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Revisão Teorias da Personalidade. Freud e Jung- Aula 9. A interlocução entre Freud e Jung iniciou-se em 1906→ Estudos sobre associações. Ponto de ruptura. Freud reporta em "Sobre o narcisismo: uma introdução", que o conceito de narcisismo oferece uma alternativa à libido não sexual de Jung. Jung achava que Freud enfatizava excessivamente o papel da sexualidade e subestimava o potencial do inconsciente para contribuir de forma positiva para o crescimento psicológico. Libido. A libido permanece num movimento infinito de investir e desinvestir o eu e dos objetos, transformando-se em figuras variadas, próprias da mitologia. Para Jung, a libido é essencialmente simbólica, daí sua conclusão da existência de um inconsciente coletivo. Como essa libido é uma energia que se transmite às gerações, ela é o inconsciente arquetípico que possui estruturas fixas transmitidas universalmente. (Vivenciamos o inconsciente através dos sonhos e das fantasias.) Jung- Aula 10. A individuação: É um processo de diferenciação da personalidade por meio da qual a pessoa consegue se colocar no mundo com atributos próprios à medida que se tornam relativas as influências familiares e de outros setores sociais. Na individuação, há um investimento da energia psíquica em necessidades que visam a uma adaptação ao mundo interior. Quatro arquétipos: Persona: Remete à ideia de máscara utilizada pelos atores gregos para compor os papéis e os personagens. É uma espécie de compromisso entre a consciência pessoal e a norma coletiva. Seria, portanto, o conjunto de elementos que “veste” o eu, com a função de defesa e adaptação do indivíduo ao mundo social. Perigos: Risco de identificação eu-persona, que leva à fragilidade e adaptação cega aos papéis sociais. A dissolução da persona, com a consequente exposição do eu ao inconsciente coletivo. Sombra: Arquétipo referente à experiência com o duplo: a soma dos elementos psíquicos pessoais e coletivos que permanecem inconscientes, formando uma personalidade parcial. É um conjunto de funções e atitudes psicológicas ainda não desenvolvidas na personalidade, que podem permanecer no inconsciente. Na terapia nossa tendência é aproximá-la da consciência, que só será possível pelo reconhecimento crítico e pela aceitação de aspectos inconscientes da personalidade. Anima Animus: A Anima, por definição de natureza feminina, é a figura inconsciente que compensa a persona masculina do homem. Esses arquétipos aparecem pela via da projeção, estando sempre presentes nas problemáticas do amor e nas parcerias de qualquer ordem. Tipos psicológicas. A energia psíquica: reformulação do conceito de libido de Freud. Jung estende o conceito tomando-o especialmente pelo seu viés quantitativo. Essa energia poderia ser definida através de seu direcionamento: a orientação para fora (extroversão) e a orientação para dentro (introversão) Funções da consciência: Essas funções determinariam a maneira pela qual os estímulos internos e externos são percebidos e trabalhados pela consciência. • O pensamento, que apreende significados; o sentimento, que confere diferentes valores às experiências; a sensação, que é a apreensão por meio dos sentidos; por fim, a intuição, que capta possibilidades futuras e o "clima" de um ambiente. Sensação- A percepção é a função pela qual os homens dão-se conta de que uma coisa existe. “A percepção diz-me que algo é; não me diz o que é e não me diz outras coisas sobre esse algo, unicamente me diz que é”. Pensamento- O pensamento é a função que diz o que uma coisa é. O pensamento é a soma de percepção e julgamento. Sentimento- O sentimento diz respeito às questões de valor. O sentimento diz-nos se uma coisa é aceitável ou agradável ou se não é. Intuição- A intuição preocupa-se com o tempo. A pessoa intuitiva é capaz de ter palpites sobre as coisas, e está mais interessada nas possibilidades das coisas do que na sua existência presente. OBSERVAÇÃO: O pensamento e o sentimento são racionais; é possível construir um discurso articulado a partir do que captam. A sensação e a intuição são irracionais, percepções momentâneas. Símbolo- é o mecanismo psicológico que canaliza a energia psíquica. O ego precisa se debruçar sobre o símbolo e permitir que seus conteúdos fertilizem a consciência, sem querer impor a ele um significado único. Arquétipos- não são determinados em relação ao seu conteúdo, mas unicamente em relação à sua forma, e, mesmo assim num grau muito limitado. Para Jung, arquétipos são modelos que idealizamos para dar algum valor momentâneo ou não a alguém. Fazemos associações com padrões pré-estabelecidos em nossas mentes com base em experiências do passado. (Os arquétipos formam o inconsciente coletivo.) Cinco instintos. 1: a fome, como instinto de auto conservação. 2: a sexualidade, como instinto da conservação da espécie. 3: o impulso à ação, que compreende a tendência a viajar, o amor à mudança, o lúdico. 4: o instinto reflexivo: é uma interrupção da carga de excitação que percorre o arco reflexo e que sofre o processo de psiquificação; ou seja, um desvio que rebate a excitação para a psique, antes que essa excitação se descarregue no mundo exterior. 5- a força criativa, que Jung afirma ser de natureza semelhante à do instinto. Sombra. (Inconsciente pessoal.) O complexo da sombra pode se compor tanto de conteúdos que nunca estiveram na consciência como daqueles que foram reprimidos por estarem em desacordo com a identidade construída pelo ego. Seus conteúdos, assim como todos os conteúdos do inconsciente, tendem a se projetar e a ser percebidos no comportamento e ações dos outros. Nas palavras de Jung, sombra é "aquilo que ele (a pessoa) não queria ser.” Doença- Quanto mais conteúdos forem reprimidos, mais energia psíquica fica no inconsciente, minando a força do ego. Este fica frágil, atribui um poder excessivo às pessoas; e as atividades que precisa realizar passam a ser penosas. O ego fica paralisado, invadido pelo medo. A primeira tarefa de uma análise Jung é trabalhar a sombra: separar o que é responsabilidade própria daquela do outro, e questionar as ilusões a respeito de si mesmo. O sistema delirante enquanto mito- Jung comparou os delírios psicóticos e os mitos e sistemas religiosos: sua ideia era que essas produções partilhariam uma mesma base. A mãe. A presença do invisível, do inconsciente, sempre acompanhou Jung. Pode-se dizer que o primeiro símbolo desse poder do invisível é ligado ao arquétipo da mãe. Nossa vivência inicial é muito ligada a ela; e percorremos um longo caminho até ganhar alguma autonomia. Periodicamente, precisamos voltar à mãe, ou seja, ao inconsciente, para um processo de renovação. Em alguns mitos essa saída inclui a morte da mãe, em outros é o filho que morre ou se emascula. Matando-a, o ego se afasta do inconsciente e passa a olhar o mundo de forma unilateral, apenas com a razão, afastando-se do universo simbólico. Édipo é o paradigma dessa saída na leitura de Jung, e nossa civilização vive as consequências da ação edípica no intelectualismo excessivo. Abordagem humanista- Aula 11. Humanismo é um sistema de pensamento no qual os interesses e valores humanos são primordialmente importantes. Tanto a psicanálise como o behaviorismo ofereceriam, na crítica humanista, uma imagem do ser humano excessivamente restrita e aviltante. As teorias humanistas enfatizam a força e aspiração humanas, o livre-arbítrio consciente e a realização de nosso potencial; oferecem uma ideia lisonjeira e otimista da natureza humana e descrevem as pessoas como seres ativos e criativos. Carl Rogers- Terapia não-diretiva, ou centrada no cliente. Características- Relação facilitadora (o protagonista é o cliente). Busca por autonomia, busca por autoconhecimento. “A perturbação mental é vista como resultado de dificuldades do indivíduo fazer as escolhas mais autênticas e significativas, pelo que as intervenções terapêuticas privilegiam a autoconsciência, a auto compreensão e a autodeterminação”. Patologia.Para Binswanger a psicopatologia é o que se afasta da estrutura apriorística do ser (categorias ontológicas) e se tornou uma estrutura existencial modificada. Para May, a ansiedade patológica resultaria do indivíduo não se confrontar com a ansiedade normal, sendo esta a que deriva do confronto com os dados da existência. Ansiedade neurótica: resultado das tentativas feitas pelo indivíduo para diminuir ou negar a ansiedade resultante do confronto com os dados da existência. A ansiedade neurótica poderia significar, negação do medo da morte, negação da liberdade de escolha, evitariam de assumir responsabilidades ou conformismo com as normas sociais impostas. A perturbação mental se relaciona compreensivelmente com as modalidades de construção do seu-mundo. A psicopatologia surge quando o projeto se desvia da intenção, quando a realidade da história (projeto histórico) se desvia ou afasta do projeto existencial. A psicopatologia caracteriza-se essencialmente por uma existência limitada, tematizada e bloqueada. Frankl e Maddi, cada um por seu lado, enfatizaram que a procura de sentido seria a motivação fundamental do indivíduo e que a psicopatologia estaria associada à falta de sentido para a vida. Os fenômenos psicopatológicos relacionam-se com estranheza e afastamento do indivíduo em relação a si próprio, evitando dados da existência (Cohn, 1997), associado a escolhas feitas em desacordo consigo mesmo, isto é, não autênticas.
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