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Teologia e pedagogia do diálogo	
APRESENTAÇÃO
Alguns setores da sociedade consideram que a religião é fechada em si mesma, que não aceita 
dialogar, que não considera os posicionamentos alheios a si mesma. Contudo, a religião tem 
buscado sempre mais dialogar com a ciência e com a cultura, no intuito de pensar coletivamente 
em projetos que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas. Esses projetos passam 
fundamentalmente pela educação.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar essa temática bem como a relação da fé cristã 
com a história e o projeto de globalização da esperança a partir da mensagem de amor de Jesus 
Cristo.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar o fenômeno religioso e a sua necessidade dialógica com a ciência e a cultura 
moderna.
•
Explicar a importância da fé cristã e o seu compromisso com a história.•
Identificar por que a visão cristã está a serviço da articulação entre o transcendente e o 
imanente.
•
DESAFIO
O crescimento desordenado das cidades intensificou o problema da violência urbana. Essa 
situação ocorre devido à fome, à miséria, ao desemprego e aos baixos índices de escolaridade 
dos países subdesenvolvidos.
No caso do Brasil, a violência urbana é oriunda de muitos fatores. Entre eles, pode-se citar a 
falta de acesso aos direitos fundamentais, as políticas públicas ineficientes, o excessivo 
crescimento demográfico e a elitização da educação.
Diante desse cenário, apresente uma proposta que seja educativa, que crie oportunidade de ajuda 
mútua e de solidariedade para melhorar a convivência entre as pessoas.
INFOGRÁFICO
O papa Francisco considera fundamental que os cristãos procurem sempre mais fomentar a 
cultura do diálogo, com liberdade e igualdade, com vistas ao fortalecimento da convivência 
pública, estimulando a paz e a justiça entre os cidadãos. Para tanto, a educação pode e deve 
contribuir. O sumo pontífice sugere que se formem "redes" não só para unir e fortalecer escolas 
e universidades, mas também para vincular os saberes de forma interdisciplinar, bem como 
criar espaços de diálogo intercultural e inter-religioso dentro das instituições de educação. 
 
Para que os projetos educacionais sejam efetivos, o papa entende que existem três critérios 
essenciais: identidade, qualidade e bem comum. Veja neste Infográfico cada um deles.
 
CONTEÚDO DO LIVRO
A religião tem necessidade de dialogar com a ciência e com a cultura, sempre mais plurais e 
desafiadoras. Isso significa, dentro do quadro de um pluralismo religioso e ético, que as 
religiões devem contribuir para o fortalecimento da convivência pública, por meio de seus 
valores morais, estimulando a paz e a justiça entre os cidadãos. Para tanto, a fé cristã reafirma 
seu compromisso com a história, tanto no que diz respeito à expectativa pelas gerações 
vindouras quanto pela retrospectiva que nos torna conscientes e participantes de uma história 
comum. Dessa forma, a visão cristã busca aproximar o transcendente do imanente, isto é, 
entende que a educação traz consigo um horizonte de expectativas, porque está fundada na 
mensagem de esperança contida na verdade de Jesus Cristo.
No capítulo Teologia e pedagogia do diálogo, do livro Antropologia teológica e direitos 
humanos, você vai aprender a analisar o fenômeno religioso e a sua necessidade dialógica com a 
ciência e a cultura moderna, explicar a importância da fé cristã e o seu compromisso com a 
história e identificar por que a visão cristã está a serviço da articulação entre o transcendente e o 
imanente.
ANTROPOLOGIA 
TEOLÓGICA E 
DIREITOS 
HUMANOS 
Paulo Gilberto Gubert
Teologia e pedagogia 
do diálogo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar o fenômeno religioso e a sua necessidade dialógica com a 
ciência e a cultura moderna.
  Explicar a importância da fé cristã e o seu compromisso com a história. 
  Identificar por que a visão cristã está a serviço da articulação entre o 
transcendente e o imanente.
Introdução
Neste capítulo, vamos analisar em detalhes as relações entre a teologia 
e o ensino dialógico. Trata-se de uma proposta que leva em conta as 
particularidades de cada ser humano, mas que tem por intuito contribuir 
com a construção do bem para todos; ou seja, do bem comum. Para 
alcançar o bem comum, é preciso ir além do respeito e da aceitação da 
cultura dos outros. É preciso reconhecer a dignidade do outro e da sua 
cultura como sendo tão importantes quanto a sua. E mais: o outro tam-
bém ensina. O encontro entre culturas é muito produtivo e enriquecedor 
sempre que envolve aprendizado mútuo. Nesse contexto é que se torna 
possível entender o enraizamento da fé cristã no cotidiano, por meio da 
consciência histórica e da preocupação com as gerações futuras. Ciente 
disso, o cristianismo jamais poderá aceitar situações de violação da vida, 
porque entende que ela é o bem mais precioso, é dom de Deus.
Mas não basta viver por viver: é preciso que a vida seja plena e digna. 
Isso somente será possível por meio da globalização da esperança. A partir 
da esperança na salvação, todo cristão é convidado a ser sinal de esperança 
e a difundir a mensagem de amor de Cristo. No contexto de uma peda-
gogia do diálogo, trata-se de propagar o humanismo solidário, isto é, estar 
disposto a promover o bem comum por meio do diálogo e da cooperação.
Neste capítulo, você vai estudar o fenômeno religioso e a sua neces-
sidade dialógica com a ciência e a cultura moderna. Você também vai 
identificar a importância da fé cristã e o seu compromisso com a história 
e vai compreender por que a visão cristã está a serviço da articulação 
entre o transcendente e o imanente.
A religião em diálogo com a cultura 
A pós-modernidade traz consigo a globalização. Vemos um mundo que muda 
constantemente, plural e em crise. Consideramos aqui as crises de desemprego, 
política, migratória, democrática, econômica, ambiental, etc. Diante desse 
cenário, percebemos que essas crises tornam a paz algo difícil de ser atingido.
A violência e a morte se tornaram banais, parecem já não nos incomodar. 
Seja por meio de guerras entre exércitos, seja pelo terrorismo, os conflitos 
armados parecem estar cada vez mais presentes no cotidiano. Guerras e terro-
rismo são motivados, quase sempre, pela má distribuição dos bens que Deus 
criou e presenteou ao homem. 
Em Gênesis, 1, lemos o seguinte:
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem 
e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e 
multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes 
do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre 
a terra. E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, 
que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto 
que dê semente, ser-vos-á para mantimento (BÍBLIA, 1976, p. 27-29).
A desigualdade econômica está na gênese da miséria e da exploração de 
uns pelos outros. O subdesenvolvimento gera condições precárias de vida 
e obriga as pessoas a migrarem para outros estados ou países. Fenômenos 
como xenofobia e conflitos raciais são comuns nos destinos para onde se 
dirigem os migrantes. Aqui, a indiferença fala mais alto. Pouco importa o que 
Teologia e pedagogia do diálogo2
acontece com os outros, principalmente se não são parentes nem pertencem 
aos círculos de amizade.
Por outro lado, também podemos ver o contraponto da indiferença. Para 
além dos problemas, é preciso destacar que a globalização oferece múltiplas 
oportunidades. De um lado, temos os direitos humanos que, pela primeira 
vez, foram pensados para todos os humanos. Por outro lado, hoje podemos 
pensar que a globalização pode, cada vez mais, se tornar um fenômeno de 
solidariedade. As tragédias, sejam elas oriundas de desastres naturais ou das 
guerras, estão envolvendo cadavez mais pessoas que se importam, que criam 
associações de ajuda humanitária. 
Precisamos, cada vez mais pensar em projetos para melhorar a convivência 
entre as pessoas. Projetos que sejam educativos, que criem oportunidades de 
ajuda mútua e de solidariedade. Sobre isso, o Papa Bento XVI, na encíclica 
Caritas in Veritate, considera que a questão social é uma importante questão 
antropológica, que exige uma função educativa (BENTO XVI, 2009). 
Caritas in Veritate significa caridade na verdade. Foi a terceira encíclica escrita pelo 
Papa Bento XVI, publicada em 07 de julho de 2009, mas é a primeira encíclica na qual 
Bento XVI trata de temas e problemas sociais e econômicos, em um período de grave 
crise financeira e econômica no mundo. 
Nesse contexto, a Congregação para a Educação Católica escreveu um 
importante documento, intitulado “Educar ao humanismo solidário: para 
construir uma ‘civilização do amor’”, indicando que a Igreja tem a missão de 
apontar quais são os conteúdos que melhor respondem aos desafios atuais. Os 
grandes objetivos da humanidade passam por essa visão educativa. Segundo 
Versaldi e Zani (2017, documento on-line), os conteúdos devem atender aos 
seguintes requisitos: 
[...] o desenvolvimento harmônico das qualidades físicas, morais e intelectuais 
finalizados ao gradual amadurecimento do sentido de responsabilidade; a 
conquista da verdadeira liberdade; a positiva e prudente educação sexual. 
Ao longo desta perspectiva, intuía-se que a educação devia estar ao serviço 
de um novo humanismo, no qual a pessoa social estivesse aberta ao diálogo 
e cooperasse na promoção do bem comum.
3Teologia e pedagogia do diálogo
A expressão “civilização do amor” foi usada pelo Papa Paulo VI pela primeira vez em 
17 de maio de 1970, por ocasião da Festa de Pentecostes, e retomada várias vezes 
durante o seu pontificado.
Em vez de formar as pessoas para atender puramente aos interesses do “mer-
cado” e para a cultura do consumo e da competição, é necessário humanizar a 
educação, colocando a pessoa no centro do processo, não para individualizá-
-la, mas para que ela perceba que faz parte de um destino comum, isto é, 
interdependente. Esse é o significado de educar para o humanismo solidário.
Há ainda algo que antecede a educação escolar: é a educação familiar. Esta 
é que dá sustentação para o humanismo, porque está fundada na confiança e 
na reciprocidade de deveres. Assim, ocorre o aperfeiçoamento das capacidades 
individuais, morais e sociais de cada um, favorecendo o bom funcionamento 
da sociedade como um todo. 
O documento “Educar ao humanismo solidário”, de Versaldi e Zani (2017, 
documento on-line), refere que:
[...] uma educação humanizada [...] não pede simplesmente ao professor para 
ensinar e ao aluno para aprender, mas exorta cada um a viver, estudar e agir 
de acordo com as premissas do humanismo solidário; não prevê espaços de 
divisão e contraposição mas, pelo contrário, oferece lugares de encontro e 
debate para realizar projetos educativos válidos; trata-se de uma educação — 
ao mesmo tempo — sólida e aberta, que derruba os muros da exclusividade, 
promovendo a riqueza e a diversidade dos talentos individuais e expandindo 
o perímetro da própria sala de aula a cada âmbito da experiência social em 
que a educação pode gerar solidariedade, partilha, comunhão.
A solidariedade deve ensinar a viver e conviver interculturalmente. Culturas 
múltiplas se misturam, trazendo suas religiões, tradições e formas de entender o 
mundo, que podem ser bastante diferentes entre si. Essas diferenças, em vez de 
criarem intransigências e conflitos, podem ser uma excelente oportunidade para 
aprendermos com o outro, com aquele que é diferente de mim. Isso inclui desde 
aprender uma técnica de culinária até entender e aprender algo novo a partir de 
uma visão de mundo diferente. Isso se encaixa no que a Igreja Católica entende 
como cultura do diálogo, sendo que o diálogo não serve apenas para conhecer 
o outro e sua cultura. Conforme Versaldi e Zani (2017, documento on-line):
Teologia e pedagogia do diálogo4
O autêntico diálogo ocorre num quadro ético de requisitos e atitudes forma-
tivas, bem como de objetivos sociais. Os requisitos éticos para dialogar são 
a liberdade e a igualdade: os participantes do diálogo devem estar livres de 
seus interesses contingentes e estar dispostos a reconhecer a dignidade de 
todos os interlocutores. 
O Papa Francisco entende que reconhecer a dignidade do interlocutor do 
diálogo é uma atitude capaz de “[...] construir pontes e […] encontrar respostas 
para os desafios do nosso tempo” (FRANCISCO, 2017, documento on-line). 
Isso implica, dentro do quadro de um pluralismo religioso e ético, que as 
religiões devem contribuir para o fortalecimento da convivência pública, por 
meio de seus valores morais, estimulando a paz e a justiça entre os cidadãos. 
Portanto, a cultura do diálogo deve ser o centro da educação para o huma-
nismo solidário. As salas de aula das escolas e das universidades são ricas em 
diversidade de culturas de todos os tipos. Esses lugares são, por excelência, 
“moldados” para a cultura do diálogo e do encontro. Contudo, mesmo nesses 
locais, deve-se combater os males do egoísmo e do etnocentrismo, permitindo 
o encontro de diversidades e buscando construir uma civilização do amor. 
A fé cristã e o seu compromisso com a história
Você deve estar se perguntando: como se constrói uma civilização do amor? 
Isso não será apenas uma utopia? E se for apenas uma utopia, quer dizer que é 
apenas um sonho irrealizável? Acreditamos que não. A utopia serve para dar 
direcionamento, para que saibamos em que direção queremos andar. Ou seja, 
a utopia vai ganhando corpo à medida que se torna uma prática do cotidiano. 
Aqui se encontram e se unem a fé com a história. 
Sobre a utopia, o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, na entrevista disponível 
no link abaixo, afirma o seguinte, citando Fernando Birri: “A utopia está lá no horizonte. 
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte 
corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? 
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”. 
https://goo.gl/NbF0Jl
5Teologia e pedagogia do diálogo
Como isso pode acontecer? Primeiramente, fazendo com que cada pessoa 
se sinta protagonista, participante na construção do humanismo solidário. 
Deve-se promover o pluralismo de ideias, assegurando que as ciências não 
extrapolem a ética. Quer dizer que a Igreja Católica pretende dizer o que a 
ciência pode ou não pode fazer? Não. A Igreja apoia todas as iniciativas da 
ciência que contribuam para a melhoria da saúde e da qualidade de vida para 
todos. Ocorre que, quando a ciência ultrapassa os limites da ética, significa 
que a dignidade da vida humana foi ferida. E a vida digna está sempre em 
primeiro lugar. 
Contudo, não se trata apenas das vidas de hoje, mas também das de amanhã. 
O progresso da ciência e da tecnologia contribui para uma melhor qualidade 
de vida, mas pode influenciar os modos de vida e até a existência das futuras 
gerações. Portanto, o bem comum atual deve também considerar as gerações 
vindouras, pensando em modelos de desenvolvimento que preservem os recur-
sos naturais para a posteridade. Trata-se de “[...] contribuir para a construção 
da cultura baseada na ética intergeracional”, conforme lecionam Versaldi e 
Zani (2017, documento on-line).
Por outro lado, é preciso recordar das gerações que nos antecederam. Se 
existe uma organização social, consolidada em povos e nações, é porque 
existiu uma passagem histórica até os nossos dias. Por meio de erros e acertos, 
nossos antepassados também são responsáveis pela nossa existência. Existe 
uma ligação entre nossa evolução histórica e nosso desejo de vivermos bem 
juntos, o bem comum. É na história que o humanismo solidário se concretiza, 
contribuindo para a “[...] formação de uma consciência histórica, baseada na 
consciênciada unidade indissolúvel que leva os antepassados, os contempo-
râneos e os vindouros a superarem os níveis de familiaridade para que todos 
se reconheçam igualmente filhos do único Pai, num relacionamento de solida-
riedade universal”, como afirmam Versaldi e Zani (2017, documento on-line).
Isso implica em considerar um modelo de educação que vá além da mas-
sificação cultural, que tem por interesse último a manipulação dos indivíduos 
para que se tornem sempre mais consumistas. Nesse contexto, é preciso que 
se criem redes de cooperação que se proponham a superar esses desafios, por 
meio da partilha de experiências e de responsabilidades. Dessa forma, não se 
criam apenas grupos de pesquisa, mas grupos de pessoas que se entreajudam 
e que compartilham suas descobertas.
A Igreja defende a liberdade de educação sempre que esta favoreça a 
formação de princípios e valores para a boa convivência entre as pessoas. 
Dessa forma, “[...] hoje, assim como em cada época, a Igreja Católica tem a 
responsabilidade de contribuir, com o seu patrimônio de verdades e valores, 
Teologia e pedagogia do diálogo6
para a construção do humanismo solidário”, conforme afirmam Versaldi 
e Zani (2017, documento on-line), tendo como prioridade a construção da 
civilização do amor.
A globalização da esperança 
De acordo com a visão cristã, a educação possui, como uma de suas mais 
importantes características, a capacidade de criar as condições possíveis para 
o diálogo tanto entre os que pensam de forma semelhante quanto com os que 
pensam diferente, isto é, com a diversidade. 
Nesse ponto, o processo educativo se torna central para a convivência pacífica 
e enriquecedora entre os povos. Sendo assim, a educação “[...] enraíza-se no mais 
amplo conceito de ser humano — na sua caracterização psicológica, cultural 
e espiritual — para além de qualquer forma de egocentrismo e etnocentrismo, 
segundo uma concepção de desenvolvimento integral e transcendente da pessoa 
e da sociedade”, conforme lecionam Versaldi e Zani (2017, documento on-line).
Em sua encíclica Populorum progressio, o Papa Paulo VI afirma que “[...] o 
desenvolvimento é o novo nome da paz” (PAULO VI, 1967, documento on-line). 
Trata-se de uma importante declaração que se confirmou na medida em que 
o mundo, cada vez mais, foi percebendo a importância do desenvolvimento 
sustentável. A ideia central do desenvolvimento sustentável é a de que se deve 
encontrar um equilíbrio entre três pontos: econômico, social e ambiental. O 
problema é que a balança ainda pesa muito mais para o econômico. As tão 
esperadas transformações histórico-sociais avançam de forma muito lenta. 
A encíclica Populorum progressio, ou Sobre o progresso dos povos, é uma importante 
encíclica publicada em 26 de março de 1967, pelo Papa Paulo VI, que trata da missão 
da Igreja na era da globalização. A encíclica trata da necessária cooperação entre os 
povos, sobretudo com os países em desenvolvimento. Há uma crítica ao abismo entre 
ricos e pobres, bem como ao neocolonialismo. Há também uma afirmação de que 
todos os povos têm direito ao bem-estar. Em busca desse objetivo, os cristãos são 
convidados a trabalharem sempre mais em prol da paz, da justiça e da solidariedade. 
7Teologia e pedagogia do diálogo
Nesse sentido, a Igreja Católica não procura exaltar o mito do progresso, 
mas “[...] associa o desenvolvimento ao anúncio da redenção cristã, que não 
é uma utopia indefinida e futurista, mas já é ‘substância da realidade’, no 
sentido de que para ela ‘já estão presentes em nós as coisas que se esperam: 
a totalidade, a vida verdadeira’”, conforme apontam Versaldi e Zani (2017, 
documento on-line).
Ora, o que significa não permanecer em uma utopia futurista, mas ser 
substância da realidade? Significa que todo cristão, por meio da sua esperança 
na salvação, deve ser um sinal vivo e atuante dessa esperança, propagando a 
mensagem de amor de Jesus Cristo. Nesse contexto, trata-se de uma educação 
que se proponha a ser universal, porque é inclusiva. 
É dessa forma que a caridade cristã deve estar presente entre as ciências, 
acompanhando o homem “[...] na busca do sentido e da verdade na criação. A 
educação para o humanismo solidário deve então começar a partir da certeza 
da mensagem de esperança contida na verdade de Jesus Cristo”, conforme 
apontam Versaldi e Zani (2017, documento on-line). Assim, a educação deve 
ser portadora de esperança, por meio da razão e da vida, da teoria e da prática, 
para todos os povos do mundo. 
Por que é preciso globalizar a esperança por meio da educação? Porque um 
modelo de desenvolvimento que não é universal, mas de poucas pessoas ou de 
poucos grupos, está destinado a produzir sofrimento e miséria para a grande 
maioria. Daí se originam os conflitos armados, que matam milhares de pessoas 
todos os anos no mundo. Globalizar a esperança significa demonstrar que o 
conteúdo das ciências deve estar a serviço da realização plena de cada pessoa 
e de toda a humanidade. Significa formar para o amor cristão, defendendo a 
vida e promovendo a solidariedade e o bem comum.
BENTO XVI, Papa. Carta Encíclica Caritas in veritate. 2009. Disponível em: http://w2.vatican.
va/content/benedict-xvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20090629_cari-
tas-in-veritate.html. Acesso em: 23 jan. 2019.
BÍBLIA. Bíblia sagrada. São Paulo: Paulinas, 1976.
FRANCISCO, Papa. Discurso aos participantes na Plenária da Congregação para a Educação 
Católica. 2017. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/
february/documents/papa-francesco_20170209_plenaria-educazione-cattolica.html. 
Acesso em: 23 jan. 2019.
Teologia e pedagogia do diálogo8
PAULO VI, Papa. Carta Encíclica Populorum Progressio: sobre o desenvolvimento dos 
povos. 1967. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/do-
cuments/hf_p-vi_enc_26031967_populorum.html. Acesso em: 23 jan. 2019.
VERSALDI, G. C.; ZANI, A. V. Educar ao humanismo solidário: para construir uma “civilização 
do amor”. 2017. Disponível em: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/
ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_20170416_educare-umanesimo-
-solidale_po.html. Acesso em: 23 jan. 2019.
Leituras recomendadas
BENTO XVI, Papa. Carta Encíclica Spe salvi. 2007. Disponível em: http://w2.vatican.va/
content/benedict-xvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20071130_spe-salvi.
html. Acesso em 23 jan. 2019.
GROCHOLEWSKI Z. C.; ZANI, A. V. Educar al diálogo intercultural en la escuela católica: vivir 
juntos para una civilización del amor. 2013. Disponível em: http://www.vatican.va/ro-
man_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_20131028_
dialogo-interculturale_sp.html. Acesso em: 23 jan. 2019.
9Teologia e pedagogia do diálogo
DICA DO PROFESSOR
A obra Utopia, de Thomas More, aborda a forma como o autor imaginou uma sociedade 
perfeita. A etimologia da palavra remonta para "lugar nenhum" ou "lugar inexistente". Trata-se 
de uma ilha imaginária onde tudo funciona bem, em contraste com o caos político que vivia a 
Europa naquela época. Os temas tratados na obra são muito concretos: paz, guerra, finanças, 
poder, colonização e economia. 
Nesta Dica do Professor, você vai saber mais sobre a vida de Thomas More e sobre a obra 
Utopia, um livro clássico do período moderno.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) As crises tornam a paz algo difícil de ser atingido. A violência e a morte se tornaram 
banais, parecem já não nos incomodar. Seja por meio de guerras entre exércitos, seja 
pelo terrorismo, os conflitos armados parecem sempre mais presentes no cotidiano. 
Guerras e terrorismo são motivados, quase sempre, pela má distribuição dos bens 
que Deus criou e presenteou ao homem. Isso significa que: 
A) não há o que fazer, afinal, o homem é lobo do próprio homem, como disse Thomas 
Hobbes.
B) é importante que todos possam ter acesso tanto aos direitos quanto aos bens.
C) a propriedade privada deveriaser abolida.
D) é mais importante ter acesso aos bens do que ter direitos.
E) os conflitos armados equilibram as forças entre o bem e o mal no mundo.
2) A Congregação para a Educação Católica escreveu um importante documento, 
intitulado Educar ao humanismo solidário: para construir uma “civilização do amor”, 
indicando que a Igreja tem a missão de apontar quais são os conteúdos que 
respondem mais adequadamente aos desafios atuais. Nesse contexto, a função da 
educação é:
A) estimular a formação de pessoas abertas ao diálogo e à construção do bem comum.
B) impedir a educação sexual nas escolas.
C) formar pessoas que amem a todos e que nunca entrem em conflito com ninguém.
D) determinar quais conteúdos podem ser abordados em sala de aula.
E) padronizar a educação, para que todos pensem de forma parecida e assim possam se 
entender.
3) Como a Igreja entende ser possível, por meio da educação, defender o pluralismo de 
ideias e, ao mesmo tempo, impedir que a ciência se sobreponha à ética?
A) Apoiando sempre os progressos da ciência e da tecnologia.
B) Considerando que o meio ambiente deve estar sempre à disposição do homem.
C) Entendendo que as gerações futuras resolverão os problemas da civilização atual.
D) Considerando sempre, em primeiro lugar, a dignidade da vida humana.
E) Promovendo os interesses do mercado.
4) Um relacionamento de solidariedade universal implica considerar um modelo de 
educação que vá além da massificação cultural. Como deve ser esse modelo de 
educação?
A) Deve estimular incessantemente o progresso e o consumo, motores do desenvolvimento.
B) Deve conduzir o aluno para o aprendizado coletivo, desconsiderando os aspectos 
individuais.
C) Deve formar redes de cooperação que partilhem experiências e responsabilidades.
D) Deve favorecer o diálogo, pois, onde há diálogo, não existem conflitos.
E) Deve impor a verdade da mensagem cristã.
5) Em sua encíclica Populorum Progressio, o papa Paulo VI afirma que “o 
desenvolvimento é o novo nome da paz”. Trata-se de uma importante declaração que 
se confirmou na medida em que o mundo, cada vez mais, foi percebendo a 
importância do desenvolvimento sustentável. Qual é o modelo de desenvolvimento 
sustentável defendido pelo papa Paulo VI?
A) O modelo que leva em conta o acúmulo de bens sem necessidade.
B) O mesmo modelo de desenvolvimento pensado pelo papa Francisco.
C) O modelo que equilibra a ciência com a tecnologia.
D) O mesmo modelo de desenvolvimento sustentável defendido anteriormente pelo papa 
Bento XVI.
E) O modelo que busca o equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental.
NA PRÁTICA
Quando um modelo de desenvolvimento não pode ser universal, mas de poucas pessoas ou de 
poucos grupos, está destinado a produzir sofrimento e miséria para a grande maioria. Daí se 
originam os conflitos armados que matam milhares de pessoas todos os anos no mundo. Para 
mudar esse quadro, a Igreja convoca as escolas e universidades católicas para que promovam a 
globalização da esperança, de tal forma que o conteúdo das ciências esteja a serviço da 
realização plena de cada pessoa e de toda a humanidade. Isso significa formar para o amor 
cristão, defendendo a vida, promovendo a solidariedade e o bem comum.
 
Conheça, Na Prática, o trabalho de São Marcelino Champagnat e o dos Irmãos Maristas.
 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Declaração sobre a educação cristã Gravissimum Educationis
Gravissimum Educationis é uma declaração do Concílio Vaticano II sobre educação cristã. Foi 
promulgada em 28 de outubro de 1965 pelo papa Paulo VI, após a aprovação dos bispos 
reunidos. O Concílio enunciou alguns princípios fundamentais sobre a educação cristã, 
especialmente nas escolas.
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Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae
A Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae (No coração da Igreja) foi escrita por João Paulo 
II com o intuito de descrever a identidade das universidades católicas, apresentar a missão das 
instituições superiores de ensino e tratar do trabalho prático dessas universidades.
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Educar hoje e amanhã. Uma paixão que se renova
Este discurso do papa Francisco ressalta a maneira como a educação se tornou seletiva e elitista 
na atualidade. O papa entende que a educação católica deve ajudar a família, as instituições de 
ensino e o Estado a retomarem suas responsabilidades educativas. Francisco destaca ainda que a 
educação precisa conjugar três linguagens ao mesmo tempo: a do coração, a da mente e a das 
mãos.
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