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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Morte Encefálica Situação na qual ocorre cessação irreversível de todas as funções do encéfalo, incluindo as do tronco encefálico. A confirmação da morte encefálica deve basear-se em alguns princípios: I. A causa da morte encefálica deve ser claramente conhecida. II. O estado de coma deve ser irreversível. III. Deve haver ausência de reflexos do tronco encefálico e apneia persistente. IV. Ausência de atividade cerebral cortical. V. Exclusão de situações confundidoras, como distúrbios metabólicos graves ou intoxicação. VI. Observação hospitalar por no mínimo 6 horas ou 24 horas se causa for encefalopatia hipóxico-isquêmica. A presença de sinais de reatividade infraespinal (atividade reflexa da medula) tais como: reflexos osteotendinosos, cutâneo-abdominal, cutâneo plantar em flexão ou extensão, cremastérico, ereção peniana reflexa, arrepio, reflexos flexores de retirada dos membros inferiores ou superiores, reflexo tônico cervical, não excluem o diagnóstico de morte encefálica (uma vez que esses reflexos não dependem de atividade cerebral). Causa da morte encefálica: Traumatismos cranianos (mais comum em pacientes jovens); AVC hemorrágico (sobretudo HSA); Pós-PCR. Tumor de SNC. Obviamente, não deve haver evidências de intoxicação por drogas, envenenamento, hipotermia ou distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos. Simulam a morte encefálica: Hipotermia (< 34 ºC); Intoxicação por drogas (anestésicos, sedativos, bloqueadores neuromusculares); Distúrbios metabólicos (coma hepático); Distúrbios eletrolíticos; Síndrome do encarceramento (Locked in – AVC isquêmico de tronco encefálico, o paciente fica sem movimentos, porém consciência geralmente preservada). Sendo assim, para a abertura do protocolo de morte encefálica, o paciente deve apresentar: temperatura maior 35ºC; SO2 > 94%; PAS > 100mmHg ou PAM > 65mmHg. Em caso de paciente com SEDAÇÃO contínua, é necessário suspender a sedação e aguardar de 4 a 5 meias-vidas da droga utilizada (ou mais tempo em caso de insuficiência hepática ou renal significativa). Ex: Midazolan tem meia-vida de 1 a 4 horas, então, se o paciente fizer uso contínuo desse fármaco, deve-se esperar de 5 a 20 horas. Obs.: A abertura do protocolo de morte encefálica independe do transplante de órgãos! VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Diagnóstico de Morte Encefálica Necessário realizar dois exames clínicos (primeiro a bateria de 7 testes e depois a bateria de 6 testes, sendo o intervalo entre o primeiro e o segundo exame de 1 hora) e um exame complementar que comprove ausência de atividade encefálica. Os exames clínicos devem ser realizados por 2 médicos diferentes; os médicos devem ser neurologista, neurocirurgião, intensivista, emergencista ou médico com curso de capacitação em ME. Os médicos não podem pertencer à equipe de transplante. Observação hospitalar do paciente por 6 a 24 horas. 1º EXAME CLÍNICO: I. COMA APERCEPTIVO (ausência de resposta à estímulo doloroso intenso: compressão da base da unha ou compressão da glabela) – Atenção: os reflexos medulares podem estar presentes na ME, não invalidando o diagnóstico. II. REFLEXO FOTO-MOTOR (incidência de foco luminoso nas duas pupilas; é negativo se houver ausência de contração pupilar). III. REFLEXO CÓRNEO-PALPEBRAL (toca-se as duas córneas com objeto macio; é negativo se houver ausência de piscamento). IV. REFLEXO ÓCULO-CEFÁLICO (realiza-se movimentos bruscos com a cabeça; é negativo se houver ausência de movimentos oculares). V. REFLEXO DA TOSSE (estimula a faringe, laringe ou traqueia; na ME há ausência desse reflexo). VI. REFLEXO VESTIBULOCALÓRICO (prova calórica – infundir 50 ml de soro gelado no tímpano e observar se há movimentação dos olhos em direção ao ouvido estimulado; é negativo se houver ausência desse reflexo). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VII. PROVA DA APNÉIA (realizado uma única vez por um dos médicos): Deixar o paciente por 10 minutos com 100% de O2. Nesse momento, a gasometria revelará PaO2 > 200 mmHg e PaCO2 entre 35 e 45 mmHg. Depois desconectar o respirador e conectar um cateter de O2 a 6L/minuto, observar se há movimentos respiratórios por 10 minutos ou até quando a PCO2 atingir 55 mmHg, colher gasometria arterial no final. A prova da apneia baseia-se no fato de que, no indivíduo em coma, há uma necessidade de maiores níveis de CO2 para desencadear estímulo respiratório (até 55 mmHg), o que pode determinar um tempo de vários minutos entre a desconexão do ventilador e o aparecimento de movimentos respiratórios (no caso de integridade bulbar). Se hipotensão, hipoxemia ou arritmia cardíaca, colher uma gasometria e interromper o teste. Teste positivo: PaCO2 ≥ 55mmHg e sem movimentos respiratórios, mesmo que em menos de 10 minutos. Teste inconclusivo: ausência de movimentos respiratórios, mas PaCO2 < 55mmHg. Teste negativo: movimentos respiratórios, independente do PaCO2. 2º EXAME CLÍNICO: Todos os testes anteriores, menos o teste da apnéia (já que o teste da apnéia deve ser realizado uma única vez). EXAME COMPLEMENTAR: Realizado por especialista, podendo ser feito antes ou após os testes clínicos. Arteriografia cerebral (mostra ausência total de fluxo), cintilografia (ausência de atividade metabólica encefálica), eletroencefalograma (ausência de atividade elétrica cerebral), doppler transcraniano (ausência de fluxo sanguíneo cerebral). O horário do último exame clínico ou complementar será colocado na declaração de óbito ou declaração de morte encefálica. Critérios de morte encefálica: Causa do coma conhecida e irreversível; Afastar situações que simulem a morte encefálica; Dois exames clínicos, sendo um obrigatoriamente realizado por neurologista ou neurocirurgião, com intervalo de 1 horas entre eles, evidenciando: - Escala de Coma de Glasgow = 3; - Pupilas médias ou midriáticas e ausência de reflexo fotomotor; - Manobras oculocefálicas e oculovestibulares negativas; - Sem resposta motora à estimulação dolorosa, podendo ocorrer respostas medulares; - Reflexos corneano, mandibular e faríngeo ausentes; - Realizar obrigatoriamente apneia oxigenada para atingir o estímulo respiratório máximo (PaCO2 de 55 a 60 mmHg) sem que ocorram movimentos respiratórios espontâneos; - Exames confirmatórios: EEG mostrando inatividade elétrica cerebral ou doppler transcraniano mostrando ausência de fluxo sanguíneo cerebral ou angiografia mostrando ausência de perfusão cerebral; VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Abertura do protocolo de ME: Coma não perceptivo + Ausência de reatividade supraespinhal + Apneia persistente. Presença de lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e capaz de causar morte encefálica. Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico de ME. Observação hospitalar de, pelo menos, 6 hora e, se a causa primária de ME for de encefalopatia hipóxico-isquêmica, 24 horas. T > 35º C. PAM ≥ 65 mmHg. Saturação de O2 ≥ 94%. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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