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Megaeventos_esportivos_e_seus_impactos_n

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CICLO DE DEBATES EM 
ESTUDOS OLÍMPICOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
REITOR 
Prof. Dr. Josué Modesto dos Passos Subrinho
VICE-REITOR 
Prof. Dr. Ângelo roberto Antoniolli
EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
COORDENADOR DO PROGRAMA EDITORIAL
Péricles Morais de Andrade Júnior
COORDENADORA GRÁFICA
Germana Gonçalves de Araújo
CONSELHO EDITORIAL
Antônio Ponciano Bezerra Maria José Nascimento Soares
Dilton Cândido Santos Maynard veruschka vieira Franca
Eduardo oliveira Freire vera Lúcia Corrêa Feitosa
Lêda Pires Corrêa rosemeri Melo e Souza
Maria Batista Lima ricardo Queiroz Gurgel
Maria da Conceição v. Gonçalves
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Antonio de Freitas Lima
CAPA
 
Cidade Universitária José Aloísio de Campos
CEP - 490100-000 - São Cristóvão - SE
telefone: 2105.6920 - 21056922 - 21056923 - e-mail: editora@ufs.br 
São CriStóvão, 2012
Organizadores:
Ailton Fernando Santana de oliveira
Marcelo de Castro Haiachi
CICLO DE DEBATES EM 
ESTUDOS OLÍMPICOS
SUMÁrio
APrESENtAÇão ..................................................................................................... 7
oS iMPACtoS DoS MEGAEvENtoS ESPortivoS NAS PoLÍtiCAS 
ECoNÔMiCAS E No MEio AMBiENtE ................................................... 11
MEGAEvENtoS ESPortivoS E SEUS iMPACtoS NoS EStADoS 
PEriFÉriCoS: o CASo DE JUiZ DE ForA, M.G. ..............................................33
GrANDES EvENtoS, GrANDES NEGóCioS? UMA rEFLEXão 
SoBrE rEPErCUSSÕES DoS GrANDES EvENtoS ESPortivoS No 
BrASiL A PArtir Do QUE É vEiCULADo PELA MÍDiA ................ 43
CoNtriBUiÇÕES DA EStÁtiStiCA BÁSiCA PArA o DESENvoLviMENto 
Do ESPortE No BrASiL ..................................................................................... 57
ESPortE E SEU DESENvoLviMENto: CoMo ACoMPANHAr A 
EvoLUÇão DAS PoLÍtiCAS ESPortivAS .................................................... 75
AS MANiFEStAÇÕES Do ESPortE EM tEMPoS AtUAiS:UMA 
rEFLEXão DiALÉtiCA ................................................................................... 87
iNiCiAÇão MotorA DESPortivA: UMA ProPoStA DE APLiCAÇão
................................................................................................................................... 101
ESPortE PArAoLÍMPiCo PArA ALÉM Do “oUro” ............................... 107 
CorriDAS DE rUA. ASPECtoS HiStóriCoS, MEtoDoLóGiCoS E 
orGANiZACioNAiS. .......................................................................................... 129
HANDEBoL EM CADEirA DE roDAS: oriGENS E EvoLUÇão.. ......... 145
BADMiNtoN: PrAtiQUE ESSA iDÉiA.. ......................................................... 163
Do SiMPLES ANDAr DE BiCiCLEtA Ao NÍvEL DoS JoGoS oLÍMPiCoS: UM 
EStUDo DE CASo DENtro Do ProJEto PEDALANDo PArA o FUtUro
................................................................................................................................... 171
ANÁLiSE oBSErvACioNAL DA toMADA DE DECiSão EM AtAQUE 
PoSiCioNAL DE JoGADorES DE HANDEBoL EM EStAPAS DE ForMAÇão
................................................................................................................................... 189
APPLiED viDEo tECHNoLoGY iN PHYSiCAL EDUCAtioN AND SPortS
................................................................................................................................... 207
7
APRESENTAÇÃO
o esporte no mundo contemporâneo tem demonstrado seu valor 
não só pelos aspectos sociais, quando ganha cada dia mais adeptos, seja 
em busca da performance ou do lazer, mas também por seu impactos 
econômicos e políticos, unindo povos e estabelecendo marcos de 
referência global por meio de megaeventos como olimpíadas, copas do 
mundo de futebol e campeonatos esportivos continentais.
torna-se assim, cada dia mais espetáculo, reunindo milhões 
de pessoas e arrecadando verdadeiras fortunas. Surgem canais de 
televisão exclusivos, transmitindo 24 horas de atividades esportivas. 
Assim entra em cena o interesse de diversos países no mundo para 
sediar as grandes competições esportivas, que movimentam bilhões de 
dólares, atraem milhões de pessoas e divulgam as cidades ou os países 
no mundo inteiro, haja vista, o exemplo de Barcelona, Atlanta, Sydney 
e Grécia com as olimpíadas e Alemanha e África do Sul com as últimas 
copas do mundo.
o Brasil, seguindo tendências internacionais, tem sediado megaeventos 
esportivos continentais nos últimos anos, destacando-se os Jogos 
Panamericanos e o Para-panamericanos, na cidade do rio de Janeiro em 
2007, e se prepara para entrar no restrito bloco de países líderes de grandes 
eventos globais, sediando os Jogos Mundiais Militares de 2011, a Copa do 
Mundo de Futebol 2014 e os Jogos olímpicos e Paraolímpicos de 2016, 
entre outros eventos de menor porte.
Além do estímulo à prática esportiva propriamente dita, os meios 
de comunicações propagam de forma contraditória aos interesses da 
classe trabalhadora, respaldados muitas vezes em estudiosos da área, 
que a preparação para a realização desses grandes eventos impulsionará 
diferentes setores da economia, airmando a necessidade de projetos de 
obras de infraestrutura, transporte, comunicação, etc., cujos interesses 
atendem somente a dinâmica econômica em cadeia, com efeitos nas 
indústrias e organizações especíicas; ao comércio que o distribui aos 
interesses do turismo, das empresas prestadoras de serviços; respondendo 
a todos os setores vinculados a venda do esporte, direto e indiretamente. 
Enim, estabelecem agendas de propagandas com o objetivo de atrair o 
8
público, turistas, capital inanceiro, em nome do desenvolvimento social e 
econômico do país, antes, durante e após evento.
Nesses termos, os bens culturais, como o esporte e lazer, são inseridos 
como mercadorias (MArX, 2002), passando a assumir cada vez mais 
uma característica proissional de promoção de negócios e com ins 
lucrativos, sendo ainda utilizados como instrumentos privilegiados de 
controle social e de legitimação das políticas de interesse do capital, 
tornando-se ramos de negócios dos mais rentáveis, intitulados como 
mercado de serviços, inserindo-se nos tratados de livre comércio.
Por se tratar de um acontecimento com abrangência global, 
com grande destaque em termos de mídia, nível de envolvimento 
inanceiro do setor público e efeitos políticos, há que se considerar 
aspectos relacionados não só ao evento em si, mas também, e talvez 
principalmente, a perspectiva dos seus possíveis impactos e legados. 
Assim, observamos que os debates sobre a construção e deinição 
das políticas públicas nessa área passam a leva em consideração, 
prioritariamente, a realização e cumprimento de tarefas desses 
megaeventos, deixando em segundo plano o preceito constitucional 
que garante a universalização do direito ao acesso aos bens da cultura 
corporal (dança, jogo, ginástica, lutas, etc.), ou seja, o sujeito. Por im 
veriicamos que esse discurso é reproduzido em todas as regiões 
e localidades, produzindo uma cultura de que todos os estados, 
independente de sua localização, são beneiciados.
Por outro lado veriicamos através de pesquisas, uma tendência 
mundial de aumento do sobre peso e da obesidade da população, aqui 
no Brasil, nos últimos cinco anos, temos tido um aumento da obesidade 
de 1% da população a cada ano. Somado ao fato de não conseguirmos 
cumprir com o preceito constitucional da universalização da prática 
esporte, hoje temos cerca de 30% da população brasileira, fora de 
qualquer prática esportiva ou de atividade física.
Nesse sentido, perguntamos – Como a realização de um megaevento 
esportivo pode colaborar para o aumento da prática esportiva e 
como consequência a melhoria da saúde da população brasileira? 
Quais os benefícios que a realização de um megaevento esportivo, 
como copa do mundo e olimpíada, pode trazer aos estados que se 
localizam na periferia dos estados sedes? Já que as verbas públicas 
9
federais podem ser direcionadas para esses eventos. Como esses 
estados podem se organizar no sentido de garantira continuidade de 
políticas universalizantes e estruturantes para sua população? Quais 
vantagens podem conquistar com a realização desses eventos? Como 
o poder público Estadual e Municipal está tratando esse tema? Como 
icará a realização de programa e projetos esportivos, que estimulam 
e promovem a inclusão do indivíduo na pratica esportiva? A partir 
da realização desses megaeventos quais as prioridades das políticas 
esportivas no que se refere ao marco legal estabelecido; a formação 
proissional; ao campo de emprego, as práticas esportivas, aos projetos 
sociais esportivos; e a infraestrutura.
Com o objetivo de encontrar respostas para essas e outras perguntas 
que possa contribuir para o desenvolvimento do esporte no país e no 
estado de Sergipe, é que a Universidade Federal de Sergipe, através 
do Departamento de Educação Física, representada pelo Núcleo de 
Pesquisa em Aptidão Físicae olimpismo de Sergipe - NUPAFiSE 
oLiMPiSMo, estará organizando 06 (seis) Ciclos de Debates, sendo um 
a cada ano, tendo o primeiro em 2011 e o último ciclo em 2016, quando 
teremos a realização dasolimpíadas no Brasil.
Para esse primeiro ciclo, realizado entre os dias 26 a 28 de maio de 
2011, abordou os impactos desses megaeventos nos estados periféricos, 
como o estado de Sergipe, para isso contamos com a presença de 
renomados pesquisadores nacionais e internacionais, tais como:
Professor Dr. Lamartine DaCosta (Universidade Gama Filho/RJ; 
Palestrante da Academia Olímpica Internacional;Membro da Academia 
olímpica Brasileira e Professor visitante da University East London/
UK, envolvida na organização dos Jogos olímpicos de Londres) - 
tratou sobre os impactos desses megaeventos para a economia e para o 
meio ambiente;
Professor Dr. Gylton da Matta (University of Northern Colorado/
USA) - apresentando temas relacionados a tecnologias para o esporte;
Professor Dr. Heglison toledo (Universidade Presidente Antônio 
Carlos – Campus Juiz de Fora/MG) – tratou da experiência de Juiz de 
Fora para a candidatura da cidade sede de treinamento para a Copa do 
Mundo -Training Camping;
10
Prof. Drª Marcia da Silva Campeão (Universidade Federal rural do 
rio de Janeiro/rJ) - abordou um tema ligado ao esporte para pessoas 
com deiciência severa;
Prof. Décio roberto Calegari (Universidade Estadual de Maringá/
Pr) - tratou da apresentação do handebol em cadeira de rodas.
Completando o quadro de palestrantes tivemos a participação de 
professores ligados ao Departamento de Educação Física da UFS, tais 
como: Prof. Dr. Hamilcar Silveira Dantas Junior, Prof. Dr. robélius De 
Bortoli, Prof. Dr. Afrânio de Andrade Bastos, que trataram de temas 
ligados aos megaeventos esportivose tecnologiasno esporte. o evento 
ainda contou com a realização de oicinas de: Badminton, Corrida de 
rua, Handebol em cadeira de rodas, iniciação motora desportiva: lutas, 
Prática de atividades esportivas para pessoas com deiciência severa e 
Utilização de ferramentas tecnológicas no esporte.
Aracaju, 09 de maio de 2011.
11
OS IMPACTOS DOS MEGAEVENTOS 
ESPORTIVOS NAS POLÍTICAS 
ECONÔMICAS E NO MEIO AMBIENTE
Palestra proferida pelo prof. Dr. Lamartine Pereira Da 
Costa, durante o i Ciclo de Debates em Estudos olímpicos, 
ocorrida na Universidade Federal de Sergipe
1Universidade Gama Filho/rJ; Palestrante da Academia olímpica 
internacional;Membro da Academia olímpica Brasileira e Professor 
visitante da University East London/UK, envolvida na organização 
dos Jogos olímpicos de Londres.
os megaeventos esportivos nas cidades e nos países sedes é assunto 
de relevância e ultrapassa o setor do esporte, tornando-se de interesse 
da sociedade, e de políticas em geral do país, passando a ser tema e 
debates sobre os seus impactos nos setores econômicos e ambientais. os 
dois principais eventos, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos olímpicos 
de 2016, ocorrerão aqui no Brasil, portanto a Confederação Brasileira de 
Futebol - CBF e o Comitê olímpico Brasileiro – CoB, estão mobilizando 
dezenas de cidades, provavelmente mais de uma centena, que poderão 
ser sub-sede desses eventos e que estão distribuídas pelo país.
iniciamos nossa intervenção, questionando que historia é essa 
de impacto? Em primeiro lugar devemos ter uma ideia geral, que 
megaevento é economia, não é esporte. o esporte é o objeto, mais o 
impacto maior é na economia, muitos não percebem este detalhe, até 
mesmo quem lida com o esporte.As pesquisas sobre meio ambiente e 
esporte no Brasil são muito antigas, provavelmente é a área de maior 
continuidade do mundo, o que em ciência é importante. Em 2012 as 
pesquisas em meio ambiente estarão fazendo 50 anos de tradição.
Paralelo a este tema surge à expressão sustentabilidade, presente 
hoje, na língua comum e está em toda parte, inclusive no esporte e 
na Educação Física. É uma palavra da moda, muita gente não sabe 
exatamente o que é, mas é uma palavra corrente e realmente inluência 
12
nossas intervenções e conhecimento. Aqui vamos tratar da visão mais 
técnica e operacional. Hoje, com relação aos jogos olímpicos podemos 
citar dois caminhos ou escolhas o Brownield e o Greenield, isso 
entra na medula dos Jogos olímpicos de 2016. Sendo um assunto que 
só nas áreas técnicas é explorado, então esse ciclo de debates aqui na 
Universidade Federal de Sergipe - UFS, é o ambiente adequado para 
discutirmos este assunto.
Podemos citar os casos de organizações que desenvolvem projetos 
de sustentabilidade, como é o caso do SESi no Brasil, que é uma 
organização gigantesca, seu produto bruto é igual ao da Costa rica e 
estão enfrentando uma situação de sustentabilidade, já publicaram um 
volume sobre esse tema e o segundo sairá agora em 2011, que trata das 
construções esportivas relacionadas à sustentabilidade. 
o segundo exemplo, é a experiência de Londres, com os Jogos 
olímpicos de 2012, tendência que seguirá nos Jogos olímpicos no 
Brasil de 2016, para vocês verem onde estamos metidos, trata-se das 
instalações não permanentes, que após o evento, é retirada. isso é um 
grande charme da área no momento.
Estudos olímpicos que visa desenvolver conhecimento para análise 
de impactos em megaevento esportivo, tornam-se muito importante, 
assim presto homenagem a UFS, que no seu Departamento de Educação 
Física cria mais um grupo de pesquisa em olimpismo. Esse grupo passa 
a ser o nono grupo de Estudos olímpicos, registrado no CNPq.
OS MEGAEVENTOS E SEUS IMPACTOS
impacto é um efeito que tem dimensões de acordo com a sua 
natureza, por exemplo, a usina atômica lá do Japão, que teve problemas 
recentemente, criou impacto no meio ambiente e no mar em volta de 
todo o país. representou um impacto negativo, visto que, a radiação 
dessa usina atômica conseguiu escapar do sistema de segurança e 
penetrou no meio ambiente local, contaminando peixes, alimentos e a 
própria água.
13
outro exemplo, podemos citar o aumento da temperatura, 
provocado pelo efeito estufa e gerando com isso, modiicações no 
mundo inteiro. No Brasil, Estados Unidos e Japão várias áreas já notam 
as grandes mudanças atmosféricas e é um ponto de concentração (pelo 
menos na minha linha de pesquisa na Universidade Gama Filho). 
impactos devem ser relacionados ao tempo e espaço, evidentemente 
ele pode ser um impacto de curta ou longa duração. A usina de 
Chernobyl na rússia, quando teve um acidente, o impacto negativo 
transcorreu por mais de vinte anos, e até hoje existe reações. Do ponto 
de vista do megaevento esportivo, os impactos mais estudados são os 
da cidade de Barcelona, porque há uma continuidade das pesquisas, 
mostrando com isso que os impactos estão sendo medidos. os impactos 
dos megaeventos dos Jogos olímpicos de Barcelona de 1992 têm sido 
calculados em mais de trinta anos, impressionante isso, foram medindo 
como ocorria no espaço.
todo mundo acha que vai haver uma revolução no turismo do Brasil, 
mas é ignorância, as pessoas não conhecem as informações acadêmicas, 
já sabe que o impacto dos megaeventos no turismo é muito reduzido,ele vem depois,exceto o da Copa do Mundo que é um pouco maior, 
mas nos Jogos olímpicos não tem grande novidade.
Foi o que aconteceu em Barcelona que era a vigésima cidade turística 
do mundo e hoje é a terceira, mas isso ocorreu no transcorrer do tempo. 
Então o que podemos esperar dos impactos nos Jogos olímpicos de 
2016 e da Copa do Mundo de 2014?
Nas construções que estamos acompanhando, nas cidades sedes 
de 2014 e no rio de Janeiro de 2016, e nas demais cidades que serão 
training camping, realmente criam impactos dentro da cidade. Envolver 
a cidade num projeto desse tipo é gerar o desenvolvimento do esporte 
globalmente falando.
Quanto à renovação urbana, temos um exemplo próximo, mas 
poderíamos falar eventualmente em outros países. o impacto da 
renovação urbana é maior que o das construções nas cidades que 
sediaram esses megaeventos esportivos. Por exemplo, na Copa do 
Mundo da África do Sul, a renovação urbana foi melhorada com a 
Copa, muito mais que das construções. A mídia critica o valor das 
14
construções, mas esquece dos impactos positivos em outras áreas, um 
deles é da renovação urbana que é muito importante.
o rio de janeiro hoje demonstra isso, e já visando 2016, a parte 
Sul da cidade transformou-se em canteiro de obras, no momento está 
sendo construídas três linhas novas de Brt (Bus rapid transit), algo 
que substitui o metrô. Só isso justiica o envolvimento do Rio de Janeiro 
com a Copa do Mundo.
As cidades são desordenadas, não estão preparadas para os 
automóveis, todas as nossas cidades são congestionadas, inclusive está 
aqui, Aracaju. Há uma cidade que em breve deve parar completamente, 
que é a cidade de São Paulo, a não ser que ocorra alguma outra coisa. 
A renovação urbana é de grande sensibilidade. Nesse particular o 
governo, está trabalhando nesse tipo de impacto, pelo menos do ponto 
de vista do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
e Social). Quem inancia as obras de renovação urbana no entorno 
dos estádios de 2014 é o BNDS. A verba de renovação é maior que a 
construção dos estádios. Por quê? Porque mexe com as cidades.
Em recife, podemos observar, através de estudos da Universidade 
Federal de Pernambuco – UFPE, que esta envolvida, a cidade, vai ganhar 
uma área adicional, onde estão construindo os estádios, é uma possibilidade 
de uso, tecnicamente se chama de Greenield, onde se faz uma obra em 
um lugar que não existe nada para desenvolver aquela região. isso é um 
impacto positivo e planejado, então a renovação urbana já pode ser citada 
como tal.
No Rio de Janeiro também há um projeto de Greenield na Barra da 
tijuca, onde o local ainda está vazio, e as instalações olímpicas vão atrair 
a cidade para o crescimento daquela região, é por isso que toda a região 
estar com obras de estrutura urbana de transporte. tecnicamente no Brasil 
se chama de mobilidade urbana.
os dois casos mais estudados, que são de maiores impactos no exterior 
são: o de Atenas, cuja modiicação foi no aeroporto, que é um dos grandes 
da Europa atualmente, e todo o sistema de metrô e de estradas também. o 
país todo mudou em função dos Jogos olímpicos de 2004.
Antes de Barcelona, o impacto da mobilidade foi no sistema 
ferroviário da Espanha, onde aproveitou os Jogos olímpicos de 1992, 
15
para mudar todas as ferrovias do país e o sistema de comunicação, hoje, 
a Espanha é um país desenvolvido e grande parte veio com um impacto 
positivo dos jogos de 1992.
Em particular, abro um parêntese nesses impactos, para resolver 
um problema sério aqui no Brasil, que é a crítica aos megaeventos. A 
crítica é a seguinte: pra que se gasta tanto dinheiro nessa história de 
Copa e Jogos olímpicos, se nós não temos escolas? temos escolas mais 
é deiciente, o sistema de saúde é ineiciente. Uma série de problemas 
sociais e gastamos dinheiro com megaeventos? Existe um grande 
equívoco nessa expressão, que precisa ser esclarecido num evento 
desse porte.
o impacto econômico dos jogos, só se compara internacional, com o 
petróleo e diamante, que são os retornos de investimentos maiores que 
existem no mundo, ou seja, em um cálculo feito para os Jogos olímpicos 
de 2000, Sydney teve um cálculo que havia um ganho de 100 dólares 
australianos, para cada dólar que havia sido empregado no país para 
as obras do megaevento. Não existe um investimento que você aplica 
um e ganha cem, a não ser petróleo, roubo ou maconha, portanto a 
sociedade ganha muito com isso.
os economistas riem quando se fala desse negócio de, por que não 
faz escolas no Brasil? Eles riem.
Fizemos um evento no rio de Janeiro do qual surgiu um livro, 
vocês poderão ter acesso gratuitamente pela internet, onde tinha um 
economista alemão e depois no ano seguinte um espanhol, os dois 
considerados um dos maiores do mundo nessa área, e se redimem disso, 
porque eles chamam de custo de oportunidade, pois quando aplicamos 
em usinas e estradas não estamos tirando da escola como imaginamos. 
Usina, estrada e megaevento são formas de investimentos, se eles 
tiverem retorno e trouxerem dinheiro para a sociedade. o dinheiro é 
empregado em benefício da sociedade, é uma situação muito simples, 
mas a mídia não entende isso. E nós como classe não entendemos isso 
e somos sujeitos a criticar.
o PAN de 2007, aquilo foi um escândalo, que até hoje, está ai 
nos tribunais, criando problema para todo mundo. Então não é o 
megaevento é a forma de lidar com o megaevento, se existe corrupção 
16
pode vim de estrada, da energia até da construção de escolas, qualquer 
coisa, o problema é de gestão de governança, nada tem retorno e vai dá 
prejuízo e o quadro passa a ser negativo.
Criam-se “elefantes brancos”, que são custosos para a sociedade, 
como está ocorrendo agora no rio de Janeiro. Começamos mal essa 
história de megaeventos como o PAN, ele não foi um bom exemplo, 
embora tenha um tido uma boa organização esportiva, no econômico 
foi uma tristeza caracterizando uma grande desorganização. Ai sim que 
cabe a crítica, mas do ponto de vista técnico cientíico você criticar uma 
coisa antes que aconteça é um pouco impróprio, então criticar agora os 
Jogos de 2016 não faz sentido.
Não funcionando tal mobilidade urbana, os investimentos do 
governo federal, que são gigantescos, em especial nas doze cidades que 
sediarão a Copa do Mundo de 2014, se nisso houver corrupção que 
muita gente já esta dizendo, cabe justamente a crítica e sabemos que 
não funcionou adequadamente a parte de planejamento. É preciso criar 
essa diferença para não perdermos tempo e criticar uma coisa que não 
sabemos bem o que está acontecendo.
Além do impacto positivo das construções e da renovação urbana, 
tem a sustentabilidade ambiental, que está muito relacionada com o 
meio ambiente, isso porque existe a sustentabilidade econômica, social 
e ambiental, pois ela é tripartite, onde as três coisas muitas vezes se 
relacionam e em outros casos não. temos uma sustentabilidade 
ambiental, mas às vezes não temos uma sustentabilidade econômica.
ASPECTO DA SUSTENTABILIDADE
o que é sustentabilidade? É o investimento ou intervenção em 
determinada situação, aguardando que não haja ofensa ao meio 
ambiente, e nem tenha impacto negativo para a sociedade e o sistema 
econômico, é uma coisa de equilíbrio.
Estamos examinando nesse momento o rio de Janeiro, com relação 
à mobilidade urbana, se eles tiverem uma contribuição de melhorar a 
vida da sociedade se chama obras de sustentabilidade. Esse é o primeiro 
17
conselho que damos para progredirmos, além de ser uma palavra da 
moda, é a palavra do século XXi. Qualquer atividade, até casamento 
precisa de sustentabilidade, ou seja, deve haver um equilíbrio entre as 
partes de maneira que tenha um proveito para os dois, um negócio bem 
difícil de existir no casamento. Podemos citar como exemplo um curso, 
se tem sustentabilidade ou não, esse curso aqui pode ser examinado 
com essa classiicação. Ele tem sustentabilidade ou não? O grupo de 
pesquisas do CNPq de Estudos olímpicos, ele tem sustentabilidade?Pode ser que não tenha, pois foi criado há três anos. outro aqui no 
estado vizinho durou apenas seis meses e acabaram com o grupo, 
pois ele não tinha sustentabilidade, não foi organizado para ter um 
programa de atividades ai morreu.
Sustentabilidade é uma palavra, uma expressão, um conceito 
muito importante para progredirmos, sermos eicientes e eicazes, 
com relação à sociedade e aos nossos empreendimentos. E o ambiental 
ainda mais, porque é não destruir o meio ambiente. Podemos fazer 
estádios, termos uma sustentabilidade econômica e uma mobilidade 
urbana e destruímos tudo, todo o meio ambiente, o que adiantou 
aquele investimento, se está hipoteticamente destruindo uma parte do 
meio ambiente, onde acaba reletindo na sociedade.
outro impacto dos megaeventos são as políticas públicasé uma lista 
inindável, poderíamos citar várias situações. Esta se faz presente em 
função do envolvimento dos governos com relação aos megaeventos, 
isso começou nos Jogos olímpicos em 2000 em Sidney, e o governo 
participou intensivamente dos jogos, assumindo grande parte do 
inanciamento e da direção. A partir daí não parou de crescer, agora 
em Londres cerca de 95% de tudo que se faz nos Jogos de 2012 estão 
relacionados ao governo, não esta relacionado nem ao comitê olímpico 
local e nem ao internacional, existe uma tendência das organizações 
esportivas icarem com os direitos, os padrões e o governo assume 
também. o maior impacto positivo é para o governo porque megaevento 
passou a ser político.
Na Austrália começou com o ministro, Londres e Atenas tiveram 
ministro, Beijing não teve (é outro mundo, outra situação), teremos 
uma a autoridade pública olímpica aqui no Brasil. É uma ideia que foi 
aprovada pelo congresso nacional, e a autoridade pública olímpica, 
18
deverá ser nomeada agora em julho e esse indivíduo, depois do 
presidente da republica é o que tem a maior verba do país, que se 
chama PAC do megaevento, dado ao porte de obras, é muito especial 
em qualquer país que ao contrário das outras obras, não tem adaptação 
de tempo. Sendo feito com data marcada e tem que ter resultado, é 
um negócio de espada na garganta de quem dirige isso, tem sido igual 
nos outros países e vai ser igual no Brasil, provavelmente é muito bom 
para nós, que só fazemos obras que atrasam demasiadamente onde se 
gastam muito dinheiro e o resultado é pouco.
Então há um benefício atrás do megaevento no Brasil que ensina 
o governo a trabalhar, vocês estão assistindo essa situação toda de 
discussão dos aeroportos brasileiros. Concerta aeroporto ou nós 
teremos uma vergonha internacional, esse é o grande assunto, a tal 
ponto da presidente da republica assumir para ela o controle das obras 
em aeroportos, não sei se vocês sabem disso! É uma coisa inédita, ela 
sentou com pessoas responsáveis pelas obras e tem um cronograma 
para ver o que esta acontecendo, passou a ser uma prioridade total do 
país, qual é o ganho disso?
o movimento de aeroportos no Brasil hoje é maior do que o da 
China, que é uma coisa extraordinária, não existe nada parecido no 
mundo, mas ninguém precisa icar orgulhoso com isso, nós devemos 
até chorar, que o movimento não tem uma resposta de gestão, existe 
uma bagunça atrás disso e o problema está crescendo, ano que vem 
alguns aeroportos do Brasil estarão em colapso, se espera uma situação 
desse tipo.
Por isso o envolvimento do governo passou a ser muito importante, 
com os impactos de megaeventos e as políticas públicas foram 
relacionados nesse conjunto, sendo a coisa tecnicamente mais complexa. 
Faço a sugestão de um livro que é muito bom, está em português, 
com todos os resumos em inglês, se chama “Legado dos Megaeventos 
Esportivos”, foi publicado pelo Ministério do Esporte e o CoNFEF. o 
endereço é www.confef.org.br lá tem um banner, onde vocês clicam e 
terão acesso ao download. É um livro de 600 e poucas páginas, existem 
pessoas que colaboraram para esse livro, o prof. Ailton oliveira, aqui 
da UFS, e o prof. Heglisson toledo, que está aqui presente e é de Juiz 
de Fora, são autores de capitulo dessa obra, que tem um total de 75 
19
autores, com seis autores estrangeiros. Essa obra tem deinições com 
maior precisão do que podemos discutir aqui.
Então impactos socioambientais urbanos provavelmente é o que 
temos de maior atenção, e estão distribuídos dentro de uma primeira 
classiicação em tangíveis/ não-tangíveis e diretos/ indiretos.
• tangível quando é quantitativo, a exemplo da questão do 
turismo em Barcelona que já citamos, sendo perfeitamente 
identiicável quantitativamente e não tem discussão.
• intangível é quando todo mundo sabe o que está acontecendo, 
mas não temos meio de quantiicar, isso é um problema técnico, a 
exemplo dos jogos olímpicos de Beijing, onde o objetivo dos jogos 
era projetar o poder da China no mundo, eles colocaram lá frases 
de efeitos como: o poder da China no mundo; A integração da 
China no mundo.
Não tem nada de integração, era um jogo de poder, oicial do 
governo. isso é intangível, não há como medir, e, no entanto era o 
objetivo maior dos jogos, o mais caro que foi feito até hoje. Então é 
válido o intangível. No Brasil teremos essa mesma situação. o que é 
tangível? o dinheiro que vai ser gasto nas obras e ver qual é o impacto 
medido. Funciona ou não funciona? tudo bem que o termo intangível é 
o nome próprio do país nessas duas situações, que na verdade não são 
dois megaeventos, são seis ou sete, que terá início no rio de Janeiro. 
Não sei se vocês estão acompanhando, os Jogos Mundiais Militares que 
é um megaevento de porte, são mais de 100 países, 7000 atletas.
Nosso grupo de estudos olímpicos entra em campo juntamente com 
a organização internacional e a Universidade de Mainz na Alemanha, 
terá um questionário que vamos aplicar, onde o mesmo questionário 
foi aplicado em Beijing, Atenas e Sydney, para ver o impacto nas 
cidades pelos olhos dos visitantes e dirigentes. o que podemos esperar? 
Essa pesquisa vai ser entregue a Prefeitura do rio de Janeiro como 
colaboração do nosso grupo de pesquisas.
os impactos são tangíveis / não-tangíveis e diretos/indiretos. Para 
exempliicar os indiretos, se faz observando se os Jogos Olímpicos no 
rio de Janeiro têm impactos aqui em Aracaju? Claro, esse evento já é 
20
um impacto que veio do megaevento, além do mais isso é difuso por 
toda a sociedade. 
A Grécia passou a ser outro país depois dos Jogos olímpicos de 
Atenas, a Espanha também, a Coréia do Sul se apresentou ao mundo 
um país avançado depois dos jogos de Seul de 1988. isso aconteceu com 
a itália 1960, com o Japão em 1964, com a Alemanha em 1936. Então se 
espera que haja impactos indiretos pelo país como um todo, e não só 
no rio de Janeiro.
A nossa candidatura foi muito bem apresentada em Copenhague à 
dois anos atrás, quando foi vencedora e dito que os jogos não seriam 
do Brasil e nem do rio de Janeiro, os jogos eram da América Latina. 
Portanto, nós devemos ver o impacto aqui como uma coisa de toda a 
sociedade brasileira e que apresenta outras implicações.
Na questão ambiental isso tomou um porte maior. Nas medidas 
ambientais de Londres não são só para lá, ou para a inglaterra, 
são para o mundo inteiro. Por exemplo, as construções que estão 
experimentando em Londres, são tecnologicamente avançadas e 
deverão ser inluenciadas nas construções esportivas do mundo inteiro, 
caracterizando um impacto indireto em outros países, inclusive para o 
Brasil. 
o maior impacto econômico é medido pelo PiB, a exemplo na China 
à média de oito anos foi 1% do PiB vindo dos Jogos olímpicos, das 
obras, de diversão e outras situações relacionadas à organização dos 
jogos. É muita coisa 1% do PiB, eles crescem na base de 10% a 11%, e se 
vocês forem medir 1% é uma coisa gigantesca.
Na Alemanha em 2006 com a Copa do Mundo foi de 0,6%, quer 
dizer que para um país adiantado como a Alemanha teve um impacto 
econômico positivo com a Copa do Mundo, isso já acorre no Brasil.
Hoje qualquer empresa estrangeira que entra no Brasile anuncia: 
“vamos vender produtos químicos para a limpeza das residências 
em razão da Copa do mundo de 2014 e dos jogos olímpicos de 2016”, 
caracteriza com isso um fenômeno correto.
Existe isso! Cria um clima benéico e que projeta o país para 
frente, nós entendemos que todo mundo quer Copa do Mundo e 
21
Jogos olímpicos, tudo isso porque tem grande vantagem de natureza 
econômica. Aplausos para quem trouxe esse assunto para o Brasil e 
aplausos para o Brasil! Não somente para o rio de Janeiro, que estamos 
diante de passos políticos e socioculturais, sabendo que o megaevento 
envolve tudo, cinema, teatro, enim, até mesmo coisas relacionadas 
ao entretenimento e algumas coisas da pratica esportiva, não muito. 
Sustentabilidade urbana seria o impacto positivo ambiental o esportivo 
de competição, lazer e o de saúde.
Esses itens hoje estão em discussão, porque em Londres 2012 acaba 
de ser publicado o resultado no aumento das atividades físicas na 
inglaterra em função dos Jogos olímpicos de 2012, esperava-se que dois 
milhões, mas descobriu que não chegava a 50 mil. Não era a primeira 
vez que isso acontecia, ocorreu na Austrália e Grécia, ou seja, estamos 
aprendendo o que ocorre em um megaevento.
Uma coisa é clara, não é verdade que melhora a prática de 
atividades físicas com a organização dos Jogos olímpicos (atinge 
a produção de todos nós). o nosso projeto inclusive diz que é para 
melhorar a atividade física no Brasil e há um objetivo do Ministério do 
Esporte de ser potencia olímpica nos próximos anos. Esse objetivo está 
comprometido cientiicamente, e não há demonstrações que seja um 
impacto positivo, pelo contrário, está se demonstrando que não é por 
ai. Do ponto de vista econômico, sociocultural e ambiental, está correto, 
mas do ponto de vista da nossa área isso não é verdade. Fizemos duas 
pesquisas para o PAN que não demonstraram isso, foi favorável, mas 
não sabemos se é do efeito da mídia e que poderia não ser permanente, 
onde não medimos depois o que aconteceu.
Praticamente todos esses megaeventos, têm descontrole 
orçamentário. Até hoje não houve um caso que não surgisse esse 
descontrole. isto é altamente problemático, que compromete todo o 
projeto governamental dos jogos e vai surgir corrupção e uma série 
de circunstância e está acontecendo em Londres no momento. Ao 
longo desses últimos oito anos, tiveram de três a quatro vezes que 
entraram em crise e tiveram que mudar os dirigentes, tendo em vista o 
descontrole orçamentário que existe. Muitas surpresas nas construções 
desses megaeventos que mexe com uma cidade muito grande de um 
país, não sendo possível ter perfeição nessa área.
22
Políticas comunitárias provavelmente é o grande impacto não 
tangível e que funciona sempre, porque a população em peso costuma 
apoiar esses jogos. Está ocorrendo agora na inglaterra, ocorreu em 
outros países, e no PAN foi o melhor resultado do mundo, de aceitação 
popular de projeto esportivo, tendo 90% de aceitação da população no 
rio de Janeiro.
Então temos uma tradição no Brasil de acordo com esses megaeventos 
do ponto de vista popular. Isso não signiica que o PAN, não tenha 
tido outros impactos até negativos como sabemos por esse descontrole 
orçamentário.
Um deles foi exagerado, o tal do Engenhão, que é um estádio muito 
bonito e tecnologicamente avançado que custou seis vezes mais do 
que o orçamento original. tendo alguma coisa muito errada ali. Se isso 
acontece nos Jogos olímpicos de 2016 o Brasil quebra. Não é possível, 
estamos lidando com coisas sérias e muito caras, que precisam ser 
muito bem administradas cujas expectativas de resultados são sempre 
grandiosas e favoráveis. Mas é preciso ter cuidado em saber lidar com 
essas situações, é bom, mais é muito arriscado.
Com relação ao tempo os impactos podem ser de curto ou longo prazo, 
quando examinamos uma situação desse tipo não pode ser isolado. Até 
hoje se examina o impacto na sociedade da Coreia do Sul, provenientes 
dos Jogos olímpicos de 1988 em Seul.
É possível fazer acompanhamento dos resultados, e, portanto 
não estamos lidando com uma coisa eventual, uma coisa pontual, 
nós estamos lidando com um processo de desenvolvimento. Essa 
é a conclusão de que se tem através desses conceitos.Podemos ver 
como colocar essas situações no ponto de vista da pesquisa, nós 
temos uma grande experiência que é do rio 2007 depois dos jogos e 
depois da candidatura de 2016, e que consta no livro já citado sobre os 
megaeventos esportivos.
Existem muitas acusações, de corrupção, atrasos de obras, má 
utilização de dinheiro público e falta de planejamento adequado, 
que vocês devem está acompanhando pela imprensa e que produz 
impacto aqui em Aracaju. ouvimos de várias pessoas e alunos daqui 
da Universidade, que Aracaju deseja ser um local de treinamento de 
23
uma seleção para a copa do Mundo, e vimos essa solicitação no site da 
FiFA ou CBF, porém, os alunos comentaram que o governo não estava 
entendendo muito bem disso, e partiu para a realização de uma parceria 
de construção de espaço esportivo em um hotel, sem realização de 
estudo planejado sobre sua viabilidade e sem debate com especialista e 
a sociedade, ai vocês terão problemas.
Estamos nesse processo em 12 cidades do Brasil e já com alguns 
resultados escabrosos, como houve em São Paulo que ninguém se 
entendia. Mais existem noticias interessantes, como a de Belo Horizonte, 
que é perfeita a parte da administração, tanto do estádio como da parte 
ambiental e a cidade está sendo modiicada em função da Copa, grau 
dez para Belo Horizonte e grau zero para São Paulo, que dependem dos 
políticos que dirigem essa situação.
Do ponto de vista do conhecimento, precisamos muito nos organizar, 
digo as academias, os grupos de estudo, no sentido de interpretar 
melhor essas situações no processo que estamos vivendo, quanto à 
parte ambiental estamos muito adiantados. Como vocês sabem, izemos 
pesquisas no Brasil até de nível internacional há 50 anos.
tem outro livro que foi organizado pela Universidade Federal do 
Pará, não no setor de esporte, mas no setor de meio ambiente, acredito 
que este livro esteja disponível lá no site deles. São dois volumes no 
qual temos mais de 100 trabalhos sobre sustentabilidade, relacionando 
meio ambiente a esporte, recreação, lazer e educação física. Esse livro 
antecipa o livro do SESi, pois o do SESi é muito técnico, ele é mais 
orientado para a construção. 
OS LEGADOS
Bom! temos saberes que estão ocorrendo aqui, alguns são processos mais 
antigos outros são novos, e a expressão acadêmica usada para se estudar os 
impactos do megaevento é a palavra legado. o legado hoje é a preocupação 
internacionalmente falando, aqui no Brasil nós devemos pesquisar e ver os 
conceitos.Caímos no que chamamos de cidades planejadas, que é uma grande 
deiciência no Brasil que não tem cidade planejada. Se planeja alguma coisa 
24
como Brasília, depois se perde o controle. Belo Horizonte que já foi uma 
cidade planejada e deixou de ser, mas são cidades que tem sua periferia e suas 
comunidades menos favorecidas.
Metade da população não tem acesso a esgoto ou água corrente, 
então nós somos um país altamente subdesenvolvido em planejamento 
urbano. Provavelmente o nosso conhecimento continua a seguir esse 
conceito mais tarde nas necessidades de modiicação do país.
Muita gente do esporte estranha, mas vem cá, o que os caras do 
esporte vêm fazer na regeneração urbana? Então, essas coisas precisam 
ter uma visão integrada para examinarmos os impactos e os legados da 
melhor maneira possível. Aquelas construções pesadas e permanentes 
sobre o esporte têm desaparecido, elas devem icar mais sustentáveis, 
mais leves, não permanentes, mas acessíveis através de vegetação, 
árvores e por ai vai.
tenho um livro que é do meio ambiente e nele vocês poderão ver os 
enfoques que houve, é um assunto mais técnico. Aqui no Brasil começa 
pelo exame do meio ambiente pelo calor que atinge os atletas e não 
tinham resultados. Havia a questãodo atletismo. os nossos atletas iam 
para o exterior nos mesmos casos, nas provas de longa duração eram 
horríveis e os atletas diziam que não conseguiam fazer o treinamento 
adequado, então houve um esforço muito grande de descobri métodos 
de treinamento que contornassem isso e outros sucessos desses 
resultados. o melhor resultado do legado, digamos assim, é o da 
Copa de 1970, que utilizou plenamente essa situação em termos de 
altitude na cidade do México. Então passou a entrar na historia do país, 
da ciência brasileira que havia uma competição naquela época entre 
inglaterra, Holanda, Brasil e Alemanha, e eu conhecia essa pessoa. Que 
todos os cientistas se conheciam mais eram inimigos do lado de fora. 
Mas ganhamos essa guerra, que está registrado em livro, e que deverá 
ser reeditado proximamente.
Depois dos anos 1970, experimentamos o aumento das competições 
entre nações distantes e a mudança das pessoas entre continentes 
e países, isso se apresentava como uma agressão aos atletas, quem 
caminhava mais, por exemplo? Um sujeito que vinha da China para a 
Europa tinha problemas de adaptação. Do Brasil, de um hemisfério sul 
para um hemisfério norte. Então foi um momento de estudo a priori da 
25
queda de situação que continua até hoje. Por isso a necessidade de fazer 
adaptações desse training camping que acabamos de comentar.
Juiz de Fora pleiteia por um local de adaptação de equipe, 
tecnicamente do ponto de vista do esporte está perfeito, e por acaso, uma 
região muito boa para isso que podemos dar até algumas informações a 
esse respeito para melhorar o projeto.
Muito bem! Em 1980 os humanos passaram a destruir a natureza, 
então as vítimas passaram a ser agressores, ai mudou o sentido da 
pesquisa. Já estamos acompanhando isso, onde houve uma continuidade 
de 50 anos, é um fato curioso das ciências e se trata dessa mudança 
de lugar do objeto de estudo. E em 1990 a sociedade tecnológica e 
esportiva como agressora e isso esta ocorrendo nos dias atuais, em 
2000 a integração das organizações esportivas com o meio ambiente. 
A frase do Comitê olímpico internacional, que hoje é uma das maiores 
agências de promoção de defesa do meio ambiente e inalmente a atual 
que é a sustentabilidade no esporte.
vocês estão convidados a participar disso, inventar os seus 
conceitos, os projetos que inclui o pessoal com deiciência física, da 
sustentabilidade no esporte que é a era da atual geração e vamos tentar 
resolver esse problema. As instituições são as mais diversas que vemos 
aqui, começou na área militar e chegando até a Universidade de East 
London, pelo menos nessa linha de pesquisa que o ambiente está.
veja como uma coisa se integra a outra, do ponto de vista de fazer 
uma grande revisão da literatura para sabermos um pouco com que 
estamos lidando. Provavelmente no Brasil temos a melhor plataforma 
de conhecimento em termos internacionais.
Finalmente a iSo 26000, que é uma norma para instituições, deve 
ser um tema a ser penetrado em vários países, inclusive no Brasil, que 
será lei, inclusive das universidades, que é responsabilidade social 
e ambiental. Qual a nossa responsabilidade social? Como é que as 
pessoas vão ter acesso? Como é que vou cuidar das pessoas? os meus 
empregados? Como é que eles vivem dentro da empresa? Se forem 
alunos como é que vivem dentro da universidade? Como é o meio 
ambiente? o que faço no meio ambiente?A iSo 26000, tentar ordenar 
os passos para isso. o Brasil é um dos líderes da norma, juntamente 
26
com a Noruega, e mais 70 países envolvidos, principalmente a união 
europeia que vai transformar isso em lei. Prestem atenção! Porque 
acaba desenvolvendo de uma forma direta com a aplicação dessas 
normas e temos além de sermos professores de Educação Física, a 
responsabilidade com relação às pessoas e a sociedade.
Cidades sustentáveis é outro conceito interessante que entra nas 
deinições básicas, e que tem o manifesto das sociedades sustentáveis. 
Essa é uma deinição mais antiga, é o nosso compromisso com a 
necessidade das gerações futuras, ou seja, as intervenções que fazemos 
hoje têm que medir o impacto nas gerações futuras e ter uma dimensão 
sociológica ao nível do meio ambiente, economia e sociedade.
Existem vários protocolos que trata o meio ambiente, assunto técnico 
que às vezes é a água em outras a temperatura. No exemplo desta sala 
temos o ar condicionado que está fora de moda, gastando muita energia 
e a temperatura está exageradamente fria. Devemos tornar a sala mais 
sustentável e não é um exagero, é um equilíbrio.
Existem centenas de empresas no Brasil que trabalham para isso, de 
acordo com a nossa lei qualquer prédio de grandes proporções precisa 
ter licença, como as hidrelétricas, que vocês devem está acompanhando 
pelos jornais. A diiculdade hoje não é construir hidrelétricas, é a 
viabilidade ambiental. Um nome típico que as empresas vêm é iSo 
26000. o governo já estudou até a possibilidade de ser transformado da 
norma padrão da pratica de atividades físicas no Brasil. Já tentou isso, 
mas não houve grandes reações para se envolver nessa história, mas 
vejo isso até como um sistema ético.
São modelos empresarias do Brasil, a Alcoa, que é uma empresa 
multinacional que faz alumínio e está instalada no Pará, sendo toda 
organizada para a sustentabilidade, em respeito às pessoas, meio 
ambiente, água, ar etc. outro exemplo é o da fundação Dom Cabral de 
Minas Gerais, que vocês poderão examinar na internet. os detalhes das 
cidades sustentadas é absolutamente curioso e seria um exemplo para 
os treinos em campo. As Universidades não tem acesso aos poderes de 
decisão ainda que estejamos vendo várias realizações equivocadas.
o porte dos Jogos olímpicos do rio de Janeiro é do tamanho de 
Beijing e um pouco maior do que Londres, quer dizer, não é uma 
27
questão de tamanho, é que estamos espalhados pela cidade e centrados 
na Barra da tijuca, vindo assim à distinção em termo de meio ambiente.
A opção de Londres foi fazer uma construção Brownield, como 
que se deine isso? Nele você pega uma área, que já esta degenerada 
e atrai ela para uma renovação, o custo é maior, mais você tem um 
impacto sócio-econômico maior, essa é a opção de Londres, que uniu 
uma área deprimida da cidade para instalar jogos. Quando se opta pelo 
Greenield, não tem nada lá e vai ser desenvolvido, e existe uma guerra 
política nisso tudo.
Por exemplo, na Barra da tijuca o custo de imóveis lá aumentou 
em um ano 25%, que é recorde no mundo, por quê? Jogos olímpicos 
de 2016, quem é que está ganhando dinheiro com isso? É a sociedade? 
Não! Alguns caras, que aplicaram em terrenos e os donos da construção. 
No próprio Rio de Janeiro tem um exemplo Brownield para os jogos 
olímpicos de 2016, que é o Porto olímpico, a área fronteira da cidade, 
onde vai ter duas instalações dos jogos e não leva competição, se não me 
engano, é para hospedar os juízes e o prédio central da administração. 
E toda área do porto do rio de Janeiro será recuperada, quer dizer os 
jogos ai funcionam como impacto positivo para atrair as empresas, 
todos os terrenos já foram vendidos para empresas, o rio de Janeiro vai 
se renovar a partir dos jogos olímpicos. 
o que fez o instituto de Arquitetura do Brasil, que é a maior 
entidade que nós temos? Apoio o governo no sentido da renovação 
e não de construção em um lugar novo, que quando é um lugar novo 
a cidade pode até andar para trás, porque ela está distante e implica 
investimentos em transporte e terrenos mais caros e construções mais 
caras, gerando um impacto positivo para classes mais beneiciadas 
economicamente.
Já no porto é o contrário, porque a área é deprimida, tem uma 
população grande ali que vai ser beneiciada pela melhoria do 
suporte urbano dado pela prefeitura. Então nós temos duas escolas 
de construção que estão em choque diante dos jogos de 2016. Quanto 
a Copa do Mundo, o exemplo recente que foi criado o de Greenield, 
e o pessoal da Universidade Federal de Pernambuco é que conseguiu 
demonstraraquilo que é o melhor para a cidade, pois existe uma 
perspectiva de melhorar a circulação da cidade, essa é a explicação. Já 
28
outros lugares são de renovação, como o caso de Belo Horizonte, eles 
vão usar o estádio já existente, renová-lo com todo o meio ambiente em 
volta, e os transportes modiicados da cidade.
Essas notícias não lutuam nos jornais, que são muito complexas 
para serem inteligíveis, mas a academia pode dar suporte nessa situação 
e nós já sabemos que essas escolas nos auxiliam para o camarada do 
esporte, já ouvi a frase até de um aluno, mais vem cá, isso não tem efeito 
para nós? O cara vai jogar Basquete tanto numa área Brownield como 
Greenield, mas quando tratamos de megaevento, o meio ambiente, 
sociedade e de legados, temos que ver o impacto para a sociedade, não 
é só sobre o esporte não, o ideal é até juntar as duas coisas, vamos jogar 
basquetebol sim, mas numa área Brownield.
Bom! o exemplo de Londres está mudando toda fase do esporte. 
Não vou entrar nesses detalhes, é muito técnico que é o caso do SESi, 
que fez um diagnóstico para ver como se inseria essa questão do uso do 
meio ambiente, não é o megaevento. o SESi tem mais de 600 instalações 
no Brasil, tem dois mil proissionais de Educação Física empregados, é 
uma instituição gigantesca está trabalhando para se adaptar aos novos 
tempos da sustentabilidade.
vai sair uma tese de doutorado, que nós acreditamos que seja 
defendida dentro de um ano e meio á dois anos, é um ensaio 
do que poderá ocorrer no rio de Janeiro, todas as dimensões de 
geoprocessamento, já foram feitos e foram apresentados no encontro 
da Universidade de East London e serão publicados em inglês até o im 
do ano e vão entrar no BrasilL, através da língua inglesa. A estratégia 
foi primeiro publicar no estrangeiro, para adquirir prestígio, aquilo ali é 
uma boa ideia para a nossa plataforma, e você ica numa posição muito 
interessante, e passa a ser viabilizador e viabilizante da coisa. Depois 
transferido para a língua portuguesa porque o geoprocessamento 
mostrou uma situação completamente diferente que estão trabalhando 
agora, e vão gastar bilhões de reais com construção, é uma coisa de alta 
sensibilidade.
Decidimos na universidade Gama Filho, que vamos lutar 
politicamente e indicar como fazer. E pretendemos fazer proximamente 
e vocês deverão acompanhar esses resultados. o que Londres está 
mudando? tudo! Em primeiro lugar, eles acabaram com essa história 
29
de instalações permanente, são construções gigantescas, mas serão 
derrubadas ao terminar os jogos, e muita gente estranha isso, que começa 
pelo estádio, é um dos maiores do mundo, são 88 mil espectadores e 
a construção é feita com materiais usando uma nova tecnologia, que 
será simplesmente desmontada, vai ser transformada numa arena de 
futebol, já tem um clube que vai ter essa arena, mas não é o estádio 
original, então todo mundo pensa que esses caras enlouqueceram, 
como é que faz um estádio para 15 dias? o que ocorre é o seguinte, 
é mais barato desfazer que manter o estádio. Dados internacionais, 
mostram que se gasta 10% ao ano do valor total da construção para 
manutenção de uma construção, depois de 10 anos só dá prejuízo para 
a sociedade é chamado “elefante branco”.
Qual é a solução? A construção vem para dar aquela contribuição 
que foi planejada e logo em seguida se transforma em outra coisa e 
não dá mais prejuízo, na equação econômica isso é perfeito. o que 
signiica isso? Que as construções deverão ser modiicadas, o projeto 
do rio de Janeiro não implica em construção não-permanente. o 
que vai acontecer? Na Barra da tijuca, teremos “elefantes brancos” 
está distante de tudo, é um problema sério que precisa ser resolvido 
e nós da academia devemos equacionar isso, como estamos fazendo, 
esperamos algum sucesso nessa empreitada, vocês podem acompanhar 
nos próximos anos e nós teremos os nossos resultados, por isso que 
estamos trabalhando com os ingleses, porque queremos importar essas 
ideias para transferir para o Brasil que nos pareceu ser interessantes. 
Eles estão adotando outra percepção, tem algumas instalações que não 
são permanentes mais são desmontáveis, então vão colocar em cidades 
menores, não precisa icar em Londres, o público é o mesmo, não precisa 
ter essas grandes concentrações. Uma coisa é os Jogos olímpicos com as 
competições, a outra é o legado que ica para a cidade, essa modiicação 
é interessante.
o Brasil e o nosso grupo da Gama Filho apresentou a primeira tese, 
que é um conceito altamente criativo e já está na língua inglesa, pode 
chamar de legado reverso, isso não está no livro que sugeri a vocês.
o que é “legado reverso”? É a nova criatividade, nós nem chegamos 
ao problema, a instalação não é para a atividade esportiva, é destinada 
a um uso social, mas sendo cedidas para o esporte. É melhor trabalhar 
30
desse jeito, sendo assim, não precisamos fazer o que os ingleses estão 
fazendo, que parece a piada do português, eles estão acabando com o 
legado para manter o progresso, nós nem chegamos lá, então todos esses 
conceitos estão modiicando, e acho que a contribuição brasileira vai 
surgir pelas Universidades que estão envolvidas. o pessoal da USP não 
é do esporte, são todos da arquitetura, e tem havido um entrosamento 
muito bom, e eles é que tocam nessa parte relacionada às construções. 
tem uma Universidade americana que está muito interessada nessa 
parte de construção e em trabalhar conosco, e que provavelmente 
vamos ter outros resultados e é bom envolver várias Universidades.
Em homenagem ao grupo de estudos olímpicos que esta sendo 
criado nesta Universidade, é minha obrigação incentivar o prof. Ailton 
oliveira, que tem uma responsabilidade perante toda a classe, pois hoje os 
estudos olímpicos é um estudo de caso de cooperação internacional entre 
Universidades e foi muito interessante, e os brasileiros ganharam muito 
com isso, por quê? Diante deste tema surgiu uma geração de estudiosos, 
doutores brasileiros, sendo que três icaram no exterior, são dezoito 
doutores que saíram disso e uns vinte e poucos mestres, tem todo um 
estudo coletivo dos estrangeiros com os brasileiros, a CAPES introduziu 
um livro que foi feito pelos espanhóis, dizendo que aquilo era o modelo 
que o Brasil deverá adotar para várias situações.
Chegamos a colocar uma doutora na Nova Zelândia, por exemplo, e 
na China izemos um livro com os chineses, temos desenvolvido várias 
relações com os europeus, menos com os Estados Unidos, mas agora 
vamos resolver essa questão, já temos duas expectativas ou três, uma 
fracassou que foi com a Flórida, hoje como os tempos são outros, quem 
sabe, com os europeus foi muito bem.
Esse é o ideal da cooperação que saiu de onde? Dos grupos de 
estudos olímpicos, que é o pessoal que fala inglês, do pessoal que viaja 
para o estrangeiro e consegue fazer esse tipo de relação e de acordos.
Na próxima semana estaremos realizando o seminário sobre 
valores olímpicos, que será transmitido pela internet, almejo que vocês 
sejam suicientemente capazes de poder entrar nesse sistema e fazer 
uma participação, entrem na internet e veja esse negócio funcionar 
na prática, vocês poderá ver um sujeito da Universidade de Leeds o 
professor Jim Perry que vai falar sobre valores dos esportes e quatro 
31
brasileiros, doutores originados desse grupo, que vão debater com o 
senhor Perry, sobre valores olímpicos e o resultado disso será uma 
pequena publicação, a ser distribuída pelo Comitê olímpico Brasileiro 
e as perguntas de vocês serão incluídas nessa publicação, espero que 
haja uma participação do grupo dos professores Ailton oliveira e 
Marcelo Haiachi e de outros aqui dessa instituição.
Nós somos os portadores dos valores da nossa proissão e estes 
são muito antigos, vem da antiga Grécia a três mil anos atrás, somos 
descendentes dos que eram os interventores nas cidades gregas para o 
desenvolvimento dos jovens e das crianças, e é isso que nos interessa. 
Se existe alguma contribuição no movimentoolímpico internacional, 
talvez não seja nos legados dos megaeventos, nos impactos 
socioculturais, econômicos e políticos, do ponto de vista da proissão, 
do proissional de Educação física e do professor de Educação física, o 
que nos interessa é manter os valores e desenvolver nossa participação 
na sociedade, os nossos deveres com a população que tem pouco acesso 
as atividades. Assim se deine a nossa proissão, mas sempre a partir 
de valores e os estudos olímpicos incentivam muito essa situação como 
vocês poderão ver.
Agradeço e me coloco a disposição de vocês.
32
MEGAEVENTOS ESPORTIVOS E SEUS 
IMPACTOS NOS ESTADOS PERIFÉRICOS: O 
CASO DE JUIZ DE FORA, M.G.
 toLEDo, Heglison Custódio1
A trajetória do país nos próximos anos requer diversas ações em 
diferentes setores. A relexão e o olhar atento às transformações que o 
fenômeno esportivo aporta, exigem neste momento, relexões atreladas 
às ações que desencadeiam um dinamismo atitudinal que o momento 
esportivo do Brasil requer.
Pensar e reletir os megaeventos não pode e não deve somente 
pensar, reletir e analisar os impactos nas diversas esferas como o 
impacto econômico, social, estrutural e esportivo. A relexão sobre 
megaevento deve caminhar concomitantemente às análises dos 
impactos e legados informados, mas também reletir as ações, atitudes 
e pensamentos, principalmente ligados a construção do conhecimento.
O momento do país é oportuno não somente do ponto de vista 
de impactos e legados, como também direcionar os roteiros mentais 
alinhados à perspectiva do século XXI. O mundo presencia a chegada 
da nova era, portanto, os caminhos mentais estão em uma rota, em 
que as conexões econômicas não suportam mais relações de negócios 
baseada na velha economia. O tempo imprime novas condutas, atitudes 
e comportamento, alicerçado na nova economia. Neste espectro, 
o conhecimento condiciona as relações, logo, a relexão, análise e 
interpretação dos impactos e legados de megaeventos esportivos, deve 
constituir em um repositório de conhecimento tácito e explícito.
Assim, quanto mais se constituir coletivos inteligentes que primam 
por ações cognitivas abertas, capazes de iniciativa, de imaginação e de 
reações rápidas, melhor asseguram seu sucesso no ambiente altamente 
competitivo que a sociedade apresenta (Levy, 2003).
1 Doutor em Gestão do Esporte; Assessor Executivo da Secretaria de Esporte e Lazer de Juiz 
de Fora, M.G.; Professor Titular Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC/ CAMPUS VI.
34
Nesta lógica, a programação, promoção e organização dos 
megaeventos são alicerçadas por princípios de GLOCALIZAÇÃO, 
ou seja, pensar globalmente e agir localmente. Assim, a direção das 
ações locais se torna e se estabelecem como um importante repositório 
de conhecimento, fazendo com que acione as engrenagens para 
a disseminação e propagação do conhecimento e do movimento 
esportivo, o qual dimensiona e promove a modiicação atitudinal, 
comportamental e de conduta da sociedade e das relações humanas.
Desta forma, o case de Juiz de Fora, M.G. permite a percepção e 
compreensão de que o repositório de conhecimento tácito e explícito 
envolve modiicações atitudinais e comportamentais, não somente das 
autoridades, como também, da sociedade como um todo.
As ações estabelecidas no case, ora em análise, parte-se da 
concepção dos princípios de oportunidades e desaios. Ao veriicar 
as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças, caracterizadas pela 
metodologia SWot, Strenghts (forças); Weaknesses (fraquezas); 
Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças), as estratégias 
de conduta e atitudes operacionais, condicionaram diferentes tarefas 
para canalizar e potencializar os impactos e legados dos megaeventos 
esportivos. A aplicação de ta metodologia se deve a sua simplicidade 
de aplicação, tanto para empresas, como para, produtos e serviços, o 
modelo SWOT, é amplamente utilizado, apesar de apresentar algumas 
limitações, devido à subjetividade de julgamento e também diiculdade 
em discernir quais os fatores internos e externos (Kotler, 2005).
Nos próximos anos o Brasil passará a ser a vitrine do mundo 
esportivo, tendo em visa a realização de vários megaeventos 
esportivos, como Jogos Mundiais Militares, Copa das Confederações, 
Copa do Mundo, Copa América, Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. 
Nesta direção, o princípio da glocalização impôs um direcionamento 
de ações e atitudes que permeiam a transformação das concepções e 
percepções da sociedade.
Portanto, as características da cidade de Juiz de Fora, M.G., 
privilegia o município à emancipar-se nas condições e características 
para mobilizar, organizar, captar e promover eventos e condicionar-
se como referência para realização de eventos esportivos e credencia 
35
a ser um Team Base Camp, como também, um Centro de Treinamento de 
Seleções.
É importante ressaltar que a escolha da cidade pelas federações internacionais 
não são influenciadas por ações políticas e ou econômicas, mas sim, por um 
suporte tecnológico e estratégico do ponto de vista, da localização, logística, 
conforto, segurança, acomodações, clima, peculiaridades geográficas entre outras 
situações.
No entanto, todo e qualquer município pode e deve direcionar 
suas políticas públicas, voltadas para criar demanda, essa demanda 
consiste na participação, envolvimento, estrutura e mobilização dos 
diversos setores da sociedade como governo, empresas, instituições 
e associações para que o município se contagie com a percepção de 
conexão com o mundo, a partir de ações locais de infraestrutura, 
segurança, participação, saúde, lazer e qualidade de vida.
Ao abordar o case de Juiz de Fora, sinalizamos que os princípios de 
orientação e formatação de uma possível candidatura e participação 
dos próximos megaeventos esportivos, requerem um mapeamento e 
estruturação de médio e longo prazo, assim, itens como segurança, 
equipamentos e estratégias competitivas devem balizar o roll de 
requisitos de avaliação para se beneiciar dos referidos megaeventos.
Juiz de Fora, M.G. está geograicamente localizadas entre as 
principais capitais do país. Especiicamente, em relação à Copa do 
Mundo FIFA, a cidade se beneicia da sua localização, por estar próxima 
das principais sedes de jogos do mundial de futebol, que no caso, Rio 
de Janeiro distancia de 184 km, Belo Horizonte distancia de 272 km e 
São Paulo com distancia de 506 km.
Com índices de segurança privilegiado, o município se capacita 
a ser um importante roteiro no eixo em que congrega o clima de 
montanhas e a proximidade com o mar. Na Tabela abaixo dados do 
anuário estatístico da Universidade Federal de Juiz de Fora, revela que 
Juiz de Fora está entre as cidades mais seguras do país.
36
Outro atrativo que deve ser observado para captar benefícios dos 
Megaeventos está na estrutura de equipamentos esportivos. No que 
tange aos equipamentos, diversas estruturas podem ser utilizadas como 
palco de treinamento para as seleções, mas também, para atividades 
e atrações que possam vir a atrair a mobilização e envolvimento da 
comunidade como um todo. Essa estratégia deve ser seguida do ponto 
de vista de legado para a construção de um repertório esportivo da 
cidade, ampliando as possibilidades e conhecimento da população 
como um todo.
Para tanto a unidade gestora, que no caso da Secretaria de Esporte e 
Lazer de Juiz de Fora, M.G., iniciou suas ações a partir criação e nomeação 
dos cargos, em que a linguagem utilizada, viabilizou apresentação de 
propostas objetivas, que de fato transformasse o comportamento da 
máquina administrativa, mediante de valores e princípios, mesmo que 
em longo prazo. Portanto, surge a partir da implantação, uma nova 
cultura comportamental, voltado para o desenvolvimento do esporte 
em nossa sociedade (Vilhena et al., 2006).
A nova linguagem exibe uma uniicação de termos facilitando a 
comunicação entre diferentes órgãos governamentais e de fomento, 
permitindo um alcance de captação e elaboração de propostas queviabilizem inúmeros projetos em estreita sintonia com as diretrizes 
e prioridades do campo esportivo, seja de rendimento ou não, assim 
como em âmbito social.
37
Dentre as ações realizadas para possibilitar o município para se 
tornar uma Base Camp, há uma série de normatizações e procedimentos 
que devem ser atendidos para que o município consiga desfrutar da 
oportunidade de ser candidato a receber seleções para treinamento no 
período preparatório e também para o período competitivo.
Neste caso, as exigências de acomodação devem atender não somente 
aos preceitos internacionais de acomodação, mas também quesitos de 
segurança e estrutura esportiva condizente com as necessidades das 
seleções para o treinamento e preparação.
O portfólio do município deve atender e prover as necessidades 
exigidas pelos países participantes. Neste aspecto, a cidade pode 
oferecer tanto um Hotel com o centro de treinamento, como também, 
poderá oferecer o Hotel e o centro de treinamento em perímetros 
de segurança distintos. É fundamental entender que, a preparação 
do município deve estar diretamente vinculada às melhorias para 
a comunidade local, e não somente para atender, especiicamente, 
o comitê organizador da FIFA. Assim sendo, vale ressaltar que, a 
escolha do local para ser Base Camp é de competência exclusiva das 
Seleções participantes, o que signiica que as seleções não são obrigadas 
a escolher os locais sugeridos pelo comitê organizador. Portanto, ao 
comitê organizador cabe somente elencar os locais em forma de um 
catálogo para oferecer as seleções participantes.
Neste particular, o município de Juiz de Fora, M.G. atrelado às ações 
que desencadeiam um dinamismo atitudinal que o momento esportivo 
do país exige, buscou criar demandas que favorecem na criação de 
background e expertise na organização, mobilização e reconhecimento 
de capacidade em ambientes esportivos de nível regional, nacional e 
internacional.
Portanto, A avaliação constante das ações poderá aproximar de uma 
metodologia especíica para organização de megaeventos, no entanto, 
é importante relatar que a metodologia de organização encontra-se em 
estágio embrionário, não pretendendo ser um receituário de paradigma de 
organização, tendo em vista, que dependerá de esforços de vários setores da 
sociedade (TOLEDO, 2008).
38
CASE – I JOGOS PANAMERICANOS 
ESCOLARES
A prefeitura da cidade de Juiz de Fora, MG através da Secretaria de 
Esporte e Lazer foi protagonista de um dos maiores eventos esportivos 
de sua história, Juiz de Fora sediou no período de 23 a 29 de agosto 
de 2010 o I Jogos Pan-americanos Escolares. Este evento promovido 
pela Federação Internacional de Esporte Escolar (ISF – International 
School Sports Federation) e realizado pela Confederação Brasileira de 
Desporto Escolar (CBDE).
Foi através dos princípios da gestão do conhecimento que a 
Secretaria de Esporte e Lazer de Juiz de Fora, procurou estabelecer 
suas redes para então proporcionar uma política voltada para o 
crescimento cultural esportivo e de comportamento. Assim, Juiz de 
Fora, através da Secretaria de Esporte e Lazer se credenciou como 
candidata a sede dos I Jogos Pan-americanos Escolares, criando então 
um modelo para que os municípios possam alavancar o esporte e a 
cultura esportiva do país.A partir da avaliação interna de poder sediar 
um grande empreendimento esportivo, estabeleceram-se conversas 
junto a Confederação Brasileira de Desportos Escolares (CBDE) para 
que a cidade pudesse ser a representante brasileira para a escolha na 
Conferência Centro-americana e Caribe, em Puebla - México para a 
escolha da cidade sede dos I Jogos Pan-americanos Escolares.
Após o deferimento da confederação para que Juiz de Fora pudesse 
ser a cidade candidata para receber os jogos. Foram estabelecidos planos 
de gestão integrada e estabelecido ações de mobilização e planejamento 
para a apresentação na conferência. Neste instante, buscou-se 
estabelecer os pontos estratégicos da cidade para potencializar sua 
capacidade de recepção. Ressalta-se também, que a etapa preliminar 
de diagnóstico e mapeamento das necessidades e recursos foi realizada 
culminando na escolha pelos representantes dos países participantes 
na conferência, vencendo a disputa entre as cidades de San Juan – Porto 
Rico e Cidade do México - México.
39
Portanto, ao consagrar a cidade de Juiz de Fora como cidade sede 
dos Jogos Pan-americanos Escolares iniciou-se o planejamento e ações 
organizativas como o envolvimento dos setores responsáveis como a 
Federação Internacional (ISF), Confederação Brasileira de Desporto 
Escolar (CBDE), o Ministério do Esporte e Governo Municipal, além 
disso, foi formado o comitê organizador para garantir os diversos 
recursos a serem utilizados neste empreendimento.
o delineamento das ações partiu de um planejamento pautado 
nas premissas da gestão do conhecimento como simpliicação; 
desenvolvimento sustentável e discernimento. A gestão do evento ora 
apresentado primou por uma abordagem da gestão do conhecimento 
útil para aumentar o valor e facilitar o acesso ao conhecimento utilizável, 
disseminando a inovação e assegurando o desenvolvimento de pessoas 
e organizações (TAKEUCHI & NONAKA, 2008).
Para ilustrar tal envolvimento e a base na gestão do conhecimento, 
foram envolvidos várias personalidades, autoridades e parceiros. A 
rede hospitalar e de saúde foi envolvida, além de desenvolver o sistema 
integrado de operações como serviços, transporte, comunicação e 
entretenimento (MELO, 2003).
O envolvimento de toda a comunidade juiz-forana contou com ações 
fundamentadas na gestão do conhecimento para o fortalecimento da 
gestão criativa, inovadora e lexível, foi, portanto criada uma promoção 
para a criação e desenvolvimento do mascote dos jogos, mobilização 
do conhecimento tácito e promoção para que a comunidade de Juiz de 
Fora votasse para dar um nome ao mascote (TERRA, 2009).
Além das ações de envolvimento e excelência na participação e 
organização dos Jogos, foram observadas as principais funções da gestão 
do conhecimento, nas quais buscou-se identiicar os conhecimentos 
relevantes para o bom desempenho e afastar os conhecimentos 
estranhos nas funções do negócio (BUKOWITZ & WILLIAMS, 2002).
O modelo utilizado para o planejamento e organização estabelecido 
foi o modelo adaptado de Philip Kotler dos 4Ps para os 5Ps. em 
que, procurou manter o posicionamento (P) na base de megaevento; 
Promoção (P) das atividades, ações e negócios dos Jogos; Pós-venda 
(P), ou seja, os legados sociais, políticos, estruturais e econômicos, 
40
Pesquisa (P) realizada por pesquisadores Universidade Federal 
de Juiz de Fora, Universidade Federal de Viçosa, e Secretaria de 
Esporte e Lazer de Juiz de Fora; Participação (P) na qual permitiu-se 
a participação da comunidade desde a criação, nomeação do mascote 
dos jogos e participação efetiva nos jogos. Para tanto, um sistema de 
votação online, permitiu um acesso e participação de mais de 22.000 
participantes.
Entre os resultados percebidos e os impactos causados pode-se 
destacar: Reavaliação do comportamento pessoal mediante experiências 
oportunizadas; Ressigniicação da prática e dimensão esportiva 
do município; Redescoberta do valor do esporte na adolescência; 
Reavaliação do impacto político do esporte para sociedade; Expertise 
na gestão de Programas de voluntariado; Envolvimento da sociedade; 
Projeção de oportunidades e desaios; Mobilização social para novos 
objetivos e exigências; orgulho, autoestima e a autoconiança da cidade 
de Juiz de Fora.
Além desses fatores, a premissa de que uma cidade sede de 
Jogos internacionais percebe que é capaz de produzir grandes 
empreendimentos, o que coaduna com a crítica ao pensamento que 
projeta apenas grandes centros urbanos como únicos capazes de 
promover grandes eventos.
Neste cenário, pode-se promover maior aproximação e integração 
do Brasil com as Américas, especialmente a Centro-América e o Caribe. 
Dirigentes esportivos, servidorespúblicos e proissionais de esporte 
passaram a dispor de conhecimentos e experiência na organização de 
grandes eventos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar os Jogos Pan-americanos escolares, Juiz de Fora promoveu 
um impacto de signiicativa transformação na sociedade em vários 
aspectos, entre eles a maior valorização do esporte, o envolvimento 
da sociedade em torno do esporte sob inúmeros parâmetros como o 
41
esporte educacional, o esporte de participação, o esporte de rendimento 
e o esporte para saúde.
Os diferentes setores da sociedade reconheceram a importância e a 
amplitude do esporte e os benefícios socioculturais que dele provêm. 
Não obstante, o impacto da projeção da cidade de Juiz de Fora, 
reverberou mudanças de percepções e comportamento tanto do ponto 
de vista social, quanto político.
Portanto, o conhecimento produzido pela realização dos I Jogos 
Pan-americanos Escolares permitiu expandir por vários setores da 
comunidade além de criar um modelo de gestão e organização para 
futuros empreendimentos esportivos.
REFERÊNCIAS
BUKOWITZ, W. R. & WILLIAMS, R.L. Manual de Gestão do 
Conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2002.
KOTLER, P. Marketing essencial: conceitos, estratégias e casos. São 
Paulo: Prentice Hall, 2005.
LEVY, P. A inteligência Coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 
São Paulo: Loyola, 2003.
MELO, L. E. V.Gestão de Conhecimento:Conceitos e aplicações. São 
Paulo: Ed. Érika, 2003.
TAKEUCHI, H. & NONAKA, I. Gestão do Conhecimento. Porto 
Alegre: Bookman, 2008.
TERRA, J. C. Gestão 2.0: como integrar a colaboração e a participação 
em massa para o sucesso dos negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
TOLEDO, H. C. Qualidade Total em Megaeventos Esportivos. In: 
Legados de Megaeventos Esportivos. Editores: Lamartine DaCosta, 
Dirce Corrêa, Elaine Rizzuti, Bernardo Villano e Ana Miragaya. Brasília: 
Ministério do Esporte, 2008.
42
VILHENA, R. et al. O Choque de Gestão em Minas Gerais. Belo 
Horizonte: Editora UFMG, 2006.
GRANDES EVENTOS, GRANDES NEGÓCIOS? 
UMA REFLEXÃO SOBRE REPERCUSSÕES 
DOS GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS NO 
BRASIL A PARTIR DO QUE É VEICULADO 
PELA MÍDIA
MEZZAroBA, Cristiano1
ANtUNES, Scheila2
1Mestre em Educação Física/UFSC; Professor do Departamento de 
Educação Física/CCBS/UFS.
2 Mestre em Educação Física/UFSC, Coordenadora do Curso de 
Educação Física da Faculdade do Futuro (MG).
Este ensaio teórico tem por objetivo estimular o leitor a reletir sobre 
como o esporte tem sido movimentado no Brasil a partir do momento 
em que o país tornou-se, aos olhos do mercado inanceiro, um 
território potencialmente produtivo e lucrativo a partir da realização 
de megaeventos esportivos. Essa perspectiva que reforça a condição 
do esporte enquanto mercado e mercadoria, evidenciou-se quando a 
cidade do rio de Janeiro foi sede dos Jogos Pan-Americanos em 2007. A 
realização de um evento desse nível impulsionou o Brasil a candidatar-
se à sede para outros megaeventos esportivos, com proporções 
ousadamente maiores, neste caso, a Copa do Mundo de Futebol em 
2014 e os Jogos Olímpicos também na capital luminense em 2016. 
Mas, promover o esporte brasileiro, dando-lhe melhores condições 
de desenvolvimento, democratizando suas práticas e o acesso aos 
espetáculos promovidos é o que impulsiona esse desejo em “trazer o 
mundo para praticar esporte no Brasil”?
Nossa atual conjuntura social está consolidada por uma lógica 
mercadológica que consegue transformar qualquer fenômeno social 
em produto com alto poder comercial. E isso só é possível porque 
44
a indústria cultural1 está a serviço dessa lógica, pois, ela é a sua 
base de sustentação. Segundo Horkheimer e Adorno (1997), pela 
indústria cultural tudo é transformado em negócio, em produto com 
ins lucrativos. Dessa forma a indústria cultural consegue agregar às 
suas produções características do mundo industrializado moderno e, 
por isso, consegue exercer o papel de “porta voz” dos interesses da 
ideologia dominante, a qual dá sentido a todo o sistema social.
A indústria cultural se apropria de qualquer fenômeno social que 
possa ser transformado em bem de consumo. o fenômeno esportivo há 
tempos já se tornou uma de suas mercadorias com alto valor produtivo 
no mercado (além de seu valor “simbólico”), pela maneira como 
consegue veicular e modiicar normas, sentidos, valores e signiicados. 
Assim, a dimensão esportiva acaba servindo de base para investimentos 
que atendem a demanda de interesses dessa indústria e não aos 
interesses daqueles que consomem as produções disponibilizadas. E 
o que temos percebido após a candidatura e eleição do Brasil para a 
sede de dois megaeventos esportivos, a Copa do Mundo em 2014 e os 
Jogos Olímpicos em 2016, é uma movimentação gigantesca nos setores 
político e econômico para atender às necessidades das obras de reforma 
e construção de
instalações exigidas para esses eventos, além, é claro, a exploração do 
potencial turístico2 do Brasil como consequência desses megaeventos.
Além da política e economia movimentando ações para promover 
as atividades preparatórias3 para os eventos, a indústria midiática 
1 O conceito de Indústria Cultural pode ser melhor compreendido a partir da 
leitura do capítulo I do livro Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Zuin 
(2001) atualiza este conceito, ao mesmo tempo em que o mostra como bastante atual em 
relação às condições de semiformação no âmbito educacional e na sociedade, e neste caso, 
poderíamos pensar o esclarecimento enquanto elemento indispensável de uma formação 
mais ampla, crítica e transformadora no âmbito da Educação Física.
2 Em trabalho de Carvalho e Gaio (2006) podemos ver uma discussão sobre a 
influência dos Jogos Olímpicos na economia dos países sede, em especial a questão turística 
(fluxo receptivo de turistas).
3 No campo jornalístico, o conceito de agendamento (advindo da chamada teoria 
da agenda-setting) permite acompanhar, identificar e melhor compreender como ocorrem 
as estratégias discursivas midiáticas em relação a eventos e acontecimentos, em decorrência 
de como são pautados e configurados pela mídia. Sobre isso, ver Fausto Neto (2002) e 
Mezzaroba e Pires (2010).
45
também tem articulado variadas estratégias que vem antecipando4 
expectativas e dando visibilidade à realização desses dois grandes 
eventos esportivos no Brasil.
os discursos produzidos pelas mídias estão articulando sentidos, 
valores e signiicados para auxiliar o processo de fortalecimento da 
ideia de que o esporte é uma cultura altamente promotora de benefícios 
para a saúde física5 e inanceira do país. Campanhas publicitárias 
e programas exibidos em televisão, revistas, jornais e mídias online, 
diariamente possuem algum tipo de ação que promovem a difusão da 
associação dessas ideias (saúde física e inanceira) ao esporte.
Basta veriicarmos nos telejornais assuntos e notícias esportivas 
relacionadas à contratação de jogadores e empresas patrocinadoras do 
esporte, ou ainda, em programas como o Fantástico6 que difundem o 
discurso de que a prática esportiva é a redenção do corpo para se ter saúde 
na Medida Certa. Esses recursos funcionam como canais publicitários 
do esporte, vendendo um pacote fechado de hábitos, valores, ideias, 
sentidos e signiicados, corroborando com os argumentos de Betti 
(1998) e Pires (2002), quando comentam da “via de mão-dupla” entre 
esporte e mídia, cada um desses elementos se relacionando de maneira 
recíproca, seja em relação à promoção de eventos, sua divulgação e 
propagação de produtos vinculados.
Segundo Coelho (2003), por meio da análise de campanhas 
publicitárias, que são produções midiáticas, é possível acompanhar o 
desenvolvimento da sociedade do consumo em que vivemos. E, em 
tempos de hipertroia esportiva promovida pela expectativa de sediar 
megaeventos esportivos de grande representatividade mundial, a 
movimentação das mídias por consolidar a idéia de que o Brasil tem 
4 Exemplo disso pode ser constatado no seguinte endereço da

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