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AULA 5 CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Profª Ana Carolina Bustamante 2 TEMA 1 – COACHING Figura 1 – Coaching Créditos: BUFfaloboy/Shutterstock As organizações estão sempre em busca de se manterem vivas nesse contexto altamente competitivo em que estão inseridas. E, para isso, elas precisam de seus colaboradores. As empresas conseguem cumprir suas metas e seus desafios por meio deles. E, para isso, elas podem contar com ferramentas eficazes para aumentar e potencializar as competências desses colaboradores e encaminhá-los ao “caminho de ouro”, aos resultados alcançados, aos objetivos concretizados. E o coaching é uma dessas ferramentas. Fala-se muito em coaching, mas existem muitas confusões em relação ao seu conceito. Em 1500, na Inglaterra o termo coaching referia-se a um tipo de carruagem onde quem definia o caminho a seguir era o passageiro e não o coach. O termo é confundindo com “treinamento”, mas ele é mais que um treinamento. O treinamento não leva em consideração, por exemplo, as diferenças individuais das pessoas, suas habilidades, motivações e compromissos. É confundido, também, com orientação profissional que aborda no desempenho aceitável com padrões estabelecidos, enquanto no coaching existe o compromisso de apoio e ajuda na realização de metas desafiadoras, no desenvolvimento. Muitas vezes, é confundido também com gestão de carreiras, com liderança e mentoring (outra ferramenta, que analisaremos a seguir). Mas, afinal, o que é coaching? Coaching é um tipo de relacionamento no qual o coach se compromete a apoiar e a ajudar o cliente ou aprendiz para que este possa atingir determinado resultado ou seguir adiante em determinado e melhor caminho. Todavia, coaching não significa apenas um compromisso com relação aos resultados, mas com a pessoa em si, com seu 3 desenvolvimento profissional e sua realização pessoal. Na verdade, coaching é um relacionamento que produz novas competências e novos resultados. E isso vale tanto para o seu cliente, o aprendiz, quanto para o próprio coach. É que o retorno que o cliente proporciona ao coach pode produzir novos conhecimentos e novas experiências para ambas as partes. Nessa interação, todos os envolvidos saem ganhando. (Chiavenato, 2021, p.31) A abordagem é complementada por Persia et al., (2011), que cita que Coaching é um processo de desenvolvimento pessoal, estruturado com foco no presente, no futuro e na satisfação pessoal. O coaching ajuda uma pessoa a compreender as razões de seus desacertos e limitações e ensina como superá- los, eliminando as barreiras necessárias para alcançar suas metas. O coach é um profissional habilitado em metodologia de coaching e conhecimento humano para ajudar o cliente, também chamado de player ou de coachee, a obter os melhores resultados. O coach acolhe, estimula, orienta, incentiva, desafia e inspira o cliente a definir e alcançar metas para se sentir mais realizado. Durante o processo, o coachee é estimulado a definir suas metas e objetivos, o que deseja e como proceder para alcançar seu objetivo, aprendendo a superar limitações e interferências interna e externas, a desenvolver e aprimorar competências, a fim de atender as expectativas pessoais ou exigências profissionais. O coach tem as perguntas e o coachee, as respostas. Vamos entender essas definições – coaching, coach e coachee. Coaching é o processo, coach é quem conduz o processo e o coachee é a pessoa que passará pelo processo. O coaching tem crescido nos últimos anos e é considerado uma ferramenta de gestão nos processos de aprendizado, liderança e desenvolvimento humano e organizacional. Fabossi (2009) ressalta que o coaching melhora o trabalho em equipe; alinha metas do profissional e da organização, de modo a elevar a produtividade e a qualidade de vida de quem a ele se submete, com ênfase aos processos de aprendizagem e desenvolvimento de competências 1.1 Fases do processo de coaching Até o momento, explicamos que Coaching é uma grande ferramenta para o desenvolvimento das competências, das habilidades das pessoas. Souza (2007) nos apresenta as quatro fases do processo. 4 • Estabelecer uma relação de confiança: a confiança entre coach e coachee. Para se estabelecê-la, muitas vezes o líder do coachee deve ter a capacidade de ouvir com a audição ativa e saber fornecer feedbacks. • Entendendo a situação: é necessário compreender os momentos de fazer coaching, devendo esse processo ser utilizado no dia a dia, sem necessidade de marcar horário especial para uma reunião. É preciso pensar: “este é o momento de fazer coaching, pois fui procurado por uma pessoa que me solicitou intervenção sobre determinada situação”. • Metas: primeiramente ter uma noção e um entendimento da visão, da missão, dos valores e das competências pessoais. Mediante esse entendimento, deve-se indagar: “aonde que se quer chegar na empresa? Quais suas aspirações?”. • Planejamento: ações e contingências. Primeiro se faz um diagnóstico, como: quais comportamentos necessários estão bem desenvolvidos? Quais não estão? Diante disso, traça-se o plano de ação. Não se pode perder de vista as contingências, questionando-se sempre: “e se isso não acontecer? E se ele não for? E se...?” Para isso, torna-se necessário saber lidar e superar as adversidades com intuito de prosperar. Para Weiss (2012), o coaching deixará consequências pessoais e não apenas profissionais, pois envolve motivação, a diminuição do estresse e a descoberta dos talentos das pessoas. 1.2 Aplicação Quando pensamos em coaching, pensamos em metas e objetivos, tanto na vida profissional quando na vida pessoal. O coaching envolve um fluxo contínuo de instruções, interações, comentários e sugestões entre o coach e o coachee, baseando-se na orientação visando à aprendizagem contínua e alavancada. Além disso, inclui reuniões espontâneas entre coaches para discutir aspectos como: Orientação quanto a objetivos de carreira. Melhoria do desempenho. Aumento da produtividade. Desenvolvimento de competências e habilidades. Aprendizado e obtenção de conhecimento. Aplicabilidade do conhecimento. Busca da excelência e aumento da eficiência e eficácia. Orientação pessoal e profissional. Retroação (feedback) a respeito do desempenho, da imagem e da pessoa. Diagnóstico e resolução de problemas. Ajuda na definição e no alcance de objetivos. Criatividade e inovação no trabalho. Redução de incertezas e dúvidas. Definição de valores, fatores críticos de sucesso, missão e visão de 5 futuro. Espírito crítico e comportamento ético. Visão e ação estratégica. Mudança comportamental e organizacional. Gestão de conflitos. Melhoria do relacionamento e da imagem pessoal. Trabalho em equipe e empowerment. Tomada de decisão etc. (Chiavenato, 2021, p.24) O coaching apresenta uma opção estratégica para o desenvolvimento de pessoas, auxiliando no aprimoramento de uma visão tanto do estado atual do indivíduo como também de uma visão estruturada de futuro. O relacionamento entre coach e coachee é muito importante para tomar as melhores decisões para obter um caminho seguro no alcance de metas, obejtivos e sonhos almejados. TEMA 2 – MENTORING Figura 2 – Mentoring Créditos: Fizkes /Shutterstock O termo mentoring, ou mentoria, vem da mitologia grega. Mentor era considerado o amigo e guia de Odisseu, rei de Ítaca, e também de seu filho, Telêmaco. Mentor ajudava Odisseu a enfrentar os desafios e perigos vivenciados nos 20 anos em que ele esteve longe de casa. Na literatura administrativa, o tema surge na década de 1970 como uma ferramenta, um modo para desenvolver pessoas, levando-as a alcançar alta performance. Os processos de mentoring, geralmente, têm seu universo de aplicabilidade restrito a profissionais já inseridos no mundo do trabalho. Nesses processos, as6 funções do mentor tanto podem ser desempenhadas por um consultor externo quanto por um profissional experiente, pertencente aos quadros da empresa. O foco do trabalho do mentoring é a preparação do profissional mais jovem para avanços na sua carreira, embora o seu desenvolvimento pessoal também permeie todo o processo. É baseado no diálogo e na troca de experiências, e sua efetividade pressupõe o estabelecimento de laços e relações de confiança entre os participantes. De acordo com Oliveira (2018), o mentoring é uma abordagem de orientação profissional e pessoal com elevada amplitude, em que o mentor que é um profissional com larga experiência e expressivo conhecimento teórico e prático, auxilia uma pessoa com menos experiência e conhecimento, que é chamado de mentorado em aspectos gerais e específicos para desenvolver pessoalmente e profissionalmente, envolver um alto nível de confiança entre mentorado e mentor, o que vai de encontro com o pensamento de Chiavenato (2021, p.118): Mentoring pode ser definido como a participação de uma pessoa veterana e experiente (o mentor) para orientar e preparar outra pessoa (o orientado ou protegido) com menos conhecimento ou familiaridade em determinada área. Em geral, o mentoring é parte integrante do processo de encarreiramento ou do planejamento de carreira. Sob a batuta de um bom mentor, a aprendizagem passa a focalizar objetivos, abrir oportunidades, definir expectativas, alavancar padrões e assistir outra pessoa na plena realização de suas potencialidades. Mais ainda, o mentoring é uma relação entre duas ou mais pessoas que é orientada para o desenvolvimento e na qual uma delas proporciona orientação, modelagem de papel, compartilhamento de contatos e redes de relacionamento e apoio geral à outra. A relação mentor-orientando ou protegido é basicamente uma relação entre padrinho e afilhado, entre protetor e protegido, entre professor e aluno, entre mestre e pupilo, entre benfeitor e premiado, entre orientador e orientando. O mentoring é baseado no diálogo e na troca de experiências, e sua efetividade pressupõe o estabelecimento de laços e relações de confiança entre os participantes. O mentoring vai além do ensinamento de atribuições em situações específicas de trabalho, extrapolando o aspecto profissional da aprendizagem e envolvendo aspectos pessoais ligados a valores, objetivos de vida e de carreira. Além disso, pode ser aproveitado por qualquer pessoa em qualquer nível organizacional, pressupondo apenas disposição para assimilar e trocar conhecimentos e experiências. Para Vergara (2011, p. 109), a mentoria é “a ação de influenciar, aconselhar, ouvir, guiar”, a qual é exercida por alguém de reconhecida vivência em sua carreira. O mentoring é uma ferramenta de gestão que pode auxiliar no 7 desenvolvimento pessoal e profissional no dia a dia de trabalho dos colaboradores de uma organização. O mentoring vai além do ensinamento de atribuições em situações específicas de trabalho, extrapolando o aspecto profissional da aprendizagem e envolvendo aspectos pessoais ligados a valores, objetivos de vida e de carreira. As funções do mentoring podem ser divididas em duas categorias: Quadro 1 – Funções do mentoring Funções da carreira São aqueles aspectos do relacionamento que visam incrementar o avanço da carreira em termos de experiências profissionais e conhecimentos relevantes que o mentor pode oferecer ao mentorado. Elas são as funções técnicas. Funções psicossociais São aqueles aspectos que melhoram o senso de competência do protegido, identidade e eficácia no seu papel profissional em termos de comportamento, atuação pessoal, estilo de liderança, visão do futuro e tomada de decisão. Elas são as funções comportamentais. Fonte: Elaborado com base em Chiavenato (2021, p.121) Segundo Oliveira (2019), a estruturação de programas de mentoring envolve algumas questões que são importantes e precisam ser trabalhadas para evitar problemas como critérios de seleção dos mentores e mentorados, abordagens da atuação dos mentores e mentorados, critérios para estabelecimento da necessidade dos serviços de mentoring, formalização dos acordos de trabalho, reponsabilidade da coordenação dos trabalhos e definição dos critérios e parâmetros de avaliação e acompanhamento do processo de mentoring. Mas quais são os benefícios dessa ferramenta? Quadro 2 – Benefícios do mentoring 8 MENTORES MENTORADOS •adequado entendimento das necessidades – conhecimentos, habilidades e atitudes – dos profissionais da sua área de atuação ou de toda a empresa •interessante posicionamento na empresa, pela sua disposição de ajudar os outros •elevado e estruturado nível de compartilhamento de informações e de conhecimentos, entre os diversos profissionais da empresa •acelerada evolução profissional, administrativa, técnica e decisória na empresa onde trabalha, pois o seu nível de conhecimentos dos assuntos e das atividades da empresa cresce de forma exponencial •efetiva possibilidade de melhoria de suas carreiras •entendimento da sua real contribuição para os resultados de sua área de atuação e da empresa •melhoria no nível motivacional e de participação nas atividades da empresa •incremento nos seus níveis de conhecimentos, habilidades e atitudes, podendo se tornar referência em sua área de atuação e/ou na empresa Fonte: Elaborado com base em Oliveira (2018, p. 19) Para Dutra (2002, p. 41), o “mentoring estimula a visão de longo prazo, sendo o projeto de carreira um meio que viabiliza o projeto de vida do orientado”. A eficácia profissional contribui para a realização dos objetivos pessoais do profissional e para os objetivos organizacionais. Ao manter profissionais mais produtivos, com objetivos de carreira definidos, a organização fortalece seu vínculo com o colaborador. A aprendizagem proporcionada também fortalece os relacionamentos construídos/baseados no mentoring, que costumam ser profundos e eficazes. A mentoria é um modelo amplamente difundido para que se possa transferir conhecimento de uma pessoa para outra através de uma relação próxima e de vivência do mentorado sob a orientação do mentor, que tem como objetivo o desenvolvimento da pessoa através da carreira e comportamento por meio de experiências, aprendizagens e modelagem das funções. O mentor atua como um alicerce do profissional, ele se torna um espelho, um mestre, um guru, que possui uma carreira que o mentorado almeja seguir. 9 TEMA 3 – TUTORING Figura 3 – Tutoring Créditos: OnePhoto/Shutterstock. Assim como o mentoring, o tutoring é uma ferramenta de desenvolvimento profissional considerada uma prática realizada no ambiente de trabalho. A origem da palavra “tutor” é latina e significa defensor, protetor, guardião. É um termo originalmente encontrado no Direito romano, atribuído àquele que se encarregava de cuidar de um vulnerável (como um órfão). Esse tutor é considerado um guia, um facilitador, que propicia o processo de aprendizagem centrado nas necessidades do profissional. O foco da tutoria é transmitir ao orientado conhecimentos e habilidades técnicas. O tutoring é o método no qual um tutor acompanha um processo de aprendizado previamente definido para um profissional. Muitas organizações definem o tutor como um padrinho ou uma madrinha, que garantirá que seu tutelado cumprirá seu trabalho sempre com apoio de informações e conhecimentos relevantes. Assim, é comum oferecer a um novo colaborador admitido pela organização um tutor para orientá-lo sobre as práticas organizacionais relacionadas ao conteúdo do seu trabalho. Ao ensinar por meio 10 da prática do tutoring, o tutor busca sempre articular o desenvolvimento de seus tutelados à aprendizagem organizacional. É importante ressaltar que a prática do tutoring podeser exercida por um tutor oficial ou não, podendo também ser exercida por pares (colegas de trabalho que ocupam o mesmo cargo que o tutelado). A tutoria é muito comum e muito útil quando profissionais assumem novas atribuições e responsabilidades, implicando a aquisição de habilidades para enfrentar os novos desafios. TEMA 4 – COUSELING Figura 4 – Counseling Créditos: Fizkes/Shutterstock Essa é outra ferramenta de gestão muito utilizada pelas organizações para preparação, capacitação e desenvolvimento de seus profissionais em questões pontuais. Ela é baseada na comunicação, na escuta ativa e no direcionamento para a solução. O couseling é difundido e muito utilizado na área clínica e foi popularizado pelo psicólogo Carl Rogers. Essa ferramenta envolve um aconselhamento, tendo em vista aspectos emocionais e psicológicos apresentados pelo cliente. Trata-se de uma técnica utilizada na chamada terapia centrada na pessoa, baseada em empatia, consideração positiva e congruência. 11 O termo counseling tem origem inglesa e significa “aconselhamento”. Quem aconselha é denominado counselor, e quem recebe o aconselhamento chamamos de counselee. O termo sugere um processo de interação entre duas pessoas, no qual uma destas busca sugestões, respostas e conselhos, e a outra se dispõe a fornecê-los. O counselor aponta caminhos, discute possibilidades e sugere alternativas. Este apoio oferecido em momentos de dúvidas e dificuldades é muito utilizado em situações pontuais e em momentos de crise. Oliveira (2018, p.21), considera que nessa ferramenta: Quadro 3 – Caracterização do Counseling O foco pode ser o plano de carreira, ou questões emocionais do indivíduo analisado. Preferencialmente, os trabalhos devem ser desenvolvidos por um psicoterapeuta, ou seja, existe necessidade de elevada especialização, pois, normalmente, procura-se atuar nos comportamentos disfuncionais das pessoas. Algumas vezes, a vontade de um indivíduo receber orientações de counseling é “meio fraca”, pois representa uma simples vontade própria, e não uma decisão empresarial; isto é, a abordagem do counseling é mais individual, o que a diferencia das abordagens do coaching e do mentoring, as quais são mais empresariais. Como resultado da questão acima, as empresas devem tomar mais cuidado quanto às informações empresariais que são utilizadas e trabalhadas nos processos de counseling O local ideal dos trabalhos de counseling são os consultórios de terapeutas especialistas, ou seja, o contexto da aplicação é a terapia ocupacional O foco do counseling é o apresentado pelo indivíduo analisado, mas ele é o principal responsável por resolver os seus problemas. O prazo de realização, geralmente, é a médio ou longo prazo. (continua)) 12 (quadro 3 – conclusão) A abordagem básica é, normalmente, o entendimento das expectativas e necessidades das pessoas entrevistadas, procurando apresentar um novo “ponto de vista”. O nível de absorção dos conhecimentos pelo indivíduo analisado é de médio a elevado, mas com a vantagem de os debates serem relativamente livres e num processo crescente, em que o treinador e o treinado trabalham – e aprendem – juntos. Fonte: Elaborado com base em Oliveira (2018, p.21) Stéfano (2005) aponta dois tipos de counseling: o de carreira, cujo foco é o planejamento da carreira, e o counseling emocional, que deve ser conduzido por um psicoterapeuta. Utiliza-se de diagnóstico, aconselhamento, acompanhamento e avaliação, é um processo de interação entre o counselor e o counselee cujo objetivo é auxiliar este na tomada de determinada decisão, provocando sua reflexão até que a encontre em si mesmo. O que é complementado por Ferreira (2008) que cita que a diferença entre coaching e counseling é que esse último deve ser exercido por um psicólogo qualificado para atividades terapêuticas. Para Lima Junior e Chitolina (2019), Counseling é um conjunto de habilidades, atitudes e técnicas para ajudar as pessoas a ajudar-se. A tarefa do counselor ou ajudador, é ajudar o counselee ou ajudado na formulação consciente de suas diversas emoções e sentimentos, sejam quais forem, positivos ou negativos, coerentes ou contraditórios, voltadas para os outros, para si mesmo ou até mesmo para o próprio counselor. Patterson e Eisenberg (1988) estabelecem três etapas no processo de counseling. 1. Estabelecimento de uma relação empática entre os envolvidos. 2. Elucidação do momento vivido. 3. Entendimento do problema que mobilizou a busca pelo aconselhamento. Em processos estruturados de counseling, a reflexão gera um plano de ação. É importante ressaltar que essas etapas podem ocorrer simultaneamente. Essa ferramenta de gestão é considerada um processo que envolve ajustes rápidos, atendimentos pontuais e objetivos e/ou o direcionamento para a solução de um problema ou uma situação específica relacionada à carreira do profissional. 13 No couseling, a organização pode trabalhar em diversas frentes, como condições organizacionais adversas, transições de carreira, planos de carreira, desenvolvimento de novas habilidades, entre outros TEMA 5 – NEUROCOACHING Figura 5 – Neurocoaching Créditos: Metamorworks/Shutterstock Neurocoaching é a junção do coaching já conhecido acrescido das técnicas aplicadas ao cérebro pela neurociência e à mente pela neuropsicologia. Batti e Sartor (2007), enfatizam que com a evolução dos estudos a respeito da neurociência veio à tona algumas revelações a respeito do funcionamento do cérebro e os processos que definem os diferentes comportamentos humanos, abrindo assim novos caminhos para o coaching, que quando em conjunto com a neurociência passa a ser chamado de neurocoaching. O fato de incorporar uma ciência ao coaching trouxe mais credibilidade, aumentando assim a aceitação das pessoas com relação à eficácia do processo. É um processo de coaching que usa os princípios básicos da neurociência e pode melhorar os estímulos ao sistema nervoso central, principalmente ao cérebro, a fim de aproveitar ao máximo o potencial de inteligência do coachee, entre outros grandes benefícios. Seus objetivos são: • adquirir autoconfiança e responsabilidade sobre si e os outros; 14 • ser mais produtivo; • ter metas e valores definidos e alcançados; • descobrir a verdade pessoal, intelectual e espiritual sobre si mesmo; • tornar o indivíduo mais criativo, seguro e inteligente; • trabalhar efetivamente em equipe; e • ser uma ótima relação custo versus benefício para a empresa. De acordo com Ribeiro (2013), citado por Batti e Sartor (2017), para se entender mais sobre o que influencia o comportamento humano, diversos neurocientistas estão aprofundando seus estudos para entender como o cérebro funciona, pois acreditam que com isso é possível compreender como como nossas vivências são capazes de alterar o cérebro e como isso impacta no desenvolvimento. Por meio da neurociência, é possível compreender os pensamentos, as emoções, o aprendizado e demais fenômenos que compõem o ser humano. Tieppo (2015) complementa nos informando que as empresas estão utilizando a neurociência na área de Gestão de Pessoal pelo fato de quando se aplica a neurociência a aderência e a produtividade do colaborador aumentam, pois ela oferece mais ferramentas para potencializar o desempenho nas atividades do trabalho. a lógica de trabalho do nosso sistema nervoso pode influenciar muitas de nossas atitudes e entendê-la pode ser útil para o desenvolvimento pessoal e profissional. A importância do treino, os mecanismos que levam ao stress e até a necessidade de ter boas noites de sono são algumas das pontes possíveis que a neurociência pode fazer com sua carreira. (Abrantes, 2013) Segundo Matta (2016) “com o neurocoaching, o indivíduo é estimulado a ter insights, ou seja,a pensar diferente e a elaborar soluções inovadoras e eficazes. Nesse momento ocorre uma descarga de dopamina, que gera a sensação de prazer e estimula a vontade de mudar de atitude. A partir dessa reação, são estabelecidas novas crenças, decisões e emoções.” Vale ressaltar que a diferença entre o neurocoaching e um processo de coaching convencional é que as perguntas aplicadas são feitas de acordo com os princípios da neurociência, buscando estimular e aumentar no coachee suas capacidades cognitivas, criativas, emocionais e racionais. O neurocoaching é baseado em duas vertentes da neurociência. 15 • Cognitiva – estuda os fenômenos do aprendizado, raciocínio e da memorização. • Comportamental – busca compreender como as emoções, os pensamentos e as influências a que os indivíduos estão expostos moldam suas atitudes e seu relacionamento com as outras pessoas e consigo mesmo. O neurocoaching promove mudança cognitiva, comportamental e emocional, baseando-se em evidências científicas acerca do funcionamento do cérebro. Entender como funcionam os processos que nos levam a pensar, agir e nos comportar de determinada forma e não de outra é algo que nos ajuda a ter melhores resultados, tanto em nossa vida pessoal quanto na profissional. Saiba mais Leitura complementar: • Como a neurociência está transformando as empresas. Disponível em: <https://exame.com/revista-exame/como-a-neurociencia-esta-transformando-as- empresas/>. Acesso em: 13 abr. 2022. • Estudo da neurociência no âmbito da Gestão de Pessoas. Disponível em: <http://aprepro.org.br/conbrepro/2019/anais/arquivos/10122019_151044_5da218 c897c50.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2022. • Orientação Profissional, mentoring, coaching e counseling: algumas singularidades e similaridades em práticas. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679- 33902010000200014>. Acesso em: 13 abr. 2022. • Diferenças entre coaching, mentoring, counseling e holomentoring-e-holo. Disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/diferenas-entre-coaching- mentoring-counseling-e-holomentoring-e-holo/>. Acesso em: 13 abr. 2022. • O que é neurocoaching? Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-psicologia/o-que-e- neurocoaching/>. Acesso em: 13 abr. 2022. 16 REFERÊNCIAS ACADEMIA BRASILEIRA DE COACHING (ABRACOACHING) . Coach de Carreira. Disponível em: <https://abracoaching.com.br/coach-de-carreira/> Acesso em 16.03.2022. ARAÚJO, L. C. G.; GARCIA, A. A. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. São Paulo: Atlas, 2009. BATISTA, K. S. COACH: Um estudo das competências requeridas para o exercício da profissão. 2013. 113 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) – Fundação Pedro Leopoldo. Pedro Leopoldo, 2013. BATTI, L. Z. B., SARTOR, R. R. As Contribuições da Neurociência no Processo de Coaching. XVII Mostra de iniciação científica. Programa de pós graduação em Administração – UCS. 27 e 28 Outubro. 2017. 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