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Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB @med.pedrom Pancreatite aguda Cirurgia Introdução Embriologia o Desenvolve-se a partir da 4ª semana a partir de 2 brotos pancreáticos dorsal (corpo e cauda) e ventral (Cabeça e colo) oriundos do intestino primitivo Anatomia o Órgão de formato elíptico o Retroperitoneal no abdome superior o 12 a 15cm de comprimento (adultos) e pesa entre 70 – 100g o Estende-se do duodeno até o baço o Divisão anatômica Cabeça Íntimo contato com a porção medial do duodeno Anterior à VCI e vasos mesentéricos superiores Colédoco passa por um sulco posterior na cabeça do pâncreas adjacente ao duodeno Corpo Contato posterior com a aorta, o pilar esquerdo do diafragma, suprarrenal esquerda e rim esquerdo Cauda Encontra-se no hilo esplênico Ducto pancreático principal (Wirsung) Estende-se ao longo da glândula desde a cauda até a cabeça e se une ao colédoco na ampola de Vater Ducto pancreático acessório (Santorini) Penetra o duodeno 2 – 2,5cm superior à ampola de Vater Suprimento sanguíneo Ramos da celíaca e mesentérica superior o Artéria pancreaticoduodenal superior – origem na gastroduodenal – se encontra com a inferior – ramo da mesentérica superior – para formar uma arcada na cabeça do pâncreas Artéria esplênica (ramo do tronco celíaco) o Emite ramos que nutrem corpo e cauda Pancreáticas dorsal, magna e inferior Drenagem venosa o Ramos paralelos ao suprimento arterial Drenagem linfática o Linfonodos peripancreáticos localizados ao longo das veias Inervação Nervos vago e esplâncnico Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB @med.pedrom Fibras eferentes: passam pelo plexo celíaco desde o ramo celíaco do vago direito e terminam nos gânglios no septo interlobular do pâncreas – ácinos, ilhotas e ductos Fibras viscerais – transmissão da dor (fibras do esplâncnico) Fisiologia o Função exócrina Bicarbonato (liberação estimulada pela secretina – conteúdo ácido no duodeno) Enzimas digestivas (CCK – estimulada por produtos da digestão luminal de gordura) o Função endócrina Insulina Células beta Estímulos para secreção – glicose (principal estímulo), AA, LFA, cálcio, glucagon, secretina, VIP e gastrina. Fármacos: epinefrina, tolbutamida e clorpropamida (ACK) Funções – estimular reações anabólicas envolvendo carboidratos, gorduras, proteínas e ácidos nucleicos Glucagon Células alfa Estímulos para secreção – hipoglicemia, AA, catecolaminas, descarga simpática e CCK. Inibição – hiperglicemia e insulina Funções – glicogenólise no fígado, além de proteólise e lipólise (aumento da cetogênese e gliconeogênese) Pancreatite Conceito o Doença inflamatória não bacteriana comum causada por ativação, liberação intersticial e autodigestão do pâncreas por suas próprias enzimas Etiologia o Maior parte dos casos – cálculos biliares ou alcoolismo Pancreatite biliar 40% dos casos – associação com litíase biliar Mecanismo etiológico provável – obstrução transitória da ampola de Vater e do ducto pancreático por cálculo Não é comum a pancreatite aguda biliar produzir pancreatite crônica Fatores de risco: masculino e cálculos < 5mm Mecanismo ainda desconhecido o Refluxo de sais biliares o Passagem do cálculo e impactação na ampola de Vater o Passagem de cálculo pela ampola causando edema papilar Resultado = obstrução ao esvaziamento do ducto de Wirsung Pancreatite alcoólica Nos EUA – 40% dos casos corresponde ao etilismo Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB @med.pedrom Mais relacionado a pessoas consumidoras de bebidas com álcool teor de álcool ou de vinho. Menos comum em países em que a cerveja é a bebida mais popular Álcool o Acesos pro-inflamatórios que aumentam citocinas inflamatórias o Aumenta caspases o Reduze perfusão periférica o Induz espasmo de esfíncter de Oddi Epidemiologia mais comum – 6 anos de consumo excessivo (>100g/d por pelo menos 5 anos) de álcool precedem a crise inicial de pancreatite, podendo-se encontrar sinais de pancreatite crônica, ao microscópio, já nas primeiras manifestações clínicas o Mortalidade com padrão bimodal: Primeiras 2 semanas – morte por SIRS Após 2 semanas – morte por complicações infecciosas da doença Maioria dos pacientes – evolução branda e autolimitada o Outras causas – hipercalcemia, traumatismo, hiperlipidemia e predisposição genética Hipercalcemia Exemplo de doenças que cursam com hipercalcemia – hiperparatireoidismo, CA, DII, etc -> podem complicar com pancreatite aguda e evoluir para crônica e cálculos ductais Aumento de cálcio no suco pancreático pode ativar precocemente as proteases Hiperlipidemia/ hipertrigliceridemia Níveis > 1000mg/dL Predomínio de VLDLD Durante a crise de pancreatite aguda está relacionada a níveis séricos normais de amilase e débito urinário alto Paciente com dor abdominal aguda – examinar o soro = leitoso = pancreatite (quase sempre) 3 tipos de paciente 1) Diabéticos mal controlados 2) Etilistas com hipertrigliceridemia 3) Indivíduos magros, não diabéticos e não etilistas com hipertrigliceridemia Pancreatite familiar Crises de dor abdominal, geralmente, se iniciam na infância DM e esteatorreia são incomuns Ocorre pancreatite calcificada crônica na maioria dos pacientes – tratamento cirúrgico da dor Carcinoma pancreático é mais comum nesses pcts Deficiência de proteínas Pancreatite pós-operatória (iatrogênica), inclusive causada pela CPRE (5% na diagnóstica e 7% na terapêutica) A maior parte desses casos é seguida de uma exploração do colédoco, além de cirurgias pancreáticas Comum após cirurgia cardíaca com by-pass cardiopulmonar (fatores de risco = Ins. Renal pré- operatória, cirurgia de valva, hipotensão pós- operatória e adm intraoperatória de cloreto de cálcio, dilatação da via biliar com balão, esfinrectomia, múltiplas injeções de contraste, disfunção de esfíncter de Oddi, canulação difícil, etc) Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB @med.pedrom Pancreatite induzida por medicamentos Corticosteroides, ACOs contendo estrogênio (hipertrigliceridemia induzida pelo medicamento), azatioprina, tiazídicos e tetraciclinas Pancreatite obstrutiva Obstrução do ducto pancreático – congênita ou por fibrose decorrente de lesão/inflamação Pancreatite idiopática e outras causas Patogênese o Autodigestão do parênquima pancreático por suas próprias enzimas digestivas (teoria + aceita e é a via final comum na pancreatite) o Outros fatores propostos – insuficiência vascular, congestão linfática e ativação do sistema calicreína-cinina o Agentes agressores mais importantes – fosfolipase A, lipase e elastase Pancreatite aguda Considerações iniciais (essas duas formas são manifestações dos mesmos processos patológicos e seus princípios gerais de tto são os mesmos) o Pancreatite aguda edematosa o Pancreatite aguda hemorrágica – evolui com mais complicações e maior mortalidade Fundamentos do diagnóstico o Instalação aguda de dor epigástrica em faixa (estendendo-se às costas) o Náuseas e vômitos o Aumento de amilase sérica ou urinária o Colelitíase ou etilismo Clínica o Sinais e sintomas Crise aguda – dor epigástrica intensa com irradiação para as costas. Dor é contínua e, geralmente associada a vômitos e náuseas. Em casos graves, o paciente pode sofrer síncope por choque Crises mais graves – taquicardia, desidratação profunda e hipotensão postural o Exame físico Geral Temperatura normal ou ligeiramente aumentada na pancreatite não complicada Abdominal Redução ou ausência dos RHA e dor à palpação, a qual pode ser generalizada, mas, geralmente, localizada no epigástrio Palpação de massa abdominal – pâncreas aumentado (flegmão) ou, mais tarde,pseudocisto ou abscesso 1 – 2% dos casos – sinais de pancreatite hemorrágica + dissecção retroperitoneal do sangue para essas regiões o Sinal de Grey Turner (flancos) o Sinal de Cullen (periumbilical) Exames laboratoriais o Hematócrito pode estar levado (desidratação) Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB @med.pedrom o Leucocitose moderada (leuco acima de 12k é incomum quando não há complicações supurativas) o Função hepática geralmente normal, podendo ter aumento leve de Bb sérica (em geral, < 2mg/dL) o Amilase sérica (> 3x normal – que é de 20 a 160U/l) em um prazo de 6h desde o início do episódio agudo e, geralmente, se regride com 3 – 5d Valores > 1000 ocorre precocemente na crise em 95% dos pcts com pancreatite biliar e em 85% nos com pancreatite alcoólica aguda Valores < 1000 – doença + grave Obs: outros quadros abdominais que cursam com elevação de amilase (não ultrapassando 500U/l) – colecistite gangrenosa, obstrução de delgado, infarto mesentérico e úlcera perfurada Obs: quando amilase não aumenta? Quadros de hipertrigliceridemia associados o Lipase – níveis séricos elevados são detectáveis precocemente e durante vários dias após a crise aguda o Índice lipase/amilase Ajuda a diferenciar se a etiológica é biliar ou alcoólica (nessa aumenta mais lipase) Exames de imagem o Rx de abdome – normal em 2/3 dos casos Calcificação pancreática – pancreatite crônica Pode haver derrame pleural à esquerda Cálculos radiopacos de vesícula bilar são evidentes Rotina radiológica de abdome agudo: tórax PA em pé, abdome em ortostase e em decúbito dorsal Serve para excluir outras condições o TC de pâncreas com contraste EV (MELHOR EXAME PARA PANCREATITE) Porque realizar? (3) 1) Incerteza de diagnóstico 2) Confirmação/ avaliação da gravidade com base em outros marcadores ou em suspeita clínica 3) Avaliação em cenário de deterioração clínica ou de insucesso com o tto Possíveis achados Pâncreas normal, flegmão pancreático, flegmão pancreático com extensão do processo inflamatório aos espaços peripancreáticos adjacentes, necrose pancreática, pseudocisto pancreático ou abscesso pancreático Diagnóstico diferencial Colecistite aguda Úlcera duodenal penetrante ou perfurante Obstrução do intestino delgado proximal Apendicite aguda Infarto mesentérico Hiperamilasemia crônica (hiperamilasemia + amilase urinária baixa) IAM inferior/ dissecção de aorta abdominal Gravidez ectópica Doença péptica/ ulcera perfurada Complicações Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB @med.pedrom Abscesso (cerca de 5% dos casos agudos) Pseudocisto (coleções encapsuladas de líquido + alta [enzimática]) e sua ruptura Sangramento gastrintestinal por inflamação de estomago ou duodeno adjacentes Úlcera péptica Sangramento intraperitoneal Obstrução de parcial de colo transverso ou duodeno, podendo causar hemorragia, necrose e formação de fístula Derrame pleural (fístula pancreática drenando para o tórax) Critérios de Ranson para gravidade da pancreatite aguda Escore de Atlanta Critérios de Baltazar Tratamento (de acordo com a gravidade) Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB @med.pedrom Pancreatite aguda leve 80% dos pacientes Mortalidade < 1% Menos do que 3 critérios de Ranson positivos Ausência de complicações orgânicas sistêmicas Primeira fase o Melhorar as condições clinicas (jejum, hidratação venosa, suporte eletrolítico, analgesia sistêmica, anti- emético) Segunda fase o Tratar o fator etiológico e pensar em votar com a dieta oral se houver melhora do quadro geral o Nos pacientes com obstáculo nas vias biliares = CPRE e papilotomia Resolução em poucos dias Não necessita de exames de imagem específico para pâncreas Pancreatite aguda grave Analgesia – meperidina (se for possível, é o opioide de escolha) Ressuscitação volêmica vigorosa, com objetivos principais de normalizar a diurese, a PA, a FC e a PVC por conta da grande perda de líquido para o terceiro espaço Pelo menos 6L de cristaloides devem ser repostos nas primeiras 24h (preferir uso do ringer lactato) Suporte nutricional o Dieta oral zero o Nutrição enteral por cateter nasojejunal é a mais indicada o NPT indicada a pacientes que não toleram a enteral ou naqueles em que as necessidades calóricas não são atingidas após o 2 – 4 dia de dieta Esse modelo tem risco de sepse pelo cateter venoso profundo, além de ser mais caro e menos efetivo que a enteral Antibiótico profilático
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