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Meninges O sistema nervoso central é envolvido por membranas conjuntivas conhecidas como meninges, que consistem em três camadas: dura-máter, aracnoide e pia-máter. As meninges desempenham um papel vital na proteção dos centros nervosos, mas também podem ser afetadas por processos patológicos, como infecções (meningites) ou tumores (meningiomas). Além disso, o acesso cirúrgico ao sistema nervoso central requer contato com as meninges. Os espaços criados pelas meninges, incluindo o espaço extradural ou epidural, subdural e subaracnóideo, contêm diferentes estruturas e são de grande importância no estudo das patologias do sistema nervoso central, na passagem do líquido cerebrospinal e na proteção do SNC. Entre a membrana resistente chamada dura-máter e as vértebras, há uma região contendo gordura e veias, conhecida como espaço extradural ou epidural. Este espaço é frequentemente utilizado para a administração de anestésicos em algumas cirurgias. A segunda camada de proteção cerebral entre a aracnóide, que fica separada da dura-máter por um espaço virtual chamado de espaço subdural. Por outro lado, entre a aracnóide e a pia-máter, existe uma área mais ampla chamada espaço subaracnóideo, onde circula o líquido cefalorraquidiano (LCR), que fornece proteção mecânica contra impactos. Figura 4:1 Meninges e cavidades Fonte: Cosenza RM. Fundamentos de Neuroanatomia, 4ª edição. (4th edição). Grupo GEN; 2012. Página 24 Dura-máter A dura máter é a camada mais externa, espessa e resistente das meninges, é formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. Ao contrário das outras meninges, a dura-máter é altamente inervada, e é responsável pela sensibilidade intracraniana, sendo comum a causa de dores de cabeça. A dura-máter é constituída por dois folhetos, o interno e o externo, sendo que o folheto externo adere firmemente aos ossos do crânio, desempenhando o papel de periósteo. No entanto, diferentemente do periósteo de outras regiões, o folheto externo da dura-máter não possui capacidade osteogênica, tornando difícil a consolidação de fraturas e a regeneração de perdas ósseas na abóbada craniana. Essa particularidade é vantajosa, já que a formação de calo ósseo na superfície interna dos ossos do crânio pode irritar gravemente o tecido nervoso. Devido à aderência da dura-máter aos ossos do crânio, não há um espaço epidural no encéfalo, como na medula espinhal. Em algumas áreas, o folheto interno da dura-máter se projeta para formar pregas, que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente. As principais pregas são a foice do cérebro, que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, dividindo os hemisférios cerebrais do telencéfalo, e a tenda do cerebelo, que é um septo vertical mediano localizado abaixo da tenda, separando os dois hemisférios cerebelares. Pia máter A pia máter é a mais interna das meninges, está aderida ao encéfalo e a medula espinal, é a membrana mais fina e translúcida das meninges. A membrana pia-máter acompanha o cérebro em toda a sua extensão. Na fissura transversa do cérebro, está meninge reveste o tecido nervoso sob o corpo caloso. Além disso, a pia-máter contribui para a formação da tela coroide do terceiro ventrículo e, em conjunto com o epêndima e os vasos sanguíneos, forma o plexo coroide que produz o líquido cefalorraquidiano, também conhecido como líquor. O plexo coroide do terceiro ventrículo passa pelos forames interventriculares para os ventrículos laterais. Já no teto do quarto ventrículo, a tela coróide forma independentemente o plexo coróide. Aracnóide A membrana aracnóide é extremamente sensível e está adjacente à dura-máter, da qual é separada por um espaço virtual chamado espaço subdural. Esse espaço contém uma pequena quantidade de líquido essencial para lubrificar as superfícies de contato das duas membranas. A aracnóide é separada da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido cefalorraquidiano ou "líquor". Há uma comunicação ampla entre o espaço subaracnóideo do encéfalo e da medula. As delicadas trabéculas aracnóideas, que parecem uma teia de aranha, atravessam o espaço subaracnóideo para se ligar à pia-máter e também são consideradas parte da aracnóide. É por causa de sua semelhança com uma aranha que a membrana recebe o nome de aracnóide. Existem pontos na aracnóide em que pequenos tufos se formam, os quais penetram nos seios da dura-máter e são conhecidos como granulações aracnóideas. Essas granulações são responsáveis por criar pequenos prolongamentos no espaço subaracnóideo, que são verdadeiros divertículos desse espaço. Nesses prolongamentos, o líquor é separado do sangue, o que faz das granulações aracnóideas o local de drenagem do líquor para a circulação venosa.. Liquor: O líquido cefalorraquidiano, também conhecido como líquor, é uma solução aquosa e incolor que preenche o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares do sistema nervoso central. Sua função principal é oferecer proteção mecânica ao cérebro e à medula espinhal, amortecendo impactos que possam afetar esses órgãos. Além disso, o líquor envolve completamente o sistema nervoso central, diminuindo o risco de lesões cerebrais causadas por contato com os ossos do crânio. Fluxo do líquor: O líquor flui em um percurso unidirecional, iniciando nos ventrículos cerebrais (ventrículos laterais I e II), passando pelo sistema ventricular (forames ventriculares), e posteriormente seguindo para fora do cérebro e ao redor da medula espinhal por meio do espaço subaracnóideo. A produção de líquor ocorre nos plexos coróides, estruturas especializadas localizadas dentro dos ventrículos cerebrais. A partir dos ventrículos laterais, o líquor se direciona para o terceiro ventrículo e, em seguida, para o quarto ventrículo através do aqueduto cerebral. Posteriormente, o líquor flui para fora do cérebro através de três orifícios: o forame de Magendie, localizado no centro do assoalho do quarto ventrículo, e os dois forames de Luschka, encontrados em cada canto lateral do assoalho do quarto ventrículo. Após sair do cérebro, o líquor circunda a superfície externa do cérebro e da medula espinhal por meio do espaço subaracnóideo, que é um espaço preenchido por líquido entre a aracnóide e a pia-máter - duas das três camadas que compõem as meninges. Finalmente, o líquor é absorvido pelas veias do sistema venoso cerebral e removido do corpo. O fluxo do líquor é fundamental para o equilíbrio da pressão intracraniana e para a eliminação de resíduos metabólicos do cérebro e da medula espinhal. Figura 4:2 A circulação do liquor em visão esquemática. (Baseado em Machado ABM. Neuroanatomia Funcional. Rio de Janeiro, Atheneu, 1998) Ward PJ. Netter Sistema Musculoesquelético Integrado. [local desconhecido]: Grupo GEN; 2023. Meneses MS. Neuroanatomia Aplicada. (3rd edição). [local desconhecido]: Grupo GEN; 2011. Cosenza RM. Fundamentos de Neuroanatomia, 4ª edição. (4th edição). [local desconhecido]: Grupo GEN; 2012.
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