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IPEMIG - Metodologia Cientifica - Modulo 1

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IPEMIG Pós-graduação – Metodologia Científica – Módulo 1 .................................................... Página 2 de 20 
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Para Minayo et al (2002:16) entende-se que: 
“metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da 
realidade.” 
 Trata-se de uma disciplina acadêmica com o objetivo de nortear as técnicas 
e métodos científicos para abordar o objeto de pesquisa através da pesquisa. 
Para isso, torna-se necessário criar variadas fases para o processo de 
investigação. Entretanto, as fases que refiro são simplesmente as técnicas e métodos 
que favorecem no processo de investigação. 
Ao problematizar o objeto a ser estudado, faz-se necessário a coleta de dados e 
informações pertinentes ao assunto, isto é, a formação do marco teórico de 
referência, o levantamento de hipóteses, análise de dados e, finalmente, 
comprovação das hipóteses. 
O principal objetivo do nosso trabalho a produção da ciência em seus dois 
níveis: o da produção do conhecimento científico – nível da interioridade, da 
subjetividade do produtor do conhecimento – e o da produção da ciência 
propriamente dita – nível de exterioridade, da objetividade, ou seja, ciência com 
instituição e prática social do saber. 
 
 
Etimologicamente a palavra ciência vem do latim “scientia”, que quer dizer 
por definição ampla, conhecimento ou reconhecimento. Podemos inferir também 
que ela origina do verbo scire = saber. Num sentido mais restrito a palavra ciência 
nos leva a um modo de adquirir conhecimento baseado no método científico, ou seja, 
é o esforço que o ser humano faz para descobrir e aumentar o seu conhecimento de 
como funciona a realidade. 
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Segundo Bello (2004) a evolução humana corresponde ao desenvolvimento 
de sua inteligência. Sendo assim são definidos três níveis de desenvolvimento da 
inteligência dos seres humanos desde o surgimento dos primeiros hominídeos: o 
medo, o misticismo e a ciência. 
a) O medo: os seres humanos pré-históricos não conseguiam entender os 
fenômenos da natureza. Por este motivo, suas reações eram sempre de 
medo: tinham medo das tempestades e do desconhecido. Como não 
conseguiam compreender o que se passava diante deles, não lhes 
restava alternativa senão o medo e o espanto daquilo que 
presenciavam. 
b) O misticismo: num segundo momento, a inteligência humana evoluiu 
do medo para a tentativa de explicação dos fenômenos através do 
pensamento mágico, das crenças e das superstições. Era, sem dúvida, 
uma evolução já que tentavam explicar o que viam. Assim, as 
tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a boa colheita da 
benevolência dos mitos, as desgraças ou as fortunas do casamento do 
humano com o mágico. 
c) A ciência: como as explicações mágicas não bastavam para 
compreender os fenômenos os seres humanos finalmente evoluíram 
para a busca de respostas através de caminhos que pudessem ser 
comprovados. Desta forma, nasceu a ciência metódica, que procura 
sempre uma aproximação com a lógica. 
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta 
característica permite que nós, os seres humanos, sejamos capazes de refletir sobre 
o significado de nossas próprias experiências. Assim sendo, somos capazes de novas 
descobertas e de transmiti-las aos nossos descendentes. 
O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à 
sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido 
a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a 
ciência. 
Uma boa definição está no Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 
Ferreira (2004) define ciência como: 
“um conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, 
historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que 
permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e linguagens 
próprias, que visam compreender e orientar a natureza e as atividades humanas.” 
Popularmente é entendida como sabedoria ou habilidade intuitiva. 
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Lakatos e Marconi (2004) no clássico livro “Metodologia Científica” levantam 
várias definições para Ciência, mas no entendimento dessas autoras, todas 
incompletas. Abaixo estão algumas delas: 
“Acumulação de conhecimentos sistemáticos”. 
“Atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais e 
suas aplicações práticas”. 
“Conhecimento certo do real pelas suas causas”. 
“Conjunto de enunciados lógica e dedutivamente justificados por outros 
enunciados”. 
Para as autoras acima, a melhor definição é de Ander-Egg (1978) apresentada 
na obra Introducción a las técnicas de investigación social: 
“A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos 
metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de 
uma mesma natureza”. 
Fazendo uma decomposição ou análise da definição de Ander-Egg 
encontramos que: 
a) conhecimento racional – é aquele que exige um método e está 
constituído por uma série de elementos básicos, tais como sistema 
conceitual, hipóteses, definições. 
b) certo ou provável – já que não se pode atribuir à ciência a certeza 
indiscutível de todo o saber que a compõe. Ao lado dos conhecimentos 
certos, é grande a quantidade dos prováveis. Antes de tudo, toda lei 
indutiva, é meramente provável, por mais elevada que seja sua 
probabilidade. 
c) obtidos metodicamente – pois não se adquire ao acaso ou na vida 
cotidiana, mas mediante regras lógicas e procedimentos técnicos. 
d) sistematizadores – isto é, não se trata de conhecimentos dispersos e 
desconexos, mas de um saber ordenado logicamente, constituindo um 
sistema de ideias (teoria). 
e) verificáveis – pelo fato de que as afirmações, que não podem ser 
comprovadas ou que não passam pelo exame da experiência, não 
fazem parte do âmbito da ciência, que necessita, para incorporá-las, de 
afirmações comprovadas pela observação. 
f) relativos a objetos de uma mesma natureza – ou seja, objetos 
pertencentes a determinada realidade, que guardam entre si certos 
caracteres de homogeneidade (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
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Cervo, Bervian e Silva (2007) ressaltam que a ciência, em sua condição atual, 
é o resultado de descobertas ocasionais, nas primeiras etapas, e de pesquisas cada vez 
mais metódicas, nas etapas posteriores. 
“É uma das poucas realidades que podem ser legadas às gerações seguintes. Os 
homens de cada período histórico assimilam os resultados científicos das gerações 
anteriores, desenvolvendo e ampliando aspectos novos”. 
Mas, por que estamos alongando tanto em um conceito? Fácil! A disciplina 
Metodologia Científica que uma grande maioria dos estudantes tem “medo” ao se 
aproximar dela, nos levam ao conhecimento científico e precisamos deixá-los 
tranquilos, uma vez que ela não é o “bicho de sete cabeças” que muitos pensam. 
Desde o ingresso em um curso superior, a metodologia científica deveria ser 
apresentada ao aluno, em toda sua grandiosidade e simplicidade. Ela deveria guiar o 
aluno, uma vez que significa o estudo dos caminhos do saber, mas o que temos 
observado é que ela é apresentada em sua grandiosidade, esquecendo, contudo, sua 
praticidade e simplicidade. 
O conteúdo da disciplina Metodologia Científica pode ser classificado como 
conceitual eprocedimental, uma vez que não basta memorizar as ações ou as 
normas da Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) sem uma construção de 
sentidos, pois é preciso compreender sua lógica de funcionalidade, bem como, 
realizar as etapas - que comporta o saber fazer – para isso as condições de 
aprendizagem são: 
 A reflexão sobre a ação que o sujeito está fazendo; 
 A exercitação constante, pois é preciso fazer uso deste conhecimento 
com frequência; e 
 A descontextualização – saber aplicar em outras situações que se 
apresentam como necessidade (ZABALA, 2001). 
No entendimento de Neves (2005), um dos grandes méritos desta disciplina, 
é a reflexão sobre a inconstância do conhecimento, pois permite a compreensão da 
necessidade do ser humano produzir perguntas e respostas relacionadas às dúvidas 
e questionamentos postos, objetivando a interpretação e a explicação da realidade, 
das coisas e dos fenômenos. 
Neste sentido, o fato de podermos hoje validar um conhecimento e amanhã 
o refutarmos, constitui-se num aspecto fantástico que se traduz na própria 
inconclusão do ser, na ideia do provisório. Isso nos remete ao campo da produção 
das explicações e das verdades. É comum os alunos e alunas terem um conceito de 
verdade absoluto, uma única referência. No processo de leituras e debates a 
desconstrução destas ideias, é algo que se torna inevitável. 
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A metodologia instrumentaliza o futuro profissional auxiliando-o na 
investigação, levando-o a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando 
um pensamento estruturado, plausível e convincente. Ela mostra por onde começar, 
qual o primeiro passo a ser dado, o que é mais urgente. 
No capítulo 6 falaremos detalhadamente do método científico, deixamos por 
hora o seguinte entendimento: embora a utilização de métodos científicos 
não seja da alçada exclusiva da ciência, não há ciência sem o emprego de métodos 
científicos (LAKATOS E MARCONI, 2004). 
 
 
Em todos ou quase todos os livros dedicados aos temas: Metodologia 
Científica, Métodos e Técnicas de Pesquisa, Redação de Monografias, Teses e 
Dissertações, encontraremos um tópico destinado aos diversos tipos ou níveis de 
conhecimento, dependendo dos autores, mas que tem uma finalidade comum: 
objetiva mostrar que existem vários tipos de conhecimentos, mas que aos olhos da 
ciência, possuem grandes e marcantes diferenças. 
Relembrando, quando falamos em conhecimentos, estamos falando em 
saberes que podem ser sistematizados ou não, verificáveis ou não, certo ou provável, 
falível ou infalível, exato ou inexato. 
O conhecimento está diretamente ligado ao homem, à sua realidade. Como o 
conhecimento pretende idealizar o bem-estar do ser humano, logo ele advém das 
relações do homem com o meio. O indivíduo procura entender o meio partindo dos 
pressupostos de interação do homem com os objetivos. É uma forma de explicar os 
fenômenos das relações, seja, entre sujeito/objeto, homem/razão, homem/desejo ou 
homem/realidade. 
A forma de explicar e entender o conhecimento passa por várias vertentes 
como: conhecimento empírico (vulgar ou senso comum), conhecimento filosófico, 
conhecimento teológico e conhecimento científico. 
Para Lakatos e Marconi (2004) no caso do conhecimento empírico, este não 
se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do 
objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os 
instrumentos do conhecer, por isso podemos dizer que a ciência não é o único 
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caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. Mais uma vez veremos a 
importância do método para conferir veracidade a um fato e torná-lo mais real. 
 
2.1 O conhecimento empírico 
Segundo Bello (2004) o conhecimento empírico é obtido ao acaso, após 
inúmeras tentativas, ou seja, é o conhecimento adquirido através de ações não 
planejadas. 
É aquele adquirido pela própria pessoa na sua relação com o meio ambiente ou com 
o meio social, obtido por meio da interação contínua na forma de ensaios e 
tentativas que resultam em erros e em acertos (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Do ponto de vista da utilização de métodos e técnicas científicas, esse tipo de 
conhecimento, mesmo quando consolidado como convicção, como cultura ou como 
tradição, é ametódico e assistemático. A característica de assistemático baseia-se na 
organização particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em 
uma sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os 
fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão de pessoa a pessoa, 
desse modo de conhecer. 
É valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com 
base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade 
de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro lado, o objeto 
conhecido e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito 
impregnam o objeto conhecido. 
É reflexivo, mas estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode 
ser reduzido a uma formulação geral. 
É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito 
ao que se pode perceber no dia a dia. 
É falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu 
dizer a respeito do objeto, ou seja, não permite formular hipóteses sobre a existência 
de fenômenos situados além das percepções objetivas (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
 
2.2 O conhecimento teológico 
O conhecimento teológico ou religioso apoia-se em doutrinas que contém 
proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural 
(inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e 
indiscutíveis (exatas). 
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É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e 
destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está 
sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. 
Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades 
tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade 
(LAKATOS; MARCONI, 2004). 
Para Bello (2004) é o conhecimento revelado pela fé divina ou crença 
religiosa não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação 
moral e das crenças de cada indivíduo. 
Ou seja, é um conhecimento ao qual as pessoas chegaram não com o auxílio 
de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina. Vale-se 
de modo especial do argumento de autoridade. São os conhecimentos adquiridos 
nos livros sagrados e aceitos racionalmente pelas pessoas, depois de terem passado 
pela crítica histórica mais exigente (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
Dentre os exemplos do conhecimento teológico temos: o acreditar em 
reencarnação, acreditar que foi curado de uma doença por milagre, acreditar em 
espíritos. 
 
2.3 O conhecimento filosófico 
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste 
em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: as hipóteses filosóficas 
baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e 
não da experimentação, e por este motivo, o conhecimento filosófico é não 
verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre 
no campo da ciência, não podem ser confirmadasnem refutadas (LAKATOS; 
MARCONI, 2004). 
É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre 
fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais 
do universo, ultrapassando os limites formais da ciência (BELLO, 2004). 
É racional em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente 
correlacionados. 
Outra característica do conhecimento filosófico é ser sistemático, pois suas 
hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, 
numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. 
É também infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de 
abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a 
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realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao 
decisivo teste da observação (experimentação) (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e 
analisar o que se constitui o objeto de pesquisa, atingindo segmentos da realidade, 
ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, 
interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do 
universo. 
Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e 
até busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da 
ciência (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
 
2.4 O conhecimento científico 
O conhecimento científico vai além do empírico, assim como o filosófico, é 
racional, pretendendo ser sistemático e revelar aspectos da realidade. 
É real porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda forma de 
existência que se manifesta de algum modo. É contingente, pois suas proposições ou 
hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por meio de experimentação e 
não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. 
É sistemático porque trata de um saber ordenado logicamente, formando um 
sistema de ideias (teorias) e não conhecimentos dispersos e desconexos. 
Apresenta a característica de verificabilidade: as afirmações ou hipóteses que 
não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. 
É um conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou 
final e por esse motivo, é aproximadamente exato, ou seja, novas proposições e o 
desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente. 
O ciclo do conhecimento científico (inclusive o das ciências empíricas) inclui 
a observação, a produção de teorias para explicar essa observação, o teste dessas 
teorias e seu aperfeiçoamento. Há nas ciências, um movimento circular, que parte 
da observação da realidade para a abstração teórica, retorna à realidade, direciona- 
se novamente à abstração, num fluxo constante entre a experiência e a teoria. 
Como diz Neville (2001) 
“a investigação nunca começa no início. Não existe problema puro, mas sim algo 
problemático surgindo de inúmeras convicções relativamente estabelecidas; a 
investigação encontra-se sempre no meio, corrigindo assunções e inferências 
prévias, harmonizando hábitos de pensamento ao engajar a realidade com as 
hipóteses testadas”. 
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Lakatos e Marconi (2004) inferem que apesar da separação metodológica 
entre os tipos de conhecimentos popular, filosófico, religioso e científico, no 
processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar 
nas diversas áreas: 
• Ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de 
conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum 
ou na experiência cotidiana; 
• Pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, com base na 
investigação experimental, as relações existentes entre determinados 
órgãos e suas funções; 
• Pode-se questioná-los quanto a sua origem e destino; assim como 
quanto a sua liberdade; finalmente; 
• Pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, a sua imagem e 
semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados. 
Por sua vez, essas formas de conhecimento podem coexistir na mesma 
pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente 
praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em 
muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do 
senso comum. 
 
 
Acreditamos que todo conhecimento passa por uma evolução histórica, 
sendo este um caminho interessante que nos situa no tempo, no espaço e nos mostra 
o quanto podemos construir, modificar, aprender, enfim evoluir através dos 
tempos. 
Podemos traçar a história da ciência de várias maneiras: apresentando os 
principais nomes que fizeram o seu progresso, destacando os trabalhos e livros mais 
importantes, estudando o progresso das teorias científicas, apontando as principais 
invenções técnicas, acompanhando o desenvolvimento dos instrumentos utilizados 
nas ciências, listando as descobertas científicas importantes, abordando a história 
dos métodos científicos, centrando o estudo nas mudanças dos paradigmas 
científicos, chamando a atenção para a continuidade ou descontinuidade no 
desenvolvimento das ciências, ressaltando o contexto social, econômico ou outro 
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das descobertas da ciência, enfim, várias são as maneiras de vislumbrarmos os 
progressos da ciência. 
Faremos uma síntese dos acontecimentos ao longo da evolução humana, 
mas lembramos que aconteceu muito mais do que apresentamos aqui. Caso tenham 
necessidade de aprofundar nessa história, uma dica é a leitura do livro “Metodologia 
Científica na Era da Informática” de João Mattar que traz um capítulo dedicado à 
evolução da ciência ao longo dos tempos. 
 
3.1 Na Antiguidade 
Para nós, “sujeitos moderno”, a ciência caminha a passos muito lentos, 
principalmente se pensarmos que cerca de 2 bilhões de anos atrás, o Australopitecus 
fabricou a primeira ferramenta de pedra e que foi necessário mais um bilhão de anos 
para que esta fosse aperfeiçoada, transformada em arma de caça e para que o fogo 
fosse descoberto. 
Somente 10 mil anos atrás o homem abandonou sua condição de nômade e passou a 
fazer uso da pecuária e agricultura que marcam o início da nossa civilização e da 
ciência, isto porque cada estágio do cultivo de plantas e domesticação de animais 
requer invenções, daí surgem as inovações técnicas e acabam dando fundamento a 
princípios científicos (BRONOWSKI, 1992 apud MATTAR, 2008). 
Na Medicina encontramos na Babilônia as primeiras cirurgias, os egípcios 
usando grande variedade de remédios, incluindo o ópio. 
Os indianos antigos realizavam cirurgias no nariz, na China, o uso da 
acupuntura. Somente a partir de Hipócrates (460-370 a.C.), considerado pai da 
medicina, o qual passa a criticar as causas apontadas para as doenças e mortes, 
dentre elas as superstições e os aspectos agrados, é que a medicina começa a ser vista 
sob o prisma científico. Por volta de 180 d.C. Galeno resume e sistematiza o 
pensamento médico da Antiguidade. 
A Botânica, nessa época, também passa a ter um pensamento mais 
sistematizado. 
No final do século VII e início do século VI, o modo de explicar o mundo, que 
passa do mitológico para o racional, é considerado por muitos autores como um dos 
mais bonitos e importantes espetáculos da humanidade. Mitos e religião começam a 
ser abandonados dando lugar à Filosofia (MATTAR, 2008). 
O pensamentoracional surgiu com a escrita, diminuindo a importância da 
memória e audição começando a prevalecer a experiência e razão. Aumenta também 
a importância da observação da realidade sobre a história dos deuses. 
Lógica e geometria alcançam desenvolvimento exemplar na Grécia Antiga. 
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Por volta de 300 a.C. começam a ser organizados respectivamente, o Museu e 
a Biblioteca de Alexandria com toda estrutura para o desenvolvimento da ciência e 
onde Ptolomeu elaborou sua teoria geocêntrica que mais tarde na Idade Média irá 
marcar o Tratado sobre a Óptica. 
Apesar de toda evolução, nada na Antiguidade se parecia com a ciência 
moderna. Todos os temas ainda estavam no campo da Filosofia. Por exemplo, não 
havia muita distinção entre um filósofo natural e um matemático. 
 
3.2 Na Idade Média e Renascimento 
Em termos de história, geralmente a Idade Média nos é apresentada como o 
período das trevas e do atraso, porém, atualmente é debatida por historiadores que 
a idade média não concerne no período das trevas. 
Cabe salientar que, 
“[...] os árabes foram os líderes em ciências tais como a matemática, química, 
astronomia e medicina. Até hoje empregamos os algarismos arábicos [...]. Em alguns 
campos, a cultura árabe era mesmo superior à cristã” (Gaarder, 2004, p. 191). 
E segundo Xavier et al (2017), apontam que: 
(...) Ao contrário, conforme ficou amplamente debatido e demonstrado, as formas 
sistemáticas de escolas e universidades atuais têm suas raízes exatamente na Idade 
Média. Ao contrário de “mil anos de escuridão”, é na Idade Medieval que temos os 
mais sólidos espaços educacionais e argamassas culturais de que somos herdeiros. 
São também provenientes desse período as várias invenções tecnológicas utilizáveis 
tanto no campo como na cidade. Acrescente-se também que são legados da Idade 
Média as várias formas de convívio e funcionamento das instituições atuais, 
especialmente as educacionais. 
Mas precisamos atentar que esse pensamento volta- se para o campo das 
ciências em seu sentido mais restrito, entretanto, as artes e a cultura que antes eram 
desconsideradas apresentam grandes progressos. 
Há introdução do sistema hindu-arábico e aperfeiçoamento do nosso 
sistema decimal. A invasão da Europa pelos árabes é essencial para o 
desenvolvimento da álgebra e matemática aplicada. 
A alquimia, uma atividade misteriosa praticada na Idade Média, a qual tinha 
como objetivo maior transformar quaisquer metais em ouro, também procurava 
explicar seus esforços através da ciência. Astrologia e astronomia assim como 
alquimia, magia, espiritualismo e química tinham fronteiras muito tênues. 
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Por volta do século XIV, desenvolve-se em Oxford e depois em Paris, uma 
linha de pensamento denominada teoria impetus, que desafia as teorias aristotélicas 
sobre o movimento ainda dominante na Europa. As definições e os teoremas 
elaborados por esse grupo de lógicos e matemáticos serão importantes para a 
Cinética, desenvolvida posteriormente por Galileu, representando, assim, o 
primeiro estágio na história da revolução científica (MATTAR, 2008). 
A invenção da imprensa no final do Renascimento foi importante para o 
desenvolvimento da ciência, pois a partir dela, o conhecimento pode ser reproduzido 
com mais facilidade e outros inventos como gravuras colocaram novos 
instrumentos a disposição dos cientistas permitindo copiar e multiplicar desenhos 
e diagramas. 
No entendimento de Mattar (2008) o maior mérito da Idade Média foi 
organizar o conteúdo da Filosofia grega e islâmica, assim como do cristianismo e 
uma das principais conquistas foi a instituição de escolas e universidades como “lar” 
para a organização de tais conteúdos. 
 
3.3 A Revolução Científica 
O desenvolvimento dos instrumentos de viagem como o astrolábio 
(dispositivo de observação astronômica que media grosseiramente a elevação do Sol 
ou de uma estrela permitindo determinar latitude, as horas do nascer e pôr-do-sol) 
funcionando como relógio de bolso e régua de cálculo foi um dos inventos que 
marcou esse novo período, sendo batizado de Revolução Científica. 
A medicina também tomou novos rumos: em 1543, Andreas Vesalius publica “De 
fabrica humani corporis”, que corrige erros médicos dos gregos e revolucionou a 
disciplina, constituindo os fundamentos da anatomia moderna. Em 1615, William 
Harvey, estabelece a mecânica do funcionamento do coração e da circulação do 
sangue (MATTAR, 2008). 
Não há dúvidas que a Revolução Científica é caracterizada pelos avanços 
marcados na Astronomia. Nomes como Copérnico, Kepler, Galileu e Newton 
marcaram época na História das Ciências, como veremos brevemente no quadro 
abaixo: 
Nicolau Copérnico (1473-1543) 
Contesta teoria de Ptolomeu de que a Terra 
era o centro do universo, com os planetas e o 
Sol girando ao seu redor e propõe a teoria 
heliocêntrica, que inclui a ideia do 
movimento da Terra. 
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Johannes Kepler (1571-1628) 
Conjuga as descobertas de Copérnico e Brahe, 
abre caminho para a aceitação definitiva da 
teoria heliocêntrica e suas três leis 
planetárias transformam a descrição geral do 
Sol e dos planetas em uma formulação 
matemática precisa. 
Galileu Galilei (1564-1642) 
Teoriza o método experimental, dividindo-o 
em: observação, análise, indução, 
verificação, generalização e confirmação. 
René Descartes (1596-1650) 
De um lado defende a razão como princípio 
absoluto do conhecimento e de outro, usa a 
matemática e a geometria como modelos de 
raciocínio. 
Francis Bacon (1561-1626) 
Desenvolve o que é considerada a primeira 
teoria moderna do método científico, 
indicando como etapas essenciais para o 
progresso da ciência: a observação e a 
experimentação dos fenômenos, a 
formulação de hipóteses, a repetição dos 
experimentos, o teste das hipóteses e a 
formulação de generalizações e leis. 
 
Evidentemente que muitos outros nomes fizeram história dentro da ciência, 
foram grandes as evoluções na botânica, na medicina, na química, enfim, em todos 
os campos, mas nosso intuito ao falar destas invenções é exclusivamente mostrar 
que existe uma evolução no pensamento e a importância do método para provar e 
refutar os fenômenos. 
 
3.4 A Revolução Industrial 
A Revolução Industrial, a partir do século XIX, foi marcada pela criação e pelo 
uso da energia, assim, ciência e produção passaram a se influenciar mutuamente, ou 
seja, a necessidade de meios mais eficientes de produção fez com que a ciência se 
desenvolvesse. 
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“Os problemas técnicos da indústria começam a gerar constantes desafios às 
ciências, ao mesmo tempo em que a indústria torna-se dependente dos progressos 
científicos” (MATTAR, 2008). 
É inventado o primeiro termômetro de mercúrio; provou-se que os raios são 
eletricidade; a indústria têxtil é desenvolvida a partir do aperfeiçoamento da 
primeira máquina a vapor; a química avança mostrando que o ar não é uma 
substância elementar, mas composto de vários gases, dentre eles o oxigênio é isolado 
pela primeira vez; é instaurada a lei da conservação das massas (na natureza nada se 
perde, nada se cria, tudo se transforma); a matemática também alcança progressos 
principalmente nocampo das equações diferenciais; a medicina entra na era da 
prevenção com a introdução da técnica de vacinação. 
O século XIX apresenta, sem dúvida, uma série de invenções importantes, é 
também o século da invenção das ciências biológicas: 
1821 – inventado o motor elétrico. 
1824 – funda-se a dinâmica do calor ou termodinâmica. 
1843 – surge o primeiro telégrafo elétrico. 
1859 – Darwin formula a sua teoria da evolução das espécies. 
1860 – inventado o motor a gasolina. 
1866 – surge a dinamite. 
1876 – é inventado o telefone. 
1887 – é descoberto o elétron. 
Mais uma vez o que desejamos é mostrar que a utilização de métodos 
próprios leva as ciências a avançarem, principalmente a partir de pesquisas e 
descobertas em ramos específicos do conhecimento. 
 
3.5 O século XX 
A racionalidade e a consciência representam apenas uma camada da psique humana, 
que é também determinada por processos inconscientes e irracionais sobre os quais 
o ser humano não tem controle; não é possível prever os fenômenos nucleares, já que 
seus movimentos são irregulares e desordenados; tempo e espaço não são absolutos, 
mas relativos; o universo está em constante expansão; os átomos são estruturas 
praticamente vazias, e não maciças: a matéria é descontinua (MATTAR, 2008, p. 18). 
Por mais paradoxal que possa parecer, o intenso desenvolvimento da ciência, 
no século XX, acabou abalando a crença do ser humano num universo regido por leis 
e passível de ser conhecido em seus mínimos detalhes. Ao contrário, o progresso 
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científico do século passado levou o ser humano a perceber que só pode 
compreender o mundo em que vive pelas leis da probabilidade, por meio de 
aproximações que, em geral, são passíveis de erro. 
A ciência passou a conviver com a ideia de que o acaso desempenha papel 
primordial no universo, assim como no próprio ser humano. “A ciência não é 
epistemológica e tampouco ontologicamente neutra” (MATTAR, 2008, p. 18) e 
vemos nas pesquisas em Física uma contribuição nesse sentido quando propõe que 
o átomo já não é mais considerado um maciço e nem indivisível. 
Na segunda metade do século XX, as ciências físicas alcançam também um 
alto grau de abstração quando começa a desenvolver uma teoria de que o universo 
não é estático, mas em constante movimento e expansão. Os avanços na genética, 
principalmente através do Projeto Genoma Humano, um dos mais audaciosos do 
final do século XX promete revolucionar a medicina, as ciências biológicas, a 
indústria relacionada à biotecnologia (agricultura, produção de energia, controle de 
lixo, despoluição ambiental). 
Enfim, o papel das ciências, do conhecimento científico é insumo 
indispensável para o desenvolvimento econômico e social do planeta. 
 
 
Devido à complexidade do universo e da diversidade dos fenômenos que 
acontecem nele, foi preciso haver uma divisão da ciência em vários ramos para que 
o homem estudasse e entendesse esses fenômenos. Essa divisão ou classificação 
obedece a várias características: ou pelo conteúdo, pela diferença dos enunciados ou 
pela metodologia empregada. 
A primeira classificação foi proposta por Augusto Comte que obedeceu uma 
ordem crescente de complexidade: Matemática, Astronomia, Física, Química, 
Biologia, Sociologia e Moral. Outros autores aliaram a complexidade crescente com 
o conteúdo. 
Em relação ao conteúdo, a classificação primeira foi feita por Rudolf Carnap, 
que dividiu as ciências em formais (contendo apenas enunciados analíticos, isto é, 
cuja verdade depende unicamente do significado de seus termos ou de sua estrutura 
lógica) e factuais (além dos enunciados analíticos, contém, sobretudo os sintéticos, 
aqueles cuja verdade depende não só do significado de seus termos, mas, 
igualmente, dos fatos a que se referem). 
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Bunge (1976, p. 41 apud Lakatos e Marconi, 2004, p. 27) apresenta a seguinte 
classificação: 
Formal lógica e matemática 
Factual 
Natural física, química, biologia e psicologia individual 
Cultural psicologia social, sociologia, economia, ciência política, história material e história das ideias 
 
Na classificação de Wundt (1952 apud Lakatos e Marconi, 2004, p. 27) temos: 
Formais matemática 
Reais 
ciências da natureza 
ciências do espírito 
 
Mesmo não havendo muito consenso entre as classificações, a diferença 
fundamental é ser formal ou factual, ou seja, a ciência formal estuda as ideias e a 
ciência factual estuda os fatos. 
Nas primeiras (ciências formais) encontramos a lógica e a matemática, que 
não tendo relação com algo encontrado na realidade, não podem valer-se dos 
contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas. Por outro lado, a física e 
a sociologia, sendo ciências factuais, referem-se a fatos que supostamente ocorrem 
no mundo e, em consequência, recorrem à observação e à experimentação para 
comprovar (ou refutar) suas fórmulas (hipóteses) (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
A lógica e a matemática tratam de entes ideais, tanto abstratos quanto 
interpretados, existentes apenas na mente humana e, mesmo nela, em âmbito 
conceitual e não fisiológico. Em outras palavras, constroem seus próprios objetos de 
estudo, mesmo que, muitas vezes, o faça, por abstração de objetos reais (naturais ou 
sociais). 
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Segundo Lakatos e Marconi (2004) citando Trujillo (1974) e Bunge (1976) a 
divisão em ciências formais e factuais leva alguns aspectos em consideração, 
conforme o quadro comparativo a seguir. 
ASPECTOS CIÊNCIAS FORMAIS CIÊNCIAS FACTUAIS 
O objeto ou tema das 
respectivas disciplinas 
Preocupa com 
enunciados 
Tratam de coisas e 
processos 
A diferença de espécie 
entre enunciados Relacionam símbolos 
Tratam de entes extra 
científicos – fenômenos e 
processos 
O método pelo qual se 
comprovam os 
enunciados 
Contentam com a lógica 
para demonstrar seus 
teoremas 
Necessitam observar 
e/ou experimentar 
O grau de suficiência em 
relação ao conteúdo e 
método de prova 
São suficientes em 
relação a seus conteúdos 
e métodos de prova 
Dependem do fato 
experimental para sua 
convalidação 
O papel da coerência para 
se alcançar a verdade 
Os axiomas podem ser 
escolhidos à vontade, 
mas os teoremas (as 
conclusões) têm que ser 
verdadeiros, ou seja, não 
é possível violar as leis do 
sistema de lógica que se 
determinou utilizar 
Usam-se símbolos 
interpretativos. A 
coerência com um 
sistema de ideias 
previamente admitido é 
necessária, mas não 
suficiente para obter a 
verdade. O enunciado 
precisa passar pelo 
sistema de provas 
O resultado alcançado Demonstram ou provam 
Verificam (comprovam 
ou refutam) hipóteses 
que geralmente são 
provisórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Se interessou pelo tema? 
Então veja estes meus outros materiais: 
 
 
IPEMIG - Metodologia Cientifica - Modulo 2 IPEMIG - Deficiência Auditiva e o papel do 
professor 
 
 
 
BELLO, José Luiz de Paiva. Metodologia Científica (2004). Disponível em: 
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met01.htm> Acesso em: 05 jun. 2010. 
 
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 
6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 
 
FERRARI,Alfonso Trujillo. Metodologia da Ciência. 2 ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 
1974. 
 
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua 
Portuguesa. 3 ed. Positivo. 2004 [CD-ROM]. 
 
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2004 
 
LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1983. 
 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 4 ed. 
São Paulo: Atlas, 2004. 
 
MATTAR, João. Metodologia Científica na Era da informática. 3 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2008. 
 
MINAYO, Maria Cecília (org) et al, Pesquisa Social-Teoria, método e criatividade.21ª 
ed. Petrópolis: Vozes,2002. 
 
MOLINA, Maria José T. O método dialético global (2007). Disponível em: 
<http://www.molwick.com/pt/metodos-cientificos/524-metodoscientificos.html#texto> 
Acesso em: 06 jun. 2010. 
 
NEVES, Josélia Gomes. Metodologia Científica ou a dor e a delícia de aprender a ler e 
escrever na graduação. Revista Virtual Partes, 2005. Disponível em: 
<http://www.partes.com.br/educacao/metodologia.asp> Acesso em: 05 jun. 2010. 
 
NEVILLE, Robert. As contribuições de Charles S Pierce para a filosofia da religião 
contemporânea. Cognitio: revista de filosofia do Centro de Estudos do Pragmatismo 
da PUC-SP, São Paulo, ano 2, 2001. 
 
XAVIER, A.R. et al. Cultura e educação na idade média: aspectos histórico, filosófico 
e teológicos. Revista Dialectus, Ano 4, n.11, agosto/dezembro 2017, p.310-326. 
 
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2001.

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