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Fígado - Pertubações Circulatórias 1 Fígado - Pertubações Circulatórias Morfologia do fígado Víscera maciça, localizado na cavidade peritoneal, fundamentalmente no QSD de abdômen, se insinuando para o QSE através de seu lóbulo hepático esquerdo Apresenta uma cápsula própria (CÁPSULA DE GLISSON) a qual é constituída por estroma → parênquima (hepatócitos) O fígado pode ter até 75% de sua massa comprometida ou extraída, e apresenta capacidade de regenerar um órgão completamente novo a partir dos 25% restantes A estrutura que mais chama a atenção, na sua superfície, é o PEDÍCULO, o qual é constituído pela TRÍADE PORTAL, onde será visualizado: Ducto Biliar Próprio → o conteúdo excretor do fígado; à direita Veia Porta → junção da veia mesentérica superior e a veia esplênica, que recebe drenagem da mesentérica inferior; em posição médio-posterior Artéria Hepática Própria; medial à tríade Ligamento falciforme: separa lóbulo D do E Ligamento redondo do fígado: na basse do lig. falciforme, que sofreu um processo degenerativo A vesícula biliar se localiza na parte posterior do fígado, no omento menor (ou epiplon menor) Pedículo hepático: localizado no interior do ligamento hepatogástrico, com o ducto biliar comum, veia porta posterior, e a artéria hepática medial ➯ PEDÍCULO HEPÁTICO Conteúdo biliar (verde) Veia porta (roxa) Componente venoso (azul) A artéria hepática própria, que se divide em direita e esquerda, é o principal componente de O2 para o fígado = 70% da oxigenação A veia porta é responsável pelos outros 30% de oxigenação para os hepatócitos ➯ As estruturas da árvore vão se dividindo, capilarizando e formando as unidades funcionais do fígado, representadas pelo Fígado - Pertubações Circulatórias 2 LÓBULO HEPÁTICO (o ácino/lóbulo de Rappaport, sendo crucial para o fígado executar suas funções metabólicas) � O fígado apresenta a seguinte particularidade: A veia porta, embora seja formada pela veia mesentérica superior, esplênica e indiretamente pela mesentérica inferior, ela ainda carrega em si um grau de saturação de oxigênio 30% superior ás veias em geral Isso ocorre pois quando o componente arterial envia as hemácias carregadas com O2, para a superfície capilar, 30% desse O2 não será aproveitado pelas víscera intestinais, retornando pelo sistema venoso Isso ocorre, pois a veia porta também tem a função de oxigenação dos hepatócitos (por isso ela não é representada pela cor azul clássica das veias) É uma hemácia parcialmente reduzida Lóbulo Hepático / Lóbulo de Rappaport ➯ Constituída por uma figura 3D “hexagonal” Espaços porta: Capitalização arterial, venosa e no sentido oposto o ducto biliar Um mesmo espaço pode corresponder a mais de um lóbulo, ficando na intersecção de pelo menos 3 lóbulos assim “mandando” sangue para várias veias centrolobulares → sublobular → veia hepática → cava inferior Fígado - Pertubações Circulatórias 3 Em cada um dos vértices do lóbulo, haverá um espaço porta, todos com o mesmo tipo de conteúdo Sinusóides: condutos onde circula o sangue da veia porta e da artéria hepática, sempre no sentido ESPAÇO PORTA → VEIA CENTROLOBULAR. Da região do espaço porta até a veia porta há três zonas: 1. Periportal: espaço mais próximo á arteríola e á vênula; muito O2 2. Intermediário; médio O2 3. Pericentrolobular: mais próximo a veia centro lobular; menos O2 � Esses três espaços são importantes, do ponto de vista histológico e clínico, pois quanto mais próximo do espaço porta mais O2 haverá, e quanto mais longe, menos O2 haverá Logo se há déficit de sangue arterializado o oxigênio será consumido primariamente pelos hepatócitos mais próximos (zona 1), logo, haverá uma saturação de O2 grande, e quando chegar na veiapericetrolobular (zona 3) o O2 estará reduzido Pertubações Circulatórias Congestão/Estase aguda do fígado Congestão: aumento volumétrico do conteúdo venoso ou arterial do vaso, dilatando-o s, podendo ser breve ou prolongada ➯ Situações em que o fígado pode ficar com os vasos congestos: 1. Cor pulmonale agudo (cor pulmonale = coração pulmão): Alterações no nível da circulação pulmonar (interrupções), irão repercutir no coração que por sua vez repercutirão no fígado Assim um processo obstrutivo desta circulação nos pulmões vai fazer com que o sangue congestione retrogradamente (pulmão → coração→ fígado) Esse é o principal mecanismo Situações em que a cor pumonale ocorre: Embolias pulmonares Fígado - Pertubações Circulatórias 4 Infartos pulmonares: áreas infartadas no pulmão não conseguem fluidificar, uma vez que o tecido está necrótico, congestionando assim a circulação pulmonar Pneumonias extensas: o sangue não consegue fluir pelo parênquima Pneumotórax: aumento de pressão no tórax, faz com que o sangue não flua pelo pulmão Aqui podemos dizer que já temos uma relativa disfunção hepática e alterações das enzimas hepáticas ➯ Macroscopia: Aumento do volume (hepatomegalia) Mais tenso (aumento da pressão dentro dos vasos) Coloração vermelho cianótico (pois há uma maior concentração do elemento figurado do sangue) ➯ Microscopia: Congestão nos sinusóides, principalmente na região pericentrolobular - zona 3 (término do processo dentro do fígado) Na congestão aguda haverá mais sangue ao contrário, na região pericentrolobular e irá em direção ao espaço porta Já que o sangue está congestionado na zona 3, e o sangue é venoso, esta área será a que mais vai sentir os efeitos da baixa oxigenação do sangue podendo haver atrofia ou necrose dessa área Congestão passiva crônica do fígado ➯ Causas: Cor pulmonale crônico ICD → uma vez que há ICD, ocorrerá lentamente um congestionamento de forma retrógrada e o fígado irá sentir esse efeito, e como a ICD tende a cronicidade a congestividade também tenderá Pericardite constritiva Pneumopatias crônicas (DPOC) ➯ Macroscopia: Fígado aumentado de volume (porém não tanto quanto na aguda) Aspecto de noz moscada As áreas mais escuras são a congestão crônica, onde há hemácias e mais hemossiderina ➯ Microscopia: À direita representando uma obstrução na artéria pulmonar, havendo uma congestão de forma retrógrada à esquerda uma grande congestão da região pericentrolobular e na imagem a esquerda os hepatócitos ocmo estruturas mais arrocheadas, o espaço mais claro como sinusóides com HEMOSSIDERINA a (vermelho alaranjado), evidenciando a congestão Fígado - Pertubações Circulatórias 5 Como já dito a congestão crônica não é um processo tão intenso quanto agudo, sendo estabelecido de modo devagar; Sinusoides repletos de hemácias, mostrando que a congestão ocorre na zona 3 (pericentrolobular) Porém se a gente for se afastando indo em direção a zona 2 (em azul), não se encontra essa quantidade de hemácia Logo, os efeitos da congestão (concentração de O2 diminuída, atrofia e possibilidade de ocorrer a necrose) irão ocorrer nos hepatócitos da zona 3 ➯ Clínica: Diante dessa cronicidade, a morte dos hepatócitos não repercutem em sinais clínicos importantes, já que o fígado tem uma alta capacidade regenerativa Mas nesse estágio podemos observar já algum grau de alteração das enzimas hepáticas “Cirrose/fibrose cardíaca” Se o processo crônico congestivo do fígado se prolongar, as áreas onde os hepatócitos entraram em necrose começam a parar de ter a ação regenerativa � No passado se chamava de cirrose cardíaca, porém esse termo entrou em desuso, passando a se chamar de fibrose cardíaca Nessa situação no lugar dos hepatócitos, as células pericentrolobulares (CÉLULAS DE ITU), vão produzindo colágeno, ocupando os espaços dos hepatócitos mortos → processo cicatricial Fibrose cardíaca: o processo clássico da congestão passiva crônica é a insuficiência cardíaca e quando por tempo prolongado faz com que o fígado tenha áreas de fibrose, perdendo pouco a pouco sua função Isso ocorre, pelo processo de esgotamento da capacidade regenerativa das células, principalmente das zonas pericentrolobulares, pois são oshepatócitos mais atingidos Pode acontecer de se formar PONTES CONGESTIVAS, ou seja, fusão das congestões das regiões pericentrolobulares, ligando as veias pericentrolobulares e invertendo a arquitetura normal do lóbulo hepático, havendo uma fibrose dessa região ➯ Microscopia: o lóbulo com essa formação começa a se modificar e então ao invés de ficar hexagonal ele tende a uma formatação mais triangular ou circular na microscopia ➯ Macroscopia: Diminuição do volume hepático (visto que há uma perca de célula) O fígado fica mais granuloso e firme MAS AINDA NÃO É CIRROSE!!! Necrose centrolobular, pode-se ver mais hemossiderina (resíduo férrico) e a degeneração, necrose e atrofia dos hepatócitos Fígado - Pertubações Circulatórias 6 Infartos Hepáticos São incomuns O infarto (morte das células hepáticas por alguma causa vascular), é incomum no fígado pois o fígado assim como o pulmão é um órgão de DUPLA OXIGENAÇÃO (art. hepática + veia porta), sendo mais dificultoso o efeito isquêmico Uma manifestação isquêmica realmente vai levar ao infarto quando ocorre a partir do pedículo arterial (artéria hepática), já que esse fornece 70% da oxigenação do fígado Isso se deve pois pode ocorrer a oclusão de algum ramo da artéria hepática, seja esquerdo ou direito, → diminuição do sangue da região → morte isquêmica → infarto hepático ➯ Causas: Poliarterite nodosa: é a causa mais prevalente (50%) e é uma manifestação de causa autoimune na qual alguns indivíduos manifestam uma vasculite arterial (várias artérias sofrendo um processo inflamatório) e isso faz com que a luz da artéria fique mais restrita e assim o sangue não passa Êmbolos Trombose séptica (causa infecciosa no nível do fígado) Neoplasia comprimindo um vaso arterial ➯ Macroscopia: Áreas pálidas, periféricas, tendem a uma morfologia cuneiforme (pois a vascularização hepática é termino-terminal, dicotômica, ou seja, um vaso se divide em 2, que vira 4, que vira 8 e dessa forma vão se distribuindo) Orla hemorrágica, pois como houve morte dos tecidos da área do infarto, alguma ruptura vascular ocorre na periferia ➯ Infartos de Zahn: NÃO É UM INFARTO PROPRIAMENTE DITO! É uma oclusão no sistema venoso, de um RAMO DA VEIA PORTA A causa mais é um trombo séptico, ou seja, um trombo de origem infecciosa, que impactou e ocluiu a luz da veia e então o sangue da veia porta não vai para a área do fígado Macroscopia: Áreas cuneiformes, vermelho azuladas/violáceo (tem sangue na região), Hipotrofia dos hepatócitos supridos pela área cuneiforme, na periferia Não há necrose, e há congestão. Síndrome de Budd-Chiari Origem: uma TROMBOSE, porém é das veias hepáticas, ou dos grandes vasos intrahepáticos, ocorrendo a trombose e uma congestão no fígado ➯ Causas: Policitemia (excesso de elementos figurados do sangue) Carcinomas hepáticos – adenocarcinomas (onde o tumor infiltra as veias ocluindo-as) Gravidez; Uso de ACO; Infecções; Fígado - Pertubações Circulatórias 7 ➯ Clínica: Se o sangue não passa pelas veias hepáticas ele congestiona e causa uma importante hepatoesplenomegalia (não há drenagem do baço para a veia porta pela veia esplênica) Então o sangue que vem anterogradamente também irá se concentrar no baço assim aumentando de volume Dor → aumento do volume causa distensão da cápsula hepática; Ascite progressivo e volumosa e distensão abdominal → Transudação de plasma → com o tempo como a veia porta ficará congestionada, começa a ocorrer uma transudação de plasma, para dentro da cavidade peritoneal, assim começando a haver um quadro de ascite ➯ Microscopia: Congestão sinusoidal (cheios de sangue) Necrose hemorrágica pericentrolobular (os hepatócitos irão morrer cheios de sangue pouco oxigenado) ➯ Macroscopia: Obstrução de veia porta Aumento do fígado → congestão esplênica (HEPATOESPLENOMEGALIA) Intestino: toda essa congestão irá refletir nas veias mesentéricas, dificultando a absorção de nutrientes e podendo levar a um edema da parede intestinal → ASCITE Os vasos mesentéricos ficam congestionados pois o ligamento redondo do fígado nada mais é do que a fibrose dos vasos umbilicais do feto, porém ele também se liga ao sistema venoso porta Havendo pressão nesse sistema → os vasos voltam a se recapilarizar → chegando ao nível do umbigo, o sangue congestionado → hepato-fuga (principalmente através das veias torácica laterais) → drenagem para região periumbilical, para região da veia femoral (epigástricas superficiais) Assim a cabeça de medusa nada mais é que um reflexo da congestão hepática � Em suma essa síndrome é uma urgência médica cirúrgica, podendo ser resolvida através de um cateter pela veia cava superior, passando no átrio direito para cava inferior, e através da cava inferior vai no trombo, penetra nele e o suga, desfazendo a congestão Há outras técnicas como recanalização da via, para que alivia a pressão desse sistema
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