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1 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j Inflamação As reações inflamatórias podem ser desencadeadas por vários tipos de estímulos: ➢ Infecções (bacteriana, viriais, fúngicas, parasitárias): diferentes agentes patogênicos infecciosos provocam respostas inflamatórias distintas, desde uma inflamação aguda leve, que causa pouco ou nenhum dano duradouro e erradica com sucesso a infecção, até reações sistêmicas graves que podem ser fatais, ou reações crônicas prolongadas que causam lesão tecidual extens. O padrão morfológico pode ser útil na identificação da sua etiologia. ➢ A necrose tecidual: provoca inflamação independente da causa da morte celular, que pode ser por isquemia (fluxo sanguíneo reduzido, a causa do infarto do miocárdio), trauma e lesão física e química, por exemplo, lesão térmica, como em queimaduras ou congelamento, irradiação, exposição a alguma substância química do meio ambiente. Várias moléculas liberadas a partir das células necróticas são conhecidas por desencadear inflamação. ➢ Corpo estranho (estilhaço, sujeira, sutura): podem induzir a inflamação ou porque causam lesões traumáticas nos tecidos ou por carregarem microrganismo. Até mesmo algumas substâncias endógenas estimulam inflamações potencialmente prejudiciais se grandes quantidades forem depositadas nos tecidos, tais substância incluem os cristais de urato (doença na gota) e os cristais de colesterol (na aterosclerose). ➢ Reações imunes (também chamadas de hipersensibilidade): são reações nas quais o sistema imune, normalmente protetor, danifica os próprios tecidos do indivíduo. As respostas imunes prejudiciais podem ser dirigidas contra autoantígenos, causando doenças autoimunes, ou podem ser reações inadequadas contra substância ambientais, como ocorre nas alergias ou contra microrganismo. Como os estímulos para as respostas inflamatórias nas doenças autoimunes e alérgicas (autoantígeno e antígenos ambientais) não podem ser eliminados, essas reações tendem a ser persistentes associadas a inflamação crônica e são causas importantes de morbidade e mortalidade. Reconhecimento de microrganismo e células lesadas O primeiro passo nas respostas inflamatórias é o reconhecimento de microrganismos e células necróticas por meio de receptores celulares e proteínas circulantes. As células e os receptores que reconhecem agentes invasores evoluíram como adaptações de organismos multicelulares à presença de microrganismos no meio ambiente, e as respostas que desencadeiam são críticas para a sobrevivência. ➢ Receptores celulares para microrganismo: Fagócitos, células dendríticas e muitas outras células Descrever os mecanismos de inflamação e relacionar com sistema imune inato e adaptativo. (inflamação aguda e crônica) 2 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j expressam receptores que detectam a presença de patógenos infecciosos. A melhor definição desses receptores pertence a família dos receptores Toll- like (TLRs). Os TLRs estão localizados nas membranas plasmáticas e endossomos, por isso são capazes de detectar microrganismos extracelulares e ingeridos. Outros sensores microbianos estão presentes no citoplasma das células. Os TLRs reconhecem “motivos” comuns a muitos microrganismos, muitas vezes chamados padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs). O reconhecimento dos microrganismos por meio desses receptores estimula a produção e a expressão de uma série de proteínas secretadas e de membrana, que incluem citocinas antivirais (interferon) e citocinas e proteínas de membrana que promovem a ativação de linfócitos e respostas imunes ainda mais potentes. ➢ Sensores de lesões celulares: Todas as células apresentam receptores citosólicos que reconhecem moléculas que são liberadas ou alteradas em consequência do dano celular e, portanto, são adequadamente denominados padrões moleculares associados aos danos (DAMPs). Os receptores ativam um complexo citosólico multiproteico denominado inflamassomo, que induz a produção da citocina interleucina-1 (IL- 1). A IL-1 recruta leucócitos e, portanto, induz inflamação. As mutações de ganho de função nos receptores citosólicos são a causa de doenças raras conhecidas como síndromes autoinflamatórias caracterizadas por inflamação espontânea; os antagonistas de IL-1 são tratamentos eficazes para esses distúrbios. O inflamassomo também está envolvido nas reações inflamatórias aos cristais de urato (a causa da gota), cristais de colesterol (na aterosclerose), lipídeos (síndrome metabólica e diabetes associado à obesidade) e depósitos amiloides no cérebro (na doença de Alzheimer). ➢ Proteínas circulantes: Várias proteínas plasmáticas reconhecem microrganismos e apresentam a função de destruir microrganismos transmitidos pelo sangue e estimular a inflamação em locais de infecção no tecido. O sistema complemento reage contra microrganismos e produz mediadores de inflamação. Uma proteína circulante chamada lectina ligante de manose reconhece os açúcares microbianos e promove a ingestão deles e a ativação do sistema complemento. Outras proteínas chamadas colectinas também se ligam aos microrganismos e promovem sua fagocitose. Inflamação aguda A inflamação aguda apresenta três componentes principais: (1) dilatação de vasos pequenos, o que desencadeia aumento no fluxo sanguíneo; (2) aumento da permeabilidade da microvasculatura, permitindo que proteínas plasmáticas e leucócitos deixem a circulação; e (3) emigração dos leucócitos da microcirculação, que se acumulam no foco da lesão e são ativados a fim de eliminar o agente agressor. Quando um agente prejudicial, como um microrganismo infeccioso ou células mortas, é encontrado, os fagócitos que residem em todos os tecidos tentam eliminar esses agentes. Ao mesmo tempo, os fagócitos e outras células 3 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j sentinelas teciduais reconhecem a presença da substância externa ou anormal e reagem por meio da liberação de moléculas solúveis que medeiam a inflamação. Alguns desses mediadores atuam sobre os pequenos vasos sanguíneos nas proximidades e promovem o efluxo de plasma e o recrutamento de leucócitos circulantes para o local em que o agente lesivo está localizado. Reações dos vasos sanguíneos na inflamação aguda. ➢ As reações vasculares da inflamação agudam consistem em alterações no fluxo sanguíneo e na permeabilidade dos vasos, ambos destinados a maximizar o movimento das proteínas plasmáticas e dos leucócitos para fora da circulação em direção ao local da infecção ou lesão. o extravasamento de líquidos, proteínas e células sanguíneas do sistema vascular para tecidos intersticiais ou cavidades corporais é conhecido como exsudação. Exsudato é um líquido extravascular que contém alta concentração de proteína e detritos celulares. Sua presença indica que há aumento na permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos, geralmente durante a reação inflamatória. • Mecanismo: o exsudato é produzido a partir do plasma sanguíneo que extravasa dos vasos sanguíneos para o tecido danificado. Ele contém proteínas plasmáticas, como fibrinogênio, complemento, imunoglobulinas e proteínas de fase aguda, que são importantes para a respostas imunológicas do corpo. As células inflamatórias, como neutrófilos, macrófagos e linfócitos, também são atraídos para a área afetada e acumulam-se no exsudato. • Temos como exemplo de patologia exsudato: Artrite reumatoide (uma doença autoimune que pode causar inflamaçãodas articulações, levando acúmulo de exsudato); feridas infectadas (podem produzir feridas exsudato devido a inflamação e a presença de células e bactérias mortas) e Edema Pulmonar (que é o acúmulo de líquidos nos pulmões, muitas das vezes devido a uma doença cardíaca subjacente, que pode conter exsudato). ➢ Em contrapartida, o transudato é um líquido com baixo teor de proteínas, pouco ou nenhum material celular e baixa gravidade específica. É essencialmente um ultrafiltrado de plasma sanguíneo que é produzido como resultado do desequilíbrio osmótico ou hidrostático em vasos com permeabilidade vascular normal. • Mecanismo: a formação do transudato ocorre devido a alteração nas forças que regulam a distribuição dos fluidos entre os vasos sanguíneos e os tecidos circulantes. Normalmente, o líquido flui dos vasos sanguíneos para os tecidos circulantes e é reabsorvido pelos vasos sanguíneos através de um processo de equilíbrio hidrostático e oncótico. • O equilíbrio hidrostático: é mantido pela pressão hidrostática 4 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j dentro dos vasos sanguíneos e nos tecidos. A pressão dentro dos vasos sanguíneos é gerada pelo bombeamento do coração que ajuda a empurra o líquido para fora dos vasos sanguíneos. Já nos tecidos é gerada pela pressão exercida pelo tecido circulante e ajuda a empurrar o líquido de volta para os vasos sanguíneos. • Equilibro oncótico: é mantido pela concentração de proteínas no sangue e nos tecidos circundantes. A pressão oncótica é gerada pela concentração de proteínas plasmáticas no sangue e ajuda a puxar o líquido de volta para os vasos sanguíneos. À medida que o sangue flui pelos capilares. Algumas proteínas plasmáticas escapam dos vasos sanguíneos e se difundem pelos tecidos circundantes. • Em algumas condições patológicas: as forças que regulam o fluxo de fluidos são alteradas, levando ao desenvolvimento de transudado. Por exemplo, a insuficiência cardíaca congestiva pode causar um aumento na pressão hidrostática nos vasos sanguíneos dos pulmões, resultando em transudado nos alvéolos pulmonares. A cirrose hepática pode causar uma diminuição na pressão oncótica devido à diminuição na produção de proteínas pelo fígado, levando ao acúmulo de transudado na cavidade abdominal. ➢ Edema: o excesso de líquido no tecido intersticial ou cavidades serosas; pode ser um exsudato ou um transudato. • Mecanismo: em condições normais, o equilíbrio entre as forças hidrostáticas e oncóticas que atuam dentro dos vasos sanguíneos e nos tecidos circundantes é mantido. A pressão hidrostática dentro dos vasos sanguíneos é gerada pelo bombeamento do coração e ajuda empurra o líquido para fora do vaso sanguíneo. Já a pressão oncótica é gerada pela concentração de proteínas plasmáticas no sangue e ajuda a puxar o líquido de volta para os vasos sanguíneos. No entanto, em algumas condições patológicas, o equilíbrio entre essas forças é perturbado, levando a formação de edema. Por exemplo, a insuficiência cardíaca congestiva pode causar um aumento na pressão hidrostática dentro dos vasos sanguíneos, levando ao acúmulo de líquido nos tecidos circundantes. A diminuição na concentração de proteínas plasmáticas, como na síndrome nefrótica, pode diminuir a pressão oncótica, também levando ao edema. • O edema também pode ser causado pela inflamação. Quando os tecidos são danificados, os vasos sanguíneos se dilatam e aumentam a permeabilidade, permitindo que as células inflamatórias, como os leucócitos, saiam dos vasos sanguíneos e entrem nos tecidos circundantes. Essas células inflamatórias liberam substâncias químicas, como histamina e prostaglandinas, que aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos e permitem que mais 5 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j líquido e proteínas saiam dos vasos sanguíneos e entrem nos tecidos circundantes, levando ao edema. Aumento da permeabilidade vascular Vários mecanismos são responsáveis pelo aumento da permeabilidade vascular na inflamação aguda, e entre eles estão: ➢ A retração das células endoteliais que resulta na abertura de lacunas interendoteliais é o mecanismo mais comum de extravasamento vascular. É desencadeada por histamina, bradicinina, leucotrienos e outros mediadores químicos. Ocorre rapidamente após a exposição ao mediador (em 15 a 30 minutos) e geralmente é de curta duração; portanto, é denominada como uma resposta transitória imediata, para distingui-la da resposta prolongada tardia após a lesão endotelial. ➢ Lesão endotelial, resultando em necrose e destacamento de células endoteliais. O dano direto ao endotélio é encontrado em lesões graves (p. ex., nas queimaduras) ou é induzido pela ação de microrganismos e toxinas microbianas que apresentam como alvo as células endoteliais. Na maioria dos casos, o extravasamento inicia-se imediatamente após a lesão e é mantido por várias horas até que os vasos danificados sejam trombosados ou reparados. Recrutamento de leucócitos para locais de inflamação Os leucócitos que são recrutados para locais de inflamação desempenham a função-chave de eliminar os agentes ofensivos. Os leucócitos mais importantes nas reações inflamatórias típicas são aqueles capazes de fagocitose, ou seja, neutrófilos e macrófagos. As principais funções desses tipos de células diferem de maneira sutil, mas importantes – os neutrófilos usam rearranjos do citoesqueleto e montagem de enzimas para construir respostas rápidas e transitórias, enquanto os macrófagos, de vida longa, montam respostas mais lentas, mas mais prolongadas, que frequentemente dependem de uma nova transcrição gênica. Os macrófagos também produzem fatores de crescimento que ajudam no reparo. Um preço a se pagar pela potência defensiva 6 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j dos leucócitos é que, quando fortemente ativados, podem induzir danos teciduais e prolongar a inflamação, porque os produtos leucocitários que destroem os microrganismos e ajudam a “limpar” os tecidos necróticos também podem produzir “danos colaterais” aos tecidos normais do hospedeiro. Quimiotaxia dos leucócitos Após o extravasamento da circulação, os leucócitos migram pelos tecidos em direção ao local da lesão por um processo chamado quimiotaxia, que é definido como a locomoção a favor de um gradiente químico. Tanto substâncias exógenas como substâncias endógenas podem atuar como fatores quimiotáticos para os leucócitos, incluindo: ➢ Produtos bacterianos, particularmente os peptídeos com N-formil-metionil terminal. ➢ Citocinas, especialmente as pertencentes à família das quimiocinas. ➢ Componentes do sistema complemento, particularmente o C5a. ➢ Produtos da via da lipoxigenase do metabolismo do ácido araquidônico (AA), particularmente o leucotrieno B4 (LTB4). Esses quimioatratores são produzidos por microrganismos e por células hospedeiras em resposta a infecções e danos teciduais, bem como durante reações imunes. Todos atuam por meio de ligação aos receptores acoplados à proteína G transmembrana-7 na superfície dos leucócitos. Os sinais iniciados a partir desses receptores ativam os segundos mensageiros que induzem a polimerização da actina, o que resulta em quantidades aumentadas em direção a borda da célula e na localização dos filamentos de miosinas na parte oposta. Os leucócitos se movem, estendendo pseudópodes que puxam a parte posterior da célula em direção a projeção. Como resultado, os leucócitosmigram em direção ao estímulo inflamatório devido aos fatores quimiotáticos produzidos localmente. Inflamação Crônica A inflamação crônica é uma resposta de duração prolongada (semanas ou meses), na qual inflamação, lesão tecidual e tentativas de reparo coexistem em diferentes combinações. Causas da inflamação crônica ➢ Infecções persistentes: por microrganismos que são difíceis de erradicar, tais como micobactérias e certos vírus, fungos e parasitas. Esses organismos geralmente provocam uma reação imune chamada hipersensibilidade do tipo tardio. A resposta inflamatória às vezes apresenta um padrão específico chamada inflamação granulomatosa. Em outros casos, a inflamação aguda não resolvida evolui para a inflamação crônica, como quando uma infecção bacteriana aguda pulmonar avança para um abscesso pulmonar crônico. 7 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j ➢ Doenças de hipersensibilidades: A inflamação crônica desempenha um papel importante em um grupo de doenças causadas por ativação excessiva e inadequada do sistema imune. Nas doenças autoimunes, os autoantígenos evocam uma reação imune autoperpetuante que resulta em inflamação crônica e danos teciduais; exemplos dessas doenças são a artrite reumatoide e a esclerose múltipla. Tais doenças podem apresentar padrões morfológicos de inflamação aguda e crônica mista porque são caracterizadas por episódios repetidos de inflamação. A fibrose pode predominar nos estágios avançados. Papel dos macrófagos As células predominantes na maioria das reações inflamatórias crônicas são os macrófagos, que contribuem para a reação através da secreção de citocinas e fatores de crescimento que atuam sobre várias células, destruindo invasores e tecidos estranhos e ativando outras células, principalmente os linfócitos T. Nas reações inflamatórias, as células progenitoras na medula óssea dão origem aos monócitos, que entram no sangue, migram para vários tecidos e se diferenciam em macrófagos. A meia-vida dos monócitos sanguíneos é de cerca de 1 dia, enquanto a vida útil dos macrófagos teciduais é de vários meses ou anos. Assim, os macrófagos, em geral, tornam-se a população de células predominante nas reações inflamatórias dentro de 48 horas após o seu início. Existem duas vias principais de ativação de macrófagos, chamadas via clássica e alternativa. A via escolhida por um determinado macrófago depende da natureza dos sinais de ativação. ➢ A ativação clássica: pode ser induzida por produtos microbianos, como uma endotoxina, que envolvem os TLRs – receptores do tipo Toll - e outros sensores, e por sinais provenientes das células T, como a importante citocina IFN-γ nas respostas imunes. Os macrófagos classicamente ativados (também chamados M1) produzem NO (óxido nítrico) e ROS (espécies reativas de oxigênios) e suprarregulam as enzimas lisossômicas, o que aumenta sua capacidade de eliminar organismos ingeridos e secretar citocinas que estimulam a inflamação. Esses macrófagos são importantes na defesa do hospedeiro contra microrganismo e em muitas reações inflamatórias. ➢ A ativação dos macrófagos pela via alternativa é induzida por citocinas diferentes do IFN-γ, como a IL-4 e a IL- 13, produzidas por linfócitos T e outras células. Esses macrófagos não são ativamente microbicidas; em vez disso, a função principal dos macrófagos 8 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j ativados alternativamente (M2) está no reparo tecidual. Os produtos dos macrófagos ativados matam agentes nocivos, como microrganismos, e iniciam o processo de reparo, mas também são responsáveis por grande parte da lesão tecidual na inflamação crônica. Várias funções dos macrófagos são fundamentais para o desenvolvimento e a persistência da inflamação crônica e a lesão tecidual que a acompanha. ➢ Os macrófagos secretam mediadores da inflamação, como citocinas (TNF, IL-1, quimiocinas e outros) e eicosanoides. Assim, os macrófagos são fundamentais para a iniciação e a propagação das reações inflamatórias. ➢ Os macrófagos exibem antígenos para os linfócitos T e respondem aos sinais das células T, criando assim um ciclo de feedback (retroalimentação) que é essencial para a defesa contra muitos microrganismos nas respostas imunes mediadas por células. Essas interações são descritas na discussão do papel dos linfócitos na inflamação crônica. Outras células na inflamação crônica. ➢ Os eosinófilos são abundantes nas reações imunomediadas por IgE e nas infecções parasitárias. O seu recrutamento é desencadeado por moléculas de adesão semelhantes às utilizadas pelos neutrófilos e por quimiocinas específicas (p. ex., eotaxina) derivadas de leucócitos e células epiteliais. ➢ Os mastócitos estão amplamente distribuídos no tecido conjuntivo e participam das reações inflamatórias agudas e crônicas. Os mastócitos (e os basófilos) expressam na sua superfície o receptor FcɛRI, que se liga à porção Fc – fragmento cristalizável - do anticorpo IgE. Nas reações de hipersensibilidade imediata, a IgE ligada aos receptores Fc dos mastócitos reconhece especificamente o antígeno e, em resposta, as células degranulam e liberam mediadores, como histamina e prostaglandinas. Os mastócitos também estão presentes nas reações inflamatórias crônicas, e como secretam uma infinidade de citocinas, elas podem promover reações inflamatórias. Inflamação Granulomatosa A inflamação granulomatosa é uma forma de inflamação crônica caracterizada por coleções de macrófagos ativados, muitas vezes com linfócitos T, e às vezes associadas à necrose central. Os macrófagos ativados desenvolvem um citoplasma abundante e passam a se assemelhar a células epiteliais, sendo chamados células epitelioides. A formação de granulomas é uma tentativa celular de conter um agente agressor difícil de erradicar. Nesta tentativa, frequentemente há uma forte ativação de linfócitos T que desencadeia ativação dos 9 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j macrófagos, o que pode causar lesões nos tecidos normais. Existem dois tipos de granulomas, que apresentam diferentes patogenia: ➢ Os granulomas imunes: que são causados por vários agentes capazes de induzir resposta imune mediada por células T persistentes. Este tipo de resposta imune provoca a formação de granulomas geralmente quando o agente incitador não pode ser facilmente eliminado, como um microrganismo persistente ou um antígeno próprio. Como respostas, os macrófagos ativam as células T a produzir citocinas, como a IL-2, que ativa outras células T perpetuando a resposta, e IFN-γ, que ativa os macrófagos. ➢ Os granulomas de corpo estranho: são encontrados na resposta a corpos estranhos relativamente inertes, na ausência de resposta imunomediada por células T. os granulomas de corpo estranho formam-se em torno de materiais como o talco (associado ao uso abusivo de drogas intravenosas), suturas ou outras fibras que são grandes o suficiente para impossibilitar a fagocitose por um macrófago, mas não são imunogênicos. ➢ No quadro de resposta persistente por células T a certos microrganismos (p. ex., M. tuberculosis, Treponema pallidum ou fungos), as citocinas derivadas das células T são responsáveis pela ativação crônica dos macrófagos e pela formação dos granulomas. Os granulomas também podem se desenvolver em algumas doenças inflamatórias imunomediadas, como a doença de Crohn, que é um tipo de doença inflamatória intestinal e causa importante de inflamação granulomatosa nosEstados Unidos, bem como em uma doença de etiologia desconhecida chamada sarcoidose. A tuberculose é o protótipo da doença granulomatosa de etiologia infecciosa e deve ser sempre excluída como uma possível causa quando os granulomas são identificados. Etapas na formação de cicatrizes O reparo por deposição de tecido conjuntivo consiste em uma série de etapas sequenciais que ocorrem a pós a lesão do tecido ➢ Alguns minutos após uma lesão, um tampão hemostático composto por plaquetas é formado, o que interrompe o sangramento e proporciona uma estrutura para as células inflamatórias infiltrativas. ➢ Inflamação: esta etapa é composta pelas típicas respostas inflamatórias aguda e crônica. Os produtos da degradação da ativação do complemento, quimiocinas liberadas a partir das plaquetas ativadas e outros mediadores produzidos no local da lesão agem como agentes quimiotáticos para recrutar neutrófilos e monócitos durante as 6 a 48 horas seguintes. Os macrófagos são os principais agentes no processo de reparo celular – macrófago M1 removem microrganismos e tecidos necróticos e promovem a inflamação e uma Caracterizar o processo de reparo teciduais (cicatrização – queloide, hipertrófica, 1, 2 e 3 intenções – regeneração. 10 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j retroalimentação positiva, e os macrófagos M2 produzem fatores de crescimento que estimulam a proliferação de muitos tipos celulares na etapa de reparo. ➢ Proliferação celular: o que leva até 10 dias, vários tipos de células, incluindo células epiteliais, endoteliais e outras células vasculares e fibroblastos, proliferam e migram para fechar a ferida, agora limpa. Cada tipo de célula apresenta funções únicas. • As células epiteliais respondem a fatores de crescimento produzidos localmente e migram sobre a ferida para cobri-la. • As células endoteliais e outras células vasculares proliferam para formar novos vasos sanguíneos, um processo conhecido como angiogênese. Devido à importância desse processo fisiológico nas respostas do hospedeiro e em muitas condições patológicas. • Os fibroblastos proliferam e migram para o local da lesão e repousam sobre as fibras colágenas que formam a cicatriz. • A combinação de fibroblastos em proliferação, tecido conjuntivo frouxo, novos vasos sanguíneos e células inflamatórias crônicas espalhadas formas um tipo de tecido ímpar para cicatrização das feridas, chamado tecido de granulação. Este termo deriva da sua coloração rosada, aparência macroscópica granular e macia, tal como se pode observar abaixo da crosta da pele de uma ferida. A cicatrização das feridas da pele pode ser classificada como cicatrização por primeira intenção (união primária), que se refere à regeneração epitelial com formação mínima de cicatrizes, como a que ocorre nas incisões cirúrgicas com bordas bem aproximadas, e cicatrização por segunda intenção (união secundária), que se refere às feridas maiores que cicatrizam por meio da combinação de regeneração e cicatrização. Como os processos básicos envolvidos nos dois tipos de cicatrização de feridas representam um continuum da regeneração à cicatrização, não fazemos essa distinção em nossa discussão sobre os eventos-chave no reparo de tecidos. Cura por primeira intenção ➢ No prazo de 24 horas, os neutrófilos podem ser vistos na margem da incisão, migrando rumo ao coágulo de fibrina. Eles liberam enzimas proteolíticas que começam a limpar os resíduos. As células basais na borda do corte da epiderme começam a mostrar atividade mitótica acelerada. Dentro de 24 a 48 horas, as células epiteliais de ambos os lados já começaram a migrar e proliferar ao longo da derme, depositando componentes basais de membrana à medida que avançam. Então, juntam-se na linha média, abaixo da superfície da crosta, produzindo uma fina e contínua camada epitelial que fecha a ferida. ➢ No terceiro dia, os neutrófilos já foram amplamente substituídos pelos macrófagos e, progressivamente, o tecido de granulação invade o espaço da incisão. Conforme já discutido, os macrófagos são células-chave constituintes do reparo tecidual, removendo os resíduos extracelulares, a fibrina e outros materiais estranhos, além de promover angiogênese e deposição de MEC. Agora, as fibras de 11 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j colágeno são evidentes nas margens da incisão. A proliferação de células epiteliais continua formando uma cobertura que se aproxima da espessura normal da epiderme. ➢ Por volta do quinto dia, a neovascularização alcança seu pico, à medida que o tecido de granulação vai preenchendo o espaço incisional. Esses vasos neoformados são permeáveis, permitindo a passagem de líquido e proteínas plasmáticas para o espaço extravascular. Portanto, o novo tecido de granulação está constantemente edemaciado. A migração de fibroblastos para o local da lesão é orientada por quimiocinas, TNF, PDGF, TGF-β e FGF. Sua subsequente proliferação é desencadeada por múltiplos fatores de crescimento, incluindo PDGF, EGF, TGF-β e FGF, e pelas citocinas IL-1 e TNF. Os macrófagos são as principais fontes desses fatores, embora outras células inflamatórias e as plaquetas também os produzam. Os fibroblastos produzem proteínas da MEC, e as fibrilas de colágeno tornam-se mais abundantes e começam a formar pontes na incisão. A epiderme recupera sua espessura natural à medida que a diferenciação de células de superfície vai produzindo uma arquitetura de epiderme madura, com a ceratinização da superfície. ➢ Durante a segunda semana, há acúmulo contínuo de colágeno e de proliferação de fibroblastos. O infiltrado de leucócitos, o edema e o aumento de vascularidade estão substancialmente diminuídos. O processo de “empalidecimento” tem início, alcançado pelo aumento de deposição de colágeno dentro da cicatriz da incisão e da regressão dos canais vasculares. ➢ Pelo fim do primeiro mês, a cicatriz compreende um tecido conjuntivo celular em grande parte desprovido de células inflamatórias, coberto por uma epiderme essencialmente normal. Entretanto, os apêndices cutâneos destruídos na linha da incisão desaparecem de forma permanente. A força de tensão da ferida aumenta com o tempo, conforme descrito adiante. A cura por segunda intenção ➢ Em feridas que causam grandes perdas de tecido, o coágulo de fibrina é maior e há mais exsudato e restos necróticos no local. A inflamação é mais intensa porque os grandes defeitos no tecido têm um volume maior de resíduos necróticos, exsudato e fibrina, os quais devem ser removidos. Em consequência, grandes defeitos têm maior potencial para a lesão secundária mediada por inflamação. ➢ Inicialmente, é formada uma matriz provisória contendo fibrina, fibronectina plasmática e colágeno tipo III que, em aproximadamente 2 semanas, é substituída por uma matriz composta principalmente de colágeno tipo I. Finalmente, o arcabouço do tecido de granulação original é convertido em uma cicatriz avascular e pálida, composta de fibroblastos fusiformes, colágeno denso, fragmentos de tecido elástico e outros componentes da MEC. Os apêndices cutâneos destruídos na linha da incisão desaparecem de forma permanente. A epiderme recupera sua espessura e arquitetura normais. No fim do primeiro mês, a cicatriz consiste em tecido conjuntivo acelular destituído de 12 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j infiltrado inflamatório e está recoberta por epiderme intacta. Fatores que impedem o reparo do TecidoO reparo tecidual pode ser influenciado por vários fatores que reduzem a qualidade ou adequação do processo de reparação. Os fatores que interferem na cicatrização podem ser extrínsecos (p. ex., infecção) ou intrínsecos ao tecido lesado, sistêmicos ou locais: ➢ A infecção é uma das causas mais importantes de retardo da cicatrização; ela prolonga a inflamação e aumenta potencialmente a lesão tecidual local. ➢ O diabetes é uma doença metabólica que compromete o reparo dos tecidos por muitas razões, e é uma causa sistêmica importante da cicatrização anormal das feridas. ➢ O estado nutricional exerce profundos efeitos sobre o reparo; desnutrição proteica e deficiência vitamina C, por exemplo, inibem a síntese de colágeno e retardam a cura. ➢ Os glicocorticoides(esteroides) apres entam efeitos anti-inflamatórios já bem documentados, e a sua administração pode resultar em cicatrização deficiente porque inibem a produção de TGF-β e diminuem a fibrose. Em alguns casos, no entanto, os efeitos anti-inflamatórios dos glicocorticoides são desejáveis. Por exemplo, nas infecções da córnea, os glicocorticoides podem ser prescritos (juntamente com antibióticos) para reduzir a probabilidade de opacidade devido à deposição de colágeno. ➢ Má perfusão, devido à aterosclerose e ao diabetes, ou obstrução da drenagem venosa (p. ex., em veias varicosas), também prejudicam a cicatrização. Existem cinco sinais clínicos clássicos de inflamação: ➢ Rubor (vermelhidão): Devido ao aumento do fluxo sanguíneo para a área inflamada, há um aumento da quantidade de sangue e nutrientes que chegam à área, deixando-a mais avermelhada. O processo começa quando as células inflamatórias, como os mastócitos, são ativadas pela presença de uma lesão ou um agente infeccioso. Essas células liberam uma substância química chamada histamina, que é um vasodilatador potente. A histamina causa a dilatação dos vasos sanguíneos na área afetada, aumentando o diâmetro dos vasos e permitindo que mais sangue flua para a área inflamada. Além disso, outras substâncias químicas, como as prostaglandinas, também podem aumentar a vasodilatação e o fluxo sanguíneo. As células brancas do sangue, como os leucócitos, também são atraídas para a área inflamada pelo processo de quimiotaxia. Essas células desempenham um papel importante no combate à infecção e na reparação do tecido danificado. ➢ Calor: A mesma resposta inflamatória que causa a rubor também aumenta a temperatura da área inflamada, deixando-a mais quente ao toque. ➢ Tumor (inchaço): A inflamação leva a um acúmulo de fluidos e células inflamatórias na área afetada, o que pode levar ao inchaço ou aumento de volume. O processo começa quando as células inflamatórias, como os Descrever os sinais clínicos de inflamação. 13 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j mastócitos, são ativadas pela presença de uma lesão ou um agente infeccioso. Essas células liberam substâncias químicas, como histamina e prostaglandinas, que aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos na área afetada. Isso permite que o líquido, proteínas e células sanguíneas saiam dos vasos sanguíneos e entrem no tecido circundante. Esse acúmulo de líquido e células inflamatórias pode levar a um inchaço visível na área afetada. A quantidade de inchaço depende da extensão e gravidade da inflamação. O inchaço pode ser doloroso e pode afetar a função normal da área afetada, como a perda de mobilidade em uma articulação inflamada ou dificuldade de movimentação de um músculo inflamado. ➢ Dolor (dor): A inflamação também pode causar dor na área afetada, devido à presença de substâncias químicas inflamatórias que estimulam os nervos. A inflamação, mesmo localizada, está associada a reações sistêmicas induzidas por citocinas que são coletivamente chamadas resposta de fase aguda. Qualquer pessoa que tenha sofrido uma grave doença bacteriana ou viral, experimentou manifestações sistêmicas da inflamação aguda. Essas alterações são reações a citocinas cuja produção é estimulada por produtos bacterianos como o LPS, o RNA viral de fita dupla e por outros estímulos inflamatórios. As citocinas TNF, IL-1 e IL-6 são mediadores importantes da reação da fase aguda; outras citocinas, denominadas interferons do tipo I, também contribuem para a reação. ➢ A febre, caracterizada pela elevação da temperatura corporal, geralmente de 1°C a 4°C, é uma das manifestações mais proeminente da resposta da fase aguda, especialmente quando a inflamação está associada a infecção. As substâncias que induzem febre são chamadas pirogênicos. O aumento da temperatura corporal é causado por prostaglandinas que são produzidas nas células vasculares e perivasculares do hipotálamo. Os produtos bacterianos, como os LPS (chamado pirogênio exógeno), estimulam os leucócitos a liberar citocinas, como IL-1 e TNF (denominados pirogênios endógenos) que aumentam os níveis de enzimas (cicloxigenases) que convertem o ácido araquidônico em prostaglandinas. No hipotálamo, as prostaglandinas, especialmente a PGE2, estimulam a produção de neurotransmissores que ajustam a temperatura a um nível mais alto. Os AINEs, incluindo o ácido acetilsalicílico, reduzem a febre inibindo a síntese de prostaglandinas. ➢ A leucocitose é uma característica comum das reações inflamatórias, especialmente aquelas induzidas pelas infecções bacterianas. A leucocitose ocorre inicialmente devido à liberação acelerada de células do pool (conjunto) de reserva pós-mitótico da medula óssea (causada por citocinas, incluindo TNF e IL-1) e está, portanto, associada ao aumento no número de neutrófilos mais imaturos no sangue, o que é denominado desvio à esquerda. A maioria das infecções bacterianas induz aumento na contagem de neutrófilos no sangue, denominado neutrofilia. As infecções virais, como a mononucleose infecciosa, caxumba e 14 Centro Universitário Metropolitano da Amazônia - Unifamaz @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j @rdrigo_j rubéola, causam aumento absoluto no número de linfócitos (linfocitose). Em algumas alergias e infestações parasitárias há aumento no número de eosinófilos no sangue, gerando eosinofilia. Certas infecções (febre tifoide e infecções causadas por alguns vírus, Rickettsiae e certos protozoários) estão associadas a uma diminuição do número de leucócitos circulantes (leucopenia). ➢ Nas infecções bacterianas graves (sepse), as numerosas bactérias e seus produtos no sangue estimulam a produção de enormes quantidades de várias citocinas, principalmente TNF e IL-1. Os altos níveis sanguíneos de citocinas causam anormalidades clínicas e patológicas generalizadas, como coagulação intravascular disseminada, choque hipotensivo e distúrbios metabólicos, incluindo resistência à insulina e hiperglicemia
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