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0 1 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO............................................................................................ 2 1. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR: ASPECTOS TEÓRICOS.............................................................................................. 3 1.1. Aspectos teóricos gerais sobre avaliação do desempenho escolar... 3 1.2. Neuropsicologia cognitiva e avaliação do desempenho escolar........ 6 2. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR: ASPECTOS PRÁTICOS.............................................................................................. 11 2.1. Aspectos práticos gerais do uso de instrumentos de avaliação neuropsicológicos não-restritos............................................................... 11 2.2. Aspectos teóricos específicos: linguagem oral e leitura.................... 16 2.2.1. Instrumentos de avaliação da linguagem oral..................... 21 2.2.2. Instrumentos de avaliação da leitura – Reconhecimento de palavras........................................................................................ 25 2.2.3. Instrumentos de avaliação da compreensão de leitura........ 28 2.3. Aspectos teóricos específicos da escrita e avaliação da grafia e produção de textos.................................................................................. 30 2.3.1. Instrumentos de avaliação da ortografia.............................. 32 2.4. Aspectos teóricos específicos: competência aritmética.................... 33 2.4.1. Instrumentos de avaliação da competência aritmética........ 36 2.5. Aspectos teóricos específicos: funções executivas........................... 37 2.5.1. Funções executivas e desempenho escolar........................ 40 2.5.2. Instrumentos de avaliação das Funções Executivas........... 41 3. INTERVENÇÃO NO DESEMPENHO ESCOLAR: ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS....................................................................... 44 3.1. Aspectos teóricos gerais................................................................... 44 3.2. Intervenção em linguagem oral e leitura............................................ 47 3.3. Intervenção em escrita...................................................................... 49 3.4. Intervenção em competência aritmética............................................ 51 3.5. Intervenção em funções executivas: aspectos gerais....................... 52 3.6. Intervenção em FE: apresentação dos programas........................... 54 REFERÊNCIAS................................................................................................. 57 2 APRESENTAÇÃO Disciplina: Instrumentos de avaliação e de intervenção para melhoria do desempenho escolar (40h) Ementa: Estudo sobre os modelos teóricos de processamento de informações associadas ao desempenho escolar (leitura, escrita, aritmética e funções executivas), oriundos da Neuropsicologia cognitiva. Apresentação de instrumentos de avaliação e intervenção não-restritos que podem ser utilizados por educadores do ensino fundamental I. Objetivos da disciplina: 1) Conhecer como o cérebro processa as habilidades de leitura, escrita, aritmética e funções executivas à Luz da Neuropsicologia Cognitiva. 2) Conhecer os instrumentos de avaliação e de intervenção de desempenho escolar não-restritos que existem no mercado nacional para estudantes do ensino fundamental I, que podem ser aplicados pelo professor em contexto escolar. Lista de siglas: Sigla Significado Sigla Significado CA Competência Aritmética LE Linguagem Escrita CF Consciência Fonológica LO Linguagem Oral CI Controle Inibitório LP Língua Portuguesa CL Compreensão de Leitura MT Memória de Trabalho CG Correspondência Grafofonêmica (entre letras e sons) PA Princípio Alfabético EFI Ensino Fundamental I RP Reconhecimento de Palavras FC Flexibilidade Cognitiva NC Neuropsicologia Cognitiva FL Fluência de leitura 3 1. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR: ASPECTOS TEÓRICOS 1.1. Aspectos teóricos gerais sobre avaliação do desempenho escolar A avaliação do desempenho escolar tem sido alvo de pesquisas na área da Psicologia e da Educação (DIAS, ENUMO, TURINI, 2006) e de áreas associadas como a Psicopedagogia, a Neuropsicologia e a Neurociência aplicada à educação. Em linhas gerais, todas elas estudam os fatores que podem afetar a aprendizagem, assim como seus processos normais ou alterados de desenvolvimento das habilidades acadêmicas básicas: leitura, escrita e aritmética (DIAS et al., 2006). A temática da avaliação escolar pode ser tratada a partir de diversas perspectivas, entre elas, o nível de ensino, quais as habilidades básicas, a forma de aplicação, os tipos de instrumentos disponíveis, quem pode aplicá-los e quais os objetivos da avaliação. Ao longo desta disciplina, abordaremos todos as perspectivas, esclarecendo o referencial teórico. Em relação aos seus objetivos, é possível diagnosticar, acompanhar ou classificar o desempenho do aluno, classificando-se em três modalidades, respectivamente, avaliação diagnóstica, formativa ou somativa (BLOOM; HASTINGS; MADAUS, 1983; CACIONE, 2004). A seguir apresenta-se a descrição de cada modalidade de avaliação. A avaliação diagnóstica deve ser aplicada no início de um processo de ensino/ aprendizagem a fim de verificar (a) o nível de conhecimento prévio ou o nível de pré-requisitos necessários para aquisição de novos conteúdos ou habilidades; (b) as causas das dificuldades de aprendizagem identificadas qualitativamente; ou (c) para promover agrupamentos dos alunos de acordo com os interesses, habilidades ou conhecimentos para trabalhos em grupos ou adequação do tipo de estimulação (BLOOM et al., 1983; CACIONE, 2004). A avaliação formativa deve ser aplicada durante o processo a fim de regular e facilitar tanto o ensino, quanto a aprendizagem em curso. Esta modalidade de avaliação serve como um feedback contínuo aos professores e aos alunos, pois possibilita a correção de percursos, como por exemplo, a modificação de práticas didáticas (BLOOM et al., 1983; CACIONE, 2004). 4 Já a avaliação somativa deve ser aplicada ao final de um processo de ensino/ aprendizagem a fim de classificar a aprovação ou não do aluno para a próxima etapa. Geralmente os resultados são convertidos em notas e cálculos de médias para a tomada de decisão da aprovação ou reprovação do aluno (BLOOM et al., 1983; CACIONE, 2004). Cabe ressaltar que todas as modalidades de avaliação são importantes e deveriam ser aplicadas no contexto escolar, a fim de garantir melhoria dos processos de ensino e aprendizagem e não apenas a classificação ou reprovação dos alunos ao final de um processo. Em relação aos tipos de instrumentos utilizados pelos professores para avaliação das habilidades básicas (leitura, escrita, matemática e ciências), é comum a criação de provas, tarefas, trabalhos ou atividades específicas pelo professor de acordo com o tempo disponível, interesse e características de cada turma (CAPOVILLA; CAPOVILLA, 1998; DIAS; LEÓN; PAZETO; MARTINS; PEREIRA; SEABRA, 2016). Também é comum a utilização de algum instrumento desenvolvido pela editora, escola ou secretaria municipal ou estadual de educação. De acordo com as matrizes curriculares dos cursos de graduação em Pedagogia e outras licenciaturas na área da educação, há escassez de intersecção de estudos baseados em neurociência aplicada à educação, entre outras áreas relacionadas, como a Neuropsicologia Cognitiva (NC) e a Psicologia Cognitiva. Logo, outros instrumentos de avaliação que poderiam ser utilizados pelos professores, tais como instrumentos neuropsicológicos de desempenho ou de relato não-restritos, não são utilizados por falta de conhecimento/ formação de base dos próprios professores. Diante deste cenário e visandoauxiliar a construir a ponte entre pesquisa em neurociência aplicada através da NC e educação, é que esta disciplina foi desenvolvida. Há algumas iniciativas isoladas no Brasil, tal como a rede nacional de Ciência para Educação (Rede CpE) e grupos de pesquisa de universidades públicas e privadas. Organizada pelo neurocientista brasileiro Dr. Roberto Lent, Para aprofundamento dos tipos de avaliação, sugere- se a leitura da dissertação de mestrado da UEL intitulada “Avaliação da aprendizagem: desvelando concepções de licenciandos do curso de música” de Cacione (2004). 5 a Rede CpE visa reunir grupos de trabalho formado por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento para promover melhores práticas e políticas educacionais baseadas em evidências (BOTARO; MENA-CHALCO; GUIMARÃES; LENT, 2016). Entre os grupos de pesquisa, destacam-se o Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento (LND) - coordenado pelo Prof. Dr. Vitor Geraldi Haase, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); o Grupo de Investigação em Neuropsicologia, Desenvolvimento e Educação (GINDE) – coordenado pela Profa. Dra. Natália Martins Dias, do Centro Universitário FIEO (Unifieo); o Grupo de pesquisa Neuropsicologia Infantil – coordenado pela Profa. Dra. Alessandra Gotuzo Seabra, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM); e o Grupo de Pesquisa Neuropsicologia Clínica e Experimental (GNCE), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Muitos poderiam perguntar se esse movimento todo não seria um retrocesso ao engessamento de práticas educacionais ou a invasão de outras áreas do conhecimento sobre o objeto de estudo da educação e da aprendizagem. Porém, deve-se considerar o caráter cada vez mais interdisciplinar das pesquisas científicas, principalmente as cognitivas. Neste sentido, há um recente consenso da comunidade brasileira de pesquisadores e clínicos em Neuropsicologia de que a NC é uma ciência interdisciplinar (HAASE; SALLES; MIRANDA; MALLOY-DINIZ; ABREU; ARGOLLO et al., 2012). A Neuropsicologia é desde sua origem uma ciência de caráter interdisciplinar, que investiga a relação entre funções cognitivas, bases biológicas e comportamento (RODRIGUES, 1993; SERON, 1982). Especificamente a NC, considerada um braço da Neuropsicologia, é uma ciência interdisciplinar que investiga processos cognitivos normais e alterados, enfocando o processamento de informações na realização de tarefas específicas, que auxilia na elaboração de testes e programas de intervenção (HAASE et al, 2012; SEABRA; DIAS; MACEDO, 2012). Já a Avaliação neuropsicológica é uma prática restrita à atuação de psicólogos pós-graduados Para aprofundamento sobre neuropsicologia enquanto ciência interdisciplinar, leia na íntegra o artigo de Haase et al (2012) sobre o consenso da comunidade brasileira de pesquisadores e clínicos da área. 6 em neuropsicologia, que investiga habilidades cognitivas a fim de auxiliar em diagnósticos e elaboração de intervenções clínicas (HAMDAN et al 2011; ARDILA; OSTROSKY-SOLÍS, 1996). Diante do caráter interdisciplinar da Neuropsicologia, têm surgido nos últimos anos sua aplicação na área educacional. Arruda (2015) afirma que a educação é uma das áreas que vem sendo alvo de estudo e que, cada vez mais, vem recebendo contribuições das neurociências e da neuropsicologia. Mendonça e Azambuja (2014, p.411) afirmam que “a neuropsicologia tem ramificações que alcançam muitas outras facetas do conhecimento, entre elas o desenvolvimento da criança e sua competência escolar”. Alguns exemplos práticos de aplicação são as publicações científicas na área que têm surgido nesta interface, muitas são fruto de estudos realizados pelos grupos de pesquisa citados anteriormente, os quais fazem parte do referencial teórico desta disciplina. 1.2. Neuropsicologia cognitiva e avaliação do desempenho escolar De forma geral, a NC trouxe diversas contribuições para melhorar a compreensão das habilidades prejudicadas na realização de tarefas e como as habilidades básicas se relacionam com habilidades consideradas mais complexas, tendo como base o modelo de processamento de informações. Especificamente, podemos citar contribuições no desenvolvimento de instrumentos de avaliação validados psicometricamente. A psicometria aplicada aos testes neuropsicológicos refere-se à análise de medidas quantitativas dos processos mentais. A investigação das características psicométricas dos testes inclui normatização, padronização, evidências de validade e índices de fidedignidade (SEABRA; CARVALHO, 2014). A normatização refere-se ao estabelecimento de uma escala de medidas que possibilita localizar o desempenho do sujeito em relação a um referencial, como por exemplo, a idade ou a série. A padronização refere-se ao padrão de aplicação de um instrumento para uma determinada população, ou seja, deve- se sempre seguir as instruções de aplicação para que os resultados não sofram interferência de adaptações pelo aplicador. As evidências de validade referem- se à segurança de que a habilidade avaliada é de fato aquela que se espera que 7 o teste avalie e os índices de fidedignidade referem-se às análises estatísticas para garantir que os estímulos que compõem o teste referem-se suficientemente a uma única habilidade (SEABRA; CARVALHO, 2014). Outra contribuição da NC em conjunto com as teorias desenvolvidas pela Psicologia Cognitiva, foi a divulgação dos modelos componenciais de processamento de informações. Tais modelos tem como base o conceito de modularidade, que se refere a processos que são usados em um domínio de processamento (por exemplo, a linguagem) e que operam independentemente dos processos de outros domínios. A modularidade contribuiu para a elaboração de modelos teóricos que permitem a identificação de quais habilidades (prejudicadas e preservadas) fazem parte de processos mais complexos (DIAS, TREVISAN, SEABRA, 2014; MCGEER, 2007; SEABRA, 2013), como a leitura, organizando tais processos em componentes menores (reconhecimento de palavras e compreensão de leitura, por exemplo). Especificamente em relação ao desempenho escolar, Seabra, Dias e Capovilla (2013, p. viii) afirmam que “leitura, escrita e aritmética se referem às habilidades acadêmicas básicas e seu domínio é fundamental para que outras habilidades e conhecimentos acadêmicos mais complexos sejam adquiridos”. Com finalidade didática, ilustrando um modelo componencial, foi organizado o esquema apresentado na Figura 1, de modo a dividir o componente mais complexo ‘desempenho acadêmico’, em componentes menores (leitura, escrita, aritmética e funções executivas) e cada componente menor em habilidades específicas, tendo como base os estudos de Capovilla e Capovilla (1998), Dehaene (2012) e Diamond (2013). Cada um dos componentes (leitura, escrita, aritmética e funções executivas) será apresentado dentro do respectivo modelo componencial no capítulo 2 da apostila. É importante ressaltar que os componentes em vermelho (leitura, escrita e aritmética) fazem parte das habilidades acadêmicas e o componente em cinza (funções executivas) refere-se a habilidades que se encontram associadas e subsidiam as habilidades acadêmicas. Existem instrumentos de avaliação neuropsicológicos específicos para cada componente e habilidade apresentada pela Figura 1. 8 Figura 1: Modelo componencial do desempenho acadêmico e habilidades associadas, elaborado com finalidade didática para a aula, com base nos estudos de Capovilla e Capovilla (1998) e de Diamond (2013). Os instrumentos neuropsicológicos de avaliação podem ser restritos e não-restritos. Os restritos são vetados ao uso por profissionais de outras áreas, geralmente sendo de uso exclusivo dos psicólogos. Já os não-restritos são permitidos ao uso por profissionaisde outras áreas, como professores, fonoaudiólogos e psicopedagogos (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos/ SATEPSI, s/d). Atualmente a relação disponível pelo SATEPSI apresenta apenas 14 instrumentos não-restritos, sendo que nem todos são voltados para avaliação de desempenho escolar e há alguns que não são instrumentos de avaliação e sim de intervenção. Outra fonte de informação para consulta de instrumentos de avaliação não-restritos disponíveis são as publicações científicas que podem ser pesquisadas nas bases de dados nacionais, como por exemplo, BVS‑Psi (www.bvs-psi.org.br), Pepsic (http://pepsic.bvsalud.org) e SciELO (www.scielo.br). Neste sentido, alguns estudos (LEÓN et al, 2015a; BATISTA et al, 2016; LIMA et al, 2016) realizaram uma revisão não-sistemática da literatura Consulte o site do SATEPSI para verificar a relação de instrumentos não privativos de psicólogos: http://satepsi.cfp.org.br 9 para identificação de instrumentos de avaliação não-restritos disponíveis no mercado nacional entre os anos de 2015 e 2016. Foram identificados no total 23 instrumentos de avaliação, sendo 7 para avaliação de linguagem escrita (leitura e escrita), 6 para avaliação de linguagem oral, 6 para avaliação de funções executivas e 4 para avaliação da competência aritmética (CA). De acordo com tais estudos, geralmente os instrumentos são voltados para as crianças do Ensino Fundamental I (EFI), com idades entre 6 e 11 anos, desenvolvimento típico (ou seja, sem alguma condição clínica específica). Outros estudos (DIAS et al, 2016; LEÓN et al, 2016), agora de revisão sistemática, realizaram buscas por meio do cruzamento de palavras-chave em algumas das bases nacionais de pesquisa com o objetivo de levantar instrumentos de avaliação nas produções nacionais. O estudo de Dias et al. (2016) identificou apenas 12 instrumentos de avaliação de leitura e o artigo de León et al (2016) identificou 23 instrumentos de avaliação da escrita disponíveis, a partir de estudos publicados. Para conhecer a lista dos instrumentos na íntegra, leia os referidos artigos, os quais podem ser acessados online ou baixados (download gratuito). Não foram identificados artigos de revisão sobre os instrumentos de avaliação da CA. A produção acadêmica que, até o momento, identificou a maior quantidade de instrumentos de avaliação padronizados, foi o estudo de Paiva et al (2017), publicado como capítulo de livro. Tais autores identificaram 6 instrumentos de avaliação, incluindo restritos e não restritos, e alguns que ainda não foram validados no Brasil. Em relação aos tipos de instrumentos neuropsicológicos de avaliação, há os testes de desempenho e os instrumentos de relato. Os testes de desempenho são tarefas padronizadas e normatizadas, aplicadas em ambiente controlado, a fim de avaliar o desempenho individual da criança nas habilidades investigadas, cuja aplicação pode ser individual ou coletiva. Já os instrumentos de relato podem ser os inventários e questionários padronizados, cuja finalidade é avaliar a funcionalidade da criança em determinadas habilidades, ou seja, através de relato das observações de pais e professores sobre o comportamento da criança na vida real. Este tipo de instrumento de avaliação pode ser chamado também de avaliação ecológica. A aplicação dos instrumentos de relato pode ser individual ou coletiva e, dependendo da idade e das habilidades que se pretende investigar, há a possibilidade de autorrelato para crianças e adolescentes. É 10 importante ressaltar que não há um que seja mais importante que o outro, no caso dos dois tipos de instrumentos neuropsicológicos de avaliação apresentados. Ambos são importantes, pois se complementam gerando informações sobre uma mesma habilidade, tanto em tarefas padronizadas num ambiente controlado, quanto no relato de informantes da vida real. Com tudo o que foi apresentado neste capítulo, conclui-se que é possível realizar a avaliação do desempenho escolar fundamentada pela NC. De fato, é de viável e fácil aplicação, porém é necessário integrar teoria e prática, conhecer os modelos componenciais, como as habilidades se desenvolvem e se relacionam, além de treinar a aplicação dos testes. 11 2. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR: ASPECTOS PRÁTICOS 2.1. Aspectos práticos gerais do uso de instrumentos de avaliação neuropsicológicos não-restritos Em termos práticos o uso de instrumentos de avaliação neuropsicológicos não-restritos demanda alguns cuidados tanto na escolha dos testes, quanto na sua aplicação. Este tópico da apostila foi desenvolvido com base nos estudos de Argimon e Lopes (2017), Mäder-Joaquim (2010), Moojen e Costa (2016) e Strauss, Sherman e Spreen (2006), além de experiência prática da professora da disciplina. Para aprofundamento, sugere-se a leitura na íntegra de tais publicações. Na escolha dos testes, o professor deve ter em mente os seguintes aspectos: 1) Qual habilidade ou quais habilidades se pretende investigar? 2) Qual a idade e a série da(s) criança(s)? 3) Qual o tipo de aplicação do instrumento? 4) Qual o local teremos disponível na escola? 5) Qual o tempo de aplicação segundo as normas do teste? 6) Quais os materiais necessários? Baseado nos estudos da Psicologia Cognitiva e da NC, é importante que o professor tenha em mente os modelos componenciais do processamento de informações para se alinhar com o referencial teórico dos instrumentos de avaliação neuropsicológicos não-restritos. Geralmente os instrumentos de avaliação trazem nos manuais o referencial teórico que originou o desenvolvimento do mesmo. É importante que o professor leia, estude e tire as dúvidas, senão, pode correr o risco de comprar um instrumento com o objetivo de avaliar uma habilidade X e o instrumento ter sido desenvolvido para avaliar a habilidade Y. Outro aspecto a se atentar é referência do teste em relação à normatização. Conforme já mencionado anteriormente, os testes são desenvolvidos e aplicados em populações específicas, ex. crianças de desenvolvimento típico entre 6 e 11 anos. Geralmente os dados normativos são em relação à idade ou série escolar, adequados ao nível de dificuldade da tarefa. 12 O professor deve escolher então um instrumento de avaliação que esteja de acordo com o público que se pretende avaliar. Considerando o contexto escolar, o professor deve se atentar ao tipo de aplicação, pois há testes que podem ser aplicados de forma coletiva com a sala toda, porém alguns demandam aplicação individual. Independentemente do tipo de aplicação, o professor deve verificar qual o melhor local e horário para realizar a aplicação do teste, considerando a importância de um ambiente com menos distratores (como barulhos externos, por ex. no intervalo de outras turmas ou em dia de festa na escola) e também o tempo de aplicação, pois há testes que duram de 10 a 90 minutos e alguns são aplicados em até 2 dias diferentes. Por fim, o professor deve identificar quais são e adquirir todos os materiais originais necessários (respeitando os direitos autorais) para a aplicação. No mínimo, cada teste é composto pelo manual de aplicação (que contém a parte teórica do teste, os dados normativos e as instruções para aplicação e correção) e pela folha de registro de respostas (na qual o aplicador deve marcar as respostas da criança em cada item, por exemplo num teste com respostas verbais ou para tabular as respostas do caderno de aplicação). É muito comum alguns testes terem também o caderno de aplicação individual (que contém os itens que a criança deve responder à lápis) e o caderno de estímulos (que contém os estímulos visuais para a aplicação do teste, por exemplo, prancha com imagens ou caderno com imagens, palavras ou textos). Esses materiais são comercializados em formato de kit, no qual já contém todos os itensdescritos anteriormente, sendo que os cadernos de aplicação e as folhas de resposta podem ser adquiridos posteriormente de forma separada, ou são comercializados de forma separada. Há alguns instrumentos que comercializam uma licença online para impressão de um número determinado de testes por um determinado período. Alguns testes podem demandar, além do acima exposto, o uso de cronômetro, gravador de voz, arquivos em áudio cedidos pelo próprio autor do material ou algum material concreto, como no caso das torres de madeira para aplicação da Torre de Londres. Um material básico para os testes em papel é o uso de lápis e borracha, pelo aplicador e pelas crianças. Recentemente, estão surgindo no mercado testes em formato digital. 13 A aplicação dos testes demanda a preparação do aplicador, tanto no que diz respeito ao conhecimento teórico, quanto em relação ao treino prático. De maneira geral, para a aplicação dos testes, o professor deve ter em mente os seguintes passos: 1) Identificar quais habilidades gostaria de avaliar. 2) Pesquisar quais testes existem. 3) Adquirir o material original. 4) Estudar as instruções de aplicação. 5) Treinar a aplicação do teste. 6) Selecionar os materiais para a aplicação. 7) Lembrar que antes de aplicar os itens de teste, tem os itens de treino para garantir que a criança compreendeu o que deve ser feito. 8) Manter semblante neutro durante a aplicação. Na dúvida, sempre siga as regras de aplicação. Um dos aspectos mais difíceis para o professor durante a aplicação dos testes é em relação a padronização x cooperação. A padronização demanda que o aplicador siga as instruções de aplicação de acordo com o manual do teste a fim de capturar uma imagem real da situação atual, as dificuldades e as facilidades que a criança apresenta no momento em relação à habilidade avaliada. E, o professor, com todo o seu amor e didática, pode por ingenuidade tentar ajudar a criança numa questão que ela apresentar dificuldade, dar uma dica para que a criança se lembre da resposta ou tentar corrigir alguma questão durante a aplicação do teste. Portanto, o professor precisa ter em mente que na aplicação de um instrumento neuropsicológico não-restrito de avaliação, há regras que precisam ser seguidas a fim de não impactar nos resultados. A cooperação pode existir no sentido de encorajar a criança a fazer (Ex. “Eu sei que você consegue”. “Vamos tentar?”, etc.), porém ser interferir na padronização do teste. O ideal seria o professor manter uma postura neutra, sem reforço positivo (Ex. “Muito bem”, “parabéns”, etc) durante a aplicação, senão a criança pode depender Figura 2: Exemplo da situação de aplicação individual de testes com estímulos visuais. 14 da resposta do professor para se motivar a continuar as questões do teste ou para tentar identificar se ela está certando as questões. É importante lembrar que a maioria dos testes possui itens de treino, os quais auxiliam a garantir que a criança compreendeu a tarefa, antes de iniciar o teste propriamente dito. As figuras 2, 3 e 4 ilustram a situação de aplicação de testes de maneira individual e coletiva. Um aspecto importante a ressaltar é em relação aos objetivos e limites e atuação de cada área profissional. Os instrumentos de avaliação não-restritos são novos recursos de avaliação diagnóstica e formativa que o professor pode se utilizar em sua prática a fim de identificar dificuldades, conhecimento prévio necessários ou pré-requisitos, visando redirecionar estratégias pedagógicas para estimulação de habilidades. Não devemos confundir com o papel do profissional clínico que tem o objetivo de identificar dificuldades ou transtornos de aprendizagem a fim de fechar um diagnóstico. Para encerrar este tópico do capítulo, serão apresentados os 4 passos gerais para a correção dos testes que possuem tabelas com as pontuações- padrão (dados normativos esperados para uma determinada população em relação a um referencial, por exemplo, idade ou série): 1) Marcar 1 para cada resposta certa e 0 para as erradas, a partir do item de teste, descartando os itens de treino. Ex. Se são 40 itens de teste e 5 itens de treino, a pontuação mínima será 0 e a máxima será 40. 2) Somar os pontos e verificar o escore/ pontuação total. Ex. 10 pontos. Figura 3: Exemplo da situação de aplicação individual de testes com caderno de aplicação. Figura 4: Exemplo da situação de aplicação coletiva de testes com caderno de aplicação. 15 3) Consultar a tabela de pontuação-padrão para verificar o escore total. Ex. 10 pontos para uma criança com 9 anos, corresponde à 38 pontos pela tabela de pontuação-padrão de um determinado teste. Nesta tabela há todas as médias esperadas (ex. por idade - 6 a 11 anos) para cada pontuação no teste (ex. de 0 a 40). Confira o exemplo nas Figuras 5 e 6. Figura 5: Exemplo de como localizar o resultado de um teste de acordo com os dados normativos. Mesmo, tendo a pontuação padrão da criança no teste, ainda não é possível realizar a sua classificação. Portanto o próximo passo é... 4) Consulta a referência do teste para a classificação. A referência de classificação dos testes pode variar, mas geralmente seguem o padrão abaixo: Logo, considerando nosso caso hipotético da criança de 9 anos, que fez 10 pontos de pontuação total (escore bruto), 38 pontos de acordo com a pontuação-padrão, qual foi sua classificação de acordo com a tabela de referência? Sim, classificação muito baixa, pois 38 pontos está muito abaixo de 70 pontos. Figura 6: Exemplo de como marcar os resultados dos testes de acordo com os dados normativos. Ex. 10 pontos Ex. 38 pontos 16 2.2. Aspectos teóricos específicos: linguagem oral e leitura Conforme mencionado no capítulo anterior, é importante integrar teoria e prática para atuação em NC aplicada à educação, portanto, antes dos tópicos que apresentam os instrumentos de avaliação, serão apresentados os modelos componenciais de cada uma das habilidades acadêmicas e das funções executivas. Iniciaremos com linguagem oral (LO) e leitura. O objetivo final da linguagem escrita (LE) é a compreensão e a produção de diferentes tipos de textos (SEABRA, 2013). Para tanto, diversas habilidades são necessárias, sendo algumas não-exclusivas aos processos de LE, como a compreensão oral, que envolve a capacidade de compreender auditivamente palavras, frases e o discurso como um todo. O modelo de processamento da leitura organizado em componentes menores apresentado a seguir foi adaptado, com finalidade didática para esta disciplina, incluindo as habilidades de linguagem oral e retirado de León, Pazeto, Dias e Seabra (2015b, p. 170) com base em diversos autores Aaron et al, 2008; Dias e Oliveira, 2013; Dias et al, 2014; Seabra, 2013; Fletcher et al, 2009; Frith, 1985; Frith, 1997; Gough e Tunmer, 1986; NICHHD, 2000. A Figura 7 apresenta este modelo componencial da leitura, que inclui habilidades da linguagem oral. Figura 7: Modelo componencial da leitura adaptado e retirado de León et al. (2015b, p. 170) com finalidade didática para a disciplina, com base nos estudos de diversos autores. 17 O modelo sugere que a competência em leitura, sendo mais complexa, depende do desenvolvimento de outros componentes menores, os quais podem ser divididos em habilidades menores e menos complexas. Assim, o modelo componencial da leitura a divide em 3 componentes menores: reconhecimento de palavras (RP), a fluência de leitura (FL) e a compreensão linguística (CL). O componente RP refere-se à capacidade de identificar uma palavra, diferenciando-a de outros símbolos escritos. Seu desenvolvimento depende de habilidades prévias, como consciência fonológica (CF), princípio alfabético (PA) e correspondência grafema e fonema (CG). A CF é a habilidade de refletire manipular mentalmente os sons da fala, por exemplo através da compreensão e identificação de rimas e aliterações, segmentação e aglutinação de sílabas e fonemas, entre outros. É uma habilidade do processamento fonológico que depende de estimulação ambiental para se desenvolver, pois não ocorre de maneira natural. A partir da educação infantil, os professores já poderiam estimular oralmente as crianças a desenvolver habilidades de CF, as quais estão organizadas por grau de dificuldade, começando pela consciência de palavras nas frases, sílabas em palavras, fonemas em sílabas, de forma sintética. Há evidências de que a consciência fonêmica (manipulação mental dos sons isolados da fala/ fonemas) auxilia na descoberta do PA. O PA é a compreensão de que as letras grafadas correspondem aos sons da fala, mesmo que ainda não se saiba suas correspondências. Sua descoberta é fundamental para a etapa seguinte, ensinar as crianças as CG. Algumas crianças conseguem fazer a CG sem o auxílio de um adulto, mas a maioria das crianças, principalmente as de pobre nível socioeconômico, que provêm de famílias que possuem baixa escolaridade e pobre nível de vocabulário, entre outros, ou que apresentam risco para dificuldades de aprendizagem por diversos fatores, não conseguem relacionar as letras que visualizam nos textos escritos com seus respectivos sons. De fato, estudos neurocientíficos comprovam que a habilidade de leitura não é inata, necessitando de instruções explícitas e sistemáticas para sua aquisição. Portanto, as crianças precisam ser ensinadas (seus sistemas visuais e auditivos) a fazer a CG, iniciando pelas vogais e depois pelas consoantes de sons regulares, irregulares e dígrafos. 18 O desenvolvimento de todas essas habilidades, CF, PA e CG, auxiliam no desenvolvimento do componente RP, que pode ser realizado de duas maneiras, pela rota fonológica e pela rota lexical. A rota fonológica permite a identificação de palavras novas e regulares, através do processo de decodificação (conversão grafofonêmica). Quando a criança está em processo de alfabetização, ela realiza a leitura de palavras por meio da rota fonológica. Porém, esta rota não permite a leitura de palavras irregulares, como por exemplo, ‘exército’. Uma criança em processo inicial de alfabetização, que ainda não tenha tido a oportunidade de ler a palavra ‘exército’, poderia ler como /echército/. Isso ocorreria, pois ela tentaria decodificar esta palavra desconhecida de escrita irregular. Assim, a outra forma de identificação de palavras ocorre pela rota lexical, ou seja, pelo reconhecimento direto de palavras armazenadas no repertório mental de palavras (léxico). A rota lexical permite a leitura de palavras irregulares e o reconhecimento direto de palavras familiares. Há evidências de que após ler 5 vezes a mesma palavra, esta ficaria armazenada no léxico mental. Portanto, note a importância dos treinos de leitura de palavras isoladas para auxiliar nesse processo inicial de RP pela rota fonológica e pela rota lexical. Voltando ao modelo inicial e tendo explicado o componente de RP e suas habilidades associadas, os próximos componentes a serem desenvolvidos seriam FL e CL. A FL é a capacidade de ler palavras e textos com velocidade, exatidão e prosódia. Para tanto, a criança já precisa ser capaz de ler pela rota fonológica e lexical. Afinal de contas, o primeiro processo da leitura é a aprender a ler (RP), depois podemos aperfeiçoá-la através da velocidade (FL), e então melhorarmos a capacidade de compreender o que se lê, ou seja, ler para aprender (CL). Estudos sugerem que a FL medeia os componentes de RP e de CL. Considerada uma habilidade mais global, a CL refere-se à habilidade de compreender tanto a LO quanto a LE, pois envolve processos como morfologia, sintaxe, semântica, entre outros. O componente CL é fundamental para a compreensão de leitura. Há evidências de que a automatização do componente RP, auxilia a aumentar o número de palavras armazenadas no léxico mental (vocabulário), deixando de sobrecarregar as habilidades de atenção seletiva e de funções executivas para o processo de identificar palavras. Assim, a criança consegue compreender o que se lê com mais eficácia. 19 Pense numa criança aprendendo a ler a palavra ‘hipopótamo’. Se ela ainda não conhece esta palavra, ela irá decodificar, ou seja, usar a rota fonológica. Ela terá que recrutar seus processos cognitivos atencionais e executivos para se lembrar qual é o som de cada letrinha grafada. Como se trata de uma palavra extensa, ela vai demorar para chegar ao final da leitura da palavra (RP). E ao chegar ao final, toda feliz, se alguém perguntar o que ela leu (significado), ela poderá dizer que não sabe. Por que? Porque ela ainda está num processo anterior à compreensão de leitura, ela está decodificando. A partir do momento que ela automatizar a leitura desta palavra, ela não vai mais utilizar a rota fonológica e sim a lexical. Ela conseguirá ler com mais rapidez e compreensão, sendo capaz de ler e compreender seu significado num processo de reconhecimento direto. Imagine o desespero desta criança tendo que ler um texto, se ela ainda não sabe decodificar ou está aprendendo. É por isso, que os estudos neurocientíficos sugerem que os métodos sintéticos, que partes das unidades menores de significado (sons, letras, palavras, frases, textos), são mais eficazes que os métodos globais (textos, frases, palavras, letras, sons) de alfabetização. Todos esses componentes da leitura são permeados e dependem do desenvolvimento das habilidades de LO. As habilidades de LO mencionadas no modelo foram vocabulário e consciência fonológica, mas há muitas outras como nomeação (capacidade de evocar da memória de longo prazo os nomes dos objetos), discriminação fonológica (capacidade de diferenciar palavras com fonemas semelhantes) e memória fonológica (capacidade de armazenar informações fonológicas, ex. sequência de palavras, por um curto período de tempo), entre outras. As pesquisas identificaram que tais habilidades da LO são importantes preditores do desempenho posterior em leitura e escrita. Logo, sua estimulação desde a educação infantil e em casa, com orientações aos pais, é fundamental. Tendo como base o modelo componencial da leitura que foi apresentado neste tópico, vamos pensar em problemas e hipóteses para colocá-lo em prática. Supondo que uma criança está com dificuldades de interpretação de texto, podemos levantar quais hipóteses? Considerando que se trata de uma habilidade complexa, devemos iniciar a investigação por habilidades mais básicas. 20 Em primeiro lugar, sempre devemos nos perguntar se não há um déficit sensorial, ex. Será que ela enxerga direito? Será que ela ouve direito? Caso haja um déficit sensorial, a coordenação da escola deve ser acionada para então entrar em contato com a família e buscar um especialista da área médica, como o oftalmologista e/ou otorrinolaringologista. Infelizmente é muito comum a família não realizar exames preventivos, sendo mais comum apenas os exames remediativos. É indicado realizar uma vez por ano, e não somente quando se identifica um problema. Supondo que não haja um déficit sensorial, o próximo passo é pensar nas questões relacionadas à LO, principalmente vocabulário e a capacidade de CF. Para estas habilidades, existem instrumentos de avaliação que o professor pode se utilizar, com autorização da escola, em caráter preventivo. Caso seja identificado um problema de LO, dependendo da gravidade, é indicado que a coordenação da escola seja acionada, para então entrar em contato com a família e buscar um especialista da área da fonoaudiologia. Se for um problema de processamento fonológico, como por exemplo incapacidade de perceber rimas, o professor pode realizar um trabalho preventivo em sala deaula ou no contraturno escolar, com autorização da escola e da família, em caráter preventivo. Se não foi identificado prejuízo em LO, o próximo passo é pensar no RP, ex. Será que ela sabe decodificar? Será que ela sabe ler pela rota lexical? Será que ela conhece as correspondências letra-som? Para estas habilidades, também existem instrumentos de avaliação que o professor pode se utilizar, com autorização da escola, em caráter preventivo. Há intervenções neuropsicológicas preventivas que podem ser realizadas para toda a sala de aula, beneficiando um número maior de crianças, de forma lúdica e divertida, e que podem ser incorporadas à rotina do professor, com autorização da escola. Por fim, considerando o modelo componencial, é necessário investigar como anda a FL, caso não tenha sido identificado nenhum comprometimento das habilidades anteriormente descritas. Esta habilidade, assim como a de RP, pode ser estimulada em caráter preventivo em sala de aula. Em outros países é comum esta prática de empoderamento docente por meio de práticas baseadas em evidências que auxiliam na identificação e intervenção precoce-preventiva, ampliando os recursos e estratégias que podem ser utilizados pelos professores. 21 2.2.1. Instrumentos de avaliação da linguagem oral É importante ressaltar que os tópicos que apresentam os instrumentos de avaliação foram baseados em artigos de revisão, trabalhos apresentados em congressos da área e pesquisa empírica realizada pela professora da disciplina. Não pretende-se esgotar o tema, uma vez que sempre há novos lançamentos e possivelmente há instrumentos que não foram contemplados na apostila. Sendo assim, serão apresentados 9 instrumentos de avaliação não-restritos para avaliação de componentes a LO. Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 2): Linguagem Oral (SEABRA; DIAS, 2012) Trata-se de uma coleção organizada por pesquisadoras da área que disponibiliza 5 testes independentes que avaliam LO. Habilidades investigadas: CF, MF, DF e Nomeação. Público-alvo: 3 a 14 anos (com exceção do teste de DF e da PCFF) Tipo de aplicação: individual (com exceção da PCFF) Tempo de aplicação: entre 10 e 20 min. Materiais necessários: Instrução para aplicador, caderno de aplicação (Comercializados a parte pelo site da editora) e folha de respostas. a) Teste de Discriminação Fonológica (TDF - Seabra e Capovilla, 2012a) Tarefa: Discriminar auditivamente palavras faladas pelo aplicador, que possuem diferença em apenas um fonema (ex. /filho/ e /milho/), apontando para a figura correspondente. Confira na Figura 8 o exemplo de itens de treino utilizando outras imagens ilustrativas. São apresentados 23 pares de figuras em desenhos de linhas. É necessário o caderno de estímulos (pares de figuras) para aplicação, o qual está contido no manual. Dados normativos para crianças entre 3 e 6 anos. Figura 8: Exemplo de itens de treino do TDF (SEABRA; CAPOVILLA, 2012a, p. 31) utilizando outras imagens ilustrativas. 22 b) Teste Infantil de Nomeação (TIN - Seabra, Trevisan e Capovilla, 2012) Tarefa: Nomear em voz alta as figuras individualmente. Confira na Figura 9 o exemplo de itens de teste utilizando outras imagens ilustrativas. São apresentadas individualmente 60 figuras em desenhos de linhas. É necessário o caderno de estímulos para aplicação, o qual está contido no manual. Figura 9: Exemplo de itens de teste do TIN (SEABRA; TREVISAN; CAPOVILLA, 2012, p. 54) utilizando outras imagens ilustrativas. c) Teste de Repetição de Palavras e Pseudopalavras (TRPP – Seabra, 2012) Tarefa: Repetir a sequência de palavras após o aplicador. São apresentadas 16 sequências, sendo 8 de palavras e 8 de pseudopalavras. Não há estímulo visual neste teste. O aplicador deve interromper após 2 erros consecutivos e não pode repetir a instrução, ou seja, se a criança por algum motivo pedir para repetir a sequência de palavras, não é possível. Confira na Figura 10 exemplos de itens do TRPP (SEABRA, 2012, p.97). Figura 10: Exemplo de itens de teste do TRPP (SEABRA, 2012, p.97). d) Prova de Consciência Fonológica por Produção Oral (PCFO - Seabra e Capovilla, 2012b) Tarefa: Refletir e manipular mentalmente os sons da fala. São apresentados 10 subtestes, com 2 itens de teste e 4 de treino em cada, 23 totalizando 60 itens. Não há estímulo visual neste teste. O aplicador pode repetir apenas 1 vez a instrução, a pedido da criança. Confira na Figura 11 exemplos de itens da PCFO (SEABRA; CAPOVILLA, 2012b, p.117). Figura 11: Exemplo de itens de teste da PCFO (SEABRA; CAPOVILLA, 2012b, p.117). e) Prova de Consciência Fonológica por escolha de figuras (PCFF - Capovilla e Seabra, 2012) Tarefa: É a mesma tarefa que a PCFO, porém na PCFF há a apresentação de estímulos visuais através de caderno de aplicação individual. É o único teste que avalia LO desta coleção que permite a aplicação coletiva, além da individual. São 63 itens, sendo 2 itens de treino e 5 itens de teste divididos em 9 subtestes. Possui dados normativos para crianças entre 6 e 10 anos. Consciência Fonológica Instrumento de Avaliação Sequencial (CONFIAS; MOOJEN et al., 2015) Trata-se de um teste específico que avalia a CF no nível da sílaba e do fonema em 16 subtestes. Habilidades investigadas: CF Público-alvo: a partir de 4 anos Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: 2 etapas Materiais necessários: Manual, Cadernos de aplicação, Folha de Respostas e Pranchas com estímulos (Kit de aplicação). 24 Consciência fonológica em crianças pequenas (ADAMS et al. 2012) Trata-se de um programa de estimulação que contém, ao final um teste específico que avalia a CF, dividido em 6 subtestes. Habilidades investigadas: CF Público-alvo: pré-escola e 1ª série EFI Tipo de aplicação: coletiva (no máximo 6 crianças na pré-escola e no máximo 15 crianças na 1ª série do EFI), com ajuda de 2 professores. Tempo de aplicação: 30 minutos Materiais necessários: Lápis, caderno de aplicação e folhas de resposta, ambos disponíveis no próprio livro (foto copiáveis). Provas de habilidades metalinguísticas e de leitura (PROHMELE – CUNHA; CAPELLINI, 2009) Trata-se de uma bateria de avaliação que investiga habilidades metalinguísticas e leitura. • Habilidades: CF (16 subtestes) e MF (12 subtestes) • Público-alvo: 1ª a 4ª série do EFI • Tipo de aplicação: individual • Tempo de aplicação: indefinido • Materiais necessários: Manual de aplicação e folhas de resposta disponível no próprio livro (foto copiável). Protocolo de avaliação de habilidades cognitivo-linguísticas (PAHCL – CAPELLINI et al, 2017) Trata-se de uma bateria de avaliação que investiga habilidades de leitura, escrita, habilidades metalinguísticas, processamento auditivo, processamento visual, velocidade de processamento e raciocínio lógico. Possui 2 versões para aplicação, uma individual e uma coletiva. A versão individual é completa, ou seja, investiga todas as habilidades citadas anteriormente. Já na versão coletiva, apenas as habilidades de escrita, processamento visual e raciocínio lógico são investigadas. 25 Habilidades: CF (3 subtestes), MF (1 subteste), DF (1 subteste) e Nomeação (2 subtestes). Público-alvo: 1º ao 5º ano do EFI Tipo de aplicação: versão individual Tempo de aplicação: indefinido Materiais necessários: Manual, caderno de aplicação e folhas de resposta, disponíveis no próprio livro (foto copiáveis). 2.2.2. Instrumentos de avaliação da leitura – Reconhecimento de palavras Serão apresentados 6 instrumentos de avaliação não-restritos para avaliação do componente RP. A maioria deles investiga também as estratégias de leitura utilizadas pela criança (logográfica, alfabética e ortográfica). A Figura 12 demonstra o desenvolvimento dasestratégias de leitura, com base em Brasil (2007). Figura 12: Desenvolvimento das estratégias de leitura, com base em Brasil (2007). Conforme vimos no tópico teórico sobre LO e leitura, o desenvolvimento das estratégias de leitura está associado ao desenvolvimento das rotas fonológica e lexical. Pela rota fonológica (decodificação) é desenvolvida a 26 estratégia alfabética de leitura, por exemplo na leitura de palavras novas, longas ou pseudopalavras, como ‘esternocleidomastóideo’. Pela rota lexical (reconhecimento direto) é desenvolvida a estratégia ortográfica de leitura, por exemplo na leitura de palavras familiares e irregulares como ‘casa’, ‘boxe’ e ‘era’. Anteriormente ao desenvolvimento de tais estratégias de leitura, que demandam o ensino explícito e sistemático das CG, as crianças se utilizam da estratégia logográfica de leitura, que se utiliza das pistas visuais e contextuais da palavra, por exemplo, na escrita da logomarca ‘Coca-cola”. Muito provavelmente, uma criança que leia somente pela estratégia logográfica, será incapaz de ler a palavra se estiver grafada com letra bastão, ou qualquer outra letra que não seja aquela da própria logomarca. Teste de Competência de Leitura de Palavras e Pseudopalavras (TCLPP – SEABRA; CAPOVILLA, 2010a) Trata-se de um teste específico de RP. Contém 78 itens, sendo 70 de teste e 8 de treino. Possui 7 tipos de itens/ características das palavras: correta regular, troca semântica, pseudopalavra estranha, troca visual, troca fonológica, correta irregular e pseudopalavra homófona. Habilidades: RP e pseudopalavras; Estratégias de leitura. Público-alvo: 1ª a 4ª série do EFI Tipo de aplicação: individual ou coletiva Tempo de aplicação: de 20 a 30 min. Materiais necessários: Instrução para aplicador, caderno de aplicação (comercializados a parte pelo site da editora) e folha de respostas. Teste de desempenho escolar (TDE – STEIN, 1994) Trata-se de uma bateria de avaliação das habilidades acadêmicas básicas: leitura, escrita e aritmética. Habilidades: RP isolados de contexto. Público-alvo: 1ª a 6ª série do EFI Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: de 20 a 30 min. 27 Materiais necessários: Manual, caderno de aplicação e ficha do examinador (Kit de aplicação). Provas de avaliação dos processos de leitura (PROLEC – CAPELLINI; MARQUES; CUETOS, 2014) Trata-se de um teste específico composto por 4 subtestes: identificação de letras, processos léxicos, sintáticos e semânticos. Traz também sugestões para estimulação em cada um dos processos. Habilidades: Processos léxicos, que incluem avaliação de RP e pseudopalavras e estratégias de leitura. Público-alvo: 2º ao 5º ano do EFI Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: indeterminado Materiais necessários: Manual, caderno de aplicação e folha de respostas (Kit de aplicação). Avaliação de Leitura de Palavras e Pseudopalavras Isoladas (LPI - SALLES, PICCOLO, MINÁ, 2017) Trata-se de um teste específico que faz parte da Coleção ANELE (Avaliação Neuropsicológica da Leitura e Escrita). Os demais volumes da coleção ANELE ainda serão lançados pela editora e incluem outros 4 volumes, os quais abordam habilidades de FL e CL em crianças e adolescentes, e habilidades de leitura e escrita de palavras e pseudopalavras em adultos e idosos. Habilidades: RP e pseudopalavras; Estratégias de leitura. Público-alvo: 1º a 7º ano do EFI Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: 15 min. Materiais necessários: gravador de áudio, manual para aplicador, livro de estímulos I e II e folha de respostas (Kit de aplicação). Confira o vídeo de apresentação do PROLEC pela Dra Simone Capellini: https://www.youtube.com/watch?v=qOPhoaRJtPo 28 Demais instrumentos já apresentados que também avaliam RP PROHMELE (CUNHA; CAPELLINI, 2009) PAHCL (CAPELLINI et al., 2017) 2.2.3. Instrumentos de avaliação da compreensão de leitura Serão apresentados 6 instrumentos de avaliação não-restritos para avaliação do componente CL de palavras, frases e textos. Compreensão de leitura de palavras e frases: provas de avaliação para escolares em início de alfabetização (OLIVEIRA; CAPELLINI, 2014) Trata-se de um teste específico composto por 3 subtestes: CL palavra, CL sentença escrita e CL sentenças a partir de figuras. Habilidades: Compreensão de leitura de palavras e frases Público-alvo: 2º ano do EFI Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: indeterminado Materiais necessários: Manual, caderno de aplicação e folha de resposta (foto copiável). Teste Contrastivo de Compreensão auditiva e de Leitura (TCCAL – CAPOVILLA; SEABRA, 2013) Trata-se de um teste específico que avalia CL. Faz parte da Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 3) que apresenta 2 outros testes para avaliar escrita e aritmética. Habilidades: CL x compreensão auditiva de frases. Público-alvo: 6 a 11 anos Tipo de aplicação: individual ou coletiva Tempo de aplicação: 2 etapas, em dias diferentes, média de 20 min cada. Materiais necessários: Instrução para aplicador, caderno de aplicação (comercializados a parte pelo site da editora) e folha de respostas. 29 Cloze: um instrumento de diagnóstico e intervenção (SANTOS; BORUCHOVITCH; OLIVEIRA, 2009) Trata-se de um livro teórico sobre a técnica Cloze para avaliação e/ou intervenção na compreensão de textos. Apresenta estudos e indicações de onde encontrar os textos já utilizados em pesquisas. Habilidades: CL em textos lacunados Público-alvo: a partir do EFI Tipo de aplicação: individual ou coletiva Tempo de aplicação: variado. Materiais necessários: seleção de um texto e aplicação da técnica. Avaliação da compreensão leitora de textos expositivos (SARAIVA; MOOJEN; MURARSKI, 2009) Trata-se de um teste específico composto por 4 subtestes: itens pré e pós leitura e durante a leitura silenciosa e oral. Habilidades: CL de textos silenciosa e oral Público-alvo: a partir da 2ª série do EFI Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: de 20 a 30 min. Materiais necessários: Manual, caderno de aplicação, ficha do examinador com figura e texto e cronômetro (Kit de aplicação). Protocolo de avaliação da compreensão de leitura (PROCOMLE – CUNHA; CAPELLINI, 2014) Trata-se de um teste específico composto por 2 subtestes: textos narrativo e expositivo (antes e depois da intervenção) Habilidades: CL de textos. Público-alvo: 3º ao 5º ano do EFI Tipo de aplicação: individual ou coletiva Tempo de aplicação: 2 etapas, 40 min cada, em dias diferentes. Materiais necessários: Manual, caderno de aplicação e folha de respostas (Kit de aplicação com CD para impressão). 30 Demais instrumentos já apresentados que também avaliam CL PROLEC (CAPELLINI; MARQUES; CUETOS, 2014) PAHCL (CAPELLINI et al., 2017) 2.3. Aspectos teóricos específicos da escrita e avaliação da grafia e produção de textos Antes de conhecermos os instrumentos de avaliação não-restritos de escrita, vamos conhecer o modelo componencial da escrita. Como a escrita relaciona-se fortemente com a leitura, muitos dos modelos teóricos que vimos anteriormente sobre a leitura são válidos também para a escrita. A leitura refere- se aos aspectos de compreensão da LE e a escrita refere-se aos aspectos de produção da LE. Já conhecemos os componentes e habilidades que processam a leitura, mas quais seriam os da escrita? O modelo de processamento da escrita organizado em componentes menores apresentado a seguir foi adaptado, com finalidade didática para esta disciplina, e retirado do modelo de processamento da leitura elaborado por León, Pazeto, Dias e Seabra (2015b, p. 170), com base no modelo de processamento da LE propostona revisão de Dias e Oliveira (2013). A Figura 13 apresenta este modelo componencial da escrita. Figura 13: Modelo componencial da escrita adaptado e retirado de León et al. (2015b, p. 170) com finalidade didática para a disciplina, com base na revisão de Dias e Oliveira, 2013. 31 A escrita envolve três componentes: codificação gráfica ou ortografia, produção ou composição, e caligrafia ou grafia. A codificação gráfica depende de diversas habilidades anteriores e já explicadas de forma detalhada no modelo componencial da leitura, são elas: CF, PA e CG. A codificação gráfica pode ocorrer pela via fonológica, na qual há a conversão grafofonêmica. Inicialmente as crianças escrevem pela via fonológica e, com a sua prática e compreensão das regras ortográficas, as crianças podem escrever também pela via lexical. Assim, como na leitura, a escrita fonológica ocorre para palavras novas e pseudopalavras e a escrita lexical ocorre para palavras familiares e irregulares. O treino de escrita por ambas as vias melhora a fluência da escrita (ritmo e velocidade, com precisão). A produção textual é uma habilidade mais complexa, que depende do desenvolvimento de todas as habilidades e componentes anteriores, incluindo habilidades de vocabulário, entre outras habilidades da LO, como processos sintáticos, semânticos e pragmáticos, etc., e processos cognitivos, como atenção seletiva, planejamento e memória de trabalho, entre outras funções executivas, além de capacidade de sequenciamento de ideias, entre outras. E, nada disso seria possível, sem o auxílio da caligrafia. Tanto os componentes de codificação gráfica, quanto de produção textual, dependem do componente da caligrafia para se desenvolver. A caligrafia refere-se aos aspectos gráficos da escrita, portanto envolve a coordenação motora fina. Este componente só se desenvolve por meio de treino, pois assim como a leitura, a escrita é uma aquisição e não um processo natural. Portanto, é importante que se ensine as crianças a grafar as letras cursiva, bastão e imprensa, maiúscula e minúscula. Em relação ao desenvolvimento dessas habilidades, pode-se considerar também de forma sintética que se ensine as crianças a caligrafia, a codificação gráfica e a produção textual, iniciando com letras, palavras, frases, parágrafos e, por fim, textos. Então, supondo que uma criança apresente dificuldades na habilidade mais complexa, que é a produção textual, qual deveria ser o raciocínio, considerando o modelo componencial da escrita? A Figura 14 apresenta este raciocínio, iniciando por aspectos sensoriais (sempre!), até se chegar em habilidades mais complexas, como as executivas. Deve-se seguir as mesmas orientações que tratamos nos casos apresentados no tópico de processamento da leitura. 32 Figura 14: Exemplo de raciocínio a ser utilizado pelo professor diante de uma criança com dificuldade numa habilidade relacionada à escrita, considerando o modelo componencial da escrita apresentado neste tópico. Em relação aos testes disponíveis, como se trata de uma habilidade mais complexa, não há instrumentos padronizados, que se tenha notícia até a data de publicação desta apostila, de avaliação da caligrafia, há um de produção de texto e vários de codificação gráfica. Apresenta-se a seguir o único instrumento padronizado identificado para avaliação da produção textual. Análise da Produção Escrita de Textos (APET – FORTE; SCARPA; KUBOTA, 2014) Trata-se de um teste específico por 3 subtestes: questionário, texto narrativo e texto dissertativo-argumentativo para cada ano escolar. Habilidades: produção textual nas competências ortográfica, semântica-lexical, gramatical, textual e pragmática-discursiva Público-alvo: 5º ano do EFI ao 3º ano do EM Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: indeterminado Materiais necessários: Manual, quadro de competências e folha de resposta (ambos disponíveis para download no site da editora). 2.3.1. Instrumentos de avaliação da ortografia Serão apresentados 4 instrumentos de avaliação não-restritos para avaliação da ortografia. O padrão de avaliação é por meio de ditado de palavras 33 e pseudopalavras. Diferentemente dos demais testes, nos quais, quanto maior a pontuação, maior o desempenho, nestes, o padrão é o oposto, ou seja, quanto maior a pontuação no ditado, maior o número de erros, portanto, pior o desempenho. Prova de Escrita sob Ditado – versão reduzida (PED-vr; SEABRA; CAPOVILLA, 2013) Faz parte da Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 3) que apresenta outros testes. Habilidades: escrita sob ditado de palavras e pseudopalavras (36 itens). Público-alvo: 6 a 11 anos Tipo de aplicação: individual ou coletiva Tempo de aplicação: 20 a 30 min. Materiais necessários: Instrução para aplicador e folha pautada dividida em 3 colunas. Ditado Balanceado (DB - MOOJEN, 2015) Trata-se de um teste específico contido num material que traz também sugestões de estimulação da ortografia. Habilidades: escrita sob ditado de palavras (50 itens) Público-alvo: 3ª a 8ª série do EFI Tipo de aplicação: individual ou coletiva Tempo de aplicação: indeterminado Materiais necessários: Instrução para aplicador, lápis e folha não pautada para a criança. Demais instrumentos já apresentados que também avaliam CL TDE (STEIN, 1994) PAHCL (CAPELLINI et al., 2017) 2.4. Aspectos teóricos específicos: competência aritmética 34 Um dos primeiros aspectos que precisa ser esclarecido é a diferença entre os conceitos de matemática e aritmética. Matemática é um conceito mais amplo que inclui aritmética, geometria, álgebra e trigonometria, entre outras áreas, a qual deveria ser ensinada, tendo tanta relevância, quanto a leitura e a escrita em idade escolar. Já a aritmética é o “estudo das propriedades dos números e das operações que podem ser realizadas com eles” (DIAS; SEABRA, 2013c, p. 76). Diversos modelos oriundos da Psicologia Cognitiva surgiram na tentativa de explicar os componentes e as habilidades que participam do processamento normal e alterado da CA (DIAS; SEABRA, 2013c), por exemplo, os modelos de McCloskey, Caramazza e Basili (1985), Geary (2004), Menon (2010); Dehaene (2012). Há relativo consenso entre os modelos da participação de dois ou três conjuntos de habilidades, como por exemplo, o processamento numérico e o cálculo (SEABRA; LEÓN; TREVISAN, no prelo). Para McCloskey et al. (1985), o processamento numérico refere-se a habilidades mais básicas, como a compreensão e a produção de símbolos e números (ex. % & 51); a recuperação de fatos aritméticos (automatização da tabuada e soma); e a leitura, a escrita e a contagem de números. E, cálculo refere-se a habilidades mais complexas, como, processamento dos símbolos matemáticos operacionais e execução de cálculos com mais dígitos (ex. 635 x 436; DIAS; SEABRA, 2013c). Para Menon (2010), cálculo “envolve sequenciamento, encadeamento de operações, grande demanda sobre memória de trabalho, atenção e processamento visoespacial” (DIAS; SEABRA, 2013c, p. 77). Mais recentemente novos modelos têm surgido considerando uma habilidade anterior ao processamento numérico e ao cálculo, chamada senso numérico (DEHAENE, 2012). O senso numérico refere-se à capacidade de “representar e manipular magnitudes numéricas de forma não-verbal em uma linha numérica internalizada” (iABCD, 2015, p. 8). É considerada uma habilidade não exclusiva dos humanos, havendo exemplos com pássaros e seus ovos; e leões e grupos de predadores. Dantzig (2007, apud iABCD, 2015, p. 8) tem uma fábula muito interessante sobre o senso numérico em pássaros: “Certa vez, um urubu fez um ninho na torre da capela de uma fazenda. O fazendeiro resolveu matá-lo. Mas toda vez que entrava na torre, o urubu voava atéuma árvore distante e de lá, com a sua vista de grande 35 alcance, esperava até o homem sair da torre, quando voltava para o ninho. O fazendeiro resolveu, então, entrar com um empregado, permanecendo lá dentro e mandando o empregado sair. O urubu, porém, não se deixou enganar: ficou na árvore e só voltou quando o fazendeiro saiu da torre. O homem não desistiu e entrou com dois empregados na torre, ficando lá novamente, enquanto os dois saíam. Ainda não foi dessa vez que o urubu caiu na armadilha, esperando a saída do fazendeiro. E assim, repetidamente, o patrão tentou a manobra com três, quatro empregados sem conseguir nada. Só quando entrou com cinco, o urubu voltou ao ninho, ao ver sair o quarto empregado. O seu ‘senso numérico’ só ia até quatro, e, por não saber contar mais que isso, acabou caindo na armadilha” (Dantzig, 2007, apud iABCD, 2015, p. 8). Vamos adotar o Modelo do Código Triplo de Dehaene (2012) para compreender como as habilidades mencionadas anteriormente encontram-se relacionadas. A Figura 15 apresenta o modelo componencial da CA elaborado com finalidade didática, com base no Modelo do Código Triplo proposto por Dehaene (2012, p. 31). Figura 15: Modelo componencial da CA elaborado com finalidade didática, com base no Modelo do Código Triplo proposto por Dehaene (2012, p. 31). De acordo com o modelo, há um sistema pré-verbal da CA que representa mentalmente informações analógicas de magnitude, por exemplo, com a capacidade do senso numérico. Habilidade inata em seres humanos, que envolve senso de magnitude (comparação de quantidades de objetos iguais por tamanho ou posição), cardinalidade (ordenação maior-menor), comparação (entre objetos para fazer julgamento), medição (associação de grandezas físicas 36 com unidades, ex. peso-kg) e aproximação/ estimativa (ex. 8+5 está mais próximo de 12 ou 23?; iABCD, 2015). Posteriormente, desenvolvem-se 2 sistemas verbais da CA: um sistema que representa mentalmente informações auditivas e verbais através da verbalização ou audição dos números, por exemplo, /treze/. Este sistema é utilizado na contagem verbal de 1 a 10 ou em sequência numerais com 2 algarismos ou mais e na recuperação automática de fatos aritméticos. E outro sistema, representa mentalmente informações visuais arábicas, ou seja, da forma numérica, por exemplo, ‘13’. Este último sistema permite a leitura e escrita dos números arábicos, a realização de cálculo e compreensão das noções de paridade. A aquisição da CA deveria ocorrer nesta sequência, de forma sintética, respeitando o grau progressivo de dificuldade e desenvolvimento dos sistemas analógico, auditivo-verbal e visual, os quais estão associados com a aquisição das habilidades de leitura e escrita, já apresentadas anteriormente. De maneira geral, há carência de instrumentos de avaliação padronizados e normatizados de CA, que se tenha notícia até a data de publicação desta apostila. Foi identificado apenas um instrumento padronizado para avaliação de todos os componentes da CA e três que avaliam apenas os demais componentes. 2.4.1. Instrumentos de avaliação da competência aritmética Serão apresentados 4 instrumentos de avaliação não-restritos para avaliação da CA. Eles podem avaliar senso numérico, processamento numérico e/ ou cálculo. Para aprofundamento sobre o modelo do Código Triplo leia na íntegra o artigo “Varieties of numerical abilities” (tradução: Variedades de habilidades numéricas) de Dehaene (2012). Sugere-se também como alternativa a leitura do artigo “Linguagem e matemática: estudo sobre relações entre habilidades cognitivas linguísticas e aritméticas” de Freitas, Ferreira e Haase (2010). 37 Coruja Promat (WEINSTEIN, 2016) É um roteiro para a sondagem das habilidades matemáticas nos anos iniciais do EFI. Habilidades: senso numérico, processamento numérico e cálculo. Público-alvo: 1o ao 5o ano do EFI Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: 60 a 90 min. Materiais necessários: Manual de aplicação, caderno de estímulo (impresso e online), caderno de aplicação e folha de respostas. Prova de Aritmética (PA - SEABRA; MONTIEL; CAPOVILLA, 2013) Faz parte da Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 3) que apresenta outros testes. Habilidades: Processamento numérico e cálculo Público-alvo: 6 a 11 anos Tipo de aplicação: individual ou coletiva Tempo de aplicação: 20 a 30 min. Materiais necessários: Instrução para aplicador e caderno de aplicação (comercializados a parte pelo site da editora). Demais instrumentos já apresentados que também avaliam CA TDE (STEIN, 1994) PAHCL (CAPELLINI et al., 2017) 2.5. Aspectos teóricos específicos: funções executivas As funções executivas (FE) têm sido estudadas mais recentemente no contexto escolar, ressaltando a importância de práticas didáticas com o enfoque Confira o vídeo de apresentação do Promat pela Dra Mônica Weinstein: https://www.youtube.com/watch?v=w1llYG6SRL8 38 no desenvolvimento de habilidades que preparam as crianças para a vida e não no simples ensino de conteúdos. Não há muita clareza na literatura em relação à sua definição, porém a certo consenso de que as FE referem-se ao conjunto de habilidades mentais que permite ao indivíduo engajar-se em comportamentos orientados a objetivos (GAZZANIGA et al, 2006). Elas estão presentes em comportamentos mais simples, desde ligar um computador, quando isso é uma novidade, até os mais complexos, como compreender um texto. São recrutadas para a realização de comportamentos complexos, que nos permitem agir de forma mais adaptativa e objetiva no mundo (GAZZANIGA et al, 2006). Por exemplo, no gerenciamento de emoções, no cumprimento de regras, e no exercício da criatividade. Para a Diamond (2013), uma das grandes pesquisadoras da área no mundo, as FE “referem-se à família de funções mentais que precisamos quando talvez não seja recomendável ou suficiente agir de forma automática”. Por exemplo, quando estamos aprendendo/ adquirindo uma nova habilidade, como aprender a dirigir ou cozinhar. Nesses casos, recrutamos várias FE para ser capaz de realizar tais ações. Quando já dominamos/ automatizamos tais habilidades, já não recrutamos mais as FE com essas finalidades, liberando-as para outras habilidades mais complexas, como dirigir se guiando pelo aplicativo de mapas ou realizar uma receita mais elaborada. Há na literatura sobre FE diversas formas de classificá-las (ex. quentes ou frias; básicas e complexas, etc), há discussões sobre seus componentes (se são uma única função ou um conjunto e funções), mas o modelo teórico mais atual é o proposto por Diamond (2013), o qual estudaremos nesta disciplina. A Figura 16 apresenta o modelo componencial das FE, adaptado com finalidade didática por Costa (2015), baseado em Diamond (2013, p.41). De acordo modelo componencial das FE (Diamond, 2013), elas se dividem em componentes básicos e complexos. As FE básicas são Memória operacional ou Memória de Trabalho (MT), Controle Inibitório (CI) e Flexibilidade Cognitiva (FC) e as complexas são planejamento, resolução de problemas e raciocínio. As FE Para aprofundamento sobre o modelo componencial das FE, leia na íntegra o artigo de revisão “Executive Functions” de Diamond (2013). 39 básicas dão suporte para o desenvolvimento das FE complexas. Vamos compreender melhor cada uma delas. Figura 16: Modelo componencial das FE, adaptado com finalidade didática por Costa (2015), baseado em Diamond (2013, p.41). Em linhas gerais, o primeiro componente, MT, refere-se à capacidade de manter e manipular informações mentalmente, por exemplo, para realizar cálculos matemáticos, relacionar uma ideia a outra ou compreender a leitura de textos. Ela pode ser classificadaem MT verbal e MT Visuoespacial. A MT verbal relaciona-se a manipulação de informações verbais, por exemplo em atividades de CF, e a MT Visuoespacial relaciona-se com a manipulação de informações visuais, por exemplo, na cópia de textos da lousa. A MT relaciona-se com o CI. O segundo componente, CI, envolve o controle de diversas habilidades (atenção – controle às interferências, comportamento, pensamentos e emoções – inibição de respostas) para superar uma forte predisposição interna ou um estímulo externo, a fim de fazer o que é mais apropriado ou necessário socialmente. O CI permite ao indivíduo interromper processos e comportamentos automáticos com o objetivo de mudar e escolher melhores reações e comportamentos (monitoramento). O terceiro componente, FC, refere-se inicialmente à capacidade do indivíduo de tomar diferentes perspectivas, tanto quanto mudar o foco atencional entre tarefas. Para tanto, é necessário inibir uma perspectiva predominante e 40 ativar na uma perspectiva diferente. Assim, a FC requer e se baseia em componentes anteriores, como CI e MT. Também a FC tem sido associada à capacidade de pensar ‘fora dos padrões’, capacidade criativa. Os componentes Raciocínio e Resolução de problemas são considerados sinônimos de inteligência fluída, que envolve a capacidade de raciocínio indutivo e dedutivo. E o componente planejamento, envolve o recrutamento das FE básicas para organizar as etapas de um evento, situações do dia-a-dia ou objetivos de curto, médio e longo prazo. Pode contar com o uso de recursos externos, como o uso de agenda, calculadora, post it, listas, calendários, etc. 2.5.1. Funções executivas e desempenho escolar As FE são consideradas como o maestro da orquestra cerebral, na qual gerenciam informações, por exemplo na compreensão de leitura, realização de cálculos matemáticos ou produção escrita. Há evidências da relação entre FE e desempenho escolar. Estudos demonstraram que algumas habilidades executivas, tal como o controle atencional mencionado na descrição do CI, são preditoras de desempenho escolar em disciplinas como linguagem e matemática em crianças pré-escolares e escolares (LEÓN et al, 2013). Outros estudos (BLAIR, 2002; BLAIR; RAZZA, 2007; NORMANDEAU; GUAY, 1998) identificaram que as FE preparam o aluno para a escola, mais do que o QI ou o nível inicial de alfabetização ou matemática. Além, há evidências sugerindo que as FE melhoram o desempenho acadêmico ao longo da trajetória escolar. (BLAIR, RAZZA, 2007; ESPY et al., 2004; GATHERCOLE et al., 2004, GATHERCOLE et al., 2005; MCCLELLAND et al., 2007; PASSOLUNGHI et al., 2007; RAVER et al. 2011; SAVAGE et al., 2006). Para além do desempenho escolar, as FE impactam ao longo da adolescência e vida adulta nos contextos escolar, familiar e social. Por exemplo, o estudo longitudinal realizado por Moffitt et al (2011) acompanhou por volta de Para melhor compreensão do que são as FE, assista o vídeo produzido pelo Centro de Desenvolvimento Infantil (CDC), da Universidade de Harvard, traduzido e disponibilizado pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV): https://www.youtube.com/watch?v=6gIY_X9IXH8 41 1.000 crianças nascidas na mesma cidade e no mesmo ano por 32 anos (taxa de retenção de 96%). Controladas as variáveis de QI, gênero, classe social e condições ambientais (família), o estudo identificou que crianças com melhor FE dos 3 aos 11 anos de idade, tiveram maior propensão a continuar os estudos na adolescência e menos propensão a fazer escolhas arriscadas ou a entrar no mundo das drogas. Ainda, 30 anos depois os mesmos sujeitos foram reavaliados e os resultados indicaram que aqueles com melhor FE na infância, tinham melhor saúde física e mental do que os demais. Estes resultados reforçam a importância de se promover habilidades de FE desde a infância. Corroborando os achados de Moffitt et al (2011), estudos anteriores já sinalizavam que as FE auxiliam a obter sucesso profissional (PRINCE et al. 2007), sendo importantes para a harmonia matrimonial. (EAKIN et al. 2004), além de contribuir para reduzir incidência posterior de agressão e comportamento antissocial. (NAGIN; TREMBLAY 1999). Considerando a relevância das FE em diversos contextos, sua avaliação e intervenção são extremamente importantes. 2.5.2. Instrumentos de avaliação das Funções Executivas Serão apresentados 8 instrumentos de avaliação não-restritos para avaliação das FE, sendo que 4 deles fazem parte da Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 1 – SEABRA; DIAS, 2012) que apresenta outros testes que investigam funções executivas e atenção e 2 fazem parte da Coleção Tarefas para avaliação Neuropsicológica (vol 1 – FONSECA, PRANDO, ZIMMERMANN, 2016). Teste de Atenção por Cancelamento (TAC – MONTIEL; SEABRA, 2012a) Faz parte da Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 1). O TAC contém 3 subtestes. Habilidades: Atenção seletiva e alternada Público-alvo: 5 a 14 anos Tipo de aplicação: individual ou coletiva 42 Tempo de aplicação: média de 10 min. por conta das instruções e treinos, sendo 1 min. para cada subteste. Materiais necessários: Instrução para aplicador e caderno de aplicação (comercializados a parte pelo site da editora). Teste de Trilhas parte A e B (TT – MONTIEL; SEABRA, 2012b) Faz parte da Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 1). O TT contém 3 subtestes: letras, números e ambos alternados. Habilidades: FC Público-alvo: 6 a 14 anos Tipo de aplicação: individual ou coletiva Tempo de aplicação: média de 10 min. por conta das instruções e treinos, sendo 1 min. para cada subteste. Materiais necessários: Instrução para aplicador e caderno de aplicação (comercializados a parte pelo site da editora). Teste de Trilhas para Pré-escolares (TTP - TREVISAN; SEABRA, 2012) Faz parte da Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 1). O TTP contém 2 subtestes: cachorrinhos e ossinhos. Habilidades: FC Público-alvo: 2 a 6 anos Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: livre Materiais necessários: Instrução para aplicador e caderno de aplicação (comercializados a parte pelo site da editora). 43 Teste da Torre de Londres (ToL – SEABRA et al., 2012) Faz parte da Coleção Avaliação Neuropsicológica Cognitiva (vol 1). O TTP contém 12 subtestes. Habilidades: Planejamento Público-alvo: 11 a 14 anos Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: livre Materiais necessários: Instrução para aplicador, caderno de aplicação (comercializados a parte pelo site da editora) e a torre de madeira (comercializada em lojas de brinquedos educativos e jogos). Teste informatizado para a Avaliação das Funções Executivas – TAFE (FREITAS; SEABRA, 2014) Ainda não está disponível, mas poderá ser utilizado em tablets para aplicação individual. Habilidades: MT, FC e CI Público-alvo: 4 a 10 anos Teste Hayling Infantil (THI - SIQUEIRA et al, 2016) Faz parte da Coleção Tarefas para avaliação Neuropsicológica (vol 1). A coleção apresenta 5 testes mais complexos, que avaliam FE e LO. Neste tópico serão apresentados apenas 2 deles. O THI contém 2 subtestes: congruentes e não congruentes. Habilidades: CI, FC e Velocidade de processamento Público-alvo: 6 a 12 anos Tipo de aplicação: individual Tempo de aplicação: livre Materiais necessários: Instrução para aplicador e folha de registro (disponível para download gratuito pelo site da editora), além de um cronômetro. 44 Geração Aleatória de Números (GAN - JACOBSEN et al, 2016) Faz parte da Coleção Tarefas para avaliação Neuropsicológica (vol 1). O GAN contém 2 subtestes que variam em relação ao ritmo (2 seg e 1 seg, com duração de 90 seg cada). Habilidades: MT verbal Público-alvo:
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