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Teologia e direitos humanos	
APRESENTAÇÃO
A questão dos direitos humanos geralmente é causadora de polêmicas porque, nas discussões 
cotidianas, fica centrada em argumentações políticas de direita versus esquerda. Mas o assunto 
não se esgota aí. Para além da polarização das discussões políticas, a temática se torna muito 
mais interessante e enriquecedora porque é interdisciplinar. Nesse contexto, a Teologia tem 
muito a contribuir para o aprimoramento da questão.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ter a oportunidade de refletir sobre a importância dos 
direitos humanos na perspectiva teológica. Também vai estudar os objetivos da doutrina social 
da Igreja diante dos desafios impostos pela realidade de negação dos direitos para determinados 
grupos sociais, investigando a relação entre fé e prática e examinando alguns pressupostos da 
teologia da revelação.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer o atual diálogo entre os direitos humanos e a Teologia.•
Definir direitos humanos à luz da doutrina social da Igreja.•
Identificar a base dos direitos humanos à luz da revelação cristã.•
DESAFIO
Sabe-se que as desigualdades sociais podem ser motivadas pela ausência do poder público, que, 
por vezes, nada faz para ajudar quem mais precisa. Nesse contexto, muitas pessoas se 
empenham em auxiliar e, depois, querem trocar o auxílio por votos ou simplesmente querem 
obter reconhecimento social.
Suponha que você identificou uma série de problemas em um bairro pobre da sua cidade: 
O bairro tem, ainda, alguns espaços não construídos (além da praça) que pertencem à prefeitura, 
além de uma igreja e pequenos comerciantes (mercado, materiais de construção, etc.).
A partir desse cenário, responda: como você procederia para garantir a efetiva melhoria das 
condições de vida dessa população pobre sem que isso se torne um mero faz de conta ou um 
jogo de interesses?
INFOGRÁFICO
A preocupação com os direitos humanos inicia-se com o próprio Cristo, conforme podemos ler 
em Mateus 9, 35-36. Depois disso, muitos papas tiveram grande empenho em consolidar o que 
passou a se chamar de doutrina social da Igreja.
No Infográfico você pode acompanhar uma linha do tempo com os fatos que norteiam as ações 
da Igreja em defesa daqueles que perderam a dignidade e têm seus direitos mais básicos 
negados. 
CONTEÚDO DO LIVRO
A Teologia entende que a vida humana é digna e sagrada, por isso ela não pode ser entendida de 
forma mercantil, ou seja, a vida não tem preço, ela não é um produto de mercado. Sendo assim, 
a vida deve ser respeitada. Nesse contexto, a doutrina social da Igreja se propõe a estabelecer 
princípios para nortear as organizações sociais e políticas, convidando as pessoas a agirem, a 
fazerem algo pelos outros, sobretudo pelos mais excluídos.
No capítulo Teologia e direitos humanos, da obra Antropologia teológica e direitos humanos, 
que é base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai entender que, assim como Jesus 
Cristo, que sofreu e vivenciou as dores e as angústias do ser humano, hoje o pobre, o excluído e 
o marginalizado revelam o rosto sofrido da vida humana. Por isso, a fé cristã não pode 
permanecer calada. A fé impele o cristão a agir, a promover os direitos humanos para todos, 
especialmente para aqueles a quem esses direitos foram negados.
 
ANTROPOLOGIA 
TEOLÓGICA E 
DIREITOS 
HUMANOS 
Paulo Gilberto Gubert
Teologia e direitos humanos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer o atual diálogo entre direitos humanos e teologia.
  Definir direitos humanos à luz da doutrina social da Igreja.
  Identificar a base dos direitos humanos à luz da revelação cristã.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar um pouco mais sobre o debate existente entre 
a teologia e os direitos humanos e, mais do que isso, de que forma os direitos 
humanos contribuem para um melhor entendimento da própria teologia 
no seu diálogo com a humanidade. Você também vai verificar uma parte 
da história da Doutrina Social da Igreja, analisando a forma como ela nasce 
justamente com a intenção de responder aos problemas sociais e políticos 
que a Igreja foi percebendo ao longo do tempo. Por fim, vai compreender 
a relação entre a revelação cristã e os direitos humanos. Sem a fé, a luta por 
direitos humanos corre o risco de se tornar uma mera formalidade ou um 
puro altruísmo. Quando a fé cristã nos impulsiona para fazermos boas ações 
em favor dos outros, então nós estamos vivenciando a espiritualidade. 
Teologia e direitos humanos: um diálogo possível?
Os direitos humanos na pós-modernidade não estão mais centrados somente 
na noção de tolerância, como foi na modernidade. Atualmente, busca-se 
reconhecimento e aceitação, bem como liberdade de vivenciar publicamente 
as escolhas e crenças individuais. Nesse contexto, o conceito de direitos hu-
manos sofre um alargamento, na medida em que não se trata mais de apenas 
aceitar a existência de opiniões diferentes, mas de aceitar opiniões diferentes.
Isso significa que essa discussão deve necessariamente ser interdisciplinar. 
Portanto, os direitos humanos não podem ser pensados como uma disciplina 
exclusiva do Direito, embora permaneçam vinculados a essa área do conheci-
mento. O núcleo dos direitos humanos vai além da esfera jurídica, uma vez que 
ele diz respeito à organização social humana, e isso implica em uma abordagem 
que leve em consideração múltiplas áreas de conhecimento, como a teologia. 
Um conceito muito importante para a Teologia é o de intersubjetividade, 
ou alteridade. Não é possível pensar em direitos humanos sem levar em consi-
deração os outros — aliás, todos os outros. Aqui entra em jogo um princípio 
da universalidade: o respeito à dignidade da vida humana sem exceção. Além 
disso, os direitos humanos devem ser absolutos. Eles não se restringem à 
discussão sobre a validade ou invalidez de normas e preceitos, porque “[...] o 
absoluto dos direitos humanos está na vida. Nessa ordem de ideias, o funda-
mento dos direitos humanos está no mundo da vida, na possibilidade de uma 
vida digna, porque a vida é o fundamento absoluto dos direitos humanos”, 
conforme leciona Corredor (2005, documento on-line).
A dignidade e a sacralidade da vida, nas quais se fundamentam teologi-
camente os direitos humanos, não seguem uma lógica de mercado. Em outras 
palavras, a vida humana não é uma coisa, um produto comercializável: a vida 
tem valor, as coisas têm preço, e não devemos inverter essa ordem. Um exemplo 
de vida humana como produto de mercado é a escravidão. 
Apesar de já termos superado quase por completo o problema da escravidão, 
vivemos um período de profundas injustiças, que tornam o ser humano sofrido 
e desamparado, por conta das angústias, do desespero, da dor e da fome. 
Por exemplo, em torno de 800 milhões de pessoas passam fome no mundo. 
Outros grupos de pessoas que ficam marginalizadas, sem dignidade, são, por 
exemplo, as vítimas de violência física e psíquica, da indústria das armas e da 
guerra e, também, de desastres naturais. Essas pessoas frequentemente ficam 
excluídas, são exploradas e marginalizadas.
Produzimos mais alimentos do que o necessário para alimentar todas as pessoas 
do mundo. Contudo, temos quase 800 milhões de pessoas que não têm o mínimo 
necessário de alimentos para uma vida saudável. Acesse o link a seguir e leia mais 
sobre o assunto.
https://goo.gl/MWh4MH
Teologia e direitos humanos2
Diante disso, se coloca a questão sobre a maneira como Deus está presente 
no cotidiano das pessoas, inclusive por meio do reconhecimento dos direitos 
de cada ser humano. Nesse caso, a Teologia contribui por meio de “[...] uma 
leitura libertadora que fundamente os direitos humanos, porque é na dor, na 
injustiça, na solidão de seu povo que Deus o escuta, e seu clamor exige justiça”, 
segundo leciona Corredor (2005, documentoon-line).
Os direitos humanos e a doutrina social da Igreja 
A Doutrina Social da Igreja foi construída à medida que a Igreja se sentiu 
com a missão de oferecer uma resposta aos problemas sociais e políticos que 
surgiram ao longo dos últimos 20 séculos. Sendo assim, ela é fruto de uma 
construção histórica, constituída por ensinamentos presentes na Sagrada 
Escritura (Bíblia) e em muitas encíclicas, bulas e pronunciamentos dos papas. 
A Doutrina Social da Igreja estabelece princípios para nortear as organizações 
sociais e políticas, convidando as pessoas a agirem, a fazerem algo pelos 
outros, sobretudo pelos mais excluídos.
Os principais temas abordados pela Doutrina Social da Igreja são: o bem 
comum, a solidariedade, o cuidado com o meio ambiente, o respeito pelos 
povos e suas culturas, a promoção da paz, da justiça e da liberdade e o respeito 
pela família, pelos direitos e pela dignidade humana. 
Um exemplo que podemos trazer da modernidade é o do Papa Gregório XVI 
(1831–1846), que condenou a escravidão dos negros, com a bula In Supremo 
Apostolatus, escrita em 1839. Dessa forma, ele também contribuiu para a 
abolição da escravatura no mundo. 
O Papa Leão XIII (1810–1903) também tem grande destaque nesse contexto. 
Durante seu papado, ele deu ênfase para as questões sociais. Atento observador da 
realidade sofrida da vida humana de seu tempo, Leão XIII procurava inspiração 
não apenas no cotidiano, mas na tradição da Igreja, buscando iluminação na 
Bíblia. Rerum Novarum: sobre a condição dos operários é o título da encíclica 
escrita por Leão XIII em 1891 e considerada um dos mais importantes documen-
tos sobre Doutrina Social da Igreja. O núcleo dessa encíclica é “[...] a dignidade 
da pessoa humana e do trabalhador, o direito inalienável à propriedade privada e 
a função social dos bens, o papel do Estado social de direito à livre associação”, 
conforme afirma Corredor (2005, documento on-line). 
3Teologia e direitos humanos
Você sabia que os documentos escritos pelos papas têm nomes diferentes, de acordo 
com a mensagem que eles querem transmitir? Falamos acima de bula e de encíclica, mas 
existem também cartas apostólicas, exortações apostólicas, constituições apostólicas 
e motu proprio. Leia mais no link a seguir.
https://goo.gl/mF2bc8
Após a encíclica de Leão XIII, outros papas produziram encíclicas com 
temas fundamentais em torno dos direitos humanos. Bento XV (1854–1922), 
na encíclica Ad Beatissimi Apostolorum, de 1914, convoca os cristãos para a 
paz, pois estavam no contexto da Primeira Guerra Mundial. Sobre essa mesma 
temática, em 1920, Bento XV escreve a encíclica Pacem Dei Munus: sobre 
a restauração da paz. 
Pio XI (1857–1939) escreveu três encíclicas envolvendo a Doutrina Social 
da Igreja e os direitos humanos: Ubi Arcano (1922), Quas Primas (1925) e 
Quadragesimo Anno (1931). Nessas encíclicas, ele condena a imoralidade, 
as revoluções e a exploração do trabalho, defendendo o direito ao salário 
digno e à propriedade privada. Além disso, o Papa Pio XI escreveu contra os 
totalitarismos de direita e de esquerda na encíclica Non abbiamo bisogno, na 
qual se posicionou contra o fascismo italiano; também combateu o nazismo 
alemão, com a encíclica Mit brenender sorge, e, ainda, atacou o comunismo 
soviético, com a encíclica Divini Redemptoris.
Pio XII (1876–1958) abomina o racismo na encíclica Summi Pontificatus 
(1939). Também foi um pregador incansável pela defesa da dignidade humana 
e, inclusive, enumerou uma lista dos direitos fundamentais da pessoa, em sua 
mensagem radiofônica de Natal, no ano de 1942. Com isso, ele se antecipa à 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das 
Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 (ONU, [2018]). 
Teologia e direitos humanos4
No parágrafo 34 da mensagem radiofônica do Natal de 1942, Pio XII escreve que os 
direitos fundamentais da pessoa são os seguintes: 
[...] o direito a manter e desenvolver a vida corporal, intelectual e mo-
ral e particularmente o direito a uma formação e educação religiosa; 
o direito ao culto de Deus, particular e público, incluindo a ação da 
caridade religiosa; o direito, máxime, ao matrimônio e à consecução 
do seu fim; o direito à sociedade conjugal e doméstica; o direito ao 
trabalho como meio indispensável para manter a vida familiar; o direito 
à livre escolha de estado, também sacerdotal e religioso; o direito ao 
uso dos bens materiais, consciente dos seus deveres e das limitações 
sociais (PIO XII, 1942, documento on-line).
Outro Papa de extrema relevância para a Doutrina Social da Igreja foi João 
XXIII (1958–1963). Em 1963, ele publicou a encíclica Pacem in Terris, por 
ocasião dos 15 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, para a 
qual faz uma menção positiva (JOÃO XXIII, 1963). No entanto, ele acrescenta 
direitos não presentes na declaração e, principalmente, acrescenta nela os 
respectivos deveres do ser humano. 
No parágrafo nove da encíclica, João XXIII declara que:
[...] em uma convivência humana bem constituída e eficiente, é fundamental 
o princípio de que cada ser humano é pessoa; isto é, natureza dotada de inteli-
gência e vontade livre. Por essa razão, possui em si mesmo direitos e deveres, 
que emanam direta e simultaneamente de sua própria natureza. Trata-se, 
por conseguinte, de direitos e deveres universais, invioláveis, e inalienáveis 
(JOÃO XXIII, 1963, documento on-line).
Depois disso, João XXIII ainda convocou o Concílio Vaticano II, que 
significou uma abertura da Igreja para o mundo, valorizando as descobertas 
da ciência e aprimorando o diálogo entre fé e razão. Durante o concílio, foram 
elaborados muitos documentos pelos cardeais. Dentre eles, a Constituição 
Gaudium et spes. 
5Teologia e direitos humanos
O Concílio Vaticano II foi constituído por conferências realizadas entre os anos de 1962 
e 1965. De acordo com Navarro (2018, documento on-line), estas foram:
[...] o grande evento da Igreja Católica no século 20. Com o objetivo de 
modernizar a Igreja e atrair os cristãos afastados da religião, o papa 
João XXIII convidou bispos de todo o mundo para diversos encontros, 
debates e votações no Vaticano. Da pauta dessas discussões constavam 
temas como os rituais da missa, os deveres de cada padre, a liberdade 
religiosa e a relação da Igreja com os fiéis e os costumes da época.
Nessa Constituição (NAVARRO, 2018), a Igreja novamente ressalta a im-
portância da paz, mediante a ameaça da guerra. Além disso, ressalta que, em 
quaisquer situações de conflitos armados, os direitos das pessoas não podem 
ser violados. Nesse caso, se houver a violação dos direitos, haverá crime de 
guerra. A constituição acentua ainda a valoração da vida humana, baseada 
em um ordenamento social que possibilite uma vida digna para todos. No 
parágrafo 73 dessa mesma Constituição, podemos ler que:
A consciência mais sentida da dignidade humana dá origem em diversas 
regiões do mundo ao desejo de instaurar uma ordem político-jurídica em que 
os direitos da pessoa na vida pública sejam melhor assegurados, tais como 
os direitos de livre reunião e associação, de expressão das próprias opiniões 
e de profissão privada e pública da religião. A salvaguarda dos direitos da 
pessoa é, com efeito, uma condição necessária para que os cidadãos, quer 
individualmente quer em grupo, possam participar ativamente na vida e gestão 
da coisa pública (NAVARRO, 2018, documento on-line). 
Em toda a América Latina, devido à influência da encíclica Pacem in 
Terris e do Concílio Vaticano II, a Igreja está, desde os anos 1960, trabalhando 
exponencialmente em prol dos direitos humanos, por meio da sua opção pre-
ferencial pelos pobres. Esta se manifesta nos movimentos e nas comunidades, 
bem como nas propostas de campanhas nacionais da Conferência Nacional 
dos Bispos do Brasil, como a Campanha da Fraternidade, no Brasil.
Teologia e direitos humanos6
A Campanha da Fraternidade é realizada anualmente no Brasil pela Igreja Católica. 
O seu principalobjetivo é despertar a solidariedade — não só dos católicos, mas de 
toda a sociedade — em relação a um problema concreto que envolve a sociedade 
brasileira, buscando caminhos de solução. Leia mais no link a seguir. 
https://goo.gl/Nv627g
As conferências realizadas pelos bispos latino-americanos em Medellín, Pue-
bla, Santo Domingo e Aparecida também tiveram como resultado documentos 
que promovem e defendem os direitos humanos. Destacamos aqui o Documento 
de Medellín e o Documento de Aparecida. No primeiro, os bispos destacam 13 
objetivos a atingir (também chamados de linhas pastorais) com a missão da Igreja. 
Dentre eles, o segundo objetivo diz o seguinte: “Defender, segundo o mandato 
Evangélico, os direitos dos pobres e oprimidos, urgindo os nossos governos e 
classes dirigentes que eliminem tudo o quanto destrua a paz social: injustiça, 
inércia, venalidade, insensibilidade” (MEDELLÍN..., 2018, documento on-line).
No Documento de Aparecida também são defendidos os direitos humanos. 
No parágrafo 387, os bispos destacam que:
[...] a cultura atual tende a propor estilos de ser e viver contrários à natureza e 
dignidade do ser humano. O impacto dominante dos ídolos do poder, da riqueza 
e do prazer efêmero se transformaram, acima do valor da pessoa, em norma 
máxima de funcionamento e em critério decisivo na organização social. Diante 
dessa realidade, anunciamos, uma vez mais, o valor supremo de cada homem e 
de cada mulher. Na verdade, o Criador, ao colocar a serviço do ser humano tudo 
o que foi criado, manifesta a dignidade da pessoa humana e convida a respeitá-la 
(CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, 2012, documento on-line).
No Documento de Aparecida também são mencionados com destaque 
aqueles que não podem usufruir plenamente de seus direitos, os excluídos e 
os pobres: “[...] à luz do Evangelho reconhecemos sua imensa dignidade e seu 
valor sagrado aos olhos de Cristo, pobre como eles e excluído como eles. Desta 
experiência cristã compartilharemos com eles a defesa de seus direitos” (CON-
SELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, 2012, documento on-line).
7Teologia e direitos humanos
Diante disso, vemos que a atuação da Igreja Católica tem sido de enorme 
importância para a consolidação dos valores dos Direitos Humanos. Hoje, a 
Igreja está intensificando ainda mais essa atuação, lutando pela defesa dos 
pobres e oprimidos e para que a justiça seja efetiva para todos, garantindo que 
todos possam usufruir de seus direitos humanos.
Os direitos humanos e a revelação cristã
Ao afi rmar a dignidade e a sacralidade da vida, entendemos que os direitos 
humanos se tornam um locus teológico, isto é, um local a partir do qual se 
pode pensar a Teologia. Nesse sentido é que podemos perceber que há uma 
relação muito próxima entre dignidade humana e a revelação cristã. 
A revelação cristã é a forma como Deus se revela aos seres humanos, por 
meio de palavras e acontecimentos, para que percebam sua benevolência. Isso 
significa que os homens podem participar, pela graça do Espírito Santo, da 
vida divina, como filhos adotivos, por meio de seu filho único, Jesus Cristo.
Cristo é a plenitude da revelação. Nele se realizaram e se cumpriram todas 
as escrituras, tudo o que os profetas haviam anunciado. É na vida cotidiana que 
a Teologia entende os direitos humanos como a revelação do Deus da vida. O 
pobre, o excluído e o marginalizado revelam o rosto sofrido da vida humana. 
Nesse contexto, a luta pelos direitos humanos deve ser a resposta do cristão 
“[...] como expressão e revelação do Deus da Vida que acontece na história e 
reclama justiça do primado do princípio da misericórdia. Assim, o ponto de 
partida é a espiritualidade, uma vida com espírito, ou seja, um estilo de vida 
marcada pelo espírito de Jesus”, conforme leciona Corredor (2005, documento 
on-line). A espiritualidade do cristão não pode ser reduzida somente aos rituais 
religiosos. A espiritualidade é uma forma de vida segundo o espírito do próprio 
Cristo. Assim, segundo Sobrino (1994), conhecer Deus é praticar a justiça. 
Como a vida espiritual pode se tornar também prática? Assegurando a 
garantia aos direitos humanos para todos, dignificando a vida humana como 
resposta ao próprio Deus da vida, que se revelou em Jesus. Isso significa lutar 
para que a justiça aconteça. Sendo assim, “[...] a fé implica a justiça; implica 
o agir no seguimento de Jesus Cristo a favor dos pobres, dos desprotegidos, 
das vítimas, já que a própria revelação de Deus clama por justiça por meio 
dos direitos humanos”, conforme dita Corredor (2005, documento on-line).
Os direitos humanos são a realização da fé na prática, quando ela se con-
cretiza na história. Isso quer dizer que a fundamentação dos direitos humanos 
não pode ser encontrada somente no Direito, na Filosofia ou na Teologia. Seu 
Teologia e direitos humanos8
fundamento também está na vida cotidiana, na história de cada pessoa, a 
cada vez que seus direitos lhe são assegurados. Mas isso só fará sentido para 
os cristãos se for realizado com espiritualidade, como dissemos acima, com 
o mesmo “espírito” de Jesus. Do contrário, a luta pelos direitos humanos se 
torna um altruísmo, um mero fazer por fazer, que, gradativamente, deixará 
de fazer sentido para os cristãos. 
Trata-se, portanto, de um agir em defesa da vida, mas com misericórdia 
para com os mais sofridos. Por que com misericórdia? Porque Deus sempre 
tem misericórdia para conosco, e, se queremos agir com o espírito, devemos ser 
misericordiosos uns para com os outros. Deus se tornou humano para que o ser 
humano pudesse chegar à Deus. Segundo Corredor (2005, documento on-line), 
“[...] esta é a nova lógica do sentido teológico dos direitos humanos, contrária 
à lógica do mercado e do capitalismo, pois a luta pelos direitos humanos é 
locus — lugar onde acontece a salvação de Deus — é sacramento de salvação”.
Enfim, defender os direitos humanos é lutar por vida digna para todos. 
Dessa forma, ser cristão também implica em lutar pelos direitos humanos. 
Nesse sentido, a revelação de Deus mostra-se como uma revelação de espe-
rança, de alegria e de vida. 
CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida. 2012. Disponível 
em: https://www.franciscanos.org.br/wp-content/uploads/2012/05/docaparecida.pdf. 
Acesso em: 30 jan. 2019.
CORREDOR, D. E. L. Fundamentação teológica dos direitos humanos. Caderno Teologia 
Pública, ano 2, nº. 15, p. 1-20, 2005. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/
fe/corredor_fundamentacao_teologica_dh.pdf. Acesso em: 30 jan. 2019.
JOÃO XXIII, Papa. Pacem in Terris. 1963. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/
john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_11041963_pacem.html. Acesso 
em: 30 jan. 2019.
MEDELLÍN em gotas. 15ª Linhas pastorais. Instituto Humanas Unisinos, São Leopoldo, RS, 
9 set. 2018. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/582545-medellin-
-em-gotas-14-linhas-pastorais. Acesso em: 30 jan. 2019.
NAVARRO, R. O que foi o Concílio Vaticano II? Conferência realizada entre 1962 e 1965 
gerou transformações profundas na Igreja. Revista Superinteressante, São Paulo, 4 jul. 
2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-o-concilio-
-vaticano-ii/. Acesso em: 30 jan. 2019.
9Teologia e direitos humanos
ONU. Assembleia Geral das Nações Unidas. Declaração universal dos direitos humanos. 
Unicef Brasil, [2018]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.
html. Acesso em: 30 jan. 2019.
PIO XII, Papa. Con sempre nuova freschezza. O Santo Natal e a humanidade sofredora. 
1942. Disponível em: https://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/speeches/1942/docu-
ments/hf_p-xii_spe_19421224_radiomessage-christmas.html. Acesso em: 30 jan. 2019.
SOBRINO, J. Liberación con espíritu: apuntes para una nueva espiritualidad. 2. ed. San 
Salvador: UCA, 1994.
Leituras recomendadas
CALDEIRA, R. C. Considerações sobre a Igreja Católica Romana e a evolução de sua 
compreensão sobre os direitos humanos. Horizonte,Belo Horizonte, MG, v. 15, nº. 47, 
p. 770-796, jul./set. 2017. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/
horizonte/article/view/P.2175-5841.2017v15n47p770. Acesso em: 30 jan. 2019.
IGREJA e direitos humanos. L’Osservatore Romano, Cidade do Vaticano, 15 jun. 2012. 
Disponível em: http://www.osservatoreromano.va/pt/news/igreja-e-direitos-humanos. 
Acesso em: 30 jan. 2019.
SANTOS, F. C. A. A posição da Igreja Católica sobre os direitos humanos. Portal Boletim 
Jurídico, 2 fev. 2015. Disponível em: https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/
artigo/3950/a-posicao-igreja-catolica-os-direitos-humanos. Acesso em: 30 jan. 2019.
WANDERLEI. L. E. Democracia, direitos humanos e CNBB. São Paulo: Paulus, 2013.
Teologia e direitos humanos10
DICA DO PROFESSOR
A tolerância, tema central da Filosofia, da política e da Teologia na modernidade, é uma das 
questões que está na base da elaboração dos direitos humanos na contemporaneidade. Afinal, 
como seria possível pensar em direitos humanos se não houvesse tolerância entre as pessoas?
Na Dica do Professor, você vai acompanhar o contexto do surgimento da discussão sobre 
a separação entre Estado e Igreja como condição para a possibilidade de tolerância entre as 
pessoas que desejam conviver em uma sociedade pacífica. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) A discussão central acerca dos direitos humanos vai além da esfera jurídica, pois diz 
respeito à organização social humana. Isso implica uma abordagem que leve em 
consideração múltiplas áreas de conhecimento, ou seja, trata-se de uma discussão 
interdisciplinar.
Isso significa que: 
A) Os direitos humanos devem constituir o primeiro conteúdo a ser estudado em todas as 
áreas do conhecimento.
B) Os direitos humanos devem ser estudados pela Teologia cristã, pois as teologias de outras 
religiões não os estudam.
C) O estudo dos direitos humanos tem como característica principal a interdisciplinaridade.
D) Os direitos humanos têm a ver com a vida social humana e, por isso, devem ser 
desconsiderados pela Teologia.
E) Os direitos humanos devem ser estudados exclusivamente pelo Direito e pela Teologia.
2) A doutrina social da Igreja foi elaborada ao longo dos últimos 20 séculos, embora 
tenha atingido maior desenvolvimento no período moderno e contemporâneo.
Qual é o objetivo principal da doutrina social da Igreja? 
A) Reconhecer os problemas sociais e políticos e apresentar soluções.
B) O bem comum, a solidariedade, o cuidado com o meio ambiente, o respeito pelos povos e 
suas culturas.
C) Acabar com os totalitarismos de esquerda e de direita.
D) Abolir a escravatura que persiste na contemporaneidade.
E) Fazer com que a humanidade abandone os prazeres efêmeros.
3) Muitos papas contribuíram para o desenvolvimento da doutrina social da Igreja. 
Desde negações e condenações contra a escravidão e o racismo até propondo aos 
cristãos a realização de ações efetivas em prol daqueles que mais sofrem e que têm 
seus direitos negados.
Nesse contexto, os dois papas que elaboraram listas ampliando a quantidade de 
direitos humanos foram: 
A) João XXIII e Gregório XVI.
B) Pio XII e Leão XIII.
C) Bento XV e Pio XI.
D) Gregório XVI e Leão XIII.
E) Pio XII e João XXIII.
4) A revelação cristã, também conhecida como teologia da revelação, é a forma como 
Deus se revela aos seres humanos, por meio de palavras e de acontecimentos. 
Portanto, a revelação é uma aproximação de Deus em relação ao homem.
Nesse sentido, é correto afirmar que: 
A) o ser humano deve se tornar Deus para que Deus possa se tornar humano.
B) Deus se revela de forma plena por meio de Jesus Cristo.
C) é por meio da revelação que os seres humanos podem se tornar iguais a Deus.
D) Deus se revela quando garantimos que os pobres, excluídos e marginalizados usufruam 
dos direitos humanos.
E) Jesus Cristo foi um grande altruísta.
5) Na Bíblia, encontra-se uma carta de São Tiago na qual ele afirma que "assim como o 
corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta" (Tg 2, 26).
Nesse sentido, o que representa dizer que os direitos humanos, para o cristão, 
significam a concretização da fé? 
A) Devemos sempre ser altruístas, independentemente de nossa religião ou se formos ateus.
B) Deus criou os direitos humanos quando criou os seres humanos.
C) Independentemente da fé, o mais importante é lutar por vida digna para todos.
D) A luta pelos direitos humanos é uma forma de realização da fé na prática, na história 
cotidiana.
E) A fé em Deus nos torna mais fortes espiritualmente, fazendo com que não precisemos de 
direitos humanos.
NA PRÁTICA
A plenitude da revelação de Deus foi Jesus Cristo. Contudo, Deus também se revela cada vez 
que a justiça acontece entre os homens. Sendo assim, os cristãos devem agir no seu cotidiano em 
busca da vida digna para todos, tendo como princípio norteador a misericórdia de Deus. Agindo 
assim, o cristão tem como ponto de partida não a si mesmo, mas a sua espiritualidade, isto é, sua 
vida marcada pelo espírito de Cristo. A vida espiritual necessita dos rituais religiosos para ser 
cultivada, para que não definhe. Contudo, essa espiritualidade só se torna prática quando o 
cristão luta em favor da dignidade da vida humana, buscando assegurar que todos tenham acesso 
aos seus direitos.
Conheça a história de Zilda Arns, um exemplo de como a fé em Cristo pode se concretizar Na 
Prática.
 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Religião, direitos humanos e o neoliberalismo em uma era pós-humanista
Leia o artigo que trata de três importantes elementos: a relação entre a noção da missão religiosa 
e a luta pelos direitos humanos; a ideologia neoliberal; e os desafios que essa postura neoliberal 
coloca para a justificação da ação social e política dos grupos e instituições religiosas no atual 
mundo globalizado.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
O caráter social da Teologia
Leia o estudo que trata da Teologia como atividade constitutivamente social, que tem um caráter 
ou uma dimensão social que a caracteriza e a mensura sob certo aspecto.
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Direitos Humanos
Confira na obra de Fernanda Franklin Seixas Arakaki e Guérula Mello Viero o que são direitos 
humanos, sua evolução ao longo da história, culminando com a Declaração Universal dos 
Direitos do Homem e do Cidadão.

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