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HHISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE - TEXTO

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Prévia do material em texto

1 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
 
INTRODUÇÃO 
A presente Brochura de Historia de Moçambique foi elaborada com base no programa 
de ensino abaixo apresentado: 
No Conteúdo Carga Horária 
Contacto Estudo 
1 O Povoamento de Moçambique e os Primeiros Estados Bantu 
(Séc. II/III – XV) 
I- Fixação Bantu e as Primeiras Sociedades 
Sedentárias em Moçambique até ao Século VII 
10 10 
2 II. Os Primeiros Estados de Moçambique e o Comércio com 
os Estrangeiros: árabes e portugueses. 
8 10 
3 III. A Colonização Portuguesa em Moçambique 8 10 
4 IV. A Formação da Frelimo e a Luta de Libertação Nacional 
(1962 – 1974) 
10 10 
 V. Moçambique Independente (1975 – c. 2008) 4 20 
Sub Total 40 60 
Total 100 
 Fonte: UP (2014). Plano Curricular do Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento 
Comunitário, Maputo, p. 195 
 
Advertência: as informações contidas na brochura não são passíveis de serem 
citadas em trabalhos académicos 
 
 
 
 
 
 
 
2 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
 
O POVOAMENTO DE MOÇAMBIQUE E OS PRIMEIROS ESTADOS BANTU 
 
Os Primeiros Habitantes de Moçambique 
Os primeiros habitantes de Moçambique foram provavelmente os Khoisan, que eram 
caçadores, recolectores e pescadores. Há cerca de 10.000 anos a costa de 
Moçambique já tinha o perfil aproximado do que apresenta hoje em dia: uma costa 
baixa, cortada por planícies de aluvião e parcialmente separada do Oceano Índico por 
um cordão de dunas. Esta configuração confere à região uma grande fertilidade, 
ostentando ainda hoje grandes extensões de savana . Havia, portanto, condições para 
a fixação de povos caçadores e recolectores. Os Khoisan tinham um modo de vida 
nómada. Os seus instrumentos de trabalho eram muito primitivos; estavam 
organizados socialmente em bandos; O trabalho era dividido por sexo e idade e o 
produto final distribuído equitativamente para todos que tinham trabalhado. Eram, 
pois, sociedades sem exploração do homem pelo homem. 
 
Nos séculos I a IV, a região começou a ser invadida pelos Bantu, que eram 
agricultores e já conheciam a metalurgia do ferro. A base da economia dos Bantu era 
a agricultura, principalmente de cereais locais, como a mapira (sorgo) e a mexoeira; 
a olaria, tecelagem e metalurgia encontravam-se também desenvolvidas, mas 
naquela época a manufactura destinava-se a suprir as necessidades familiares e 
o comércio era efectuado por troca directa. Por essa razão, a estrutura social era 
bastante simples - baseada na "família alargada" (ou linhagem) à qual era 
reconhecido um chefe. Os nomes destas linhagens nas línguas locais são, entre 
outros: em eMakua, o Nlocko, em ciYao, Liwele, em ciChewa, Pfuko e 
em chiTsonga, Ndangu. 
 
 A Expansão e Fixação Bantu 
Substituindo a comunidade primitiva e o predomínio da caça e da recolecção, vários 
grupos populacionais foram chegando a Moçambique desde há cerca de 1700 anos, 
povoando gradualmente as bacias fluviais costeiras e quase ao mesmo tempo as 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Khoisan
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Savana
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_I
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_IV
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bantu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metalurgia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sorgo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mexoeira
https://pt.wikipedia.org/wiki/Olaria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecelagem
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manufactura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Linhagem
https://pt.wikipedia.org/wiki/EMakua
https://pt.wikipedia.org/wiki/CiYao
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=CiChewa&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiTsonga
3 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
encostas e os planaltos do interior. Este processo de expansão ficou conhecido por 
expansão Bantu. 
A palavra Bantu tem uma conotação exclusivamente linguística e surgiu em 1862, sob 
proposta do linguista alemão Bleek, para assinalar o grande parentesco de cerca de 
300 línguas, as quais utilizam esse vocábulo para designar os homens (singular 
Muntu). Porém, não existe uma raça Bantu. 
 
Teorias Sobre a Expansão Bantu 
Sobre a expansão Bantu, existem, até hoje, algumas controvérsias. Presume-se que 
o alargamento do deserto do Saara, o aumento populacional na orla noroeste da 
floresta equatorial, a falta de terras cultiváveis e a difusão da tecnologia do ferro e das 
práticas agro-pastoris estariam na origem da referida expansão. 
 
De entre vários autores consagrados, destaque particular para o trabalho realizado 
por MARTIN HALL, que resumiu em três aspectos fundamentais as grandes 
discussões que linguistas, arqueólogos e historiadores têm realizado sobre a 
expansão bantu: 
 
1° Aspecto 
Os povos bantu eram uma nova raça que teria imigrado para o sul, substituindo ou 
absorvendo as comunidades primitivas que habitavam a África Austral. É a concepção 
rácica da expansão, prontamente criticada e abandonada. 
 
2° Aspecto 
Os povos bantu não eram uma nova raça, mas sim povos falantes de línguas 
aparentadas entre si - O bantu. É a chamada teoria linguista. (O termo bantu passou 
a ser utilizado a partir de 1862, graças ao trabalho do linguista Alemão, Bleek, que 
descobriu um grande parentesco em cerca de 300 línguas faladas na região austral). 
Esta teoria, tem várias vertentes para explicar a expansão bantu: 
4 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
 
i) Para GREENBERG, Joseph, a migração bantu deu-se em direcção ao sul, a partir 
da zona de fronteira entre os Camarões e a Nigéria; 
 
ii) GUTHRIE, Malcom, defende que o centro da expansão teria sido a região do Luba, 
na província do Shaba, no Zaire. 
 
iii) OLIVER, Roland, concorda com ambos, defendendo que suas teorias se 
complementam e acrescenta um novo dado: a expansão obedeceu a quatro fases 
distintas. 
 
iv) PHILLIPSON, David, defende que a origem da expansão se encontra na floresta 
dos Camarões, com dois movimentos distintos: um que contornou a Grande Floresta 
para a região dos Lagos (a oriente) e o outro que o seguiu, atravessando a floresta 
em direcção ao Zaire e Angola; 
 
v) EHRET, Cristopher, acredita que as línguas bantu espalharam-se através da zona 
tropical, com um período de diferenciação local nas regiões de floresta de savana, 
antes da sua expansão final para oriente e região sul-oriental. 
 
Do exposto, conclui-se que os que defendem a teoria linguista concordam que o centro 
da expansão bantu, o núcleo proto-bantu, estaria na orla noroeste da floresta 
equatorial e que em vagas sucessivas teriam chegado à África Austral. 
 
3° Aspecto 
A expansão bantu estaria ligada a domesticação das plantas e animais, a cerâmica e 
ao trabalho do ferro. O desenvolvimento desta economia mista (agricultura, pastorícia 
e metalurgia), permitiu a sedentarização das populações, a especialização no trabalho 
e o surgimento da desigualdade social. 
 
Os bantu já dominavam a técnica da metalurgia do ferro. 
Em Moçambique, evidências da expansão bantu, teriam sido gradualmente reveladas 
em diversas estações arqueológicas na Matola, em Xai-Xai, Vilanculos, Marrape, 
5 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas NativoUniLicungo - 2023 
 
Hola-Hola, Mavita, Chongoene, Bilene, Zitundo, Serra Malia, Monte Mitukue, entre 
outros locais. 
 
Causas da Expansão Bantu 
 Procura de terras férteis; 
 Aumento populacional; 
 O conhecimento e difusão da nova tecnologia de ferro; 
 O conhecimento e difusão da actividade agro-pecuária. 
 
O conhecimento das actividades agro-pecuárias, criou uma estabilidade no núcleo 
Proto-Bantu, que entre outros aspectos representou uma melhoria das suas condições 
de vida, ocasionando o aumento populacional que levou a disputa de terras férteis 
para a prática da agricultura, daí o movimento populacional. 
No que se refere a nova tecnologia de ferro, teve sua importância na migração Bantu, 
uma vez que a descoberta deste metal permitiu a esta população o fabrico de 
instrumentos mais cortantes, resistentes e eficazes, contribuindo desta maneira no 
aumento da produção e da productividade o que criou condições para o surgimento 
do excedente 
 
As Sociedades Moçambicanas Após a Fixação Bantu 
Durante a expansão, atendendo ao tipo da sua economia, os bantu preferiram 
localizar as suas aldeias em terras férteis e junto de cursos permanentes de água. 
Como se disse, base económica era a agricultura (mapira e mexoeira). Por isso, eram 
sedentários. A caça, a pesca, olaria, tecelagem e a metalurgia do ferro, eram 
actividades complementares da agricultura. A terra era património da comunidade. 
Todos tinham acesso a ela, mas cabia aos membros seniores a distribuição e o 
controlo da sua correcta exploração. O exercício de tarefas não produtivas por um 
grupo reduzido da população e o aparecimento do excedente contribuíram para o 
surgimento da exploração do homem pelo homem. Estas relações de produção, 
expressas em tributos quer em trabalho quer em espécie, por exercidas no quadro 
das relações de parentesco, eram conscientemente assumidas pelos produtores 
6 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
directos, como manifestação de reconhecimento pelas valiosas actividades 
propiciatórias que chefes desempenham. 
 
O sistema de parentesco, assente em linhagens e clãs, desempenhava um importante 
papel nas esferas política, económica, religiosa e social. Era como parente que o 
indivíduo tinha acesso aos recursos económicos e demais direitos da comunidade. Os 
parentes mais velhos, herdeiros e guardiões das experiências e tradições 
comunidade, portanto, os únicos detentores do saber, monopolizavam o exercício das 
tarefas técnico-administrativas e mágico-religiosas. Orientavam as cerimónias da 
invocação da chuva, pediam aos antepassados a fertilidade do solo, a estabilidade 
política e o sucesso das actividades económicas. Detinham igualmente, o poder de 
decisão sobre as alianças matrimoniais e políticas. Estes membros seniores, como 
chefes religiosos, eram considerados os elos de ligação entre vivos e os mortos. 
 
 
Os Grupos etno-linguísticos moçambicanos: as diferenças norte/sul 
 
Em Moçambique, localizamos dois tipos de linhagens: ao norte do rio Zambeze, 
predomina a linhagem matrilinear e ao sul do mesmo rio, a patrilinear. 
 
a) Linhagem matrilinear: neste sistema, o filho nascido de um casamento pertence 
à família da mãe; pratica-se a uxorilocalidade, isto é, com o casamento o homem 
transfere-se da sua povoação para a da mulher. O dote (mahari, em emakua) de maior 
significado, é entregue pelo homem à mulher. A educação dos filhos não é assegurada 
pelo pai, mas sim pelo tio materno. A transmissão do poder, obedece mais ou menos 
a mesma regra: com a morte de um chefe, o poder não passa para o filho mais velho, 
mas sim para o sobrinho, filho da irmã mais velha. A caça, a pesca e a construção de 
casa eram as únicas actividades masculinas relevantes. As mulheres, praticando a 
agricultura, é que asseguravam o sustento das comunidades. 
 
b) Linhagem patrilinear: o filho nascido de um casamento pertence à família do pai. 
Pratica-se a virolocalidade, isto é, a transferência da mulher para a povoação do 
marido por ocasião do casamento. Isto é um indicador do papel preponderante que os 
7 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
homens desempenhavam na vida e económica e social. O dote (lobolo) pago pelo 
noivo aos sogros aparece como um mecanismo de estabilidade dos casamentos e de 
“subordinação” da mulher em relação ao homem. A transmissão da herança é de pai 
para o filho mais velho. A prática da pastorícia, actividade masculina por excelência, 
conferia aos homens o acesso a um bem duradouro, principalmente expresso em 
gado bovino. O gado era o principal meio de pagamento de lobolo e simbolizava o 
poder económico, ou melhor, representava a capacidade de adquirir esposas. 
 
Entre os séculos IX e XIII começaram a fixar-se na costa oriental de África populações 
oriundas da região do Golfo Pérsico, que era naquele tempo um importante centro 
comercial. Estes povos fundaram entrepostos na costa africana e 
muitos geógrafos daquela época referiram-se a um activo comércio com as "terras 
de Sofala", incluindo a troca de tecidos da Índia por ferro, ouro e outros metais. 
Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente com a chegada dos 
mercadores, a estrutura política tornou-se mais complexa, com linhagens dominando 
outras e finalmente, formando-se verdadeiros estados na região. 
 
 
OS PRIMEIROS ESTADOS DE MOÇAMBIQUE E O COMÉRCIO COM OS 
ESTRANGEIROS: ÁRABES E PORTUGUESES 
 
O Primeiro Estado do Zimbabwe 
Embora os povos que falavam a língua chiShona - ainda hoje a principal língua 
do Zimbabwe, com cerca de sete milhões de falantes, em vários dialectos - se tenham 
instalado na região cerca do ano 500, o primeiro estado do Zimbabwe existiu 
aproximadamente entre 1250 e 1450 aproximadamente na região da actual República 
do Zimbabwe. O seu nome deriva dos amuralhados de pedra que a aristocracia fazia 
construir à volta das suas habitações e que se chamavam madzimbabwe. O que 
parece ter sido a capital deste estado - o actual monumento do Grande Zimbabwe - 
cobria uma superfície considerável (incluindo não só a área dentro dos amuralhados, 
mas também uma grande "cidade" de caniço, à volta daqueles), levando a pensar que 
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo_P%C3%A9rsico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofala
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiShona
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zimbabwe
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aristocracia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital
https://pt.wikipedia.org/wiki/Monumento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Zimbabwe
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Typha
8 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
tinha uma população de várias centenas, talvez milhares de habitantes, e uma grande 
actividade comercial. 
Em Moçambique conhecem-se também ruínas de madzimbabwe, a mais importante 
das quais chamada Manyikeni, a cerca de 50 km de Vilankulo, na província 
de Inhambane, e a cerca de 450 km do Grande Zimbabwe. 
 
Para além da grande fertilidade da região onde este estado se estabeleceu, o apogeu 
do primeiro estado do Zimbabwe deve estar ligado à mineração e metalurgia do ouro, 
muito procurado pelos mercadores originários da zona do Golfo Pérsico que já 
demandavam as "terras de Sofala", pelo menos desde o século XII. 
 
Cerca de 1450, o Grande Zimbabwe foi abandonado, não se conhecendo as razõesdesse abandono mas, pela mesma altura, verificou-se uma grande invasão de povos 
também de língua chiShona que deu origem ao Império dos Mwenemutapas. Estes 
invasores submeteram os povos duma região que se estendeu até ao Oceano Índico, 
desde o rio Zambeze até a actual cidade de Inhambane, pelo que não é claro o 
abandono do Grande Zimbabwe. 
 
O IMPÉRIOS DOS MWENEMUTAPAS 
A invasão e conquista do norte do planalto zimbabweano pelas tropas de 
Nyantsimba Mutota, em 1440-1450, deu origem a um novo estado dominado 
pela dinastia dos Mwenemutapas. Estes invasores, que também falavam a 
língua chiShona estabeleceram a sua capital próximo do rio Zambeze, no norte da 
actual província de Manica. 
No século XVI, o Império dos Mwenemutapas tinha estendido o seu domínio a uma 
região limitada pelo rio Zambeze, a norte, o Oceano Índico, a leste, o rio Limpopo a 
sul e chegando a sua influência quase ao deserto do Kalahari a sudoeste. Porém, esta 
última região poderia estar sobre a alçada de outros estados, como 
os reinos de Butua e Venda, que terão estabelecido com os Mwenemutapas relações 
de boa vizinhança. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Manyikeni&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vilankulo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inhambane_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Min%C3%A9rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metalurgia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo_P%C3%A9rsico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofala
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XII
https://pt.wikipedia.org/wiki/1450
https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiShona
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mwenemutapa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zambeze
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inhambane_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zimbabwe
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Mutota&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dinastia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mwenemutapa
https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiShona
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zambeze
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manica_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Limpopo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Kalahari
https://pt.wikipedia.org/wiki/Monarquia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Butua
https://pt.wikipedia.org/wiki/Venda_(%C3%81frica_do_Sul)
9 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
Para além de esta ser uma região fértil e não estar afectada pela mosca tsé-tsé, 
permitindo a criação de gado, o que contribuiu para a estabilidade e crescimento das 
populações, as minas de ouro estavam principalmente localizadas no interior. Por 
essa razão, o domínio das rotas comerciais que constituíam o Zambeze, por um lado, 
e de Sofala, mais a sul, conferiu aos Mwenemutapas - era a aristocracia que 
controlava o comércio - uma grande riqueza. 
 
As Actividades Económicas 
 A agricultura continuava a ser a principal base económica. Era como parente que o 
indivíduo tinha acesso à terra, que não podia ser vendida nem alienada. 
 Dedicavam-se também à pastorícia, à mineração do ouro, ao artesanato e ao 
comércio. O comércio a longa distancia e a mineração do ouro eram controlados pela 
aristocracia dominante. Os Shonas-Karanga trocavam o ouro por tecidos e 
missangas, que, com o tempo, ascenderam à categoria de bens de prestígio. A 
principal forma de exploração económica era a cobrança do tributo. 
 
A Organização Político-administrativa 
O poder central localizava-se entre os rios Luía e Mazoe e estava circundado por uma 
cintura de Estados vassalos ou satélites, entre os quais se encontravam sedanda, 
Quissanga, Quiteve, Manica e Báruè Maungwe, alem de outros. 
 As classes dominantes desses Estados, constituídas por parentes dos 
Mwenemutapas e por estes nomeados, tinham a tendência de se rebelar quando o 
poder central enfraquecia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mosca_ts%C3%A9-ts%C3%A9
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofala
https://www.blogger.com/null
https://www.blogger.com/null
10 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
A estrutura político-administrativa pode ser representada da seguinte forma: 
 
 Mwenemutapa – Chefe Supremo 
Mazarira, Inhaahanda e Nambuzia – as três 
principais mulheres do soberano, com funções 
importantes na administração. 
 
 Nove altos-funcionários – responsáveis pela defesa, 
comércio, cerimonias magico-religiosas, relações 
exteriores, festas, etc. 
 
 Mambos – chefes dos reinos conquistados. 
 Fumos ou Encosses – chefes provinciais. 
 Mukuru ou Mwenemusha – chefes das mushas (comunidades aldeãs). 
 Linhagem – unidade produtiva de base, constituída por parentes consanguíneos. 
 
 A Estrutura Socioeconómica 
A articulação entre a aristocracia dominante e as comunidades aldeãs encerrava 
relações de exploração de homem pelo homem, materializadas pelas obrigações e 
direitos que cada uma das partes tinha para com a outra. 
As comunidades aldeãs (mushas), sob a direcção dos mwenemushas, garantiam com 
o seu trabalho a manutenção e a reprodução da aristocracia e esta concorria para o 
equilíbrio e reprodução social de toda a sociedade shona, com o desenvolvimento de 
inúmeras actividades não directamente produtivas. 
 
Obrigações das Mushas 
 * Impostos em trabalho: 
 
* Mineração do ouro, quer para alimentar o comércio a longa distância, quer para a 
importação de produtos que, na sociedade shona, ascendiam à categoria de bens de 
prestígio (os jazigos auríferos situavam-se sobretudo nas terras planálticas – Chidima, 
Dande, Butua e Manica) 
* prestação de sete dias de trabalho mensais nas propriedades dos chefes 
(zunde); 
https://www.blogger.com/null
https://www.blogger.com/null
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História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
* construção de casas para membros das classes dominantes; 
 * transporte de mercadorias de e para os estabelecimentos comerciais. 
 
* imposto em géneros: 
 
* Primícias das colheitas (tributo simbólico) e uma parte da produção (tributo regular); 
* Marfim, pelas e penas de alguns animais e aves, respectivamente; 
* Materiais para a construção da classe dominante: pedras, palhas, etc. 
 
* Obrigações da Classe Dominante: 
* Orientar as cerimónias de invocação das chuvas; 
* Garantir a segurança das pessoas e dos seus bens; 
* Assegurar a estabilidade política e militar no território; 
* Servir de intermediário entre os vivos e os vivos e os mortos; 
* Orientar as cerimónias magico-religiosas para evitar cheias, epidemias, calamidades 
naturais, etc. 
 
A ideologia 
A religião foi um factor integrador fundamental do sistema político mwenemutapa. 
Proprietários de < <saber>> da fecundidade da terra e depositários da ordem do 
mundo, os Mwenemutapas constituíam os antídotos mais eficazes contra deserdem. 
A sua morte significa o caos (choriros). 
 
Praticava-se o culto aos espíritos dos antepassados – os Muzimus.os Muzimus mais 
respeitados e temidos eram os de reis. Os especialistas que garantiam a ligação entre 
os vivos e os mortos eram chamados de swikiros (também denominados pondoros ou 
mondoros). Associados ao poder político, os swikiros eram o suporte das classes 
dominantes. 
 
Foi o ouro que determinou a fixação na costa do Oceano Índico,primeiro dos 
mercadores e colonos árabes oriundos da região do Golfo Pérsico, ainda no século 
XII, e depois dos portugueses, no princípio do século XVI. 
https://www.blogger.com/null
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rabes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo_P%C3%A9rsico
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XII
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XII
https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal
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História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
A Chegada dos Portugueses à Moçambique e o Declínio do Império dos 
Mwenemutapas 
Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já 
existiam entrepostos comerciais árabes e uma grande parte da população tinha 
aderido ao Islão. 
Os mercadores portugueses, apoiados por exércitos privados, foram-se infiltrando no 
império dos Mwenemutapas, umas vezes firmando acordos, noutras forçando-os. 
Em 1530 foi fundada a povoação portuguesa de Sena, em 1537, de Tete, no rio 
Zambeze, e em 1544 de Quelimane, na costa do Oceano Índico, assenhorando-se da 
rota entre as minas e o oceano. Em 1607 obtiveram do rei a concessão de todas as 
minas de ouro do seu território. Em 1627, o Mwenemutapa Capranzina, hostil aos 
portugueses, foi deposto e substituído pelo seu tio Mavura; os portugueses 
baptizaram-no e este declarou-se vassalo de Portugal. 
 
Os Mwenemutapas reinaram até finais do século XVII, altura em que foram 
substituídos pela dinastia dos Changamira Dombos, outro grupo Shona que dominava 
o reino Butua, contribuindo assim para a extensão territorial do império. As relações 
dos Changamiras com os portugueses tiveram altos e baixos, mas, em 1693, houve 
um levantamento armado em que os soldados portugueses que residiam na capital (o 
grande Zimbabwe) foram escorraçados, várias igrejas destruídas e os portugueses 
impedidos, durante algum tempo, de ter acesso ao ouro e ao comércio com os reinos 
indígenas. 
Por essa altura, no entanto, os portugueses controlavam o vale do Zambeze e 
começaram a interessar-se mais pelo marfim, empreendimento que levavam a cabo 
por acordo com os estados Marave . O império dos Mwenemutapa, embora com 
menos poder económico, manteve-se até meados do século XIX, altura em que foi 
desmembrado pelos Estados Militares que se formaram como resistência dos 
prazeiros à administração portuguesa. 
Finalmente, a administração colonial portuguesa e britânica em África terminou com o 
poder político dos chefes então existentes. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vasco_da_Gama
https://pt.wikipedia.org/wiki/1497
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rabes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/1530
https://pt.wikipedia.org/wiki/1537
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tete_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/1544
https://pt.wikipedia.org/wiki/Quelimane
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico
https://pt.wikipedia.org/wiki/1607
https://pt.wikipedia.org/wiki/1627
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Capranzina&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Mavura&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vassalo
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVII
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Changamira_Dombo&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Shona
https://pt.wikipedia.org/wiki/Butua
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marfim
13 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
O IMPÉRIO MARAVE 
Os Estados Marave formaram-se com a chegada a sul do Malawi, a partir de camadas 
sucessivas de emigrantes oriundos da região de Luba do Congo, liderados pelo clã 
Caronga-Phiri, entre 1200 a 1400, situados entre-os-rios Chire e Luangua, a norte do 
rio Zambeze. Conflitos dinásticos levaram a fragmentação do clã original, dando 
origem a dois clãs: os Phiri e os Bandas novas linhagens que posteriormente se 
estabeleceram a oeste, sul e sudeste do território ocupado pelos Caronga. 
Assim, Undi irmão de Caronga moveu-se para oeste e estabeleceu a hegemonia da 
sua linhagem sobe os povos de língua Cheua e Nsenga, abrangendo a norte da 
província de Tete. Por outro lado, Kaphwiti e Lundu lograram dominar as populações 
do vale do Chire. 
Os estados Marave foram um conjunto de pequenos reinos formados na margem 
norte do rio Zambeze e que se tornaram importantes na história da 
penetração portuguesa nesta região. 
 
A origem do nome é desconhecida, mas aparece em textos antigos (séculos XVII e 
XVIII) e ainda hoje está associada ao de um distrito da província de Tete, a Marávia. 
O nome foi utilizado com referência à fixação nesta região, entre 1200 e 1400, de um 
povo, cujo clã dominante, denominado Phiri, se tornou, por alianças com as linhagens 
dominantes locais, o clã dominante. Mais recentemente, o escritor António Rita 
Ferreira utilizou esta designação para o conjunto de tribos ali existente. 
 
Uma característica importante é que todos os povos da região, embora apresentem 
hoje uma grande diversidade de línguas (do grupo de Bantu sul-central, das 
famílias ciNyanja, ciYao e eMakuwa) tem como forma de organização da sociedade 
a matrilinearidade, ou seja, a transmissão dos poderes "mágicos" e da propriedade - 
do próprio "poder" - é feita por casamento com a mulher da linhagem que o detém. 
Os Phiri terão utilizado esse poder para expandir a sua dominação e, mais tarde, 
os prazeiros portugueses fizeram o mesmo 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zambeze
https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tete_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Mar%C3%A1via_Angonia(distrito)&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Phiri&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ant%C3%B3nio_Rita_Ferreira&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ant%C3%B3nio_Rita_Ferreira&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribo
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_Bantu
https://pt.wikipedia.org/wiki/CiNyanja
https://pt.wikipedia.org/wiki/CiYao
https://pt.wikipedia.org/wiki/EMakua
https://pt.wikipedia.org/wiki/Matrilinear
https://pt.wikipedia.org/wiki/Prazos_da_Coroa
14 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
Diferentemente dos Mwenemutapas a sul do Zambeze, os Maraves a norte 
dominaram o seu território através da absorção e adaptação da ideologia local, 
acompanhado com o casamento com mulheres nativas, promovendo o controlo sobre 
a esfera ideológica. 
Limites 
 Norte: Malawi 
 Sul: rio Zambeze 
 Este: Rio Luangua 
 Oeste: Rio Chire 
 
Assim, o Estado o estado Marave passou a ter como estados satélites: Undi, Lundu, 
Kaphwiti e Biwi. Todos estes estados onde o aparelho do Estado se confundia com 
a família reinante, eram governados por membros oriundos do clã original Phiri. O 
termo Marave designa várias formações etnolinguísticas. 
Principais Actividades Económicas 
A principal actividade económica dos povos Maraves era a agricultura e o comércio a 
longa distância. Pode-se aceitar que a Mapira era o cereal mais cultivado entre o 
Chire e Luangua. Cultivava-se o milho, mexoeira, amendoim, leguminosas, etc. A 
agricultura era itinerante sobre queimadas, sendo a enxada de cabo curto como único 
instrumento utilizado. No estado Marave, para a produção agrícola havia uma forma 
de cooperação entre os camponeses designada por Dima, que previa entre outros 
aspectos garantir maior produção e productividade. É certo que os Maraves 
produziam e comercializavam as enxadas da metalurgia. Por outro lado, havia uma 
produção considerável de tecidos de algodão para troca, designadas por 
“Machiras”.Um outro produto saído do território Marave era o Sal e há evidências de que ele era 
adquirido por mercadores Ajauas e Bisa. 
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História de Moçambique 
 
 
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Tal como sucedia no império de Mwenemutapa e das linhagens satélites, as classes 
dominantes dependiam para a sua reprodução de duas fontes: Tributos diversos como 
o comércio do marfim, o qual representava para os soberanos Maraves o mesmo que 
o ouro para os soberanos Chona. 
No caso do estado dos Undi, a classe dominante recebia tributos regulares e tributos 
rituais. Os súbditos eram obrigados a trabalhar regularmente nas terras dos chefes, a 
construir casas para a classe dominante e assegurar a manutenção da capital. Como 
tributos rituais, havia as primícias das colheitas e as taxas devidas ao facto de os 
chefes orientarem as cerimónias mágico religiosas. 
Ainda no Estado Undi, os súbditos eram obrigados a cultivar produtos para o interesse 
geral conhecidos por “Munda ya Chiweta”. Com o produto do sobretrabalho dos 
súbditos o Undi sustentava visitantes e Litigantes, entretinha jogos e danças e socorria 
os necessitados. 
Recebiam igualmente tributos de vassalagem que incluíam penas vermelhas de certos 
pássaros, marfim, peles de leão e de leopardo, partes comestíveis de outros animais, 
tributo de trânsito dos comerciantes designado por Mororo e primícias das colheitas. 
Estrutura Socio-política e Administrativa 
O aparelho político do Estado Marave era complexo. Porém, tomemos o exemplo do 
Estado Undi, cujos territórios abrangiam a actual província de Tete. 
 Undi: Chefe máximo do Estado 
 Mambo: Chefe dos territórios conquistados 
 Mwene Dziko: Chefe Territorial 
 Mwene Mudzi ou Fumo: Chefe da aldeia 
 
Todavia, há que salientar que cada chefe era servido por um conjunto de conselheiros 
os mbili, singular ambili. Havia igualmente um corpo de funcionários subalternos como 
mensageiros e guarda do chefe. 
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História de Moçambique 
 
 
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No Estado Marave, todos os chefes estavam ligados por laços de parentesco. Os 
membros da aldeia, os Mwene Mudzi eral geralmente membros seniores das 
matrilinhagens locais, sendo o núcleo matrilinear básico designado por bele, formado 
pela mulher, por suas irmãs casadas e ou solteiras, filhos não casados, filhos das 
irmãs e por incorporação pelo marido da mulher e pelos maridos das filhas da mulher. 
Papel das Crenças Mágico-religiosas 
As crenças mágico-religiosas do Estado Marave eram destinadas a evocação das 
chuvas, a fertilidade das terras, ao controlo das cheias. Esses cultos eram dedicados 
a entidades supremas como era o culto do Muári ou Muáli, o culto 
de Chissumpi, que era a veneração de espíritos naturais e o culto de Makewana. 
A penetração dos Caronga-Phiri não foi violenta de tipo militar. Foi, no entanto, 
seguida de absorção gradual dos cultos nativos. O gradual domínio dos territórios 
através da absorção e adaptação da ideologia local, foi acompanhado pela prática de 
casamentos com mulheres dos clãs nativos. Em alguns casos, o Undi casava com a 
irmã do chefe local, dando-lhe em troca uma das suas irmãs para ser esposa. 
Assim, pode-se concluir que enquanto a sul do Zambeze a ocupação territorial de 
Nhatsimba Mutota foi essencialmente de natureza militar, a norte do Zambeze a 
ocupação territorial dos Maraves se fez pela conquista da esfera ideológica expressa 
nos santuários e nos rituais. A aristocracia dominante Caronga era obrigada a casar-
se com as mulheres saídas do clã Banda (clã originário da região ocupada pelos 
Caronga). 
Decadência do Estado Marave 
O declínio das rotas comerciais Marave que iam até à costa, substituídas desde fins 
do século XVI por duas rotas controladas pelos mercadores Ajauas pode ter 
constituído um dos factores que minou o poder das dinastias Phiri, juntamente com 
dissensões dinásticas e uma fragmentação linhageira intensa. 
17 
História de Moçambique 
 
 
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Por outro lado, a decadência dos Estados Marave, no século XVI foi intensificada 
pela penetração de mercadores no fim do século XVIII. Alguns deles acabaram 
casando-se com a filha de Undi reinante e começou a sua vida como prospector de 
Ouro, utilizando mulheres escravas. 
Há que ter ainda em conta a invasão dos Nguni provenientes do movimento Mfecane, 
um extenso movimento de migrações encetado na Zululândia devido as lutas violentas 
interlinhagens. 
Outro factor a ter em conta na decadência dos Estados Marave está certamente 
associado à penetração mercantil portuguesa no vale do Zambeze a partir de 1530 e 
ao bloqueio feito á penetração Swahili-Árabe. 
Podemos ter ainda como causa da decadência deste Estado, os conflitos no seio da 
classe dominante Marave pelo poder que acelerou a desintegração das linhagens 
dirigentes. 
OS PRAZOS DA COROA 
Por volta de 1600, Portugal começou a enviar para Moçambique colonos, muitos de 
origem indiana, que queriam fixar-se neste território. Esses colonos, muitas vezes 
casavam com as filhas de chefes locais e estabeleciam linhagens que, entre 
o comércio e a agricultura, podiam tornar-se poderosas. 
 
Em meados do século XVII, o governo português decide que as terras ocupadas por 
portugueses em Moçambique pertenciam à coroa e estes passavam a ter o dever 
de arrendá-las a prazos que eram definidos por 3 gerações e transmitidos por via 
feminina. Esta tentativa de assegurar a soberania na colónia recente, não foi de muito 
êxito porque, de facto, os "muzungos" e as "donas" já tinham bastante poder, 
mesmo militar, com os seus exércitos de "xicundas", e muitas vezes se opunham à 
administração colonial, que era obrigada a responder igualmente pela força das 
armas. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVII
https://pt.wikipedia.org/wiki/Renda
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Militar
18 
História de Moçambique 
 
 
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Não só estes senhores feudais não pagavam renda ao Estado, como também 
organizaram um sistema de cobrar o “mussoco” (um imposto individual em espécie, 
devido por todos os homens válidos, maiores de 16 anos) aos camponeses que 
cultivavam nas suas terras. Além disso, mineravam ouro e obtinham marfim e 
escravos que comerciavam em troca de panos e missangas que recebiam da Índia e 
de Lisboa. Até 1850, Cuba foi o principal destino dos escravos provenientes da 
Zambézia. 
Em 1870, era apenas em Quelimane (sem conseguir penetrar no "Estado da Maganja 
da Costa") onde Portugal exercia alguma autoridade, cobrando o "mussoco", instituído 
e cobrado pelos prazeiros. Isto, apesar de, em 1854, o governo português ter 
"extinguido" os Prazos (pela segunda vez, a primeira tinha sido em 1832). Outros 
decretos do mesmo ano extinguiam a escravatura (oficialmente), uma vez que os 
"libertos" eram levados à força para as ilhas francesas do Oceano Índico (Maurícias 
e Reunião), com o estatuto de "contratados", e o imposto individual, substituindo-o 
pelo imposto de palhota, uma espécie de contribuição predial. 
 
Na margem direita do rio Zambeze e na margem esquerda da actual província 
de Tete, os prazos começaram a ser atacados, em 1830, pelos nguni que fugiam 
durante o mfecane (explicar) mas, aparentemente, os prazos da Zambézia 
escaparam a essa sorte. Mas, apesar de "ressuscitados"por António Enes, o grande 
ideólogo do colonialismo pós-escravatura, não resistiram ao capital das grandes 
companhias. Depois de serem engolidos por estas, viram a administração colonial 
organizar-se finalmente - já na segunda metade do século XIX - e utilizar a sua 
estrutura feudal, depois de transformados os "xicundas" em sipaios, para submeterem 
os povos da região. 
Por volta de 1870, começaram a estabelecer-se em Quelimane várias companhias 
europeias, já não interessadas em escravos, nem em marfim, mas sim 
em oleaginosas - amendoim, gergelim e copra - muito procuradas 
nas indústrias recém-criadas de óleo alimentar, sabões e outras. No princípio, 
comercializando com os prazeiros, induziram-nos a forçarem os seus camponeses a 
cultivar estes produtos. Exemplos dessas companhias são a "Fabre & Filhos" e a 
"Régie Ainé", ambas com sede em Marselha, a "Oost Afrikaansch 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Quelimane
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maganja_da_Costa_(distrito)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maganja_da_Costa_(distrito)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maur%C3%ADcia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reuni%C3%A3o_(ilha)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto_de_palhota
https://pt.wikipedia.org/wiki/Contribui%C3%A7%C3%A3o_predial
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Zambeze
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tete_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nguni
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mfecane
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Enes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Colonialismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sipaio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oleaginosa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Amendoim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gergelim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Copra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93leo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sab%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marselha
19 
História de Moçambique 
 
 
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Handelshuis", holandesa, e a "Companhia Africana de Lisboa". A "Oost" chegou a 
abrir em Sena uma sucursal para incentivar nessa região a produção de amendoim. 
Mas a agricultura familiar não produzia as quantidades desejadas, era necessário 
organizar plantações. É nessa altura que o governador da "província 
ultramarina", Augusto de Castilho, cuja administração estava desejosa de ter uma 
base tributária para manter a ocupação do território, emite em 1886 uma "portaria 
provincial" regulando a cobrança do "mussoco" nos Prazos (que tinham sido "extintos" 
pela terceira vez seis anos antes), que incluía a obrigatoriedade dos homens válidos 
pagarem aquele imposto, se não em produtos, então em trabalho; é dessa forma que 
começam a organizar-se as grandes plantações de coqueiros e, mais tarde, 
de sisal e cana sacarina. 
 
Em 1890, o futuro "Comissário Régio" António Enes decreta, numa revisão do Código 
de Trabalho Rural de 1875 (que estabelecia apenas a obrigação "moral" dos colonos 
[leia-se camponeses indígenas] de produzirem bens para comercialização), que o 
camponês já não tem a opção de pagar o "mussoco" em géneros: "…O arrendatário 
[dos Prazos] fica obrigado a cobrar dos colonos em trabalho rural, pelo menos metade 
da capitação de 800 réis, pagando esse trabalho aos adultos na razão de 400 réis por 
semana e aos menores na de 200 réis." 
Esse decreto impunha ainda aos prazeiros a ocupação efectiva das terras arrendadas 
e o pagamento à autoridade colonial da respectiva renda. Mas os prazeiros não tinham 
conseguido converter a sua actividade de simples fornecedores de escravos ou de 
pequenas quantidades de produtos na de organização das plantações, não só por 
falta de preparação (ou de vocação), mas também por falta de capital. O resultado foi 
terem sido obrigados a subarrendar ou vender os seus prazos, terminando assim a 
fase feudal desta porção de Moçambique. 
 
OS ESTADOS AJAUA 
No rico planalto do Niassa, fixaram-se os bantu ajaua (ou yao e também 
pronunciado jauá), agricultores e caçadores, mas também comerciantes que, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_Baixos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sena_(Mo%C3%A7ambique)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sucursal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Planta%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_de_Castilho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sisal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cana_sacarina
https://pt.wikipedia.org/wiki/1890
https://pt.wikipedia.org/wiki/Moral
https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital
https://pt.wikipedia.org/wiki/Feudal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lago_Niassa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ajaua
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultor
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ca%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comerciante
20 
História de Moçambique 
 
 
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no século XVIII, já islamizados, muito contribuíram para o tráfico de escravos. 
No século XIX, esta população expandiu-se para oeste (incluindo o Malawi). 
 
Localização 
O centro do país Yao encontra-se a noroeste de Moçambique, limitado a ocidente pelo 
rio Lucheringo, a sul pelo Luambala, a oriente pelo rio Lugenda e a norte pelo rio 
Rovuma. 
 
Base Económica 
Até meados do século XVIII, altura em que o comércio do marfim começou a ganhar 
peso considerável na economia, os ajauas praticavam a agricultura (actividade por 
excelência das mulheres); a pesca e a caça (actividade masculina) e a metalurgia do 
ferro (particular destaque para o clã A-Chisi, que se especializou no fabrico de 
instrumentos de trabalho, utensílios domésticos, armamento e objectos de adorno, 
etc). 
A partir do século XIX a base da economia ajaua passa a ser o comércio de escravos. 
O tráfico de escravos, para além de ter garantido a continuidade de acesso aos 
produtos importados, introduziu muitos elementos novos no sistema da organização 
política e social. 
 
Organização Política e Social 
Até provavelmente meados do século XVIII, os ajaua viviam em pequenas 
comunidades matrilineares conhecidas por MBUMBA, que estavam geralmente sob a 
autoridade de um irmão mais velho - o ASYENE MBUMBA - que era simultaneamente 
o chefe da aldeia. 
 
Tratando-se de comunidades matrilineares - as MBUMBA agrupavam irmãs casadas 
e os seus maridos, irmãs solteiras, homens solteiros e crianças. Isto acontecia porque 
com o casamento o homem era obrigado a transferir-se para a povoação da esposa. 
As relações de produção e políticas que se estabeleciam entre os membros da 
MBUMBA baseavam-se nas relações de parentesco. Era como parente que o 
indivíduo tinha acesso à terra. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII
https://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A1fico_de_escravos
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
https://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oeste
https://pt.wikipedia.org/wiki/Malawi
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História de Moçambique 
 
 
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O desenvolvimento do comércio do marfim no século XVIII e, sobretudo, do comércio 
de escravos no século XIX, o exercício e o controlo exclusivo de tarefas técnico-
administrativas e mágico-religiosas por um, grupo bastante reduzido de indivíduos 
contribuiu para o surgimento do Estado centralizado e consequentemente o 
fortalecimento do poder dos chefes (recorda o papel da penetração mercantil 
estrangeira). Assim, a partir de 1840/50, surgem grandes Estados como MATACA, 
MTALICA, KANJILA e JALASÍ, quetinham no comércio de escravos o pilar da sua 
economia e a fonte da sua dominação como classe. 
 
Os escravos capturados eram distribuídos por três categorias: domésticos, esposas e 
para a venda. 
 
Das três categorias de cativos, a primeira libertou parcialmente as mulheres livres 
ajaua da agricultura e de algumas actividades económicas. Ela explica em grande 
medida o facto de a manutenção das classes dominantes não ter sido garantida pela 
cobrança de tributos. 
 
A segunda categoria introduziu no sistema de parentesco elementos característicos 
das sociedades patrilienares: se nas sociedades matrilineares o filho pertence à 
família da mãe e a sua educação é assegurada pelo tio materno, no caso presente, o 
filho nascido do casamento de um ajua livre com uma cativa não podia pertencer à 
família da mãe, nem ser educado pelo irmão mais velho da mãe. 
 
Assim, ao invés da predominância das acções militares de conquista e submissão, os 
chefes Ajaua adaptaram a prática da poligamia como meio de garantir a coesão e a 
estabilidade dentro das formações políticas. O chefe MATACA, por exemplo, chegou 
a contrair matrimónio com 600 mulheres, espalhadas por oito povoações do seu 
Estado. 
 
 Ideologia 
No plano ideológico, a realização de cerimónias mágico-religiosas e a distribuição de 
amuletos por ocasião da realização de actividades consideradas perigosas (p.e.a caça 
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História de Moçambique 
 
 
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ao escravo) eram mecanismos que produziam atitudes e comportamentos favoráveis 
à manutenção e reprodução das classes dirigentes. 
 
Outrossim, o contacto com a costa trouxe aos ajaua novas mudanças. A maior foi a 
conversão ao islamismo de grandes chefes ajaua (por exemplo Mataca e Mkanjila) e, 
embora nem todos os ajaua fossem islâmicos, foram identificados como povo onde o 
Islamismo era sinónimo de ser yao. 
 
Decadência 
 
Para a decadência deste Estado contribuíram entre outros, os seguintes factores: 
 - A lutas pelo controlo das rotas dos escravos entre os macuas e os ajaua; 
 - As invasões nguni; 
 - As campanhas de pacificação levadas a cabo por portugueses (a Companhia do 
Niassa desempenhou importante papel); britânicos e alemães. 
 
O IMPÉRIO DE GAZA 
O Estado de Gaza foi fundado por Sochangane (também conhecido por Manicusse, 
1821-1858) como resultado do Mfecane, um grande conflito despoletado entre 
os Zulu por consequência do assassinato de Chaca (ou Shaka) em 1828, que 
culminou com a invasão de grandes áreas da África Austral por exércitos Nguni. O 
Império de Gaza, no seu apogeu, abrangia toda a área costeira entre os 
rios Zambeze e Maputo e tinha a sua capital em Manjacaze, na actual 
província moçambicana de Gaza. 
 
O rei de Gaza dominou os reis Tonga (possivelmente o mesmo que Tsonga, da 
língua chiTsonga, a língua actualmente dominante na região sul de Moçambique) 
através dos membros da sua linhagem. os Nguni, comerciavam marfim, que recebia 
como tributo, com os portugueses, estabelecidos na costa (principalmente 
em Lourenço Marques e Inhambane). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sochangane
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manicusse
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mfecane
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zulu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chaca
https://pt.wikipedia.org/wiki/Shaka
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_Austral
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nguni
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zambeze
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Maputo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manjacaze
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaza_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiTsonga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marfim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Louren%C3%A7o_Marques
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inhambane_(cidade)
23 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
Aparentemente, Sochangane não fazia comércio de escravos - os povos derrotados 
eram removidos das suas terras e cativos eram usados como trabalhadores no campo 
e carregadores, alternativamente serviam como guerreiros para conquistar novas 
terras onde se poderiam instalar, mas eram cidadão de segunda, os Angunizados -, 
nem devolvia aos portugueses os escravos que fugiam para a sua guarda. 
 
Com a morte de Sochangane, sucedeu-lhe o seu filho Mawewe que decidiu, em 1859, 
atacar os seus irmãos para ganhar mais poder. Apenas um irmão, Mzila (ou Muzila) 
conseguiu fugir para o Transvaal, onde organizou um exército para atacar o seu irmão. 
A guerra durou até 1864 e, entretanto, a capital do reino mudou-se do vale do rio 
Limpopo para Mossurize, a norte do rio Save, na actual província moçambicana 
de Manica. 
Foi em Mossurize que, em 1884, ascendeu ao trono Nguni, Gungunhana, filho de 
Muzila. Gungunhana regressa a Manjacaze em 1889, aparentemente pressionado 
pelos exploradores de ouro de Manica e falta de apoios locais. Em Gaza, Gungunhana 
prosseguiu a política de seu pai de assimilação dos reinos locais, os "Tonga" e 
de resistência à dominação portuguesa, mas essa resistência não durou mais de seis 
anos. Gungunhana foi preso e Gaza finalmente submetida à administração colonial. 
 
OS REINOS AFRO-ISLÂMICOS 
Um dos resultados dos contractos entre mercadores árabes e populações 
moçambicanas foi a islamização progressiva destas comunidades, principalmente no 
litoral onde surgiram como consequência núcleos linguísticos como os Mwani, nharra 
e Koti e a adopção por estas modelos de organização social e político arabizados. Em 
resultado disso estruturam-se comunidades políticas moçambicanas como os 
Xeicados e Sultanatos. 
Os Reinos Afro-Islâmicos são resultado da chegada dos Árabes a Moçambique no 
século IX, provenientes do Golfo pérsico e instalando-se progressivamente na costa 
moçambicana, concretamente na Ilha de Moçambique e em Quelimane, numa 
primeira fase, e mais tarde, no Vale de Zambeze e no Planalto do Zimbabwe, no 
século XIII. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravatura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mawewe
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mzila
https://pt.wikipedia.org/wiki/Muzila
https://pt.wikipedia.org/wiki/Transvaal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Limpopo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Limpopo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mossurize
https://pt.wikipedia.org/wiki/Save
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manica_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/1884
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gungunhana
https://pt.wikipedia.org/wiki/1889
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_de_resist%C3%AAncia
24 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
Numa primeira fase os Reinos Afro-Islâmicos dedicavam-se ao comércio do ouro, 
marfim e peles de leopardo. A partir do século XVIII, quando a procura dos escravos 
ultrapassou o comércio do marfim, os Reinos Afro-Islâmicos especializaram-se neste 
comércio. No século XIX, quando medidas abolicionistas foram decretadas por 
Portugal, em 1836 e em 1842, estes reinos continuaram a praticar a escravatura, 
assegurando o comércio clandestino de escravos para Zanzibar, Ilhas Francesas do 
Oceano Indico e Golfo Pérsico. 
 
Relações entre os Reinos Afro-Islâmicos e Portugal 
Analisando a relação destes com os Portugueses, repete-se o que se passava com 
os Estados Militares: Portugal procurou aliciar os sultões e xeiques, dando-lhes cargos 
administrativos -militares como os de Capitão-mar. Agindo assim, garantia, pelo 
menos teoricamente, que os Sultanatos e Xeicados se subordinassem à 
administração portuguesa. Na prática, esta subordinação erafeitiça, pois existia 
enquanto os portugueses não interferissem contra os seus interesses. 
Os Reinos Afro-Islâmicos continuaram durante algum tempo autónomos porque os 
portugueses não possuíam recursos humanos, financeiros e militares para os 
conseguir dominar, embora quisessem convencer o mundo de que efectivamente 
ocupavam Moçambique. 
Aspectos comuns dos Reinos Afro-Islâmicos 
Os Reinos Afro- Islâmicos da costa tinham muitos aspectos em comum, a saber: 
- Praticavam o comércio de escravos; 
- Tornaram-se muito importantes na região da Makuana; 
- Praticavam a religião islâmica; 
- Teoricamente encontravam-se subordinados aos portugueses, mas, na prática, 
eram autónomos. 
Praticavam a religião islâmica; 
Destacam-se entre eles: 
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História de Moçambique 
 
 
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O Sultanato de Angoche e o Sultanato de Moma 
O Xeicado de Sancul; o Xeicado de Quitangonha; o Xeicado de Sangage e Xeicado 
 
AS COMPANHIAS MAJESTÁTICAS 
Em 1878, Portugal decide fazer a concessão de grandes parcelas do território de 
Moçambique à companhias privadas que passaram a explorar a colónia, 
as companhias majestáticas, assim chamadas, porque tinham direitos quase 
soberanos sobre essas parcelas de território e seus habitantes. As principais foram 
a Companhia do Niassa e a Companhia de Moçambique. 
 
Como Portugal tinha sido obrigado a ilegalizar o comércio de escravos em 1842, 
apesar de fechar os olhos ao comércio clandestino, e não tinha condições para 
administrar todo o território, deu a estas companhias poderes para instituir e 
cobrar impostos. Foi nessa altura que foi introduzido o "imposto de palhota", ou seja, 
a obrigatoriedade de cada família pagar um imposto em dinheiro; como a população 
nativa não estava habituada às trocas por dinheiro (para além de produzir para a 
própria sobrevivência), eram obrigados a trabalhar sob prisão - o trabalho forçado, 
chamado em Moçambique "chibalo"; mais tarde, as famílias nativas foram obrigadas 
a cultivar produtos de rendimento, como algodão ou tabaco, que eram 
comercializados por aquelas companhias. 
 
A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA EM MOÇAMBIQUE 
 
A Administração Colonial Portuguesa 
Até finais do século XIX, a presença oficial portuguesa em Moçambique limitava-se a 
umas poucas capitanias ao longo da costa. Portugal, bem estabelecido em Goa, de 
onde vinham directamente as ordens relativas a Moçambique, contava que 
os comerciantes que se iam estabelecendo no interior do território formassem o 
substrato para uma administração efectiva. Naquela época, o fundamental era o 
https://pt.wikipedia.org/wiki/1878
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_majest%C3%A1tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_do_Niassa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Mo%C3%A7ambique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravo
https://pt.wikipedia.org/wiki/1842
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_for%C3%A7ado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Algod%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabaco
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Goa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comerciante
https://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o
26 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
controlo do comércio, primeiro do ouro, nos séculos XVI e XVII, depois do marfim e 
dos escravos. No entanto, a administração colonial não conseguia sequer cobrar 
os impostos relativos a esse comércio. 
 
Entretanto, em 1686, o Vice-Rei português baptizava, em Diu, a "Companhia dos 
Mazanes", formada por ricos comerciantes indianos, à qual eram dados privilégios no 
comércio entre aquele território e Moçambique. Ao abrigo desta companhia, 
começaram a fixar-se em Moçambique dezenas de comerciantes indianos, suas 
famílias e empregados. Apesar das boas relações entre os indianos e os governantes 
coloniais, a situação financeira da colónia não melhorou. 
 
Em 1752, em face da decadência da Ilha de Moçambique, o governo do Marquês de 
Pombal decidiu retirar a colónia africana da dependência do Vice-Rei do Estado da 
Índia e nomear um governador-geral, que passou a habitar o Palácio dos Capitães-
Generais, confiscado aos jesuítas. 
 
Só depois da visita do "Emissário Régio", António Enes, em 1895 e dos acordos com 
o Transvaal para a edificação da linha férrea, decidiu o governo colonial mudar a 
capital da "província" para Lourenço Marques e, com a debandada das companhias 
majestáticas, organizar uma administração efectiva de Moçambique. Essa 
administração, que foi encetada no então distrito de Lourenço Marques (que incluía 
as actuais províncias de Maputo e Gaza), tinha a forma de "circunscrições indígenas", 
cujos administradores tinham igualmente as funções de juízes. Eram coadjuvados 
pelos régulos, nas "regedorias" em que as circunscrições se dividiam, que eram 
membros da aristocracia africana (portanto, aceites pelas populações) que aceitavam 
colaborar com o governo colonial; as suas principais funções eram cobrar o "imposto 
de palhota" e organizar a mão-de-obra para as minas do Rand e para as 
necessidades da administração. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVII
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marfim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto
https://pt.wikipedia.org/wiki/1686
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vice-Rei
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https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria)
https://pt.wikipedia.org/wiki/1752
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Mo%C3%A7ambique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_Jos%C3%A9_de_Carvalho_e_Melo
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https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Portugu%C3%AAs_da_%C3%8Dndia
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_governadores_de_Angola
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_dos_Capit%C3%A3es-Generais_(ilha_de_Mo%C3%A7ambique)
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Jesu%C3%ADta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Enes
https://pt.wikipedia.org/wiki/1895
https://pt.wikipedia.org/wiki/Transvaal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Linha_f%C3%A9rrea
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_majest%C3%A1tica
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Louren%C3%A7o_Marques
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maputo_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaza_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Juiz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aristocracia
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3o-de-obra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mina_(minera%C3%A7%C3%A3o)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rand
27 
História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
Com a abolição da escravatura por decreto régio, em 1875, e o seu declínio real, uns 
dez anos depois, o governo colonial viu-se obrigado a transformar Moçambique de 
uma colónia para extracção de recursos naturais, num território que devia produzir 
bens para seu consumo e para exportação para a "metrópole". Essa foi a motivação 
principal para o estabelecimentoduma administração efectiva, embora também 
pesassem as pressões internacionais decorrentes da Conferência de Berlim e das 
pretensões territoriais dos britânicos e holandeses. 
 
A Ocupação Militar de Nampula 
Os estados islâmicos da costa (Xeicado de Quitangonha, Reino de Sancul, Xeicado 
de Sangage e Sultanato de Angoche), em aliança com os pequenos reinos macuas do 
interior conseguiram, até ao fim do século XIX, resistir à dominação portuguesa com 
uma técnica que, já naquela época, era considerada de guerrilha. 
 
 Depois de muitas tentativas, em 1905, os portugueses encetaram uma nova tática, 
enviando grandes colunas militares a partir da Ilha de Moçambique e Mossuril, que 
avançavam ao longo dos rios, submetendo os chefes macuas. Nos locais onde 
conseguiam a colaboração destes, organizaram "Circunscrições" com uma 
administração incipiente, mas efectiva; onde não o conseguissem, instalavam 
"Capitanias-Mores" de base militar. Dessa forma, conseguiram dividir o território e as 
suas populações, incentivando as rivalidades entre si e com os estados islâmicos, que 
acabaram por entrar em declínio e foram finalmente subjugados à administração 
colonial. 
 
A Resistência à Ocupação Colonial no Sul de Moçambique 
Em 1885 (ano da Conferência de Berlim - da partilha de África), a autoridade colonial 
portuguesa no sul de Moçambique confinava-se a Lourenço Marques mas, com o 
início da exploração das minas de ouro do Transvaal, no ano seguinte, e o 
consequente aumento do tráfego naquele porto, os portugueses decidiram finalmente 
organizar o controlo das populações desta região. Estas constituíam um mercado, não 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aboli%C3%A7%C3%A3o_da_escravatura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Recursos_naturais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Consumo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Exporta%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_baixos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Macua
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
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https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Mo%C3%A7ambique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mossuril
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https://pt.wikipedia.org/wiki/1885
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https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tr%C3%A1fego_mar%C3%ADtimo&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado
28 
História de Moçambique 
 
 
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só para os produtos exportados de Portugal (em particular as bebidas alcoólicas), mas 
também de mão-de-obra para as minas sul-africanas, dificultando a sua mobilização 
para a construção do caminho-de-ferro que ligaria o Transvaal ao porto de Lourenço 
Marques. 
No ano seguinte, foi nomeado um Comissário-Residente para Gaza, que foi 
"promovido" a Intendente Geral em 1889, com a transferência 
de Gungunhana de Mossurize para Manjacaze; em 1888, foi estabelecido um posto 
militar perto de Marracuene e, em 1890, foi nomeado um Comissário-Residente para 
Lourenço Marques. Entretanto, em 1888, as autoridades coloniais reavivaram os 
"Termos de Vassalagem" com os reinos da região. 
 
Mas estas medidas não foram suficientes, nem para cobrar o "imposto de palhota" 
(contribuição por família, expresso nos "Termos de Vassalagem", fixado naquela 
altura em 340 réis), nem para assegurar o recrutamento de mão-de-obra, uma vez 
que o trabalho nas minas sul-africanas rendia seis vezes mais do que os 
concessionários do caminho-de-ferro pagavam. Em 1892, o governo de Lisboa enviou 
a Moçambique António Enes como Comissário Régio, para avaliar as condições 
económicas da Província e, no mesmo ano, os portugueses conseguiram realizar uma 
cobrança maciça do imposto, ameaçando os indígenas de verem as suas palhotas 
queimadas, se não pagassem. 
Em 1891, Gungunhana assinou com Cecil Rhodes (colonizador britânico) um acordo 
relativo a direitos sobre a exploração de minério nas suas terras, a favor 
da Companhia Britânica Sul-Africana, a troco dum pagamento anual de cerca de 500 
libras. Tornava-se claro para os portugueses que só uma acção militar poderia forçar 
o estabelecimento da autoridade colonial na região. Esta acção, conhecida na altura 
como "Campanha de Pacificação", foi despoletada pela recusa de Mahazula Magaia, 
um chefe tradicional da região de Marracuene, em aceitar a decisão do Comissário 
Residente sobre uma disputa de terras. A questão chegou a vias de facto, quando a 
guarnição militar portuguesa foi forçada a fugir para Lourenço Marques, perseguida 
pelos exércitos de Magaia, Zihlahla e Moamba, que cercaram a cidade entre Outubro 
e Novembro de 1894. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bebida_alco%C3%B3lica
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3o-de-obra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mina_(minera%C3%A7%C3%A3o)
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Campanhas_de_Conquista_e_Pacifica%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/1894
29 
História de Moçambique 
 
 
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António Enes organizou as suas tropas e, no dia 2 de Fevereiro de 1895, perseguiu e 
derrotou (embora com dificuldade e pesadas baixas) os atacantes em Marracuene. 
Este dia continua a ser celebrado naquela vila com uma cerimónia chamada "Gwaza 
Muthine". Os chefes rebeldes refugiaram-se em Gaza, sob a protecção de 
Gungunhana. Depois de várias tentativas de negociações com o rei de Gaza, pedindo 
a extradição daqueles chefes, os portugueses resolveram atacar de novo. A 8 de 
Setembro, travou-se a batalha de Magul, onde se encontrava Zihlahla e, a 7 de 
Novembro, uma outra coluna proveniente de Inhambane defrontou-se com o exército 
de Gungunhana em Coolela, perto da sua capital. Em Dezembro, Mouzinho de 
Albuquerque cercou Chaimite e prendeu o imperador Gungunhana, que ali se tinha 
refugiado, mandando-o depois para os Açores, onde veio a morrer. 
 
O exército de Gungunhana continuou a resistir à autoridade colonial, sob a liderança 
de Maguiguane Cossa, que só foi derrotado a 21 de Julho de 1897, em Macontene (a 
10 km do Chibuto). Com esta vitória, a autoridade colonial foi finalmente estabelecida 
no sul de Moçambique. 
 
A Companhia do Niassa e a Ocupação de Cabo Delgado e Niassa 
A Companhia do Niassa foi formada por alvará régio de 1890, com poderes para 
administrar as actuais províncias de Cabo Delgado e Niassa, desde o rio 
Rovuma ao rio Lúrio e do Oceano Índico ao Lago Niassa, numa extensão de mais de 
160 mil km². Com o apoio dum pequeno exército fornecido pela administração 
colonial, formado por 300 "soldados regulares" ( portugueses) e 2800 "sipaios" 
(indígenas recrutados noutras regiõesde Moçambique), a Companhia tentou ocupar 
militarmente o território a partir de 1899. Teve imediato êxito na conquista das terras 
do Chefe Mataca (ver Os Estados Ajaua, acima), que tinha abandonado a sua sede, 
e assegurar uma posição militar em Metarica, no Niassa. Em 1900 e 1902, tomou 
Messumba e Metangula, nas margens do Lago Niassa. 
 
Durante a Primeira Guerra Mundial, o território da Companhia foi palco de várias 
operações de resistência por parte dos chefes locais e invadido 
https://pt.wikipedia.org/wiki/2_de_Fevereiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1895
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marracuene
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_de_Gaza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Extradi%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/8_de_Setembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/8_de_Setembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Magul
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zihlahla
https://pt.wikipedia.org/wiki/7_de_Novembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/7_de_Novembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coolela
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_da_Silva_Mouzinho_de_Albuquerque
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_da_Silva_Mouzinho_de_Albuquerque
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chaimite
https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7ores
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maguiguane_Cossa
https://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_Julho
https://pt.wikipedia.org/wiki/1897
https://pt.wikipedia.org/wiki/Combate_de_Macontene
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_do_Niassa
https://pt.wikipedia.org/wiki/1890
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_Delgado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Niassa_(prov%C3%ADncia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Rovuma
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Rovuma
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_L%C3%BArio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lago_Niassa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%ADgena
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metangula
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História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
pelos alemães (ver Triângulo de Quionga). Para resistir a essa invasão, foi aberta uma 
estrada de mais de 300 km, entre Mocímboa do Rovuma e Porto Amélia (actual 
Pemba), o que significou a ocupação efectiva do planalto de Mueda; no entanto, só 
em 1920 a Companhia conseguiu assegurar essa ocupação, depois de várias 
operações militares contra os macondes, fortemente armados. Como se verá mais 
tarde, esta tribo foi um dos primeiros e principais suportes da Luta Armada de 
Libertação Nacional. 
Em 1929 extingue-se a Companhia do Niassa, passando o território para a 
administração directa do governo colonial. No entanto, as estruturas administrativas, 
na forma de circunscrições e regulados, asseguradas por agentes do Estado, já 
tinham sido implantadas em grande parte do território. 
 
Política Colonial entre 1900 e 1930 
Com a derrota militar dos chefes locais, o governo da Província pode finalmente 
organizar a administração do território, com a instituição do Regulado. O governo 
recrutava membros da aristocracia indígena como Régulos, encarregados da colecta 
do imposto-de-palhota, do recrutamento de trabalhadores para a administração e da 
proibição da venda de quaisquer bebidas alcoólicas que não fossem provenientes 
da Metrópole. 
Para além disso e, na impossibilidade de impedir a migração de trabalhadores para 
as minas sul-africanas, firmou um acordo, primeiro com a República Sul-Africana e, 
quando esta foi submetida pelos britânicos, com a respectiva autoridade, 
regulamentando o trabalho migratório e assegurando o tráfico através do porto de 
Lourenço Marques. No primeiro acordo, o governo da Província recebia uma taxa por 
cada trabalhador recrutado; mais tarde, o acordo incluía a retenção de metade 
do salário dos mineiros, que era pago à colónia em ouro, sendo o montante respectivo 
entregue aos mineiros no seu regresso, em moeda local. 
 
O Estado Novo 
Com a "eleição" de Óscar Carmona, em 1928, que chamou Salazar para seu ministro 
das finanças, a administração das colónias como fonte de matérias primas para 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tri%C3%A2ngulo_de_Quionga
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Planalto_de_Mueda&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Macondes
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História de Moçambique 
 
 
Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 
 
a indústria da "metrópole" tornou-se mais eficiente. Em 1930 foi publicado o Acto 
Colonial1, legislação que organizava o papel do Estado nas colónias portuguesas: 
 a nomeação de administradores para as circunscrições "indígenas", que passaram 
a organizar os seus pequenos exércitos de sipaios; 
 os recenseamentos que determinavam a cobrança de impostos e a "venda" de 
mão-de-obra para as minas sul-africanas; 
 a criação de "Tribunais Privativos dos Indígenas"; 
 a definição da Igreja Católica como principal força "civilizadora" dos indígenas, 
passando a ser a principal forma de educação. 
 
1 O Acto Colonial foi uma lei constitucional que definiu as formas de relacionamento entre 
a metrópole e as colónias portuguesas. 
Foi aprovado em 1930, durante o período da Ditadura Nacional que antecedeu o Estado Novo, 
no governo de Domingos da Costa Oliveira, pelo Decreto n.º 18 570 de 8 de Julho de 1930, 
e republicado, sem o preâmbulo, quando da entrada em vigor da Constituição de 1933. A Lei nº 1900 
de 21 de maio de 1935 alterou alguns dos seus artigos[2]. 
O Acto Colonial baseava-se nos princípios teóricos da inviolabilidade da integridade territorial, 
do nacionalismo imperialista e da missão civilizadora de Portugal, enquanto país cristão, ocidental e 
europeu, tendo por isso uma "função histórica e essencial de possuir, civilizar e colonizar domínios 
ultramarinos". O conjunto dos territórios possuídos pelos portugueses passou a denominar-se de Império 
Colonial Português. O Acto Colonial acabou com a limitada autonomia financeira e administrativa das 
colónias, extinguindo a figura institucional dos altos-comissários, substituída pela dos governadores 
gerais ou de colónia, e centralizando a decisão no Ministro das Colónias ou no Governo de Lisboa. Os 
orçamentos gerais das colónias passaram a depender da aprovação do Ministro das Colónias, que devia 
analisá-los tendo por base teórica o princípio do estrito equilíbrio das finanças públicas. Foi proibida às 
colónias contraírem empréstimos em países estrangeiros por conta própria. Restringiu também as 
concessões a estrangeiros, quer no domínio territorial, quer na exploração de portos comerciais, 
sobretudo acabou com o direito de empresas particulares de gozarem de prerrogativas de funções de 
soberania nas concessões coloniais. Em suma, a metrópole passou a ser o árbitro supremo, sobretudo 
nas relações económicas entre as colónias e entre o conjunto colonial e a metrópole. 
O Acto Colonial definiu durante

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