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CICLO DE DEBATES EM ESTUDOS OLÍMPICOS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE REITOR Prof. Dr. Josué Modesto dos Passos Subrinho VICE-REITOR Prof. Dr. Ângelo roberto Antoniolli EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE COORDENADOR DO PROGRAMA EDITORIAL Péricles Morais de Andrade Júnior COORDENADORA GRÁFICA Germana Gonçalves de Araújo CONSELHO EDITORIAL Antônio Ponciano Bezerra Maria José Nascimento Soares Dilton Cândido Santos Maynard veruschka vieira Franca Eduardo oliveira Freire vera Lúcia Corrêa Feitosa Lêda Pires Corrêa rosemeri Melo e Souza Maria Batista Lima ricardo Queiroz Gurgel Maria da Conceição v. Gonçalves EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Antonio de Freitas Lima CAPA Cidade Universitária José Aloísio de Campos CEP - 490100-000 - São Cristóvão - SE telefone: 2105.6920 - 21056922 - 21056923 - e-mail: editora@ufs.br São CriStóvão, 2012 Organizadores: Ailton Fernando Santana de oliveira Marcelo de Castro Haiachi CICLO DE DEBATES EM ESTUDOS OLÍMPICOS SUMÁrio APrESENtAÇão ..................................................................................................... 7 oS iMPACtoS DoS MEGAEvENtoS ESPortivoS NAS PoLÍtiCAS ECoNÔMiCAS E No MEio AMBiENtE ................................................... 11 MEGAEvENtoS ESPortivoS E SEUS iMPACtoS NoS EStADoS PEriFÉriCoS: o CASo DE JUiZ DE ForA, M.G. ..............................................33 GrANDES EvENtoS, GrANDES NEGóCioS? UMA rEFLEXão SoBrE rEPErCUSSÕES DoS GrANDES EvENtoS ESPortivoS No BrASiL A PArtir Do QUE É vEiCULADo PELA MÍDiA ................ 43 CoNtriBUiÇÕES DA EStÁtiStiCA BÁSiCA PArA o DESENvoLviMENto Do ESPortE No BrASiL ..................................................................................... 57 ESPortE E SEU DESENvoLviMENto: CoMo ACoMPANHAr A EvoLUÇão DAS PoLÍtiCAS ESPortivAS .................................................... 75 AS MANiFEStAÇÕES Do ESPortE EM tEMPoS AtUAiS:UMA rEFLEXão DiALÉtiCA ................................................................................... 87 iNiCiAÇão MotorA DESPortivA: UMA ProPoStA DE APLiCAÇão ................................................................................................................................... 101 ESPortE PArAoLÍMPiCo PArA ALÉM Do “oUro” ............................... 107 CorriDAS DE rUA. ASPECtoS HiStóriCoS, MEtoDoLóGiCoS E orGANiZACioNAiS. .......................................................................................... 129 HANDEBoL EM CADEirA DE roDAS: oriGENS E EvoLUÇão.. ......... 145 BADMiNtoN: PrAtiQUE ESSA iDÉiA.. ......................................................... 163 Do SiMPLES ANDAr DE BiCiCLEtA Ao NÍvEL DoS JoGoS oLÍMPiCoS: UM EStUDo DE CASo DENtro Do ProJEto PEDALANDo PArA o FUtUro ................................................................................................................................... 171 ANÁLiSE oBSErvACioNAL DA toMADA DE DECiSão EM AtAQUE PoSiCioNAL DE JoGADorES DE HANDEBoL EM EStAPAS DE ForMAÇão ................................................................................................................................... 189 APPLiED viDEo tECHNoLoGY iN PHYSiCAL EDUCAtioN AND SPortS ................................................................................................................................... 207 7 APRESENTAÇÃO o esporte no mundo contemporâneo tem demonstrado seu valor não só pelos aspectos sociais, quando ganha cada dia mais adeptos, seja em busca da performance ou do lazer, mas também por seu impactos econômicos e políticos, unindo povos e estabelecendo marcos de referência global por meio de megaeventos como olimpíadas, copas do mundo de futebol e campeonatos esportivos continentais. torna-se assim, cada dia mais espetáculo, reunindo milhões de pessoas e arrecadando verdadeiras fortunas. Surgem canais de televisão exclusivos, transmitindo 24 horas de atividades esportivas. Assim entra em cena o interesse de diversos países no mundo para sediar as grandes competições esportivas, que movimentam bilhões de dólares, atraem milhões de pessoas e divulgam as cidades ou os países no mundo inteiro, haja vista, o exemplo de Barcelona, Atlanta, Sydney e Grécia com as olimpíadas e Alemanha e África do Sul com as últimas copas do mundo. o Brasil, seguindo tendências internacionais, tem sediado megaeventos esportivos continentais nos últimos anos, destacando-se os Jogos Panamericanos e o Para-panamericanos, na cidade do rio de Janeiro em 2007, e se prepara para entrar no restrito bloco de países líderes de grandes eventos globais, sediando os Jogos Mundiais Militares de 2011, a Copa do Mundo de Futebol 2014 e os Jogos olímpicos e Paraolímpicos de 2016, entre outros eventos de menor porte. Além do estímulo à prática esportiva propriamente dita, os meios de comunicações propagam de forma contraditória aos interesses da classe trabalhadora, respaldados muitas vezes em estudiosos da área, que a preparação para a realização desses grandes eventos impulsionará diferentes setores da economia, airmando a necessidade de projetos de obras de infraestrutura, transporte, comunicação, etc., cujos interesses atendem somente a dinâmica econômica em cadeia, com efeitos nas indústrias e organizações especíicas; ao comércio que o distribui aos interesses do turismo, das empresas prestadoras de serviços; respondendo a todos os setores vinculados a venda do esporte, direto e indiretamente. Enim, estabelecem agendas de propagandas com o objetivo de atrair o 8 público, turistas, capital inanceiro, em nome do desenvolvimento social e econômico do país, antes, durante e após evento. Nesses termos, os bens culturais, como o esporte e lazer, são inseridos como mercadorias (MArX, 2002), passando a assumir cada vez mais uma característica proissional de promoção de negócios e com ins lucrativos, sendo ainda utilizados como instrumentos privilegiados de controle social e de legitimação das políticas de interesse do capital, tornando-se ramos de negócios dos mais rentáveis, intitulados como mercado de serviços, inserindo-se nos tratados de livre comércio. Por se tratar de um acontecimento com abrangência global, com grande destaque em termos de mídia, nível de envolvimento inanceiro do setor público e efeitos políticos, há que se considerar aspectos relacionados não só ao evento em si, mas também, e talvez principalmente, a perspectiva dos seus possíveis impactos e legados. Assim, observamos que os debates sobre a construção e deinição das políticas públicas nessa área passam a leva em consideração, prioritariamente, a realização e cumprimento de tarefas desses megaeventos, deixando em segundo plano o preceito constitucional que garante a universalização do direito ao acesso aos bens da cultura corporal (dança, jogo, ginástica, lutas, etc.), ou seja, o sujeito. Por im veriicamos que esse discurso é reproduzido em todas as regiões e localidades, produzindo uma cultura de que todos os estados, independente de sua localização, são beneiciados. Por outro lado veriicamos através de pesquisas, uma tendência mundial de aumento do sobre peso e da obesidade da população, aqui no Brasil, nos últimos cinco anos, temos tido um aumento da obesidade de 1% da população a cada ano. Somado ao fato de não conseguirmos cumprir com o preceito constitucional da universalização da prática esporte, hoje temos cerca de 30% da população brasileira, fora de qualquer prática esportiva ou de atividade física. Nesse sentido, perguntamos – Como a realização de um megaevento esportivo pode colaborar para o aumento da prática esportiva e como consequência a melhoria da saúde da população brasileira? Quais os benefícios que a realização de um megaevento esportivo, como copa do mundo e olimpíada, pode trazer aos estados que se localizam na periferia dos estados sedes? Já que as verbas públicas 9 federais podem ser direcionadas para esses eventos. Como esses estados podem se organizar no sentido de garantira continuidade de políticas universalizantes e estruturantes para sua população? Quais vantagens podem conquistar com a realização desses eventos? Como o poder público Estadual e Municipal está tratando esse tema? Como icará a realização de programa e projetos esportivos, que estimulam e promovem a inclusão do indivíduo na pratica esportiva? A partir da realização desses megaeventos quais as prioridades das políticas esportivas no que se refere ao marco legal estabelecido; a formação proissional; ao campo de emprego, as práticas esportivas, aos projetos sociais esportivos; e a infraestrutura. Com o objetivo de encontrar respostas para essas e outras perguntas que possa contribuir para o desenvolvimento do esporte no país e no estado de Sergipe, é que a Universidade Federal de Sergipe, através do Departamento de Educação Física, representada pelo Núcleo de Pesquisa em Aptidão Físicae olimpismo de Sergipe - NUPAFiSE oLiMPiSMo, estará organizando 06 (seis) Ciclos de Debates, sendo um a cada ano, tendo o primeiro em 2011 e o último ciclo em 2016, quando teremos a realização dasolimpíadas no Brasil. Para esse primeiro ciclo, realizado entre os dias 26 a 28 de maio de 2011, abordou os impactos desses megaeventos nos estados periféricos, como o estado de Sergipe, para isso contamos com a presença de renomados pesquisadores nacionais e internacionais, tais como: Professor Dr. Lamartine DaCosta (Universidade Gama Filho/RJ; Palestrante da Academia Olímpica Internacional;Membro da Academia olímpica Brasileira e Professor visitante da University East London/ UK, envolvida na organização dos Jogos olímpicos de Londres) - tratou sobre os impactos desses megaeventos para a economia e para o meio ambiente; Professor Dr. Gylton da Matta (University of Northern Colorado/ USA) - apresentando temas relacionados a tecnologias para o esporte; Professor Dr. Heglison toledo (Universidade Presidente Antônio Carlos – Campus Juiz de Fora/MG) – tratou da experiência de Juiz de Fora para a candidatura da cidade sede de treinamento para a Copa do Mundo -Training Camping; 10 Prof. Drª Marcia da Silva Campeão (Universidade Federal rural do rio de Janeiro/rJ) - abordou um tema ligado ao esporte para pessoas com deiciência severa; Prof. Décio roberto Calegari (Universidade Estadual de Maringá/ Pr) - tratou da apresentação do handebol em cadeira de rodas. Completando o quadro de palestrantes tivemos a participação de professores ligados ao Departamento de Educação Física da UFS, tais como: Prof. Dr. Hamilcar Silveira Dantas Junior, Prof. Dr. robélius De Bortoli, Prof. Dr. Afrânio de Andrade Bastos, que trataram de temas ligados aos megaeventos esportivose tecnologiasno esporte. o evento ainda contou com a realização de oicinas de: Badminton, Corrida de rua, Handebol em cadeira de rodas, iniciação motora desportiva: lutas, Prática de atividades esportivas para pessoas com deiciência severa e Utilização de ferramentas tecnológicas no esporte. Aracaju, 09 de maio de 2011. 11 OS IMPACTOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS NAS POLÍTICAS ECONÔMICAS E NO MEIO AMBIENTE Palestra proferida pelo prof. Dr. Lamartine Pereira Da Costa, durante o i Ciclo de Debates em Estudos olímpicos, ocorrida na Universidade Federal de Sergipe 1Universidade Gama Filho/rJ; Palestrante da Academia olímpica internacional;Membro da Academia olímpica Brasileira e Professor visitante da University East London/UK, envolvida na organização dos Jogos olímpicos de Londres. os megaeventos esportivos nas cidades e nos países sedes é assunto de relevância e ultrapassa o setor do esporte, tornando-se de interesse da sociedade, e de políticas em geral do país, passando a ser tema e debates sobre os seus impactos nos setores econômicos e ambientais. os dois principais eventos, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos olímpicos de 2016, ocorrerão aqui no Brasil, portanto a Confederação Brasileira de Futebol - CBF e o Comitê olímpico Brasileiro – CoB, estão mobilizando dezenas de cidades, provavelmente mais de uma centena, que poderão ser sub-sede desses eventos e que estão distribuídas pelo país. iniciamos nossa intervenção, questionando que historia é essa de impacto? Em primeiro lugar devemos ter uma ideia geral, que megaevento é economia, não é esporte. o esporte é o objeto, mais o impacto maior é na economia, muitos não percebem este detalhe, até mesmo quem lida com o esporte.As pesquisas sobre meio ambiente e esporte no Brasil são muito antigas, provavelmente é a área de maior continuidade do mundo, o que em ciência é importante. Em 2012 as pesquisas em meio ambiente estarão fazendo 50 anos de tradição. Paralelo a este tema surge à expressão sustentabilidade, presente hoje, na língua comum e está em toda parte, inclusive no esporte e na Educação Física. É uma palavra da moda, muita gente não sabe exatamente o que é, mas é uma palavra corrente e realmente inluência 12 nossas intervenções e conhecimento. Aqui vamos tratar da visão mais técnica e operacional. Hoje, com relação aos jogos olímpicos podemos citar dois caminhos ou escolhas o Brownield e o Greenield, isso entra na medula dos Jogos olímpicos de 2016. Sendo um assunto que só nas áreas técnicas é explorado, então esse ciclo de debates aqui na Universidade Federal de Sergipe - UFS, é o ambiente adequado para discutirmos este assunto. Podemos citar os casos de organizações que desenvolvem projetos de sustentabilidade, como é o caso do SESi no Brasil, que é uma organização gigantesca, seu produto bruto é igual ao da Costa rica e estão enfrentando uma situação de sustentabilidade, já publicaram um volume sobre esse tema e o segundo sairá agora em 2011, que trata das construções esportivas relacionadas à sustentabilidade. o segundo exemplo, é a experiência de Londres, com os Jogos olímpicos de 2012, tendência que seguirá nos Jogos olímpicos no Brasil de 2016, para vocês verem onde estamos metidos, trata-se das instalações não permanentes, que após o evento, é retirada. isso é um grande charme da área no momento. Estudos olímpicos que visa desenvolver conhecimento para análise de impactos em megaevento esportivo, tornam-se muito importante, assim presto homenagem a UFS, que no seu Departamento de Educação Física cria mais um grupo de pesquisa em olimpismo. Esse grupo passa a ser o nono grupo de Estudos olímpicos, registrado no CNPq. OS MEGAEVENTOS E SEUS IMPACTOS impacto é um efeito que tem dimensões de acordo com a sua natureza, por exemplo, a usina atômica lá do Japão, que teve problemas recentemente, criou impacto no meio ambiente e no mar em volta de todo o país. representou um impacto negativo, visto que, a radiação dessa usina atômica conseguiu escapar do sistema de segurança e penetrou no meio ambiente local, contaminando peixes, alimentos e a própria água. 13 outro exemplo, podemos citar o aumento da temperatura, provocado pelo efeito estufa e gerando com isso, modiicações no mundo inteiro. No Brasil, Estados Unidos e Japão várias áreas já notam as grandes mudanças atmosféricas e é um ponto de concentração (pelo menos na minha linha de pesquisa na Universidade Gama Filho). impactos devem ser relacionados ao tempo e espaço, evidentemente ele pode ser um impacto de curta ou longa duração. A usina de Chernobyl na rússia, quando teve um acidente, o impacto negativo transcorreu por mais de vinte anos, e até hoje existe reações. Do ponto de vista do megaevento esportivo, os impactos mais estudados são os da cidade de Barcelona, porque há uma continuidade das pesquisas, mostrando com isso que os impactos estão sendo medidos. os impactos dos megaeventos dos Jogos olímpicos de Barcelona de 1992 têm sido calculados em mais de trinta anos, impressionante isso, foram medindo como ocorria no espaço. todo mundo acha que vai haver uma revolução no turismo do Brasil, mas é ignorância, as pessoas não conhecem as informações acadêmicas, já sabe que o impacto dos megaeventos no turismo é muito reduzido,ele vem depois,exceto o da Copa do Mundo que é um pouco maior, mas nos Jogos olímpicos não tem grande novidade. Foi o que aconteceu em Barcelona que era a vigésima cidade turística do mundo e hoje é a terceira, mas isso ocorreu no transcorrer do tempo. Então o que podemos esperar dos impactos nos Jogos olímpicos de 2016 e da Copa do Mundo de 2014? Nas construções que estamos acompanhando, nas cidades sedes de 2014 e no rio de Janeiro de 2016, e nas demais cidades que serão training camping, realmente criam impactos dentro da cidade. Envolver a cidade num projeto desse tipo é gerar o desenvolvimento do esporte globalmente falando. Quanto à renovação urbana, temos um exemplo próximo, mas poderíamos falar eventualmente em outros países. o impacto da renovação urbana é maior que o das construções nas cidades que sediaram esses megaeventos esportivos. Por exemplo, na Copa do Mundo da África do Sul, a renovação urbana foi melhorada com a Copa, muito mais que das construções. A mídia critica o valor das 14 construções, mas esquece dos impactos positivos em outras áreas, um deles é da renovação urbana que é muito importante. o rio de janeiro hoje demonstra isso, e já visando 2016, a parte Sul da cidade transformou-se em canteiro de obras, no momento está sendo construídas três linhas novas de Brt (Bus rapid transit), algo que substitui o metrô. Só isso justiica o envolvimento do Rio de Janeiro com a Copa do Mundo. As cidades são desordenadas, não estão preparadas para os automóveis, todas as nossas cidades são congestionadas, inclusive está aqui, Aracaju. Há uma cidade que em breve deve parar completamente, que é a cidade de São Paulo, a não ser que ocorra alguma outra coisa. A renovação urbana é de grande sensibilidade. Nesse particular o governo, está trabalhando nesse tipo de impacto, pelo menos do ponto de vista do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Quem inancia as obras de renovação urbana no entorno dos estádios de 2014 é o BNDS. A verba de renovação é maior que a construção dos estádios. Por quê? Porque mexe com as cidades. Em recife, podemos observar, através de estudos da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, que esta envolvida, a cidade, vai ganhar uma área adicional, onde estão construindo os estádios, é uma possibilidade de uso, tecnicamente se chama de Greenield, onde se faz uma obra em um lugar que não existe nada para desenvolver aquela região. isso é um impacto positivo e planejado, então a renovação urbana já pode ser citada como tal. No Rio de Janeiro também há um projeto de Greenield na Barra da tijuca, onde o local ainda está vazio, e as instalações olímpicas vão atrair a cidade para o crescimento daquela região, é por isso que toda a região estar com obras de estrutura urbana de transporte. tecnicamente no Brasil se chama de mobilidade urbana. os dois casos mais estudados, que são de maiores impactos no exterior são: o de Atenas, cuja modiicação foi no aeroporto, que é um dos grandes da Europa atualmente, e todo o sistema de metrô e de estradas também. o país todo mudou em função dos Jogos olímpicos de 2004. Antes de Barcelona, o impacto da mobilidade foi no sistema ferroviário da Espanha, onde aproveitou os Jogos olímpicos de 1992, 15 para mudar todas as ferrovias do país e o sistema de comunicação, hoje, a Espanha é um país desenvolvido e grande parte veio com um impacto positivo dos jogos de 1992. Em particular, abro um parêntese nesses impactos, para resolver um problema sério aqui no Brasil, que é a crítica aos megaeventos. A crítica é a seguinte: pra que se gasta tanto dinheiro nessa história de Copa e Jogos olímpicos, se nós não temos escolas? temos escolas mais é deiciente, o sistema de saúde é ineiciente. Uma série de problemas sociais e gastamos dinheiro com megaeventos? Existe um grande equívoco nessa expressão, que precisa ser esclarecido num evento desse porte. o impacto econômico dos jogos, só se compara internacional, com o petróleo e diamante, que são os retornos de investimentos maiores que existem no mundo, ou seja, em um cálculo feito para os Jogos olímpicos de 2000, Sydney teve um cálculo que havia um ganho de 100 dólares australianos, para cada dólar que havia sido empregado no país para as obras do megaevento. Não existe um investimento que você aplica um e ganha cem, a não ser petróleo, roubo ou maconha, portanto a sociedade ganha muito com isso. os economistas riem quando se fala desse negócio de, por que não faz escolas no Brasil? Eles riem. Fizemos um evento no rio de Janeiro do qual surgiu um livro, vocês poderão ter acesso gratuitamente pela internet, onde tinha um economista alemão e depois no ano seguinte um espanhol, os dois considerados um dos maiores do mundo nessa área, e se redimem disso, porque eles chamam de custo de oportunidade, pois quando aplicamos em usinas e estradas não estamos tirando da escola como imaginamos. Usina, estrada e megaevento são formas de investimentos, se eles tiverem retorno e trouxerem dinheiro para a sociedade. o dinheiro é empregado em benefício da sociedade, é uma situação muito simples, mas a mídia não entende isso. E nós como classe não entendemos isso e somos sujeitos a criticar. o PAN de 2007, aquilo foi um escândalo, que até hoje, está ai nos tribunais, criando problema para todo mundo. Então não é o megaevento é a forma de lidar com o megaevento, se existe corrupção 16 pode vim de estrada, da energia até da construção de escolas, qualquer coisa, o problema é de gestão de governança, nada tem retorno e vai dá prejuízo e o quadro passa a ser negativo. Criam-se “elefantes brancos”, que são custosos para a sociedade, como está ocorrendo agora no rio de Janeiro. Começamos mal essa história de megaeventos como o PAN, ele não foi um bom exemplo, embora tenha um tido uma boa organização esportiva, no econômico foi uma tristeza caracterizando uma grande desorganização. Ai sim que cabe a crítica, mas do ponto de vista técnico cientíico você criticar uma coisa antes que aconteça é um pouco impróprio, então criticar agora os Jogos de 2016 não faz sentido. Não funcionando tal mobilidade urbana, os investimentos do governo federal, que são gigantescos, em especial nas doze cidades que sediarão a Copa do Mundo de 2014, se nisso houver corrupção que muita gente já esta dizendo, cabe justamente a crítica e sabemos que não funcionou adequadamente a parte de planejamento. É preciso criar essa diferença para não perdermos tempo e criticar uma coisa que não sabemos bem o que está acontecendo. Além do impacto positivo das construções e da renovação urbana, tem a sustentabilidade ambiental, que está muito relacionada com o meio ambiente, isso porque existe a sustentabilidade econômica, social e ambiental, pois ela é tripartite, onde as três coisas muitas vezes se relacionam e em outros casos não. temos uma sustentabilidade ambiental, mas às vezes não temos uma sustentabilidade econômica. ASPECTO DA SUSTENTABILIDADE o que é sustentabilidade? É o investimento ou intervenção em determinada situação, aguardando que não haja ofensa ao meio ambiente, e nem tenha impacto negativo para a sociedade e o sistema econômico, é uma coisa de equilíbrio. Estamos examinando nesse momento o rio de Janeiro, com relação à mobilidade urbana, se eles tiverem uma contribuição de melhorar a vida da sociedade se chama obras de sustentabilidade. Esse é o primeiro 17 conselho que damos para progredirmos, além de ser uma palavra da moda, é a palavra do século XXi. Qualquer atividade, até casamento precisa de sustentabilidade, ou seja, deve haver um equilíbrio entre as partes de maneira que tenha um proveito para os dois, um negócio bem difícil de existir no casamento. Podemos citar como exemplo um curso, se tem sustentabilidade ou não, esse curso aqui pode ser examinado com essa classiicação. Ele tem sustentabilidade ou não? O grupo de pesquisas do CNPq de Estudos olímpicos, ele tem sustentabilidade?Pode ser que não tenha, pois foi criado há três anos. outro aqui no estado vizinho durou apenas seis meses e acabaram com o grupo, pois ele não tinha sustentabilidade, não foi organizado para ter um programa de atividades ai morreu. Sustentabilidade é uma palavra, uma expressão, um conceito muito importante para progredirmos, sermos eicientes e eicazes, com relação à sociedade e aos nossos empreendimentos. E o ambiental ainda mais, porque é não destruir o meio ambiente. Podemos fazer estádios, termos uma sustentabilidade econômica e uma mobilidade urbana e destruímos tudo, todo o meio ambiente, o que adiantou aquele investimento, se está hipoteticamente destruindo uma parte do meio ambiente, onde acaba reletindo na sociedade. outro impacto dos megaeventos são as políticas públicasé uma lista inindável, poderíamos citar várias situações. Esta se faz presente em função do envolvimento dos governos com relação aos megaeventos, isso começou nos Jogos olímpicos em 2000 em Sidney, e o governo participou intensivamente dos jogos, assumindo grande parte do inanciamento e da direção. A partir daí não parou de crescer, agora em Londres cerca de 95% de tudo que se faz nos Jogos de 2012 estão relacionados ao governo, não esta relacionado nem ao comitê olímpico local e nem ao internacional, existe uma tendência das organizações esportivas icarem com os direitos, os padrões e o governo assume também. o maior impacto positivo é para o governo porque megaevento passou a ser político. Na Austrália começou com o ministro, Londres e Atenas tiveram ministro, Beijing não teve (é outro mundo, outra situação), teremos uma a autoridade pública olímpica aqui no Brasil. É uma ideia que foi aprovada pelo congresso nacional, e a autoridade pública olímpica, 18 deverá ser nomeada agora em julho e esse indivíduo, depois do presidente da republica é o que tem a maior verba do país, que se chama PAC do megaevento, dado ao porte de obras, é muito especial em qualquer país que ao contrário das outras obras, não tem adaptação de tempo. Sendo feito com data marcada e tem que ter resultado, é um negócio de espada na garganta de quem dirige isso, tem sido igual nos outros países e vai ser igual no Brasil, provavelmente é muito bom para nós, que só fazemos obras que atrasam demasiadamente onde se gastam muito dinheiro e o resultado é pouco. Então há um benefício atrás do megaevento no Brasil que ensina o governo a trabalhar, vocês estão assistindo essa situação toda de discussão dos aeroportos brasileiros. Concerta aeroporto ou nós teremos uma vergonha internacional, esse é o grande assunto, a tal ponto da presidente da republica assumir para ela o controle das obras em aeroportos, não sei se vocês sabem disso! É uma coisa inédita, ela sentou com pessoas responsáveis pelas obras e tem um cronograma para ver o que esta acontecendo, passou a ser uma prioridade total do país, qual é o ganho disso? o movimento de aeroportos no Brasil hoje é maior do que o da China, que é uma coisa extraordinária, não existe nada parecido no mundo, mas ninguém precisa icar orgulhoso com isso, nós devemos até chorar, que o movimento não tem uma resposta de gestão, existe uma bagunça atrás disso e o problema está crescendo, ano que vem alguns aeroportos do Brasil estarão em colapso, se espera uma situação desse tipo. Por isso o envolvimento do governo passou a ser muito importante, com os impactos de megaeventos e as políticas públicas foram relacionados nesse conjunto, sendo a coisa tecnicamente mais complexa. Faço a sugestão de um livro que é muito bom, está em português, com todos os resumos em inglês, se chama “Legado dos Megaeventos Esportivos”, foi publicado pelo Ministério do Esporte e o CoNFEF. o endereço é www.confef.org.br lá tem um banner, onde vocês clicam e terão acesso ao download. É um livro de 600 e poucas páginas, existem pessoas que colaboraram para esse livro, o prof. Ailton oliveira, aqui da UFS, e o prof. Heglisson toledo, que está aqui presente e é de Juiz de Fora, são autores de capitulo dessa obra, que tem um total de 75 19 autores, com seis autores estrangeiros. Essa obra tem deinições com maior precisão do que podemos discutir aqui. Então impactos socioambientais urbanos provavelmente é o que temos de maior atenção, e estão distribuídos dentro de uma primeira classiicação em tangíveis/ não-tangíveis e diretos/ indiretos. • tangível quando é quantitativo, a exemplo da questão do turismo em Barcelona que já citamos, sendo perfeitamente identiicável quantitativamente e não tem discussão. • intangível é quando todo mundo sabe o que está acontecendo, mas não temos meio de quantiicar, isso é um problema técnico, a exemplo dos jogos olímpicos de Beijing, onde o objetivo dos jogos era projetar o poder da China no mundo, eles colocaram lá frases de efeitos como: o poder da China no mundo; A integração da China no mundo. Não tem nada de integração, era um jogo de poder, oicial do governo. isso é intangível, não há como medir, e, no entanto era o objetivo maior dos jogos, o mais caro que foi feito até hoje. Então é válido o intangível. No Brasil teremos essa mesma situação. o que é tangível? o dinheiro que vai ser gasto nas obras e ver qual é o impacto medido. Funciona ou não funciona? tudo bem que o termo intangível é o nome próprio do país nessas duas situações, que na verdade não são dois megaeventos, são seis ou sete, que terá início no rio de Janeiro. Não sei se vocês estão acompanhando, os Jogos Mundiais Militares que é um megaevento de porte, são mais de 100 países, 7000 atletas. Nosso grupo de estudos olímpicos entra em campo juntamente com a organização internacional e a Universidade de Mainz na Alemanha, terá um questionário que vamos aplicar, onde o mesmo questionário foi aplicado em Beijing, Atenas e Sydney, para ver o impacto nas cidades pelos olhos dos visitantes e dirigentes. o que podemos esperar? Essa pesquisa vai ser entregue a Prefeitura do rio de Janeiro como colaboração do nosso grupo de pesquisas. os impactos são tangíveis / não-tangíveis e diretos/indiretos. Para exempliicar os indiretos, se faz observando se os Jogos Olímpicos no rio de Janeiro têm impactos aqui em Aracaju? Claro, esse evento já é 20 um impacto que veio do megaevento, além do mais isso é difuso por toda a sociedade. A Grécia passou a ser outro país depois dos Jogos olímpicos de Atenas, a Espanha também, a Coréia do Sul se apresentou ao mundo um país avançado depois dos jogos de Seul de 1988. isso aconteceu com a itália 1960, com o Japão em 1964, com a Alemanha em 1936. Então se espera que haja impactos indiretos pelo país como um todo, e não só no rio de Janeiro. A nossa candidatura foi muito bem apresentada em Copenhague à dois anos atrás, quando foi vencedora e dito que os jogos não seriam do Brasil e nem do rio de Janeiro, os jogos eram da América Latina. Portanto, nós devemos ver o impacto aqui como uma coisa de toda a sociedade brasileira e que apresenta outras implicações. Na questão ambiental isso tomou um porte maior. Nas medidas ambientais de Londres não são só para lá, ou para a inglaterra, são para o mundo inteiro. Por exemplo, as construções que estão experimentando em Londres, são tecnologicamente avançadas e deverão ser inluenciadas nas construções esportivas do mundo inteiro, caracterizando um impacto indireto em outros países, inclusive para o Brasil. o maior impacto econômico é medido pelo PiB, a exemplo na China à média de oito anos foi 1% do PiB vindo dos Jogos olímpicos, das obras, de diversão e outras situações relacionadas à organização dos jogos. É muita coisa 1% do PiB, eles crescem na base de 10% a 11%, e se vocês forem medir 1% é uma coisa gigantesca. Na Alemanha em 2006 com a Copa do Mundo foi de 0,6%, quer dizer que para um país adiantado como a Alemanha teve um impacto econômico positivo com a Copa do Mundo, isso já acorre no Brasil. Hoje qualquer empresa estrangeira que entra no Brasile anuncia: “vamos vender produtos químicos para a limpeza das residências em razão da Copa do mundo de 2014 e dos jogos olímpicos de 2016”, caracteriza com isso um fenômeno correto. Existe isso! Cria um clima benéico e que projeta o país para frente, nós entendemos que todo mundo quer Copa do Mundo e 21 Jogos olímpicos, tudo isso porque tem grande vantagem de natureza econômica. Aplausos para quem trouxe esse assunto para o Brasil e aplausos para o Brasil! Não somente para o rio de Janeiro, que estamos diante de passos políticos e socioculturais, sabendo que o megaevento envolve tudo, cinema, teatro, enim, até mesmo coisas relacionadas ao entretenimento e algumas coisas da pratica esportiva, não muito. Sustentabilidade urbana seria o impacto positivo ambiental o esportivo de competição, lazer e o de saúde. Esses itens hoje estão em discussão, porque em Londres 2012 acaba de ser publicado o resultado no aumento das atividades físicas na inglaterra em função dos Jogos olímpicos de 2012, esperava-se que dois milhões, mas descobriu que não chegava a 50 mil. Não era a primeira vez que isso acontecia, ocorreu na Austrália e Grécia, ou seja, estamos aprendendo o que ocorre em um megaevento. Uma coisa é clara, não é verdade que melhora a prática de atividades físicas com a organização dos Jogos olímpicos (atinge a produção de todos nós). o nosso projeto inclusive diz que é para melhorar a atividade física no Brasil e há um objetivo do Ministério do Esporte de ser potencia olímpica nos próximos anos. Esse objetivo está comprometido cientiicamente, e não há demonstrações que seja um impacto positivo, pelo contrário, está se demonstrando que não é por ai. Do ponto de vista econômico, sociocultural e ambiental, está correto, mas do ponto de vista da nossa área isso não é verdade. Fizemos duas pesquisas para o PAN que não demonstraram isso, foi favorável, mas não sabemos se é do efeito da mídia e que poderia não ser permanente, onde não medimos depois o que aconteceu. Praticamente todos esses megaeventos, têm descontrole orçamentário. Até hoje não houve um caso que não surgisse esse descontrole. isto é altamente problemático, que compromete todo o projeto governamental dos jogos e vai surgir corrupção e uma série de circunstância e está acontecendo em Londres no momento. Ao longo desses últimos oito anos, tiveram de três a quatro vezes que entraram em crise e tiveram que mudar os dirigentes, tendo em vista o descontrole orçamentário que existe. Muitas surpresas nas construções desses megaeventos que mexe com uma cidade muito grande de um país, não sendo possível ter perfeição nessa área. 22 Políticas comunitárias provavelmente é o grande impacto não tangível e que funciona sempre, porque a população em peso costuma apoiar esses jogos. Está ocorrendo agora na inglaterra, ocorreu em outros países, e no PAN foi o melhor resultado do mundo, de aceitação popular de projeto esportivo, tendo 90% de aceitação da população no rio de Janeiro. Então temos uma tradição no Brasil de acordo com esses megaeventos do ponto de vista popular. Isso não signiica que o PAN, não tenha tido outros impactos até negativos como sabemos por esse descontrole orçamentário. Um deles foi exagerado, o tal do Engenhão, que é um estádio muito bonito e tecnologicamente avançado que custou seis vezes mais do que o orçamento original. tendo alguma coisa muito errada ali. Se isso acontece nos Jogos olímpicos de 2016 o Brasil quebra. Não é possível, estamos lidando com coisas sérias e muito caras, que precisam ser muito bem administradas cujas expectativas de resultados são sempre grandiosas e favoráveis. Mas é preciso ter cuidado em saber lidar com essas situações, é bom, mais é muito arriscado. Com relação ao tempo os impactos podem ser de curto ou longo prazo, quando examinamos uma situação desse tipo não pode ser isolado. Até hoje se examina o impacto na sociedade da Coreia do Sul, provenientes dos Jogos olímpicos de 1988 em Seul. É possível fazer acompanhamento dos resultados, e, portanto não estamos lidando com uma coisa eventual, uma coisa pontual, nós estamos lidando com um processo de desenvolvimento. Essa é a conclusão de que se tem através desses conceitos.Podemos ver como colocar essas situações no ponto de vista da pesquisa, nós temos uma grande experiência que é do rio 2007 depois dos jogos e depois da candidatura de 2016, e que consta no livro já citado sobre os megaeventos esportivos. Existem muitas acusações, de corrupção, atrasos de obras, má utilização de dinheiro público e falta de planejamento adequado, que vocês devem está acompanhando pela imprensa e que produz impacto aqui em Aracaju. ouvimos de várias pessoas e alunos daqui da Universidade, que Aracaju deseja ser um local de treinamento de 23 uma seleção para a copa do Mundo, e vimos essa solicitação no site da FiFA ou CBF, porém, os alunos comentaram que o governo não estava entendendo muito bem disso, e partiu para a realização de uma parceria de construção de espaço esportivo em um hotel, sem realização de estudo planejado sobre sua viabilidade e sem debate com especialista e a sociedade, ai vocês terão problemas. Estamos nesse processo em 12 cidades do Brasil e já com alguns resultados escabrosos, como houve em São Paulo que ninguém se entendia. Mais existem noticias interessantes, como a de Belo Horizonte, que é perfeita a parte da administração, tanto do estádio como da parte ambiental e a cidade está sendo modiicada em função da Copa, grau dez para Belo Horizonte e grau zero para São Paulo, que dependem dos políticos que dirigem essa situação. Do ponto de vista do conhecimento, precisamos muito nos organizar, digo as academias, os grupos de estudo, no sentido de interpretar melhor essas situações no processo que estamos vivendo, quanto à parte ambiental estamos muito adiantados. Como vocês sabem, izemos pesquisas no Brasil até de nível internacional há 50 anos. tem outro livro que foi organizado pela Universidade Federal do Pará, não no setor de esporte, mas no setor de meio ambiente, acredito que este livro esteja disponível lá no site deles. São dois volumes no qual temos mais de 100 trabalhos sobre sustentabilidade, relacionando meio ambiente a esporte, recreação, lazer e educação física. Esse livro antecipa o livro do SESi, pois o do SESi é muito técnico, ele é mais orientado para a construção. OS LEGADOS Bom! temos saberes que estão ocorrendo aqui, alguns são processos mais antigos outros são novos, e a expressão acadêmica usada para se estudar os impactos do megaevento é a palavra legado. o legado hoje é a preocupação internacionalmente falando, aqui no Brasil nós devemos pesquisar e ver os conceitos.Caímos no que chamamos de cidades planejadas, que é uma grande deiciência no Brasil que não tem cidade planejada. Se planeja alguma coisa 24 como Brasília, depois se perde o controle. Belo Horizonte que já foi uma cidade planejada e deixou de ser, mas são cidades que tem sua periferia e suas comunidades menos favorecidas. Metade da população não tem acesso a esgoto ou água corrente, então nós somos um país altamente subdesenvolvido em planejamento urbano. Provavelmente o nosso conhecimento continua a seguir esse conceito mais tarde nas necessidades de modiicação do país. Muita gente do esporte estranha, mas vem cá, o que os caras do esporte vêm fazer na regeneração urbana? Então, essas coisas precisam ter uma visão integrada para examinarmos os impactos e os legados da melhor maneira possível. Aquelas construções pesadas e permanentes sobre o esporte têm desaparecido, elas devem icar mais sustentáveis, mais leves, não permanentes, mas acessíveis através de vegetação, árvores e por ai vai. tenho um livro que é do meio ambiente e nele vocês poderão ver os enfoques que houve, é um assunto mais técnico. Aqui no Brasil começa pelo exame do meio ambiente pelo calor que atinge os atletas e não tinham resultados. Havia a questãodo atletismo. os nossos atletas iam para o exterior nos mesmos casos, nas provas de longa duração eram horríveis e os atletas diziam que não conseguiam fazer o treinamento adequado, então houve um esforço muito grande de descobri métodos de treinamento que contornassem isso e outros sucessos desses resultados. o melhor resultado do legado, digamos assim, é o da Copa de 1970, que utilizou plenamente essa situação em termos de altitude na cidade do México. Então passou a entrar na historia do país, da ciência brasileira que havia uma competição naquela época entre inglaterra, Holanda, Brasil e Alemanha, e eu conhecia essa pessoa. Que todos os cientistas se conheciam mais eram inimigos do lado de fora. Mas ganhamos essa guerra, que está registrado em livro, e que deverá ser reeditado proximamente. Depois dos anos 1970, experimentamos o aumento das competições entre nações distantes e a mudança das pessoas entre continentes e países, isso se apresentava como uma agressão aos atletas, quem caminhava mais, por exemplo? Um sujeito que vinha da China para a Europa tinha problemas de adaptação. Do Brasil, de um hemisfério sul para um hemisfério norte. Então foi um momento de estudo a priori da 25 queda de situação que continua até hoje. Por isso a necessidade de fazer adaptações desse training camping que acabamos de comentar. Juiz de Fora pleiteia por um local de adaptação de equipe, tecnicamente do ponto de vista do esporte está perfeito, e por acaso, uma região muito boa para isso que podemos dar até algumas informações a esse respeito para melhorar o projeto. Muito bem! Em 1980 os humanos passaram a destruir a natureza, então as vítimas passaram a ser agressores, ai mudou o sentido da pesquisa. Já estamos acompanhando isso, onde houve uma continuidade de 50 anos, é um fato curioso das ciências e se trata dessa mudança de lugar do objeto de estudo. E em 1990 a sociedade tecnológica e esportiva como agressora e isso esta ocorrendo nos dias atuais, em 2000 a integração das organizações esportivas com o meio ambiente. A frase do Comitê olímpico internacional, que hoje é uma das maiores agências de promoção de defesa do meio ambiente e inalmente a atual que é a sustentabilidade no esporte. vocês estão convidados a participar disso, inventar os seus conceitos, os projetos que inclui o pessoal com deiciência física, da sustentabilidade no esporte que é a era da atual geração e vamos tentar resolver esse problema. As instituições são as mais diversas que vemos aqui, começou na área militar e chegando até a Universidade de East London, pelo menos nessa linha de pesquisa que o ambiente está. veja como uma coisa se integra a outra, do ponto de vista de fazer uma grande revisão da literatura para sabermos um pouco com que estamos lidando. Provavelmente no Brasil temos a melhor plataforma de conhecimento em termos internacionais. Finalmente a iSo 26000, que é uma norma para instituições, deve ser um tema a ser penetrado em vários países, inclusive no Brasil, que será lei, inclusive das universidades, que é responsabilidade social e ambiental. Qual a nossa responsabilidade social? Como é que as pessoas vão ter acesso? Como é que vou cuidar das pessoas? os meus empregados? Como é que eles vivem dentro da empresa? Se forem alunos como é que vivem dentro da universidade? Como é o meio ambiente? o que faço no meio ambiente?A iSo 26000, tentar ordenar os passos para isso. o Brasil é um dos líderes da norma, juntamente 26 com a Noruega, e mais 70 países envolvidos, principalmente a união europeia que vai transformar isso em lei. Prestem atenção! Porque acaba desenvolvendo de uma forma direta com a aplicação dessas normas e temos além de sermos professores de Educação Física, a responsabilidade com relação às pessoas e a sociedade. Cidades sustentáveis é outro conceito interessante que entra nas deinições básicas, e que tem o manifesto das sociedades sustentáveis. Essa é uma deinição mais antiga, é o nosso compromisso com a necessidade das gerações futuras, ou seja, as intervenções que fazemos hoje têm que medir o impacto nas gerações futuras e ter uma dimensão sociológica ao nível do meio ambiente, economia e sociedade. Existem vários protocolos que trata o meio ambiente, assunto técnico que às vezes é a água em outras a temperatura. No exemplo desta sala temos o ar condicionado que está fora de moda, gastando muita energia e a temperatura está exageradamente fria. Devemos tornar a sala mais sustentável e não é um exagero, é um equilíbrio. Existem centenas de empresas no Brasil que trabalham para isso, de acordo com a nossa lei qualquer prédio de grandes proporções precisa ter licença, como as hidrelétricas, que vocês devem está acompanhando pelos jornais. A diiculdade hoje não é construir hidrelétricas, é a viabilidade ambiental. Um nome típico que as empresas vêm é iSo 26000. o governo já estudou até a possibilidade de ser transformado da norma padrão da pratica de atividades físicas no Brasil. Já tentou isso, mas não houve grandes reações para se envolver nessa história, mas vejo isso até como um sistema ético. São modelos empresarias do Brasil, a Alcoa, que é uma empresa multinacional que faz alumínio e está instalada no Pará, sendo toda organizada para a sustentabilidade, em respeito às pessoas, meio ambiente, água, ar etc. outro exemplo é o da fundação Dom Cabral de Minas Gerais, que vocês poderão examinar na internet. os detalhes das cidades sustentadas é absolutamente curioso e seria um exemplo para os treinos em campo. As Universidades não tem acesso aos poderes de decisão ainda que estejamos vendo várias realizações equivocadas. o porte dos Jogos olímpicos do rio de Janeiro é do tamanho de Beijing e um pouco maior do que Londres, quer dizer, não é uma 27 questão de tamanho, é que estamos espalhados pela cidade e centrados na Barra da tijuca, vindo assim à distinção em termo de meio ambiente. A opção de Londres foi fazer uma construção Brownield, como que se deine isso? Nele você pega uma área, que já esta degenerada e atrai ela para uma renovação, o custo é maior, mais você tem um impacto sócio-econômico maior, essa é a opção de Londres, que uniu uma área deprimida da cidade para instalar jogos. Quando se opta pelo Greenield, não tem nada lá e vai ser desenvolvido, e existe uma guerra política nisso tudo. Por exemplo, na Barra da tijuca o custo de imóveis lá aumentou em um ano 25%, que é recorde no mundo, por quê? Jogos olímpicos de 2016, quem é que está ganhando dinheiro com isso? É a sociedade? Não! Alguns caras, que aplicaram em terrenos e os donos da construção. No próprio Rio de Janeiro tem um exemplo Brownield para os jogos olímpicos de 2016, que é o Porto olímpico, a área fronteira da cidade, onde vai ter duas instalações dos jogos e não leva competição, se não me engano, é para hospedar os juízes e o prédio central da administração. E toda área do porto do rio de Janeiro será recuperada, quer dizer os jogos ai funcionam como impacto positivo para atrair as empresas, todos os terrenos já foram vendidos para empresas, o rio de Janeiro vai se renovar a partir dos jogos olímpicos. o que fez o instituto de Arquitetura do Brasil, que é a maior entidade que nós temos? Apoio o governo no sentido da renovação e não de construção em um lugar novo, que quando é um lugar novo a cidade pode até andar para trás, porque ela está distante e implica investimentos em transporte e terrenos mais caros e construções mais caras, gerando um impacto positivo para classes mais beneiciadas economicamente. Já no porto é o contrário, porque a área é deprimida, tem uma população grande ali que vai ser beneiciada pela melhoria do suporte urbano dado pela prefeitura. Então nós temos duas escolas de construção que estão em choque diante dos jogos de 2016. Quanto a Copa do Mundo, o exemplo recente que foi criado o de Greenield, e o pessoal da Universidade Federal de Pernambuco é que conseguiu demonstraraquilo que é o melhor para a cidade, pois existe uma perspectiva de melhorar a circulação da cidade, essa é a explicação. Já 28 outros lugares são de renovação, como o caso de Belo Horizonte, eles vão usar o estádio já existente, renová-lo com todo o meio ambiente em volta, e os transportes modiicados da cidade. Essas notícias não lutuam nos jornais, que são muito complexas para serem inteligíveis, mas a academia pode dar suporte nessa situação e nós já sabemos que essas escolas nos auxiliam para o camarada do esporte, já ouvi a frase até de um aluno, mais vem cá, isso não tem efeito para nós? O cara vai jogar Basquete tanto numa área Brownield como Greenield, mas quando tratamos de megaevento, o meio ambiente, sociedade e de legados, temos que ver o impacto para a sociedade, não é só sobre o esporte não, o ideal é até juntar as duas coisas, vamos jogar basquetebol sim, mas numa área Brownield. Bom! o exemplo de Londres está mudando toda fase do esporte. Não vou entrar nesses detalhes, é muito técnico que é o caso do SESi, que fez um diagnóstico para ver como se inseria essa questão do uso do meio ambiente, não é o megaevento. o SESi tem mais de 600 instalações no Brasil, tem dois mil proissionais de Educação Física empregados, é uma instituição gigantesca está trabalhando para se adaptar aos novos tempos da sustentabilidade. vai sair uma tese de doutorado, que nós acreditamos que seja defendida dentro de um ano e meio á dois anos, é um ensaio do que poderá ocorrer no rio de Janeiro, todas as dimensões de geoprocessamento, já foram feitos e foram apresentados no encontro da Universidade de East London e serão publicados em inglês até o im do ano e vão entrar no BrasilL, através da língua inglesa. A estratégia foi primeiro publicar no estrangeiro, para adquirir prestígio, aquilo ali é uma boa ideia para a nossa plataforma, e você ica numa posição muito interessante, e passa a ser viabilizador e viabilizante da coisa. Depois transferido para a língua portuguesa porque o geoprocessamento mostrou uma situação completamente diferente que estão trabalhando agora, e vão gastar bilhões de reais com construção, é uma coisa de alta sensibilidade. Decidimos na universidade Gama Filho, que vamos lutar politicamente e indicar como fazer. E pretendemos fazer proximamente e vocês deverão acompanhar esses resultados. o que Londres está mudando? tudo! Em primeiro lugar, eles acabaram com essa história 29 de instalações permanente, são construções gigantescas, mas serão derrubadas ao terminar os jogos, e muita gente estranha isso, que começa pelo estádio, é um dos maiores do mundo, são 88 mil espectadores e a construção é feita com materiais usando uma nova tecnologia, que será simplesmente desmontada, vai ser transformada numa arena de futebol, já tem um clube que vai ter essa arena, mas não é o estádio original, então todo mundo pensa que esses caras enlouqueceram, como é que faz um estádio para 15 dias? o que ocorre é o seguinte, é mais barato desfazer que manter o estádio. Dados internacionais, mostram que se gasta 10% ao ano do valor total da construção para manutenção de uma construção, depois de 10 anos só dá prejuízo para a sociedade é chamado “elefante branco”. Qual é a solução? A construção vem para dar aquela contribuição que foi planejada e logo em seguida se transforma em outra coisa e não dá mais prejuízo, na equação econômica isso é perfeito. o que signiica isso? Que as construções deverão ser modiicadas, o projeto do rio de Janeiro não implica em construção não-permanente. o que vai acontecer? Na Barra da tijuca, teremos “elefantes brancos” está distante de tudo, é um problema sério que precisa ser resolvido e nós da academia devemos equacionar isso, como estamos fazendo, esperamos algum sucesso nessa empreitada, vocês podem acompanhar nos próximos anos e nós teremos os nossos resultados, por isso que estamos trabalhando com os ingleses, porque queremos importar essas ideias para transferir para o Brasil que nos pareceu ser interessantes. Eles estão adotando outra percepção, tem algumas instalações que não são permanentes mais são desmontáveis, então vão colocar em cidades menores, não precisa icar em Londres, o público é o mesmo, não precisa ter essas grandes concentrações. Uma coisa é os Jogos olímpicos com as competições, a outra é o legado que ica para a cidade, essa modiicação é interessante. o Brasil e o nosso grupo da Gama Filho apresentou a primeira tese, que é um conceito altamente criativo e já está na língua inglesa, pode chamar de legado reverso, isso não está no livro que sugeri a vocês. o que é “legado reverso”? É a nova criatividade, nós nem chegamos ao problema, a instalação não é para a atividade esportiva, é destinada a um uso social, mas sendo cedidas para o esporte. É melhor trabalhar 30 desse jeito, sendo assim, não precisamos fazer o que os ingleses estão fazendo, que parece a piada do português, eles estão acabando com o legado para manter o progresso, nós nem chegamos lá, então todos esses conceitos estão modiicando, e acho que a contribuição brasileira vai surgir pelas Universidades que estão envolvidas. o pessoal da USP não é do esporte, são todos da arquitetura, e tem havido um entrosamento muito bom, e eles é que tocam nessa parte relacionada às construções. tem uma Universidade americana que está muito interessada nessa parte de construção e em trabalhar conosco, e que provavelmente vamos ter outros resultados e é bom envolver várias Universidades. Em homenagem ao grupo de estudos olímpicos que esta sendo criado nesta Universidade, é minha obrigação incentivar o prof. Ailton oliveira, que tem uma responsabilidade perante toda a classe, pois hoje os estudos olímpicos é um estudo de caso de cooperação internacional entre Universidades e foi muito interessante, e os brasileiros ganharam muito com isso, por quê? Diante deste tema surgiu uma geração de estudiosos, doutores brasileiros, sendo que três icaram no exterior, são dezoito doutores que saíram disso e uns vinte e poucos mestres, tem todo um estudo coletivo dos estrangeiros com os brasileiros, a CAPES introduziu um livro que foi feito pelos espanhóis, dizendo que aquilo era o modelo que o Brasil deverá adotar para várias situações. Chegamos a colocar uma doutora na Nova Zelândia, por exemplo, e na China izemos um livro com os chineses, temos desenvolvido várias relações com os europeus, menos com os Estados Unidos, mas agora vamos resolver essa questão, já temos duas expectativas ou três, uma fracassou que foi com a Flórida, hoje como os tempos são outros, quem sabe, com os europeus foi muito bem. Esse é o ideal da cooperação que saiu de onde? Dos grupos de estudos olímpicos, que é o pessoal que fala inglês, do pessoal que viaja para o estrangeiro e consegue fazer esse tipo de relação e de acordos. Na próxima semana estaremos realizando o seminário sobre valores olímpicos, que será transmitido pela internet, almejo que vocês sejam suicientemente capazes de poder entrar nesse sistema e fazer uma participação, entrem na internet e veja esse negócio funcionar na prática, vocês poderá ver um sujeito da Universidade de Leeds o professor Jim Perry que vai falar sobre valores dos esportes e quatro 31 brasileiros, doutores originados desse grupo, que vão debater com o senhor Perry, sobre valores olímpicos e o resultado disso será uma pequena publicação, a ser distribuída pelo Comitê olímpico Brasileiro e as perguntas de vocês serão incluídas nessa publicação, espero que haja uma participação do grupo dos professores Ailton oliveira e Marcelo Haiachi e de outros aqui dessa instituição. Nós somos os portadores dos valores da nossa proissão e estes são muito antigos, vem da antiga Grécia a três mil anos atrás, somos descendentes dos que eram os interventores nas cidades gregas para o desenvolvimento dos jovens e das crianças, e é isso que nos interessa. Se existe alguma contribuição no movimentoolímpico internacional, talvez não seja nos legados dos megaeventos, nos impactos socioculturais, econômicos e políticos, do ponto de vista da proissão, do proissional de Educação física e do professor de Educação física, o que nos interessa é manter os valores e desenvolver nossa participação na sociedade, os nossos deveres com a população que tem pouco acesso as atividades. Assim se deine a nossa proissão, mas sempre a partir de valores e os estudos olímpicos incentivam muito essa situação como vocês poderão ver. Agradeço e me coloco a disposição de vocês. 32 MEGAEVENTOS ESPORTIVOS E SEUS IMPACTOS NOS ESTADOS PERIFÉRICOS: O CASO DE JUIZ DE FORA, M.G. toLEDo, Heglison Custódio1 A trajetória do país nos próximos anos requer diversas ações em diferentes setores. A relexão e o olhar atento às transformações que o fenômeno esportivo aporta, exigem neste momento, relexões atreladas às ações que desencadeiam um dinamismo atitudinal que o momento esportivo do Brasil requer. Pensar e reletir os megaeventos não pode e não deve somente pensar, reletir e analisar os impactos nas diversas esferas como o impacto econômico, social, estrutural e esportivo. A relexão sobre megaevento deve caminhar concomitantemente às análises dos impactos e legados informados, mas também reletir as ações, atitudes e pensamentos, principalmente ligados a construção do conhecimento. O momento do país é oportuno não somente do ponto de vista de impactos e legados, como também direcionar os roteiros mentais alinhados à perspectiva do século XXI. O mundo presencia a chegada da nova era, portanto, os caminhos mentais estão em uma rota, em que as conexões econômicas não suportam mais relações de negócios baseada na velha economia. O tempo imprime novas condutas, atitudes e comportamento, alicerçado na nova economia. Neste espectro, o conhecimento condiciona as relações, logo, a relexão, análise e interpretação dos impactos e legados de megaeventos esportivos, deve constituir em um repositório de conhecimento tácito e explícito. Assim, quanto mais se constituir coletivos inteligentes que primam por ações cognitivas abertas, capazes de iniciativa, de imaginação e de reações rápidas, melhor asseguram seu sucesso no ambiente altamente competitivo que a sociedade apresenta (Levy, 2003). 1 Doutor em Gestão do Esporte; Assessor Executivo da Secretaria de Esporte e Lazer de Juiz de Fora, M.G.; Professor Titular Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC/ CAMPUS VI. 34 Nesta lógica, a programação, promoção e organização dos megaeventos são alicerçadas por princípios de GLOCALIZAÇÃO, ou seja, pensar globalmente e agir localmente. Assim, a direção das ações locais se torna e se estabelecem como um importante repositório de conhecimento, fazendo com que acione as engrenagens para a disseminação e propagação do conhecimento e do movimento esportivo, o qual dimensiona e promove a modiicação atitudinal, comportamental e de conduta da sociedade e das relações humanas. Desta forma, o case de Juiz de Fora, M.G. permite a percepção e compreensão de que o repositório de conhecimento tácito e explícito envolve modiicações atitudinais e comportamentais, não somente das autoridades, como também, da sociedade como um todo. As ações estabelecidas no case, ora em análise, parte-se da concepção dos princípios de oportunidades e desaios. Ao veriicar as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças, caracterizadas pela metodologia SWot, Strenghts (forças); Weaknesses (fraquezas); Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças), as estratégias de conduta e atitudes operacionais, condicionaram diferentes tarefas para canalizar e potencializar os impactos e legados dos megaeventos esportivos. A aplicação de ta metodologia se deve a sua simplicidade de aplicação, tanto para empresas, como para, produtos e serviços, o modelo SWOT, é amplamente utilizado, apesar de apresentar algumas limitações, devido à subjetividade de julgamento e também diiculdade em discernir quais os fatores internos e externos (Kotler, 2005). Nos próximos anos o Brasil passará a ser a vitrine do mundo esportivo, tendo em visa a realização de vários megaeventos esportivos, como Jogos Mundiais Militares, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Copa América, Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Nesta direção, o princípio da glocalização impôs um direcionamento de ações e atitudes que permeiam a transformação das concepções e percepções da sociedade. Portanto, as características da cidade de Juiz de Fora, M.G., privilegia o município à emancipar-se nas condições e características para mobilizar, organizar, captar e promover eventos e condicionar- se como referência para realização de eventos esportivos e credencia 35 a ser um Team Base Camp, como também, um Centro de Treinamento de Seleções. É importante ressaltar que a escolha da cidade pelas federações internacionais não são influenciadas por ações políticas e ou econômicas, mas sim, por um suporte tecnológico e estratégico do ponto de vista, da localização, logística, conforto, segurança, acomodações, clima, peculiaridades geográficas entre outras situações. No entanto, todo e qualquer município pode e deve direcionar suas políticas públicas, voltadas para criar demanda, essa demanda consiste na participação, envolvimento, estrutura e mobilização dos diversos setores da sociedade como governo, empresas, instituições e associações para que o município se contagie com a percepção de conexão com o mundo, a partir de ações locais de infraestrutura, segurança, participação, saúde, lazer e qualidade de vida. Ao abordar o case de Juiz de Fora, sinalizamos que os princípios de orientação e formatação de uma possível candidatura e participação dos próximos megaeventos esportivos, requerem um mapeamento e estruturação de médio e longo prazo, assim, itens como segurança, equipamentos e estratégias competitivas devem balizar o roll de requisitos de avaliação para se beneiciar dos referidos megaeventos. Juiz de Fora, M.G. está geograicamente localizadas entre as principais capitais do país. Especiicamente, em relação à Copa do Mundo FIFA, a cidade se beneicia da sua localização, por estar próxima das principais sedes de jogos do mundial de futebol, que no caso, Rio de Janeiro distancia de 184 km, Belo Horizonte distancia de 272 km e São Paulo com distancia de 506 km. Com índices de segurança privilegiado, o município se capacita a ser um importante roteiro no eixo em que congrega o clima de montanhas e a proximidade com o mar. Na Tabela abaixo dados do anuário estatístico da Universidade Federal de Juiz de Fora, revela que Juiz de Fora está entre as cidades mais seguras do país. 36 Outro atrativo que deve ser observado para captar benefícios dos Megaeventos está na estrutura de equipamentos esportivos. No que tange aos equipamentos, diversas estruturas podem ser utilizadas como palco de treinamento para as seleções, mas também, para atividades e atrações que possam vir a atrair a mobilização e envolvimento da comunidade como um todo. Essa estratégia deve ser seguida do ponto de vista de legado para a construção de um repertório esportivo da cidade, ampliando as possibilidades e conhecimento da população como um todo. Para tanto a unidade gestora, que no caso da Secretaria de Esporte e Lazer de Juiz de Fora, M.G., iniciou suas ações a partir criação e nomeação dos cargos, em que a linguagem utilizada, viabilizou apresentação de propostas objetivas, que de fato transformasse o comportamento da máquina administrativa, mediante de valores e princípios, mesmo que em longo prazo. Portanto, surge a partir da implantação, uma nova cultura comportamental, voltado para o desenvolvimento do esporte em nossa sociedade (Vilhena et al., 2006). A nova linguagem exibe uma uniicação de termos facilitando a comunicação entre diferentes órgãos governamentais e de fomento, permitindo um alcance de captação e elaboração de propostas queviabilizem inúmeros projetos em estreita sintonia com as diretrizes e prioridades do campo esportivo, seja de rendimento ou não, assim como em âmbito social. 37 Dentre as ações realizadas para possibilitar o município para se tornar uma Base Camp, há uma série de normatizações e procedimentos que devem ser atendidos para que o município consiga desfrutar da oportunidade de ser candidato a receber seleções para treinamento no período preparatório e também para o período competitivo. Neste caso, as exigências de acomodação devem atender não somente aos preceitos internacionais de acomodação, mas também quesitos de segurança e estrutura esportiva condizente com as necessidades das seleções para o treinamento e preparação. O portfólio do município deve atender e prover as necessidades exigidas pelos países participantes. Neste aspecto, a cidade pode oferecer tanto um Hotel com o centro de treinamento, como também, poderá oferecer o Hotel e o centro de treinamento em perímetros de segurança distintos. É fundamental entender que, a preparação do município deve estar diretamente vinculada às melhorias para a comunidade local, e não somente para atender, especiicamente, o comitê organizador da FIFA. Assim sendo, vale ressaltar que, a escolha do local para ser Base Camp é de competência exclusiva das Seleções participantes, o que signiica que as seleções não são obrigadas a escolher os locais sugeridos pelo comitê organizador. Portanto, ao comitê organizador cabe somente elencar os locais em forma de um catálogo para oferecer as seleções participantes. Neste particular, o município de Juiz de Fora, M.G. atrelado às ações que desencadeiam um dinamismo atitudinal que o momento esportivo do país exige, buscou criar demandas que favorecem na criação de background e expertise na organização, mobilização e reconhecimento de capacidade em ambientes esportivos de nível regional, nacional e internacional. Portanto, A avaliação constante das ações poderá aproximar de uma metodologia especíica para organização de megaeventos, no entanto, é importante relatar que a metodologia de organização encontra-se em estágio embrionário, não pretendendo ser um receituário de paradigma de organização, tendo em vista, que dependerá de esforços de vários setores da sociedade (TOLEDO, 2008). 38 CASE – I JOGOS PANAMERICANOS ESCOLARES A prefeitura da cidade de Juiz de Fora, MG através da Secretaria de Esporte e Lazer foi protagonista de um dos maiores eventos esportivos de sua história, Juiz de Fora sediou no período de 23 a 29 de agosto de 2010 o I Jogos Pan-americanos Escolares. Este evento promovido pela Federação Internacional de Esporte Escolar (ISF – International School Sports Federation) e realizado pela Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE). Foi através dos princípios da gestão do conhecimento que a Secretaria de Esporte e Lazer de Juiz de Fora, procurou estabelecer suas redes para então proporcionar uma política voltada para o crescimento cultural esportivo e de comportamento. Assim, Juiz de Fora, através da Secretaria de Esporte e Lazer se credenciou como candidata a sede dos I Jogos Pan-americanos Escolares, criando então um modelo para que os municípios possam alavancar o esporte e a cultura esportiva do país.A partir da avaliação interna de poder sediar um grande empreendimento esportivo, estabeleceram-se conversas junto a Confederação Brasileira de Desportos Escolares (CBDE) para que a cidade pudesse ser a representante brasileira para a escolha na Conferência Centro-americana e Caribe, em Puebla - México para a escolha da cidade sede dos I Jogos Pan-americanos Escolares. Após o deferimento da confederação para que Juiz de Fora pudesse ser a cidade candidata para receber os jogos. Foram estabelecidos planos de gestão integrada e estabelecido ações de mobilização e planejamento para a apresentação na conferência. Neste instante, buscou-se estabelecer os pontos estratégicos da cidade para potencializar sua capacidade de recepção. Ressalta-se também, que a etapa preliminar de diagnóstico e mapeamento das necessidades e recursos foi realizada culminando na escolha pelos representantes dos países participantes na conferência, vencendo a disputa entre as cidades de San Juan – Porto Rico e Cidade do México - México. 39 Portanto, ao consagrar a cidade de Juiz de Fora como cidade sede dos Jogos Pan-americanos Escolares iniciou-se o planejamento e ações organizativas como o envolvimento dos setores responsáveis como a Federação Internacional (ISF), Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE), o Ministério do Esporte e Governo Municipal, além disso, foi formado o comitê organizador para garantir os diversos recursos a serem utilizados neste empreendimento. o delineamento das ações partiu de um planejamento pautado nas premissas da gestão do conhecimento como simpliicação; desenvolvimento sustentável e discernimento. A gestão do evento ora apresentado primou por uma abordagem da gestão do conhecimento útil para aumentar o valor e facilitar o acesso ao conhecimento utilizável, disseminando a inovação e assegurando o desenvolvimento de pessoas e organizações (TAKEUCHI & NONAKA, 2008). Para ilustrar tal envolvimento e a base na gestão do conhecimento, foram envolvidos várias personalidades, autoridades e parceiros. A rede hospitalar e de saúde foi envolvida, além de desenvolver o sistema integrado de operações como serviços, transporte, comunicação e entretenimento (MELO, 2003). O envolvimento de toda a comunidade juiz-forana contou com ações fundamentadas na gestão do conhecimento para o fortalecimento da gestão criativa, inovadora e lexível, foi, portanto criada uma promoção para a criação e desenvolvimento do mascote dos jogos, mobilização do conhecimento tácito e promoção para que a comunidade de Juiz de Fora votasse para dar um nome ao mascote (TERRA, 2009). Além das ações de envolvimento e excelência na participação e organização dos Jogos, foram observadas as principais funções da gestão do conhecimento, nas quais buscou-se identiicar os conhecimentos relevantes para o bom desempenho e afastar os conhecimentos estranhos nas funções do negócio (BUKOWITZ & WILLIAMS, 2002). O modelo utilizado para o planejamento e organização estabelecido foi o modelo adaptado de Philip Kotler dos 4Ps para os 5Ps. em que, procurou manter o posicionamento (P) na base de megaevento; Promoção (P) das atividades, ações e negócios dos Jogos; Pós-venda (P), ou seja, os legados sociais, políticos, estruturais e econômicos, 40 Pesquisa (P) realizada por pesquisadores Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal de Viçosa, e Secretaria de Esporte e Lazer de Juiz de Fora; Participação (P) na qual permitiu-se a participação da comunidade desde a criação, nomeação do mascote dos jogos e participação efetiva nos jogos. Para tanto, um sistema de votação online, permitiu um acesso e participação de mais de 22.000 participantes. Entre os resultados percebidos e os impactos causados pode-se destacar: Reavaliação do comportamento pessoal mediante experiências oportunizadas; Ressigniicação da prática e dimensão esportiva do município; Redescoberta do valor do esporte na adolescência; Reavaliação do impacto político do esporte para sociedade; Expertise na gestão de Programas de voluntariado; Envolvimento da sociedade; Projeção de oportunidades e desaios; Mobilização social para novos objetivos e exigências; orgulho, autoestima e a autoconiança da cidade de Juiz de Fora. Além desses fatores, a premissa de que uma cidade sede de Jogos internacionais percebe que é capaz de produzir grandes empreendimentos, o que coaduna com a crítica ao pensamento que projeta apenas grandes centros urbanos como únicos capazes de promover grandes eventos. Neste cenário, pode-se promover maior aproximação e integração do Brasil com as Américas, especialmente a Centro-América e o Caribe. Dirigentes esportivos, servidorespúblicos e proissionais de esporte passaram a dispor de conhecimentos e experiência na organização de grandes eventos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao realizar os Jogos Pan-americanos escolares, Juiz de Fora promoveu um impacto de signiicativa transformação na sociedade em vários aspectos, entre eles a maior valorização do esporte, o envolvimento da sociedade em torno do esporte sob inúmeros parâmetros como o 41 esporte educacional, o esporte de participação, o esporte de rendimento e o esporte para saúde. Os diferentes setores da sociedade reconheceram a importância e a amplitude do esporte e os benefícios socioculturais que dele provêm. Não obstante, o impacto da projeção da cidade de Juiz de Fora, reverberou mudanças de percepções e comportamento tanto do ponto de vista social, quanto político. Portanto, o conhecimento produzido pela realização dos I Jogos Pan-americanos Escolares permitiu expandir por vários setores da comunidade além de criar um modelo de gestão e organização para futuros empreendimentos esportivos. REFERÊNCIAS BUKOWITZ, W. R. & WILLIAMS, R.L. Manual de Gestão do Conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2002. KOTLER, P. Marketing essencial: conceitos, estratégias e casos. São Paulo: Prentice Hall, 2005. LEVY, P. A inteligência Coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2003. MELO, L. E. V.Gestão de Conhecimento:Conceitos e aplicações. São Paulo: Ed. Érika, 2003. TAKEUCHI, H. & NONAKA, I. Gestão do Conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. TERRA, J. C. Gestão 2.0: como integrar a colaboração e a participação em massa para o sucesso dos negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. TOLEDO, H. C. Qualidade Total em Megaeventos Esportivos. In: Legados de Megaeventos Esportivos. Editores: Lamartine DaCosta, Dirce Corrêa, Elaine Rizzuti, Bernardo Villano e Ana Miragaya. Brasília: Ministério do Esporte, 2008. 42 VILHENA, R. et al. O Choque de Gestão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. GRANDES EVENTOS, GRANDES NEGÓCIOS? UMA REFLEXÃO SOBRE REPERCUSSÕES DOS GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS NO BRASIL A PARTIR DO QUE É VEICULADO PELA MÍDIA MEZZAroBA, Cristiano1 ANtUNES, Scheila2 1Mestre em Educação Física/UFSC; Professor do Departamento de Educação Física/CCBS/UFS. 2 Mestre em Educação Física/UFSC, Coordenadora do Curso de Educação Física da Faculdade do Futuro (MG). Este ensaio teórico tem por objetivo estimular o leitor a reletir sobre como o esporte tem sido movimentado no Brasil a partir do momento em que o país tornou-se, aos olhos do mercado inanceiro, um território potencialmente produtivo e lucrativo a partir da realização de megaeventos esportivos. Essa perspectiva que reforça a condição do esporte enquanto mercado e mercadoria, evidenciou-se quando a cidade do rio de Janeiro foi sede dos Jogos Pan-Americanos em 2007. A realização de um evento desse nível impulsionou o Brasil a candidatar- se à sede para outros megaeventos esportivos, com proporções ousadamente maiores, neste caso, a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos também na capital luminense em 2016. Mas, promover o esporte brasileiro, dando-lhe melhores condições de desenvolvimento, democratizando suas práticas e o acesso aos espetáculos promovidos é o que impulsiona esse desejo em “trazer o mundo para praticar esporte no Brasil”? Nossa atual conjuntura social está consolidada por uma lógica mercadológica que consegue transformar qualquer fenômeno social em produto com alto poder comercial. E isso só é possível porque 44 a indústria cultural1 está a serviço dessa lógica, pois, ela é a sua base de sustentação. Segundo Horkheimer e Adorno (1997), pela indústria cultural tudo é transformado em negócio, em produto com ins lucrativos. Dessa forma a indústria cultural consegue agregar às suas produções características do mundo industrializado moderno e, por isso, consegue exercer o papel de “porta voz” dos interesses da ideologia dominante, a qual dá sentido a todo o sistema social. A indústria cultural se apropria de qualquer fenômeno social que possa ser transformado em bem de consumo. o fenômeno esportivo há tempos já se tornou uma de suas mercadorias com alto valor produtivo no mercado (além de seu valor “simbólico”), pela maneira como consegue veicular e modiicar normas, sentidos, valores e signiicados. Assim, a dimensão esportiva acaba servindo de base para investimentos que atendem a demanda de interesses dessa indústria e não aos interesses daqueles que consomem as produções disponibilizadas. E o que temos percebido após a candidatura e eleição do Brasil para a sede de dois megaeventos esportivos, a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016, é uma movimentação gigantesca nos setores político e econômico para atender às necessidades das obras de reforma e construção de instalações exigidas para esses eventos, além, é claro, a exploração do potencial turístico2 do Brasil como consequência desses megaeventos. Além da política e economia movimentando ações para promover as atividades preparatórias3 para os eventos, a indústria midiática 1 O conceito de Indústria Cultural pode ser melhor compreendido a partir da leitura do capítulo I do livro Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Zuin (2001) atualiza este conceito, ao mesmo tempo em que o mostra como bastante atual em relação às condições de semiformação no âmbito educacional e na sociedade, e neste caso, poderíamos pensar o esclarecimento enquanto elemento indispensável de uma formação mais ampla, crítica e transformadora no âmbito da Educação Física. 2 Em trabalho de Carvalho e Gaio (2006) podemos ver uma discussão sobre a influência dos Jogos Olímpicos na economia dos países sede, em especial a questão turística (fluxo receptivo de turistas). 3 No campo jornalístico, o conceito de agendamento (advindo da chamada teoria da agenda-setting) permite acompanhar, identificar e melhor compreender como ocorrem as estratégias discursivas midiáticas em relação a eventos e acontecimentos, em decorrência de como são pautados e configurados pela mídia. Sobre isso, ver Fausto Neto (2002) e Mezzaroba e Pires (2010). 45 também tem articulado variadas estratégias que vem antecipando4 expectativas e dando visibilidade à realização desses dois grandes eventos esportivos no Brasil. os discursos produzidos pelas mídias estão articulando sentidos, valores e signiicados para auxiliar o processo de fortalecimento da ideia de que o esporte é uma cultura altamente promotora de benefícios para a saúde física5 e inanceira do país. Campanhas publicitárias e programas exibidos em televisão, revistas, jornais e mídias online, diariamente possuem algum tipo de ação que promovem a difusão da associação dessas ideias (saúde física e inanceira) ao esporte. Basta veriicarmos nos telejornais assuntos e notícias esportivas relacionadas à contratação de jogadores e empresas patrocinadoras do esporte, ou ainda, em programas como o Fantástico6 que difundem o discurso de que a prática esportiva é a redenção do corpo para se ter saúde na Medida Certa. Esses recursos funcionam como canais publicitários do esporte, vendendo um pacote fechado de hábitos, valores, ideias, sentidos e signiicados, corroborando com os argumentos de Betti (1998) e Pires (2002), quando comentam da “via de mão-dupla” entre esporte e mídia, cada um desses elementos se relacionando de maneira recíproca, seja em relação à promoção de eventos, sua divulgação e propagação de produtos vinculados. Segundo Coelho (2003), por meio da análise de campanhas publicitárias, que são produções midiáticas, é possível acompanhar o desenvolvimento da sociedade do consumo em que vivemos. E, em tempos de hipertroia esportiva promovida pela expectativa de sediar megaeventos esportivos de grande representatividade mundial, a movimentação das mídias por consolidar a idéia de que o Brasil tem 4 Exemplo disso pode ser constatado no seguinte endereço da
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