margarina. Neste caso, quando dois produtos 
apresentam a mesma finalidade, estes são chamados de bens substitutos. 
FIGURA 7 – EXEMPLO DE BENS SUBSTITUTOS 
FONTE: Disponível em: <http://nutricaoeassuntosdiversos.blogspot.com.
br/2013/04/manteiga-ou-margarina.html>. Aceso em: 12 mar. 2018.
A segunda maneira diz respeito às mercadorias que são consumidas de 
forma conjunta, por exemplo, os pneus e automóveis, camisa social e gravatas, 
combustível e veículos, margarina e pão (figura a seguir). A margarina é um 
bem complementar ao pão, por isso, a tendência é que esses produtos sejam 
consumidos juntos. Esses bens são chamados de bens complementares. 
X
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
29
FIGURA 8 – EXEMPLO DE BENS COMPLEMENTARES
FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/EnfPatriciaRodrigues/
introduo-economia-18794904>. Acesso em: 12 mar. 2018
a) População: o aumento considerável da população em determinado local 
faz com que aumente a demanda de bens e serviços. Vejamos o exemplo 
do deslocamento da população para a exploração de uma mina de ouro em 
Pontes e Lacerda, no Mato Grosso, que movimentou a cidade. Isso fez com 
que houvesse um aumento da demanda por ferramentas, água e alimentos na 
região. Veja a reportagem a seguir:
DESCOBERTA DE JAZIDAS DE OURO MOVIMENTA
PACATA CIDADE DE MT
“Aventureiros' chegam diariamente a Pontes e Lacerda em busca de ouro. 
Funcionários têm deixado emprego para ir a garimpo que 'parece cidade”. 
Por Pollyana Araujo
A descoberta de jazidas de ouro entre as serras da Borda e Santa 
Bárbara tem movimentado a pacata cidade de Pontes e Lacerda, localizada a 
483 km de Cuiabá. A notícia se espalhou nas últimas duas semanas e muitos 
'aventureiros', como são chamados pelos moradores da cidade, já que muitos 
não são garimpeiros profissionais, migraram para a região em busca de ouro, 
como relata o dono de uma concessionária na região, João Manoel Ramirez. 
Ele vendeu, nesse período, quatro veículos para esses garimpeiros, que 
chegaram ao município atraídos pelo ouro fácil. "Eles falaram que o dinheiro 
era do garimpo", afirma.
Um problema que essa descoberta causou foi a redução da oferta de 
trabalhadores na cidade, já que muitos optaram por ir para o garimpo. Está 
difícil manter os funcionários no emprego, segundo o prefeito da cidade, 
Donizete Barbosa (PSDB), que também é empresário na região. 
Não tem trabalhadores porque as pessoas estão indo para os garimpos. 
Na minha empresa, de construção de rede de energia, oito funcionários faltaram 
ao serviço para procurar ouro. Quem ganha R$ 2 mil vai lá [no garimpo] e tira 
isso numa noite", declara.
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
30
A venda do ouro encontrado nas Áreas de Preservação Permanente 
(APPs) aqueceu o comércio. Os hotéis, por exemplo, estão lotados, segundo 
a presidente da Associação Comercial de Pontes e Lacerda, Regina Aparecida 
de Moraes.
"Alguns segmentos estão sentindo impacto maior, como as lojas que 
vendem ferramentas, como enxadas e pás, usadas no garimpo. Nos últimos 15 
dias, esgotaram os estoques dessas ferramentas no comércio local. Os hotéis 
também estão cheios, principalmente aqueles mais populares, onde a estadia é 
mais barata, já que as pessoas vêm para trabalhar", relata.
As veias auríferas foram encontradas pelos moradores do município 
de 41.408 habitantes, segundo o IBGE, que, após acharem grandes quantidades 
do metal precioso, começaram a circular imagens de grandes pepitas pelas 
redes sociais e pelo WhatsApp, o que deve ter contribuído com o aumento da 
migração para aquela região.
"Antes, a cidade era mais tranquila e agora têm muitas pessoas de 
fora circulando. A cidade está mais movimentada. É notório isso", enfatiza a 
representante do comércio no município [...].
Para ler a reportagem na íntegra, acesse: <http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2015/10/
descoberta-de-jazidas-de-ouro-movimenta-pacata-cidade-de-mt.html>.
d) Expectativas: o mesmo ocorre com as expectativas sobre eventos futuros. 
Isso ocorre muito quando se anuncia nos meios de comunicação o possível 
aumento de preço de bens nos próximos dias. A notícia faz com que as pessoas 
demandem por produtos para fazer estoques antes da elevação do preço. Tal 
situação provoca um deslocamento da curva para a direita. Se, ao contrário, 
as pessoas acharem que o preço do bem poderia cair, adiarão suas compras, 
fazendo com que a curva se desloque para a esquerda. 
IMPORTANT
E
No mercado de açõese títulos imobiliários as expectativas são importantes, 
pois as pessoas querem adquirir mais títulos quando imaginam que os preços das ações e 
títulos vão se elevar no futuro – isso desloca a curva de demanda para a esquerda (HALL; 
LIEBERMAN, 2006). 
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
31
a) Gostos: os gostos do consumidor também influenciam para que a curva de 
demanda se desloque para a esquerda ou para a direita. O estudo do gosto 
do consumidor está associado à economia comportamental. Nesse estudo é 
possível compreender de onde vêm os gostos e/ou o que os fazem mudar.
DICAS
 Para você se aprofundar mais sobre a economia comportamental, leia o livro: 
FRANK, R. H. Microeconomia e comportamento. 8. ed. Porto Alegre: 
AMGH, 2013. 664p.
Agora que vimos que diversos fatores fazem com que a curva de demanda 
sofra um deslocamento para a esquerda ou para a direita, vamos observar 
graficamente como o deslocamento da curva da demanda (aumento ou baixa do 
preço) ocorre:
FIGURA 9 – DESLOCAMENTO DA CURVA DE DEMANDA (PARA A ESQUERDA 
OU PARA A DIREITA)
FONTE: Adaptado de Hall e Liebermann (2003, p. 69) 
Lembre-se de que toda curva de demanda se desloca para a direita (figura 
a seguir) quando houver:
P2
(P)
P1
P3
Q2 Q1 Q3
(Q)
A elevação do preço
desloca para a 
esquerda ao longo da
curva de demanda
A queda do preço
desloca a curva para a 
direita ao longo da
curva de demanda
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
32
• Aumento da renda.
• Aumento da riqueza.
• Aumento do preço do bem substituto.
• Diminuição do preço do bem complementar.
• Expectativa de o preço aumentar.
• Aumento da população.
• Os gostos se deslocam a favor do bem.
FIGURA 10 – VARIAÇÕES QUE PROVOCAM O DESLOCAMENTO DA 
CURVA DE DEMANDA PARA A DIREITA 
FONTE: Adaptado de Hall e Liebermann (2003, p. 69)
Da mesma forma, algumas variáveis influenciam no deslocamento da 
curva de demanda para a esquerda (figura a seguir). Podemos destacar entre as 
diversas variações a: 
• Diminuição da renda.
• Diminuição da riqueza.
• Diminuição do preço do bem substituto.
• Aumento do preço do bem complementar.
• Expectativa de o preço diminuir.
• Diminuição da população. 
• Os gostos se deslocam contra o bem.
P2
P1
P3
Q2 Q1 Q3
D2
D1
(Q)
(P)
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
33
De acordo com Vasconcelos e Garcia (2016), ao estudar a influência destas 
variáveis no momento da compra, considera-se a hipótese do coeteris paribus, ou seja, 
cada uma das variáveis afetando separadamente as decisões de compra do consumidor.
Em função dessas variáveis, o consumidor irá decidir em adquirir uma 
determinada quantidade de um produto ou bem, chamada de quantidade demandada. 
Essa quantidade demandada varia de acordo com uma série de fatores. 
O mais relevante fator é o preço da mercadoria. Quando o preço da mercadoria 
aumenta, a quantidade demandada diminui, pois, o preço elevado de determinado 
produto faz com que o consumidor economize seu uso. 
FIGURA 11 – VARIAÇÕES QUE PROVOCAM O DESLOCAMENTO DA 
CURVA DE DEMANDA PARA A ESQUERDA
FONTE: Adaptado de Hall e Liebermann (2003, p. 69)
P2
P1
P3
Q2 Q1 Q3
D2
D1
(Q)
(P)
FIGURA 12 – CONSUMIDOR PENSANDO NA DECISÃO DE COMPRA
FONTE: Disponível em: <http://www.tvsolcomunidade.com.br/compras-
conscientes-exigem-atencao-do- consumidor/
QuantidadePreço
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
34
3 ESTUDO DA OFERTA DE MERCADO
Até agora nosso foco de estudo foi centrado nos consumidores, de agora 
em diante vamos estudar o mercado do ofertante (dos vendedores). Ou seja, 
o ofertante é o agente econômico que tem por objetivo ofertar (vender) mais 
produtos no mercado, estimulado pelo aumento dos preços. 
2.3 FUNÇÃO DA DEMANDA 
Em termos matemáticos, a função da demanda expressa a relação entre a 
quantidade do produto demandado por unidade de tempo e diversas variáveis possíveis, 
como o preço e as outras variáveis, que são chamadas de condições de demanda. 
Condições de demanda “são variáveis que provocarão um deslocamento 
para a direita ou para a esquerda da curva de demanda para o produto x. Essas 
condições incluem o peço de outros produtos [...], a renda real dos domicílios [...], 
as preferências dos domicílios [...]” (WALL, 2015, p. 4 – grifo nosso).
A função da demanda é representada pela seguinte equação:
Qx = F (Px, Po, Y, T, Ax)
Onde: 
Qx = Quantidade demandada do produto X
Px = Preço do Produto X 
Po = Preço de outros produtos 
Y = Renda real dos outros domicílios 
T = Preferência dos domicílios
Ax = Propaganda do produto x 
Você poderá encontrar em vários livros de economia outras variáveis que 
são frequentemente utilizadas pelos autores, conforme descreve Wall (2015, p. 
7 – grifo nosso):
Tecnologia (Tn): embora novas tecnologias sejam mais frequentes 
associadas a deslocamentos para dentro da curva da oferta, elas 
também podem gerar deslocamentos na curva de demanda.
Propaganda (Ax): gastos com propagandas do produto em si (Ax), 
com um substituto de consumo para X em si (Ax), com um substituto 
para X (As) e/ou como complemento de consumo para X (Ac) também 
podem ocasionar um deslocamento da curva de demanda para o 
produto X.
Disponibilidade de crédito (CA) e preço de crédito (CP): duas 
variáveis importantes, porém frequentemente negligenciadas, podem 
exercer uma importante influência sobre a demanda de um produto: a 
disponibilidade de crédito (CA) e o custo do crédito (CP).
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
35
NOTA
Quando uma firma competitiva vem ao mercado como vendedora, seu objetivo 
é atingir o maior lucro possível. Ela poderá escolher o nível de produção que deseja, mas se 
depara com três restrições: (1) sua tecnologia de produção, (2) os preços que precisa pagar 
por seus insumos; (3) o preço de mercado para seu produto (HALL; LIEBERMANN, 2003, p. 70). 
Da mesma forma, como vimos anteriormente que a demanda não é uma 
compra, você verá que a oferta também não é uma venda efetivada, trata-se 
apenas de uma quantidade de determinado bem ou serviço que o produtor deseja 
vender aos diferentes níveis de preço, durante um período de tempo definido 
(CARVALHO, 2015; MILTONS, 2016).
NOTA
Oferta é um conceito abstrato representando o conjunto de todos os pares de 
preço e respectivas quantidades de um bem que o produtor, a empresa, deseja produzir e 
vender, por um período de tempo (CARDOSO, 2016, p. 133).
A oferta de um bem é feita pelo grupo de vendedores (produtores). 
A oferta de um bem é “a quantidade de determinado bem ou serviço que os 
produtores desejam vender, em determinado período de tempo” (PINHO; 
VASCONCELLOS, 2004, p. 592). 
Lembre-se, sempre de que o preço aumentar, a quantidade ofertada 
também aumentará. Isso ocorre porque a elevação do preço se torna um estímulo 
para que o produtor ou a firma aumente a sua produção – Lei geral da oferta.
Vimos anteriormente no estudo da demanda que o consumidor vai 
ao mercado com um objetivo: adquirir os bens e serviços que satisfaçam suas 
necessidades da melhor forma possível. O vendedor, quando vai ao mercado 
ofertar seus bens e produtos, também tem uma meta: conseguir o maior lucro 
possível. A firma (os vendedores), como será tratada de agora em diante, para 
conseguirem alcançar sua produção dependem de insumos (matéria-prima) e de 
tecnologia para transformação dos insumos (HALL; LIEBERMANN, 2003). 
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
36
Mas assim como vimos no estudo da demanda, quando estudamos a oferta 
de produtos, bens e serviços também teremos a existência de oferta individual e 
a oferta de mercado. 
A oferta individual refere-se a uma única empresa, enquanto que a oferta 
de mercado faz referência a um conjunto de empresas que produzem produtos 
homogêneos, sendo que o que as diferencia é somente a embalagem, marca e 
propaganda.
NOTA
A quantidadede mercadorias, bens ou produtos que o produtor deseja colocar 
à venda é chamada de quantidade ofertada. 
Em suma, é importante que você compreenda que oferta e quantidade 
ofertada não são sinônimas. A oferta refere-se ao comportamento do produtor, 
expressa na relação entre preço e quantidade ofertada. Já a quantidade ofertada é 
um valor, a expressão numérica da quantidade que se pretende produzir.
Mas como as firmas identificam seus potenciais consumidores? Os 
potenciais consumidores são estratificados de acordo com a sua renda. Essa 
estratificação leva a uma divisão social chamada de Classes Econômicas. 
Você sabe quantas classes econômicas existem atualmente no Brasil?
A maneira de classificar economicamente a população brasileira mudou 
em 2015. O Critério de Classificação Econômica Brasil, conhecido como Critério 
Brasil, teve uma nova atualização feita pela Associação Brasileira de Empresas de 
Pesquisa (ABEP). O novo Critério Brasil, que está em vigor desde 1º de janeiro de 
2015, continua baseado em posse de bens, atrelando a cada item uma quantidade 
de pontos, mas agora a base para o estudo é a Pesquisa de Orçamentos Familiares 
A lei geral da oferta determina que, quando o preço de um bem aumenta e 
todas as demais permanecem inalteradas, a quantidade ofertada do bem também se eleva. 
À medida que o preço cai, nem sempre o produtor estará disposto a ofertar a mercadoria na 
mesma quantidade no mercado, pois o nível de seu lucro não seria tão alto. 
ATENCAO
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
37
FIGURA 13 – NOVA ESTRATIFICAÇÃO DAS CLASSES SOCIAIS NO BRASIL
FONTE: Disponível em: <http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/paginas/criterio-brasil-inicia-
2015-com-nova-atualizacao-.aspx>. Acesso em: 12 mar. 2018.
3.1 CURVA DE OFERTA 
A inclinação da curva de oferta (O) é ascendente (positivamente 
inclinada) – da direita para a esquerda. Mas por que ela é positivamente inclinada? 
A curva de oferta positivamente inclinada tem relação direta com o preço 
(P) e a quantidade do produto (Q), ou seja, isso significa que à medida que o preço 
aumenta, uma quantidade maior de determinado produto X o produtor ofertará 
no mercado, pois terá um lucro maior. E à medida que há uma redução no preço 
do produto, a oferta de produtos diminui, pois nem sempre é interessante para o 
produtor comercializar produtos a um preço baixo. Desta forma podemos afirmar 
que, quando o preço de um bem ou serviço aumenta, a quantidade ofertada tende 
a aumentar também.
Classe Pontos
A 45 - 100
B1 38 - 44
B2 29 - 37
C1 23 - 28
C2 17 - 22
D-E 0 - 16
(POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A nova regra de 
classificação divide a população brasileira em seis estratos socioeconômicos, 
denominados A, B1, B2, C1, C2 e DE.
Podemos observar na tabela a seguir que existe no Brasil um total de seis 
classes econômicas. 
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
38
Para você compreender melhor o movimento da curva de oferta, vamos 
utilizar o exemplo anterior (celulares). Observe a tabela a seguir, que demonstra 
a oferta de um determinado produto X, que neste caso poderiam ser celulares. 
TABELA 2 – OFERTA DO PRODUTO X
Preço do produto X
(celulares) Quantidade ofertada
1.200 42
1.180 38
1.160 34
1.140 30
1.120 26
1.100 22
800 18
FONTE: Os autores
Observe na tabela acima que a um preço de R$ 1.200,00 (P1) a oferta pelo 
produto X é de 42 unidades (Q1). Mas a partir do momento em que o preço do 
aparelho celular cai para R$ 800,00 (P2), a quantidade de produtos ofertados 
também diminuiu, ou seja, o produtor ofertará somente 18 unidades (Q2). É claro 
que neste caso estamos supondo que somente o preço do produto se alterou, e 
que as demais variáveis permanecem constantes (coeteris paribus).
FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CURVA DE OFERTA
FONTE: Os autores
Preço (P)
Quantidade (Q)
Curva de Oferta
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
39
FIGURA 15 - GRÁFICO DA OFERTA DO PRODUTO X
FONTE: Os autores
Analisando graficamente (figura anterior), podemos observar que à 
medida que o preço diminuiu, a quantidade ofertada de celulares também 
reduziu, fazendo com que a curva da oferta seja inclinada (para cima).
3.2 FATORES QUE AFETAM A CURVA DE OFERTA
Você se recorda que vários fatores influenciavam na demanda de produto, 
o mesmo ocorre com a oferta. O preço é a principal variável que influencia neste 
mercado. Entretanto, você verá que outras variáveis também podem causar certa 
modificação na curva de oferta, por exemplo, “o preço de outros bens que lhe 
guardem alguma relação (substituição ou complementaridade), o preço dos fatores 
de produção, a mudança tecnológica e as expectativas” (MILTONS, 2016, p. 40).
IMPORTANT
E
Curva de Oferta: mostra a quantidade de mercadorias que os ofertantes estão 
dispostos a vender a cada preço, coeteris paribus.
1200
(P)
(Q)
18 22 26 30 34 38 42
1180
1160
1140
1120
1100
800
Curva
da
Oferta
Sempre que ocorrer qualquer variação em um dos fatores de produção 
que fará com que a firma aumente sua lucratividade, haverá também um aumento 
na quantidade de mercadorias ofertadas no mercado. Essa alteração poderá 
ocorrer no valor da hora trabalhada dos funcionários, uma diminuição no valor 
da matéria-prima, entre outros. 
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
40
FIGURA 16 – MOVIMENTO AO LONGO DA CURVA DE OFERTA 
FONTE: Adaptado de Wall (2015)
O deslocamento da curva para a direita vai representar um aumento 
na oferta de produtos. Os fatores que podem influenciar para que ocorra esse 
aumento de acordo com Wall (2015) são:
• Uma queda no preço de um substituto de produção.
• Um aumento no preço de complemento de produção.
• Uma queda nos custos de produção.
• Mudanças nas preferências dos produtos em favor de X.
• Redução de alíquotas dos impostos.
• Aumento de subsídios.
• Aumento da capacidade produtiva.
• Tecnologia.
Antes de verificarmos essa alteração graficamente, observe que surgiram 
dois conceitos novos: Substitutos de produção e Complemento de produção.
(P)
P2
Q1 Q2
(Q)
P1
Pr
eç
o 
de
 x
Contração
Quantidade de x
Expansão Curva
de
Oferta
NOTA
“Variação da oferta – um deslocamento de oferta em resposta a alguma 
mudança em uma variável que não seja o preço” (HALL; LIEBERMANN, 2013, p. 73).
Vejamos agora como a curva de demanda se comporta com as devidas 
alterações graficamente (figura a seguir).
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
41
NOTA
Substitutos de produção: “são usados quando outro produto (O) poderia ter 
sido produzido com mesmos recursos (terra, capital, matérias-primas etc.) que os usados 
para o produto X” (WALL, 2015, p. 11).
Complementos de produção: “Ocorrem quando o processo de produção de um produto 
X ou demais produtos X rendem produtos secundários. Esses complementos de produção 
também são conhecidos como produtos ofertados em conjunto” (WALL, 2015, p. 11). 
A diminuição da oferta ocasionará deslocamento da oferta para a esquerda, 
isso pode ocorrer devido à(a):
• Greve dos trabalhadores.
• Mudança tecnológica desfavorável.
• Condições climáticas desfavoráveis,
• Aumento do preço dos fatores de produção.
• Mudança no preço de outros bens, entre outros.
Agora, observe a figura a seguir, ela demonstra graficamente como se 
comporta a curva de oferta quando ocorre seu deslocamento para a esquerda 
(decréscimo), ou seja, diminuição da oferta, ou quando o deslocamento é para a 
direita (acrescimento) e, com isso, aumento da oferta do produto X. 
FIGURA 17 – DESLOCAMENTO DA CURVA DE OFERTA 
FONTE: Adaptado de Wall (2015)
(P)
P2
P1
Pr
eç
o 
de
 X
Aumento
Quantidade de X
Decréscimo
Q1 Q2
(Q)
S1
S2
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
42
3.3 FUNÇÃO DA OFERTA 
Inicialmente cabe identificar os fatores, as variáveis econômicas, que 
explicam ou definema quantidade de um bem que se deseja produzir e vender. 
Claro que a primeira delas é o preço do próprio bem; outras são os custos de 
produção, que são representados pelos preços de insumos e de serviços (como 
salário dos trabalhadores, taxa de juros), os preços dos bens concorrentes, os 
preços dos bens que se complementam no uso daquele objeto do estudo, a 
tecnologia etc. 
A ideia de oferta começa com a seguinte pergunta: se o preço de certo 
bem X for PX, qual é o nível mensal de produção que a empresa escolheria? Qual 
seria a produção se o preço se elevasse? E se diminuísse? Observe que somente 
haveria resposta a essas perguntas se os demais fatores não sofressem qualquer 
tipo de alteração. Por exemplo, “se após a elevação do preço a produção não 
se alterar, a explicação poderia ser que, apesar de a demanda haver crescido, 
os custos de produção devem ter aumentado, por exemplo, porque os salários 
dos trabalhadores das empresas se elevaram, isto é, teria havido uma redução 
de oferta que exatamente compensou o aumento de procura” (CARDOSO, 
2016, p. 134). Outra vez é utilizada a hipótese de coeteris paribus, ou “tudo o 
mais constante”.
Matematicamente, a função da oferta pode ser representada por: 
Qox = f (Px, P1, P2, ..., Pn, p1, p2, ..., pn, T, E)
Onde que: 
Qox = quantidade ofertada do produto x;
Px = preço do produto x; 
Pi1, Pi2,..., Pin = preço dos n insumos utilizados na produção de x; 
T = tecnologia disponível (conjunto de técnicas que podem ser empregadas 
para produzir x); 
E = expectativas do produtor sobre o futuro.
A expressão informa que a quantidade ofertada de uma mercadoria x 
qualquer (Qox) é função do preço de x, dos preços dos insumos necessários para 
produzir x, da tecnologia e das expectativas do produtor relativas ao futuro. As 
relações entre a quantidade ofertada e cada uma dessas variáveis são apresentadas 
a seguir, começando pela relação entre preço e quantidade ofertada, que define a 
própria oferta (CARVALHO, 2015).
Matematicamente, a relação entre quantidade ofertada e preço pode ser 
representada como segue:
Qox = f (Px ); dQox > 0 dPx
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
43
Quando a derivada da função é maior do que zero, indica que há uma 
relação crescente entre quantidade ofertada e preço do produto: quanto maior for 
o preço, maior será́ a quantidade ofertada.
Lembre-se de que o objetivo da empresa é conseguir o máximo de lucro, e 
não a máxima receita. O lucro é a diferença entre receita e custo (CARVALHO, 2015).
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
44
LEITURA COMPLEMENTAR
UMA FÁBULA SOBRE OFERTA E DEMANDA
Em um país, que chamaremos de Sapatópolis, toda compra e venda de 
sapatos acontecia uma vez por ano na praça central. Imagine que, quando você 
chegou a essa praça, havia dois grandes edifícios. No canto externo esquerdo, ficava 
o prédio dos compradores de sapatos, que chamaremos de Ala dos Demandantes. 
Lá estavam todas as pessoas que desejavam comprar sapatos ou, aqueles que não 
poderiam ir até a cidade, seus representantes. Felizmente, todos os demandantes 
desejavam exatamente o mesmo tipo de sapato. Dessa forma, eles se reuniam uma 
vez por ano em balcões individuais ao longo da Ala dos Demandantes para fazer 
ofertas pelos sapatos. No canto extremo direito, ficava a Ala dos Ofertantes. Ali 
estavam todos os sapateiros: cada um vinha receber os pedidos para confeccionar 
em casa e enviar, depois, para os demandantes. O Conselho da Guilda das Alas 
dos Ofertantes certificava-se de que todos os sapatos eram os mesmos que os 
compradores desejavam e atendia seus exigentes padrões. 
No decorrer dos anos, os compradores e os vendedores de sapatos 
encontravam-se para estabelecer o preço anual dos sapatos. O leiloeiro da cidade 
ficava no pátio entre as duas grandes alas e enviava dois mensageiros, um para 
cada ala. Cada mensageiro levava uma lista de preços. Na Ala dos Demandantes, 
o mensageiro dirigia-se a cada procurador e perguntava quantos sapatos ele 
desejava por preço. O mensageiro registrava as respostas, anotava de quem eram 
e, quando terminava, fechava o total de pares para cada preço. Da mesma forma, o 
outro mensageiro na Ala dos Ofertantes percorria seus vastos corredores dirigindo-
se a cada vendedor, perguntando quantos cada um faria a cada preço da lista. O 
mensageiro registrava as respostas, anotava de quem eram e fechava esse total. 
Depois, os mensageiros corriam para o pátio. O leiloeiro comparava 
as duas listas. Em seguida, anunciava um preço pelo qual os sapatos seriam 
vendidos naquele ano. O que deixava os cidadãos admirados era que o leiloeiro 
sempre acertava um preço em que o número total de sapatos desejados pelos 
compradores àqueles preços igualava o número de sapatos que os vendedores 
desejavam vender àquele preço. Devido à sua habilidade, o leiloeiro fazia jus a 
um honorário tão grande que se tornou o homem mais rico do país. 
Chegou o dia em que o leiloeiro passou suas habilidades para seu filho. 
Ele advertia a criança de que o que ele lhe estava passando era secreto e não devia 
sair do âmbito da família, já que era a fonte de sua riqueza. Em um pedaço de 
pergaminho, ele desenhou uma linha vertical na qual escreveu os preços que ele 
tinha em sua lista, que iam dos mais baixos, na base, para os mais altos, na parte 
de cima da linha. Na linha horizontal, ele anotava as quantidades de sapatos, 
que iam das baixas para as mais altas, da esquerda para a direita. “Agora o que 
eu faço”, disse ele para seu filho, “é introduzir da lista da Ala dos Demandantes 
cada preço e seu total. Eu ligo estes pontos e chamo esta linha de curva de demanda. 
TÓPICO 2 | ESTUDO DA OFERTA E DEMANDA DE MERCADO
45
Depois eu introduzo cada preço e seu total da lista da Ala dos Ofertantes. Em 
seguida, ligo esses pontos e chamo esta linha de curva de oferta. Finalmente, 
passo para onde as linhas se encontram e utilizo este preço para acertar todas as 
trocas. Esse é o preço de ajuste de mercado. A esse preço, todos os compradores 
conseguem comprar os sapatos que estavam dispostos a adquirir e todos os 
vendedores conseguem vender os sapatos que estavam dispostos a fabricar”. 
“Por que não fixar um preço mais alto do que onde as linhas se encontram?”
“Bem”, disse o pai, “o preço mais baixo, os totais desejados pelos 
compradores excedem os totais fabricados pelos vendedores. Existe excesso 
de demanda. Eu raciocinei que, se eu fixasse pelo preço mais baixo, eu não 
conseguiria preencher os pedidos de todos os determinantes, de sorte que alguns 
ficariam sem sapatos. Você pode imaginar as críticas que eu receberia, então? 
Deixar as pessoas descalças! Ah, não! Nem mesmo eu tentaria tal temeridade”. 
O filho do leiloeiro e os filhos dos seus filhos viveram felizes para sempre. 
Ou melhor, até que um economista mostrou que o leiloeiro era desnecessário, 
porque o anúncio aberto aos preços faria o mesmo trabalho de graça. Então, a 
família perdeu sua função e passou a subsistir apenas a venda de velhos diagramas 
de oferta e demanda. 
FONTE: WESSELS, Walter J. Microeconomia: teoria e aplicações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, 
p. 35-37.
46
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A demanda é associada ao comportamento do consumidor.
• A Lei geral da demanda é a quantidade de bens e serviços que o consumidor 
deseja consumir. Sempre que o preço do bem diminuir, a tendência é que o 
consumidor venha a comprar mais quantidades de determinado bem.
• A inclinação da curva de demanda (D) é descendente (negativamente inclinada) 
– da esquerda para a direita.
• A oferta está associada ao comportamento do vendedor.
• Sempre que o preço aumentar, a quantidade ofertada também aumentará. Isso 
ocorre porque a elevação do preço se torna um estímulo para que o produtor 
ou a firma aumente a sua produção – Lei geral da oferta.
47
1 O que é demanda?
2 Como os consumidores reagem às mudanças nos preços dos benssubstitutos?
3 Entre os eventos a seguir, identifique os que podem causar mudança na 
posição da curva da demanda de alimentos de um país. Quais seriam as 
mudanças? Por quê?
a) Aumento na população. 
b) Descoberta de um processo mais barato para produzir alimentos. 
c) Proibição de importações. 
d) Aumento dos salários. 
e) Aumento do preço dos alimentos no mercado internacional. 
f) Subsídio ao consumo de alimentos.
4 Entre as alternativas a seguir, assinale a que NÃO provoca deslocamento da 
curva da oferta do bem x: 
a) Aumento do preço da matéria-prima. 
b) Aumento do preço do produto x. 
c) Expectativas dos produtores de aumento da demanda. 
d) Mudança tecnológica que reduz custo. 
e) Redução dos impostos sobre os lucros.
AUTOATIVIDADE
48
49
TÓPICO 3
EQUILÍBRIO DE MERCADO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! No tópico anterior, você estudou o mercado da demanda 
e da oferta de forma isolada. Vimos que vários fatores fazem com que a demanda 
e a oferta de mercado se alterem. 
Agora no Tópico 3 vamos estudar o equilíbrio de mercado. Veremos o que 
acontece quando compradores e vendedores, cada lado com vontade e capacidade 
de negociar seus produtos, se encontram no mercado. 
Você certamente se lembra de que ambos os lados têm objetivos diferentes, 
ou seja, enquanto o consumidor busca a melhor opção possível que atenda às suas 
necessidades com o melhor preço, os vendedores buscam sempre o maior lucro. 
Observamos na vida real que há variações de preços quando consumidores 
e vendedores se encontram no mercado, na maioria das vezes, esta variação é de 
forma branda em determinado momento. A esse estado de repouso os economistas 
chamam de Equilíbrio de mercado. 
2 EQUILÍBRIO DE MERCADO 
Inicialmente vamos considerar, neste estudo, a situação que se trata de 
um mercado livre, onde somente a oferta e a demanda determinam o preço dos 
produtos. Quando a oferta e demanda não se encontram em equilíbrio no mercado, 
teremos duas situações: um excesso ou a escassez de produtos no mercado. 
Um mercado em desequilíbrio é aquele que apresenta quantidades 
demandadas e ofertadas divergentes.
UNI
Preço de Equilíbrio ou Market Clearing: “Preço que iguala a quantidade ofertada 
com a quantidade demandada” (PINDYK; RUBINFELD, 2013, p. 25).
50
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
Observe a figura a seguir, e veja graficamente como se comportam as 
curvas de demanda e oferta num mercado em equilíbrio. 
FIGURA 18 – DEMANDA E OFERTA EM EQUILÍBRIO NUM MERCADO LIVRE
IMPORTANT
E
Para você encontrar o preço em equilíbrio em um mercado, desenhe a curva de 
oferta e demanda. O equilíbrio será o ponto de interseção entre as duas curvas. 
2.1 EXCESSO DE OFERTA E DEMANDA NO MERCADO 
Você já parou para refletir em qual momento pode ocorrer um excesso de 
oferta no mercado? Vamos imaginar nosso dia a dia, quando vamos ao mercado 
realizar nossas compras. Nosso maior motivador é o preço. Embora você verá na 
Unidade 2 deste livro que outras variáveis muitas vezes afetam as escolhas do 
consumidor, o preço ainda é um fator determinante nas escolhas.
Considerando como exemplo a figura anterior, podemos dizer que haverá 
excesso de oferta a partir do momento em que o preço aumentar, ou seja, for 
maior do que P1, conforme vimos no gráfico anterior. Desta forma, esse excesso 
de oferta fará com que o preço caia num determinado período de preço, à medida 
que os vendedores tentarem se desfazer de seus produtos.
De acordo com Wall (2015), à medida que o preço cai, os consumidores 
começarão a ver o produto com outros olhos, achando-o mais atraente que o 
produto substituto e, consequentemente, haverá um movimento da curva de 
demanda para a direita, representando uma expansão da demanda.
FONTE: Adaptado de Wall (2015)
Preço
(P) Excesso de
Oferta
(S)
Oferta
(D)
DemandaExcesso de
Demanda
Quantidade (Q)
P2
P1
P3
Q10
TÓPICO 3 | EQUILÍBRIO DE MERCADO
51
No momento em que o preço cai, os produtores começarão a achar que 
o produto é menos atraente que os outros substitutos de produção e, com isso, 
poderão direcionar recursos para essas alternativas, o que fará com que haja um 
movimento para a esquerda da curva de oferta, representando uma contração na 
oferta (VASCONCELLOS; SAKURAI, 2011).
Da mesma forma ocorre com a demanda, sempre que o preço do produto 
X for mais baixo que o P1, a demanda será maior do que a oferta. Neste caso, 
podemos dizer que o preço é um sinal para os compradores e para os vendedores 
e ajuda-os a executar as ações de expandir ou contrair a oferta e a demanda, 
resultando em um equilíbrio. 
NOTA
À medida que o preço cair e alcançar o P1, quando vendedores e compradores 
estarão em harmonia e tudo o que posto à venda for vendido, haverá o Equilíbrio de mercado. 
UNI
O excesso de oferta se dá quando um produto está disponível no mercado 
numa quantidade maior do que os consumidores estão dispostos a comprar. Tal situação 
faz com que haja uma redução nos preços dos produtos. Um exemplo de excesso de oferta 
é o mercado imobiliário americano após a crise financeira. Há muitas casas que foram 
construídas durante a bolha que agora se encontram vazias ou à venda, o que fez o preço 
desses imóveis despencar desde o início da crise. 
 O excesso de demanda ocorre quando há mais consumidores interessados em 
um produto do que produtos disponíveis para venda. Essa situação faz com que o preço 
deste produto se eleve em busca do equilíbrio. Um exemplo é o aumento no preço do 
etanol (combustível). Com a quebra da safra de cana na Índia, muitas usinas de cana no Brasil 
utilizaram a cana para produção de açúcar ao invés de álcool (etanol). Isso diminuiu a oferta de 
etanol no mercado, ao mesmo tempo em que a frota de veículos flex aumentava, isso forçou 
o aumento de preço do etanol, que chegou a mais de 50% em muitas praças no Brasil.
3 FATORES QUE AFETAM O PREÇO DE EQUILÍBRIO 
Vimos anteriormente que o fator preço faz com que houvesse um 
excesso de oferta e demanda no mercado, e que tal situação fará com que haja 
deslocamentos na curva de demanda e oferta. 
52
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
Na prática, as curvas de oferta e demanda sempre se deslocam, devido à 
economia ser dinâmica. Consideremos como exemplo a renda da população. A 
renda não é algo estático, ela se altera num período de um ano por diversas vezes 
e é influenciada diretamente por vários fatores (acordos coletivos entre classe 
trabalhadora e patronal, mudança de cargos, mudança de emprego, demissões, 
etc.). De acordo com Vasconcellos e Sakurai (2011), situações como estas podem 
elevar ou baixar a renda da população. O mesmo ocorre com a produção das 
empresas, podemos observar que alguns produtos são sazonais, ou seja, a 
produção pode ser maior ou menor de acordo com cada estação do ano (por 
exemplo, produção de sorvetes), ou ainda é influenciada por datas comemorativas 
(Natal, Páscoa, Dia das Mães etc.). Todas essas situações alteram a posição das 
curvas (oferta e demanda) e, consequentemente, o equilíbrio de mercado.
Para que você compreenda melhor como ocorre esse deslocamento, vamos 
utilizar um exemplo prático, descrito na tabela a seguir, que demonstra a situação 
de oferta e demanda de calçados femininos.
 TABELA 3 – OFERTA E DEMANDA DE CALÇADOS FEMININOS
Preço 
($)
Quantidade 
ofertada
Quantidade 
demandada
Situação de 
mercado Preço
20 250 340 Excesso de procura (escassez de oferta) Tende a aumentar
30 270 320 Excesso de procura (escassez de oferta) Tende a aumentar
40 300 300 Equi l íbr io entre oferta e procura
Fica estável 
(equilíbrio)
50 320 270 Excesso de oferta (escassez de procura) Tende a diminuir
60 340 250 Excesso de oferta (escassez de procura) Tende a diminuir
FONTE: Elaborada pelos autores
 Na tabela acima, observe que ao preço unitário inicial do calçado feminino 
igual a R$ 20,00, a quantidade demandada deste produtoé igual a 340, e que a 
quantidade ofertada do mesmo produto é igual a 250. Podemos verificar que há 
uma diferença entre a oferta e demanda de 90 unidades do produto. Podemos 
dizer que neste caso há muita demanda para pouca oferta. Mas qual é a influência 
disso para o consumidor?
Além dos exemplos apresentados, com certeza, você se recorda de várias 
situações que fazem com que ocorra uma maior oferta ou demanda no mercado. E 
deve ter observado que, geralmente, quando nos deparamos com essas situações 
de mercado, o preço tende a aumentar. Se continuarmos a verificar a tabela acima, 
observaremos que à medida que o preço aumenta para R$ 30,00, a quantidade 
TÓPICO 3 | EQUILÍBRIO DE MERCADO
53
demandada diminui para 320 unidades, e a quantidade ofertada aumenta para 270 
unidades. Mesmo assim, ainda podemos observar que há um excesso de demanda 
na ordem de 50 unidades. Situação que ainda faz com que o preço aumente. 
Quando os preços aumentarem e chegarem a R$ 40,00 por unidade, 
observe que da mesma forma que a demanda pelo produto diminui para 300, 
a oferta também aumenta para 300 unidades, chegando ao chamado preço de 
equilíbrio, não havendo excesso de demanda e nem de oferta.
Mas como fica a situação se o preço continuasse a aumentar e passasse 
para R$ 50,00 a unidade? Observamos na tabela acima que a situação se 
inverteria. A quantidade ofertada de calçados passaria a aumentar e haveria uma 
diminuição da demanda. Com isso, haveria agora um excesso de oferta e, com 
isso, a tendência era uma diminuição no preço, pois com preços mais altos, o 
consumidor não teria mais a mesma vontade de consumir os calçados ofertados 
no mercado (VASCONCELLOS; SAKURAI, 2011).
Agora que você já compreendeu como ocorre essa relação, oferta, demanda 
e equilíbrio de mercado, observe graficamente como se comportam tais relações 
na figura a seguir.
FIGURA 19 – GRÁFICO DE DEMANDA, OFERTA E PREÇO DE EQUILÍBRIO
FONTE: Os autores
Dando continuidade ao nosso estudo, você se recorda que na Unidade 2 
estudamos vários fatores que provocavam alterações na oferta e na demanda? O 
mesmo ocorre com o preço de equilíbrio. Agora veremos alguns dos fatores que 
podem provocar modificações no ponto de equilíbrio, de acordo com Vasconcellos 
e Sakurai (2011).
Aumento da renda dos agentes: vamos ao nosso exemplo anterior. 
Suponhamos que o mercado já esteja em seu equilíbrio e que, em certo momento, 
ocorra um aumento permanente da renda dos agentes. Vejamos o que ocorre com 
o mercado. A tendência é que o consumidor venha a consumir mais calçados à 
medida que o preço esteja em equilíbrio. 
60
250 270 300 320 340
Preço de
Equilíbrio
Oferta
Demanda
50
40
30
20
54
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
Interferência do governo: embora estejamos considerando um mercado 
livre, onde produtores e consumidores têm plena liberdade de negociação dos 
seus produtos, cabe salientar que nem sempre a situação é assim, de maneira 
livre e sem intervenções. Em alguns produtos o governo realiza intervenções 
mediante vários mecanismos. Ou seja, a intervenção governamental estabelece 
um preço mínimo para alguns preços, ou ainda, estabelece alíquotas de impostos 
ou oferece subsídios que influenciam na decisão do consumidor.
CELESC LANÇA BÔNUS EFICIENTE LINHA ELETRODOMÉSTICOS
A quarta edição do projeto Bônus Eficiente Linha Eletrodomésticos 
inicia nesta sexta-feira, 17/11, com uma parceria entre a Celesc e as lojas 
Colombo. Por meio do Projeto de Eficiência Enérgica da ANEEL, a Celesc 
oferece um subsídio de 50% aos consumidores para a substituição de 
geladeiras, freezers e aparelhos de ar-condicionado antigos por outros novos 
e mais eficientes. Cada consumidor adimplente com a companhia tem direito 
a fazer a troca de um equipamento por unidade consumidora, sendo que os 
aparelhos usados devem ter mais de cinco anos de fabricação e não conter o 
selo Procel de energia.
O lançamento oficial do programa ocorreu na quinta-feira, 16/11, com 
a assinatura do acordo no Gabinete do Governador, Raimundo Colombo. As 
vendas iniciam na sexta, em mais de 40 lojas da rede Colombo em todo o Estado, 
e seguem até o encerramento dos estoques. Além de receber um desconto de 
50%, o cliente poderá parcelar o valor da compra em até seis vezes, sem juros, 
no cartão de crédito [...].
FONTE: Disponível em: <http://www.celesc.com.br/portal/index.php/noticias/2047-celesc-lanca-
bonus-eficiente-linha-eletrodomesticos>. Acesso em: 15 jan. 2018.
Outro exemplo que podemos citar é quando o Governo Federal resolve 
conceder subsídios fiscais para a indústria automobilística visando incentivar a 
compra de veículos populares. 
Estabelecimento de impostos: o estabelecimento de impostos (tributos) 
por parte do governo também influencia muito no mercado. Você sabe o que é um 
tributo? Os tributos podem ser impostos, taxas ou contribuições de melhoria. Os 
impostos dividem-se em duas categorias: impostos indiretos e impostos diretos, 
conforme descrito por Vasconcellos e Sakurai (2011):
• Impostos diretos: impostos que incidem sobre o consumo ou sobre as vendas. 
Exemplos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
• Impostos indiretos: impostos incidentes sobre a renda e o patrimônio. Exemplos: 
Imposto de Renda (IR) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Mas você deve se perguntar: por que o imposto influencia tanto no 
mercado? No ato do recolhimento, um aumento de impostos representa um 
TÓPICO 3 | EQUILÍBRIO DE MERCADO
55
aumento de custos de produção para a empresa (estudaremos os custos de 
produção na Unidade 3 deste livro). Assim, para que ela alcance a mesma 
lucratividade, a empresa terá que repassar esse custo para o consumidor através 
do preço. 
A proporção do imposto pago por produtores e consumidores é 
a chamada incidência tributária, que mostra sobre quem recai 
efetivamente o ônus do imposto. O produtor procurará repassar 
a totalidade do imposto ao consumidor. Entretanto, a margem de 
manobra de repassá-lo dependerá do seu grau de sensibilidade a 
alterações do preço do bem (VASCONCELLOS; SAKURAI, 2011, p. 
89 – grifo nosso).
Podemos citar ainda o tabelamento de preços. O tabelamento de preços 
do mercado é instituído pelo governo com o objetivo de coibir preços abusivos 
aos produtos de primeira necessidade, por exemplo, os alimentos. 
56
UNIDADE 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES MICROECONÔMICOS: DEMANDA, OFERTA E MERCADO EM EQUILÍBRIO
LEITURA COMPLEMENTAR
EQUILÍBRIO, EFICIÊNCIA E PROCESSO DE MERCADO
Por André Azevedo Alves, Phd.
O conceito de equilíbrio ocupa um lugar central na teoria econômica e, direta 
ou indiretamente, exerce uma influência substancial no enquadramento dos principais 
debates contemporâneos de economia política. A importância do conceito de equilíbrio 
deriva de este ser frequentemente associado, no contexto da análise econômica, a 
um padrão de eficiência na alocação de recursos a nível social. No entanto, a noção 
de equilíbrio não é unívoca e diferentes interpretações da mesma podem levar a 
entendimentos radicalmente distintos tanto das condições necessárias à eficiência 
como do papel dos processos de mercado na geração dessas mesmas condições.
No contexto da abordagem neoclássica, as raízes da aplicação do conceito de 
equilíbrio ao conjunto da economia remontam a Walras, ainda que a sua expressão 
mais marcante em termos formais só tenha surgido bastante mais tarde, por via 
do trabalho de Arrow e Debreu. Na sua essência, o equilíbrio neoclássico funciona 
como um padrão através do qual é possível avaliar o funcionamento dos mercados 
realmente existentes. Nesta abordagem, a preocupação central é a de determinar em 
que condições uma economia de mercado poderá dar origem a um equilíbrio tido 
como eficiente (com a noção de eficiência a ser geralmente interpretada no âmbito 
do critério de Pareto). As condições que permitiriam que os mercados gerassem, de 
forma descentralizada, um equilíbrio eficienteconstituem assim uma preocupação 
central de investigação, uma vez que é da identificação das mesmas que depende em 
larga medida a possibilidade de emitir juízos sobre as instituições do mundo real.
Em abono da abordagem neoclássica, é importante notar que o que está 
normalmente em causa não é a pretensão que os mercados reais se conformem a um 
modelo de equilíbrio geral, mas antes, a utilização desse modelo como padrão de 
avaliação da realidade. Não deve, portanto, constituir surpresa que, entre economistas 
neoclássicos, a discussão sobre o grau e forma de uma intervenção desejável do Estado 
assente em grande medida na análise das condições necessárias para que o sistema 
de mercado possa gerar um equilíbrio eficiente se encontram verificadas ou não num 
dado contexto. Para os neoclássicos que entendem que o funcionamento real de uma 
economia de mercado se aproxima substancialmente das condições estruturais tidas 
como desejáveis, o grau recomendado de intervenção do Estado (pelo menos por 
razões de eficiência) tenderá a ser reduzido. Já para os neoclássicos que consideram 
que essas condições estão muito longe de ser verificadas nos mercados reais, essa 
intervenção tenderá a ser proporcionalmente mais elevada.
Uma abordagem alternativa ao conceito neoclássico de equilíbrio pode, no 
entanto, ser construída a partir dos contributos da Escola Austríaca. [1] Para autores 
como Hayek ou Kirzner, o problema essencial que se coloca nas economias e nos 
mercados realmente existentes não é o de saber até que ponto as suas condições 
se aproximam de um modelo de equilíbrio geral, mas sim o de compreender os 
TÓPICO 3 | EQUILÍBRIO DE MERCADO
57
mecanismos institucionais que possibilitam a própria coordenação econômica e 
a inovação. Em primeiro lugar, porque a própria informação – mais ou menos 
imperfeita – que subjaz aos modelos de equilíbrio não pode ser concebida fora do 
âmbito de atuação do próprio processo de mercado. O caráter necessariamente 
descentralizado, imperfeito e subjetivo da informação necessária à coordenação 
econômica torna inadequado pressupor a sua existência num modelo do qual 
estão ausentes os mecanismos institucionais sem os quais esse conhecimento não 
pode chegar sequer a ser articulado. Em segundo lugar, porque o funcionamento 
de qualquer economia real tem lugar em condições de permanente incerteza e 
constante alteração das preferências dos múltiplos agentes econômicos.
Neste sentido, as funções mais importantes, que o processo de mercado 
assegura, estão relacionadas com a coordenação econômica de múltiplos 
processos descentralizados de inovação e ajustamento e não com a proximidade 
ou tendência para qualquer padrão de equilíbrio eficiente. Embora seja possível 
apreender alguns aspectos relevantes sobre o funcionamento das economias 
partindo do conceito neoclássico de equilíbrio, uma compreensão robusta das 
funções coordenadoras do processo de mercado exige um quadro teórico mais 
abrangente. Mais do que analisar padrões de equilíbrio eficiente com base em 
condições conhecidas, importa compreender o papel do processo de mercado na 
gestão do conhecimento, na inovação e na coordenação dinâmica das economias 
em contexto de incerteza e em condições em larga medida desconhecidas.
Notas
[1] ALVES, André Azevedo. A Análise Dinâmica dos Processos de Mercado: a Escola Austríaca face 
ao Paradigma Neoclássico. In: Revista Portuguesa de Filosofia 65, 2009, pp. 303-319.
FONTE: Disponível em: <http://ordemlivre.org/posts/equilibrio-eficiencia-e-processo-de-mercado>. 
Acesso em: 10 jan. 2018.
58
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você viu que:
• Quando a oferta e a demanda não se encontram em equilíbrio no mercado, 
teremos duas situações: excesso ou a escassez de produtos no mercado.
• Um mercado em desequilíbrio é aquele que apresenta quantidades 
demandadas e ofertadas divergentes.
• Na prática, as curvas de oferta e demanda sempre se deslocam, devido à 
economia ser dinâmica.
59
1 O que é preço de equilíbrio?
2 Como a oferta e a demanda afetam o equilíbrio de mercado?
3 Cite os fatores que afetam o equilíbrio de mercado.
AUTOATIVIDADE
60
61
UNIDADE 2
ELASTICIDADES E O 
COMPORTAMENTO DO 
CONSUMIDOR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade você será capaz de:
• compreender diversos conceitos relativos à elasticidade;
• analisar a demanda a partir da elasticidade-preço, elasticidade-renda e da 
elasticidade-preço cruzada;
• examinar a oferta a parir da elasticidade-preço da oferta;
• classificar tanto a demanda quanto a oferta a partir dos graus de elasticidade;
• conhecer os conceitos de utilidade total e marginal e o comportamento do 
consumidor;
• discutir a teoria do consumidor a partir das cestas de mercadorias, as cur-
vas e os mapas de indiferença;
• demonstrar os deslocamentos da linha de restrição orçamentária a partir 
do movimento de preços.
Esta unidade está organizada em três tópicos. Ao final de cada um deles, 
você encontrará atividades que lhe darão uma maior compreensão dos temas 
abordados.
TÓPICO 1 – ELASTICIDADES
TÓPICO 2 – TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE
TÓPICO 3 – A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
62
63
TÓPICO 1
ELASTICIDADES
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Olá, estudante! É um prazer tê-lo como leitor da Unidade 2 do livro de 
Microeconomia. Agora que já compreendemos todos os conceitos fundamentais 
de microeconomia na Unidade 1, iniciaremos alguns estudos mais aprofundados 
relativos aos conceitos de elasticidade e o comportamento do consumidor.
Os tópicos desta unidade foram organizados da seguinte forma: no 
Tópico 1 estudaremos todos os conceitos relativos à elasticidade. A ênfase será a 
respeito da elasticidade-preço da demanda, da elasticidade-renda da demanda, 
da elasticidade-preço cruzada da demanda, e da elasticidade-preço da oferta e 
todas as classificações das elasticidades.
No Tópico 2 procuraremos conhecer o conceito de utilidade. Aí 
estudaremos a utilidade total e a utilidade marginal, a curva de demanda 
individual e o equilíbrio do consumidor, e o excedente do consumidor.
No Tópico 3 enfocaremos na teoria da escolha do consumidor. Nesta 
seção os estudos serão sobre as cestas de mercadorias, as curvas e mapas de 
indiferença, a taxa marginal de substituição, a linha e os deslocamentos de 
restrição orçamentária, e o equilíbrio do consumidor.
Aproveitem muito bem esta unidade. Bons estudos!
2 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Ao longo de nossos estudos em Microeconomia pudemos compreender 
que uma variação no preço de um bem será, normalmente, acompanhada por 
uma variação na quantidade demandada deste bem, portanto, quando o preço 
de um produto tem uma variação positiva, aumentando de preço, a quantidade 
demandada deste produto tende a diminuir, quando todos os demais fatores 
permanecerem constantes (coeteris paribus). Esta é a chamada Lei da Demanda. 
Mas, quando o preço de um determinado produto diminui, coeteris paribus, a 
quantidade demandada deste bem tende a aumentar.
Ou seja, a quantidade demandada de um produto é “sensível” ou 
“responde” às mudanças de preço. No entanto, em alguns casos, esta sensibilidade 
é maior, fazendo com que a quantidade demandada tenha uma forte variação. 
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
64
No caso de outros produtos, a sensibilidade é menor, resultando num impacto 
menor na variação da quantidade demandada. Há ainda produtos nos quais o 
impacto da variação de preços na demanda é nulo. 
Existem bens cuja demanda é mais sensível às alterações do preço do produto; 
outros bens cuja quantidade demandada é menos sensível às variações no preço; e bens que 
não têm sua demanda impactada devido ao preço, ou não possuem sensibilidade à variação 
do preço.
ATENCAO
Em economia, compreendemos “sensibilidade” por meio do conceito de 
elasticidade. Os produtos que possuem maior elasticidade-preço são aqueles 
cuja demanda reage bastante quando os preços se alteram.Assim é o caso de um 
produto como o tomate. Quando os preços se alteram, a demanda rapidamente 
se altera: quando o preço do tomate está muito caro, as pessoas compram menos 
tomate, mas, quando há uma promoção, a demanda aumenta rapidamente 
(PASSOS; NOGAMI, 2008).
Já os produtos menos elásticos são aqueles em que sua demanda reage 
pouco quando os preços se alteram. Os exemplos estariam nos temperos para 
alimentos que encontramos no supermercado. Quando seus preços aumentam ou 
diminuem, a alteração na demanda por estes produtos pouco se altera. 
NOTA
A elasticidade-preço da demanda é uma medida de quanto a quantidade 
demandada de um bem reage a uma mudança no preço do bem em questão, calculada 
como a variação percentual da quantidade demandada dividida pela variação percentual do 
preço (MANKIW, 2013, p. 88).
Para entendermos adequadamente estes conceitos, veremos duas situações 
de exemplo.
Situação 1
No primeiro exemplo consideraremos o produto sal de cozinha. Supomos 
que uma dona de casa compre 1 kg de sal por mês, ao preço de R$ 1,50 o quilo. 
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
65
Agora, suponhamos que o sal tenha um aumento de 100% de um mês para o 
outro, passando a custar R$ 3,00 o quilo. 
Qual será a variação da quantidade demandada de sal por mês em função 
do aumento de preço do produto? Será que o consumidor irá reduzir o consumo 
de sal devido à variação de preço? Provavelmente não veremos uma variação 
brusca no consumo do sal. Talvez, poder-se-ia arriscar dizer que não haverá 
variação alguma na quantidade consumida.
No caso do sal, algumas características de consumo podem explicar este 
comportamento. O sal de cozinha é um bem essencial, pois é utilizado diariamente 
no preparo de alimentos, por isso, não deixamos de comprar sal devido ao seu 
preço. O valor desembolsado para a compra mensal do sal é muito pequeno, 
representando uma pequena parcela do orçamento doméstico. Desta forma, o 
aumento em seu preço quase não é percebido pelo consumidor.
Assim, no caso do sal de cozinha, dizemos que se trata de um produto 
com demanda insensível à variação no preço, pois sua quantidade demandada 
não responde ao aumento do seu preço.
Este exemplo proporcionou dois preços e duas quantidades, num 
primeiro e segundo momento, antes e depois do aumento do preço: P1 = R$ 1,50; 
Q1 = 1kg e P2 = R$ 3,00; Q2 = 1kg. Assim, podemos graficar a curva de demanda do 
consumidor por sal de cozinha, conforme a figura a seguir:
FIGURA 1 - CURVA DE DEMANDA INDIVIDUAL DO SAL DE COZINHA
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008)
Preço (R$/Kg)
Quantidade (Kg/mês)
4,00
3,00
2,00
1 2
1,00
D
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
66
Uma questão importante que pode ser percebida a partir do gráfico e 
destas informações é sobre a Despesa Total (DT) com o consumo do sal de cozinha 
por este/a consumidor/a: o aumento da Despesa Total também foi de 100%, assim 
como o aumento no preço. Observe:
Despesa total = Preço do produto x Quantidade comprada
Ou
DT = P x Q
Assim, a Despesa total antes do aumento de preço é dada por:
DT = R$ 1,50 x 1 kg
DT = R$ 1,50
Já a Despesa total após o aumento de preço é dada por:
DT = R$ 3,00 x 1 kg
DT = R$ 3,00
A Despesa total passa de R$ 1,50 para R$ 3,00, pois a quantidade 
demandada deste produto não se alterou em função do aumento do preço. Logo, 
se o preço aumenta, mas a quantidade consumida permanece a mesma, a Despesa 
total aumenta.
Além disso, é importante lembrar que a Despesa Total reflete na Receita 
Total (o lado do produtor). O gasto total dos consumidores com um determinado 
produto é igual ao ganho total que as empresas irão obter de receita com a venda 
de seus produtos (CARVALHO, 2015).
Desta forma, o gráfico do consumo individual de sal de cozinha pode 
ser elaborado também para a demanda de mercado por sal. Se, por exemplo, 
a demanda de mercado de sal de cozinha seja composta por 1.000 pessoas 
com padrão de consumo semelhante para este produto, teremos a seguinte 
representação gráfica.
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
67
FIGURA 2 - CURVA DE DEMANDA DE MERCADO DO SAL DE COZINHA
FONTE: Adaptado de: Passos e Nogami (2008)
Nesta situação, a demanda de mercado por sal será de 1.000 kg, que se 
refere ao consumo de 1 kg de sal por mês por pessoa multiplicado pelas 1.000 
pessoas que formam o mercado deste produto. Podemos observar que a demanda 
de mercado é totalmente insensível à elevação de preço do produto. São 1.000 
kg consumidos quando o preço é de R$ 1,50 e os mesmos 1.000 kg quando o preço 
aumenta para R$ 3,00.
Vejamos o impacto na receita dos produtores com tal comportamento dos 
consumidores:
Receita total = Preço do produto x Quantidade comprada
Ou
RT = P x Q
A Receita total antes do aumento de preço é dada por:
RT = R$ 1,50 x 1.000 kg
RT = R$ 1.500,00
E a Receita total após o aumento de preço é dada por:
RT = R$ 3,00 x 1.000 kg
RT = R$ 3.000,00
Preço (R$/Kg)
Quantidade (Kg/mês)
4,00
3,00
2,00
1.000 2.000
1,00
DM
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
68
Os ganhos para os produtores de sal de cozinha, vistos a partir da Receita 
total, tiveram aumento de 100% – passaram de R$ 1.500,00 para R$ 3.000,00. Isto 
ocorreu, pois os consumidores de sal, que formam a demanda de mercado deste 
produto, mostraram-se insensíveis ao aumento de preço do sal.
Na Situação 1, relativa ao sal de cozinha, nos defrontamos com um caso em 
que a demanda é insensível ao aumento de preço do produto, ou seja, houve uma variação 
no preço, mas a quantidade demandada permaneceu a mesma. Dizemos que se trata de um 
produto inelástico em relação ao preço.
ATENCAO
Situação 2
Agora, vejamos um caso em que, devido ao comportamento do 
consumidor, a demanda é elástica em relação às variações no preço.
Suponha que você é o diretor financeiro de uma empresa de transporte 
urbano, cuja tarifa custa R$ 1,00 por pessoa por passagem. A partir dos relatórios 
anteriores desta empresa, sabe-se que, com esta tarifa, o número de passagens 
vendidas é de 30.000 por mês. 
Como a pressão dos acionistas desta empresa é forte no sentido de 
aumentar as receitas, a empresa estuda aumentar a tarifa para R$ 1,10 por pessoa 
por passagem. O aumento da tarifa será vantajoso economicamente para a 
empresa? Depende do grau de elasticidade-preço que a demanda por este serviço 
possui. Cabe analisarmos a viabilidade econômica deste aumento de tarifa.
Com o novo valor, de R$ 1,10, estima-se que a demanda por passagens 
cairá para 26.000 unidades. Ao invés do empresário desta empresa vender 30.000 
passagens ao valor de R$ 1,00, venderá 26.000 passagens ao valor de R$ 1,10. 
Será um bom negócio para a empresa? Imaginemos que a decisão em aumentar a 
tarifa tenha sido realizada e vejamos o cálculo da Receita total.
A Receita total antes do aumento da tarifa é dada por:
RT = R$ 1,00 x 30.000 passagens
RT = R$ 30.000,00
E a Receita total após o aumento da tarifa é dada por:
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
69
RT = R$ 1,10 x 26.000 passagens
RT = R$ 28.600,00
Os resultados mostram que houve uma diminuição de R$ 1.400,00 na 
Receita total da empresa, pois os consumidores mostraram-se mais sensíveis 
à variação do preço do serviço em questão. Com o aumento de preço na tarifa, 
alguns consumidores decidiram não utilizar o transporte urbano, optando por 
outro tipo de serviço de transporte ou carona para satisfazer suas necessidades 
de locomoção. Logo, o número de passagens vendidas reduziu em 4.000 unidades 
– de 30.000 para 26.000 unidades –, mostrando que a quantidade demandada 
sofreu uma alteração devido ao preço da tarifa.
Na Situação 2, relativa ao transporte urbano, nos defrontamos com um caso 
em que a demanda é mais sensível ao aumento de preço, ou seja, houve uma variação no 
preço que resultou numa variação na quantidade demandada. Dizemos que se trata de um 
produto (serviço, neste caso) elástico em relação ao preço.
ATENCAO
Percebemos por meio destas situações que a demanda de diferentes 
produtos eserviços pode apresentar graus de elasticidade diferenciados em 
relação ao preço: alguns elásticos, outros inelásticos. Nesta unidade iremos 
explorar este conceito e verificar sua importância para a análise microeconômica 
e macroeconômica.
2.1 ELASTICIDADE NO PONTO
A demanda por produtos é passível de constantes movimentos derivados 
das variações nos preços dos produtos. As situações estudadas no item anterior 
mostram que precisamos definir melhor como acontecem estes movimentos. 
Portanto, precisamos de um método para medir as variações nos preços dos 
produtos e o reflexo ocasionado da demanda dos consumidores. É justamente 
este método que está contido no conceito de elasticidade (CARVALHO, 2015; 
PASSOS; NOGAMI, 2008).
Para definir qual o grau de elasticidade-preço que um produto possui 
em um determinado momento, utilizamos o coeficiente de elasticidade-preço 
da demanda, que se trata da variação percentual na quantidade demandada 
dividida pela variação percentual no preço. Esta relação é dada por:
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
70
Ed = Variação percentual na Quantidade demandada
Variação percentual do Preço
Em que:
Ed = coeficiente de elasticidade.
Outra forma de enunciar o coeficiente de elasticidade é a seguinte:
% 
% 
∆
∆
= =
∆∆
Qd
Qd QdEd
PP
P
Em que:
∆Qd = Variação na quantidade demandada
Qd = Quantidade demandada de onde se parte
∆P = Variação no preço
P = Preço de onde se parte
Com esta fórmula, conseguimos obter o coeficiente de elasticidade no 
ponto, ou seja, o valor da elasticidade no ponto do qual se partiu. Se o preço de 
determinado produto aumenta de x para y, consideramos que x é valor de que 
partimos (ou o preço inicial). 
A tabela a seguir possui um exemplo de valores para preço e para 
demanda, a fim de melhor compreendermos a medição numérica da elasticidade 
no ponto.
Preço (R$/unidade) Quantidade do bem X (unidades/mês) Ponto
P1 10,00 Qd1 6 A
P2 9,00 Qd2 7 B
FONTE: Os autores 
TABELA 1 - ESCALA DE DEMANDA E PREÇO DO BEM X
Já a figura a seguir apresenta a representação gráfica da escala de demanda 
e preço apresentada na Tabela 1.
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
71
FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA ESCALA DE DEMANDA E PREÇO
FONTE: Adaptado de: Passos e Nogami (2008)
Desta forma, se quisermos medir o coeficiente de elasticidade no ponto 
em que o preço se reduz de R$ 10,00 para R$ 8,00; do ponto A para o ponto B, 
teremos o seguinte resultado:
2 1
1
2 1
1
7 6 1
106 6 1 6666
9 10 1 6
10 10
 ,
 
−∆ −
= = = = = =− …
∆ − − − −AB
Qd QdQd
QdQdEd
P P P
P P
Note que o coeficiente de elasticidade foi calculado para a variação que 
ocorreu do ponto A para o ponto B, onde se verificou a diminuição do preço de 
mercado (o ponto de partida foi A). Uma vez que a elasticidade possui diferentes 
resultados para cada ponto da curva de demanda, caso tivéssemos feito o cálculo 
da elasticidade do ponto B para o ponto A – revelando o aumento nos preços – o 
resultado do coeficiente seria diferente (EdBA = -1,2857...). Por isso, mais à frente, 
veremos o cálculo da elasticidade no ponto médio.
NOTA
O valor do coeficiente de elasticidade possui sinal negativo, pois, segundo a lei 
da demanda, a quantidade demandada varia inversamente ao preço. Logo, o sinal negativo 
apenas indica a inclinação da curva de demanda. Assim, convencionou-se abandonar o sinal 
para a apresentação do resultado do coeficiente de elasticidade.
Preço (R$/unidade)
A
B
D
Quantidade (unidades/mês)
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
1 2 3 4 5 6 7 8
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
72
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Para avaliarmos o grau de elasticidade de diferentes produtos, dependendo 
do valor do coeficiente de elasticidade, a demanda é classificada em três categorias 
(CARVALHO, 2015; PASSOS; NOGAMI, 2008):
1) Demanda Elástica (Ed > 1)
Assim, 
1 
∆
= >
∆
Qd
QdEd
P
P
Quando Ed > 1 (leia-se: coeficiente de elasticidade maior do que 1), uma 
mudança no preço provocará uma mudança na quantidade demandada maior do 
que a mudança observada no preço.
Por exemplo: se uma redução de 10% no preço provocar uma elevação de 
40% na quantidade demandada, o coeficiente de elasticidade-preço será:
 
 
=
Variação percentualnaQuantidade demandadaEd
Variação percentualdo Preço
40 4
10
% 
%
= =Ed Ed
Logo, sua demanda é elástica, pois Ed > do que 1. Isto significa dizer que 
a demanda do produto é muito sensível à variação do preço. A variação de 10% 
em seu preço resultou na elevação de 40% de sua demanda. Seu percentual de 
variação na quantidade foi quatro vezes maior do que seu percentual de variação 
no preço.
Sempre que Ed > 1, a demanda é classificada como elástica.
ATENCAO
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
73
2) Demanda Inelástica (Ed < 1)
Assim, 
1 
∆
= <
∆
Qd
QdEd
P
P
Quando Ed < 1 (leia-se: coeficiente de elasticidade menor do que 1), uma 
mudança no preço provocará uma mudança na quantidade demandada menor 
do que a mudança observada no preço.
Por exemplo: se uma redução de 10% no preço provocar uma elevação de 
5% na quantidade demandada, o coeficiente de elasticidade-preço será:
 
 
=
Variação percentualnaQuantidade demandadaEd
Variação percentualdo Preço
5 0 5
10
% ,
%
= =Ed Ed
Logo, sua demanda é inelástica, pois Ed < do que 1. Isto significa dizer 
que a demanda do produto é pouco sensível à variação do preço, provocando 
pouca reação nos consumidores. A variação de 10% em seu preço resultou na 
variação de 5% de sua demanda. 
Sempre que Ed < 1, a demanda é classificada como inelástica.
ATENCAO
3) Demanda com Elasticidade Unitária (Ed = 1)
Assim, 
1 
∆
= =
∆
Qd
QdEd
P
P
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
74
Quando Ed = 1 (leia-se: coeficiente de elasticidade igual a 1), uma mudança 
no preço provocará uma mudança na quantidade demandada igual à mudança 
observada no preço.
Por exemplo: se uma redução de 10% no preço provocar uma alteração de 
10% na quantidade demandada, o coeficiente de elasticidade-preço será:
 
 
=
Variação percentualnaQuantidade demandadaEd
Variação percentualdo Preço
10 1
10
% 
%
= =Ed Ed
Logo, sua demanda é unitária, pois Ed = a 1. A variação de 10% em seu 
preço resultou na variação de 10% também em sua demanda.
Sempre que Ed = 1, a demanda é classificada como unitária.
ATENCAO
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DA ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Demanda Elástica Ed > 1
Demanda Inelástica Ed < 1
Demanda com Elasticidade Unitária Ed = 1
FONTE: Os autores
O quadro acima resume os três tipos de elasticidade a partir da classificação 
do coeficiente de elasticidade-preço da demanda.
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
75
2.3 A ELASTICIDADE-PREÇO NO PONTO MÉDIO (OU NO 
ARCO)
Para que o cálculo do coeficiente de elasticidade possa ser feito tanto na 
direção do aumento dos preços quanto na direção da redução dos preços, os 
economistas desenvolveram a elasticidade média entre os dois pontos. Assim, 
teremos o mesmo coeficiente em ambos os pontos (CARVALHO, 2015; PASSOS; 
NOGAMI, 2008). Veja os dados do quadro a seguir:
QUADRO 2 - ESCALA DE DEMANDA E DE PREÇO DO BEM Y
Preço (R$/unidade) Quantidade do bem Y (unidades/mês) Ponto
P1 10 Qd1 10 A
P2 8 Qd2 30 B
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008, p. 181)
A representação gráfica da escala de quantidades demandadas do bem Y 
e seu respectivos preços é dada conforme a figura a seguir.
FIGURA 4 - ESCALA DE DEMANDA E DE PREÇO DO BEM Y
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008)
Para calcularmos o coeficiente de elasticidade quando o preço se reduz de 
R$ 10,00 para R$ 8,00 (do ponto A para o ponto B), teremos:
Preço (R$/unidade)
10 20 30 40
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
A
B
D
Quantidade (unidade/mês)
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
76
( )
30 10 20
10 10 10
8 10 2
10 10
 
∆ −
= = = =
∆ − −Qd
Qd desconsiderandoosinalnegativo
P
P
ABEd
Agora, para calcularmos o coeficiente de elasticidade quando o preço 
aumenta de R$ 8,00 para R$ 10,00 (do ponto B para o ponto A), teremos:
10 30 20
30 30 2 64
10 8 2
8 8
 ,
∆ −
= = = =
∆ −
Qd
Qd
P
P
BAEd
A diferença nos valores dos coeficientes para a mesma curva de demanda 
resulta do fato de termos um ponto inicial diferente no momento do cálculo. 
Conforme nos movemos do ponto A para o ponto B ou vice-versa, diferentes 
serão os valores para Ed.
Para contornar este problema, utilizaremos o conceito de elasticidade-arco 
(ponto médio), definida como a elasticidade média entre as duas quantidades. 
Desta forma, utilizaremos a média entre os dois preços (P1 + P2 / 2) e as duas 
quantidades (Qd1 + Qd2 / 2) para calcular o Ed.
A elasticidade-arco da demanda é dada pela seguinte fórmula:
2 1
2 1
2 1
2 1
2
2
 
 / , 
 
 /
−
+
= =
−
+
VariaçãonaQuantidade
Somadasquantidades que simplificada
Variaçãono Preço
Somados preços
Qd Qd
Qd Qd
Ed
P P
P P
Utilizando a fórmula da elasticidade arco da demanda (no ponto médio) 
para calcular a elasticidade-preço da demanda do ponto A para o ponto B e do 
ponto B para o ponto A, temos os seguintes resultados:
2 1 1 2
2 1 1 2
2 1 1 2
2 1 1 2
30 10 10 30
30 10 10 304 5 4 5
8 10 10 8
8 10 10 8
 , ,
 
− −− −
+ ++ += = = = = =
− − − −
+ ++ +
Qd Qd Qd Qd
Qd Qd Qd Qd
P P P P
P P P P
AB BAEd Ed 
Ou seja, obtemos os mesmos resultados para o coeficiente de elasticidade tanto 
para o movimento de A para B quanto de B para A. Encontramos, assim, o coeficiente 
da elasticidade-preço da demanda em um ponto intermediário entre A e B.
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
77
2.4 ELASTICIDADE PREÇO DA DEMANDA E A RECEITA TOTAL
A relação entre receita total e elasticidade ou inelasticidade da demanda 
também pode ser representada por meio de curvas de demanda. As mudanças 
de preço, receita total e elasticidade são um dos aspectos mais importantes 
para a previsão de vendas de uma empresa, pois permitem compreender o 
comportamento do consumidor com relação a cada tipo de produto, bem como 
o reflexo nas receitas da empresa devido à reação dos seus consumidores e dos 
consumidores de seus concorrentes.
As figuras a seguir mostram as curvas para produtos com demandas 
elásticas e inelásticas. Além disso, revelam a receita total com a venda dos 
produtos antes e depois dos ajustes nos preços. Observe:
FIGURA 5 - DEMANDA ELÁSTICA E RECEITA TOTAL
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008)
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
78
1) Demanda elástica e receita total
Primeiramente, analisaremos a figura que contém o gráfico com a 
demanda elástica e a receita total.
A curva de demanda de mercado deste produto é expressa em D1. O 
ponto A do gráfico mostra que ao preço de R$ 6,00 por unidade, a quantidade 
demandada é de 25 unidades por mês. Neste caso, a Receita total das empresas 
que produzem e vendem este produto é de R$150,00, obtida a partir da fórmula:
RTA = P x Q
RTA = R$ 6,00 x 25 = R$ 150,00
Em termos gráficos, a Receita total do ponto A corresponde à área do 
retângulo OFAG:
Área do retângulo OFAG = 25 x R$ 6,00 = R$ 150,00
O ponto B do gráfico representa uma diminuição do preço de venda do 
produto: de R$ 6,00 para R$ 4,00. Logo, com a diminuição do preço, a quantidade 
demandada aumenta de 25 unidades para 65 unidades. No ponto B, com os 
preços mais elevados do que no ponto A, a Receita total aumenta de R$ 150,00 
para R$ 260,00, pois:
RTB = P x Q
RTB = R$ 4,00 x 65 = R$ 260,00
FIGURA 6 - DEMANDA INELÁSTICA E RECEITA TOTAL
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008)
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
79
Em termos gráficos, a Receita Total do ponto B corresponde à área do 
retângulo OHBL (que é maior que a área do retângulo OFAG).
Ou seja, com a queda nos preços, os consumidores mostraram-se sensíveis 
e reagiram aumentando as quantidades demandadas por este produto. Assim 
como no exemplo do transporte urbano no início da unidade, a análise da Receita 
total é muito relevante para compreender o comportamento do consumidor.
Esta sensibilidade do consumidor em aumentar a demanda demonstraria 
que se trata de um produto com demanda elástica. Para tanto, podemos utilizar 
a fórmula do ponto médio para calcular o coeficiente de elasticidade e verificar 
qual a classificação da elasticidade deste produto.
2 1
2 1
2 1
2 1
65 25 40
4465 25 90 2 2
4 00 6 00 2 00 20
6 00 4 00 10 00
 ,
 , , ,
, , ,
− −
+ += = = = =
− −
++
Qd Qd
Qd Qd
P P
P P
AB
%Ed 
%
Com a fórmula do ponto médio podemos verificar que se trata de um 
produto com demanda elástica, pois o resultado 2,2 é maior do que 1 (Ed > 1). A 
variação percentual observada nas quantidades demandadas é maior do que a 
variação percentual observada no preço – revelando uma relativa sensibilidade do 
consumidor em adquirir maior quantidade de produto devido à redução nos preços. 
Uma constatação importante é que a redução dos preços provocou um 
aumento da Receita total. 
QUADRO 3 - DEMANDA ELÁSTICA E RECEITA TOTAL
Diminuição no preço Receita Total aumenta
Aumento no preço Receita Total diminui
FONTE: Os autores
O quadro mostra que, de fato, há uma regra relativa à Receita total e 
às elasticidades: de um lado, quando a demanda de um produto é elástica, a 
diminuição no preço resulta em um aumento da Receita total; de outro lado, 
quando a demanda de um produto é elástica, o aumento no preço resulta em 
uma diminuição da Receita total.
2) Demanda inelástica e receita total
Neste segundo caso, analisaremos a figura que contém o gráfico com a 
Demanda Inelástica e a Receita Total.
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
80
A curva de demanda de mercado deste produto é expressa em D2. O 
ponto A’ do gráfico mostra que ao preço de R$ 8,00 por unidade, a quantidade 
demandada é de 25 unidades por mês. Neste caso, a Receita total das empresas 
que produzem e vendem este produto é de R$ 200,00, obtida a partir da fórmula:
RTA’ = P x Q
RTA’ = R$ 8,00 x 25 = R$ 200,00
Em termos gráficos, a Receita total do ponto A’ corresponde à área do 
retângulo OPA’Q:
Área do retângulo OPA’Q = 25 x R$ 8,00 = R$ 200,00
O ponto B do gráfico representa uma diminuição do preço de venda do produto: 
de R$ 8,00 para R$ 6,00. Logo, com a diminuição do preço, a quantidade demandada 
aumenta de 25 unidades para 30 unidades. No ponto B’, com os preços mais elevados 
do que no ponto A’, a Receita total diminui de R$ 200,00 para R$ 180,00, pois:
RTB’ = P x Q
RTB’ = R$ 6,00 x 30 = R$ 180,00
Em termos gráficos, a Receita total do ponto B’ corresponde à área do 
retângulo ORB’S (que é menor que a área do retângulo OPA’Q).
Com a queda nos preços, os consumidores mostraram-se pouco sensíveis 
e reagiram com um aumento nas quantidades demandadas menos do que 
proporcionalmente à queda nos preços. Isto é, a variação no preço foi superior à 
variação nas quantidades demandadas.
Esta insensibilidade do consumidor, respondendo pouco à mudança nos 
preços, demonstraria que se trata de um produto com demanda inelástica. Para tanto, 
podemos utilizar novamente a fórmula do ponto médio para calcular o coeficiente de 
elasticidade e verificar qual a classificação da elasticidade deste produto.
2 1
2 1
2 1
2 1
30 25 5
930 25 55 0 64
6 00 8 00 2 00 14
6 00 8 00 14 00
 ,
 , , ,
, , ,
− −
+ += = = = =
− −
++
Qd Qd
Qd Qd
P P
P P
AB
%Ed 
%
Com a fórmula do ponto médio podemos verificar que se trata de um produto 
com demanda inelástica, pois o resultado 0,64 é menor do que 1 (Ed < 1). A variação 
percentual observada nas quantidades demandadas é menor do que a variação 
percentual observada no preço – revelando pouca sensibilidade do consumidor em 
adquirir maior quantidade de produto devido à redução nos preços.
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
81
QUADRO 4 - DEMANDA INELÁSTICA E RECEITA TOTAL
Diminuição no preço Receita total diminui 
Aumento no preço Receita total aumenta
FONTE: Os autoresO quadro mostra a regra entre a Receita total e os produtos com Demanda 
inelástica: de um lado, quando a demanda de um produto é inelástica, a 
diminuição no preço resulta em uma diminuição da receita total; de outro lado, 
quando a demanda de um produto é inelástica, o aumento no preço resulta em 
um aumento da receita total.
2.5 CASOS ESPECIAIS DE ELASTICIDADE
O estudo das elasticidades ainda apresenta dois casos específicos de 
elasticidade: demanda infinitamente elástica e demanda perfeitamente inelástica. 
Vejamos, rapidamente, cada um deles.
1) Curva de demanda infinitamente elástica
Este é o caso em que os consumidores estão dispostos a comprar qualquer 
quantidade do produto a um certo preço. Entretanto, estes consumidores não 
comprarão unidade do produto algum, caso os preços aumentem. Logo, uma 
pequena mudança nos preços provoca uma infinita mudança na quantidade 
demandada. Isto é, ou os consumidores compram tudo ou não compram nada.
A figura a seguir mostra a curva de demanda infinitamente (ou 
perfeitamente) elástica, representada por uma linha horizontal, paralela ao eixo 
das quantidades. O coeficiente de elasticidade é infinito ( ).
 Uma constatação importante é que a redução dos preços provocou uma 
diminuição da Receita total. 
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
82
2) Curva de demanda perfeitamente inelástica
Aqui, temos outro caso extremo de elasticidade, no qual a curva de 
demanda possui elasticidade igual a zero (Ed=0), a chamada curva de demanda 
perfeitamente inelástica. Ela é representada por uma linha reta vertical paralela 
ao eixo dos preços – conforme a figura a seguir. 
Nesta situação, a quantidade demandada nunca é alterada devido às 
variações no preço. Se os preços estão baixos, digamos, R$ 5,00, a quantidade 
demandada será de 50 unidades. E com um aumento nos preços, para R$ 10,00 ou 
R$ 15,00, a quantidade demandada continua constante. Analise a figura a seguir 
e compreenda este caso.
FIGURA 7 - CURVA DE DEMANDA INFINITAMENTE ELÁSTICA
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008, p. 190)
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
83
FIGURA 8 - CURVA DE DEMANDA PERFEITAMENTE INELÁSTICA
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008, p. 191)
3) Curva de demanda com elasticidade unitária
Há ainda casos em que a curva de demanda não é elástica e também não 
é inelástica, mas unitária. Vejamos o motivo.
O quadro a seguir mostra uma escala de demanda em que a elasticidade 
possui coeficiente sempre igual a 1. Assim, o percentual de variação do preço e o 
percentual de variação da quantidade consumida sempre são iguais. Se o preço 
aumentar em 100%, a quantidade demandada irá diminuir em 100%. Observe 
isto nos dados do quadro a seguir.
QUADRO 5 - ESCALA DE DEMANDA COM ELASTICIDADE UNITÁRIA
Preço (R$) Quantidade demandada Receita Total (R$)
60,00 10 600,00
50,00 12 600,00
40,00 15 600,00
30,00 20 600,00
20,00 30 600,00
10,00 60 600,00
FONTE: Passos e Nogami (2008, p. 191)
É possível perceber também que a Receita total permanece a mesma, pois 
a variação nos preços é sempre igual à variação nas quantidades demandadas.
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
84
FIGURA 9 - CURVA DE DEMANDA COM ELASTICIDADE UNITÁRIA
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008, p. 192)
3 ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
Após compreendermos de que se trata a elasticidade dos produtos com 
relação às variações em seus preços, passaremos a estudar a elasticidade dos 
produtos com relação às variações na renda dos consumidores.
A elasticidade-renda da demanda mede a sensibilidade da demanda às 
mudanças de renda. Um exemplo está no momento em que um determinado 
consumidor inicia em um novo emprego com salário mais alto. A demanda 
individual por produtos tende a se alterar, bem como a demanda de outros 
consumidores que também tiveram acréscimos em sua renda.
A elasticidade-renda da demanda é definida pela variação percentual na 
quantidade demandada dividida pela variação percentual na renda do consumidor – 
na condição coeteris paribus, em que os demais fatores que influenciam a demanda 
permanecem constantes.
ATENCAO
A figura a seguir traz a representação gráfica dos dados obtidos no quadro 
anterior.
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
85
Assim, temos:
 Er
 
=
Variação PercentualnaQuantidade Demandada
Variação Percentualda Renda
E utilizando a fórmula do ponto médio para o cálculo da elasticidade-
renda, temos:
2 1
2 1
2 1
2 1
% 
 %
−
+∆
= =
−∆
+
Q Q
Q QQdEr
R RR
R R
 
No caso da elasticidade-renda, o coeficiente pode ser positivo (Er > 0) ou 
negativo (Er < 0). Vejamos cada uma destas situações.
a) Bem Normal – Er > 0 (elasticidade-renda positiva)
A maior parte dos produtos disponíveis ao consumidor apresenta sinal 
positivo para o coeficiente de elasticidade-renda, indicando que o aumento da 
renda pessoal influencia positivamente o consumo por produtos.
O caso dos bens normais revela uma relação direta entre a elevação na 
renda e o aumento da demanda. Contudo, alguns bens normais são mais sensíveis 
às variações na renda do que outros. Vejamos cada caso.
I. Er > 0, porém < que 1
Aqui, temos:
0 1% ,
%
∆
= > <
∆
QdEr
R
 porém 
Quando o coeficiente é maior que zero, mas menor que 1, dizemos que a 
elasticidade-renda é baixa, e a demanda é inelástica em relação à renda.
Por exemplo, se um aumento na renda de 10% provocar um aumento na 
quantidade demandada em 5%, teremos:
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
86
5 0 5
10
% ,
%
= =Er 
A quantidade demandada do produto sofreu pouca variação com relação 
ao aumento na renda, pois a variação na quantidade demandada (5%) foi menor 
do que a variação na renda (10%).
Os exemplos de produtos que possuem baixa elasticidade-renda são 
relacionados aos bens considerados de necessidade básica aos indivíduos, tais 
como os alimentos, as roupas em geral, a educação, os vegetais frescos, e os 
produtos que causam vício. Assim, uma variação na renda das pessoas pouco 
impacta no aumento ou na diminuição das quantidades demandadas.
II. Er = 1
Aqui, temos:
% 1
%
∆
= =
∆
QdEr
R
 
Quando o coeficiente é igual a 1, dizemos que a elasticidade-renda é 
unitária.
Por exemplo, se um aumento na renda de 10% provocar um aumento na 
quantidade demandada também em 10%, teremos:
10 1
10
% 
%
= =Er 
III. Er > 1
Aqui, temos:
% 1
%
∆
= >
∆
QdEr
R
 
Quando o coeficiente é maior que 1, dizemos que a elasticidade-renda é 
alta, e a demanda é elástica em relação à renda.
Por exemplo, se um aumento na renda de 10% provocar um aumento na 
quantidade demandada em 20%, teremos:
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
87
20 2
10
% 
%
= =Er 
A quantidade demandada do produto sofreu uma alta variação com 
relação ao aumento na renda, pois a variação na quantidade demandada (20%) 
foi maior do que a variação na renda (10%).
Aqui, os exemplos de produtos com elasticidade-renda alta são 
relacionados a produtos tais como livros, Dvd, automóveis, os quais dependem 
mais do aumento da renda para terem suas demandas aumentadas. Também é o 
caso dos produtos de luxo, os quais possuem uma elasticidade-renda ainda mais 
alta, tais como joias, casacos de pele e iates.
b) Bem Inferior – Er < 0 (elasticidade-renda negativa)
Quando a elasticidade-renda observada for negativa, tem-se o caso dos 
bens inferiores. São aqueles bens que, quando ocorre uma elevação na renda, traz 
como reflexo uma redução nas quantidades consumidas. Nesta situação, temos:
% 0
%
∆
= <
∆
QdEr
R
 
Por exemplo, se um aumento na renda de 10% provocar uma diminuição 
na quantidade demandada em 5%, teremos:
5 0 5
10
% ,
%
Er −= =−
+
 
Esta é situação em que a demanda por bens reage de forma oposta ao 
incremento da renda. Alguns produtos que apresentam elasticidade-renda 
negativa são a batata e o pão. Podemos pensar que, talvez, com o aumento da 
renda, as pessoas optem por outros tipos de produtos. Ou, com a diminuição da 
renda, as pessoas passem a demandar mais estes produtos.
É tambémo caso das carnes nobres e das carnes de segunda. Imagine que 
o consumidor Jonathan recebia como salário o valor mensal de R$ 1.200,00. Com 
este nível de renda, conseguia manter certo nível de vida, sempre optando por 
carnes de segunda (pois custam menos). Agora, quando Jonathan é promovido 
e passar a receber mensalmente R$ 2.500,00 como salário, a demanda pelas 
carnes de segunda tende a diminuir. Assim, um aumento da renda fez com que a 
demanda por este produto diminuísse, por isso é considerado um bem inferior.
c) Er = 0 (elasticidade-renda nula)
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
88
Quando o coeficiente de elasticidade-renda é nulo, dizemos que a demanda 
é perfeitamente inelástica. Assim, as quantidades demandadas permanecem 
constantes, independentemente das variações na renda do consumidor.
Aqui, temos:
% 0
%
∆
= =
∆
QdEr
R
 
Por exemplo, se um aumento na renda de 10% não provocar alteração 
alguma na quantidade demandada do produto, teremos:
0 0
10
% 
%
Er = = 
Aqui encontram-se os bens com consumo saciado, ou seja, aqueles 
produtos que não sofrem alteração nas quantidades demandadas devido às 
mudanças na renda. Alguns produtos que se aproximam deste caso são o sal 
de cozinha, o arroz, o açúcar, pois, se certo consumidor passe a receber o dobro 
de salário que recebia num período anterior, a demanda por estes produtos não 
sofrerá alteração, pois seu consumo possui um limite máximo.
QUADRO 6 - CLASSIFICAÇÃO DA ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
Bem normal Er > 0
Elasticidade-renda baixa Er entre 0 e 1
Elasticidade-renda unitária Er =1
Elástico à renda Er > 1
Bem inferior Er < 0
Elasticidade-renda nula Er = 0
FONTE: Os autores
O quadro acima procura organizar a classificação da elasticidade-renda 
da demanda a partir do coeficiente de elasticidade-renda.
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
89
4 ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA
Conforme o que vimos até agora, a quantidade demandada de um produto 
pode sofrer variação devido ao preço e à renda do consumidor. Contudo, a 
quantidade demandada de certo produto pode variar devido ao preço dos bens 
relacionados a ele. Basta pensarmos: será que o preço dos pães influencia a demanda 
por margarina? O preço da banana pode pressionar a demanda por laranjas?
Assim, quando os produtos são relacionados, encontramos produtos 
substitutos e complementares, pois a mudança de preço nestes produtos afeta a 
demanda de outros produtos (PASSOS; NOGAMI, 2008).
“A elasticidade preço-cruzada da demanda mede o efeito que a mudança no 
preço de um produto provoca na quantidade demandada de outro produto, coeteris paribus” 
(PASSOS; NOGAMI, 2008, p. 202).
ATENCAO
Por meio deste conceito, quando temos, por exemplo, dois bens, X e Y, a 
elasticidade-preço cruzada da demanda será dada no ponto médio por:
 
 xy
Variação percentualnaquantidade demandadado BemXE
Variação percentualno preçodo BemY
=
2 1
2 1
2 1
2 1
 
 
 
 
 
x x
x x
xy
y y
y y
Qd Qd
Qd Qd
E
P P
P P
−
+
=
−
+
A classificação dos bens a partir da elasticidade-preço cruzada da demanda 
resulta do sinal do coeficiente. Desta forma, teremos bens substitutos (que podem 
ser trocados um pelo outro), complementares (que são comprados em conjunto) 
e independentes (que não possuem relação entre si) (PASSOS; NOGAMI, 2008). 
Vejamos com mais detalhe cada um deste casos.
a) Exy > 0
Quando Exy > 0 diz-se que os bens são substitutos.
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
90
Exemplo: quando o aumento no preço do Bem Y provoca um aumento na 
quantidade demandada do Bem X. Se o preço do Bem Y se eleve em R$ 1,00 (passe 
de R$ 2,00 para R$ 3,00), e provoca um aumento na quantidade demandada do 
Bem X de 2 unidades (passe de 4 para 2), teríamos um coeficiente de elasticidade-
preço da demanda maior do que zero:
2 1
2 1
2 1
2 1
4 2
4 2 1 66
3 2
3 2
 
 
 
,
 
 
x x
x x
xy
y y
y y
Qd Qd
Qd Qd
E
P P
P P
− −
+ += = =
− −
++
Isto representa a substituição de um produto por outro. Uma vez que 
ambos os produtos trariam satisfação parecida ao consumidor, com o aumento 
no preço de um produto, a demanda de outro produto sofre alteração. Ou seja, X 
e Y são bens substitutos.
b) Exy < 0
Quando Exy < 0 diz-se que os bens são complementares.
 
Exemplo: quando o aumento no preço do Bem Y provoca uma redução na 
quantidade demandada do Bem X. Se o preço do Bem Y se eleve em R$ 1,00 (passe 
de R$ 2,00 para R$ 3,00), e provoca uma redução na quantidade demandada do 
Bem X de 1 unidade (passe de 4 para 3), teríamos um coeficiente de elasticidade-
preço da demanda menor do que zero:
2 1
2 1
2 1
2 1
3 4
3 4 0 71
3 2
3 2
 
 
 
,
 
 
x x
x x
xy
y y
y y
Qd Qd
Qd Qd
E
P P
P P
− −
+ += = = −
− −
++
Como Exy resultou em um valor menor do que zero, indica que os bens 
X e Y são complementares, pois o aumento de preço no Bem Y resultou numa 
diminuição da demanda do Bem X.
Este seria o caso, em outro exemplo, do pão e da margarina. Se o preço 
dos pães aumentar, a quantidade demandada de pães tende a diminuir devido 
ao preço, mas a quantidade demandada de margarina também tende a diminuir, 
pois o pão e a margarina são bens complementares.
c) Exy = 0
Quando Exy = 0 diz-se que os bens são independentes.
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
91
 Exemplo: quando o aumento no preço do Bem Y não provoca alteração 
alguma na quantidade demandada do Bem X. Se o preço do Bem Y (café, por 
exemplo) se eleve de R$ 10,00 para R$ 25,00, mas a quantidade demandada do 
Bem X (automóvel) permaneça constante em 1 milhão, teríamos um coeficiente 
de elasticidade-renda igual a zero:
2 1
2 1
2 1
2 1
0
1 000 000 0
25 10
25 10
 
 
 
. .
 
 
x x
x x
xy
y y
y y
Qd Qd
Qd Qd
E
P P
P P
−
+
= = =
− −
++
Ou seja, a alteração do preço do café não traz reflexo algum na quantidade 
demandada de automóveis. Por isto, como o coeficiente resulta em valor zero, 
dizemos que o Bem X e Y são bens independentes. Logo, suas quantidades 
demandadas não dependem uma do preço da outra.
QUADRO 7 - CLASSIFICAÇÃO DA ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA
Bens substitutos Exy > 0
Bens complementares Exy < 0
Bens independentes Exy = 0
FONTE: Os autores
O quadro acima resume os três tipos de elasticidades a partir da 
classificação do coeficiente de elasticidade-preço cruzada da demanda.
5 ELASTICIDADE DA OFERTA
A compreensão do conceito de elasticidade é muito importante para o 
entendimento dos mercados, uma vez que revela os fatores que influenciam os 
movimentos de oferta e demanda por produtos. Já estudamos muito sobre a 
elasticidade da demanda, faltando-nos entender um pouco sobre a elasticidade 
da oferta.
“A elasticidade da oferta é a medida da sensibilidade da quantidade ofertada 
em resposta a mudanças de preço” (PASSOS; NOGAMI, 2008, p. 204).
ATENCAO
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
92
Assim, podemos perceber que a oferta dos produtos também é igual para 
todos os tipos de produtos e preços. Em alguns casos, a oferta reage rapidamente 
à variação dos preços dos produtos, ou seja, quando o preço aumenta, a oferta 
aumenta também. Mas, em outros casos, o aumento do preço não representa um 
aumento da oferta de produtos.
O cálculo da elasticidade da oferta é basicamente o mesmo da elasticidade 
da demanda, alterando-se apenas de quantidade demandada para quantidade 
ofertada. Isto é, variação percentual da quantidade ofertada dividida pela 
variação percentual no preço:
%
%
∆
=
∆O
QoE
P
Veja a fórmula para a elasticidade-preço da oferta no ponto médio:
2 1
2 1
2 1
2 1
 
 
 
 
 
O
Qo Qo
Qo Qo
E
P P
P P
−
+
=
−
+
Desta forma, teremos três formas de classificar a oferta com base em sua 
elasticidade-preço.
a) Eo > 1, Oferta Elástica
Quando a variação percentual na quantidade oferta for maior e na 
mesma direção que a variação percentual no preço, teremos um coeficiente de 
elasticidade-preço da oferta maior que do zero, sendo denominado elástico.
% 1
%
∆
= >
∆O
QoE
PAssim, se o preço de um produto, por exemplo, aumentar em 10% e as 
quantidades ofertadas aumentarem em 20%, teremos coeficiente de elasticidade-
preço da oferta igual a 2, resultando em uma oferta elástica.
b) Eo < 1, Oferta Inelástica
Quando a variação percentual na quantidade oferta for menor e na 
mesma direção que a variação percentual no preço, teremos um coeficiente de 
elasticidade-preço da oferta menor do que zero, sendo denominado inelástico. 
TÓPICO 1 | ELASTICIDADES
93
% 1
%
∆
= <
∆O
QoE
P
Assim, se o preço de um produto, por exemplo, aumentar em 10%, 
mas as quantidades ofertadas aumentarem apenas 5%, teremos coeficiente de 
elasticidade-preço da oferta igual a 0,5, resultando em uma oferta inelástica.
c) Eo = 1, Oferta Unitária
Quando a variação percentual na quantidade oferta for igual e na 
mesma direção que a variação percentual no preço, teremos um coeficiente de 
elasticidade-preço da oferta igual a zero, sendo denominado unitário.
% 1
%
∆
= =
∆O
QoE
P
Assim, se o preço de um produto, por exemplo, aumentar em 10% e as 
quantidades ofertadas também aumentarem em 10%, teremos coeficiente de 
elasticidade-preço da oferta igual a 1, resultando em uma oferta unitária.
QUADRO 8 - CLASSIFICAÇÃO DA ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
Oferta Elástica Eo > 1
Oferta Inelástica Eo < 1
Oferta Unitária Eo = 0
FONTE: Os autores
O quadro acima resume os três tipos de elasticidade a partir da classificação 
do coeficiente de elasticidade-preço da oferta.
94
RESUMO DO TÓPICO 1
Caro acadêmico, neste tópico você viu que:
• O conceito de elasticidade mostra que diferentes produtos terão diferentes 
sensibilidades na variação de sua quantidade demandada em função das 
mudanças de preços.
• O grau de elasticidade-preço da demanda é medido pelo coeficiente de 
elasticidade-preço.
• Quando o coeficiente de elasticidade-preço resultar em um valor maior do que 
1 (Ed > 1) a demanda será classificada como elástica.
• Quando o coeficiente de elasticidade-preço resultar em um valor menor do que 
1 (Ed < 1) a demanda será classificada como inelástica.
• Quando o coeficiente de elasticidade-preço resultar em um valor igual a 1 (Ed 
= 1) a demanda será classificada como unitária.
• A elasticidade-preço da demanda é mais comumente calculada pelo ponto 
médio, a partir da fórmula (sendo que o resultado sempre desconsidera o sinal 
negativo):
2 1
2 1
2 1
2 1
 
 
Qd Qd
Qd Qd
Ed
P P
P P
−
+
=
−
+
• Quando a demanda de um produto é classificada como elástica, uma diminuição 
em seu preço resultará em um aumento da Receita Total.
• Quando a demanda de um produto é classificada como elástica, um aumento 
em seu preço resultará em uma diminuição da Receita Total.
• Quando a demanda de um produto é classificada como inelástica, uma 
diminuição em seu preço resultará em uma diminuição da Receita Total.
• Quando a demanda de um produto é classificada como inelástica, um aumento 
em seu preço resultará em um aumento da Receita Total.
• elasticidade-renda classifica os produtos em Bens Normais (Er > 0) e Bens 
Inferiores (Er < 0). Os Bens Normais podem possuir elasticidade baixa (Er > 0, 
porém < que 1), unitária (Er = 1), e alta (Er > 1).
95
• A elasticidade-preço cruzada da demanda classifica os produtos em Bens 
Substitutos (Exy > 0), Bens Complementares (Exy < 0), e Bens Independentes (Exy = 0).
• A elasticidade-preço da oferta resulta na classificação de produtos com Oferta 
Elástica (quando Eo > 1), Inelástica (quando Eo < 1), e Unitária (quando Eo = 1).
96
AUTOATIVIDADE
1 No quadro a seguir encontram-se informações sobre a escala de demanda do 
Bem X em dois períodos diferentes (1 e 2). Com base nestes dados responda 
às questões:
Preço (R$/unidade) Quantidade do Bem X (unidades/mês)
P1 550,00 Qd1 3.300
P2 420,00 Qd2 4.380
a) Encontre o coeficiente de elasticidade-preço no ponto médio.
b) A demanda do Bem X é elástica ou inelástica?
c) Encontre a Receita Total para ambos os períodos.
d) O que ocorre com a Receita Total quando os preços do Bem X diminuem? 
Existe vantagem para o produtor na redução de preços para este tipo de 
produto?
e) Construa o gráfico da escala de demanda e marque as áreas da Receita Total 
para ambos os períodos.
2 No quadro a seguir encontram-se informações sobre a escala de demanda do 
Bem A em dois períodos diferentes (1 e 2). Com base nestes dados responda 
às questões:
Preço (R$/unidade) Quantidade do Bem A (unidades/mês)
P1 240,00 Qd1 900
P2 160,00 Qd2 1.040
a) Encontre o coeficiente de elasticidade-preço no ponto médio.
b) A demanda do Bem X é elástica ou inelástica?
c) Encontre a Receita Total para ambos os períodos.
d) O que ocorre com a Receita Total quando os preços do Bem X diminuem? 
Existe vantagem para o produtor na redução de preços para este tipo de 
produto?
e) Construa o gráfico da escala de demanda e marque as áreas da Receita Total 
para ambos os períodos.
97
3 Imagine uma situação em que a demanda por produtos sofre uma alteração 
devido à mudança na renda de um consumidor. Assim, a demanda por 
produtos levando em conta a renda anterior (R1) é determinada pela 
quantidade consumida no período anterior (Qd1), já com a renda atual (R2) 
a demanda sofre uma alteração (Qd2). Analise os dados do quadro a seguir 
e responda às questões:
Renda (R$/mês) Quantidade do Bem Z (unidades/mês)
R1 240,00 Qd1 900
R2 160,00 Qd2 1.040
a) Qual é o coeficiente de elasticidade-renda no ponto médio?
b) De que forma podemos classificar e explicar o comportamento da demanda 
deste produto em função da variação na renda do consumidor?
4 Analise os dados a seguir relativos a uma situação em que as quantidades 
demandadas sofrem uma alteração devido à mudança na renda de um 
consumidor.
Renda (R$/mês) Quantidade do Bem G (unidades/mês)
R1 250,00 Qd1 1.200
R2 320,00 Qd2 3.000
Responda às seguintes questões:
a) Qual é o coeficiente de elasticidade-renda no ponto médio?
b) De que forma podemos classificar e explicar o comportamento da demanda 
deste produto em função da variação na renda do consumidor?
5 Analise os dados a seguir sobre a variação na renda e na quantidade 
demandada, e responda às questões.
Renda (R$/mês) Quantidade do Bem W (unidades/mês)
R1 1.530,00 Qd1 35
R2 1.230,00 Qd2 30
a) Qual é o coeficiente de elasticidade-renda no ponto médio?
b) De que forma podemos classificar e explicar o comportamento da demanda 
deste produto em função da variação na renda do consumidor?
98
6 Imagine dois produtos diferentes, cuja variação de preços de um produto 
(margarina) influencia a demanda do outro produto (pão). Se o preço da 
margarina passar de R$5,00 para R$8,00, a quantidade demandada de pão 
se altera de 40 para 25 unidades. Com base nestes dados, responda:
a) Qual é o coeficiente de elasticidade-preço cruzada da demanda no ponto 
médio?
b) Como podemos classificar a elasticidade-preço cruzada destes produtos?
7 Imagine dois produtos diferentes, cuja variação de preços de um produto 
(sorvete) influencia a demanda do outro produto (picolé). Se o preço do 
sorvete passar de R$8,50 para R$10,50, a quantidade demandada de picolé 
se altera de 15 para 28 unidades. Com base nestes dados, responda:
a) Qual é o coeficiente de elasticidade-preço cruzada da demanda no ponto 
médio?
b) Como podemos classificar a elasticidade-preço cruzada destes produtos?
99
TÓPICO 2
TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Olá, caro acadêmico! Espero que esteja aproveitando muito bem os 
estudos até neste momento do livro. O próximo tópico desta unidade concentrar-
se-á no conceito de utilidade.
A noção de utilidade procura explorar os desejos que formam a demanda 
pelos produtos e serviços disponíveis ao consumidor. Assim, compreenderemos 
que a satisfação no consumo dos produtos é cada vez menor conforme 
consumimos mais e mais produtos. Esta é um pouco da ideia sobre a utilidade 
total e a utilidade marginal. 
Mas não é apenas isto que veremos neste tópico. Por meio destes conceitos, 
entenderemosa formação da curva de demanda individual do consumidor, bem 
como o seu equilíbrio, que ocorre quando o preço efetivo de um produto é igual 
ao preço marginal de reserva.
Por fim, iremos entender quando acontece o excedente do consumidor, 
revelando produtos cujos preços estão acima da pretensão do consumidor. 
De forma mais ampla, todos estes conceitos e noções estão alinhados com 
a demanda e desejos do consumidor, os quais formam a demanda na economia e 
que estão relacionados com todo o entendimento da microeconomia.
Vamos trabalhar mais um pouco? Bons estudos!
2 UTILIDADE TOTAL E UTILIDADE MARGINAL
A demanda pelos diferentes bens e serviços à disposição dos consumidores 
está relacionada à satisfação que provocam nas pessoas. É claro: este é o motivo 
pelo qual consumimos mercadorias. Todo produto provoca algum tipo de prazer 
ou satisfação no momento em que é consumido – embora, às vezes, o consumo 
seja menos significante que noutras vezes. Assim, o prazer em consumir é 
fundamental para que certo produto ou serviço seja consumido. Isto explica 
porque não há demanda para baratas e rãs na maioria dos restaurantes brasileiros, 
pois não trazem satisfação aos consumidores.
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
100
FIGURA 10 - UTILIDADE DE UM JANTAR EM FAMÍLIA
FONTE: Disponível em: <https://pt.pngtree.com/freepng/a-dining-table-in-front-
of_811322.html>. Acesso em: 17 abr. 2018.
Observe a imagem acima, por esta perspectiva, podemos questionar: por 
que saímos de casa numa sexta-feira à noite para jantar em um restaurante? E por 
que escolhemos pizza, por exemplo? Isto se deve ao prazer que envolve consumir 
este tipo de bem e serviço. Outras pessoas talvez vão preferir jantar em sua própria 
casa, junto à família, ou, então, em uma barraquinha de cachorro-quente.
Mas será que esta satisfação em jantar fora é sempre a mesma? Se a opção para 
a sexta-feira sempre for pizza, na primeira noite será muito prazeroso, na segunda 
noite também, mas, na terceira, talvez não seja superprazeroso repetir o programa. 
O mesmo acontece com o jantar em casa, pois ao longo do tempo, a satisfação em 
realizar a mesma atividade ou comer a mesma refeição tende a ser menor.
Nossas escolhas estão relacionadas ao grau de satisfação proporcionado pelos 
produtos e serviços à disposição para consumo.
ATENCAO
A economia procura mensurar o prazer ou a satisfação percebida pelos 
consumidores a partir dos produtos e serviços: a chamada “utilidade”. Assim, 
devemos compreender que a utilidade é diferente para diferentes produtos e em 
determinado período de tempo, ou seja, a utilidade dos bens e serviços possui 
características próprias.
TÓPICO 2 | TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE
101
Vamos entender o conceito de utilidade por meio de um exemplo bastante 
simples. Para este caso, imagine que o produto em questão é um brigadeiro de 
chocolate.
Embora não saibamos nada sobre a medida exata da utilidade de um 
brigadeiro, podemos supor que será diversa para diferentes pessoas. Existem 
pessoas que não gostam de doces, e aquelas que sentem necessidade diária em 
comer algum tipo de doce; ou, ainda, aquelas que nunca comeram nenhum tipo de 
açúcar em sua infância. De que forma podemos entender a utilidade deste produto?
FIGURA 11 - UTILIDADE TOTAL EM UM PRATO COM BRIGADEIROS
FONTE: Disponível em: <http://www.imgrum.org/media/15922671688
9872123_4178495620>. Acesso em: 17 abr. 2018.
Se começarmos a dar um brigadeiro (imagem acima) por dia para uma 
pessoa que não ingeria doces até então, provavelmente o brigadeiro trará uma 
satisfação muito grande para esta pessoa, gerando uma utilidade relativamente 
alta dia após dia. Se, após a experiência de uma semana, passarmos a dar dois 
brigadeiros por dia para esta mesma pessoa, estes brigadeiros a mais serão muito 
bem recebidos, mas não da mesma forma pela qual foram recebidos os primeiros. 
O grau de satisfação já não é mais o mesmo. Caso acrescentássemos um terceiro 
brigadeiro à dieta diária desta pessoa, o entusiasmo seria ainda menor.
Por meio deste exemplo, pode-se chegar à conclusão de que se formos 
aumentando a quantidade diária de brigadeiros, chegará um momento em que 
a adição de um novo brigadeiro por dia trará um benefício tão pequeno que o 
desejo por um novo brigadeiro será quase indiferente.
O fato de receber ou não um brigadeiro adicional não trará uma grande 
satisfação e prazer, pois se o brigadeiro passa a ser consumido frequentemente, 
deixa de ser um produto escasso para ser consumido até sua saciedade, portanto, 
quanto menos escasso é um produto, menor será a utilidade proporcionada ao 
seu consumidor.
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
102
Leia com atenção o texto destacado a seguir:
IMPORTANT
E
A utilidade total derivada do consumo de brigadeiros cresce à medida que 
aumentarmos o número de brigadeiros oferecidos por dia. Mas, o valor acrescentado à 
utilidade total pelo último brigadeiro consumido é tão menor quanto maior for o total 
consumido de brigadeiros.
Ou seja, a utilidade total amplia-se conforme adicionamos mais brigadeiros 
à dieta diária. Mas, conforme a utilidade total se amplia, a utilidade que cada 
brigadeiro adicional proporciona é cada vez menor. Vamos entender melhor este 
comportamento por meio da imagem a seguir.
FIGURA 12 - VARIAÇÃO DA UTILIDADE TOTAL DE ACORDO COM O CONSUMO
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011, p. 147)
A imagem mostra no eixo horizontal a quantidade de brigadeiros 
oferecidos por dia. O eixo vertical, representado pela altura das colunas, indica 
a utilidade total do consumo de brigadeiros. Na parte mais escura de cada 
coluna, na parte superior, é mostrado quanto foi acrescentado à utilidade total 
pelo consumo do último brigadeiro. Isto é, a cada novo brigadeiro adicionado, 
adiciona-se uma certa utilidade – representada pela parte escura. 
O que se deve observar é que, à medida que se aumenta a quantidade de 
brigadeiros oferecidos por dia, ou seja, quando vamos olhando para as colunas 
mais à direita da figura, o trecho mais escuro das colunas fica cada vez menor. 
Quanto maior é a utilidade total, menor é a utilidade acrescida pelo consumo de 
um novo brigadeiro.
250
U
til
id
ad
e 
to
ta
l
Brigadeiros por dia
Utilidade anterior Utilidade acrescentada pela última unidade
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
200
150
100
50
0
Utilidade acrescentada pela
terceira unidade
Utilidade acrescentada pela
terceira unidade
TÓPICO 2 | TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE
103
Se trazermos os números do quadro a seguir, temos as seguintes 
informações.
QUADRO 9 - UTILIDADE TOTAL E UTILIDADE ACRESCIDA
Brigadeiros por dia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Utilidade acrescida 50 40 35 25 25 20 20 15 10 5
Utilidade total 50 90 125 150 175 195 215 230 240 245
FONTE: Os autores
Na primeira linha está o número de brigadeiros consumidos ao longo dos 
dias. A utilidade acrescida pelo consumo de brigadeiros é decrescente, ou seja, 
vai diminuindo ao passo que aumenta a quantidade consumida: no primeiro 
brigadeiro a utilidade é de 50; já no décimo brigadeiro, a utilidade acrescida 
é de apenas 5. A última linha do quadro se refere à utilidade total. Conforme 
se aumenta a quantidade de brigadeiros consumidos por dia, a utilidade total 
também aumenta, mas de forma menos intensa a cada brigadeiro adicional – pois 
a utilidade acrescida é cada vez menor.
Em economia, esta utilidade acrescida à utilidade total pela adição de 
novos brigadeiros a cada dia é chamada utilidade marginal. Na Figura 12 a 
utilidade marginal é representada pelas partes mais escuras. E no Quadro 9, a 
utilidade marginal está descrita na terceira linha.
A utilidade marginal se refere à utilidade que a última unidade consumida 
acrescenta à utilidade total.
Definição: “A utilidade marginal do consumo de determinada mercadoria 
é o acréscimo à utilidade total decorrente do consumo de uma unidade adicional dessa 
mercadoria” (GREMAUD et al., 2003, p. 147).ATENCAO
A partir do Quadro 9 percebe-se que a utilidade marginal do brigadeiro 
diminui à medida que seu consumo aumenta. O comportamento da utilidade 
marginal visto no caso do consumo de brigadeiros também tende a ser observado 
no consumo de outros produtos, pois se uma pessoa passa a consumir maior 
quantidade de um certo produto, o prazer obtido por uma unidade adicional 
consumida, isto é, a utilidade marginal, diminui. Desta forma, é possível entender 
a utilidade marginal e seu comportamento com relação à quantidade consumida 
por meio da seguinte lei:
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
104
Lei da utilidade marginal decrescente: à medida que aumenta o consumo 
de determinada mercadoria, a utilidade marginal dessa mercadoria diminui 
(GREMAUD et al. (2011, p. 148).
Agora, se olharmos novamente a Figura 12, podemos constatar que a 
utilidade total do consumo de um brigadeiro por dia (primeira coluna do gráfico) 
é igual à utilidade marginal do primeiro brigadeiro. No caso do consumo de dois 
brigadeiros por dia (segunda coluna), a utilidade total é igual à soma da utilidade 
marginal do consumo de um brigadeiro mais o consumo de dois brigadeiros 
diários. Conforme visualizamos a figura, notamos que esta lógica está presente 
nas demais colunas: a utilidade total do consumo de quatro brigadeiros por 
dia, por exemplo, é a soma das utilidades marginais do consumo de 1, 2, 3 e 4 
brigadeiros por dia, portanto, a relação entre a utilidade marginal e a utilidade 
total pode ser descrita pela seguinte expressão:
( ) ( )
1
 
n
i
U n UMg i
=
=∑
Na qual:
U(n) = utilidade total do consumo de n unidades.
UMg(i) = utilidade marginal da i-ésima unidade consumida.
Ou seja, a expressão matemática quer dizer que a utilidade marginal do 
consumo de n unidades é igual à soma das utilidades marginais do primeiro até 
ao n-ésimo produto.
A relação entre utilidade marginal e utilidade total também pode ser vista 
a partir da Figura 13 a seguir. O eixo horizontal indica as unidades consumidas de 
brigadeiro por dia. E no eixo vertical mede-se a utilidade marginal do consumo. 
Conforme aumentamos o consumo de determinado produto – neste caso, os 
brigadeiros – a utilidade marginal diminui. Basta notar que as colunas mais à 
direita o menores do que as mais à esquerda.
TÓPICO 2 | TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE
105
FIGURA 13 - VARIAÇÃO DA UTILIDADE MARGINAL CONFORME O CONSUMO
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
Qual será a utilidade total dos brigadeiros consumidos nos três primeiros 
dias? Segundo a expressão matemática vista anteriormente, bastaria somarmos 
as utilidades marginais das três primeiras colunas (as colunas mais escuras da 
imagem). Uma vez que as colunas da figura são retângulos, com base igual a 1, 
essa soma é igual à área das três primeiras colunas.
Neste exemplo sobre o consumo de brigadeiros e as utilidades totais e 
marginais proporcionadas, destacamos a variação por unidade de brigadeiro. 
Contudo, para ser mais preciso, poder-se-ia aumentar o consumo de brigadeiros 
por fração de brigadeiros. Assim, não passaríamos a consumir um brigadeiro 
adicional inteiro no segundo dia, mas avaliar a utilidade a cada grama a mais de 
brigadeiro que passamos a comer. Logo, as colunas das Figuras 12 e 13 ficariam 
cada vez mais estreitas. Por isso, substituem-se os gráficos de colunas por gráficos 
de linha, conforme as imagens a seguir.
FIGURA 14 - UTILIDADE TOTAL DE UM PRODUTO
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
50
U
til
id
ad
e 
m
ar
gi
na
l
Brigadeiros por dia
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
106
FIGURA 15 - UTILIDADE MARGINAL E O CONSUMO DE CHOCOLATE
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
A Figura 14 mostra o gráfico do consumo de chocolate em gramas e a utilidade 
total proporcionada. Conforme o consumo de chocolate aumenta, a utilidade total 
também aumenta. Já a Figura 15 apresenta o comportamento da utilidade marginal 
pelo consumo de cada vez mais gramas de chocolate. Como vimos, a utilidade 
marginal é decrescente conforme aumentamos o consumo de determinado produto.
Na representação anterior, por meio do gráfico de colunas, a utilidade 
total deveria ser calculada pela área correspondente aos retângulos do gráfico. 
Agora que a utilidade marginal é representada em um gráfico de linha em função 
da quantidade consumida, a utilidade total do consumo de uma quantidade 
q0 será dada pela área sob a curva de utilidade marginal até a quantidade q0, 
conforme destaque na Figura 15.
3 A CURVA DE DEMANDA INDIVIDUAL E O EQUILÍBRIO DO 
CONSUMIDOR
Uma vez que compreendemos o comportamento do consumidor por 
meio da utilidade marginal e da utilidade total, cabe definirmos o tamanho 
destas grandezas. Ou seja, como se comporta a utilidade ao longo da curva da 
demanda? A utilidade, como vimos, é decrescente. Mas naquele ponto em que a 
utilidade proporcionada por um produto é máxima, qual é o valor que estamos 
dispostos a desembolsar para adquiri-lo? Percebemos, portanto, que a utilidade 
também possui relação com o preço dos produtos. 
Em geral, as pessoas valorizam mais aquilo que lhes traz mais utilidade. 
Assim, estão dispostas a pagar um preço mais elevado em um produto que tenha 
utilidade maior. Leia com atenção o destaque a seguir.
TÓPICO 2 | TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE
107
IMPORTANT
E
A medida de utilidade do consumo de qualquer produto pode ser entendida 
como o preço máximo que um consumidor está disposto a pagar por este produto.
Por meio desta perspectiva, podemos nos perguntar: qual é o preço 
máximo que pagaríamos para o consumo das primeiras unidades de um produto? 
Lembrando que as primeiras unidades nos trazem maior grau de satisfação. E 
qual é o preço máximo que pagaríamos para adquirir a vigésima unidade deste 
produto? Na vigésima unidade já estaríamos totalmente saciados deste produto. É 
justamente desta dinâmica da utilidade que deriva a curva de demanda individual.
Para ilustrar esta situação, pensemos no caso do consumo de abacaxis. 
Assim como no caso dos brigadeiros, a utilidade marginal do consumo deste 
produto também varia conforme varia o nível de seu consumo. O consumo do 
primeiro abacaxi traz uma certa utilidade marginal. Com o consumo do segundo 
abacaxi também se adiciona uma utilidade marginal, mas menor do que aquela 
com o consumo do primeiro. O consumo do terceiro abacaxi proporciona uma 
utilidade marginal menor ainda do que o consumo da segunda peça de abacaxi e 
assim por diante. Conforme ficamos saciados deste produto, menor será a utilidade 
marginal adicionada. A cada nova unidade adicional, menor é a utilidade marginal 
proporcionada, confirmando a ideia da utilidade marginal decrescente.
Desta forma, se o consumo do segundo, terceiro e seguintes abacaxis 
resultar em uma utilidade marginal menor, os respectivos preços máximos 
também serão menores. Para entender melhor, observe a imagem a seguir.
FIGURA 16 - PREÇO MARGINAL DE RESERVA E QUANTIDADE CONSUMIDA
FONTE: Os autores
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
108
Neste exemplo, o preço máximo que um determinado consumidor está 
disposto a pagar pela primeira unidade de abacaxi é R$ 6,00. Uma vez que a 
utilidade marginal é decrescente, o preço máximo pago pela segunda unidade 
de abacaxi é de R$ 5,50. Pela terceira unidade o valor máximo pago é de R$ 4,50. 
A tendência é que o preço máximo vá diminuindo conforme unidades adicionais 
forem sendo consumidas.
Em economia, o preço máximo que o consumidor está disposto a desembolsar 
por uma unidade adicional de certo produto é chamado de preço marginal de reserva. 
O preço marginal de reserva pode ser utilizado como medida para a utilidade marginal 
porque quanto maior for a utilidade acrescentada por uma unidade adicional de um 
certo produto, maior será o preço marginal de reserva.
IMPORTANT
E
O preço marginal de reserva é uma medida da utilidademarginal. Trata-se do 
preço máximo que um consumidor está disposto a pagar por uma unidade adicional de um 
certo produto.
De volta ao exemplo do consumo de abacaxis, imaginemos que o preço 
pelo qual o abacaxi é vendido no supermercado é de R$ 4,00 (conforme a anotação 
na Figura 16, “p = R$ 4,00”). Esse valor de preço é chamado preço efetivo ou preço 
de mercado. O consumidor deste abacaxi, cujo comportamento está expresso 
na imagem, comprará a primeira unidade de abacaxi por R$ 6,00, pois o preço 
máximo que ele está disposto a pagar está acima do preço efetivo. O segundo 
abacaxi também será comprado, pois o preço máximo de R$ 5,50 também está 
acima do preço efetivo. Com o terceiro e o quarto abacaxi ocorre o mesmo, os 
preços máximos são de R$ 4,50 e R$ 4,00, respectivamente. 
Mas, uma quinta unidade de abacaxi seria comprada a um preço máximo 
de R$ 3,50 – abaixo do preço efetivo. Logo, no caso deste exemplo, um quinto 
abacaxi não será comprado, pois para este consumidor, a utilidade proporcionada 
pela quinta unidade de abacaxi é muito pequena e não “vale” mais do que R$ 3,50. 
Assim, ele comprará apenas os quatro primeiros abacaxis por R$ 4,00 cada. Isto é, 
o consumidor comprará todas as unidades que tiverem seu preço marginal de 
reserva superior ou igual ao preço efetivo.
Da mesma forma que no exemplo dos brigadeiros, a quantidade consumida 
de abacaxis poderia ser aumentada gradualmente ao longo do tempo e por meio 
de variações muito pequenas, por isso que é mais comum utilizarmos um gráfico 
de linhas para representar o preço marginal de reserva com relação à quantidade 
consumida. Veja a imagem a seguir.
TÓPICO 2 | TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE
109
FIGURA 17 - GRÁFICO DO PREÇO MARGINAL DE RESERVA E DA 
QUANTIDADE CONSUMIDA
FONTE: Os autores
Conforme demonstra o gráfico, a quantidade consumida será aquela 
em que o preço marginal de reserva é igual ao preço efetivamente praticado no 
mercado. Se o preço for p1 a quantidade consumida será q1, pois o preço marginal 
de reserva (o preço máximo que o consumidor está disposto a pagar pela última 
unidade do produto) é maior que p1 (preço de mercado) para todas as unidades 
consumidas antes de o consumidor atingir o consumo q1.
O consumidor não tende a consumir menos do que q1, pois o preço de 
mercado estará abaixo daquele que ele está disposto a pagar pelo produto. 
Tampouco consumirá além de q1, pois o preço de mercado estará acima daquele 
que ele está disposto a pagar. O que podemos notar é que a curva representada 
na Figura 17 é a curva de demanda do consumidor, na qual se relaciona o preço 
e a quantidade adquirida pelo consumidor.
Quando o preço marginal de reserva for maior do que o preço de mercado 
(> do que p1), o consumidor poderá adquirir quantidades adicionais por um preço 
menor do que o máximo que ele está disposto a pagar. Assim, um preço marginal de 
reserva maior do que o preço de mercado serve de estímulo para que o consumidor 
aumente a quantidade consumida. Por isso que todas as vezes nas quais o consumidor 
estiver comprando uma quantidade inferior a q1, sendo que o preço de mercado é p1, 
ele estará sendo estimulado a comprar uma quantidade maior – até chegar ao nível 
de q1. E, isto ocorre, pois, conforme se vê na figura, para qualquer consumo inferior a 
q1, o preço marginal de reserva sempre é maior do que o preço de mercado.
Por outro lado, quando o preço marginal de reserva for menor do que o 
preço de mercado (< do que p1), o consumidor estará pagando um valor mais alto 
do que aquele que ele estaria disposto a desembolsar. Logo, um preço marginal 
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
110
de reserva menor do que o preço de mercado serve de estímulo para uma redução 
na quantidade consumida. Olhando para a figura, vemos que para qualquer 
quantidade além de q1, o preço marginal será menor do que o preço de mercado, 
impulsionando o consumo para menos.
O que podemos concluir é que a tendência do comportamento do 
consumidor é adquirir a quantidade de produtos cujos preços de mercado e 
marginal de reserva sejam os mesmos, proporcionando um equilíbrio.
O equilíbrio do consumidor ocorre quando a quantidade consumida de certo 
produto seja com preço marginal de reserva igual ao preço efetivo de mercado (GREMAUD 
et al., 2011).
ATENCAO
Nesta situação, o consumidor não verá necessidade de aumentar seu 
consumo, pois já está comprando todas as unidades possíveis dentro daquilo que 
está disposto a pagar. E não verá necessidade em reduzir seu consumo, uma vez 
que todas as quantidades menores possuem preço de mercado menor do que está 
disposto a pagar.
4 O EXCEDENTE DO CONSUMIDOR
Uma vez que os conceitos de demanda individual, preço marginal de 
reserva e o equilíbrio do consumidor puderam ser assimilados, a respeito da 
teoria da utilidade resta-nos compreender de que se trata o chamado excedente 
do consumidor.
Se visualizarmos novamente as duas últimas imagens – sobre o exemplo 
do consumo de abacaxis –, veremos que há um destaque para o “excedente do 
consumidor”.
Quando o preço do abacaxi custa R$ 4,00, a demanda do consumidor seria 
de 4 abacaxis. Mas, pela primeira unidade de abacaxi, embora custe apenas R$ 
4,00, o consumidor estaria disposto a pagar R$ 6,00 pela unidade do produto, 
devido à satisfação proporcionada por esta primeira unidade. Já pela segunda 
unidade, R$ 5,50 seria o valor máximo a ser desembolsado. A diferença entre 
estes dois valores, o preço efetivo e o preço marginal de reserva, representa o ganho 
ou a vantagem que este consumidor tem ao consumir a primeira ou a segunda 
unidade do produto. É justamente esta diferença que chamamos de excedente do 
consumidor – conforme podemos visualizar nas duas figuras anteriores.
TÓPICO 2 | TEORIA DO CONSUMIDOR: O CONCEITO DE UTILIDADE
111
O excedente do consumidor é a diferença entre o preço marginal de reserva 
(o preço que ele está disposto a pagar) e o preço efetivo de uma mercadoria (o preço que 
ele paga para adquirir o produto).
ATENCAO
A tabela a seguir traz os dados para o excedente do consumo de cada unidade, 
bem como a soma de todos os excedentes relativos ao consumo dos abacaxis.
TABELA 2 - EXCEDENTE DO CONSUMIDOR
Abacaxi 
(1)
Preço marginal de reserva 
(2)
Preço de mercado 
(3)
Excedente 
(2) – (3)
1º 6,00 4,00 2,00
2º 5,50 4,00 1,50
3º 4,50 4,00 0,50
4º 4,00 4,00 0,00
Excedente do consumidor (total) 4,00
FONTE: Os autores
A partir da tabela percebemos que o consumo da primeira unidade 
de abacaxi proporciona um excedente de R$ 2,00; que o consumo da segunda 
unidade de abacaxi proporciona um excedente de R$ 1,50; que o consumo 
da terceira, R$ 0,50 de excedente; e da quarta unidade, nenhum excedente. O 
excedente total, relativo à soma dos excedentes individuais do consumo de cada 
abacaxi, é igual a R$ 4,00. O excedente total traduz o benefício ou a vantagem 
líquida que o consumidor obtém ao adquirir as 4 unidades de abacaxi pelo preço 
de R$ 4,00 a unidade.
Os valores excedentes calculados podem ser representados graficamente. 
Na Figura 16 sobre o “Preço marginal de reserva e quantidade consumida”, 
a parte escura do gráfico diz respeito ao excedente do consumidor para cada 
unidade consumida de abacaxi, conforme a anotação no próprio gráfico.
Já na Figura 17, sobre o “gráfico do preço marginal de reserva e da 
quantidade consumida”, o excedente do consumidor é revelado pela área 
hachurada e demarcada do gráfico. Esta área será acima da linha do preço e 
abaixo da curva da demanda.
112
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico apresentamos:
• As ideias relativas à utilidade total e utilidade marginal nos ajudam a explicar 
o comportamento do consumidor ao adquirir determinados produtos.
• A utilidade total diz respeito a toda a satisfação que envolve o consumo de um 
produto.
• A utilidade marginal se refere à satisfação que uma nova unidade de um 
produto é adicionada ao consumo.
• A Lei da Utilidade Marginal decrescente mostra que à medidaque aumenta o 
consumo de um produto, a utilidade marginal dessa mercadoria diminui.
• O preço marginal de reserva é o preço que o consumidor está disposto a pagar 
para o consumo de uma unidade de um produto. Se aquela unidade trará 
muita satisfação, o preço marginal de reserva pode ser bastante alto.
• O consumo do consumidor está equilibrado quando o preço marginal de 
reserva é igual ao preço efetivo cobrado no mercado.
• Há um excedente do consumidor quando o preço marginal de reserva é 
superior ao preço efetivo de mercado.
113
AUTOATIVIDADE
1 De que forma podemos entender a utilidade total e a utilidade marginal?
2 O que nos mostra a Lei da Utilidade Marginal decrescente?
3 Como podemos compreender o preço marginal de reserva?
4 Em que momento ocorre o “equilíbrio do consumidor”?
5 O que vem a ser o “excedente do consumidor”?
114
115
TÓPICO 3
A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Estamos nos aproximando do final da Unidade 2 do livro 
de Microeconomia. Aqui, no Tópico 3, o enfoque será sobre a teoria da escolha 
do consumidor.
De forma mais didática, neste tópico, estudaremos especificamente:
• as cestas de mercadorias;
• as curvas e mapas de indiferença;
• a taxa marginal de substituição;
• a linha e os deslocamentos de restrição orçamentária;
• o equilíbrio do consumidor.
Estes conceitos mostrarão alguns modelos de entendimento sobre as 
escolhas que os consumidores fazem no momento da aquisição de um produto 
ou serviço. 
Diferentes conjuntos de mercadorias podem estar presentes nas escolhas 
dos consumidores, bem como, alguns conjuntos podem ser mais desejáveis do 
que outros, revelando algumas das tomadas de decisões pelas compras, contudo, 
nem todos os produtos e/ou cestas de produtos podem ser adquiridos, uma vez 
que possuímos restrições de renda, ou seja, nossa renda não é infinita. Assim, 
os mapas de indiferença procuram mostrar as possibilidades de consumo dos 
consumidores, enquanto as linhas de restrição orçamentária demonstram os 
limites financeiros. 
Por meio destes entendimentos é que constatamos o equilíbrio que se 
forma no consumidor baseado em suas decisões e limites de compra.
Mas isto é só um pouco do que veremos daqui em diante. Desejamos uma 
ótima leitura e bons estudos!
116
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
2 CESTAS DE MERCADORIAS
O primeiro dos conceitos que veremos neste tópico se refere à Cesta de 
Mercadorias. Quando falamos em Cesta de Mercadorias, podemos entender que 
se trata de “um conjunto de uma ou mais mercadorias associadas às quantidades 
consumidas de cada uma dessas mercadorias” (GREMAUD et al., 2011, p. 154).
Na figura a seguir podemos visualizar um conjunto de cosméticos. 
Poderíamos supor que uma pessoa consome duas unidades de sabonete líquido, 
uma unidade de xampu, uma unidade de creme para as mãos e dois desodorantes. 
Assim, teríamos uma determinada Cesta de Mercadorias, por exemplo, Cesta A.
Contudo, conforme a satisfação proporcionada por estes produtos, a 
quantidade consumida de cada um destes produtos pode variar para mais ou para 
menos. Com a mudança nas quantidades consumidas de cada produto temos a 
formação de uma nova Cesta de Mercadorias, com quantidades diferenciadas, Cesta 
B. Desta forma, a cada nova combinação na quantidade dos produtos que compõem 
a Cesta, temos a formação de uma nova Cesta, Cesta C, D, E, e assim por diante.
FIGURA 18 - EXEMPLO DE CESTA DE MERCADORIAS
FONTE: Disponível em: <https://i0.wp.com/aprenderpalavras.com/wp-content/
uploads/2017/12/cosmeticos.jpg?fit=750%2C350&ssl=1>. Acesso em: 17 abr. 2018.
As Cestas de Mercadorias podem ser mais precisas em termos numéricos. 
Para simplificar, levaremos em conta apenas dois tipos de produtos: alimentos 
e roupas. Assim, na tabela a seguir elencamos alguns exemplos de Cestas de 
Mercadorias. Leia os dados da tabela:
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
117
TABELA 3 - DIFERENTES CESTAS DE MERCADORIAS
Cesta de Mercadorias Unidade de alimentos Unidade de roupas
I 15 20
II 10 25
III 25 20
IV 20 25
V 10 10
VI 5 20
FONTE: Os autores
A Cesta de Mercadorias I é composta por 15 unidades de alimentos 
e 20 de roupas. Já na Cesta de Mercadorias V são consumidas 10 unidades de 
alimentos e 10 unidades de roupas. Deste modo, na Tabela 3, podemos visualizar 
as diferentes combinações do consumo de roupas e alimentos devido às escolhas 
de um determinado consumidor.
Estes dados também podem ser representados por meio do gráfico de 
dispersão a seguir. Analise o gráfico:
FIGURA 19 - CESTAS DE MERCADORIAS
FONTE: Os autores
No eixo horizontal do gráfico estão dispostas as quantidades de alimentos 
consumidas, enquanto no eixo vertical constam as quantidades de roupas 
consumidas. Cada um dos pontos se refere às possíveis cestas de mercadorias 
para consumo.
118
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
3 CURVAS DE INDIFERENÇA
As escolhas dos consumidores por cada tipo de produto geram uma 
específica combinação contendo quantidades e produtos, resultando em 
diferentes cestas de mercadorias. Mas como poderíamos classificar estas opções 
de consumo segundo as preferências do consumidor?
Para tanto, partimos da premissa de que, não importando as escolhas 
preferenciais de cada consumidor, três condições devem ser verificadas:
1) Quando possuímos duas possíveis cestas de mercadorias, uma delas será 
mais preferível do que a outra. Ou então, a opção por uma ou outra cesta será 
indiferente.
2) A segunda condição presume que se um consumidor prefere uma Cesta A 
entre as Cestas A e B, e se este consumidor prefere uma Cesta B, entre as Cestas 
B e C, então este consumidor preferirá a Cesta A, entre as Cestas A, B e C. 
Portanto, revela-se a racionalidade lógica-econômica relativa às preferências 
do consumidor.
3) Uma vez que todas as mercadorias que compõem diferentes cestas são desejáveis, 
um determinado consumidor sempre optará por consumir a maior quantidade 
possível de cada uma das mercadorias. Assim, este consumidor terá preferência, 
por exemplo, em consumir a combinação de mercadorias presente na Cesta III, 
quando comparamos as Cestas I e III (da Tabela 3). Pois, embora as unidades 
de roupas sejam as mesmas (20), na Cesta III temos 25 unidades de alimentos, 
enquanto na Cesta I temos apenas 15 unidades de alimentos. A mesma situação 
ocorre quando comparamos a decisão entre as Cestas II e IV; aí a opção seria pela 
Cesta IV, pois possui 10 unidades de alimentos a mais do que na Cesta II.
Estes aspectos da escolha do consumidor podem ser representados a 
partir de um instrumento muito útil na economia: a curva de indiferença.
NOTA
“A curva de indiferença mostra as combinações de consumo que proporcionam 
ao consumidor o mesmo nível de satisfação. Ou seja, que fazem o consumidor igualmente 
feliz” (MANKIW, 2013, p. 218).
Ou seja, na curva de indiferença estão expostas todas as combinações de 
cestas de mercadorias que são indiferentes para um determinado consumidor. 
Pensemos no exemplo de uma pessoa que consuma mensalmente uma cesta de 
mercadorias composta por 50 unidades de alimentos e 10 unidades de roupas. 
Quais outras opções de cestas seriam tão desejáveis quanto esta? Quais cestas 
seriam indiferentes a esta cesta inicial?
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
119
Para visualizarmos o consumo de indiferentes cestas, aquelas com 
consumo igualmente desejáveis, podemos elaborar a seguinte tabela.
TABELA 4 - CESTAS DE MERCADORIAS INDIFERENTES ENTRE SI
Cesta de Mercadorias Unidade de alimentos Unidade de roupas
A 5 50
B 11 30
C 20 20
D 28 15
E 35 12
F 50 10
FONTE: Os autores
Em todas as situações das cestas de mercadorias da tabela temos 
combinações entre quantidade de alimentos e de roupas igualmente preferíveis por 
certo consumidor. Tanto a Cesta A quanto a Cesta F, por exemplo, proporcionam 
o mesmo grau de satisfação e, portanto, são indiferentes à escolha do consumidor.
Mas será que todas as possíveiscombinações estão descritas nesta tabela? 
Certamente, não. Muitas outras cestas com o mesmo grau de utilidade poderiam 
ser criadas. Por isto, é comum na economia representarmos a curva de indiferença 
por meio de um gráfico em linha.
A curva representada na Figura 20 revela um conjunto de cestas de 
mercadorias igualmente desejáveis para um determinado consumidor.
FIGURA 20 - EXEMPLO GRÁFICO DE UMA CURVA DE INDIFERENÇA
FONTE: Os autores
120
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
“Uma curva de indiferença nada mais é do que a representação gráfica 
de um conjunto de cestas de consumo indiferentes para o consumidor, ou seja, 
cestas que trazem a mesma satisfação” (GREMAUD et al. 2011, p. 156).
No eixo horizontal do gráfico aparecem as unidades de alimentação, 
enquanto no eixo vertical, as unidades de roupas. As Cestas A, B, C, D, E, F 
descritas na tabela anterior aparecem no gráfico e formam a curva de indiferença. 
Pela leitura do gráfico descobrimos que a Cesta G também é indiferente ao 
consumo das outras cestas. Pois, o consumidor, ao optar pelo consumo de sete 
unidades de alimentos e 40 unidades de roupas, correspondentes à Cesta G, terá 
um grau de consumo tão desejável quanto às Cestas A, B, C, D, E, F.
Todas as cestas de mercadorias que se situarem exatamente em cima da curva 
de indiferença são igualmente preferíveis para determinado consumidor.
ATENCAO
Além de o gráfico permitir a visualização das cestas de mercadorias que 
são indiferentes ou igualmente desejáveis por um consumidor, também é possível 
verificar as cestas que não pertencem à curva de indiferença. Desta forma, todas 
as cestas que se localizarem à direita e acima da curva de indiferença serão 
consideradas mais preferíveis do que aquelas que se localizam em cima da curva 
de indiferença – como é o caso da Cesta X, com 30 unidades de cada produto. Se 
notarmos a posição da Cesta X em relação à Cesta D, constataremos que a Cesta X 
possui mais unidades de alimentos e mais unidades de roupas do que a Cesta D. 
A Cesta X é, portanto, mais preferível (ou melhor) do que a Cesta D.
Uma vez que a Cesta D é indiferente a todas as outras Cestas (A, B, C, E, F, 
G) sob a curva de indiferença, e, ainda, a Cesta X é mais preferível do que a Cesta 
D, podemos dizer que a Cesta X é mais preferível que todas as outras cestas, que 
estão sob essa curva de indiferença.
IMPORTANT
E
As cestas que se localizarem à direita e acima da curva de indiferença serão mais 
preferíveis do que todas as cestas sob a curva de indiferença.
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
121
Do mesmo modo, é possível verificar cestas que não pertencem à curva de 
indiferença e que se localizem à esquerda e abaixo da curva de indiferença. Estas 
cestas serão consideradas menos preferíveis do que aquelas que se localizam em 
cima da curva de indiferença – como é o caso da Cesta Y, com 10 unidades de 
roupas e 15 de alimentos.
A Cesta Y possui menos unidades de alimentos e menos unidades de 
roupas do que a Cesta C, por exemplo. Assim, a Cesta Y é menos preferível (ou 
pior) do que a Cesta C. O consumidor irá optar por qualquer cesta acima, como 
aquelas sob a curva de indiferença.
Observe a Figura 21 a seguir para melhor compreender a situação das 
cestas que não se encontram sob a curva de indiferença. Na área mais escura 
da figura encontra-se o conjunto de cestas de mercadorias mais preferíveis (ou 
melhores) que as cestas sob a curva de indiferença. Enquanto na área branca se 
encontra o conjunto das cestas de mercadorias menos preferíveis (ou piores) que 
as cestas que estão sob a curva de indiferença.
FIGURA 21 - REPRESENTAÇÃO DA ÁREA COM CESTAS MAIS E MENOS 
DESEJÁVEIS
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
Outra representação gráfica oriunda da curva da indiferença é o chamado 
mapa de indiferença, pois, as Cestas X e Y também possuem suas próprias curvas 
de indiferença. Neste caso, duas novas curvas são adicionadas ao gráfico inicial, 
cujo resultado encontra-se na figura a seguir.
122
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
FIGURA 22 - MAPA DE INDIFERENÇA
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
IMPORTANT
E
O conjunto de todas as curvas de indiferença do consumidor é chamado de 
mapa de indiferença (GREMAUD et al., 2011, p. 157).
Logicamente que a quantidade de possíveis curvas existentes em um mapa 
de indiferença é muito grande devido às infinitas possibilidades de maior ou 
menor satisfação do consumidor. Para representar o gráfico anterior, escolhemos 
apenas duas curvas a modo de exemplo.
4 TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO
Uma taxa marginal procura medir qual a mudança total de alguma variável 
em função do aumento de uma unidade a mais de algum item. Ou seja, no caso 
na Taxa Marginal de Substituição (TMgS) refere-se à mudança na utilidade total 
quando aumentamos o consumo de um produto em uma unidade.
NOTA
“A Taxa Marginal de Substituição é a taxa a qual um consumidor está disposto a 
trocar um produto por outro produto” (MANKIW, 2013, p. 418).
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
123
Para estudar este conceito, consideremos os dados da tabela a seguir.
TABELA 5 - TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO (TMGS) DE CESTAS DE MERCADORIAS
Cesta de Mercadorias Unidade de alimentos Unidade de roupas Taxa Marginal de Substituição (TMgS)
A 1,0 12,0 -
B 2,0 6,0 6,0
C 3,0 4,0 2,0
D 4,0 3,0 1,0
E 5,0 2,4 0,6
F 6,0 2,2 0,2
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
Quando comparamos as Cestas A e B, percebemos que a Cesta B possui 
uma unidade a mais de alimentos e seis unidades a mais de roupas. Como as 
cestas são indiferentes entre si, quando um indivíduo estiver consumindo a Cesta 
A e trocar para a Cesta B, diminuindo o consumo de roupas em seis unidades, 
não fará diferença alguma, pois não trará benefício nem perda.
Seria desvantagem trocar mais que seis unidades de roupas por uma de 
alimentos. Mas seria vantagem trocar menos que seis unidades de roupas por uma 
de alimentos. Logo, a quantidade máxima de roupas que o consumidor, quando 
consumir a Cesta A, estaria disposto a abrir mão em troca de uma unidade a 
mais de alimentos seria de seis unidades. Esta quantidade máxima é chamada em 
Economia de Taxa Marginal de Substituição de roupas por alimentos.
IMPORTANT
E
A Taxa Marginal de Substituição (TMgS) revela a quantidade máxima de um 
certo produto que o consumidor está disposto a abrir em mão, em troca de uma unidade a 
mais de outro produto.
A partir da taxa marginal de substituição de roupas por alimentos, temos 
duas constatações: ela representa a quantidade máxima de roupas que o consumidor 
está disposto a substituir por uma unidade a mais de alimentos; e representa em 
quanto devemos reduzir o consumo de roupas para aumentarmos o consumo de 
alimentos em uma unidade e permanecermos sob a mesma curva de indiferença. Este 
último trecho é importante, pois procura lembrar que ao aumentarmos o consumo de 
uma unidade de alimentos e reduzirmos seis unidades de roupas, o grau de consumo 
migra para a Cesta B, mas permanece sob a mesma curva de indiferença.
124
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
NOTA
“A Taxa Marginal de Substituição de uma mercadoria I por uma mercadoria II é 
a redução na quantidade da mercadoria I necessária para repor o consumidor na mesma 
curva de indiferença quando há aumento de uma unidade no consumo da mercadoria II. 
Ela indica o máximo que o consumidor estaria disposto a ceder da mercadoria I em troca da 
mercadoria II” (GREMAUD et al., 2011, p. 160).
Observando novamente a Tabela 5, notamos que a última coluna foi 
reservada ao cálculo da TMgS de roupas por alimentos. Uma constatação 
importante a ser feita é sobre a diminuição da TMgS à medida que escolhemos 
cestas da parte inferior da tabela.
Quando passamos a escolher a Cesta B ao invés da Cesta A, trocamos seis 
unidades de roupas por uma unidade a mais de alimento. Mas, quando escolhemos 
a Cesta F ao invés da Cesta E, trocamos apenas 0,2 unidadesde roupas por uma 
unidade a mais de alimento. Por isso, os dados da TMgS partem de 6,0 e terminam 
em 0,2. Esta dinâmica faz com que a curva de indiferença seja mais inclinada (ou 
menos deitada) à esquerda, e menos inclinada (ou mais deitada) à direita.
 É compreensível a decisão de um consumidor que precise escolher entre 
as cestas da Tabela 5. Quando opta pela Cesta A, está consumindo uma grande 
quantidade de roupas e pequena de alimentos, sendo mais suscetível uma troca 
grande de roupas por uma unidade a mais de alimentos. A carência por roupas 
é pequena quando comparada com a carência por alimentos. Agora, conforme as 
escolhas sejam pelas Cestas C, D, E, F (mais para o final da Tabela 5), a quantidade 
de alimentos consumida aumenta e a quantidade de roupas diminui, fazendo 
com que o consumidor sinta menos falta de alimento e mais falta de roupas, 
resultando em trocas cada vez menores de roupas por alimentos.
Propriedades das curvas de indiferença
Agora que já estudamos a Taxa Marginal de Substituição e a curva de 
indiferença, é interessante verificarmos algumas das propriedades específicas das 
curvas de indiferença. Leia o quadro a seguir.
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
125
QUADRO 10 - AS QUATRO PRINCIPAIS PROPRIEDADES DAS CURVAS DE INDIFERENÇA
Propriedade 1: as curvas de indiferença mais elevadas são preferíveis 
às mais baixas. Os consumidores normalmente preferem ter mais de alguma 
coisa/produto a ter menos. Essa preferência por maiores quantidades se reflete 
nas curvas de indiferença.
Propriedade 2: as curvas de indiferença se inclinam para baixo. A 
inclinação de uma curva de indiferença reflete a taxa à qual o consumidor está 
disposto a substituir um bem por outro. Na maioria dos casos, o consumidor 
gosta dos dois bens. Portanto, se a quantidade de um produto for reduzida, a 
quantidade do outro produto precisará aumentar a fim de que o consumidor 
fique igualmente satisfeito. Por essa razão, a maioria das curvas de indiferença 
se inclina para baixo.
Propriedade 3: as curvas de 
indiferença não se cruzam. Para verificar 
por que isso é verdade, suponha que 
duas curvas de indiferença se cruzassem 
como na figura ao lado. Então, como 
o ponto A está na mesma curva de 
indiferença que o ponto B, os dois pontos 
deixariam o consumidor igualmente 
satisfeito. Além disso, como o ponto B está na mesma curva de indiferença 
que o ponto C, esses dois pontos também dariam ao consumidor o mesmo 
nível de satisfação. Mas essas conclusões implicam que os pontos A e C 
também deixem o consumidor igualmente satisfeito, embora o ponto C 
tenha maior quantidade de ambos os bens. Isso contradiz nossa hipótese 
de que o consumidor sempre prefere mais dos dois bens a menos. Portanto, 
as curvas de indiferença não podem se cruzar. 
Propriedade 4: as curvas de 
indiferença são convexas em relação à 
origem dos eixos. A inclinação de uma 
curva de indiferença é a taxa marginal de 
substituição – a taxa à qual o consumidor 
está disposto a trocar um produto por 
outro. A taxa marginal de substituição 
(TMgS) geralmente depende da 
quantidade de cada bem que o consumidor 
está consumindo atualmente. De modo mais específico, como as pessoas estão 
mais dispostas a trocar bens que tenham em abundância e menos dispostas a 
trocar bens que tenham em pequena quantidade, as curvas de indiferença são 
convexas em relação à origem dos eixos.
Veja este exemplo baseado na imagem ao lado: No ponto A, como o 
consumidor tem muita Pepsi e somente um pouco de pizza, está com muita 
126
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
fome, mas não tem muita sede. Para induzir o consumidor a abrir mão de 1 
pizza, é preciso dar-lhe 6 latas de Pepsi: a taxa marginal de substituição é de 
6 latas por pizza. Já no ponto B, o consumidor tem pouca Pepsi e muita pizza, 
de modo que está sedento, mas não tem muita fome. Nesse ponto, ele estaria 
disposto a abrir mão de 1 pizza para obter 1 lata de Pepsi: a taxa marginal 
de substituição é de 1 lata por pizza. Portanto, a convexidade da curva de 
indiferença reflete a maior disposição do consumidor para abrir mão do bem 
que ele já tem em grande quantidade.
FONTE: Adaptado de Mankiw (2013, p. 419-420).
5 A LINHA DE RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Há muitas possibilidades de cestas de mercadorias a serem escolhidas 
dentro de uma mesma curva de indiferença. Se cada consumidor pudesse 
escolher qual cesta consumir, escolheria aquela com maior quantidade possível de 
produtos. No entanto, há um fator limitador às escolhas infinitas do consumidor: 
os preços dos produtos e a renda de cada consumidor. 
NOTA
“A restrição orçamentária representa o limite das combinações de consumo de 
bens que o consumidor pode adquirir” (MANKIW, 2013, p. 416).
Para estudarmos a restrição orçamentária com mais detalhes, 
consideraremos que qa é a quantidade consumida de alimentos pelo consumidor 
Joaquim, e qr é a quantidade consumida de roupas; Pa, o preço de uma unidade 
alimento e, Pr, o preço de uma unidade de roupa. Logo, o gasto total do consumo 
de Joaquim será:
. .a a r rP q P q+
Uma vez que a renda de Joaquim permite um consumo limitado, a 
inequação matemática que expressa esta situação, em que R é igual a renda de 
Joaquim, é:
. .a a r rP q P q R+ ≤
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
127
Assim, suponhamos que a renda mensal de Joaquim seja R$ 500,00, o preço 
de uma unidade de alimento, R$ 5,00 e o preço de uma unidade de roupa, R$ 
10,00. Se Joaquim gastasse toda sua renda no consumo de alimentos, compraria 
100 unidades de alimentos, pois R / Pa = 500 / 5 = 100.
Mas, se Joaquim gastasse toda sua renda no consumo de roupas, compraria 
50 unidades de roupas, pois, R / Pr = 500 / 10 = 50.
A tabela a seguir revela possíveis cestas de consumo que esgotam aenda 
mensal de R$ 500,00 de Joaquim, com base nos preços mencionados para as 
roupas e para os alimentos.
TABELA 6 - CESTAS DE CONSUMO PARA O LIMITE DE RENDA
Cesta de consumo Unidades de alimentos Unidades de rpas
A 0 50
B 20 40
C 40 30
D 60 20
E 80 10
F 100 0
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011, p. 162)
Com base nestas informações, podemos representar os “pontos de 
consumo” conforme a Figura 23, que apresenta as quantidades consumidas de 
roupas e alimentos. As Cestas A, B, C, D, E, F são pontos particulares da reta 
conhecida como linha de restrição orçamentária, que representa o limite de 
consumo de Joaquim.
FIGURA 23 - LINHA DE RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
128
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Joaquim poderia comprar todas as cestas que se encontram sob a linha de 
restrição orçamentária (A, B, C, D, E, F) e poderia comprar todas as cestas que se 
encontram abaixo e à esquerda da linha de restrição orçamentária, por exemplo, a 
Cesta X. Mas, Joaquim não pode consumir a Cesta Y, que contém 80 unidades de 
alimentos e 40 unidades de roupas, pois custaria 5•80+10•40=800 reais, ou seja, 
R$ 300 além de sua renda.
Deslocamentos da linha de restrição orçamentária
A linha de restrição orçamentária não é estática, cujo deslocamento pode 
ser influenciado por meio dos fatores: o preço das mercadorias consumidas e a 
renda do consumidor. Nas páginas a seguir iremos compreender o movimento 
da linha de restrição orçamentária a partir da variação destes dois fatores.
Primeiro, suponha que apenas o preço de uma unidade de alimento 
sofra alteração, diminuindo de R$ 5,00 para R$ 4,17. Se Joaquim destinar toda 
a sua renda para a aquisição de alimentos, ele poderá comprar 120 unidades de 
alimentos, pois:
500 80
6 25,r
R
P
= =
Pois, quando Joaquim destina toda a sua renda para o consumo de 
alimentos, dada elevação nos preços, ele passa a ter possibilidade de comprar 
apenas 80 unidades de alimentos.
500 120
4 17,a
R
P
= =
Este valor indica o encontro da linha de restrição orçamentária com o eixo 
horizontal do gráfico da Figura 24 (parte a). Nesta situação, a linha de restrição 
orçamentária como eixo horizontal se deslocará para a direita do local anterior, 
conforme a parte (a) da Figura 24.
Por outro lado, uma elevação do preço de uma unidade de alimento, 
aqui, de R$ 5,00 para R$ 6,25, provocará um efeito inverso, deslocando a linha de 
restrição orçamentária com o eixo horizontal para a esquerda, conforme a parte 
(b) da Figura 24. Assim, teríamos:
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
129
FIGURA 24 – DESLOCAMENTOS DA LINHA DE RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
– ROUPAS 
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
Já os ajustes de preços apenas para o consumo de roupas revelam um 
deslocamento da linha de restrição sob o eixo vertical do gráfico. Uma redução no 
preço das roupas de R$ 10,00 para R$ 8,33 provocaria um aumento na quantidade 
possível de roupas a ser consumida com a mesma renda, passando de 50 para 60 
unidades, conforme demonstra o deslocamento para cima da linha de restrição 
orçamentária na parte (a) da Figura 25.
Uma elevação dos preços das roupas deslocaria a linha de restrição 
orçamentária para baixo, conforme a parte (b) da Figura 25. Neste caso, os preços 
aumentaram de R$ 10,00 para R$ 12,50. As quantidades consumidas podem ser 
demonstradas pelas equações:
500 50060 40
8 33 12 50
 
, ,r r
R R
P P
= = = =
Com a redução nos preços, as quantidades consumidas passam de 50 para 
60 unidades. E com o aumento nos preços, as quantidades consumidas reduzem 
de 50 para 40 unidades.
130
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Ademais, a dinâmica dos preços também influencia a quantidade de 
cestas disponíveis e acessíveis ao consumidor. Por exemplo, a redução nos preços 
das roupas tornou acessível a Cesta L de mercadorias. Mas, o aumento nos preços 
das roupas tornou inacessível a Cesta N de mercadorias.
Por fim, resta-nos compreender o deslocamento da linha de restrição 
orçamentária devido às mudanças na renda do consumidor, demonstrado na 
Figura 26 a seguir.
Numa primeira situação, vamos supor que a renda de Joaquim sofra um 
aumento de R$ 100,00, passando de R$ 500,00 para R$ 600,00, conforme a parte (a) 
da Figura 26. Assim, quando Joaquim dedica toda a sua renda para o consumo de 
roupas ou para o consumo de alimentos, a quantidade possível a ser consumida 
aumenta. Veja:
FIGURA 25 - DESLOCAMENTOS DA LINHA DE RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
– RENDA 
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
131
600 600120 60
5 00 10 00
 
, ,a r
R R
P P
= = = =
Se antes do aumento da renda era possível adquirir 100 unidades de 
alimentos, agora é possível comprar 120 unidades. Já as unidades de roupas 
possíveis a serem consumidas aumentaram de 50 para 60 unidades. Portanto, 
percebemos uma variação tanto na parte vertical, relativa às roupas, quanto 
na parte horizontal, relativa aos alimentos, deslocando a linha de restrição 
orçamentária para cima para à direita da posição original, conforme a parte (a) 
da Figura 26.
O deslocamento da linha de restrição orçamentária para baixo e para à 
esquerda ocorre com a redução da renda de Joaquim. A parte (b) da Figura 26 
representa uma redução da renda de Joaquim em R$ 100,00, passando de R$ 
500,00 para R$ 400,00.
FIGURA 26 - DESLOCAMENTOS DA LINHA DE RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 
– RENDA 
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
132
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Igualmente à dinâmica dos preços, a alteração na renda influencia a 
quantidade de cestas disponíveis e acessíveis ao consumidor. No trecho (a) 
da Figura 26, o aumento da renda de Joaquim tornou acessível a Cesta M de 
mercadorias. Mas, a diminuição da renda tornou inacessível a Cesta O de 
mercadorias, no trecho (b) da Figura 26.
6 O EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR
Após compreendermos os limites impostos pela linha de restrição 
orçamentária, bem como a utilidade proporcionada por diferentes curvas de 
indiferença, cabe-nos analisar as escolhas dos consumidores perante diversas 
cestas de mercadorias.
A Figura 27 a seguir revela a sobreposição entre a linha de restrição 
orçamentária e o mapa de indiferença da consumidora Júlia.
FIGURA 27 - LINHA DE RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA NO MAPA DE INDIFERENÇA
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
Qual das diferentes cestas de mercadorias que compõem o Mapa de 
indiferença seria escolhida como a mais preferida?
Entre as quatro curvas de indiferença do gráfico, a preferida de Júlia 
é a curva de indiferença I3, com a opção, por exemplo, em consumir a Cesta 
C de mercadorias. Contudo, a restrição orçamentária de Júlia não permite o 
consumo dos itens que compõem a Cesta C ou qualquer cesta que esteja sob a 
curva de indiferença I3. As cestas de mercadorias possíveis, dentro da restrição 
orçamentária de Júlia, encontram-se na área cinza do gráfico ou sob a linha de 
restrição orçamentária.
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
133
Já as curvas de indiferença I0 e I1 possuem cestas de mercadorias aptas a 
serem consumidas por Júlia, pois, encontram-se dentro dos limites da linha de 
restrição orçamentária. Assim, as Cestas A e B, por exemplo, que compõem as 
curvas de indiferença I0 e I1 poderiam ser consumidas por Júlia. Contudo, a opção 
dos consumidores sempre será por aquela Cesta mais alta possível – com maior 
quantidade de produtos – e dentro dos limites da linha de restrição orçamentária.
Assim, a curva de indiferença mais elevada que possui alguma Cesta de 
mercadorias dentro dos limites da restrição orçamentária de Júlia é a curva I2. 
Esta curva de indiferença não ultrapassa os limites da restrição orçamentária e 
possui a Cesta E, que toca a linha de restrição orçamentária. Por isso, é a curva 
preferida por Júlia dentre todas as outras que ela pode adquirir, levando em conta 
a restrição orçamentária.
A escolha de Júlia pela Cesta E de mercadorias caracteriza o equilíbrio do 
consumidor.
ATENCAO
O equilíbrio do consumidor exatamente na Cesta E se refere ao fato de 
Júlia ter escolhido a melhor opção que poderia comprar, com maior quantidade 
de ambos os produtos, não havendo nenhum motivo para refazer sua decisão.
Assim, podemos concluir que o ponto de equilíbrio entre as cestas de 
mercadorias ocorre na tangência entre a linha de restrição orçamentária e a curva 
de indiferença mais elevada que toca essa linha (GREMAUD et al., 2011).
IMPORTANT
E
A coincidência entre a cesta de mercadorias considerada mais vantajosa e a 
linha de restrição orçamentária dá origem ao equilíbrio do consumidor.
Mas será que este equilíbrio é sempre o mesmo? Ou ainda: quando é que o 
equilíbrio do consumidor é movido de lugar? Haverá uma mudança no equilíbrio 
do consumidor sempre que houver alteração na renda do consumidor. Observe 
a figura a seguir.
134
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
FIGURA 28 - ALTERAÇÃO NO EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR
FONTE: Adaptado de Gremaud et al. (2011)
Nesta situação o ponto de equilíbrio foi alterado de Eo para E1 devido a 
um aumento na renda do consumidor – que pode ser observado no deslocamento 
para à direita da linha de restrição orçamentária. A quantidade de unidades de 
roupas consumidas passa de 1rq . para 
1
rq ; a quantidade de unidades de alimentos 
consumidos passa de 1aq para 
1
aq . Ou seja, o consumo torna-se maior para ambos 
os produtos.
0
rq
0
aq
TÓPICO 3 | A TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR
135
LEITURA COMPLEMENTAR
A política de proibição das drogas aumenta ou diminui os crimes relacionados 
a elas?
Um problema persistente enfrentado por nossa sociedade é o uso de drogas 
ilegais, como a heroína, a cocaína, o ecstasy e o crack. O uso de drogas tem diversos 
efeitos negativos. Um deles é o fato de que a dependência de drogas pode arruinar 
a vida dos usuários e de suas famílias. Outro é que os viciados em drogas muitas 
vezes recorrem ao roubo e a outros crimes violentos para obter o dinheiro de 
que ecisam para sustentar seu vício. Para desencorajar o uso de drogas ilegais, o 
governo norte-americano[e, também, o brasileiro] gasta bilhões de dólares por ano 
para reduzir o fluxo de drogas que entram no país. Vamos usar as ferramentas da 
oferta e da demanda para examinar essa política de combate às drogas.
Suponhamos que o governo aumente o número de agentes federais 
dedicados ao combate às drogas. O que acontece com o mercado de drogas 
ilegais? Como de hábito, responderemos a essa pergunta em três etapas. Em 
primeiro lugar, vamos verificar se as curvas de oferta e demanda se deslocam. 
Em segundo, vamos verificar a direção do deslocamento. E, em terceiro, vamos 
ver como o deslocamento afeta o preço e a quantidade de equilíbrio.
Muito embora o objetivo de uma política de proibição das drogas seja 
reduzir seu uso, o impacto direto dessa política recai mais sobre os vendedores 
que sobre os compradores. Quando o governo impede que algumas drogas 
entrem no país e prende mais traficantes, aumenta o custo de venda das drogas 
e, portanto, reduz a quantidade ofertada a qualquer preço dado. A demanda por 
drogas – a quantidade que os compradores desejam a qualquer preço dado – 
não muda. Como mostra o painel (a) da figura 1 a seguir, a proibição desloca 
a curva de oferta para a esquerda, de O1 para O2, e deixa a curva de demanda 
inalterada. O preço de equilíbrio das drogas aumenta de P1 para P2 e a quantidade 
de equilíbrio cai de Q1 para Q2. A diminuição na quantidade de equilíbrio mostra 
que a proibição das drogas reduz seu uso. 
Mas o que acontece com a quantidade de crimes relacionados às drogas? 
Para responder a essa pergunta, considere a quantia total que os usuários de 
drogas pagam pelas drogas que compram. Como são poucos os viciados em 
drogas que abandonarão seus hábitos destrutivos por causa de um aumento nos 
preços, é provável que a demanda por drogas seja inelástica, como indica a figura. 
Se a demanda é inelástica, então um aumento nos preços aumenta a receita total 
do mercado de drogas. Ou seja, como a proibição das drogas aumenta o preço 
destas proporcionalmente mais do que reduz seu uso, ela eleva a quantidade total 
de dinheiro que os usuários pagam pelas drogas que compram. Os viciados que 
já́ tinham de roubar para sustentar seus hábitos terão uma necessidade ainda 
maior de dinheiro rápido. Assim, a proibição das drogas pode aumentar o nível 
de crimes ligados a elas. 
136
UNIDADE 2 | ELASTICIDADES E O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Por causa desse efeito adverso da proibição das drogas, alguns analistas 
sugerem abordagens alternativas para o problema das drogas. Em vez de 
procurarem reduzir a oferta, os formuladores de políticas deveriam tentar reduzir 
a demanda por meio de uma política educacional. Uma bem-sucedida política 
educacional quanto às drogas tem o efeito representado no painel (b) da figura 
1. A curva de demanda desloca-se para a esquerda de D1 para D2. Com isso, a 
quantidade de equilíbrio cai de Q1 para Q2 e o preço de equilíbrio cai de P1 para P2. 
A receita total, que é o preço multiplicado pela quantidade, também cai. Assim, 
ao contrário de uma política de proibição das drogas, uma política educacional 
contra elas pode reduzir tanto seu uso quanto os crimes relacionados a elas.
Figura 1 Políticas para reduzir o uso de drogas ilegais
FONTE: MANKIW, N. Gregory Princípios de microeconomia. Tradução: Allan Vidigal Hastings, 
Elisete Paes e Lima. Revisão técnica: Manuel José Nunes Pinto. São Paulo: Cengage Learning, 
2013. p. 102-103.
137
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:
• As cestas de mercadorias são compostas por diferentes produtos que um 
consumidor adquire dentro um certo tempo.
• Haverá diferentes combinações de quantidades de produtos que compõem 
uma cesta de mercadorias.
• Uma curva de indiferença mostra as combinações de consumo que 
proporcionam ao consumidor o mesmo nível de satisfação.
• Cestas de mercadorias que se localizarem à direita e acima da curva de 
indiferença serão mais preferíveis do que todas as cestas sob a curva de 
indiferença e mais preferíveis do que aquelas que estiveram à esquerda e 
abaixo da curva de indiferença.
• Um mapa de indiferença reúne todas as curvas de indiferença de um 
consumidor.
• A taxa marginal de substituição é a quantidade de produtos que um consumidor 
está disposto a trocar para poder consumir uma unidade a mais de um outro 
produto.
• A linha de restrição orçamentária representa o limite das combinações de 
consumo de bens que o consumidor pode adquirir com base em sua renda.
• Conforme o preço dos produtos varia, a linha de restrição orçamentária sofre 
um deslocamento.
• O equilíbrio do consumidor ocorrerá no momento em que uma curva de 
indiferença coincidir com a linha de restrição orçamentária de um consumidor.
138
1 O que podemos entender por cesta de mercadorias?
 
2 O que são as curvas de indiferença?
3 O que contém um mapa de indiferença?
4 Como podemos entender a taxa marginal de substituição das cestas de 
mercadorias?
5 Qual é a importância da linha de restrição orçamentária para compreendermos 
o comportamento do consumidor?
6 Explique por que o consumidor atinge o equilíbrio no ponto de tangência 
entre a linha de restrição orçamentária e a curva de indiferença.
AUTOATIVIDADE
139
UNIDADE 3
TEORIA DA FIRMA E MERCADOS 
COMPETITIVOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• compreender os princípios microeconômicos;
• ter o entendimento das contribuições da microeconomia;
• entender a demanda e oferta de mercado;
• identificar quando um mercado se encontra em equilíbrio.
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo o que ao final de cada um 
deles, você encontrará atividades que o auxiliarão na apropriação dos conhe-
cimentos.
TÓPICO 1 – TEORIA DA PRODUÇÃO
TÓPICO 2 – TEORIA DOS CUSTOS
TÓPICO 3 – MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS 
COMPETITIVOS
140
141
TÓPICO 1
TEORIA DA PRODUÇÃO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1 deste livro, você estudou os princípios da Microeconomia, 
em que foi possível observar que a Teoria Microeconômica permite analisar os 
fundamentos econômicos a partir dos agentes individuais, ou seja, do produtor 
e do consumidor. 
Agora, nesta unidade vamos estudar a Teoria da Firma, e por isso, nosso 
foco será a eficiência do produtor. Assim, o estudo da Teoria da Firma vai se 
dividir em Teoria da Produção e a Teoria dos Custos e Rendimentos. 
Na Teoria da Produção vamos estudar alguns conceitos-chave, que vão 
ajudar você a compreender: como se dá a eficiência produtiva, quais as variáveis 
que influenciam na produtividade da empresa, qual é o nível ideal de produção, 
como as empresas transformam insumos em produtos atrativos? Como as 
empresas gerenciam as atividades de produção? Como uma firma toma estas 
decisões com base na minimização de custos e como eles variam com o volume 
produzido? 
Na Teoria dos Custos e dos Rendimentos estudaremos os tipos e a forma 
de cálculo destes custos. Verificaremos que alguns fatores da Teoria da Produção 
implicam a definição de custos da empresa. Além disso, estudaremos outras 
questões sobre os rendimentos que ajudarão na tomada de decisão para melhor 
operacionalizar o negócio. 
Vamos estudar ainda os mercados competitivos, como eles operam e 
reagem às modificações das políticas econômicas. 
Então, vamos lá!
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
142
2 TEORIA DA PRODUÇÃO
O estudo da Teoria da Produção inicia-se com o estudo da firma, pois, 
geralmente, quando nos referimos à produção, a primeira imagem que lembramos 
é a de uma fábrica, cheia de equipamentos e pessoas trabalhando. 
Mas o que é uma firma de negócios?
“A firma de negócios é uma organização especializada em produção de 
propriedade de pessoas particulares e operada por elas” (HALL; LIEBERMANN, 
2003, p. 180).
Podemos dizer que a firma (ou empresa) é o agente responsável pela 
produção de bens e serviços que venham a atender à necessidade da sociedade. 
Entretanto, o grande objetivo da firmaque opera no setor privado é a maximização 
de lucros. Do ponto de vista econômico, o Lucro Total (LT) é a diferença entre a 
Receita Total (RT) e o Custo Total (CT):
LT = RT – CT
Para alcançar o máximo de lucro, a empresa utiliza os diversos fatores de 
produção (ou recursos produtivos) e o fator tempo na transformação de insumos 
em produtos. Você se recorda o que são os fatores de produção? 
IMPORTANT
E
Os fatores de produção são “os elementos que, combinados, permitem a 
produção dos bens. Em economia, classificam-se em: terra (terras cultiváveis, terrenos, 
florestas e minas), trabalho (mão de obra) e capital (máquinas, equipamentos, instalações e 
matérias-primas)” (MONTELLA, 2012, p. 56 – grifo nosso).
FIGURA 1 – IMAGEM REPRESENTATIVA DOS FATORES DE PRODUÇÃO
FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/CaioRSFilho/aula-7-problema-
econmico>. Acesso em: 18 abr. 2018.
Terra Trabalho Capital
TÓPICO 1 | TEORIA DA PRODUÇÃO
143
Na figura a seguir podemos observar as relações existentes entre a firma 
e aqueles com quem ela realiza seus negócios. Você observará que no centro do 
diagrama estão os diretores. A presença deste agente é muito importante em 
nosso estudo, pois, por diversas vezes, vamos nos referir à firma ou empresa 
como sendo uma tomadora de decisão. 
FIGURA 2 – A FIRMA E SUA RELAÇÃO COM OS AGENTES ECONÔMICOS 
FONTE: O autor 
Podemos observar ainda nesta figura que o lucro da firma após a dedução 
dos impostos vai para os proprietários, que inicialmente financiam a firma. As 
firmas também precisam manter relações de negócios com o Governo, que, por 
sua vez, cobra os impostos através das leis e regulamentações governamentais. 
Por outro lado, o Governo oferece serviços governamentais (estradas, pontes, 
rodovias etc.) para que as empresas possam realizar a logística de sua produção 
(HALL; LIEBERMANN, 2003).
Basicamente as firmas podem ser divididas em dois grupos limites, ou seja, 
as de uso de capital intensivo e as de uso de mão de obra (BALIAN, 2016). Assim 
encontraremos, no mercado, empresas mineradoras, montadoras de automóveis, 
fabricação de alimentos que farão grandes investimentos em capital (máquinas 
e equipamentos) e, por outro lado, teremos as empresas de tecnologia, como as 
desenvolvedoras de software, que utilizarão muito mais mão de obra e, por isso, 
seus investimentos com certeza serão maiores em qualificação profissional.
Fornecedores 
de Insumo Governo
Financimaneto
Inicial
Serviços Governamentais/
Regulamentações 
Governamentais
Receita
Lucro depois
dos impostos
Impostos
Produto
Insumos
Custo do
Insumos
Proprietários
Clientes
FIRMA
(Direção)
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
144
FIGURA 3 – FLUXOGRAMA DO PROCESSO PRODUTIVO 
FONTE: Vasconcelos (2015, p. 113)
UNI
O processo de produção pode ser com mão de obra-intensiva, ou capital-
intensivo, ou terra-intensivo (figura acima), dependendo do fator de produção utilizado em 
maior quantidade, relativamente aos demais.
A escolha do processo de produção depende de sua eficiência. A 
eficiência pode ser avaliada pelo ponto de vista tecnológico ou pelo ponto de 
vista econômico. 
Eficiência técnica (ou tecnológica): entre dois ou mais processos de 
produção, é aquele processo que permite produzir uma mesma quantidade de 
produto utilizando menor quantidade física de fatores de produção, ou seja, 
se a produção de uma mercadoria não puder ser aumentada sem que ocorra a 
diminuição na quantidade produzida da outra mercadoria. 
Eficiência econômica: entre dois ou mais processos de produção, é aquele 
processo que permite produzir uma mesma quantidade de produto, com menor 
custo de produção.
Como estudamos na Unidade 1, em economia nossa preocupação são 
os recursos escassos. Assim, temos que lembrar que os fatores produtivos são 
limitados e escassos e, por isso, devemos fazer diferentes combinações em função 
do local e situação em que esses fatores de produção se encontram (aspectos 
históricos), quando pensamos no que produzir.
Mão de obra (N)
Capital (K)
Matéria-Prima
(M)
Produto (P)
PROCESSO
PRODUTIVO
IN
SU
M
O
S
Terra (T)
TÓPICO 1 | TEORIA DA PRODUÇÃO
145
 Se pensarmos em termos locacionais, em alguns países, como a China, 
provavelmente a mão de obra deve ser mais intensa do que em países como o 
Japão, que possui limitações geográficas, porém, é intenso em tecnologia e capital. 
Em termos históricos, sabemos que na Idade Média toda a economia 
girava em torno da agricultura. Desta forma, os fatores de produção com maior 
peso eram terra e mão de obra. Após o advento da Revolução Industrial, com a 
inserção das máquinas no processo produtivo, a agricultura moderna passou a 
ser mecanizada e com isso os fatores de produção como o capital e a tecnologia 
passaram a ter pesos iguais à terra. (MONTELLA, 2012).
UNI
Produção é o processo pelo qual uma firma transforma fatores de produção 
adquiridos em produtos/serviços para a venda ao mercado. Fatores são os ingredientes 
através dos quais a empresa vai processá-los, tais como: mão de obra (N), matéria-prima (M), 
capital físico (K), área/terra (A), tecnologia (T), capital intelectual (C) etc., de modo a obter 
produtos e serviços para depois serem oferecidos no mercado (BALIAN, 2016, p. 102).
“Processo é a sequência de atividades necessárias para se transformar inputs (entradas) em 
outputs (saídas)” (BALIAN, 2016, p. 102).
O fator tempo é importante por que as questões de produção sempre 
envolvem dois períodos de tempo nas análises: curto e longo prazo. 
Curto prazo: é aquele período de tempo no qual no mínimo um fator de 
produção é fixo (WALL, 2015). 
 
Longo prazo: é aquele período de tempo no qual todos os fatores de 
produção podem sofrer variações (WALL, 2015). 
De acordo com Miltons (2016, p. 94), as decisões da firma sobre a produção 
envolvem, basicamente, três aspectos: 
a) Tecnologia disponível: para produzir certa quantidade de bens, a empresa 
precisa combinar diferentes quantidades e tipos de insumos. Tal combinação 
está intimamente ligada à tecnologia, pois empresas com menor automatização, 
por exemplo, necessitarão de mais mão de obra para produzir que outras do 
mesmo setor, que disponham de mais equipamentos, por exemplo.
b) Custos de produção: com o objetivo de maximizar seus lucros, as empresas 
procuram minimizar seus custos. 
c) Insumos: dada a tecnologia e definido o preço dos insumos, a quantidade a ser 
usada de cada insumo passa a ser fundamental.
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
146
É importante ressaltar que independentemente do tipo de atividade 
econômica das empresas e de suas particularidades, a Teoria da Firma parte 
sempre do pressuposto de que o produtor tem por objetivo produzir o máximo 
possível, com o melhor nível de eficiência e com o menor custo e, com isso, 
conseguir o maior lucro.
2.1 FUNÇÃO DA PRODUÇÃO 
Em microeconomia, um dos conceitos mais importantes é a função da 
produção que expressa a relação entre as entradas (inputs) e as saídas (outputs) 
de insumos de uma empresa. Ou seja, descreve, de forma gráfica ou matemática, 
a relação entre a quantidade de fatores de produção e a quantidade máxima de 
produto final a ser obtida dada certa tecnologia. 
Para que você compreenda melhor, suponhamos que para produzir a 
empresa utilize apenas dois insumos: trabalho (L) e capital (K). Desta forma, a 
função da produção pode ser expressa matematicamente como:
q = F(K,L)
onde:
L = a quantidade utilizada de mão de obra;
K = a quantidade utilizada de capital.
Analisando a expressão acima, podemos observar que ela nos dá 
informação de qual a quantidade de produto (q é uma função da quantidade) 
que utilizaremos dos insumos: capital e trabalho. Ela também demonstra qual 
é a quantidade máxima do produto q que pode ser produzido a partir de uma 
combinação dos insumos K e L. 
Para cada produto ou serviço existente na economia há, teoricamente, uma 
função de produção diferente. Assim, elas são incontáveise, muitas vezes, não são escritas 
ou utilizadas, de fato, mas representam de forma relevante a descrição da capacidade 
produtiva de uma empresa.
ATENCAO
É importante que você não confunda função de produção com a função 
da oferta. A função da oferta relaciona a quantidade produzida com os preços 
dos fatores de produção, a função de produção relaciona fatores de produção à 
quantidade física do bem produzido (MILTONS, 2016). 
TÓPICO 1 | TEORIA DA PRODUÇÃO
147
2.2 ANÁLISE DE PRODUÇÃO A CURTO PRAZO
Como vimos anteriormente, a questão dos prazos é muito importante 
nas análises microeconômicas. Assim, agora vamos estudar o comportamento da 
firma, em situação de curto prazo. Lembrando que quando nos referimos a curto 
prazo, estamos realizando menção a um período no qual existe pelos menos um 
dos fatores fixos de produção.
2.2.1 Teoria da produção com um fator fixo 
Vimos anteriormente que os fatores de produção são três (capital, terra 
e trabalho). Entretanto, vamos considerar inicialmente nas nossas análises e 
exemplificações apenas dois fatores: O trabalho (N) como fator de produção 
variável e o capital (k), incluindo a capacidade instalada, como fator fixo.
Fatores de produção fixos – “são aqueles que permanecem inalterados 
quando a produção varia, por exemplo, o capital físico e as instalações da 
empresa” (BALIAN, 2016, p. 102).
Fatores de produção variáveis – são os que se alteram conforme a 
quantidade de produção varia, por exemplo, matérias-primas e mão de obra 
desqualificada (BALIAN, 2016, p. 102).
Na análise de curto prazo, com o capital fixo, a função de produção pode 
ser descrita como: 
q = f(N).
onde:
q = quantidade;
N = mão de obra (fator variável);
K = capital (fator fixo).
Dessa forma, a variação da quantidade produzida dependerá da variação 
da quantidade utilizada do fator variável, a mão de obra.
2.2.2 CONCEITO DE PRODUTO TOTAL, PRODUTO 
MARGINAL E PRODUTO MÉDIO
Antes de encontrarmos a quantidade ótima de produção da firma, observe 
a definição de Produto Total (PT), Produto Marginal (PMg) e Produto Médio 
(PMe), conforme Montella (2012): 
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
148
Produto Total (PT) é todo o volume produzido em determinado período 
de tempo. Matematicamente podemos representar a produção total como
PT = q
Produto Marginal (PMg) é a variação no Produto Total, mais o acréscimo 
de uma unidade no fator de produção variável.
• Se o fator de produção variável for mão de obra, teremos:
 PMg = ∆PT/∆N
• Caso o fator de produção variável seja o capital, teremos: 
 PMg = ∆PT/∆K
O Produto Médio (PMe) é a relação entre a quantidade produzida e a 
quantidade de insumos necessária a essa produção (mão de obra ou capital). 
Assim, podemos representar o produto médio da mão de obra: PMe = PT/N 
e a produtividade média do capital como: PMe = PT/K. 
Vejamos a seguir um exemplo prático da aplicabilidade dos conceitos 
estudados na Tabela 1.
TABELA 1 – PRODUTO TOTAL, MÉDIO E MARGINAL
K N PT PMe=PT/N Pmg=∆PT/∆N
10 0 0 - -
10 1 3 3 3
10 2 8 4 5
10 3 12 4 4
10 4 15 3,75 3
10 5 17 3,4 2
10 6 17 2,8 0
10 7 16 2,3 -1
10 8 13 1,6 -3
FONTE: Vasconcelos (2015)
Observe na tabela acima que o capital, neste exemplo, se mantém fixo, 
ou seja, em 10 unidades, o que indica que estamos trabalhando num período de 
curto prazo. Você pode observar que as variações que ocorreram são somente em 
relação à mão de obra.
Agora, colocando esses dados na curva, obteremos os seguintes gráficos 
apresentados na figura a seguir:
TÓPICO 1 | TEORIA DA PRODUÇÃO
149
FIGURA 4 – CURVAS DE PRODUTO TOTAL 
FONTE: Vasconcelos (2015, p. 120)
FIGURA 5 – CURVAS DE PRODUTIVIDADE MARGINAL MÉDIA E PRODUTO 
MARGINAL 
FONTE: Vasconcelos (2015, p. 120) 
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
150
2.3 ANÁLISE DA PRODUÇÃO A LONGO PRAZO 
A análise da produção a longo prazo considera que todos os fatores de 
produção (mão de obra, capital, instalações, matérias-primas) variam, pois, a longo 
prazo, você verá no decorrer de seus estudos que não existem fatores fixos de 
produção. Vamos considerar, como exemplo, que existam apenas dois fatores de 
produção, a mão de obra (N) e o capital (K). Neste caso, a função produção seria 
q = f(N, K)
Fique atento, neste exemplo, ambos os fatores de produção são variáveis. Assim, 
podemos representar essa função de produção por uma curva chamada isoquanta.
 
Você sabe o que significa uma isoquanta?
A curva isoquanta significa igual quantidade e pode ser definida como 
sendo uma linha na qual todos os pontos representam infinitas combinações de 
fatores, que indicam a mesma quantidade produzida (VASCONCELOS, 2015).
Vamos a um exemplo prático, imagine que você tenha na empresa vários 
processos produtivos igualmente eficientes, determinado por um dos fatores de 
produção (ex.: tecnologia) e, com isso, seja possível produzir a mesma qualidade 
do bem ou serviço final utilizando qualquer um dos processos que você escolher. 
Assim, a isoquanta representa em forma de curva as várias combinações 
entre dois fatores de produção variáveis e, ao final, proporciona para a empresa 
o mesmo volume de produção. Assim, a isoquanta traz para a empresa uma 
informação muito importante, pois demonstra para o gestor da produção as 
possíveis combinações com diferentes quantidades de fatores, cujo volume 
produzido não se modifica (BALIAN, 2016).
Observe na figura a seguir um exemplo de curva de produção isoquanta. 
FIGURA 6 – EXEMPLO DE UMA CURVA ISOQUANTA DE PRODUÇÃO
FONTE: Adaptado de Vasconcelos (2015, p. 121)
TÓPICO 1 | TEORIA DA PRODUÇÃO
151
Observe na figura acima que 1.000 unidades do produto podem ser 
obtidas por várias combinações de insumos, por exemplo, utilizando 2 de K com 
15 de N, ou ainda 4 de K com 80 de N. 
De acordo com Vasconcelos (2015), a curva isoquanta pode apresentar 
duas características básicas: 
A curva isoquanta apresenta uma inclinação negativa, pois, para 
uma mesma quantidade produzida, se aumentar a quantidade de um fator de 
produção, a quantidade do outro fator tem que ser reduzida, daí a declividade 
negativa da isoquanta. Essa declividade da curva de isoquanta recebe o nome 
de Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST), que representa a taxa de 
intercâmbio de um fator pelo outro, que mantém o mesmo nível de produção. 
A curva de isoquanta também pode ser convexa em relação à origem, 
e isso ocorre quando a quantidade de N aumenta em relação à quantidade de 
K, teremos trabalhadores menos produtivos (menor PMgN) e máquinas mais 
produtivas (maior PMgK).
Em alguns casos, também teremos um conjunto de isoquantas, cada qual 
mostrando um nível de produção, representando uma família de isoquantas ou 
um mapa de produção. Ou seja, cada uma das isoquantas corresponde a um nível 
de produção e a empresa será indiferente a qualquer um dos pontos, uma vez que 
manterá o mesmo volume de produção. Você pode observar como se comporta 
esse conjunto graficamente, na figura a seguir:
FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UM CONJUNTO DE ISOQUANTAS
FONTE: Vasconcelos (2015, p. 122)
Vejamos o exemplo a seguir, onde utilizaremos a combinação de dois 
insumos variáveis para três níveis de produção.
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
152
QUADRO 1 - COMBINAÇÃO DE DOIS INSUMOS VARIÁVEIS PARA TRÊS NÍVEIS DE PRODUÇÃO
YA = 1.500 toneladas de aço YB = 2.000 toneladas de aço Yc = 2.500 toneladas de aço 
Trabalho Capital Trabalho Capital Trabalho Capital
2.000 7.100 - - - -
3.000 5.800 3.000 10.700 5.000 12.500
7.000 2.500 7.000 5.000 7.000 8.900
10.000 1.300 10.000 3.500 10.000 6.500
14.000 800 14.000 2.500 14.000 4.900
FONTE: Souza (2013, p. 79)
Observe a tabela acima, em cada uma das isoquantas dos níveis de 
produção apresentadas no exemplo (YA, YB e YC), a empresa será indiferente a 
qualquer um dos pontos, por manter o mesmo volume de produção. A escolha de 
um dos pontos vai depender única e exclusivamente do custo dos fatores. 
Vejamos, por exemplo, se a mãode obra for mais barata, a empresa fará 
a escolha de uma combinação que utilize mais mão de obra e menos capital. 
De acordo com o quadro acima, para produzir 1.550 t de aço (isoquanta YA), a 
empresa poderá usar o mínimo de trabalho (2.000), com o máximo de capital 
(7.100) ou, ainda, o máximo de trabalho (14.000) com o mínimo de capital (800). 
Se aumentar o emprego simultâneo de dois fatores, a empresa passa para uma 
isoquanta mais alta com YB e YC (SOUZA, 2013).
Cabe reforçar que países com escassez de mão de obra e salários altos usam 
combinações produtivas que envolvem mais capital e menos trabalho (técnicas 
com capital intensivo) e o mesmo ocorre em países com mão de obra abundante 
(técnica com trabalho intensivo), a tendência é empregar uma quantidade maior 
de mão de obra (SOUZA, 2013). 
UNI
A indústria petroquímica e a automobilística são atividades que envolvem 
capital intensivo, enquanto que a indústria de confecções de calçados é uma atividade que 
envolve trabalho intensivo (figura a seguir). 
TÓPICO 1 | TEORIA DA PRODUÇÃO
153
FIGURA 8 - GANHOS EM ESCALA DE PRODUÇÃO
FONTE (1): Disponível em: <http://www.motorcar.com.br/cotidiano/industria-automobilistica-
cresce-em-julho/>. Acesso em: 20 abr. 2018.
FONTE (2): Disponível em: <http://www.exportnews.com.br/2015/01/industria-de-calcados-espera-
crescimento-das-exportacoes-em-2015-url-versao-para-impressao-13012015-15h58-sao-paulo-
daniel-mello-reporter-da-agencia-brasil-edicao-stenio-ribeiro-a-ass/>. Acesso em: 20 abr. 2018.
2.4 ECONOMIAS DE ESCALA 
A longo prazo, interessa analisar as vantagens e desvantagens de a 
empresa aumentar sua dimensão, seu tamanho, o que implica demandar mais 
fatores de produção. Isso introduz o conceito de rendimentos ou economias de 
escala. O que acontece com a produção quando variamos igualmente todos os 
insumos? (Portanto, não alteramos a escassez ou abundância relativa de fator 
algum. Por isso, não estamos nos referindo aos rendimentos do fator). Ou seja, o 
que acontece quando aumentamos o tamanho ou escala da empresa? 
Podemos definir economias de escala tanto do ponto de vista tecnológico 
como dos custos (conceito mais “econômico”): 
Economia de escala técnica ou tecnológica: quando a produtividade 
física varia com a variação de todos os fatores de produção.
 
Economia de escala pecuniária (custos): quando os custos por unidade 
produzida variam com a variação de todos os fatores de produção. Podemos ter 
rendimentos crescentes, decrescentes ou constantes de escala.
2.4.1 Rendimentos crescentes de escala
Agora vejamos em quais momentos ocorrem os rendimentos crescentes 
de escala. Uma das formas é quando todos os fatores de produção aumentam 
numa mesma proporção, isso também implicará o nível de produção, ou seja, a 
produção crescerá numa proporção maior. 
Vejamos, por exemplo, se tivermos dois fatores de produção, capital e mão 
de obra. Suponhamos que tivemos um aumento de 15% sobre a quantidade de mão 
de obra, isso quer dizer que também teremos um aumento de 15% sobre o capital 
investido. Neste caso, a produção também aumentará na mesma proporção. 
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
154
Assim, de acordo com Balian (2016), do ponto de vista tecnológico, as 
economias de escala acontecem em virtude das indivisibilidades de produção e da 
divisão do trabalho. As indivisibilidades na produção referem-se ao fato de que 
certas unidades de produção só podem ser operadas em condições econômicas se 
possuírem uma escala ou tamanho mínimo. 
Da mesma forma, ao aumentar a escala de operações, a produção pode 
aumentar mais que proporcionalmente. Um exemplo disso são as empresas 
metalúrgicas, siderúrgicas e automobilísticas. Você já observou como a produção 
dessas empresas ocorre em escala de operações? Assim, estas empresas se tornam 
mais produtivas quando suas escalas de operações aumentam. À medida que a 
escala aumenta, surge, por exemplo, a possibilidade de operar por meio de linhas 
de montagem, aproveitando-se das vantagens de especialização do trabalho, o que 
não era possível com as dimensões anteriores da empresa (divisão do trabalho: é 
mais eficiente e produtivo cada trabalhador realizar uma tarefa apenas, na qual 
ele se especialize, do que realizar uma série de tarefas) (BALIAN, 2016).
Entretanto, se considerarmos algumas operações que são realizadas por 
agências de publicidade, por exemplo, algumas operações só são possíveis com 
base em determinado nível mínimo de produção, quando então não devem 
implicar aumentos significativos de custos. Você alguma vez já contratou o 
serviço de impressão de folders? Ao realizar um orçamento para a realização 
deste tipo de serviço, você verá que quanto maior for o número de folders, mais 
barato fica o custo de produção. 
Isso ocorre muito também com empresas de grande porte, no momento 
de solicitar um empréstimo ao banco de desenvolvimento, ou ainda na compra 
de matéria-prima, pois maiores são suas condições de negociação para obtenção 
de melhores taxas de juros ou preço mais baixo. 
2.4.2 Rendimentos decrescentes de escala 
Agora veremos como ocorrem os rendimentos decrescentes de escala. Isso 
ocorre sempre que todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção, 
e a produção cresce numa proporção menor. Tomamos como exemplo a seguinte 
situação: suponhamos que temos novamente dois fatores de produção, mão de 
obra e capital e ocorre um aumento de 10% na quantidade de mão de obra e 
de capital, porém, a produção aumenta somente em 5%. Isso significa que as 
produtividades médias dos fatores de produção caíram. 
De acordo com Balian (2016), vários motivos podem levar aos rendimentos 
decrescentes de escala, por exemplo, a expansão da empresa pode provocar uma 
descentralização nas decisões que faça com que o aumento de produção não 
compense o investimento feito na ampliação da empresa. 
TÓPICO 1 | TEORIA DA PRODUÇÃO
155
O conceito de rendimento decrescente de escala não deve ser confundido 
com a lei dos rendimentos decrescentes. Esta supõe sempre algum fator de produção 
fixado no processo de produção (portanto, curto prazo), enquanto os rendimentos de 
escala representam um conceito de longo prazo, em que não há fatores de produção fixos 
(BALIAN, 2016).
ATENCAO
DICAS
A META
A Meta é um best-seller consagrado, com mais de 2 milhões de 
exemplares vendidos no mundo e traduzido em mais de 20 idiomas. O 
livro, adquirido pelo grande público e homens de negócios, foi adotado 
por mais de 200 faculdades. Escrito em forma de romance, o autor 
trata dos princípios de funcionamento de uma indústria, questionando 
o porquê de ela funcionar de determinada forma e como seria 
possível solucionar os problemas de empresas que estão com atrasos 
na produção e baixa receita.  Com resultados alcançados na prática, 
o processo de melhoria contínua desenvolvido por Goldratt pode ser 
aplicado em outras organizações, como bancos, hospitais, seguradoras, 
e até no ambiente familiar.
GOLDRATT, Eliyahu M.; COX, Jeff. A meta: um processo de melhoria contínua. Ed. Nobel, 1984.
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
156
LEITURA COMPLEMENTAR
TEORIA DA FIRMA: UMA RELAÇÃO ENTRE A EMPRESA E O 
MERCADO
Por Silvia Ferreira Persechini
A Teoria da Firma é um conceito criado pelo economista britânico Ronald 
Coase, em seu artigo The Nature of the Firm, de 1937.
Coase explica que as "firmas" são organizadas para atuarem nos mercados, 
com o objetivo de diminuir os custos de transação que são os incorporados por 
terceiros nas negociações econômicas do mercado (custos de informações, custos 
contratuais etc.). Em outras palavras, para o criador dessa Teoria, os agentes 
econômicos não atuam diretamente no mercado, as empresas são criadas e 
estruturadas para tanto1.
Nesse particular, Rachel Sztajn registra que:
Diferentes técnicas são empregadas pelos agentes econômicos para 
exercer domínio sobre a informação e o conhecimento disseminados 
em ambiente social que muda rapidamente.Por isso, para superar essas 
dificuldades, reduzir riscos e custos inerentes à produção de bens e 
serviços destinados a mercados, os agentes optam por criar uma outra 
estrutura, destinada a facilitar o tráfico negocial, organização essa 
que é a empresa, estrutura hierárquica em que se procura harmonizar 
esses diversos interesses, ao mesmo tempo em que se diminuem custo 
de transação.2
A partir dessa concepção foi construída a Teoria da Firma, que estuda o 
comportamento da unidade do setor da produção. Ela procura explicar a forma 
de proceder da sociedade empresária quando esta desenvolve a sua atividade 
produtiva, para a produção de bens ou de serviços com mais eficiência.
O mercado é o ambiente virtual onde acontecem as negociações 
contratuais, a circulação de bens, a celebração de contratos entre sociedades e 
entre consumidores e sociedades para a aquisição de bens.
Para atuar diretamente no mercado, há logicamente os custos de transação. 
Por isso, depender exclusivamente dele para realizar as trocas econômicas não 
é eficiente; mormente porque há momentos em que haverá escassez de alguns 
dos necessários fatores de produção. Por exemplo, de uma mão de obra para se 
realizar um trabalho específico ou de uma matéria-prima especial.
Por isso, há necessidade de se organizar "firmas". Nesse contexto, Ronald 
Coase apud Rachel Sztajn explica que:
TÓPICO 1 | TEORIA DA PRODUÇÃO
157
[...] firmas, como instituição de aprovisionamento para facilitar o 
fornecimento de bens e serviços nos mercados, são resultado da 
procura de mecanismos de redução dos custos de transação, custos 
estes incorridos para ir ao mercado oferecer ou procurar bens e 
serviços, afirmando que as firmas, empresas "perhaps the most 
important adaptation to the existence of transaction costs".3
Em outras palavras, Rachel Sztajn destaca que "A firma permite 
centralizar, organizar a produção, e com isso se reduzem os custos de ir a 
mercados; as firmas crescem, expandem-se, até que a economia obtida entre o 
custo de realizar ou organizar qualquer operação internamente seja superior ao 
custo de realizar a mesma operação via mercados".4
Assim, pode-se dizer que há duas opções de se realizar negociações 
econômicas: (i) diretamente no mercado e (ii) organizando sociedades empresárias. 
Nesse particular, Rachel Sztajn expõe claramente:
Quem quer oferecer bens ou serviços no mercado, de forma eficiente 
e lucrativa, pode escolher entre organizar a empresa, isto é, organizar 
a produção, criar vínculos mais ou menos duradouros entre 
trabalhadores e fornecedores de matérias-primas e recursos ou recorrer 
pontualmente ao mercado quando houver necessidades de adquirir 
matérias-primas, contratar mão de obra ou qualquer dos outros 
fatores de produção. Essa segunda alternativa é mais arriscada do que 
a primeira, uma vez que não garante estabilidade nem regularidade 
de obtenção, para satisfazer às necessidades da produção, de qualquer 
dos fatores produtivos no mercado. Por isso, a doutrina econômica 
parte da produção, que se desenvolve ao longo do tempo, pode variar 
e resulta do trabalho de organização do empresário.5
De acordo com a Teoria da Firma, a organização de sociedades 
empresárias é necessária para diminuir os custos de transação que recaem sobre 
o empreendedor, em razão das instabilidades e imperfeições do mercado.
Por meio da criação de sociedades empresárias, haverá formações de 
equipes organizadas (prestadores de serviços e fornecedores de recursos) sob o 
controle de gestão de um único empresário, o que ensejará uma produtividade 
mais eficiente. Isso porque as organizações econômicas estarão centradas em 
contratos de longo prazo, o que gera uma maior estabilidade da produção de bens 
ou serviços. Por exemplo, contratos de trabalho para a realização de uma tarefa 
bem específica eliminam a dificuldade da sociedade empresária de conseguir 
encontrar, no mercado, essa determinada mão de obra.
Assim, percebe-se que a atividade empresa, além de envolver o sistema 
jurídico, no sentido de ser uma atividade econômica organizada para a prestação 
ou circulação de bens ou serviços, está relacionada com a eficiência da produção, 
para atingir a redução de custos e a maximização de lucros, sendo, portanto, 
indispensável a análise de seu conceito econômico.
FONTE: Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI82885,91041-Teoria+da+Fir
ma+uma+relacao+entre+a+empresa+e+o+mercado>. Acesso em: 15 mar. 2018.
158
 Neste tópico você viu que: 
• A firma é uma unidade de negócios responsável pela transformação de insumos 
em produtos que atendam à necessidade da sociedade.
• A escolha do processo de produção depende de sua eficiência técnica e 
econômica. 
• Os fatores de produção podem ser fixos e variáveis. E que no curto prazo 
sempre teremos um fator fixo e a longo prazo todos os fatores de produção são 
variáveis.
• A curva da isoquanta representa em forma de curva as várias combinações 
entre dois fatores de produção variáveis e, ao final, proporciona para a empresa 
o mesmo volume de produção.
• Os rendimentos de escala ocorrem quando todos os fatores de produção 
aumentam numa mesma proporção, isso também implicará o nível de 
produção, ou seja, a produção crescerá numa proporção maior.
RESUMO DO TÓPICO 1
159
1 Diferencie fator de produção fixo do fator de produção variável.
2 Analise as proposições a seguir e assinale a alternativa correta:
a) Produtividade média é a variação do produto sobre a variação da quantidade 
de um fator de produção.
b) Produtividade marginal é a relação entre o produto e a quantidade de um 
fator de produção.
c) Produção total é a quantidade produzida de determinado período 
exclusivamente no longo prazo. 
d) Produtividade marginal é a variação no Produto Total, mais o acréscimo de 
uma unidade no fator de produção variável. 
3 Explique o que é a economia de escala técnica e a economia de escala 
pecuniária. 
AUTOATIVIDADE
160
161
TÓPICO 2
TEORIA DOS CUSTOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Vimos anteriormente que os custos dos fatores de produção são 
importantes para a tomada de decisão do empresário, principalmente, para que 
ele defina seu mapa de produção, ou seja, qual a quantidade que será produzida 
de cada produto.
Mas por que estudar os custos de produção?
Assim, podemos dizer que a Teoria dos Custos é um importante 
complemento à Teoria da Produção, pois apresenta ferramentas de gestão que 
proporcionam ao empresário uma tomada de decisão mais segura e criteriosa. 
2 DIFERENÇAS ENTRE CUSTOS E DESPESAS 
Antes de iniciarmos nossos estudos sobre os custos, é importante que 
você saiba diferenciá-los das despesas. Na teoria microeconômica neoclássica ou 
marginalista, geralmente não realizamos a distinção rigorosa entre os conceitos 
de custos e despesas, como é feito na contabilidade privada. 
A definição contábil coloca que custos são os gastos associados ao processo 
de fabricação de produtos, enquanto despesas são associadas ao exercício 
social, e alocadas para o resultado geral do período (como despesas financeiras, 
comerciais e administrativas). 
Despesas: são desembolsos relaiconados aos goastos com o setor 
administrativo da firma (Ex.: aluguel do andar do prédio onde está localizado 
o escritório da empresa).
Custos: são desembolsos relativos a fabricação de produtos e/
ou prestação de serviços (Ex.: gastos com os funcionários da fábrica são 
classificados como custo de produção.
Já os custos são normalmente divididos em custos diretos (que 
correspondem aos custos variáveis, visto mais adiante) e custos indiretos (que se 
referem aos custos fixos) (BALIAN, 2016).
162
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
3 DIFERENÇA ENTRE CUSTOS ECONÔMICOS E CUSTOS 
CONTÁBEIS 
Existem muitas diferenças entre a ótica utilizada pelo economista e a 
utilizada nas empresas, por contadores e administradores. Em linhas gerais, pode-
se dizer que a visão econômica é mais global, estratégica, visando analisar como 
as decisõesde preço e produção das empresas afetam a alocação de recursos no 
mercado, enquanto a ótica contábil-financeira é mais específica, centrando-se no 
registro e acompanhamento do fluxo financeiro de uma determinada empresa. 
O contador considera como custos algumas despesas que o economista não 
consideraria. Podemos citar como exemplo: o contador consideraria as despesas 
atuais e as despesas ocasionadas pela desvalorização dos equipamentos que são 
determinadas com base nos documentos fiscais (nota fiscal) e normas da Secretaria 
da Fazenda de cada Estado brasileiro.
Custos contábeis: são aqueles normalmente lançados na contabilidade 
privada, ou seja, são custos explícitos, que sempre envolvem um dispêndio 
monetário. São os gastos efetivos contabilizados no balanço da empresa 
(BALIAN, 2016).
Mas quais são os custos que fazem parte dos custos econômicos?
Os custos econômicos compreendem todos os custos relevantes para 
a produção. Além daqueles que já conhecemos, como a mão de obra, matéria-
prima e capital, devemos também considerar os custos de oportunidades, que 
estudaremos a seguir.
4 CUSTOS DE OPORTUNIDADE
Os economistas consideram os custos econômicos e os custos de 
oportunidade como sinônimos. O custo de oportunidade não representa um 
desembolso de caixa, mas sim, aquele valor que se deixou de ganhar em função 
de uma oportunidade que não se concretizou (BALIAN, 2016).
Os custos de oportunidade de um fator de produção correspondem ao 
melhor ganho que a empresa obtiver ao empregar este fator de produção em 
outra atividade que não seja a produção da empresa. Para que você compreenda 
melhor como isso ocorre na prática, vamos utilizar como exemplo o capital de uma 
empresa. Quando o capital está em caixa, a empresa pode utilizá-lo em alguma 
aplicação financeira. Essa aplicação gerará, ao fim de determinado período, um 
valor de rendimento. Esse rendimento é o custo de oportunidade do capital da 
empresa. O mesmo ocorre com o aluguel de parte de um imóvel da empresa, 
o custo de oportunidade será o valor do aluguel dessa área (VASCONCELOS; 
OLIVEIRA, 2008). 
TÓPICO 2 | TEORIA DOS CUSTOS
163
Embora os custos de oportunidade quase sempre estão ocultos, eles devem 
ser considerados nas tomadas de decisões. São vistos como custos ocultos aqueles 
que não representam, muitas vezes, um desembolso de caixa, mas acontecem 
indiretamente e por isso não são contabilizados. Podemos citar como exemplo 
vários acontecimentos: a falta de funcionário que implica um atraso na realização 
de uma tarefa, o cancelamento de voo provocado por uma nevasca, impedindo a 
realização de uma reunião para fechamento de um grande pedido de vendas, ou, 
ainda, os atrasos provocados pelo trânsito nas grandes capitais etc.
UNI
Os economistas têm um método muito interessante de definir e medir custos. 
Em vez de perguntar quanto determinada coisa vai custar ou quanto terá de pagar por ela, 
procuram saber o tipo de sacrifício que precisarão fazer para obtê-la. Essa estranha frase é 
extremamente reveladora para as pessoas que recorrem a ela com frequência.
IMPORTANT
E
OS CUSTOS OCULTOS E DE OPORTUNIDADE NÃO REPRESENTAM 
DESEMBOLSOS DE CAIXA.
 5 CUSTOS EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS
Os custos de oportunidade são importantes para classificarmos os custos 
totais em custos implícitos e custos explícitos. 
Custos explícitos envolvem desembolso direto de dinheiro para pagar 
fatores de produção.
Custos implícitos não envolvem desembolso direto de dinheiro, por sua 
vez, os custos implícitos estão “escondidos”, e, portanto, não são contabilizados. 
Podem ser classificados em custos ocultos e de oportunidade.
164
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
QUADRO 2 – PRINCIPAIS CUSTOS EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS 
Custos explícitos Custos implícitos
Aluguel pago Custo de oportunidade de:
Juros sobre empréstimos Terreno do proprietário (desistência do aluguel).
Salários dos gerentes 
Dinheiro do proprietário (desistência da renda 
sobre investimento).
Remuneração por hora dos trabalhadores
Tempo do proprietário (desistência da renda 
do trabalho).
Custos das matérias-primas 
FONTE: Hall e Liebermann (2003, p. 195)
Digamos que você seja o proprietário de uma loja de calçados no centro 
de uma cidade, cuja sala comercial também é sua e, por isso, você não precisa 
pagar o aluguel do espaço. Assim, o seu custo explícito é zero. Isso quer dizer 
que o imóvel é de graça? Se verificarmos sob a ótica da contabilidade, sim, pois o 
setor de contabilidade somente considera os valores pagos pela empresa. Já para 
o economista, não, pois em economia considera-se o sacrifício da oportunidade 
de tê-lo alugado para outra pessoa. 
6 CUSTOS PRIVADOS VERSUS CUSTOS SOCIAIS: 
Antes de verificarmos a diferença entre custos privados e os custos sociais 
é preciso que você compreenda o conceito de externalidades. Toda atividade 
econômica gera benefícios à sociedade, sem receber pagamento por isso (chamadas 
de externalidades positivas), mas também causa impactos negativos, ou seja, 
cria custos para a sociedade sem pagar por isso (chamadas de externalidades 
negativas). 
De acordo com Balian (2016), as externalidades são as alterações de custos 
e receitas da empresa devidas a fatores externos à empresa. 
Desta forma, a partir do conceito de externalidades, vamos diferenciar 
custos privados e custos sociais. 
Podemos dizer que custos privados são os desembolsos financeiros que a 
empresa realiza.
Os custos sociais são os custos que são gerados para toda a sociedade, 
derivados da atividade produtiva da empresa, incluindo assim as chamadas 
externalidades negativas. 
Para que você compreenda melhor, suponhamos a construção de uma 
rodovia estadual: para a construtora (ótica privada), são muito importantes os 
TÓPICO 2 | TEORIA DOS CUSTOS
165
custos efetivos, como mão de obra, materiais, equipamentos etc. Na visão social, o 
que importa é analisar quais as externalidades provocadas pelo empreendimento, 
que poderão ser positivas (aumento do emprego e desenvolvimento do comércio 
na região) ou negativas (problemas ambientais, poluição, congestionamentos). 
7 CUSTOS NO CURTO PRAZO 
As funções de custos a curto prazo são utilizadas para demonstrar as 
várias relações entre o custo de produção e o nível de produção da firma. O curto 
prazo é o período de tempo breve o suficiente para que a firma não possa alterar 
a quantidade de alguns de seus insumos. À medida que o período de tempo 
aumenta, os insumos sofrem variações. 
O período de “curto prazo” também se altera de acordo com os setores 
da economia, ou seja, poderá ser maior ou menor em alguns do que em outros. 
Curto prazo: é o período de tempo em que ao menos um fator de 
produção é constante, geralmente, um ano e o valor a ser pago não se altera 
neste período (BALIAN, 2016).
Os custos podem ser divididos em fixos e variáveis. 
Os Custos Fixos (CF) são os que a empresa tem e não estão relacionados 
com as quantidades produzidas, ou seja, se a empresa produzir mais ou menos, ou 
ainda mesmo que a empresa não produza nada durante um determinado período, 
eles irão existir. Exemplo: mensalidade de seguros, salário dos funcionários 
administrativos, pró-labore dos sócios, mensalidade da empresa de segurança etc. 
Os Custos Variáveis (CV) são os custos que a empresa terá durante o processo 
produtivo e se alteram de acordo com o volume de produção. Quanto maior for a 
quantidade de unidades produzidas, maior será o valor a ser desembolsado pela 
empresa, ou seja, possuem vínculo direto com a produção. Exemplo: comissão de 
vendas, impostos sobre faturamento e gastos com matérias-primas.
Os Custos Totais (CT) compreendem a somatória dos custos fixos com os 
custos variáveis. Podem ser representados pela equação a seguir:
CT = CF + CV
Você deve pensar como é difícil separar os custos. Embora pareça uma 
tarefa simples, mas se considerarmos o dia a dia da organização (com vários 
clientes para atender, máquinas em manutenção, funcionário faltando,pedido 
para entregar, entre outras atribulações), vemos que não é fácil essa separação. 
Mas, o que acontece se eles não forem separados de forma correta? 
166
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
De acordo com Balian (2016), a não classificação correta pode acarretar 
prejuízos para a empresa, pois muitos dos desembolsos possuem uma parcela fixa 
e outra variável, por exemplo, o gasto com a folha de pagamento da produção. 
Ele não é um custo totalmente fixo, mas também não é variável, mesmo se 
considerarmos que quando as vendas diminuem a empresa poderia dispensar 
funcionários e recontratá-los quando a demanda se recuperar.
Mas esta decisão de dispensar os funcionários em épocas de crise não é tão 
simples, pois nem sempre você encontrará a mesma mão de obra já qualificada 
disponível no mercado. Além disso, ao desligar um funcionário, a empresa 
terá custos com sua rescisão e estes custos nem sempre estão computados no 
orçamento da empresa. E o custo com treinamento do outro funcionário?
Por isso, muitas vezes escutamos nos noticiários ou até vivenciamos 
na prática que, antes de dispensar um colaborador, a empresa utiliza todas as 
estratégias possíveis, por exemplo, antecipar o período de férias, diminuir a carga 
horária diária, e somente quando não tem mais nenhuma alternativa é que são 
realizados os desligamentos. Exemplo: Empresas automobilísticas. 
 Assim, para que não haja problemas na hora de dividir os custos 
da mão de obra, cabe à empresa considerar a mão de obra qualificada como 
custo fixo e a mão de obra operacional, não especializada, como custo variável 
(BALIAN, 2016).
E, quando o custo for de energia elétrica? E se considerarmos que a 
maioria das empresas solicita um volume de energia elétrica mensal à companhia 
de eletricidade, ela se compromete a gastar todos os meses esse montante, que 
passa a ser considerado um custo fixo, e somente o excedente, quando houver, 
será considerado custo variável (BALIAN, 2016).
UNI
CUSTOS FIXOS só podem ser eliminados se a empresa deixar de operar. 
O Custo Total (CT) compreende a somatória dos custos fixos com os 
custos variáveis. Pode ser representado pela equação:
CT = CF + CV
As curvas de custos (CT, CV, CF) podem ser representadas conforme 
figura a seguir:
TÓPICO 2 | TEORIA DOS CUSTOS
167
FIGURA 9 – RELAÇÃO GRÁFICA DAS CURVAS DE CUSTOS: TOTAL, FIXO E VARIÁVEL
FONTE: Balian (2016)
UNI
Lembre-se de que os custos são fundamentais na apuração do preço final 
do produto. Por isso, as empresas possuem um departamento de custos e se utilizam de 
sistemas específicos para apurar o real gasto na fabricação de um produto. 
Vejamos agora um exemplo de medição de custos no curto prazo.
 
Observe o quadro a seguir. Nele consideramos um exemplo com dados 
hipotéticos, e veremos o que ocorre com os custos à medida que a produção se 
altera a curto prazo. 
TABELA 3 – CUSTOS DE PRODUÇÃO A CURTO PRAZO
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
Produção 
(por dia) Capital Trabalho CFT CVT CT CM CFM CVM CTM
0 1 0 75,00 0 75,00 - - - -
30 1 1 75,00 60,00 135,00 2,00 2,50 2,00 4,50
90 1 2 75,00 120,00 195,00 1,00 0,83 1,33 2,17
130 1 3 75,00 180,00 255,00 1,50 0,58 1,38 1,96
155 1 4 75,00 240,00 315,00 2,40 0,48 1,55 2,03
172 1 5 75,00 300,00 375,00 3,53 0,44 1,71 2,18
185 1 6 75,00 360,00 435,00 4,62 0,41 1,95 2,35
FONTE: Hall e Liebermann (2003, p. 196)
168
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
Observe no quadro acima que nas colunas 3, 4 e 5 estão dispostos três tipos 
de custos totais (CFT, CVT e CT). Os custos fixos totais (CFT), neste exemplo, não 
apresentam variações, independentemente do nível de produção. Na coluna 5 
temos o valor do custo variável total (CVT), e à medida que a produção aumenta, 
seus valores sofrem variações. Por exemplo, para produzir 90 unidades, são 
necessários dois trabalhadores, e para cada trabalhador se paga o valor de R$ 
60,00 por dia, ou seja, o CVT será de 2 x R$ 60,00 = R$ 120,00. Mas quando a 
produção for de 130 unidades, precisaremos de três trabalhadores, logo o CVT 
será de R$ 180,00. Neste caso teremos como Custo Total (CT) para a produção 
de 90 unidades o valor de R$ 195,00, ou seja, o valor do CF = R$ 75,00 + CV= R$ 
120,00 = R$ 195,00.
FIGURA 10 – GRÁFICO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DA FIRMA 
FONTE: Adaptado de Hall e Liebermann (2003, p. 197)
Graficamente, se observarmos a figura acima, veremos que a linha que 
representa o custo fixo total é uma linha reta, pois ela não se altera de acordo 
com os níveis de produção. Já as linhas que representam o CT e o CVT são 
representadas por linhas inclinadas para cima, já que seus custos aumentam 
de acordo com a produção. Podemos observar ainda a distância vertical entre 
as linhas, que corresponde ao valor de R$ 75,00 e permanece o mesmo, pois 
representa o CFT que é a diferença entre CVT e CT. 
8 CUSTO MÉDIO E CUSTO MARGINAL 
Anteriormente estudamos os custos fixos, variáveis e totais no curto prazo, 
agora vamos aprofundar nosso estudo a partir dos custos médios e marginais. 
Custo Total Médio (CTMe) = são os custos totais (CF+CV) divididos pela 
quantidade produzida (produção total). São representados pela função:
TÓPICO 2 | TEORIA DOS CUSTOS
169
Custo Total Médio (CTMe) = 
 
 
CustoTotal CT
ProduçãoTotal Q
=
 CFT CVT CFT CVTCTMe
Q Q Q
+
= = +
Ou,
CTMe = CFMe + CVMe
Como o custo total pode ser dividido em custo fixo e variável, também 
podemos calcular o Custo Total Médio em: 
 Custo Fixo Médio (CFMe), que é o custo fixo total dividido pelas 
quantidades produzidas, e
CFMe = CFQ
Custo Variável Médio (CVMe), que é a somatória dos custos variáveis 
dividida pelas quantidades produzidas. 
CVMe = CVQ
Utilizando o quadro anterior, ainda podemos verificar que as colunas 7, 
8, 9 e 10 apresentam o valor do custo médio de cada um dos tipos de custos já 
apresentados. Veremos como se dá este cálculo:
Vimos anteriormente que o custo fixo não se altera de acordo com a 
produção. Entretanto, o custo fixo médio já sofre alterações, pois envolve no 
cálculo as unidades produzidas. Assim, quando a produção for de 90 unidades 
por dia, teremos um CFM de R$ R$ 0,83.
75 00 0 83
90
, , CFM = =
170
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
Se nossa produção for de 130 unidades por dia, o CFM será de R$ 0,58
75 00 0 58
130
, ,CFM = =
Observe que à medida que a produção aumenta, o CFM diminui, ou seja, 
quanto mais a produção aumenta, menor será o custo fixo por unidade produzida. 
O valor do custo variável médio (CVM) está descrito na coluna 9 do 
quadro anterior. Observe que quando a produção for de 90 unidades, com um 
custo variável de R$ 60,00, o CVM será de R$ 1,33. 
60 00 1 33
90
, ,CVM = =
Ao contrário do que observamos anteriormente com o CFM, o CVM 
sempre aumentará à medida que a produção aumentar. 
E o custo Total Médio (CTM)? O custo total médio também é dividido 
pela quantidade produzida. Assim, para uma produção de 90 unidades teremos 
um custo total médio de R$ 2,17, ou seja, 
CTM = CFM + CVM
CTM = 0,83 + 1,33
CTM = 2,17
Custo Marginal (CMg): é a adição ao custo total resultante da produção 
de unidade extra de produção. O custo marginal é um custo variável e 
matematicamente é calculado dividindo a variação do custo total (∆CT) pela 
variação da produção (∆Q), representado por:
 CTCM
Q
∆
=
∆
Utilizando ainda o exemplo anterior, podemos observar que o custo 
marginal (CMg) está inserido no quadro na coluna 7. Desta forma, quando a 
produção aumenta de 90 para 130 unidades, temos uma variação no custo de R$ 
60,00, pois o custo total aumenta de R$ 195,00 para R$ 255,00. 
Matematicamente teremos um custo marginal (CM) de R$ 1,50:
CM = 60 1 50
40
,=
TÓPICO 2 | TEORIA DOS CUSTOS
171
9 CUSTOS A LONGO PRAZO 
No período de tempo de longo prazo não teremos mais os custos fixos, já 
que todos os custos se tornam variáveis. Entretanto, é muito importante que você, 
acadêmico, saiba quais são as ligações entre as curvas de custo médio de curto 
prazoe as curvas de custo médio de longo prazo.
Longo prazo: é aquele período de tempo em que todos os fatores são 
variáveis, ou seja, com o passar dos anos, o valor sofre reajustes e passar a ser 
um custo variável (BALIAN, 2016).
A longo prazo podemos dizer que a empresa tem muito mais tempo para 
tomada de decisões. É possível maximizar sua produção e investir na ampliação 
da sua capacidade instalada, com a construção de uma nova unidade ou o 
aumento/diminuição da força de trabalho, e quando necessário poderá alterar as 
suas estratégias e design de produtos. 
UNI
“Para produzir qualquer nível de produto, a firma irá escolher a combinação de 
insumos que tiver o menor custo” (HALL; LIEBERMANN, 2003, p. 203 – grifo nosso).
Você se recorda de que no curto prazo trabalhamos a relação da produção 
e os custos (tabela XX). Vamos utilizar os mesmos dados para exemplificar a 
relação de custos no longo prazo. Os dados hipotéticos são referentes à lavação 
de carros da empresa “Alfa”. 
QUADRO 3 – CUSTOS DE PRODUÇÃO A LONGO PRAZO
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
Produção 
(por dia) Capital Trabalho CFT CVT CT CMg CFM CVM CTM
0 1 0 75,00 0 75,00 - - - -
30 1 1 75,00 60,00 135,00 2,00 2,50 2,00 4,50
90 1 2 75,00 120,00 195,00 1,00 0,83 1,33 2,17
130 1 3 75,00 180,00 255,00 1,50 0,58 1,38 1,96
155 1 4 75,00 240,00 315,00 2,40 0,48 1,55 2,03
172 1 5 75,00 300,00 375,00 3,53 0,44 1,71 2,18
185 1 6 75,00 360,00 435,00 4,62 0,41 1,95 2,35
FONTE: Hall e Liebermann (2003, p. 196)
172
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
Assim, vamos aplicar a regra de menor custo para a empresa Alfa. Vamos 
considerar que nosso objetivo agora é saber qual é o custo que a empresa terá 
para lavar 185 carros por dia. Como vimos anteriormente, no curto prazo, para 
que possamos lavar 185 carros, nossa única opção seria contratar mais mão de 
obra, ou seja, teríamos um custo total de 6 x R$ 60,00 + R$ 75,00 = R$ 435,00. Mas 
no longo prazo? Teríamos outra opção? 
Sim, no longo prazo a empresa Alfa poderia variar tanto o capital (número de 
linhas automatizadas), quanto a mão de obra (número de trabalhadores) e com isso 
seus dois fatores produtivos tornam-se dois fatores variáveis. Assim, a empresa poderá 
fazer várias combinações utilizando capital e mão de obra, utilizando em cada uma 
das combinações mais ou menos quantidades de cada um dos fatores de produção. 
Vejamos as possíveis combinações de fatores com base em Hall e Liebermann (2003):
Na combinação “A” a empresa utilizaria maior número de mão de obra 
e nenhum tipo de automação, ou seja, todos os nove trabalhadores lavariam os 
carros à mão.
Na combinação “B” a empresa utilizaria seis trabalhadores e uma linha 
automatizada.
Na combinação “C” a empresa utilizaria quatro trabalhadores e duas 
linhas automatizadas.
Na combinação “D” utilizaria o máximo de linhas automatizadas, 3 linhas, 
3 trabalhadores. 
Agora vamos ver como ficam os resultados do custo total com 
combinações propostas por Hall e Liebermann (2003), considerando que cada 
linha automatizada custa R$ 75,00 e cada trabalhador custa R$ 60,00 por dia. 
QUADRO 4 - SIMULAÇÃO DE QUATRO COMBINAÇÕES (MANEIRAS) PARA LAVAR 185 CARROS 
POR DIA 
Combinação Quantidade de capital
Quantidade de 
trabalho Custo (R$)
A 0 9 540,00
B 1 6 435,00
C 2 4 390,00
D 3 3 405,00
FONTE: Adaptado de Hall e Liebermann (2003)
Como a empresa Alfa tem o objetivo de escolher uma combinação que lhe 
trará o menor custo possível, podemos observar no quadro acima que a empresa 
optaria pela combinação C, em que seu custo total seria de R$ 390,00, e as demais 
opções poderiam ser ignoradas. 
TÓPICO 2 | TEORIA DOS CUSTOS
173
O Custo total a longo Prazo (CTLP) informa o custo de produção quando 
a menor opção de custo de produção de cada quantidade de mercadorias for 
escolhida. No longo prazo, todos os insumos podem ser ajustados da forma que a 
firma desejar. Então, vejamos o exemplo a seguir proposto por Hall e Liebermann 
(2003), onde a empresa decidiu fazer uma combinação de produção ao menor 
custo possível.
QUADRO 5 - CUSTOS DE PRODUÇÃO A LONGO PRAZO 
Produção CTLP (R$) CTLPM (R$)
0 0 -
30 100 3,33
90 195 2,17
130 255 1,96
155 315 2,03
172 360 2,09
185 390 2,11
200 450 2,25
250 650 2,60
300 1.200 4,00
FONTE: Hall & Liebermann (2003)
Observe no exemplo do quadro acima que já constam os valores do Custo 
Total Médio a Longo Prazo (CTMLP). Mas qual é a fórmula para calculá-lo?
O CTMLP é determinado através da divisão do custo Total a Longo Prazo 
(CTLP) dividido pela produção (Q), ou seja, 
CTLPCTMLP
Q
=
O Custo Total Médio a Longo Prazo informa o custo por unidade quando 
a empresa tem um conjunto de insumos variáveis e opta por sempre escolher a 
combinação que lhe dará o menor custo possível.
O formato da curva de custo total, custo médio e custo marginal de longo 
prazo depende da existência ou não de rendimentos de escala. Se a função de 
produção apresentar rendimentos crescentes de escala, a curva de custo total de 
longo prazo será côncava e o custo médio e o custo marginal são decrescentes.
174
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
FIGURA 11 - CURVAS DE CUSTO TOTAL, CUSTO MARGINAL E CUSTO MÉDIO 
(GANHOS CRESCENTES DE PRODUÇÃO)
FONTE: Adaptado de Vasconcelos (2008)
Caso a função da produção apresente ganhos decrescentes de escala, a 
curva de custo total será convexa e as curvas de custo médio e custo marginal 
serão crescentes.
FIGURA 12 - CURVAS DE CUSTO MÉDIO E CUSTO MARGINAL (GANHOS 
DECRESCENTES DE PRODUÇÃO)
FONTE: Adaptado de Vasconcelos (2008)
E se a função de produção apresentar rendimentos crescentes de escala, a 
curva de custo total será representada por uma linha reta na diagonal e as curvas 
de custo médio e custo marginal serão uma linha reta na horizontal.
TÓPICO 2 | TEORIA DOS CUSTOS
175
FIGURA 13 - CURVAS DE CUSTO TOTAL, CUSTO MÉDIO E MARGINAL (RENDIMENTOS 
CRESCENTES DE ESCALA)
FONTE: Adaptado de Vasconcelos (2008)
10 RELAÇÃO ENTRE OS CUSTOS NO LONGO PRAZO E NO 
CURTO PRAZO
Utilizando como base os exemplos anteriores (no curto e longo prazo) e 
realizando uma comparação entre eles, poderemos observar que o CTLP é menor 
que o CT, ou seja, a longo prazo a empresa, para lavar 185 carros, teria um custo 
de R$ 390,00 e a curto prazo seu custo para lavar a mesma quantidade de carros 
era R$ 435,00. Se você observar as tabelas anteriores, verificará que no Longo 
Prazo a empresa Alfa tinha quatro maneiras diferentes de lavar os 185 carros e 
que a curto prazo ela tinha apenas uma opção de lavagem, ou seja, a longo prazo 
a empresa pôde fazer escolhas de quanto insumo utilizar. Assim, a tendência é 
que a longo prazo a empresa possa economizar dinheiro. 
Se compararmos novamente nossos exemplos, podemos verificar que em 
determinado nível de produção, por exemplo, no caso de lavar 130 carros, o CTLP 
é igual ao CT, ou seja, R$ 255,00.
De acordo com Hall e Liebermann (2003, p. 205), esse resultado será 
verdadeiro para qualquer tipo de empresa. “No longo prazo, o custo total de 
produzir determinado nível de produto pode ser menor ou igual, mas nunca 
maior que o custo total no curto prazo (CTLP ≤ CT)”. 
O economista utiliza a nomenclatura “planta” para o conjunto de insumos 
fixos que a firma tem à sua disposição. Por exemplo, consideramos como planta 
para a empresa Alfa as linhas automatizadas de lavação que ela possui.
176
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
FIGURA 14 – EXEMPLO DE LINHAS AUTOMATIZADAS DE LAVAÇÃO DE CARROS 
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8WUyYzRuKFs>(a).
FONTE: Disponível em: <https://jetwash.pt/loja/carros/lavagem-automatica/mix-
tecnosmart-2-lavagem-automatica-carros/>.(b)
Assim, a partir do momento em que a empresa adquira novas unidades 
de linha automatizada, ela terá uma planta bem maior e diferente, conforme 
observamos na imagem acima.
UNI
No longo prazo, a empresa poderá alterar sua planta (realizar ampliação) e a 
curto prazo ela não terá opção de ampliaçãoda planta (ficará com a planta atual). 
O custo total médio nos dá a informação do custo total por unidade da firma 
no curto prazo (quando a empresa tem uma planta única). E a longo prazo? A empresa 
precisa desenvolver uma planta para cada uma das combinações que escolheu. 
 
Graficamente, a relação entre o custo total a curto prazo e a longo prazo 
pode ser representada conforme imagem a seguir. 
TÓPICO 2 | TEORIA DOS CUSTOS
177
FIGURA 15 – GRÁFICO DA RELAÇÃO ENTRE O CUSTO TOTAL A 
CURTO PRAZO E LONGO PRAZO
FONTE: Vasconcelos (2008, p. 160)
178
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
LEITURA COMPLEMENTAR
LIÇÕES DE UMA FÁBRICA DE ALFINETES
“Quem tudo faz, nada sabe”. Esta frase se aplica por que as empresas às 
vezes usufruem de economias de escala. Alguém que tenta fazer tudo geralmente 
acaba fazendo tudo mal. Se uma quer que seus trabalhadores sejam mais 
produtivos que puderem, muitas vezes é melhor confiar a cada um uma tarefa 
limitada que possa ser dominada. Entretanto, isso só é possível se a empresa tem 
muitos trabalhadores e gera uma grande quantidade de produto.
Em seu famoso livro A Riqueza das Nações, Adam Smith descreveu uma 
visita que fez a uma fábrica de alfinetes. Smith ficou impressionado com a 
especialização entre os trabalhadores com as economias de escala resultantes. Ele 
escreveu: 
Um homem estende o arame, outro o estica, um terceiro o corta, um quarto lhe 
deixa com ponta, um quinto lixa o topo para receber a cabeça; a feitura da cabeça requer 
duas ou três operações distintas; encaixá-las é uma atividade peculiar; branqueá-la é outra; 
até mesmo embalá-los é um negócio por si só.
 Smith relatou que graças à especialização, a fábrica de alfinetes 
produzia milhares de alfinetes por trabalhador por dia. Ele conjeturou que, se 
os trabalhadores tivessem optado por trabalhar separadamente e não como uma 
equipe de especialistas, “eles certamente não poderiam, cada um por si só, fazer 
sequer 20 alfinetes por dia”. Em outras palavras, por causa da especialização, uma 
grande fábrica de alfinetes pode atingir uma maior produção por trabalhador e 
um menor custo por alfinete do que uma fábrica de alfinetes menor.
A especialização que Smith observou na fábrica de alfinetes prevalece na 
economia moderna. Se você quer construir uma casa, por exemplo, pode tentar 
fazer tudo sozinho, mas muitas pessoas recorrem a um construtor, que, por sua 
vez, contrata carpinteiros, encanadores, eletricistas, pintores e muitos outros tipos 
de trabalhadores. Esses trabalhadores especializam-se em atividades específicas, 
e isso lhes permite fazer melhor o seu trabalho do que se fossem generalistas. Na 
verdade, o uso da especialização para alcançar economias de escala é um dos 
motivos pelos quais as sociedades são tão prósperas. 
Fonte: MANKIW, Gregory. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 
2005, p. 283.
179
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os custos são muito importantes para que a empresa possa traçar estratégias 
de comercialização.
• Os custos podem ser fixos ou variáveis.
• A curto prazo a empresa não consegue realizar grandes alterações em seu custo 
de produção.
• A visão econômica de custos se diferencia da visão contábil.
• Para o economista, o valor econômico é importante para que a firma possa 
definir o preço de seu produto, bem como, verificar a viabilidade de seu 
empreendimento.
• Para os economistas, a planta é o espaço geográfico onde a firma está instalada.
RESUMO DO TÓPICO 2
180
AUTOATIVIDADE
1 Considere as seguintes informações de custos de um restaurante.
Quantidade (dúzias) Custo Total (R$) Custo Variável (R$)
0 300 0
1 350 50
2 390 90
3 420 120
4 450 150
5 490 190
6 540 240
Com base nos dados do quadro acima, responda:
a) Qual é o valor do custo fixo? 
b) Construa uma tabela e calcule o custo médio por dúzias de pizzas a partir 
das informações do custo total.
181
TÓPICO 3
MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS 
COMPETITIVOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
As firmas sempre buscam a maximização de seus lucros. Mas, antes de 
chegar a este resultado, elas precisam traçar estratégias que levam em conta a 
tomada de decisões em relação a quanto produzir e qual o valor que deverá ser 
cobrado pelo produto. 
De acordo Hall e Liebermann (2003), em 1996, a empresa Nintendo 
America lançou um produto que no futuro seria campeão de vendas – o 
videogame, que possibilitava ao jogador muitas aventuras, como voar, pular e 
nadar, proporcionando muitas fantasias. Mas, na sequência, vieram perguntas 
difíceis de serem respondidas, por exemplo, onde lançar o produto? Como 
captar recursos para financiar os custos de produção? Quanto deveria gastar com 
publicidade? E o principal, quanto deveria cobrar pelo produto? 
Exemplos como estes ainda fazem parte do dia a dia das firmas. Entretanto, 
vamos iniciar nossos estudos verificando o que é um mercado competitivo, e na 
sequência veremos por que as empresas objetivam maximizar seus lucros e como 
elas realizam suas escolhas de produção para alcançar este objetivo.
2 MERCADOS COMPETITIVOS 
Caro acadêmico! O modelo de competição perfeita se baseia em três 
pressupostos básicos que estudaremos detalhadamente a partir de agora, com 
base em Pindick e Rubenfeld (2013).
 
O primeiro pressuposto coloca que as empresas são tomadoras de preço, 
ou seja, empresas não têm influência sobre o preço de mercado e, portanto, 
seguem o preço determinado pelo mercado. 
Para que você compreenda melhor essa dinâmica, vamos considerar uma 
empresa distribuidora de produtos de limpeza. Os produtos de limpeza são 
comprados de uma fábrica e revendidos no atacado para pequenos comerciantes 
e lojas de varejo. Porém, você é apenas um dos muitos que realizam a distribuição 
deste produto. Como resultado, não consegue fazer uma boa negociação com 
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
182
os clientes e, se não ofertar os produtos com preços competitivos, seus clientes 
buscarão outro distribuidor. E a sua quantidade de vendas também não é 
significativa a ponto de influenciar seu preço de atacado. Neste caso, portanto, 
você é considerado um tomador de preço. 
Da mesma forma que as empresas, os consumidores também são tomadores 
de preços. No mercado competitivo, cada consumidor compra apenas uma parte 
do total produzido, e por isso suas compras não influenciam significativamente no 
preço, ficando o consumidor obrigado a aceitar o preço estabelecido pelo mercado. 
 
O segundo pressuposto coloca que há homogeneidade dos produtos e, 
com isso, as empresas cujos produtos são homogêneos não podem praticar um 
preço acima do preço de mercado, pois perderiam parte ou todos os seus negócios. 
Isso ocorre muito com produtos agrícolas, a diferença entre eles é mínima e o 
produtor não se apega em particularidades no momento da compra, ou seja, 
não verificará em qual local este foi aplicado e apresentou melhor resultado, seu 
determinante para fechar o negócio é o preço do produto praticado no mercado. 
Os economistas costumam se referir a produtos homogêneos como commoditties. 
UNI
Commodities (significa mercadoria em inglês) podem ser definidas como 
mercadorias, principalmente minérios e gêneros agrícolas, que são produzidas em larga 
escala e comercializadas em nível mundial. As commodities são negociadas em bolsas de 
mercadorias, portanto, seus preços são definidos em nível global, pelo mercado internacional.
 As commodities são produzidas por diferentes produtores e possuem características uniformes. 
Geralmente, são produtos que podem ser estocados por um determinado período de tempo sem 
que haja perda de qualidade. As commodities também se caracterizam por não ter passado por 
processo industrial, ou seja, são geralmente matérias-primas. Existem quatro tipos de commodities:
Commodities agrícolas: soja, suco de laranja congelado, trigo, algodão, borracha, café etc.
Commodities minerais: minério de ferro, alumínio, petróleo, ouro, níquel,prata etc.
Commodities financeiras: moedas negociadas em vários mercados, títulos públicos de 
governos federais etc.
Commodities ambientais: créditos de carbono.
O Brasil é um grande produtor e exportador de commodities. As principais commodities 
produzidas e exportadas por nosso país são: petróleo, café, suco de laranja, minério de ferro, 
soja e alumínio. Se por um lado o país se beneficia do comércio destas mercadorias, por 
outro o torna dependente dos preços estabelecidos internacionalmente. Quando há alta 
demanda internacional, os preços sobem e as empresas produtoras lucram muito, porém, 
num quadro de recessão mundial, as commodities se desvalorizam, prejudicando os lucros 
das empresas e o valor de suas ações negociadas em bolsa de valores
Fonte: Disponível em: <https://www.suapesquisa.com/o_que_e/commodities.htm - Acesso 
em 15/01/2018>. Acesso em: 20 abr. 2018. 
TÓPICO 3 | MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS COMPETITIVOS
183
O terceiro pressuposto faz referência à livre entrada e saída de empresas 
no mercado. Significa que a empresa não terá um custo extra para entrar, sair 
ou obter lucro no mercado. Assim, é muito normal as empresas mudarem de 
fornecedores sempre que lhes for conveniente. Mas o que seriam estes custos 
extras? Vejamos, por exemplo, uma indústria farmacêutica. Para que uma 
indústria farmacêutica se estabeleça no mercado, ela depende de patentes que lhe 
garantem exclusividade para a produção de certos medicamentos. Geralmente, 
este tipo de empresa realiza muito investimento em pesquisa e desenvolvimento 
(P&D) para obter os melhores medicamentos ou ainda compra licenças de 
outros laboratórios. Esses altos investimentos podem ser os limitadores para que 
outras empresas entrem no mercado e tal característica faz com que a indústria 
farmacêutica não seja um mercado perfeitamente competitivo. 
Quando um mercado é altamente competitivo?
Com exceção da agricultura, poucos mercados são perfeitamente 
competitivos, considerando que há ampla liberdade para que as empresas entrem 
ou saiam do mercado. 
 
De acordo com Pindyck e Rubenfield (2013, p. 273), “muitos mercados 
são altamente competitivos no sentido de que as empresas se defrontam com 
curvas de demanda com elevada elasticidade e relativa facilidade de entrada e 
saída”. De acordo com os autores, não existe uma regra que possa ser aplicada 
para a identificação de mercados que estão próximos da competição perfeita. 
A presença de muitas empresas não é condição suficiente para afirmar que o 
mercado é competitivo. Estudaremos como se dá a competição dos mercados, ao 
estudarmos as estruturas de mercados.
 
Desta forma, considerando os três pressupostos para um mercado 
totalmente competitivo, a análise do comportamento dos preços poderá ser 
realizada observando as curvas de oferta e de demanda de mercado, como 
veremos a seguir.
3 POLÍTICA DE MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS DAS 
EMPRESAS
No decorrer de nossos estudos, você já pôde perceber que as firmas, 
independentemente de seu tamanho, são organizações complexas que envolvem 
muitas pessoas, processos e inovações tecnológicas. Os proprietários das empresas 
têm um único objetivo, a maximização do lucro. 
Você se recorda o que é lucro?
O lucro é definido como a receita das vendas das firmas, subtraindo seus 
custos de produção. Ao deduzirmos do valor da receita total, somente os custos 
reconhecidos pelos contadores, teremos a seguinte definição de lucro:
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
184
LUCRO CONTÁBIL = RECEITA TOTAL – CUSTOS CONTÁBEIS
Em termos econômicos, a visão dos custos é mais ampla, em que o 
proprietário vê o custo de oportunidade, que é o valor total de tudo que é 
sacrificado para produzir os produtos. Neste sentido, na definição econômica, 
ao contrário dos contadores que reconhecem os custos explícitos (remuneração e 
despesas com matérias-primas), também são considerados os custos implícitos e, 
assim, se forma uma nova concepção de lucro:
LUCRO ECONÔMICO = RECEITA TOTAL – TODOS OS CUSTOS DE 
PRODUÇÃO = RECEITA TOTAL – (Custos explícitos + Custos implícitos)
Assim, saber diferenciar o lucro econômico e o lucro contábil é muito 
importante para a empresa, de modo que não surjam problemas futuros. Vejamos 
o exemplo a seguir para entendermos melhor a importância dessa diferenciação:
Imagine uma empresa que produza bolas de futebol e você queira calcular 
seu lucro durante o ano. O escritório de contabilidade lhe fornece as seguintes 
informações:
Receita Total das vendas das bolas R$ 150.000,00
Custo da matéria-prima R$ 20.000,00
Remuneração e salários R$ 60.000,00
Gastos com energia e telefone R$ 18.000,00 
Custos com publicidade e propaganda R$ 5.000,00 
 
Custo explícito total R$ 103.000,00
Lucro Contábil R$ 47.000,00
Teoricamente observando neste exemplo, poderíamos concluir que a 
empresa teve êxito, pois, ao final do ano ela apresentou um lucro de R$ 47.000,00. 
Mas, se olharmos pela ótica econômica, veremos que seu resultado não foi 
interessante, pois deixou de contabilizar alguns custos, como o valor investido 
para iniciar o negócio foi de R$ 100.000,00, as salas de sua casa que estão sendo 
utilizadas como fábrica poderiam ser alugadas por R$ 5.000,00, as horas de 
trabalho despendidas para gerenciar o empreendimento em tempo integral 
poderiam receber R$ 45.000,00 de salário. Então, se considerarmos todos estes 
custos implícitos, o valor investido de R$ 100.000,00 poderia estar aplicado e você 
receberia juros (R$ 6.500,00), as salas poderiam ser alugadas e gerariam um valor 
de aluguel anual (R$ 5.000,00), e suas horas de dedicação integral, você poderia 
estar trabalhando em outra atividade que lhe gerasse renda extra (R$ 45.000,00).
TÓPICO 3 | MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS COMPETITIVOS
185
FIGURA 16 – VISÃO ECONÔMICA X VISÃO CONTÁBIL DO LUCRO
FONTE: Os autores
Então vejamos como ficaria o cálculo do lucro econômico. 
Receita total das vendas das bolas R$ 150.000,00
Custo da matéria-prima R$ 20.000,00
Remuneração e salários R$ 60.000,00
Gastos com energia e telefone R$ 18.000,00 
Custos com publicidade e propaganda R$ 5.000,00 
 
Custo explícito total R$ 103.000,00
Renda de investimento não realizado R$ 6.500,00
Aluguel não recebido R$ 5.000,00
Salário não recebido R$ 45.000,00
Custo implícito total R$ 56.500,00
Custos totais R$ 159.500,00
Lucro econômico R$ -9.500,00
Observando o exemplo acima, podemos concluir que a firma de bolas de 
futebol não é lucrativa, pois, no final deste ano, a empresa apresenta uma perda 
de R$ 9.500,00, que não representam desembolsos financeiros para empresa, mas 
sim um custo oportunidade que seu proprietário teve (tempo que sacrificou para 
dirigir a empresa). 
LUCRO
ECONÔMICO
LUCRO
CONTÁBILCustos
Explícitos
R
EC
EI
TA
VISÃO ECONÔMICA VISÃO CONTÁBIL
C
us
to
 d
e
O
po
rt
un
id
ad
es
R
EC
EITA
Custos
Implícitos
Custos
Implícitos
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
186
UNI
A medida adequada do lucro para entender e prever o comportamento das 
firmas é o lucro econômico, que reconhece os custos de oportunidades da produção 
(custos implícitos e explícitos). 
4 AS RESTRIÇOES DA FIRMA E A MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO 
Quando falamos em maximização do lucro, precisamos lembrar que 
as firmas não são livres para obter qualquer nível de lucro. Elas enfrentam 
restrições que impõem limites tanto em suas receitas quanto em seus custos. 
Essas restrições são oriundas de um conceito que já estudamos anteriormente, a 
curva de demanda. A curva de demanda nos dá a informação da quantidade que 
o consumidor deseja adquirir de determinado bem ou serviço. 
A curva de demanda que a firma enfrenta “informa, para diferentes 
preços, a quantidade de clientes que escolherão comprar daquela firma” (HALL; 
LINBERMANN, 2003, p. 225).
Vamos a um exemplo prático adaptado de Hall e Liebermann (2003), 
de uma empresa Delta que produz estruturas metálicaspara janelas. Podemos 
observar no quadro a seguir que o fabricante poderá cobrar diferentes preços por 
cada uma das estruturas, bem como o número que conseguiria produzir por dia. 
QUADRO 6 – CURVA DE DEMANDA QUE A FIRMA ENFRENTA
Preço (R$)
(1)
Produção (q)
(2)
Receita Total 
(R$) (3)
Custo Total (R$) 
(4)
Lucro (R$)
(5)
650,00 0 0 300,00 -300,00
650,00 1 650,00 700,00 -50,00
600,00 2 1.200,00 900,00 300,00
550,00 3 1.650,00 1.000,00 650,00
500,00 4 2.000,00 1.150,00 850,00
450,00 5 2.250,00 1.350,00 900,00
400,00 6 2.400,00 1.600,00 800,00
350,00 7 2.450,00 1.900,00 550,00
300,00 8 2.400,00 2.250,00 150,00
250 9 2.250,00 2.650,00 -400,00
200 10 2.000,00 3.100,00 -1.100,00
FONTE: Adaptado de: Hall e Liebermann (2003)
TÓPICO 3 | MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS COMPETITIVOS
187
Na imagem a seguir podemos observar graficamente a curva de demanda 
que a firma de estruturas metálicas enfrenta. 
FIGURA 17 - GRÁFICO DA CURVA DE DEMANDA QUE A FIRMA ENFRENTA
FONTE: Adaptado de Hall e Liebermann (2003)
Podemos observar no quadro acima que a receita total (coluna 3) 
corresponde ao valor de recebimento das vendas de um determinado produto 
da firma. Ao determinar seu nível de produção, ela também determina o valor de 
sua receita. A receita total é o número de unidades total de produtos (coluna 2) 
multiplicado pelo preço unitário (coluna 1). 
Observe que ao produzir três unidades de estruturas metálicas, ao preço 
de R$ 550,00 cada, a firma terá uma receita total no valor de R$ 1.650,00. Como 
a curva de demanda inclina-se para baixo, cada vez que a firma aumentar sua 
produção, ela terá que reduzir seu preço, ou não conseguirá vender todos os 
produtos. À medida que as vendas aumentarem com um preço menor, sua receita 
total poderá aumentar ou diminuir.
Podemos observar também que a empresa possui uma restrição de custos. 
Observe que se a empresa vender sua produção (nove unidades) a um preço de 
R$ 250,00 ela terá um prejuízo de R$ 400,00.
De acordo com Hall e Liebermann (2003), a firma enfrenta restrições que 
limitam sua capacidade de obter lucro. Para cada nível de produção que a firma 
escolher, sua curva de demanda determina o preço que ela pode cobrar e a receita 
total que receberá com as vendas. Sua tecnologia e o preço dos insumos são os 
determinantes do seu custo total com o qual ela deverá arcar. 
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
188
5 NÍVEL DE PRODUÇÃO PARA A MAXIMIZAÇÃO DOS 
LUCROS A CURTO E LONGO PRAZO 
Vimos anteriormente que a planta da firma é de fundamental importância 
para que empresa tome decisões quanto ao seu nível de produção, principalmente 
no curto prazo, quando não tem opção de realizar as alterações necessárias, o que 
faz com que ela opere com uma quantidade fixa de capital e escolha entre os 
níveis de insumos variáveis (trabalho e matéria-prima). 
Para compreendermos melhor a maximização do lucro de uma empresa 
que opera em um mercado competitivo, vamos utilizar como exemplo: a Empresa 
Alfatec de produção de queijo.
A empresa Alfatec é uma empresa familiar que produz uma quantidade 
Q de queijo e vende cada unidade ao preço P. Sabemos que a receita total da 
empresa é determinada por Q x P, por exemplo, o quilo do queijo é de R$ 6,00 e 
a empresa vende um total de 1.000 quilos, sendo que o valor da receita total é de 
R$ 6.000,00.
A empresa Alfatec é pequena em comparação ao mercado mundial e por 
isso não determina o preço do mercado. E por isso, se expandir a sua produção, 
o preço do queijo se manterá constante somente. A sua receita proporcional 
é que será equivalente à sua produção. Mas, como o objetivo da empresa é a 
maximização do lucro, veremos como sua decisão conduz a sua curva de oferta. 
Inicialmente, vamos começar nossa análise a partir da tabela a seguir com 
um exemplo de maximização de lucro da empresa Alfatec. 
QUADRO 7 - MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO DA EMPRESA 
Quantidade Receita Total
Custo 
Total Lucro
Receita 
Marginal
Custo
Marginal
Variação 
do Lucro
(Q) (RT) (CT) (RT-CT) (RMg=∆RT/∆Q) (CMg=∆CT/∆Q) (RMg-CMg)
0 0 3,00 -3,00 6,00 0 0
1 6,00 5,00 1,00 6,00 2,00 4,00
2 12,00 8,00 4,00 6,00 3,00 3,00
3 18,00 12,00 6,00 6,00 4,00 2,00
4 24,00 17,00 7,00 6,00 5,00 1,00
5 30,00 23,00 7,00 6,00 6,00 0,00
6 36,00 30,00 6,00 6,00 7,00 -1,00
7 42,00 38,00 4,00 6,00 8,00 -2,00
8 48,00 47,00 1,00 6,00 9,00 -3,00
FONTE: Adaptado de Mankiw (2005)
TÓPICO 3 | MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS COMPETITIVOS
189
Observe no quadro acima que na primeira coluna temos a quantidade de 
quilos de queijo que a firma produz. Na segunda coluna, a receita total (R$6,00 x 
Q). Na terceira coluna temos o custo total da fazenda, que são R$ 3,00 de custos 
fixos e os custos variáveis que dependem da produção. Na quarta coluna, temos 
o valor do lucro. E podemos verificar que a firma terá o maior lucro quando ela 
produzir quatro ou cinco quilos de queijo.
A figura a seguir nos mostra graficamente como se comporta a curva de 
custo marginal e a decisão de oferta da empresa. 
FIGURA 18 – MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO PARA EMPRESA COMPETITIVA
FONTE: Mankiw (2005, p. 294)
Observe na figura acima que, ao produzir Q1, sua receita marginal 
(RMg1) é maior que o custo marginal (CMg1), isso significa que, se a empresa 
aumentasse sua receita marginal (RMg) e seu custo marginal (CMg) em uma 
unidade, sua receita adicional (RMg1) excederia seus custos adicionais (CMg1). E, 
consequentemente, o lucro (receita total – custo total) aumentaria. Assim, quando 
a receita marginal é maior que o custo marginal, a empresa pode aumentar seu 
lucro, aumentando a produção. Já no caso de Q2, observamos que o custo marginal 
é maior que a receita marginal e, caso a empresa reduzisse a produção em uma 
unidade, conseguiria superar a receita perdida. Neste caso, se a receita marginal 
for menor que o custo marginal (como ocorre em Q2), a empresa pode aumentar 
seu lucro reduzindo a produção (MANKIW, 2005).
 
Assim, independentemente se a empresa partir de um nível de produção 
baixo como Q1 ou alto como Q2, ela poderá realizar ajustes de produção até que 
chegue ao Qmax. Tal análise demonstra uma regra geral de maximização do lucro, 
segundo Mankiw (2005, p. 295): “no nível de produção que maximiza o lucro, a 
receita marginal e o custo marginal são exatamente iguais”.
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
190
5.1 DECISÃO DE PARALISAR AS ATIVIDADES NO CURTO 
PRAZO 
Vimos, no exemplo anterior, a questão de quanto uma empresa 
competitiva deverá produzir para maximizar seu lucro, mas em alguns casos 
podemos observar que, dependendo da situação, a empresa poderá optar por 
paralisar suas atividades e nada produzir. Isso não quer dizer que ela saia do 
mercado, a paralisação refere-se a algo temporário. 
Para ficar mais claro para você, acadêmico, é importante verificarmos a 
diferença entre “sair do mercado” e “paralisação temporária”. 
UNI
Paralisação é uma decisão de curto prazo de não produzir nada por um período 
determinado de tempo devido às condições atuais de mercado (MANKIW, 2005).
 Saída do mercado é uma decisão de longo prazo de deixar o mercado (MANKIW, 2005).
Mas temos que lembrar que, principalmente nas decisões de curto prazo, 
as empresas permanecem com seu custo fixo e que a longo prazo elas poderão 
eliminá-lo. 
Da mesma forma, em algumas situações, como no caso da agricultura, se 
o produtor decidir não produzir mais nada em suas terras por uma estação, ou 
seja, a curto prazo, ele terá um custo fixo chamado de custo irrecuperável, pois 
o custo das terras é seu custo fixo. Se optar por não produzir nada, a terra ficará 
ociosa e ele não conseguirá recuperar estes custos. Entretanto, se a decisão for 
parar de produzir definitivamente, ele poderá recuperar este custo fixo vendendo 
suas terras. 
UNI
“Os economistas dizem que um custo é um custo irrecuperável quando já 
ocorreu e não pode ser recuperado [...] não pode ser evitado, independentemente das 
opções que faça [...]” (MANKIW, 2005,p. 297).
TÓPICO 3 | MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS COMPETITIVOS
191
Mas, em que caso a empresa toma a decisão de paralisar suas atividades? 
Geralmente, as empresas optam por parar as atividades a partir do momento em 
que sua receita total é menor que seu custo variável de produção.
 
Assim, a empresa poderá optar em paralisar nas seguintes situações:
• Se RT < CV (Receita Total menor que Custo Variável).
• Se RT/Q < CV/Q (Receita Total dividida pela quantidade menor que Custo 
variável dividido pela quantidade de produtos).
• Se P < CVM (preço menor que custo variável médio).
Graficamente podemos representar esta decisão, conforme figura a seguir:
FIGURA 19 – CURVA DE OFERTA DE CURTO PRAZO DAS EMPRESAS COMPETITIVAS 
FONTE: Mankiw (2005, p. 297)
5.2 A DECISÃO DA EMPRESA DE ENTRAR EM UM MERCADO 
OU SAIR NO LONGO PRAZO 
Veremos agora que a decisão de uma empresa em deixar o mercado no 
longo prazo é bem semelhante à decisão de paralisar suas atividades. Geralmente, 
esta decisão ocorre quando a receita que obteria com a produção for menor que 
seus custos totais. 
 Assim, a empresa tomará esta decisão sempre que:
• Se a RT < CT (receita total menor que Custo Total).
• Se RT/Q<CT/Q.
• Se P < CTM.
UNIDADE 3 | TEORIA DA FIRMA E MERCADOS COMPETITIVOS
192
Em suma, podemos dizer que a empresa tomará a decisão de sair do 
mercado sempre que seu preço for inferior ao seu custo médio de produção. 
Vejamos, na figura a seguir, como se comporta a curva de oferta de longo prazo. 
FIGURA 20 – CURVA DE OFERTA DE LONGO PRAZO DAS EMPRESAS COMPETITIVAS 
FONTE: Mankiw (2005, p. 299)
E o que leva a empresa a entrar num mercado competitivo? A empresa 
entrará no mercado se o empreendedor ver a possibilidade de o negócio ser 
lucrativo, ou seja, quando o preço do bem superar o custo total médio de produção. 
Desta forma, o critério de entrada matematicamente pode ser expressado por:
Se P> CTM (Preço maior que o custo total médio).
6 CURVA DE OFERTA EM UM MERCADO COMPETITIVO 
A análise da curva de oferta em um mercado competitivo envolve duas 
situações distintas: a primeira diz respeito à oferta no mercado com um número 
fixo de empresas (curto prazo); e a segunda análise corresponde a um mercado 
variável devido à saída de empresas antigas, bem como a entrada de novas 
empresas no mercado (longo prazo). 
A oferta do mercado com um número fixo de empresas, em que um 
número expressivo de empresas a qualquer preço, cada uma fornece uma 
quantidade de produtos ao custo marginal igual ao preço e sua curva de oferta 
será representada por sua curva do custo marginal. E, como as empresas são 
iguais, a oferta ao mercado será x vezes maior do que a quantidade que cada 
empresa oferta, conforme observamos na imagem a seguir.
TÓPICO 3 | MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS, OFERTAS E MERCADOS COMPETITIVOS
193
FIGURA 21 - OFERTA DE MERCADO COM NÚMERO FIXOS DE EMPRESAS
FONTE: Mankiw (2005, p. 301)
Já no longo prazo, trabalhamos com a oferta do mercado com entrada e 
saída de empresas. A decisão para uma empresa deixar o mercado ou entrar nele 
vai depender muito do tipo de incentivo que esteja recebendo naquele momento. 
De acordo com Mankiw (2005, p. 302), “ao fim do processo de entrada e saída, 
as empresas que ficarem no mercado deverão ter lucro econômico igual a zero”. 
Entretanto, uma empresa só poderá apresentar lucro zero se o preço do bem for 
inferior ao custo total médio da produção. 
194
Neste tópico, você aprendeu que:
• Um mercado perfeitamente competitivo baseia-se em três pressupostos: 
empresas tomadoras de preço; homogeneidade de produtos e livre entrada e 
saída do mercado.
• A diferença entre custos implícitos e explícitos.
• O lucro econômico é aquele que reconhece os custos de oportunidades. 
• Que muitas vezes as empresas precisam tomar a decisão de paralisar 
temporariamente a produção e/ou sair do mercado definitivamente. 
• Sugestão: listar a questão da maximização do lucro, quando ocorre, bem como 
quando aumentar a produção e diminuir a produção.
RESUMO DO TÓPICO 3
195
AUTOATIVIDADE
1 Diferencie lucro contábil de lucro econômico.
2 O que significa a curva de demanda que a firma enfrenta?
3 Em qual momento a empresa pode optar por paralisar as suas atividades:
196
197
REFERÊNCIAS
BALIAN, José Eduardo Amato. Teoria da firma: produção, custos e rendimentos 
– enfoque gerencial. In: GARÓFALO, Gilson de Lima. Fundamentos de teoria 
microeconômica contemporânea / organização– 1. ed. – São Paulo: Atlas, 2016.
CARDOSO, João Momede. Demanda e Elasicidades. In: GARÓFALO, Gilson de 
Lima. Fundamentos de teoria microeconômica contemporânea / organização. 
1. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
CARVALHO, Maria Auxiliadora de. Microeconomia essencial. São Paulo: 
Saraiva, 2015.
GARÓFALO, Gilson de Lima; PINHO, Terezinha Filgueiras de. Estudo da teoria 
microeconômica. In: Garofalo, Gilson de Lima (Org.). Fundamentos de teoria 
microeconômica contemporânea. São Paulo: Atlas, 2016.
GOLDRATT, Eliyahu M.; COX, Jeff. A meta: um processo de melhoria contínua. 
Ed. Nobel, 1984.
GREMAUD et al. Manual de economia. DIVA, Benevides Pinho; 
VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; TONETO Jr., Rudinei (Orgs.). 6. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2011.
GREMAUD, Amaury Patrick et al. Introdução à economia. São Paulo: Saraiva, 
2011.
HALL, Robert E. H.; LIBERMAN, M. Microeconomia, princípios e aplicações. 
Pioneira Thomson Learning, 2003.
MANKIW, GREGORY N. Princípios de microeconomia. 3. ed. São Paulo: Ed. 
Thompson, 2005. 
MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
MANKIW, N. Gregory. Princípios de microeconomia. Tradução: Allan Vidigal 
Hastings, Elisete Paes e Lima. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
MANKIW, N. Gregory. Princípios de microeconomia. Tradução: Allan Vidigal 
Hastings, Elisete Paes e Lima. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
MANSFIELD, Edwin; YOHE, Gary. Microeconomia. São Paulo: Editora Saraiva, 
2006.
MILTONS, Michelle Merética. Microeconomia. São Paulo: Saraiva, 2016. 
198
MONTELLA, Maura. Micro e macroeconomia: uma abordagem conceitual e 
prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. Princípios de economia. 5. 
ed. rev. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. São Paulo: Makron Books, 
2013.
PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 8. ed. Pearson, 
2013.
PINHO, Diva; VASCONCELLOS; Marco Antônio Sandovall de. Manual de 
economia. 5. ed. Saraiva 2004.
SALVATORE, Dominick. Microeconomia. São Paulo: Ed. Mcgraw Hill, 1984
SOUZA, Nali de Jesus de. Economia básica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
VASCONCELLOS, Marco Antônio S. Economia – micro e macro. 4. ed. São 
Paulo: Atlas, 2006.
VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de 
economia 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: micro e macro: 
teoria e exercícios, glossário com os 300 principais conceitos econômicos. 6. ed. 
São Paulo: Atlas, 2015.
Vasconcellos, Marco Antônio Sandoval de. Economia: micro e macro: teoria 
e exercícios, glossário com os 300 principais conceitos econômicos / Marco 
Antônio Sandoval de Vasconcellos. – 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
VASCONCELLOS, Marcos Antonio Sandoval de; SAKURAI, Sérgio R. Toneto 
Junior. Economia fácil. São Paulo: Saraiva, 2011.
VASCONCELOS, M. A. S. de; OLIVEIRA, R. G. de. Manual de microeconomia. 
São Paulo: Atlas, 2003.
VASCONCELOS, M. A. S.; OLIVEIRA. R. G. Microeconomia. São Paulo: Atlas, 2008.
WALL, Stuart. Microeconomia (Série Express). São Paulo: Saraiva, 2015.
WESSELS, Walter J. Microeconomia: teoria e aplicações. São Paulo: Saraiva, 
2010.

Mais conteúdos dessa disciplina