Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 INTRODUÇÃO A presente Brochura de Historia de Moçambique foi elaborada com base no programa de ensino abaixo apresentado: No Conteúdo Carga Horária Contacto Estudo 1 O Povoamento de Moçambique e os Primeiros Estados Bantu (Séc. II/III – XV) I- Fixação Bantu e as Primeiras Sociedades Sedentárias em Moçambique até ao Século VII 10 10 2 II. Os Primeiros Estados de Moçambique e o Comércio com os Estrangeiros: árabes e portugueses. 8 10 3 III. A Colonização Portuguesa em Moçambique 8 10 4 IV. A Formação da Frelimo e a Luta de Libertação Nacional (1962 – 1974) 10 10 V. Moçambique Independente (1975 – c. 2008) 4 20 Sub Total 40 60 Total 100 Fonte: UP (2014). Plano Curricular do Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário, Maputo, p. 195 Advertência: as informações contidas na brochura não são passíveis de serem citadas em trabalhos académicos 2 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 O POVOAMENTO DE MOÇAMBIQUE E OS PRIMEIROS ESTADOS BANTU Os Primeiros Habitantes de Moçambique Os primeiros habitantes de Moçambique foram provavelmente os Khoisan, que eram caçadores, recolectores e pescadores. Há cerca de 10.000 anos a costa de Moçambique já tinha o perfil aproximado do que apresenta hoje em dia: uma costa baixa, cortada por planícies de aluvião e parcialmente separada do Oceano Índico por um cordão de dunas. Esta configuração confere à região uma grande fertilidade, ostentando ainda hoje grandes extensões de savana . Havia, portanto, condições para a fixação de povos caçadores e recolectores. Os Khoisan tinham um modo de vida nómada. Os seus instrumentos de trabalho eram muito primitivos; estavam organizados socialmente em bandos; O trabalho era dividido por sexo e idade e o produto final distribuído equitativamente para todos que tinham trabalhado. Eram, pois, sociedades sem exploração do homem pelo homem. Nos séculos I a IV, a região começou a ser invadida pelos Bantu, que eram agricultores e já conheciam a metalurgia do ferro. A base da economia dos Bantu era a agricultura, principalmente de cereais locais, como a mapira (sorgo) e a mexoeira; a olaria, tecelagem e metalurgia encontravam-se também desenvolvidas, mas naquela época a manufactura destinava-se a suprir as necessidades familiares e o comércio era efectuado por troca directa. Por essa razão, a estrutura social era bastante simples - baseada na "família alargada" (ou linhagem) à qual era reconhecido um chefe. Os nomes destas linhagens nas línguas locais são, entre outros: em eMakua, o Nlocko, em ciYao, Liwele, em ciChewa, Pfuko e em chiTsonga, Ndangu. A Expansão e Fixação Bantu Substituindo a comunidade primitiva e o predomínio da caça e da recolecção, vários grupos populacionais foram chegando a Moçambique desde há cerca de 1700 anos, povoando gradualmente as bacias fluviais costeiras e quase ao mesmo tempo as https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique https://pt.wikipedia.org/wiki/Khoisan https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico https://pt.wikipedia.org/wiki/Savana https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_I https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_IV https://pt.wikipedia.org/wiki/Bantu https://pt.wikipedia.org/wiki/Metalurgia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura https://pt.wikipedia.org/wiki/Sorgo https://pt.wikipedia.org/wiki/Mexoeira https://pt.wikipedia.org/wiki/Olaria https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecelagem https://pt.wikipedia.org/wiki/Manufactura https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio https://pt.wikipedia.org/wiki/Linhagem https://pt.wikipedia.org/wiki/EMakua https://pt.wikipedia.org/wiki/CiYao https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=CiChewa&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiTsonga 3 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 encostas e os planaltos do interior. Este processo de expansão ficou conhecido por expansão Bantu. A palavra Bantu tem uma conotação exclusivamente linguística e surgiu em 1862, sob proposta do linguista alemão Bleek, para assinalar o grande parentesco de cerca de 300 línguas, as quais utilizam esse vocábulo para designar os homens (singular Muntu). Porém, não existe uma raça Bantu. Teorias Sobre a Expansão Bantu Sobre a expansão Bantu, existem, até hoje, algumas controvérsias. Presume-se que o alargamento do deserto do Saara, o aumento populacional na orla noroeste da floresta equatorial, a falta de terras cultiváveis e a difusão da tecnologia do ferro e das práticas agro-pastoris estariam na origem da referida expansão. De entre vários autores consagrados, destaque particular para o trabalho realizado por MARTIN HALL, que resumiu em três aspectos fundamentais as grandes discussões que linguistas, arqueólogos e historiadores têm realizado sobre a expansão bantu: 1° Aspecto Os povos bantu eram uma nova raça que teria imigrado para o sul, substituindo ou absorvendo as comunidades primitivas que habitavam a África Austral. É a concepção rácica da expansão, prontamente criticada e abandonada. 2° Aspecto Os povos bantu não eram uma nova raça, mas sim povos falantes de línguas aparentadas entre si - O bantu. É a chamada teoria linguista. (O termo bantu passou a ser utilizado a partir de 1862, graças ao trabalho do linguista Alemão, Bleek, que descobriu um grande parentesco em cerca de 300 línguas faladas na região austral). Esta teoria, tem várias vertentes para explicar a expansão bantu: 4 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 i) Para GREENBERG, Joseph, a migração bantu deu-se em direcção ao sul, a partir da zona de fronteira entre os Camarões e a Nigéria; ii) GUTHRIE, Malcom, defende que o centro da expansão teria sido a região do Luba, na província do Shaba, no Zaire. iii) OLIVER, Roland, concorda com ambos, defendendo que suas teorias se complementam e acrescenta um novo dado: a expansão obedeceu a quatro fases distintas. iv) PHILLIPSON, David, defende que a origem da expansão se encontra na floresta dos Camarões, com dois movimentos distintos: um que contornou a Grande Floresta para a região dos Lagos (a oriente) e o outro que o seguiu, atravessando a floresta em direcção ao Zaire e Angola; v) EHRET, Cristopher, acredita que as línguas bantu espalharam-se através da zona tropical, com um período de diferenciação local nas regiões de floresta de savana, antes da sua expansão final para oriente e região sul-oriental. Do exposto, conclui-se que os que defendem a teoria linguista concordam que o centro da expansão bantu, o núcleo proto-bantu, estaria na orla noroeste da floresta equatorial e que em vagas sucessivas teriam chegado à África Austral. 3° Aspecto A expansão bantu estaria ligada a domesticação das plantas e animais, a cerâmica e ao trabalho do ferro. O desenvolvimento desta economia mista (agricultura, pastorícia e metalurgia), permitiu a sedentarização das populações, a especialização no trabalho e o surgimento da desigualdade social. Os bantu já dominavam a técnica da metalurgia do ferro. Em Moçambique, evidências da expansão bantu, teriam sido gradualmente reveladas em diversas estações arqueológicas na Matola, em Xai-Xai, Vilanculos, Marrape, 5 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas NativoUniLicungo - 2023 Hola-Hola, Mavita, Chongoene, Bilene, Zitundo, Serra Malia, Monte Mitukue, entre outros locais. Causas da Expansão Bantu Procura de terras férteis; Aumento populacional; O conhecimento e difusão da nova tecnologia de ferro; O conhecimento e difusão da actividade agro-pecuária. O conhecimento das actividades agro-pecuárias, criou uma estabilidade no núcleo Proto-Bantu, que entre outros aspectos representou uma melhoria das suas condições de vida, ocasionando o aumento populacional que levou a disputa de terras férteis para a prática da agricultura, daí o movimento populacional. No que se refere a nova tecnologia de ferro, teve sua importância na migração Bantu, uma vez que a descoberta deste metal permitiu a esta população o fabrico de instrumentos mais cortantes, resistentes e eficazes, contribuindo desta maneira no aumento da produção e da productividade o que criou condições para o surgimento do excedente As Sociedades Moçambicanas Após a Fixação Bantu Durante a expansão, atendendo ao tipo da sua economia, os bantu preferiram localizar as suas aldeias em terras férteis e junto de cursos permanentes de água. Como se disse, base económica era a agricultura (mapira e mexoeira). Por isso, eram sedentários. A caça, a pesca, olaria, tecelagem e a metalurgia do ferro, eram actividades complementares da agricultura. A terra era património da comunidade. Todos tinham acesso a ela, mas cabia aos membros seniores a distribuição e o controlo da sua correcta exploração. O exercício de tarefas não produtivas por um grupo reduzido da população e o aparecimento do excedente contribuíram para o surgimento da exploração do homem pelo homem. Estas relações de produção, expressas em tributos quer em trabalho quer em espécie, por exercidas no quadro das relações de parentesco, eram conscientemente assumidas pelos produtores 6 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 directos, como manifestação de reconhecimento pelas valiosas actividades propiciatórias que chefes desempenham. O sistema de parentesco, assente em linhagens e clãs, desempenhava um importante papel nas esferas política, económica, religiosa e social. Era como parente que o indivíduo tinha acesso aos recursos económicos e demais direitos da comunidade. Os parentes mais velhos, herdeiros e guardiões das experiências e tradições comunidade, portanto, os únicos detentores do saber, monopolizavam o exercício das tarefas técnico-administrativas e mágico-religiosas. Orientavam as cerimónias da invocação da chuva, pediam aos antepassados a fertilidade do solo, a estabilidade política e o sucesso das actividades económicas. Detinham igualmente, o poder de decisão sobre as alianças matrimoniais e políticas. Estes membros seniores, como chefes religiosos, eram considerados os elos de ligação entre vivos e os mortos. Os Grupos etno-linguísticos moçambicanos: as diferenças norte/sul Em Moçambique, localizamos dois tipos de linhagens: ao norte do rio Zambeze, predomina a linhagem matrilinear e ao sul do mesmo rio, a patrilinear. a) Linhagem matrilinear: neste sistema, o filho nascido de um casamento pertence à família da mãe; pratica-se a uxorilocalidade, isto é, com o casamento o homem transfere-se da sua povoação para a da mulher. O dote (mahari, em emakua) de maior significado, é entregue pelo homem à mulher. A educação dos filhos não é assegurada pelo pai, mas sim pelo tio materno. A transmissão do poder, obedece mais ou menos a mesma regra: com a morte de um chefe, o poder não passa para o filho mais velho, mas sim para o sobrinho, filho da irmã mais velha. A caça, a pesca e a construção de casa eram as únicas actividades masculinas relevantes. As mulheres, praticando a agricultura, é que asseguravam o sustento das comunidades. b) Linhagem patrilinear: o filho nascido de um casamento pertence à família do pai. Pratica-se a virolocalidade, isto é, a transferência da mulher para a povoação do marido por ocasião do casamento. Isto é um indicador do papel preponderante que os 7 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 homens desempenhavam na vida e económica e social. O dote (lobolo) pago pelo noivo aos sogros aparece como um mecanismo de estabilidade dos casamentos e de “subordinação” da mulher em relação ao homem. A transmissão da herança é de pai para o filho mais velho. A prática da pastorícia, actividade masculina por excelência, conferia aos homens o acesso a um bem duradouro, principalmente expresso em gado bovino. O gado era o principal meio de pagamento de lobolo e simbolizava o poder económico, ou melhor, representava a capacidade de adquirir esposas. Entre os séculos IX e XIII começaram a fixar-se na costa oriental de África populações oriundas da região do Golfo Pérsico, que era naquele tempo um importante centro comercial. Estes povos fundaram entrepostos na costa africana e muitos geógrafos daquela época referiram-se a um activo comércio com as "terras de Sofala", incluindo a troca de tecidos da Índia por ferro, ouro e outros metais. Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente com a chegada dos mercadores, a estrutura política tornou-se mais complexa, com linhagens dominando outras e finalmente, formando-se verdadeiros estados na região. OS PRIMEIROS ESTADOS DE MOÇAMBIQUE E O COMÉRCIO COM OS ESTRANGEIROS: ÁRABES E PORTUGUESES O Primeiro Estado do Zimbabwe Embora os povos que falavam a língua chiShona - ainda hoje a principal língua do Zimbabwe, com cerca de sete milhões de falantes, em vários dialectos - se tenham instalado na região cerca do ano 500, o primeiro estado do Zimbabwe existiu aproximadamente entre 1250 e 1450 aproximadamente na região da actual República do Zimbabwe. O seu nome deriva dos amuralhados de pedra que a aristocracia fazia construir à volta das suas habitações e que se chamavam madzimbabwe. O que parece ter sido a capital deste estado - o actual monumento do Grande Zimbabwe - cobria uma superfície considerável (incluindo não só a área dentro dos amuralhados, mas também uma grande "cidade" de caniço, à volta daqueles), levando a pensar que https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica https://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo_P%C3%A9rsico https://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofala https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro https://pt.wikipedia.org/wiki/Metal https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiShona https://pt.wikipedia.org/wiki/Zimbabwe https://pt.wikipedia.org/wiki/Aristocracia https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital https://pt.wikipedia.org/wiki/Monumento https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Zimbabwe https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Typha 8 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 tinha uma população de várias centenas, talvez milhares de habitantes, e uma grande actividade comercial. Em Moçambique conhecem-se também ruínas de madzimbabwe, a mais importante das quais chamada Manyikeni, a cerca de 50 km de Vilankulo, na província de Inhambane, e a cerca de 450 km do Grande Zimbabwe. Para além da grande fertilidade da região onde este estado se estabeleceu, o apogeu do primeiro estado do Zimbabwe deve estar ligado à mineração e metalurgia do ouro, muito procurado pelos mercadores originários da zona do Golfo Pérsico que já demandavam as "terras de Sofala", pelo menos desde o século XII. Cerca de 1450, o Grande Zimbabwe foi abandonado, não se conhecendo as razõesdesse abandono mas, pela mesma altura, verificou-se uma grande invasão de povos também de língua chiShona que deu origem ao Império dos Mwenemutapas. Estes invasores submeteram os povos duma região que se estendeu até ao Oceano Índico, desde o rio Zambeze até a actual cidade de Inhambane, pelo que não é claro o abandono do Grande Zimbabwe. O IMPÉRIOS DOS MWENEMUTAPAS A invasão e conquista do norte do planalto zimbabweano pelas tropas de Nyantsimba Mutota, em 1440-1450, deu origem a um novo estado dominado pela dinastia dos Mwenemutapas. Estes invasores, que também falavam a língua chiShona estabeleceram a sua capital próximo do rio Zambeze, no norte da actual província de Manica. No século XVI, o Império dos Mwenemutapas tinha estendido o seu domínio a uma região limitada pelo rio Zambeze, a norte, o Oceano Índico, a leste, o rio Limpopo a sul e chegando a sua influência quase ao deserto do Kalahari a sudoeste. Porém, esta última região poderia estar sobre a alçada de outros estados, como os reinos de Butua e Venda, que terão estabelecido com os Mwenemutapas relações de boa vizinhança. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Manyikeni&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Vilankulo https://pt.wikipedia.org/wiki/Inhambane_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Min%C3%A9rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Metalurgia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro https://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo_P%C3%A9rsico https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofala https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XII https://pt.wikipedia.org/wiki/1450 https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiShona https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Mwenemutapa https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico https://pt.wikipedia.org/wiki/Zambeze https://pt.wikipedia.org/wiki/Inhambane_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/Zimbabwe https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Mutota&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Dinastia https://pt.wikipedia.org/wiki/Mwenemutapa https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiShona https://pt.wikipedia.org/wiki/Zambeze https://pt.wikipedia.org/wiki/Manica_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Limpopo https://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto https://pt.wikipedia.org/wiki/Kalahari https://pt.wikipedia.org/wiki/Monarquia https://pt.wikipedia.org/wiki/Butua https://pt.wikipedia.org/wiki/Venda_(%C3%81frica_do_Sul) 9 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Para além de esta ser uma região fértil e não estar afectada pela mosca tsé-tsé, permitindo a criação de gado, o que contribuiu para a estabilidade e crescimento das populações, as minas de ouro estavam principalmente localizadas no interior. Por essa razão, o domínio das rotas comerciais que constituíam o Zambeze, por um lado, e de Sofala, mais a sul, conferiu aos Mwenemutapas - era a aristocracia que controlava o comércio - uma grande riqueza. As Actividades Económicas A agricultura continuava a ser a principal base económica. Era como parente que o indivíduo tinha acesso à terra, que não podia ser vendida nem alienada. Dedicavam-se também à pastorícia, à mineração do ouro, ao artesanato e ao comércio. O comércio a longa distancia e a mineração do ouro eram controlados pela aristocracia dominante. Os Shonas-Karanga trocavam o ouro por tecidos e missangas, que, com o tempo, ascenderam à categoria de bens de prestígio. A principal forma de exploração económica era a cobrança do tributo. A Organização Político-administrativa O poder central localizava-se entre os rios Luía e Mazoe e estava circundado por uma cintura de Estados vassalos ou satélites, entre os quais se encontravam sedanda, Quissanga, Quiteve, Manica e Báruè Maungwe, alem de outros. As classes dominantes desses Estados, constituídas por parentes dos Mwenemutapas e por estes nomeados, tinham a tendência de se rebelar quando o poder central enfraquecia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mosca_ts%C3%A9-ts%C3%A9 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofala https://www.blogger.com/null https://www.blogger.com/null 10 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 A estrutura político-administrativa pode ser representada da seguinte forma: Mwenemutapa – Chefe Supremo Mazarira, Inhaahanda e Nambuzia – as três principais mulheres do soberano, com funções importantes na administração. Nove altos-funcionários – responsáveis pela defesa, comércio, cerimonias magico-religiosas, relações exteriores, festas, etc. Mambos – chefes dos reinos conquistados. Fumos ou Encosses – chefes provinciais. Mukuru ou Mwenemusha – chefes das mushas (comunidades aldeãs). Linhagem – unidade produtiva de base, constituída por parentes consanguíneos. A Estrutura Socioeconómica A articulação entre a aristocracia dominante e as comunidades aldeãs encerrava relações de exploração de homem pelo homem, materializadas pelas obrigações e direitos que cada uma das partes tinha para com a outra. As comunidades aldeãs (mushas), sob a direcção dos mwenemushas, garantiam com o seu trabalho a manutenção e a reprodução da aristocracia e esta concorria para o equilíbrio e reprodução social de toda a sociedade shona, com o desenvolvimento de inúmeras actividades não directamente produtivas. Obrigações das Mushas * Impostos em trabalho: * Mineração do ouro, quer para alimentar o comércio a longa distância, quer para a importação de produtos que, na sociedade shona, ascendiam à categoria de bens de prestígio (os jazigos auríferos situavam-se sobretudo nas terras planálticas – Chidima, Dande, Butua e Manica) * prestação de sete dias de trabalho mensais nas propriedades dos chefes (zunde); https://www.blogger.com/null https://www.blogger.com/null 11 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 * construção de casas para membros das classes dominantes; * transporte de mercadorias de e para os estabelecimentos comerciais. * imposto em géneros: * Primícias das colheitas (tributo simbólico) e uma parte da produção (tributo regular); * Marfim, pelas e penas de alguns animais e aves, respectivamente; * Materiais para a construção da classe dominante: pedras, palhas, etc. * Obrigações da Classe Dominante: * Orientar as cerimónias de invocação das chuvas; * Garantir a segurança das pessoas e dos seus bens; * Assegurar a estabilidade política e militar no território; * Servir de intermediário entre os vivos e os vivos e os mortos; * Orientar as cerimónias magico-religiosas para evitar cheias, epidemias, calamidades naturais, etc. A ideologia A religião foi um factor integrador fundamental do sistema político mwenemutapa. Proprietários de < <saber>> da fecundidade da terra e depositários da ordem do mundo, os Mwenemutapas constituíam os antídotos mais eficazes contra deserdem. A sua morte significa o caos (choriros). Praticava-se o culto aos espíritos dos antepassados – os Muzimus.os Muzimus mais respeitados e temidos eram os de reis. Os especialistas que garantiam a ligação entre os vivos e os mortos eram chamados de swikiros (também denominados pondoros ou mondoros). Associados ao poder político, os swikiros eram o suporte das classes dominantes. Foi o ouro que determinou a fixação na costa do Oceano Índico,primeiro dos mercadores e colonos árabes oriundos da região do Golfo Pérsico, ainda no século XII, e depois dos portugueses, no princípio do século XVI. https://www.blogger.com/null https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rabes https://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo_P%C3%A9rsico https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XII https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XII https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal 12 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 A Chegada dos Portugueses à Moçambique e o Declínio do Império dos Mwenemutapas Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já existiam entrepostos comerciais árabes e uma grande parte da população tinha aderido ao Islão. Os mercadores portugueses, apoiados por exércitos privados, foram-se infiltrando no império dos Mwenemutapas, umas vezes firmando acordos, noutras forçando-os. Em 1530 foi fundada a povoação portuguesa de Sena, em 1537, de Tete, no rio Zambeze, e em 1544 de Quelimane, na costa do Oceano Índico, assenhorando-se da rota entre as minas e o oceano. Em 1607 obtiveram do rei a concessão de todas as minas de ouro do seu território. Em 1627, o Mwenemutapa Capranzina, hostil aos portugueses, foi deposto e substituído pelo seu tio Mavura; os portugueses baptizaram-no e este declarou-se vassalo de Portugal. Os Mwenemutapas reinaram até finais do século XVII, altura em que foram substituídos pela dinastia dos Changamira Dombos, outro grupo Shona que dominava o reino Butua, contribuindo assim para a extensão territorial do império. As relações dos Changamiras com os portugueses tiveram altos e baixos, mas, em 1693, houve um levantamento armado em que os soldados portugueses que residiam na capital (o grande Zimbabwe) foram escorraçados, várias igrejas destruídas e os portugueses impedidos, durante algum tempo, de ter acesso ao ouro e ao comércio com os reinos indígenas. Por essa altura, no entanto, os portugueses controlavam o vale do Zambeze e começaram a interessar-se mais pelo marfim, empreendimento que levavam a cabo por acordo com os estados Marave . O império dos Mwenemutapa, embora com menos poder económico, manteve-se até meados do século XIX, altura em que foi desmembrado pelos Estados Militares que se formaram como resistência dos prazeiros à administração portuguesa. Finalmente, a administração colonial portuguesa e britânica em África terminou com o poder político dos chefes então existentes. https://pt.wikipedia.org/wiki/Vasco_da_Gama https://pt.wikipedia.org/wiki/1497 https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rabes https://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/1530 https://pt.wikipedia.org/wiki/1537 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tete_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/1544 https://pt.wikipedia.org/wiki/Quelimane https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico https://pt.wikipedia.org/wiki/1607 https://pt.wikipedia.org/wiki/1627 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Capranzina&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Mavura&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Vassalo https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVII https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Changamira_Dombo&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Shona https://pt.wikipedia.org/wiki/Butua https://pt.wikipedia.org/wiki/Marfim 13 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 O IMPÉRIO MARAVE Os Estados Marave formaram-se com a chegada a sul do Malawi, a partir de camadas sucessivas de emigrantes oriundos da região de Luba do Congo, liderados pelo clã Caronga-Phiri, entre 1200 a 1400, situados entre-os-rios Chire e Luangua, a norte do rio Zambeze. Conflitos dinásticos levaram a fragmentação do clã original, dando origem a dois clãs: os Phiri e os Bandas novas linhagens que posteriormente se estabeleceram a oeste, sul e sudeste do território ocupado pelos Caronga. Assim, Undi irmão de Caronga moveu-se para oeste e estabeleceu a hegemonia da sua linhagem sobe os povos de língua Cheua e Nsenga, abrangendo a norte da província de Tete. Por outro lado, Kaphwiti e Lundu lograram dominar as populações do vale do Chire. Os estados Marave foram um conjunto de pequenos reinos formados na margem norte do rio Zambeze e que se tornaram importantes na história da penetração portuguesa nesta região. A origem do nome é desconhecida, mas aparece em textos antigos (séculos XVII e XVIII) e ainda hoje está associada ao de um distrito da província de Tete, a Marávia. O nome foi utilizado com referência à fixação nesta região, entre 1200 e 1400, de um povo, cujo clã dominante, denominado Phiri, se tornou, por alianças com as linhagens dominantes locais, o clã dominante. Mais recentemente, o escritor António Rita Ferreira utilizou esta designação para o conjunto de tribos ali existente. Uma característica importante é que todos os povos da região, embora apresentem hoje uma grande diversidade de línguas (do grupo de Bantu sul-central, das famílias ciNyanja, ciYao e eMakuwa) tem como forma de organização da sociedade a matrilinearidade, ou seja, a transmissão dos poderes "mágicos" e da propriedade - do próprio "poder" - é feita por casamento com a mulher da linhagem que o detém. Os Phiri terão utilizado esse poder para expandir a sua dominação e, mais tarde, os prazeiros portugueses fizeram o mesmo https://pt.wikipedia.org/wiki/Zambeze https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Tete_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Mar%C3%A1via_Angonia(distrito)&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Phiri&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ant%C3%B3nio_Rita_Ferreira&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ant%C3%B3nio_Rita_Ferreira&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribo https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_Bantu https://pt.wikipedia.org/wiki/CiNyanja https://pt.wikipedia.org/wiki/CiYao https://pt.wikipedia.org/wiki/EMakua https://pt.wikipedia.org/wiki/Matrilinear https://pt.wikipedia.org/wiki/Prazos_da_Coroa 14 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Diferentemente dos Mwenemutapas a sul do Zambeze, os Maraves a norte dominaram o seu território através da absorção e adaptação da ideologia local, acompanhado com o casamento com mulheres nativas, promovendo o controlo sobre a esfera ideológica. Limites Norte: Malawi Sul: rio Zambeze Este: Rio Luangua Oeste: Rio Chire Assim, o Estado o estado Marave passou a ter como estados satélites: Undi, Lundu, Kaphwiti e Biwi. Todos estes estados onde o aparelho do Estado se confundia com a família reinante, eram governados por membros oriundos do clã original Phiri. O termo Marave designa várias formações etnolinguísticas. Principais Actividades Económicas A principal actividade económica dos povos Maraves era a agricultura e o comércio a longa distância. Pode-se aceitar que a Mapira era o cereal mais cultivado entre o Chire e Luangua. Cultivava-se o milho, mexoeira, amendoim, leguminosas, etc. A agricultura era itinerante sobre queimadas, sendo a enxada de cabo curto como único instrumento utilizado. No estado Marave, para a produção agrícola havia uma forma de cooperação entre os camponeses designada por Dima, que previa entre outros aspectos garantir maior produção e productividade. É certo que os Maraves produziam e comercializavam as enxadas da metalurgia. Por outro lado, havia uma produção considerável de tecidos de algodão para troca, designadas por “Machiras”.Um outro produto saído do território Marave era o Sal e há evidências de que ele era adquirido por mercadores Ajauas e Bisa. 15 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Tal como sucedia no império de Mwenemutapa e das linhagens satélites, as classes dominantes dependiam para a sua reprodução de duas fontes: Tributos diversos como o comércio do marfim, o qual representava para os soberanos Maraves o mesmo que o ouro para os soberanos Chona. No caso do estado dos Undi, a classe dominante recebia tributos regulares e tributos rituais. Os súbditos eram obrigados a trabalhar regularmente nas terras dos chefes, a construir casas para a classe dominante e assegurar a manutenção da capital. Como tributos rituais, havia as primícias das colheitas e as taxas devidas ao facto de os chefes orientarem as cerimónias mágico religiosas. Ainda no Estado Undi, os súbditos eram obrigados a cultivar produtos para o interesse geral conhecidos por “Munda ya Chiweta”. Com o produto do sobretrabalho dos súbditos o Undi sustentava visitantes e Litigantes, entretinha jogos e danças e socorria os necessitados. Recebiam igualmente tributos de vassalagem que incluíam penas vermelhas de certos pássaros, marfim, peles de leão e de leopardo, partes comestíveis de outros animais, tributo de trânsito dos comerciantes designado por Mororo e primícias das colheitas. Estrutura Socio-política e Administrativa O aparelho político do Estado Marave era complexo. Porém, tomemos o exemplo do Estado Undi, cujos territórios abrangiam a actual província de Tete. Undi: Chefe máximo do Estado Mambo: Chefe dos territórios conquistados Mwene Dziko: Chefe Territorial Mwene Mudzi ou Fumo: Chefe da aldeia Todavia, há que salientar que cada chefe era servido por um conjunto de conselheiros os mbili, singular ambili. Havia igualmente um corpo de funcionários subalternos como mensageiros e guarda do chefe. 16 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 No Estado Marave, todos os chefes estavam ligados por laços de parentesco. Os membros da aldeia, os Mwene Mudzi eral geralmente membros seniores das matrilinhagens locais, sendo o núcleo matrilinear básico designado por bele, formado pela mulher, por suas irmãs casadas e ou solteiras, filhos não casados, filhos das irmãs e por incorporação pelo marido da mulher e pelos maridos das filhas da mulher. Papel das Crenças Mágico-religiosas As crenças mágico-religiosas do Estado Marave eram destinadas a evocação das chuvas, a fertilidade das terras, ao controlo das cheias. Esses cultos eram dedicados a entidades supremas como era o culto do Muári ou Muáli, o culto de Chissumpi, que era a veneração de espíritos naturais e o culto de Makewana. A penetração dos Caronga-Phiri não foi violenta de tipo militar. Foi, no entanto, seguida de absorção gradual dos cultos nativos. O gradual domínio dos territórios através da absorção e adaptação da ideologia local, foi acompanhado pela prática de casamentos com mulheres dos clãs nativos. Em alguns casos, o Undi casava com a irmã do chefe local, dando-lhe em troca uma das suas irmãs para ser esposa. Assim, pode-se concluir que enquanto a sul do Zambeze a ocupação territorial de Nhatsimba Mutota foi essencialmente de natureza militar, a norte do Zambeze a ocupação territorial dos Maraves se fez pela conquista da esfera ideológica expressa nos santuários e nos rituais. A aristocracia dominante Caronga era obrigada a casar- se com as mulheres saídas do clã Banda (clã originário da região ocupada pelos Caronga). Decadência do Estado Marave O declínio das rotas comerciais Marave que iam até à costa, substituídas desde fins do século XVI por duas rotas controladas pelos mercadores Ajauas pode ter constituído um dos factores que minou o poder das dinastias Phiri, juntamente com dissensões dinásticas e uma fragmentação linhageira intensa. 17 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Por outro lado, a decadência dos Estados Marave, no século XVI foi intensificada pela penetração de mercadores no fim do século XVIII. Alguns deles acabaram casando-se com a filha de Undi reinante e começou a sua vida como prospector de Ouro, utilizando mulheres escravas. Há que ter ainda em conta a invasão dos Nguni provenientes do movimento Mfecane, um extenso movimento de migrações encetado na Zululândia devido as lutas violentas interlinhagens. Outro factor a ter em conta na decadência dos Estados Marave está certamente associado à penetração mercantil portuguesa no vale do Zambeze a partir de 1530 e ao bloqueio feito á penetração Swahili-Árabe. Podemos ter ainda como causa da decadência deste Estado, os conflitos no seio da classe dominante Marave pelo poder que acelerou a desintegração das linhagens dirigentes. OS PRAZOS DA COROA Por volta de 1600, Portugal começou a enviar para Moçambique colonos, muitos de origem indiana, que queriam fixar-se neste território. Esses colonos, muitas vezes casavam com as filhas de chefes locais e estabeleciam linhagens que, entre o comércio e a agricultura, podiam tornar-se poderosas. Em meados do século XVII, o governo português decide que as terras ocupadas por portugueses em Moçambique pertenciam à coroa e estes passavam a ter o dever de arrendá-las a prazos que eram definidos por 3 gerações e transmitidos por via feminina. Esta tentativa de assegurar a soberania na colónia recente, não foi de muito êxito porque, de facto, os "muzungos" e as "donas" já tinham bastante poder, mesmo militar, com os seus exércitos de "xicundas", e muitas vezes se opunham à administração colonial, que era obrigada a responder igualmente pela força das armas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVII https://pt.wikipedia.org/wiki/Renda https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria) https://pt.wikipedia.org/wiki/Militar 18 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Não só estes senhores feudais não pagavam renda ao Estado, como também organizaram um sistema de cobrar o “mussoco” (um imposto individual em espécie, devido por todos os homens válidos, maiores de 16 anos) aos camponeses que cultivavam nas suas terras. Além disso, mineravam ouro e obtinham marfim e escravos que comerciavam em troca de panos e missangas que recebiam da Índia e de Lisboa. Até 1850, Cuba foi o principal destino dos escravos provenientes da Zambézia. Em 1870, era apenas em Quelimane (sem conseguir penetrar no "Estado da Maganja da Costa") onde Portugal exercia alguma autoridade, cobrando o "mussoco", instituído e cobrado pelos prazeiros. Isto, apesar de, em 1854, o governo português ter "extinguido" os Prazos (pela segunda vez, a primeira tinha sido em 1832). Outros decretos do mesmo ano extinguiam a escravatura (oficialmente), uma vez que os "libertos" eram levados à força para as ilhas francesas do Oceano Índico (Maurícias e Reunião), com o estatuto de "contratados", e o imposto individual, substituindo-o pelo imposto de palhota, uma espécie de contribuição predial. Na margem direita do rio Zambeze e na margem esquerda da actual província de Tete, os prazos começaram a ser atacados, em 1830, pelos nguni que fugiam durante o mfecane (explicar) mas, aparentemente, os prazos da Zambézia escaparam a essa sorte. Mas, apesar de "ressuscitados"por António Enes, o grande ideólogo do colonialismo pós-escravatura, não resistiram ao capital das grandes companhias. Depois de serem engolidos por estas, viram a administração colonial organizar-se finalmente - já na segunda metade do século XIX - e utilizar a sua estrutura feudal, depois de transformados os "xicundas" em sipaios, para submeterem os povos da região. Por volta de 1870, começaram a estabelecer-se em Quelimane várias companhias europeias, já não interessadas em escravos, nem em marfim, mas sim em oleaginosas - amendoim, gergelim e copra - muito procuradas nas indústrias recém-criadas de óleo alimentar, sabões e outras. No princípio, comercializando com os prazeiros, induziram-nos a forçarem os seus camponeses a cultivar estes produtos. Exemplos dessas companhias são a "Fabre & Filhos" e a "Régie Ainé", ambas com sede em Marselha, a "Oost Afrikaansch https://pt.wikipedia.org/wiki/Quelimane https://pt.wikipedia.org/wiki/Maganja_da_Costa_(distrito) https://pt.wikipedia.org/wiki/Maganja_da_Costa_(distrito) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Maur%C3%ADcia https://pt.wikipedia.org/wiki/Reuni%C3%A3o_(ilha) https://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto_de_palhota https://pt.wikipedia.org/wiki/Contribui%C3%A7%C3%A3o_predial https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Zambeze https://pt.wikipedia.org/wiki/Tete_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Nguni https://pt.wikipedia.org/wiki/Mfecane https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Enes https://pt.wikipedia.org/wiki/Colonialismo https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX https://pt.wikipedia.org/wiki/Sipaio https://pt.wikipedia.org/wiki/Oleaginosa https://pt.wikipedia.org/wiki/Amendoim https://pt.wikipedia.org/wiki/Gergelim https://pt.wikipedia.org/wiki/Copra https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93leo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sab%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Marselha 19 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Handelshuis", holandesa, e a "Companhia Africana de Lisboa". A "Oost" chegou a abrir em Sena uma sucursal para incentivar nessa região a produção de amendoim. Mas a agricultura familiar não produzia as quantidades desejadas, era necessário organizar plantações. É nessa altura que o governador da "província ultramarina", Augusto de Castilho, cuja administração estava desejosa de ter uma base tributária para manter a ocupação do território, emite em 1886 uma "portaria provincial" regulando a cobrança do "mussoco" nos Prazos (que tinham sido "extintos" pela terceira vez seis anos antes), que incluía a obrigatoriedade dos homens válidos pagarem aquele imposto, se não em produtos, então em trabalho; é dessa forma que começam a organizar-se as grandes plantações de coqueiros e, mais tarde, de sisal e cana sacarina. Em 1890, o futuro "Comissário Régio" António Enes decreta, numa revisão do Código de Trabalho Rural de 1875 (que estabelecia apenas a obrigação "moral" dos colonos [leia-se camponeses indígenas] de produzirem bens para comercialização), que o camponês já não tem a opção de pagar o "mussoco" em géneros: "…O arrendatário [dos Prazos] fica obrigado a cobrar dos colonos em trabalho rural, pelo menos metade da capitação de 800 réis, pagando esse trabalho aos adultos na razão de 400 réis por semana e aos menores na de 200 réis." Esse decreto impunha ainda aos prazeiros a ocupação efectiva das terras arrendadas e o pagamento à autoridade colonial da respectiva renda. Mas os prazeiros não tinham conseguido converter a sua actividade de simples fornecedores de escravos ou de pequenas quantidades de produtos na de organização das plantações, não só por falta de preparação (ou de vocação), mas também por falta de capital. O resultado foi terem sido obrigados a subarrendar ou vender os seus prazos, terminando assim a fase feudal desta porção de Moçambique. OS ESTADOS AJAUA No rico planalto do Niassa, fixaram-se os bantu ajaua (ou yao e também pronunciado jauá), agricultores e caçadores, mas também comerciantes que, https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_Baixos https://pt.wikipedia.org/wiki/Sena_(Mo%C3%A7ambique) https://pt.wikipedia.org/wiki/Sucursal https://pt.wikipedia.org/wiki/Planta%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_de_Castilho https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho https://pt.wikipedia.org/wiki/Sisal https://pt.wikipedia.org/wiki/Cana_sacarina https://pt.wikipedia.org/wiki/1890 https://pt.wikipedia.org/wiki/Moral https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital https://pt.wikipedia.org/wiki/Feudal https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique https://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto https://pt.wikipedia.org/wiki/Lago_Niassa https://pt.wikipedia.org/wiki/Ajaua https://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultor https://pt.wikipedia.org/wiki/Ca%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Comerciante 20 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 no século XVIII, já islamizados, muito contribuíram para o tráfico de escravos. No século XIX, esta população expandiu-se para oeste (incluindo o Malawi). Localização O centro do país Yao encontra-se a noroeste de Moçambique, limitado a ocidente pelo rio Lucheringo, a sul pelo Luambala, a oriente pelo rio Lugenda e a norte pelo rio Rovuma. Base Económica Até meados do século XVIII, altura em que o comércio do marfim começou a ganhar peso considerável na economia, os ajauas praticavam a agricultura (actividade por excelência das mulheres); a pesca e a caça (actividade masculina) e a metalurgia do ferro (particular destaque para o clã A-Chisi, que se especializou no fabrico de instrumentos de trabalho, utensílios domésticos, armamento e objectos de adorno, etc). A partir do século XIX a base da economia ajaua passa a ser o comércio de escravos. O tráfico de escravos, para além de ter garantido a continuidade de acesso aos produtos importados, introduziu muitos elementos novos no sistema da organização política e social. Organização Política e Social Até provavelmente meados do século XVIII, os ajaua viviam em pequenas comunidades matrilineares conhecidas por MBUMBA, que estavam geralmente sob a autoridade de um irmão mais velho - o ASYENE MBUMBA - que era simultaneamente o chefe da aldeia. Tratando-se de comunidades matrilineares - as MBUMBA agrupavam irmãs casadas e os seus maridos, irmãs solteiras, homens solteiros e crianças. Isto acontecia porque com o casamento o homem era obrigado a transferir-se para a povoação da esposa. As relações de produção e políticas que se estabeleciam entre os membros da MBUMBA baseavam-se nas relações de parentesco. Era como parente que o indivíduo tinha acesso à terra. https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII https://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A1fico_de_escravos https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX https://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Oeste https://pt.wikipedia.org/wiki/Malawi 21 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 O desenvolvimento do comércio do marfim no século XVIII e, sobretudo, do comércio de escravos no século XIX, o exercício e o controlo exclusivo de tarefas técnico- administrativas e mágico-religiosas por um, grupo bastante reduzido de indivíduos contribuiu para o surgimento do Estado centralizado e consequentemente o fortalecimento do poder dos chefes (recorda o papel da penetração mercantil estrangeira). Assim, a partir de 1840/50, surgem grandes Estados como MATACA, MTALICA, KANJILA e JALASÍ, quetinham no comércio de escravos o pilar da sua economia e a fonte da sua dominação como classe. Os escravos capturados eram distribuídos por três categorias: domésticos, esposas e para a venda. Das três categorias de cativos, a primeira libertou parcialmente as mulheres livres ajaua da agricultura e de algumas actividades económicas. Ela explica em grande medida o facto de a manutenção das classes dominantes não ter sido garantida pela cobrança de tributos. A segunda categoria introduziu no sistema de parentesco elementos característicos das sociedades patrilienares: se nas sociedades matrilineares o filho pertence à família da mãe e a sua educação é assegurada pelo tio materno, no caso presente, o filho nascido do casamento de um ajua livre com uma cativa não podia pertencer à família da mãe, nem ser educado pelo irmão mais velho da mãe. Assim, ao invés da predominância das acções militares de conquista e submissão, os chefes Ajaua adaptaram a prática da poligamia como meio de garantir a coesão e a estabilidade dentro das formações políticas. O chefe MATACA, por exemplo, chegou a contrair matrimónio com 600 mulheres, espalhadas por oito povoações do seu Estado. Ideologia No plano ideológico, a realização de cerimónias mágico-religiosas e a distribuição de amuletos por ocasião da realização de actividades consideradas perigosas (p.e.a caça 22 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 ao escravo) eram mecanismos que produziam atitudes e comportamentos favoráveis à manutenção e reprodução das classes dirigentes. Outrossim, o contacto com a costa trouxe aos ajaua novas mudanças. A maior foi a conversão ao islamismo de grandes chefes ajaua (por exemplo Mataca e Mkanjila) e, embora nem todos os ajaua fossem islâmicos, foram identificados como povo onde o Islamismo era sinónimo de ser yao. Decadência Para a decadência deste Estado contribuíram entre outros, os seguintes factores: - A lutas pelo controlo das rotas dos escravos entre os macuas e os ajaua; - As invasões nguni; - As campanhas de pacificação levadas a cabo por portugueses (a Companhia do Niassa desempenhou importante papel); britânicos e alemães. O IMPÉRIO DE GAZA O Estado de Gaza foi fundado por Sochangane (também conhecido por Manicusse, 1821-1858) como resultado do Mfecane, um grande conflito despoletado entre os Zulu por consequência do assassinato de Chaca (ou Shaka) em 1828, que culminou com a invasão de grandes áreas da África Austral por exércitos Nguni. O Império de Gaza, no seu apogeu, abrangia toda a área costeira entre os rios Zambeze e Maputo e tinha a sua capital em Manjacaze, na actual província moçambicana de Gaza. O rei de Gaza dominou os reis Tonga (possivelmente o mesmo que Tsonga, da língua chiTsonga, a língua actualmente dominante na região sul de Moçambique) através dos membros da sua linhagem. os Nguni, comerciavam marfim, que recebia como tributo, com os portugueses, estabelecidos na costa (principalmente em Lourenço Marques e Inhambane). https://pt.wikipedia.org/wiki/Sochangane https://pt.wikipedia.org/wiki/Manicusse https://pt.wikipedia.org/wiki/Mfecane https://pt.wikipedia.org/wiki/Zulu https://pt.wikipedia.org/wiki/Chaca https://pt.wikipedia.org/wiki/Shaka https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_Austral https://pt.wikipedia.org/wiki/Nguni https://pt.wikipedia.org/wiki/Zambeze https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Maputo https://pt.wikipedia.org/wiki/Capital https://pt.wikipedia.org/wiki/Manjacaze https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaza_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/ChiTsonga https://pt.wikipedia.org/wiki/Marfim https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Louren%C3%A7o_Marques https://pt.wikipedia.org/wiki/Inhambane_(cidade) 23 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Aparentemente, Sochangane não fazia comércio de escravos - os povos derrotados eram removidos das suas terras e cativos eram usados como trabalhadores no campo e carregadores, alternativamente serviam como guerreiros para conquistar novas terras onde se poderiam instalar, mas eram cidadão de segunda, os Angunizados -, nem devolvia aos portugueses os escravos que fugiam para a sua guarda. Com a morte de Sochangane, sucedeu-lhe o seu filho Mawewe que decidiu, em 1859, atacar os seus irmãos para ganhar mais poder. Apenas um irmão, Mzila (ou Muzila) conseguiu fugir para o Transvaal, onde organizou um exército para atacar o seu irmão. A guerra durou até 1864 e, entretanto, a capital do reino mudou-se do vale do rio Limpopo para Mossurize, a norte do rio Save, na actual província moçambicana de Manica. Foi em Mossurize que, em 1884, ascendeu ao trono Nguni, Gungunhana, filho de Muzila. Gungunhana regressa a Manjacaze em 1889, aparentemente pressionado pelos exploradores de ouro de Manica e falta de apoios locais. Em Gaza, Gungunhana prosseguiu a política de seu pai de assimilação dos reinos locais, os "Tonga" e de resistência à dominação portuguesa, mas essa resistência não durou mais de seis anos. Gungunhana foi preso e Gaza finalmente submetida à administração colonial. OS REINOS AFRO-ISLÂMICOS Um dos resultados dos contractos entre mercadores árabes e populações moçambicanas foi a islamização progressiva destas comunidades, principalmente no litoral onde surgiram como consequência núcleos linguísticos como os Mwani, nharra e Koti e a adopção por estas modelos de organização social e político arabizados. Em resultado disso estruturam-se comunidades políticas moçambicanas como os Xeicados e Sultanatos. Os Reinos Afro-Islâmicos são resultado da chegada dos Árabes a Moçambique no século IX, provenientes do Golfo pérsico e instalando-se progressivamente na costa moçambicana, concretamente na Ilha de Moçambique e em Quelimane, numa primeira fase, e mais tarde, no Vale de Zambeze e no Planalto do Zimbabwe, no século XIII. https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravatura https://pt.wikipedia.org/wiki/Mawewe https://pt.wikipedia.org/wiki/Mzila https://pt.wikipedia.org/wiki/Muzila https://pt.wikipedia.org/wiki/Transvaal https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Limpopo https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Limpopo https://pt.wikipedia.org/wiki/Mossurize https://pt.wikipedia.org/wiki/Save https://pt.wikipedia.org/wiki/Manica_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/1884 https://pt.wikipedia.org/wiki/Gungunhana https://pt.wikipedia.org/wiki/1889 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_de_resist%C3%AAncia 24 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Numa primeira fase os Reinos Afro-Islâmicos dedicavam-se ao comércio do ouro, marfim e peles de leopardo. A partir do século XVIII, quando a procura dos escravos ultrapassou o comércio do marfim, os Reinos Afro-Islâmicos especializaram-se neste comércio. No século XIX, quando medidas abolicionistas foram decretadas por Portugal, em 1836 e em 1842, estes reinos continuaram a praticar a escravatura, assegurando o comércio clandestino de escravos para Zanzibar, Ilhas Francesas do Oceano Indico e Golfo Pérsico. Relações entre os Reinos Afro-Islâmicos e Portugal Analisando a relação destes com os Portugueses, repete-se o que se passava com os Estados Militares: Portugal procurou aliciar os sultões e xeiques, dando-lhes cargos administrativos -militares como os de Capitão-mar. Agindo assim, garantia, pelo menos teoricamente, que os Sultanatos e Xeicados se subordinassem à administração portuguesa. Na prática, esta subordinação erafeitiça, pois existia enquanto os portugueses não interferissem contra os seus interesses. Os Reinos Afro-Islâmicos continuaram durante algum tempo autónomos porque os portugueses não possuíam recursos humanos, financeiros e militares para os conseguir dominar, embora quisessem convencer o mundo de que efectivamente ocupavam Moçambique. Aspectos comuns dos Reinos Afro-Islâmicos Os Reinos Afro- Islâmicos da costa tinham muitos aspectos em comum, a saber: - Praticavam o comércio de escravos; - Tornaram-se muito importantes na região da Makuana; - Praticavam a religião islâmica; - Teoricamente encontravam-se subordinados aos portugueses, mas, na prática, eram autónomos. Praticavam a religião islâmica; Destacam-se entre eles: 25 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 O Sultanato de Angoche e o Sultanato de Moma O Xeicado de Sancul; o Xeicado de Quitangonha; o Xeicado de Sangage e Xeicado AS COMPANHIAS MAJESTÁTICAS Em 1878, Portugal decide fazer a concessão de grandes parcelas do território de Moçambique à companhias privadas que passaram a explorar a colónia, as companhias majestáticas, assim chamadas, porque tinham direitos quase soberanos sobre essas parcelas de território e seus habitantes. As principais foram a Companhia do Niassa e a Companhia de Moçambique. Como Portugal tinha sido obrigado a ilegalizar o comércio de escravos em 1842, apesar de fechar os olhos ao comércio clandestino, e não tinha condições para administrar todo o território, deu a estas companhias poderes para instituir e cobrar impostos. Foi nessa altura que foi introduzido o "imposto de palhota", ou seja, a obrigatoriedade de cada família pagar um imposto em dinheiro; como a população nativa não estava habituada às trocas por dinheiro (para além de produzir para a própria sobrevivência), eram obrigados a trabalhar sob prisão - o trabalho forçado, chamado em Moçambique "chibalo"; mais tarde, as famílias nativas foram obrigadas a cultivar produtos de rendimento, como algodão ou tabaco, que eram comercializados por aquelas companhias. A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA EM MOÇAMBIQUE A Administração Colonial Portuguesa Até finais do século XIX, a presença oficial portuguesa em Moçambique limitava-se a umas poucas capitanias ao longo da costa. Portugal, bem estabelecido em Goa, de onde vinham directamente as ordens relativas a Moçambique, contava que os comerciantes que se iam estabelecendo no interior do território formassem o substrato para uma administração efectiva. Naquela época, o fundamental era o https://pt.wikipedia.org/wiki/1878 https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_majest%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_do_Niassa https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Mo%C3%A7ambique https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravo https://pt.wikipedia.org/wiki/1842 https://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_for%C3%A7ado https://pt.wikipedia.org/wiki/Algod%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabaco https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX https://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambique https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Goa https://pt.wikipedia.org/wiki/Comerciante https://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o 26 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 controlo do comércio, primeiro do ouro, nos séculos XVI e XVII, depois do marfim e dos escravos. No entanto, a administração colonial não conseguia sequer cobrar os impostos relativos a esse comércio. Entretanto, em 1686, o Vice-Rei português baptizava, em Diu, a "Companhia dos Mazanes", formada por ricos comerciantes indianos, à qual eram dados privilégios no comércio entre aquele território e Moçambique. Ao abrigo desta companhia, começaram a fixar-se em Moçambique dezenas de comerciantes indianos, suas famílias e empregados. Apesar das boas relações entre os indianos e os governantes coloniais, a situação financeira da colónia não melhorou. Em 1752, em face da decadência da Ilha de Moçambique, o governo do Marquês de Pombal decidiu retirar a colónia africana da dependência do Vice-Rei do Estado da Índia e nomear um governador-geral, que passou a habitar o Palácio dos Capitães- Generais, confiscado aos jesuítas. Só depois da visita do "Emissário Régio", António Enes, em 1895 e dos acordos com o Transvaal para a edificação da linha férrea, decidiu o governo colonial mudar a capital da "província" para Lourenço Marques e, com a debandada das companhias majestáticas, organizar uma administração efectiva de Moçambique. Essa administração, que foi encetada no então distrito de Lourenço Marques (que incluía as actuais províncias de Maputo e Gaza), tinha a forma de "circunscrições indígenas", cujos administradores tinham igualmente as funções de juízes. Eram coadjuvados pelos régulos, nas "regedorias" em que as circunscrições se dividiam, que eram membros da aristocracia africana (portanto, aceites pelas populações) que aceitavam colaborar com o governo colonial; as suas principais funções eram cobrar o "imposto de palhota" e organizar a mão-de-obra para as minas do Rand e para as necessidades da administração. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVII https://pt.wikipedia.org/wiki/Marfim https://pt.wikipedia.org/wiki/Escravo https://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto https://pt.wikipedia.org/wiki/1686 https://pt.wikipedia.org/wiki/Vice-Rei https://pt.wikipedia.org/wiki/Diu https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria) https://pt.wikipedia.org/wiki/1752 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Mo%C3%A7ambique https://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_Jos%C3%A9_de_Carvalho_e_Melo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_Jos%C3%A9_de_Carvalho_e_Melo https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria) https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Portugu%C3%AAs_da_%C3%8Dndia https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Portugu%C3%AAs_da_%C3%8Dndia https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_governadores_de_Angola https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_dos_Capit%C3%A3es-Generais_(ilha_de_Mo%C3%A7ambique) https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_dos_Capit%C3%A3es-Generais_(ilha_de_Mo%C3%A7ambique) https://pt.wikipedia.org/wiki/Jesu%C3%ADta https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Enes https://pt.wikipedia.org/wiki/1895 https://pt.wikipedia.org/wiki/Transvaal https://pt.wikipedia.org/wiki/Linha_f%C3%A9rrea https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_majest%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_majest%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Louren%C3%A7o_Marques https://pt.wikipedia.org/wiki/Maputo_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaza_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Juiz https://pt.wikipedia.org/wiki/Aristocracia https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3o-de-obra https://pt.wikipedia.org/wiki/Mina_(minera%C3%A7%C3%A3o) https://pt.wikipedia.org/wiki/Rand 27 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 Com a abolição da escravatura por decreto régio, em 1875, e o seu declínio real, uns dez anos depois, o governo colonial viu-se obrigado a transformar Moçambique de uma colónia para extracção de recursos naturais, num território que devia produzir bens para seu consumo e para exportação para a "metrópole". Essa foi a motivação principal para o estabelecimentoduma administração efectiva, embora também pesassem as pressões internacionais decorrentes da Conferência de Berlim e das pretensões territoriais dos britânicos e holandeses. A Ocupação Militar de Nampula Os estados islâmicos da costa (Xeicado de Quitangonha, Reino de Sancul, Xeicado de Sangage e Sultanato de Angoche), em aliança com os pequenos reinos macuas do interior conseguiram, até ao fim do século XIX, resistir à dominação portuguesa com uma técnica que, já naquela época, era considerada de guerrilha. Depois de muitas tentativas, em 1905, os portugueses encetaram uma nova tática, enviando grandes colunas militares a partir da Ilha de Moçambique e Mossuril, que avançavam ao longo dos rios, submetendo os chefes macuas. Nos locais onde conseguiam a colaboração destes, organizaram "Circunscrições" com uma administração incipiente, mas efectiva; onde não o conseguissem, instalavam "Capitanias-Mores" de base militar. Dessa forma, conseguiram dividir o território e as suas populações, incentivando as rivalidades entre si e com os estados islâmicos, que acabaram por entrar em declínio e foram finalmente subjugados à administração colonial. A Resistência à Ocupação Colonial no Sul de Moçambique Em 1885 (ano da Conferência de Berlim - da partilha de África), a autoridade colonial portuguesa no sul de Moçambique confinava-se a Lourenço Marques mas, com o início da exploração das minas de ouro do Transvaal, no ano seguinte, e o consequente aumento do tráfego naquele porto, os portugueses decidiram finalmente organizar o controlo das populações desta região. Estas constituíam um mercado, não https://pt.wikipedia.org/wiki/Aboli%C3%A7%C3%A3o_da_escravatura https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto https://pt.wikipedia.org/wiki/Recursos_naturais https://pt.wikipedia.org/wiki/Consumo https://pt.wikipedia.org/wiki/Exporta%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_baixos https://pt.wikipedia.org/wiki/Macua https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerrilha https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Mo%C3%A7ambique https://pt.wikipedia.org/wiki/Mossuril https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Militar https://pt.wikipedia.org/wiki/1885 https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica https://pt.wikipedia.org/wiki/Louren%C3%A7o_Marques https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro https://pt.wikipedia.org/wiki/Transvaal https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tr%C3%A1fego_mar%C3%ADtimo&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado 28 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 só para os produtos exportados de Portugal (em particular as bebidas alcoólicas), mas também de mão-de-obra para as minas sul-africanas, dificultando a sua mobilização para a construção do caminho-de-ferro que ligaria o Transvaal ao porto de Lourenço Marques. No ano seguinte, foi nomeado um Comissário-Residente para Gaza, que foi "promovido" a Intendente Geral em 1889, com a transferência de Gungunhana de Mossurize para Manjacaze; em 1888, foi estabelecido um posto militar perto de Marracuene e, em 1890, foi nomeado um Comissário-Residente para Lourenço Marques. Entretanto, em 1888, as autoridades coloniais reavivaram os "Termos de Vassalagem" com os reinos da região. Mas estas medidas não foram suficientes, nem para cobrar o "imposto de palhota" (contribuição por família, expresso nos "Termos de Vassalagem", fixado naquela altura em 340 réis), nem para assegurar o recrutamento de mão-de-obra, uma vez que o trabalho nas minas sul-africanas rendia seis vezes mais do que os concessionários do caminho-de-ferro pagavam. Em 1892, o governo de Lisboa enviou a Moçambique António Enes como Comissário Régio, para avaliar as condições económicas da Província e, no mesmo ano, os portugueses conseguiram realizar uma cobrança maciça do imposto, ameaçando os indígenas de verem as suas palhotas queimadas, se não pagassem. Em 1891, Gungunhana assinou com Cecil Rhodes (colonizador britânico) um acordo relativo a direitos sobre a exploração de minério nas suas terras, a favor da Companhia Britânica Sul-Africana, a troco dum pagamento anual de cerca de 500 libras. Tornava-se claro para os portugueses que só uma acção militar poderia forçar o estabelecimento da autoridade colonial na região. Esta acção, conhecida na altura como "Campanha de Pacificação", foi despoletada pela recusa de Mahazula Magaia, um chefe tradicional da região de Marracuene, em aceitar a decisão do Comissário Residente sobre uma disputa de terras. A questão chegou a vias de facto, quando a guarnição militar portuguesa foi forçada a fugir para Lourenço Marques, perseguida pelos exércitos de Magaia, Zihlahla e Moamba, que cercaram a cidade entre Outubro e Novembro de 1894. https://pt.wikipedia.org/wiki/Bebida_alco%C3%B3lica https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3o-de-obra https://pt.wikipedia.org/wiki/Mina_(minera%C3%A7%C3%A3o) https://pt.wikipedia.org/wiki/Caminho-de-ferro https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaza_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/1889 https://pt.wikipedia.org/wiki/Gungunhana https://pt.wikipedia.org/wiki/Mossurize https://pt.wikipedia.org/wiki/Manjacaze https://pt.wikipedia.org/wiki/Marracuene https://pt.wikipedia.org/wiki/Vassalagem https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia https://pt.wikipedia.org/wiki/Lisboa https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Enes https://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%ADgena https://pt.wikipedia.org/wiki/Cecil_Rhodes https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Brit%C3%A2nica_da_%C3%81frica_do_Sul https://pt.wikipedia.org/wiki/Militar https://pt.wikipedia.org/wiki/Autoridade https://pt.wikipedia.org/wiki/Campanhas_de_Conquista_e_Pacifica%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/1894 29 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 António Enes organizou as suas tropas e, no dia 2 de Fevereiro de 1895, perseguiu e derrotou (embora com dificuldade e pesadas baixas) os atacantes em Marracuene. Este dia continua a ser celebrado naquela vila com uma cerimónia chamada "Gwaza Muthine". Os chefes rebeldes refugiaram-se em Gaza, sob a protecção de Gungunhana. Depois de várias tentativas de negociações com o rei de Gaza, pedindo a extradição daqueles chefes, os portugueses resolveram atacar de novo. A 8 de Setembro, travou-se a batalha de Magul, onde se encontrava Zihlahla e, a 7 de Novembro, uma outra coluna proveniente de Inhambane defrontou-se com o exército de Gungunhana em Coolela, perto da sua capital. Em Dezembro, Mouzinho de Albuquerque cercou Chaimite e prendeu o imperador Gungunhana, que ali se tinha refugiado, mandando-o depois para os Açores, onde veio a morrer. O exército de Gungunhana continuou a resistir à autoridade colonial, sob a liderança de Maguiguane Cossa, que só foi derrotado a 21 de Julho de 1897, em Macontene (a 10 km do Chibuto). Com esta vitória, a autoridade colonial foi finalmente estabelecida no sul de Moçambique. A Companhia do Niassa e a Ocupação de Cabo Delgado e Niassa A Companhia do Niassa foi formada por alvará régio de 1890, com poderes para administrar as actuais províncias de Cabo Delgado e Niassa, desde o rio Rovuma ao rio Lúrio e do Oceano Índico ao Lago Niassa, numa extensão de mais de 160 mil km². Com o apoio dum pequeno exército fornecido pela administração colonial, formado por 300 "soldados regulares" ( portugueses) e 2800 "sipaios" (indígenas recrutados noutras regiõesde Moçambique), a Companhia tentou ocupar militarmente o território a partir de 1899. Teve imediato êxito na conquista das terras do Chefe Mataca (ver Os Estados Ajaua, acima), que tinha abandonado a sua sede, e assegurar uma posição militar em Metarica, no Niassa. Em 1900 e 1902, tomou Messumba e Metangula, nas margens do Lago Niassa. Durante a Primeira Guerra Mundial, o território da Companhia foi palco de várias operações de resistência por parte dos chefes locais e invadido https://pt.wikipedia.org/wiki/2_de_Fevereiro https://pt.wikipedia.org/wiki/1895 https://pt.wikipedia.org/wiki/Marracuene https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_de_Gaza https://pt.wikipedia.org/wiki/Extradi%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/8_de_Setembro https://pt.wikipedia.org/wiki/8_de_Setembro https://pt.wikipedia.org/wiki/Magul https://pt.wikipedia.org/wiki/Zihlahla https://pt.wikipedia.org/wiki/7_de_Novembro https://pt.wikipedia.org/wiki/7_de_Novembro https://pt.wikipedia.org/wiki/Coolela https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_da_Silva_Mouzinho_de_Albuquerque https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_da_Silva_Mouzinho_de_Albuquerque https://pt.wikipedia.org/wiki/Chaimite https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7ores https://pt.wikipedia.org/wiki/Maguiguane_Cossa https://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_Julho https://pt.wikipedia.org/wiki/1897 https://pt.wikipedia.org/wiki/Combate_de_Macontene https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_do_Niassa https://pt.wikipedia.org/wiki/1890 https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_Delgado https://pt.wikipedia.org/wiki/Niassa_(prov%C3%ADncia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Rovuma https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Rovuma https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_L%C3%BArio https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_%C3%8Dndico https://pt.wikipedia.org/wiki/Lago_Niassa https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%ADgena https://pt.wikipedia.org/wiki/Metangula 30 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 pelos alemães (ver Triângulo de Quionga). Para resistir a essa invasão, foi aberta uma estrada de mais de 300 km, entre Mocímboa do Rovuma e Porto Amélia (actual Pemba), o que significou a ocupação efectiva do planalto de Mueda; no entanto, só em 1920 a Companhia conseguiu assegurar essa ocupação, depois de várias operações militares contra os macondes, fortemente armados. Como se verá mais tarde, esta tribo foi um dos primeiros e principais suportes da Luta Armada de Libertação Nacional. Em 1929 extingue-se a Companhia do Niassa, passando o território para a administração directa do governo colonial. No entanto, as estruturas administrativas, na forma de circunscrições e regulados, asseguradas por agentes do Estado, já tinham sido implantadas em grande parte do território. Política Colonial entre 1900 e 1930 Com a derrota militar dos chefes locais, o governo da Província pode finalmente organizar a administração do território, com a instituição do Regulado. O governo recrutava membros da aristocracia indígena como Régulos, encarregados da colecta do imposto-de-palhota, do recrutamento de trabalhadores para a administração e da proibição da venda de quaisquer bebidas alcoólicas que não fossem provenientes da Metrópole. Para além disso e, na impossibilidade de impedir a migração de trabalhadores para as minas sul-africanas, firmou um acordo, primeiro com a República Sul-Africana e, quando esta foi submetida pelos britânicos, com a respectiva autoridade, regulamentando o trabalho migratório e assegurando o tráfico através do porto de Lourenço Marques. No primeiro acordo, o governo da Província recebia uma taxa por cada trabalhador recrutado; mais tarde, o acordo incluía a retenção de metade do salário dos mineiros, que era pago à colónia em ouro, sendo o montante respectivo entregue aos mineiros no seu regresso, em moeda local. O Estado Novo Com a "eleição" de Óscar Carmona, em 1928, que chamou Salazar para seu ministro das finanças, a administração das colónias como fonte de matérias primas para https://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha https://pt.wikipedia.org/wiki/Tri%C3%A2ngulo_de_Quionga https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Planalto_de_Mueda&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Macondes https://pt.wikipedia.org/wiki/Luta_Armada_de_Liberta%C3%A7%C3%A3o_Nacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Luta_Armada_de_Liberta%C3%A7%C3%A3o_Nacional https://pt.wikipedia.org/wiki/1929 https://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Aristocracia https://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9gulo https://pt.wikipedia.org/wiki/Bebida_alco%C3%B3lica https://pt.wikipedia.org/wiki/Metr%C3%B3pole https://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_humana https://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_Sul-Africana https://pt.wikipedia.org/wiki/Sal%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93scar_Carmona https://pt.wikipedia.org/wiki/1928 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_de_Oliveira_Salazar https://pt.wikipedia.org/wiki/Mat%C3%A9ria_prima 31 História de Moçambique Compilado por Dr. Janotas Nativo UniLicungo - 2023 a indústria da "metrópole" tornou-se mais eficiente. Em 1930 foi publicado o Acto Colonial1, legislação que organizava o papel do Estado nas colónias portuguesas: a nomeação de administradores para as circunscrições "indígenas", que passaram a organizar os seus pequenos exércitos de sipaios; os recenseamentos que determinavam a cobrança de impostos e a "venda" de mão-de-obra para as minas sul-africanas; a criação de "Tribunais Privativos dos Indígenas"; a definição da Igreja Católica como principal força "civilizadora" dos indígenas, passando a ser a principal forma de educação. 1 O Acto Colonial foi uma lei constitucional que definiu as formas de relacionamento entre a metrópole e as colónias portuguesas. Foi aprovado em 1930, durante o período da Ditadura Nacional que antecedeu o Estado Novo, no governo de Domingos da Costa Oliveira, pelo Decreto n.º 18 570 de 8 de Julho de 1930, e republicado, sem o preâmbulo, quando da entrada em vigor da Constituição de 1933. A Lei nº 1900 de 21 de maio de 1935 alterou alguns dos seus artigos[2]. O Acto Colonial baseava-se nos princípios teóricos da inviolabilidade da integridade territorial, do nacionalismo imperialista e da missão civilizadora de Portugal, enquanto país cristão, ocidental e europeu, tendo por isso uma "função histórica e essencial de possuir, civilizar e colonizar domínios ultramarinos". O conjunto dos territórios possuídos pelos portugueses passou a denominar-se de Império Colonial Português. O Acto Colonial acabou com a limitada autonomia financeira e administrativa das colónias, extinguindo a figura institucional dos altos-comissários, substituída pela dos governadores gerais ou de colónia, e centralizando a decisão no Ministro das Colónias ou no Governo de Lisboa. Os orçamentos gerais das colónias passaram a depender da aprovação do Ministro das Colónias, que devia analisá-los tendo por base teórica o princípio do estrito equilíbrio das finanças públicas. Foi proibida às colónias contraírem empréstimos em países estrangeiros por conta própria. Restringiu também as concessões a estrangeiros, quer no domínio territorial, quer na exploração de portos comerciais, sobretudo acabou com o direito de empresas particulares de gozarem de prerrogativas de funções de soberania nas concessões coloniais. Em suma, a metrópole passou a ser o árbitro supremo, sobretudo nas relações económicas entre as colónias e entre o conjunto colonial e a metrópole. O Acto Colonial definiu durante
Compartilhar