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Dietas Hospitalares Modificações de Consistência da Dieta, Químicas e Físicas

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Dietas Hospitalares: Modificações de Consistência da Dieta, Químicas e Físicas
quarta-feira, 3 de maio de 2023
12:10
As dietas hospitalares são elaboradas ao considerar os estados nutricional e fisiológico dos indivíduos, conforme cada situação de internação. Estas devem estar adequadas ao estado clínico do paciente, bem como proporcionar melhoria na sua qualidade de vida. Portanto, as modificações necessárias na consistência das dietas hospitalares devem garantir o aporte mais adequado possível de nutrientes ao paciente internado, preservando seu estado nutricional pelo fato de ter um papel coterapêutico em doenças crônicas e agudas.
As modificações químicas e físicas que podem acontecer nas dietas hospitalares, que englobam desde alterações na consistência, até a composição de nutrientes, assim como o uso de recursos da gastronomia no preparo destas dietas.
 
· Distinguir as modificações químicas das dietas hospitalares.
· Reconhecer as modificações físicas que podem acontecer nas dietas para enfermos.
· Identificar o uso de recursos da gastronomia no preparo das dietas hospitalares.
 
Desafio
As dietas hospitalares devem ser elaboradas conforme o estado nutricional e fisiológico dos indivíduos, além de considerar a enfermidade apresentada pelo paciente (ou enfermidades).
As adaptações na alimentação também precisam estar adequadas ao estado clínico do paciente, bem como proporcionar melhoria na sua qualidade de vida. Portanto, as modificações necessárias podem ser físicas ou químicas, mas devem garantir o aporte mais adequado possível de nutrientes ao paciente, colaborando para a preservação do seu estado nutricional, uma vez que a dieta possui papel coterapêutico em doenças crônicas e agudas.
Você é um nutricionista clínico de um hospital e irá avaliar o paciente Gaspar.
 
 
Com base nesta situação hipotética, responda as questões que seguem:
a) Quais são as modificações químicas e físicas que você faria na dieta do paciente? Justifique.
b) Como a aceitação desta dieta poderia ser otimizada?
 
O paciente Gaspar tem câncer no esôfago e dificuldade de deglutição, além disso, possui hipertensão arterial e desnutrição. Portanto, seria recomendado uma dieta líquida ou semi-líquida, hipercalórica e hipossódica.
Recomendações Nutricionais
a) As modificações químicas da dieta estão relacionadas à hipertensão que, para que seja controlada, é necessário diminuir o sódio da dieta por meio da redução de sal, por isso uma dieta hipossódica.
Além disso, o paciente está desnutrido, então o aporte calórico deverá ser maior, logo uma dieta hipercalórica.
Já as mudanças físicas estão relacionadas à consistência da dieta, como Gaspar não consegue ingerir alimentos sólidos a dieta deve ser líquida ou semi-líquida.
b) Para que o paciente tenha uma melhor aceitação da dieta, as preparações podem ter temperos diversos afim de dar mais sabor. As vitaminas podem ser equivalentes a uma refeição, podendo conter produtos bem calóricos como leite condensado. Pode ser incluído na dieta: purês, carne moída e ovos mexidos.
Padrão de resposta esperado
a) Primeiramente, o paciente necessita de alteração física na dieta, passando a consistência para pastosa (pois só está aceitando preparações cremosas). Em virtude da HAS, é necessário oferecer uma dieta hipossódica e, pelo fato da perda de peso considerável, indica-se a dieta hiperproteica (HP) e hipercalórica (HC). Essas últimas três modificações representam alterações químicas.
 
b) Tanto a dieta pastosa, quanto a dieta hipossódica dificultam a aceitação em virtude das restrições que são impostas. O paciente está com perda de peso importante e, caso não aceite a dieta, o seu quadro clínico sofrerá mais agravos ainda. Portanto, os hábitos e preferências alimentares do paciente precisam ser levados em consideração para facilitar a aceitação das preparações oferecidas. Também é fundamental que técnicas de gastronomia hospitalar sejam implementadas a partir do uso de ervas aromáticas e especiarias, por exemplo, que melhoram bastante o sabor e a apresentação dos pratos. Além disso, devem ser oferecidas opções de cardápio ao paciente, para que ele possa escolher aquilo que mais lhe apetecer, uma vez que a monotonia dessa rotina alimentar representa um dos principais fatores negativos da aceitação das preparações.
 
 
INFOGRAFICO:
 
As dietas hospitalares são padronizadas segundo as modificações (características) qualitativas e quantitativas da alimentação normal. A partir disto, as dietas podem ser classificadas em suas principais características, em indicações e em alimentos ou preparações que serão servidos.
Veja no infográfico as características das modificações químicas e físicas.
 
 
 
Modificações de consistência da dieta, químicas e físicas, que faz parte do livro "Patologia da nutrição e dietoterapia" — base teórica desta Unidade de Aprendizagem —, traz as principais modificações físicas e químicas das dietas hospitalares, que envolvem desde as alterações na consistência, até aquelas referentes à composição de nutrientes, também abordando o uso da gastronomia no preparo das dietas para enfermos.
 
 
As dietas hospitalares e suas modificações químicas 
 
As dietas hospitalares são padronizadas segundo as modificações (características) qualitativas e quantitativas da alimentação normal. As modificações químicas estão incluídas nas qualitativas. A partir disso, as dietas podem ser classificadas em suas principais características, indicações e alimentos ou preparações que serão servidos. Os aspectos químicos dizem respeito, então, aos macro e micronutrientes que necessitam ser modificados, conforme o motivo de internação de cada paciente. A dieta terá restrição ou acréscimo de determinado nutriente ou calorias, independentemente de sua consistência, volume, etc. Considerando isso, as dietas poderão ser:
 
Normocalórica: dieta com quantidades normais de calorias, dentro das necessidades distintas de cada paciente.
 
Hipocalórica: dieta com calorias em quantidades abaixo do necessário. Sua função é produzir balanço energético negativo e, consequentemente, perda de peso. Indicada para pacientes obesos ou em caso de doenças que requerem urgência médica em perda de peso. Não possui alimentos de alta densidade calórica. 
 
Hipercalórica: dieta com calorias em quantidades acima do valor energético total (VET) do paciente. Tem a função de gerar balanço positivo e, consequentemente, ganho de peso. Indicada para pacientes em subnutrição. Possui alimentos de alta densidade calórica. 
 
Normoprotéica: dieta que possui quantidades normais de proteínas, segundo as necessidades distintas do paciente. 
 
Hipoproteica: possui quantidades diminuídas de proteínas, cuja finalidade é prevenir o acúmulo de metabólitos nitrogenados. Indicada para pacientes com insuficiência renal crônica, encefalopatia hepática ou outra patologia cujo catabolismo proteico possa interferir na evolução positiva do quadro clínico. 
 
Hiperproteica: dieta com quantidades aumentadas de proteínas a fi m de produzir balanço positivo de nitrogênio. A relação caloria/proteína deve ser sufi ciente. Indicada para pacientes em estado de hipercatabolismo.
 
Normoglicídica: dieta em quantidades normais de carboidratos, conforme as necessidades distintas de cada paciente. 
 
Hipoglicídica: possui quantidades de carboidratos reduzidas, tendo como principal objetivo diminuir a quantidade destes sem reduzir, necessariamente, as calorias. Como exemplo temos a dieta para o diabético, a qual é normocalórica e hipoglicídica, tendo redução de carboidratos simples, com destaque à sacarose. 
 
Hiperglicídica: dieta com quantidades aumentadas de carboidratos. 
 
Normolipídica: possui quantidades normais de lipídios, segundo as necessidades individuais de cada paciente. 
 
Hipolipídica: dieta com teor reduzido de gorduras, principalmente as saturadas, indicada para pacientes com hipercolesterolemia e obesos. 
 
Hiperlipídica: dieta com uma boa quantidade de gorduras, principalmente de triglicerídeos de cadeia média (TCMs). Geralmente é indicadapara tratamento de desnutrição grave. Nem sempre pode ser associada à dieta hipercalórica, pois pode ser ajustada de acordo com as necessidades do paciente, com foco apenas na maior oferta de gorduras de boa qualidade. 
 
Hipossódica: dieta com teor reduzido de sódio, o qual é presente em grande quantidade em diversos tipos de alimentos. É indicada para pacientes hipertensos, cardiopatas, edemaciados, entre outros. 
 
Rica em potássio: dieta contendo alimentos fonte de potássio. Conforme alguns estudos, a carência de potássio é comum em pós-operatórios, em casos de má nutrição, equilíbrio nitrogenado prolongado, perdas gastrintestinais e alcalose metabólica, assim como em casos de insuficiência cardíaca, em que o teor de potássio no miocárdio se esgota e com a recuperação ocorre repleção de potássio.
 
 Pobre em potássio: dieta com teor reduzido de potássio. Este tipo de dieta pode ser administrada em casos de doenças renais em que a acidose metabólica é comum. 
 
Rica/pobre em fibras: a escolha destas dietas depende, basicamente, da motilidade intestinal do paciente. Quanto maior for a quantidade de fibras, maior será o peristaltismo intestinal e, quanto menor for a quantidade de fibras, menor o esforço gastrintestinal. A dieta com baixo teor de fibras é indicada, principalmente, nos problemas de trato gastrintestinal e cirurgias de cólon. No caso das dietas com alto teor de fibras, alguns cuidados devem ser considerados. Se não houver ingestão adequada de água, o quadro de constipação, por exemplo, pode se agravar. É possível, também, ocorrer alterações no funcionamento do intestino, causando gases e até diarreias. Além disso, a ingestão excessiva de fibras pode prejudicar a absorção de nutrientes importantes ao nosso organismo, como o cálcio e o ferro, por exemplo. 
 
Teor reduzido de colesterol: consiste em restringir a utilização de gorduras saturadas, utilizando-se, moderadamente, das gorduras poli e monoinsaturadas. Indicada para pacientes com dislipidemias ou pressão arterial elevada. 
 
Restrita em líquidos: dieta em que se restringe a ingestão de líquidos. Utilizada, principalmente, em casos de doença renal aguda, pois os rins são incapazes de manter a homeostasia de água e eletrólitos.
 
 
 
Modificações físicas das dietas hospitalares 
 
Conforme já foi abordado, a dietoterapia tem o objetivo de adequar a dieta para o paciente, em determinado momento e situação, visando a sua recuperação ou a manutenção do estado nutricional. A dieta é adaptada ao paciente, dentro dos limites possíveis, pois nem sempre o permitido é o mais adequado. Uma das possibilidades de adaptação é a questão física da dieta, que nada mais é do que a sua consistência. Quanto às modificações na consistência, pode-se ter:
 
Dieta líquida: É comumente indicada para favorecer a hidratação e facilitar o trabalho do aparelho digestório de pacientes com problemas no processo de mastigação. Tem indicação em alguns pré e pós-operatórios e no preparo de alguns exames. Essa dieta deve ser prescrita por um breve período em função de sua inadequação em relação aos nutrientes. Quando houver necessidade de manter a dieta por período superior a dois dias, são fornecidos suplementos alimentares líquidos industrializados. Caracteriza-se por incluir líquidos ou alimentos que se liquefazem na boca. 
 
Alimentos permitidos: água, chá, gelatinas, sucos, vitaminas de frutas, caldos, sopas liquidificadas e mingau ralo. 
 
Restrições: todos os alimentos sólidos. 
Fazendo parte da dieta de consistência líquida, pode-se ter restrições quanto ao tipo de alimento oferecido: na dieta líquida sem resíduos (ou líquida restrita), por exemplo, os sucos de frutas devem ser coados, assim como o caldo de sopa ou de canja. O leite e os derivados não podem ser oferecidos. Essa dieta tem o objetivo de fornecer líquidos e eletrólitos por via oral, a fim de prevenir a desidratação, minimizar o trabalho do trato digestório e evitar a formação de resíduos no cólon. Trata-se de uma dieta altamente restritiva e nutricionalmente inadequada (em calorias e nutrientes), não devendo ser utilizada por um período superior a três dias. 
Suas principais indicações são: preparo e pós-operatório de cirurgias do trato digestório, após o uso de nutrição parenteral (reintrodução da via oral), durante infecções graves e diarreia aguda e em alguns preparos para procedimentos de diagnóstico (colonoscopia, por exemplo). 
 
Dieta leve: Tem consistência semilíquida. É uma dieta de transição entre a dieta branda e a dieta líquida. Tem por finalidade favorecer a digestão e o esvaziamento gástrico dos alimentos, sendo utilizada em alguns pré e pós- operatórios, em preparo de exames e em problemas de deglutição ou mastigação. 
Alimentos permitidos: caldos, sopas, carnes, verduras, legumes (bem cozidos e em forma de purê), arroz, frutas macias, gelatinas e pudins. As características da dieta leve são: 
1. Promove mínimo trabalho digestório. 
1. Restrições – alimentos crus (exceto alguns com textura mais suave, p. ex., pera, banana prata e mamão), frituras, doces concentrados, alimentos fermentescíveis, leguminosas, enlatados, conservas e arroz. 
 
Dieta branda: Constituída de alimentos bem cozidos, restrita em celulose e alimentos fermentáveis. Usada em pré e pós-operatórios e em transição para a dieta geral. É muito utilizada para a transição entre a dieta pastosa e a dieta geral, indicada para indivíduos que necessitem abrandar os alimentos para facilitar o trabalho mecânico (mastigação e deglutição) e digestivo. As características da dieta branda são: 
 
1. Dieta com tecido conectivo e celulose abrandados por processo mecânico ou cocção. n 
1. Sem alteração de nutrientes. 
1. Restrições – alimentos crus (exceto alguns com textura mais suave) e alimentos fermentescíveis, doces concentrados, frituras, leguminosas (servir apenas o caldo), embutidos, conservas, enlatados e condimentos fortes, alimentos ácidos. 
 
Dieta pastosa: Usada principalmente em casos em que há difi culdade de mastigação e deglutição. É uma dieta de transição entre a dieta leve e a dieta branda. Alimentos permitidos são todos com consistência pastosa/cremosa (purês, sopas cremosas, arroz bem cozido, papa de bolacha, pudins, frutas cozidas, etc.). As características da dieta pastosa são:
 
1. Dieta com alimentos bem cozidos, de fácil mastigação e deglutição.
1. Mínima alteração de nutrientes. 
1. Restrições – alimentos crus (exceto alguns com textura mais suave) e alimentos fermentescíveis, doces concentrados, frituras, leguminosas (servir apenas o caldo), embutidos, conservas, enlatados e condimentos fortes.
 
Dieta geral, livre ou voluntária: Usada nos casos em que o paciente pode receber qualquer tipo de preparação e alimentos variados sem restrições, de acordo com sua tolerância. Atende às leis da nutrição: lei da harmonia, adequação, qualidade e quantidade dos alimentos. As características da dieta geral, livre ou voluntária são:
 
1. Sem alteração de consistência.
1. Sem alteração de nutrientes. 
1. Consistência – normal.
 
 
A gastronomia hospitalar: seus recursos e aplicabilidade
 
Todas as dietas terapêuticas baseiam-se no padrão dietético normal, sofrendo modificações para suprir as necessidades do paciente no que se refere às características organolépticas, físicas e químicas e à forma e volume de administração, levando em consideração o quadro clínico e os fatores psicossociais. A dieta hospitalar deve, antes de tudo, preservar e/ou resgatar o prazer do indivíduo em se alimentar. Nesse sentido, as características organolépticas são fundamentais para que exista esse prazer. A apresentação da dieta deve ser harmônica em cor, textura, consistência e temperatura, de forma a aumentar a palatabilidade e servir de estímulo ao paciente. Antigamente, as dietas hospitalares eram consideradas monótonas e frequentemente levavam o paciente à desnutrição, devido à baixa aceitação, fazendo com que se criasse o mito de que “comida de hospital é sempre ruim”, ou o clássico bordão “parece comida de hospital”,como referência às comidas insossas ou com sabor e apresentação ruins. Atualmente, porém, a visão da dieta hospitalar está sendo ampliada e adaptada às tendências da gastronomia, buscando aliar a prescrição dietética e as restrições alimentares a refeições atrativas e saborosas. Tudo isso é um desafio que exige aprimoramento técnico e assistência nutricional individualizada. Por outro lado, a gastronomia é um dos principais agregadores da sociedade, pois o ato de comer sempre se relaciona com o cotidiano das pessoas que ampliam os laços de amizade ou espírito de convivência, como nascimento, casamento, trabalho, etc. Enfim, o comer ou o não comer envolvem os fatores social, psicológico e/ou religioso, mas estes aspectos não ultrapassam a necessidade fisiológica. Percebe-se que para haver consumo é preciso existir qualidade na alimentação, o que não se limita apenas ao aspecto nutricional, mas também ao higienico-sanitário e ao sensorial. Nesse contexto, o alimento deverá provocar prazer, resultante de sensações visuais, táteis, gustativas e olfatórias. Assim, o conhecimento e a aplicação de técnicas gastronômicas corretas viabilizam e podem assegurar que as recomendações nutricionais sejam seguidas. A combinação da dietoterapia com a gastronomia é chamada de gastronomia hospitalar. Esta serve de instrumento para que a dietoterapia ocorra de forma agradável, no visual e no paladar, aumentando assim a aceitação da dieta e levando à recuperação do estado nutricional do paciente de uma forma mais rápida, principalmente ao se tratar de desnutridos, pois há melhora nas características sensoriais das preparações, na apresentação das dietas e no atendimento a estes. Assim, o objetivo primordial da gastronomia hospitalar é: melhorar as características sensoriais das preparações em todos os seus aspectos, promovendo nutrição e saúde, humanização e respeito ao paciente. Para que este objetivo seja alcançado, torna-se necessário:
 
1. Implantar técnicas de gastronomia eficazes, que representam as bases da cozinha, e treinamentos práticos destinados à equipe operacional.
1. Realizar a prescrição da dieta de acordo com as necessidades nutricionais individuais. 
1. Tornar o atendimento humanizado, por intermédio da oferta de alimentos que estejam de acordo com os hábitos, preferências e valores culturais individuais, sendo que a melhor maneira de se conseguir isso é pela implantação de cardápios opcionais.
 
A implantação de cardápios de opção independe dos recursos financeiros da instituição, pois o que influencia é o tipo de preparação oferecida e não a “glamourização” de tais preparações. Não importa se é oferecido filé de salmão com molho de mirtilo, ou sobrecoxa de frango assada, ou omelete de legumes. O principal é oferecer opções ao paciente e observar:
 
· Os hábitos alimentares do paciente. 
· Pontos de cocção. n Uso de ervas aromáticas e especiarias na elaboração dos pratos. n Consistência. n Apresentação. 
· Variedades de alimentos e de técnicas culinárias. 
· A necessidade do paciente, em termos da quantidade de sua alimentação. 
· O direito de escolha ou alternativa de opção do paciente. 
· O direito do paciente ao diálogo com o responsável pela administração do serviço. 
· O direito do paciente à informação relativa à dieta que lhe é servida. 
 
Além disso, é indispensável que os cardápios sejam nutritivos, atrativos em aparência e sabor, seguros sob a esfera sanitária, preferencialmente de fácil e rápido preparo, versáteis no uso e de custo compatível com sua destinação de uso. A nutrição hospitalar e a gastronomia, portanto, agregam valor ao trabalho do nutricionista e resultam no aprimoramento contínuo da assistência nutricional.
 
 
Dica do Professor
 
Diversas adaptações podem ser necessárias nas dietas hospitalares, que irão variar conforme as necessidades do paciente e as enfermidades apresentadas, sendo estas caracterizadas por modificações físicas ou químicas (ou ambas). Neste contexto, as alergias e as intolerâncias alimentares representam um importante problema de saúde mundial, cuja alimentação necessita ser adaptada e a dieta oferecida precisa ser a parte fundamental do tratamento.
As adaptações que devem ser realizadas na dieta para a alergia ou a intolerância alimentar.
 
 
Exercícios
 
1.  As dietas hospitalares podem sofrer várias modificações. As modificações químicas estão relacionadas com:
a) Características qualitativas.
As dietas hospitalares são padronizadas de acordo com as modificações (características) qualitativas e quantitativas da alimentação normal. As modificações químicas estão incluídas nas qualitativas.
 
 
b) Exclusão de macronutrientes.
As modificações químicas interferem nos macronutrientes, não os excluem.
 
c) Aumento obrigatório do valor calórico.
Não há, necessariamente, aumento no valor calórico.
 
d) Redução considerável e necessária do valor calórico.
A redução do valor calórico nem sempre é necessária.
 
e) Exclusão de micronutrientes.
As modificações químicas realizadas na dieta interferem na quantidade e na qualidade dos micronutrientes, não os excluem totalmente.
 
2. Dieta com modificação química, cuja finalidade é prevenir o acúmulo de metabólitos nitrogenados, indicada para pacientes com insuficiência renal crônica e encefalopatia hepática ou outra patologia cujo catabolismo proteico possa interferir na evolução positiva do quadro clínico. Que dieta é esta?
a) Hipercalórica.
Dieta com calorias em quantidade acima do valor energético total (VET) do paciente tem a função de gerar balanço positivo e, consequentemente, ganho de peso, além de ser indicada para pacientes em condição de subnutrição.
 
b) Hipoproteica.
A descrição citada é pertinente à dieta hipoproteica.
 
c) Hiperglicídica.
Esta se trata de uma dieta com quantidades aumentadas de carboidratos.
 
d) Hipolipídica.
Esta é uma dieta com teor reduzido de gorduras, principalmente as saturadas, que é indicada para pacientes com hipercolesterolemia e obesos.
 
e) Rica em potássio.
Dieta contendo alimentos que são fonte de potássio.
Conforme alguns estudos, a carência de potássio é comum em casos pós-operatórios, má nutrição, equilíbrio nitrogenado prolongado, perdas gastrintestinais e alcalose metabólica, assim como em casos de insuficiência cardíaca.
 
 
3. Qual das características a seguir corresponde à dieta leve?
a) Consistência exclusivamente líquida.
Na dieta leve, os líquidos podem ser oferecidos, porém, não de forma exclusiva.
b) Restringe alimentos sólidos.
Estes alimentos podem ser oferecidos, desde que bem macios ou bem cozidos.
 
c) Consistência semilíquida, usada como transição entre dieta branda e dieta líquida.
A dieta leve tem por finalidade favorecer o esvaziamento gástrico e o processo de digestão, sendo utilizada em pré e pós-operatórios, além de facilitar a mastigação e a deglutição.
d) Usada como transição entre dieta pastosa e dieta geral.
e) Os doces concentrados e os alimentos fermentescíveis podem ser oferecidos.
 
 
 
4. A dieta geral/livre ou voluntária é usada em quais situações?
a) Quando se deve alterar a consistência.
 Não há necessidade de alteração na consistência quando um paciente tem prescrição de dieta geral.
 
b) Quando se alteram os nutrientes, necessariamente.
Na dieta geral, não há modificação em termos de nutrientes.
c) Quando é necessário oferecer a consistência líquida. 
Na dieta geral, a consistência é sólida e os líquidos podem ser oferecidos.
 
d) Quando o paciente pode receber qualquer tipo de preparação.
Esta é a principal característica da dieta geral. Não há restrição em termos de alimentos e de preparações.
e) Quando é necessário fazer a transição da dieta pastosa para a dieta branda.
A dieta geral não é uma dieta de transição, pois não apresenta restrições em termos de consistência ou oferta de alimentos.
 
 
 
5. Corresponde a uma característica da gastronomia hospitalar: 
a) Não interferir no sabor dos alimentos.
A gastronomia hospitalar tem como uma de suas principais características interferir no sabor dos alimentos para otimizara aceitação das preparações.
 
b) Desconsiderar a dietoterapia, preconizando somente as técnicas gastronômicas.
Muito pelo contrário. A gastronomia hospitalar é a combinação da dietoterapia e da gastronomia.
 
c) Não interferir no visual dos alimentos.
A gastronomia hospitalar tem como uma de suas características interferir e aprimorar o visual dos alimentos, justamente para estimular a sua aceitação.
 
d) O paciente não pode obter informações da dieta.
Esta aproximação com o paciente, no sentido de fornecer informações sobre a sua alimentação, também é uma das características da gastronomia hospitalar, que tem a humanização no atendimento como um de seus pilares.
 
e) Proporcionar ao paciente o direito de escolha ou alternativa de opção na dieta.
Tornar o atendimento humanizado, por intermédio da oferta de alimentos que estejam de acordo com os hábitos, preferências e valores culturais individuais do paciente, facilita a aceitação da dieta e o atingimento das necessidades nutricionais.
 
Na prática
As dietas hospitalares são padronizadas segundo as modificações qualitativas e quantitativas da alimentação normal. No dia a dia do nutricionista, as modificações das dietas permitem adequar a alimentação às necessidades e às condições do paciente, assim como à enfermidade apresentada. Portanto, representam um instrumento imprescindível no exercício profissional, visto que, a partir de tais adaptações, a aceitação alimentar será facilitada, especialmente quando for aliada à gastronomia hospitalar.
Márcia é nutricionista clínica em um hospital e está coordenando uma equipe quanto a adaptação dietoterápica para um paciente com dificuldade de mastigação e que está desnutrido.
Clique na imagem e veja qual a conduta seguida por Márcia, qual a dieta adotada e também algumas técnicas gastronômicas utilizadas neste caso.

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