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DIREITO CIVIL Edição 2023.1 Revisada Atualizada Ampliada PA RT E LINDB e Parte Geral . CS – CIVIL I 2023.1 1 CIVIL I: LINDB e PARTE GERAL APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 9 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO .................................................. 10 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 10 2. CONTEÚDO DA LINDB ............................................................................................................. 10 3. FONTES DO DIREITO ............................................................................................................... 12 FONTE FORMAL PRIMÁRIA: LEI ...................................................................................... 12 FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS ................................................................................. 13 FONTES NÃO FORMAIS ................................................................................................... 14 3.3.1. Doutrina ........................................................................................................................ 14 3.3.2. Jurisprudência .............................................................................................................. 15 3.3.3. Equidade ...................................................................................................................... 16 3.3.4. Súmula vinculante ........................................................................................................ 17 4. FORMAS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA............................................................... 17 ANALOGIA .......................................................................................................................... 18 COSTUMES ........................................................................................................................ 20 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO................................................................................... 21 5. REGRAS DE APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA NO TEMPO ............................................. 22 INÍCIO DE VIGÊNCIA ......................................................................................................... 23 FIM DA VIGÊNCIA .............................................................................................................. 24 INTERPRETAÇÃO DO ART. 2º, § 2º, DA LINDB .............................................................. 25 REPRISTINAÇÃO ............................................................................................................... 25 RETROATIVIDADE DA NORMA JURÍDICA ...................................................................... 26 6. REGRAS DE APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA NO ESPAÇO ........................................... 27 REGRA GERAL................................................................................................................... 30 TEORIA DA TERRITORIALIDADE MODERADA OU MITIGADA ..................................... 30 EXCEÇÕES À APLICAÇÃO DO ESTATUTO PESSOAL .................................................. 30 REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA ...................... 31 7. ANTINOMIAS JURÍDICAS OU LACUNAS DE COLISÃO ......................................................... 32 CRITÉRIOS BÁSICOS ........................................................................................................ 32 CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................ 33 8. NORMAS SOBRE SEGURANÇA JURÍDICA E EFICIÊNCIA NA CRIAÇÃO E NA APLICAÇÃO DO DIREITO PÚBLICO ..................................................................................................................... 34 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................. 34 DECISÃO COM BASE EM VALORES JURÍDICOS ABSTRATOS ................................... 34 MOTIVAÇÃO DEVERÁ DEMONSTRAR A NECESSIDADE E ADEQUAÇÃO ................. 37 DECISÃO QUE ACARRETE INVALIDAÇÃO DE ATO, CONTRATO, AJUSTE, PROCESSO OU NORMA ADMINISTRATIVA .............................................................................. 38 INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS SOBRE GESTÃO PÚBLICA ..................................... 39 MUDANÇA DE INTERPRETAÇÃO OU ORIENTAÇÃO E MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO ................................................................................................................................. 40 REVISÃO DEVERÁ LEVAR EM CONTA A ORIENTAÇÃO VIGENTE NA ÉPOCA DA PRÁTICA DO ATO ......................................................................................................................... 41 COMPROMISSO PARA ELIMINAR IRREGULARIDADE, INCERTEZA JURÍDICA OU SITUAÇÃO CONTENCIOSA NA APLICAÇÃO DO DIREITO PÚBLICO ...................................... 42 IMPOSIÇÃO DE COMPENSAÇÃO .................................................................................... 43 RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO ................................................................ 43 . CS – CIVIL I 2023.1 2 CONSULTA PÚBLICA ........................................................................................................ 47 INSTRUMENTOS PARA AUMENTAR A SEGURANÇA JURÍDICA ................................. 47 INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL ................................................................................................... 49 1. QUADRO EVOLUTIVO DO DIREITO CIVIL .............................................................................. 49 DO DIREITO ROMANO ATÉ A REVOLUÇÃO FRANCESA: DIVISÃO DO DIREITO EM CIVIL E PENAL .............................................................................................................................. 49 REVOLUÇÃO FRANCESA: DIVISÃO DO DIREITO EM PÚBLICO E PRIVADO ............. 49 CONSTITUIÇÃO IMPERIAL E O DIREITO CIVIL .............................................................. 49 CÓDIGO CIVIL DE 1916 E A ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL ...................................... 50 A NEUTRALIDADE E INDIFERENÇA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS EM RELAÇÃO AO DIREITO CIVIL ...................................................................................................... 51 PULVERIZAÇÃO DAS RELAÇÕES PRIVADAS E A PERDA DA REFERÊNCIA ............ 51 2. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL ...................................................................... 52 CONCEITO .......................................................................................................................... 52 TÁBUA AXIOLÓGICA ......................................................................................................... 52 CONSTITUCIONALIZAÇÃO x PUBLICIZAÇÃO ................................................................ 52 DIREITO CIVIL MÍNIMO ..................................................................................................... 53 3. CÓDIGO CIVIL DE 2002 E OS SEUS PARADIGMAS .............................................................. 53 SOCIALIDADE .................................................................................................................... 54 ETICIDADE ......................................................................................................................... 54 OPERABILIDADE ............................................................................................................... 55 4. DISTINÇÕES ENTRE CLÁUSULAS GERAIS E CONCEITOS JURÍDICOS INDETERMINADOS .......................................................................................................................... 55 5. APLICAÇÃODIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS....... 56 6. APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS SOCIAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS ..................... 57 7. INCIDÊNCIA DIRETA DOS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES PRIVADAS ............................................................................................................ 58 STATUS LEGAL .................................................................................................................. 58 STATUS CONSTITUCIONAL ............................................................................................. 59 STATUS SUPRALEGAL ..................................................................................................... 59 8. DIÁLOGO DAS FONTES ........................................................................................................... 60 9. CONFLITOS NORMATIVOS DO DIREITO CIVIL ..................................................................... 61 PESSOA NATURAL .......................................................................................................................... 64 1. CONCEITOS INICIAIS ............................................................................................................... 64 CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO ....................................................................... 64 CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO .................................................................. 64 LEGITIMAÇÃO .................................................................................................................... 64 LEGITIMIDADE ................................................................................................................... 65 PERSONALIDADE .............................................................................................................. 65 2. INÍCIO DA PERSONALIDADE ................................................................................................... 65 TEORIAS EXPLICATIVAS DO NASCITURO ..................................................................... 66 2.1.1. Teoria natalista ............................................................................................................. 66 2.1.2. Teoria da personalidade condicionada ....................................................................... 66 2.1.3. Teoria concepcionista .................................................................................................. 66 3. TEORIA DAS INCAPACIDADES ............................................................................................... 71 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 71 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ......... 71 INCAPACIDADE ABSOLUTA ............................................................................................. 74 INCAPACIDADE RELATIVA ............................................................................................... 76 4. EMANCIPAÇÃO ......................................................................................................................... 78 . CS – CIVIL I 2023.1 3 VOLUNTÁRIA ...................................................................................................................... 78 JUDICIAL ............................................................................................................................. 79 LEGAL ................................................................................................................................. 80 5. EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL ......................................................................................... 82 AUSÊNCIA .......................................................................................................................... 84 MORTE PRESUMIDA: OUTRAS HIPÓTESES .................................................................. 87 COMORIÊNCIA ................................................................................................................... 88 DIREITOS DA PERSONALIDADE .................................................................................................... 90 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ..................................................................................................... 90 IMPORTÂNCIA DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE .................................................. 90 DIFERENÇAS ENTRE PERSONALIDADE E CAPACIDADE ........................................... 90 2. CLÁUSULA GERAL DE PROTEÇÃO À PERSONALIDADE .................................................... 91 3. TÉCNICA DE PONDERAÇÃO ................................................................................................... 93 4. DIREITOS DE PERSONALIDADE VERSUS LIBERDADES PÚBLICAS ................................. 94 5. MOMENTO AQUISITIVO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE .......................................... 95 6. MOMENTO EXTINTIVO DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE ........................................... 97 7. FONTES DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE .................................................................... 99 8. DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA................................................... 100 9. CONFLITO ENTRE DIREITOS DA PERSONALIDADE E LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ............................................................................................................................................ 104 10. DIREITOS DA PERSONALIDADE E AS PESSOAS PÚBLICAS (CELEBRIDADES) ........ 107 11. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ........................................... 107 12. TUTELA JURÍDICA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ............................................. 109 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................ 109 TUTELA PREVENTIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................... 110 12.2.1. Considerações ........................................................................................................... 110 12.2.2. Espécies de tutela específica .................................................................................... 111 12.2.3. Mandado de distanciamento ...................................................................................... 111 12.2.4. Possibilidade de prisão .............................................................................................. 112 TUTELA REPRESSIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................... 112 TUTELA JURÍDICA COLETIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ...................... 114 13. DIREITOS DE PERSONALIDADE À INTEGRIDADE FÍSICA ............................................. 115 TUTELA JURÍDICA DO CORPO VIVO ............................................................................ 115 TUTELA JURÍDICA DO CORPO MORTO ....................................................................... 118 LIVRE CONSENTIMENTO INFORMADO (AUTONOMIA DO PACIENTE) .................... 119 14. DIREITO À HONRA .............................................................................................................. 120 15. DIREITO AO NOME CIVIL ................................................................................................... 120 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ....................................................................... 120 NATUREZA JURÍDICA ..................................................................................................... 121 PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE RELATIVA DO NOME ................................................ 121 ESCOLHA FEITA PELOS PAIS ....................................................................................... 125 ELEMENTOS COMPONENTES .......................................................................................127 16. DIREITO À IMAGEM ............................................................................................................ 130 17. DIREITO À PRIVACIDADE .................................................................................................. 134 PESSOA JURÍDICA ......................................................................................................................... 135 1. CONCEITO ............................................................................................................................... 135 2. TEORIAS EXPLICATIVAS ....................................................................................................... 136 TEORIA NEGATIVISTA .................................................................................................... 136 TEORIA AFIRMATIVISTA ................................................................................................. 136 2.2.1. Teoria da ficção (Savigny) ......................................................................................... 136 . CS – CIVIL I 2023.1 4 2.2.2. Teoria da realidade objetiva (ou orgânica) (Clóvis Beviláqua) ................................. 136 2.2.3. Teoria da realidade técnica (Ferrara) ........................................................................ 137 3. NASCIMENTO DAS PESSOAS JURÍDICAS .......................................................................... 137 4. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ..................................................... 138 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 138 DISCIPLINA NO CÓDIGO CIVIL ...................................................................................... 139 REGRAS ESPECÍFICAS DE DESCONSIDERAÇÃO NOS DEMAIS RAMOS ............... 144 OBSERVAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 145 O CPC E A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA .......................... 146 JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................... 148 5. ENTES DESPERSONALIZADOS ............................................................................................ 152 6. AUTONOMIA PATRIMONIAL .................................................................................................. 154 7. CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS...................................................................... 154 8. FUNDAÇÕES ........................................................................................................................... 156 FUNDAÇÕES .................................................................................................................... 157 9. SOCIEDADES .......................................................................................................................... 160 CONCEITO ........................................................................................................................ 160 ESPÉCIES ......................................................................................................................... 160 10. ASSOCIAÇÕES .................................................................................................................... 161 11. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA .................................................................................... 165 DOMICÍLIO....................................................................................................................................... 167 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 167 2. MUDANÇA DE DOMICÍLIO...................................................................................................... 167 3. DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA ....................................................................................... 168 4. CLASSIFICAÇÃO DO DOMICÍLIO .......................................................................................... 169 BENS JURÍDICOS ........................................................................................................................... 171 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 171 2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS ................................................................................................. 171 BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS ...................................................................... 172 2.1.1. Bens corpóreos e incorpóreos ................................................................................... 172 2.1.2. Bens móveis ou imóveis ............................................................................................ 172 2.1.3. Bens fungíveis e infungíveis ...................................................................................... 173 2.1.4. Bens consumíveis e inconsumíveis ........................................................................... 174 2.1.5. Bens divisíveis e indivisíveis ...................................................................................... 174 2.1.6. Singulares e coletivos ................................................................................................ 174 BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS ............................................................... 175 2.2.1. Partes integrantes ...................................................................................................... 177 2.2.2. Pertenças ................................................................................................................... 177 BENS EM RELAÇÃO AO SEU TITULAR ......................................................................... 178 TEORIA DO FATO JURÍDICO ........................................................................................................ 181 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 181 SUPORTE FÁTICO ........................................................................................................... 181 1.1.1. Suporte fático hipotético ou abstrato ......................................................................... 181 1.1.2. Suporte fático concreto .............................................................................................. 181 1.1.3. Suporte fático constituído de elementos positivos .................................................... 181 1.1.4. Suporte fático constituído de elementos negativos................................................... 181 A FENOMENOLOGIA DA JURIDICIZAÇÃO .................................................................... 182 1.2.1. Como ocorre a juridicização ...................................................................................... 182 1.2.2. Suporte fático deficiente ............................................................................................ 182 CONSEQUÊNCIAS DA INCIDÊNCIA .............................................................................. 183 . CS – CIVIL I 2023.1 5 1.3.1. Juridicização .............................................................................................................. 183 1.3.2. Pré-exclusão de juridicidade ...................................................................................... 183 1.3.3. Invalidação ................................................................................................................. 183 1.3.4. Deseficacização ......................................................................................................... 184 1.3.5. Desjuridicização .........................................................................................................184 2. PLANOS DOS FATOS JURÍDICOS: UMA VISÃO GERAL ..................................................... 184 PLANO DA EXISTÊNCIA .................................................................................................. 184 PLANO DA VALIDADE ..................................................................................................... 184 PLANO DA EFICÁCIA....................................................................................................... 185 3. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS: FATO JURÍDICO LATO SENSU .................... 185 ESQUEMA GRÁFICO1 (MELLO) ...................................................................................... 185 ESQUEMA GRÁFICO2 (STOLZE) .................................................................................... 186 FATO JURÍDICO STRICTO SENSU ................................................................................ 187 3.3.1. Ordinário ..................................................................................................................... 187 3.3.2. Extraordinário ............................................................................................................. 187 ATO-FATO JURÍDICO ...................................................................................................... 187 3.4.1. Espécies de ato-fato jurídico ..................................................................................... 188 ATO JURÍDICO LATO SENSU ......................................................................................... 189 3.5.1. Noções gerais ............................................................................................................ 189 3.5.2. Espécies de atos jurídicos ......................................................................................... 189 ATO JURÍDICO STRICTO SENSU .................................................................................. 190 3.6.1. Noções gerais ............................................................................................................ 190 3.6.2. Classificação dos atos jurídicos stricto sensu ........................................................... 190 NEGÓCIO JURÍDICO ....................................................................................................... 191 3.7.1. Noções gerais ............................................................................................................ 191 3.7.2. Classes de negócios jurídicos ................................................................................... 191 3.7.3. Elementos constitutivos do negócio jurídico ............................................................. 194 FATO/ATO ILÍCITO ........................................................................................................... 194 TEORIA DO NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................. 195 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 195 2. PLANO DE EXISTÊNCIA ......................................................................................................... 195 MANIFESTAÇÃO DE VONTADE ..................................................................................... 195 AGENTE ............................................................................................................................ 195 OBJETO ............................................................................................................................ 195 FORMA .............................................................................................................................. 195 3. PLANO DE VALIDADE ............................................................................................................. 196 CONCEITO E PRESSUPOSTOS ..................................................................................... 197 OBSERVAÇÕES ............................................................................................................... 197 PECULIARIDADES QUANTO AO PRESSUPOSTO DE VALIDADE “FORMA” ............. 198 4. PLANO DE EFICÁCIA .............................................................................................................. 199 5. TEORIAS EXPLICATIVAS DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................ 200 TEORIA VOLUNTARISTA (DA VONTADE) ..................................................................... 200 TEORIA OBJETIVA (DA DECLARAÇÃO) ........................................................................ 200 6. INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS ................................................................. 201 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................................ 203 1. DISPOSIÇÃO DA MATÉRIA .................................................................................................... 203 2. ERRO ........................................................................................................................................ 203 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ................................................................................. 203 ERRO X VÍCIO REDIBITÓRIO ......................................................................................... 205 . CS – CIVIL I 2023.1 6 ESQUEMA SOBRE ERRO ............................................................................................... 205 3. DOLO ........................................................................................................................................ 206 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ................................................................................. 206 DOLO NEGATIVO ............................................................................................................. 207 DOLO BILATERAL ............................................................................................................ 207 DOLO DE TERCEIROS .................................................................................................... 207 DOLO DO REPRESENTANTE LEGAL OU CONVENCIONAL ....................................... 207 ESQUEMA ......................................................................................................................... 208 4. COAÇÃO .................................................................................................................................. 208 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ................................................................................. 208 COAÇÃO DE TERCEIROS ............................................................................................... 209 5. LESÃO ...................................................................................................................................... 210 CONCEITO E PREVISÃO LEGAL .................................................................................... 210 REQUISITOS .................................................................................................................... 211 LESÃO X TEORIA DA IMPREVISÃO ............................................................................... 212 LESÃO CONSUMERISTA ................................................................................................ 212 6. ESTADO DE PERIGO .............................................................................................................. 212 7. SIMULAÇÃO ............................................................................................................................. 214 CONCEITO ........................................................................................................................ 214 ESPÉCIES .........................................................................................................................215 7.2.1. Simulação absoluta .................................................................................................... 215 7.2.2. Simulação relativa (dissimulação) ............................................................................. 216 7.2.3. Simulação inocente .................................................................................................... 217 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ................................................................................... 217 8. FRAUDE CONTRA CREDORES ............................................................................................. 218 CONCEITO ........................................................................................................................ 218 HIPÓTESES LEGAIS ........................................................................................................ 219 8.2.1. Negócio de transmissão gratuita de bens (art. 158 do CC) ...................................... 219 8.2.2. Remissão de dívida (art. 158 do CC) ........................................................................ 219 8.2.3. Negócio jurídico fraudulento oneroso (art. 159 do CC) ............................................ 219 8.2.4. Antecipação fraudulenta de pagamento feita a um dos credores quirografários (art. 162 do CC) ................................................................................................................................ 220 8.2.5. Outorga fraudulenta de garantia de dívida (art. 163 do CC) .................................... 220 AÇÃO E LEGITIMIDADE NA FRAUDE CONTRA CREDORES ...................................... 220 NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA NA AÇÃO PAULIANA...................................... 221 9. RESUMO DOS VÍCIOS NO NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................. 222 PLANO DE EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO .......................................................................... 224 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 224 2. CONDIÇÃO ............................................................................................................................... 224 CONCEITO ........................................................................................................................ 224 2.1.1. Futuridade .................................................................................................................. 225 2.1.2. Incerteza ..................................................................................................................... 225 2.1.3. Voluntariedade ........................................................................................................... 225 CLASSIFICAÇÃO DA CONDIÇÃO ................................................................................... 225 2.2.1. Quanto ao modo de atuação ..................................................................................... 225 2.2.2. Quanto à licitude ........................................................................................................ 226 2.2.3. Quanto à origem ........................................................................................................ 227 3. TERMO ..................................................................................................................................... 229 CONCEITO ........................................................................................................................ 229 . CS – CIVIL I 2023.1 7 CARACTERÍSTICAS ......................................................................................................... 229 4. MODO OU ENCARGO ............................................................................................................. 230 5. CONDIÇÃO x TERMO x ENCARGO ....................................................................................... 231 TEORIA DAS INVALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................... 233 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 233 2. NULIDADE ABSOLUTA ........................................................................................................... 233 ANÁLISE DO ART. 166 DO CC ........................................................................................ 233 CARACTERÍSTICAS DA NULIDADE ABSOLUTA .......................................................... 234 2.2.1. Declaração de ofício. Legitimidade ........................................................................... 235 2.2.2. Confirmação ............................................................................................................... 235 2.2.3. Efeito ex tunc ............................................................................................................. 236 3. NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE) ............................................................................. 236 PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 236 CARACTERÍSTICAS DA NULIDADE RELATIVA ............................................................ 237 3.2.1. Impossibilidade de declaração de ofício. Legitimidade ............................................. 237 3.2.2. Prazo decadencial ..................................................................................................... 238 3.2.3. Confirmação ............................................................................................................... 238 3.2.4. Eficácia ex tunc .......................................................................................................... 239 ATO ILÍCITO .................................................................................................................................... 241 1. NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................... 241 CONCEITO E EVOLUÇÃO ............................................................................................... 241 SÍNTESE ........................................................................................................................... 241 2. EFEITOS DA ILICITUDE (CIVIL) ............................................................................................. 242 EFEITO INDENIZANTE .................................................................................................... 242 EFEITO CADUCIFICANTE ............................................................................................... 242 EFEITO INVALIDANTE ..................................................................................................... 242 EFEITO AUTORIZANTE ................................................................................................... 243 OUTROS EFEITOS ........................................................................................................... 244 3. ELEMENTOS DO ATO ILÍCITO ............................................................................................... 244 4. ESPÉCIES (MODELOS) DE ATO ILÍCITO .............................................................................. 245 ATO ILÍCITO SUBJETIVO ................................................................................................ 246 ATO ILÍCITO OBJETIVO (ABUSO DE DIREITO OU ILÍCITO IMPRÓPRIO) .................. 246 SUBESPÉCIES DO ATO ILÍCITO OBJETIVO ................................................................. 248 4.3.1. Venire contra factum proprium (teoria dos atos próprios)......................................... 248 4.3.2. Supressio (verwirkung) e surrectio (erwirkung) .........................................................249 4.3.3. “Tu quoque” e “cláusula de Estoppel” ....................................................................... 249 4.3.4. Duty to mitigate the loss (dever de mitigar o dano)................................................... 250 4.3.5. Substancial performance (adimplemento substancial, inadimplemento mínimo, adimplemento fraco ou ruim) .................................................................................................... 250 4.3.6. Violação positiva do contrato (violação de deveres anexos) .................................... 251 5. EXCLUDENTES DA ILICITUDE (art. 188 do CC) ................................................................... 251 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ..................................................................................................... 253 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 253 2. FUNDAMENTO ........................................................................................................................ 258 3. PRESCRIÇÃO/DECADÊNCIA X DIFERENTES TIPOS DE DIREITOS ................................. 258 DIREITOS SUBJETIVOS (DIREITOS A UMA PRESTAÇÃO) ......................................... 258 DIREITOS POTESTATIVOS............................................................................................. 258 4. PRESCRIÇÃO .......................................................................................................................... 259 CONCEITO ........................................................................................................................ 259 INÍCIO DO PRAZO PRESCRICIONAL ............................................................................. 259 . CS – CIVIL I 2023.1 8 CARACTERÍSTICAS DA PRESCRIÇÃO ......................................................................... 261 4.3.1. Admissibilidade de renúncia ...................................................................................... 261 4.3.2. Reconhecimento em qualquer tempo ou grau de jurisdição .................................... 262 4.3.3. Possibilidade de ser reconhecida de ofício ............................................................... 263 4.3.4. Exceção prescreve junto com a pretensão ............................................................... 264 IMPEDIMENTO, SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO .......................... 264 4.4.1. Hipóteses de impedimento e suspensão .................................................................. 264 4.4.2. Hipóteses de interrupção da prescrição .................................................................... 267 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE .................................................................................. 269 4.5.1. Considerações iniciais ............................................................................................... 269 4.5.2. Conceito ..................................................................................................................... 269 4.5.3. Prescrição intercorrente na execução fiscal.............................................................. 269 4.5.4. Prescrição intercorrente nas execuções distintas da fiscal, na vigência do CPC/1973 272 4.5.5. Prescrição intercorrente nas execuções fundadas em título extrajudicial, distintas da fiscal, na vigência do CPC/2015 .............................................................................................. 272 4.5.6. Prescrição intercorrente no cumprimento da sentença ............................................ 273 4.5.7. Prescrição intercorrente e processo de conhecimento paralisado ........................... 273 4.5.8. Art. 206-A do CC promoveu alteração na ordem jurídica? ....................................... 274 PRESCRIÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ............................................................ 275 5. DECADÊNCIA .......................................................................................................................... 275 CONCEITO ........................................................................................................................ 275 ESPÉCIES ......................................................................................................................... 275 CARACTERÍSTICAS ......................................................................................................... 276 . CS – CIVIL I 2023.1 9 APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. O Caderno Direito Civil I possui como base as aulas do Prof. Flávio Tartuce (G7), do Prof. Cristiano Chaves (CERS) e do Prof. Pablo Stolze (LFG). Com o intuito de deixar o material mais completo, utilizamos as seguintes fontes complementares: a) Manual de Direito Civil – Volume Único 2021 (Rodolfo Pamplona Filho e Pablo Stolze Gagliano); b) Manual de Direito Civil – Volume Único 2022 (Cristiano Chaves). Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Ademais, no Caderno constam os principais artigos da lei, mas, ressaltamos, que é necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. . CS – CIVIL I 2023.1 10 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Inicialmente, destaca-se que a LINDB está positivada no Decreto-lei 4.657/1942. Trata-se de uma norma de sobredireito, ou seja, uma norma sobre normas (lex legum). A LINDB é dirigida a “atores específicos” (legislador e aplicador do direito), razão pela qual se diferencia das demais leis que são dirigidas a todos (generalidade). Observe o teor dos arts. 4º e 5º da LINDB: Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Antes de 2010, a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) era chamada de “Lei de Introdução ao Código Civil”. A Lei 12.376/2010 alterou sua nomenclatura com o intuito de esclarecer que o Decreto-lei 4.657/1942 se aplica a todo o ordenamento jurídico, e não apenas ao Direito Civil. Indaga-se: era realmente necessário que a nomenclatura fosse alterada? Para Tartuce e doutrina majoritária, a alteração do nome se justifica, pois a “Lei de Introdução” não é dirigida apenas ao Direito Civil (privado), mas a todos os ramos do Direito. A Lei de Introdução, por exemplo, traz as regras básicas do Direito Internacional Público e Privado, por isso também é conhecida como “Estatuto do Direito Internacional”. Ademais, a Lei 13.655/2018 introduziu os arts. 20 a 30, consagrando regras de julgamento para a esferado Direito Público. De acordo com Tartuce, esse fato provocou um distanciamento ainda maior do Direito Privado, pois confirma que a LINDB é dirigida a todo o ordenamento jurídico. Portanto, perceba que a Lei de Introdução nunca fez parte do Código Civil de 1916 e tampouco do Código Civil de 2002. Trata-se de um diploma legal multidisciplinar que se aplica universalmente a qualquer ramo do direito. É um código geral sobre a elaboração e a aplicação das normas jurídicas. O objetivo é a elaboração, a vigência e a aplicação de leis. 2. CONTEÚDO DA LINDB . CS – CIVIL I 2023.1 11 A LINDB possui a seguinte estrutura: LINDB Formas de integração da norma jurídica Regras de aplicação da norma jurídica no tempo e no espaço Fontes do Direito Regras de Direito Internacional Público e Privado Regras de Direito Público . CS – CIVIL I 2023.1 12 3. FONTES DO DIREITO A LINDB contempla a visão clássica das fontes de direito. A expressão “fonte”, de acordo com a doutrina civilista, possui dois sentidos: origem (“vem de onde” – Maria Helena Diniz e Pablo Stolze) e manifestações jurídicas (“formas de expressão do direito” – Rubens Limongi França). Aqui, analisaremos os dois sentidos. FONTE FORMAL PRIMÁRIA: LEI A lei é uma norma jurídica (norma agendi). Trata-se, conforme os ensinamentos de Goffredo Telles Jr. e Maria Helena Diniz, de um imperativo autorizante. a) É um imperativo, porque emana de autoridade competente, sendo dirigida a todos (generalidade, vigência sincrônica); b) É autorizante, porque autoriza ou não autoriza condutas. OBS.: A ideia de Kelsen de que a lei é um imperativo sancionador está superada, pois nem toda norma jurídica impõe uma sanção. Por exemplo, a CF/88 consagra inúmeros dispositivos sem sanção (art. 226 da CF). Além de ser imperativa e autorizante, a norma jurídica é dotada de obrigatoriedade, conforme se observa pela redação do art. 3º da LINDB. Dessa forma, ninguém poderá deixar de cumprir a lei alegando não a conhecer. Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. FONTES DO DIREITO Formais (constam na LINDB) Primária LEI - civil law Secundária (na falta da lei) Analogia Costumes Princípios Gerais do Direito Informais (não constam na LINDB) Doutrina Jurisprudência Equidade Súmula Vinculante** . CS – CIVIL I 2023.1 13 Acerca da obrigatoriedade da lei, há três correntes na doutrina. Vejamos: a) 1ª corrente: A teoria da ficção defende que a lei trouxe uma ficção de que todos possuem conhecimento sobre a existência das leis; b) 2ª corrente: A teoria da presunção sustenta que há uma presunção de que todos conhecem as leis; c) 3ª corrente (majoritária): A teoria da necessidade social assevera que há uma necessidade social de que todos conheçam as leis. De acordo com Zeno Veloso: “o legislador não seria estúpido de pensar que todos conheçam as leis. Num país em que há excesso legislativo, uma superprodução de leis que a todos atormenta assombra e confunde, sem contar o número enormíssimo de medidas provisórias, presumir que todas as leis são conhecidas por todos”. É importante consignar que a regra da obrigatoriedade (art. 3º da LINDB) não é absoluta, a exemplo do art. 139, II do CC, que permite a anulação de negócio jurídico por erro de direito. OBS.: Não confundir subsunção (aplicação direta da lei) com integração (método em que o julgador supre as lacunas da lei e aplica as ferramentas do art. 4º da LINDB: analogia, costumes e princípios gerais do direito). Por fim, no que tange à classificação das leis, a mais relevante delas é a que considera sua força obrigatória. a) Normas cogentes (ou de ordem pública): São aquelas que atendem mais diretamente ao interesse geral, merecendo aplicação obrigatória, eis que são dotadas de imperatividade absoluta. As partes não podem, mediante convenção, ilidir a incidência de uma norma cogente. Ex.: As normas relacionadas com os direitos da personalidade (arts. 11 a 21 do CC), com os direitos pessoais de família, com a nulidade absoluta dos negócios jurídicos e com a função social da propriedade e dos contratos (art. 2.035, parágrafo único, CC); b) Normas dispositivas (também chamadas de supletivas, interpretativas ou de ordem privada): São aquelas que interessam somente aos particulares, de modo que podem ser afastadas por disposição de vontade. Tais normas funcionam no silêncio dos contratantes, suprindo-o. FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS As fontes formais secundárias são aplicadas na falta de lei, ou seja, quando ela for omissa (lacuna normativa). A analogia, os costumes e os princípios gerais do direito são fontes formais secundárias. Preceitua o art. 4º da LINDB: . CS – CIVIL I 2023.1 14 Art. 4o. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Segundo Maria Helena Diniz, são ferramentas de correção do sistema jurídico. Tem ligação com a vedação do não julgamento (non liquet). Em outras palavras, o juiz não pode deixar de julgar a ação sob a alegação de lacuna, nos termos do art. 140 do CPC. Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Indaga-se: a ordem do art. 4º da LINDB (analogia, costumes e princípios gerais do direito) deve ser rigorosamente obedecida? Não há consenso. a) 1ª corrente (Beviláqua, WB Monteiro e Maria Helena Diniz): A ordem deve ser obedecida. Assim, diante da omissão da lei, primeiro se utiliza a analogia, depois os costumes e, por fim, os princípios gerais do direito; b) 2ª corrente (Zeno Veloso, Tepedino, Daniel Sarmento): A visão contemporânea entende que não é necessária a obediência à ordem do art. 4º da LINDB, pois os princípios constitucionais possuem prioridade de aplicação. Por fim, a opção por uma das duas correntes depende da composição da banca avaliadora do concurso. Entretanto, verifica-se uma inclinação das bancas para a segunda visão, pautada na ideia de que os princípios constitucionais têm prioridade na atividade de concretização e aplicação do Direito. Logo, a ordem das ferramentas de integração pode e deve ser flexibilizada. Esse argumento é corroborado pelo art. 5º, § 1º, da CF, que trata da aplicabilidade imediata das normas de direitos fundamentais, e pelo art. 8º do CPC, que coloca o princípio da dignidade da pessoa humana como ponto de partida para qualquer decisão judicial. Art. 5º da CF. (...). § 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. (...) Art. 8º do CPC. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. FONTES NÃO FORMAIS 3.3.1. Doutrina Consiste na interpretação do Direito feita por estudiosos. Ex.: As dissertações de mestrados, as teses de doutorado, os manuais, os cursos, os tratados e os enunciados do CJF aprovados nas Jornadas de Direito Civil (JDC). . CS – CIVIL I 2023.1 15 Como o tema foi cobrado em concurso? (MPE/SC – CESPE - 2021): Com o seu avanço, a doutrina jurídica tornou-se fonte material de direito no caso de falta da lei e passou a ser assim prevista na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Errado! 3.3.2. Jurisprudência É o conjunto de decisões dos tribunais, ou uma série de decisões similares sobre uma mesma matéria. Pode ser considerada o próprio “direito ao vivo”, cabendo-lhe o papel de preencher lacunas do ordenamento nos casos concretos. O CPC/2015 valorizou sobremaneira a jurisprudência, que passou a ter força vinculativa.Há um caminhar para common law Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: (...) § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. (...) Art. 489. São elementos essenciais da sentença: (...) § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. (...) Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. § 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; . CS – CIVIL I 2023.1 16 III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. (...) 3.3.3. Equidade1 A equidade é a justiça do caso concreto, conforme conceituado por Aristóteles2. É o uso do bom senso, adaptação do razoável para aplicação da lei ao caso concreto. Observa-se que a equidade não está capitulada no rol da LINDB dos métodos típicos de integração. Todavia, excepcionalmente, a equidade pode ser usada, desde que a lei expressamente a mencione, conforme o art. 140 do CPC. Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Nessa toada, citam-se exemplos de uso da equidade por permissivo legislativo expresso: a) Na redução da cláusula penal abusiva, ou quando a obrigação tiver sido parcialmente cumprida (art. 413 do CC); b) Quando houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, de modo que o juiz pode reduzir, equitativamente, o valor da indenização (art. 944, parágrafo único, do CC); c) Nas demandas trabalhistas, de forma geral, para buscar uma justiça contratual ou equivalência material das prestações (art. 8º da CLT). Conforme Agostinho Alvim, a equidade pode ser classificada como: a) Equidade legal: É aquela que o uso está expressamente autorizado pela lei; b) Equidade judicial: É aquela conferida ao juiz na verificação do caso concreto, sobretudo quando ele estiver diante de conceitos indeterminados. Segundo o STJ, a equidade judicial pode ser usada pelo juiz, quando não houver outro parâmetro de direito objetivo para o caso concreto. O juiz não pode funcionar como um legislador positivo (RSTJ 83/168). 1 FIGUEIREDO, Luciano. Direito Civil. Coleção Sinopse para Concursos. São Paulo: Editora Juspodivm, 2022, p. 40-41. 2 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996. . CS – CIVIL I 2023.1 17 Na visão clássica do Direito Civil (WB Monteiro e Maria Helena Diniz), a equidade era tratada não como um meio de suprir a lacuna da lei, e sim como um mero meio de auxiliar nessa missão. Portanto, não seria fonte não formal. Todavia, Tartuce entende que, no sistema contemporâneo privado, a equidade deve ser considerada fonte informal ou indireta do direito. Isso porque o Código Civil de 2002 adota um sistema de cláusulas gerais, no qual o aplicador do Direito, por diversas vezes, é convocado a preencher “janelas abertas” deixadas pelo legislador, de acordo com a equidade, o bom senso. Art. 5o. da LINDB. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Art. 8º do CPC. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. Como esse assunto foi cobrado em concurso? (PGE/PE – CEBRASPE – 2018) Ao autorizar o juiz a regular de maneira diferente dos critérios legais a situação dos filhos em relação aos pais, em caso de haver motivos graves, o Código Civil permite o uso da equidade. Resposta: Correto. (PC/PI – NUCEPE – 2018) Com base na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a equidade é sempre uma forma de integração quando houver omissão da lei. Resposta: Errado. 3.3.4. Súmula vinculante De acordo com o Prof. Flávio Tartuce, a súmula vinculante é uma fonte formal, pois está prevista na Constituição Federal. Contudo, é uma fonte sui generis, visto que está em uma posição intermediária entre a fonte primária e as fontes secundárias. 4. FORMAS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Estão previstas no art. 4º da LINDB. Art. 4o. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Integrar significa colmatar, preencher lacunas. A integração da norma é a atividade pela qual o juiz complementa a norma, sua necessidade surge porque o legislador não tem como prever todas as situações possíveis no mundo fático. . CS – CIVIL I 2023.1 18 Havendo lacuna, o juiz está obrigado a promover a integração da norma; colmatará o vazio. Além disso, como se presume que o juiz conhece todas as leis, basta que a parte narre o fato (narra- se o fato que eu te darei o direito – iura novit curiae). Exceções: o juiz pode determinar à parte interessada que faça prova da EXISTÊNCIA e VIGÊNCIA da lei alegada em 4 hipóteses: direito municipal, direito estadual, direito estrangeiro e direito consuetudinário. Alexandre Câmara alerta que o juiz só pode mandar a parte fazer prova de direito municipal e estadual que não seja de sua jurisdição. Caso contrário, ou seja, se o direito municipal ou estadual for do local de sua jurisdição, o juiz não poderá determinar que a parte faça prova porque se presume que ele conheça a lei. Espécies de lacunas (Maria Helena Diniz) Lacuna normativa Ausência total de norma para um caso concreto Lacuna ontológica Presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social Lacuna axiológica Presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória ou injusta Lacuna de conflito ou antinomia Choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso concreto Como esse assunto foi cobrado em concurso? (MPDFT - MPDFT - 2021) Sobre as técnicas de aplicação do direito por interpretação e por integração da lei, reguladas na Lei de Introduçãoàs Normas do Direito Brasileiro (LINDB), quando a lei civil e a lei penal forem omissas, o juiz resolverá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito. Resposta: Errado. (MPE/GO – MPE/GO – 2019): O entendimento de que, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, não constitui norma formal no Direito Brasileiro, mas um princípio norteador da atuação do magistrado. Resposta: Errado. Trata-se de norma formal expressa no ordenamento jurídico brasileiro, prevista no art. 4º da LINDB. (MPE/SC – MPE/SC – 2016) De acordo com o Decreto-lei n. 4657/42 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) são formas de integração jurídica a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Quanto aos costumes, a legislação refere-se a espécie praeter legem, ou seja, aquele que intervém na falta ou omissão da lei, apresentando caráter supletivo. Resposta: Correto. ANALOGIA . CS – CIVIL I 2023.1 19 Trata-se da aplicação de uma norma jurídica próxima (analogia legal ou legis) ou de um conjunto de normas próximas (analogia jurídica ou iuris) na ausência de lei para certo caso concreto. Cita-se, como exemplo, a aplicação das regras do casamento para a união estável. a) Aplicação de um único artigo configura analogia legal; b) Aplicação de mais de um artigo configura analogia iuris. A analogia não se confunde com a interpretação extensiva. Observe o quadro comparativo: ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA Outra norma jurídica é aplicada, além da sua previsão originária. O sentido da norma jurídica é ampliado. Integração. Subsunção. Imagine o seguinte caso hipotético: edita-se uma norma jurídica que prevê que em determinada ciclovia só poderão circular bicicletas verdes. A lei é interpretada permitindo que também circulem skate. Note-se que a lei que previa a circulação de bicicletas foi utilizada para a circulação de skate. Portanto é caso de analogia A lei é interpretada permitindo que também circulem na ciclovia bicicletas das cores azuis, rosas, vermelhas e brancas. Perceba que o objeto é o mesmo (bicicleta), apenas ampliou-se o seu alcance. Por isso, é caso de interpretação extensiva. Por derradeiro, lembre-se de que o recurso à analogia não é ilimitado: a) No Direito Penal e no Direito Tributário, a analogia só pode ser usada in bonam partem, ou seja, para beneficiar; b) A analogia não é admitida nos negócios jurídicos gratuitos, na fiança, na renúncia e no aval, pois é necessária a interpretação restritiva (arts. 114 e 819 do CC e súmula 214 do STJ). Analogia legis O juiz compara um caso, não previsto em lei, com uma hipótese contemplada na legislação. A lacuna será integrada comparando-se uma situação atípica (não prevista em lei) com outra situção especificamente prevista na legislação (típica). Analogia iuris O juiz compara o caso, sem previsão legal, com todo o sistema jurídico. A lacuna será integrada por meio da comparação entre uma situação não prevista em lei e os valores do sistema, e não da comparação com um dispositivo legal. . CS – CIVIL I 2023.1 20 Como esse assunto foi cobrado em concurso? (MPE/MG – FUNDEP – 2017): Na analogia jurídica ou juris, amplia-se o sentido originário da norma (subsunção). Resposta: Errado. COSTUMES Os costumes podem ser conceituados como sendo as práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica. Formam-se paulatinamente, de forma quase imperceptível, até o momento em que aquela prática reiterada é tida como obrigatória. Note-se que nem todo uso é costume, já que o costume é um uso considerado juridicamente obrigatório. Para tanto, exige-se que o costume seja geral, ou seja, largamente disseminado no meio social, ainda que setorizado numa parcela da sociedade. Exige-se, ainda, que o costume tenha certo lapso de tempo, pois deve constituir-se em hábito arraigado, bem estabelecido. Por fim, o costume deve ser constante, repetitivo na parcela da sociedade que o utiliza. Para se converter em fonte do direito, há dois requisitos imprescindíveis: um de ordem objetiva (o uso, a exterioridade do instituto), outro de ordem subjetiva (a consciência coletiva de que aquela prática é obrigatória). É este último aspecto que distingue o costume de outras práticas reiteradas, de ordem moral ou religiosa, ou de simples hábitos sociais. SECUNDUM LEGEM PRAETER LEGEM CONTRA LEGEM Há referência expressa aos costumes no texto legal, razão pela qual não se fala em integração, mas sim em subsunção, eis que a própria norma jurídica é aplicada. Costume integrativo, serve para preencher lacunas quando a lei for omissa Opõe-se ao dispositivo de uma lei e, para a maioria dos doutrinadores, não pode ser admitido, por gerar a instabilidade do sistema. Salvo se a lei contrariada tiver caído em dessuetude (maioria não admite). Art. 187 do CC. Cheque pós-datado Norma que proíbe o jogo do bicho O art. 113, caput, do CC prevê que os negócios jurídicos devem ser interpretados de acordo com os costumes. Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. § 1º. A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; III - corresponder à boa-fé; . CS – CIVIL I 2023.1 21 IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. § 2º. As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. Finalmente, o STJ já declarou que o dever de garantia do emitente do cheque, previsto no art. 15 da Lei 7.357/85, não pode ser afastado com fundamento nos costumes e no princípio da boa-fé objetiva. O emitente garante o pagamento do valor contido no cheque, considerando- se não escrita a declaração pela qual se exima dessa garantia (art. 15 da Lei nº 7.357/85). Esse dever de garantia do emitente do cheque não poder ser afastado com fundamento nos costumes e no princípio da boa-fé objetiva. Não há lacuna neste caso. Na ausência de lacuna, não cabe ao julgador se valer de um costume para afastar a aplicação da lei, sob pena de ofensa ao art. 4º da LINDB. De igual modo, a flexibilização do art. 15 da Lei nº 7.357/85, sob o argumento do princípio da boa-fé objetiva, não tem o condão de excluir o dever de garantia do emitente do cheque, sob pena de se comprometer a segurança na tutela do crédito, pilar fundamental das relações jurídicas dessa natureza. STJ. 3ª Turma. REsp 1787274/MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019 (Info 647). 3 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO Não há consenso na doutrina sobre o que seriam os “princípios gerais de direito”. Para Sílvio Rodrigues, trata-se das normas que orientam o legislador na elaboração da sistemática jurídica, ou seja, aqueles princípios que, baseados na observação sociológica e tendo por escopo regular os interesses conflitantes, impõem-se, inexoravelmente, como uma necessidade da vida do homem em sociedade. Para Maria Helena Diniz, os princípios são cânones que não foram ditados, explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente no ordenamento jurídico. Já para Nelson Nery Jr, trata-se de regras de conduta que não se encontram positivadas no sistemanormativo, mas norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou do negócio jurídico. Limongi de França entende que são regramentos básicos aplicáveis a determinado instituto jurídico, sendo abstraído das normas, da doutrina, da jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais. Podem ser expressos ou implícitos. 3 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O dever de garantia do emitente do cheque, previsto no art. 15 da Lei nº 7.357/85, não pode ser afastado com fundamento nos costumes e no princípio da boa-fé objetiva. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1b89a2e980724cb8997459fadb907712>. Acesso em: 17 jun. 2022. . CS – CIVIL I 2023.1 22 Exemplos de princípios gerais implícitos em nosso sistema: “ninguém pode valer-se da própria torpeza” e “a boa-fé se presume”. Além disso, com a CF/88 alguns princípios gerais de direito passaram a ter status constitucional, tendo prioridade de aplicação, mesmo quando há lei específica sobre a matéria. São exemplos: a) Dignidade humana (art. 1º, III da CF); b) Solidariedade social (art. 3º, I, da CF); c) Isonomia ou igualdade matéria (art. 5º, caput, da CF). Por fim, Francisco Amaral4 divide os princípios em: a) Princípios gerais do direito (ou princípios constitucionais): Ex.: A justiça, a liberdade, a igualdade e a dignidade da pessoa humana; b) Princípios gerais do ordenamento jurídico (ou princípios institucionais): Estão positivados na legislação constitucional e infraconstitucional. Ex.: A vedação ao enriquecimento sem causa, não lesar, a autonomia da vontade, a igualdade entre os cônjuges e a igualdade entre os filhos. 5. REGRAS DE APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA NO TEMPO Estão previstas no art. 6º da LINDB. Vejamos: Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. A expressão “a lei entra em vigor” se refere à vigência da lei, que deverá observar os requisitos de três planos da juridicidade, quais sejam: a) Existência; b) Validade – requisitos formais; c) Eficácia – aplicabilidade da norma jurídica. 4 AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2014. . CS – CIVIL I 2023.1 23 A existência não se confunde com a vigência, pois uma norma passará a existir quando for promulgada, ocasião em que é considerada formalmente um ato jurídico (não possui coercibilidade). Por outro lado, para que tenha vigência, é necessário um iter legislativo, ou seja, um lapso temporal para que as pessoas tenham conhecimento acerca do seu conteúdo e da sua existência. Em suma: INÍCIO DE VIGÊNCIA A doutrina civilista aponta três fases que antecedem a vigência da lei. Em regra, a lei entra em vigor após o prazo de vacatio legis, ou seja, 45 dias no Brasil e em três meses nos Estados estrangeiros com os quais o Brasil mantém relação internacional. Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. (...) A Lei 11.441/2007 possibilitou que o divórcio, inventário, partilha e separação pudessem ser feitos em cartório, cumpridos determinados requisitos, o procedimento deixou de ser judicial para ser extrajudicial. Apesar da grande repercussão, entrou em vigor na data da sua publicação. Indaga-se: é possível a imposição de alguma sanção, tendo em vista que apenas as leis de pequena repercussão podem entrar em vigor na data da sua publicação? Não! Trata-se de uma norma imperfeita, tendo em vista que não há imposição de sanção em caso de descumprimento. É o próprio legislador que diz se a lei é de pequena repercussão ou não, ele não criou sanções para quando fosse dito, na nova lei, que ela entraria em vigor no momento de sua publicação, apesar de não ser de pequena repercussão. Como esse assunto foi cobrado em concurso? (MPE/PE – FCC - 2022): A lei brasileira, em regra, terá efeito imediato e geral no território nacional, após 45 dias da sua publicação oficial. Além disso, Não há vedação para que lei brasileira, em seu texto, estabeleça sua vigência imediata. Correto! (PGE/RO – CESPE - 2022): Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a regra geral, quando aplicável, é que a lei brasileira, depois PUBLICAÇÃO LAPSO TEMPORAL (vacatio legis) VIGÊNCIA 1º Elaboração 2º Promulgação (pode ser dispensada) 3º Publicação . CS – CIVIL I 2023.1 24 de oficialmente publicada, inicia sua vigência em 30 dias em todo o país e em 3 meses nos Estados estrangeiros. Errado! (MPE/GO - MPE/GO - 2019) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada, contudo, nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. Correto! FIM DA VIGÊNCIA A revogação de uma lei por outra lei é a principal forma de retirada de vigência, nos termos do art. 2º da LINDB. Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Podemos classificar a revogação da seguinte forma: CLASSIFICAÇÃO Quanto à extensão ou amplitude Revogação total ou ab-rogação: CC/16 nos termos do art. 2.045 do CC/02. Revogação parcial ou derrogação: Código Comercial, conforme art. 2.045 do CC/02 Quanto ao modo Revogação expressa ou por via direta: prevista taxativamente na norma posterior. Ex.: Art. 2.045 do CC. Revogação tácita ou por via oblíqua: ocorre quando a lei nova trata da mesma matéria da lei anterior ou quando há incompatibilidade entre a lei posterior e a lei anterior (art. 2º, §1º, da LINDB). Ex.: Lei 4.591/1964 Como esse assunto foi cobrado em concurso? (MPE/GO - MPE/GO – 2019) Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue, sendo certo que a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Ademais, a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Resposta: Correto. . CS – CIVIL I 2023.1 25 INTERPRETAÇÃO DO ART. 2º, § 2º, DA LINDB Observe a redação do dispositivo: Art. 2º. (...) § 2o. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Deve ser interpretado da seguinte forma: “a lei com sentido complementar não revoga as disposições anteriores sobre o tema”. Cita-se, como exemplo, a Lei 11.804/2008 - trata sobre os alimentos gravídicos - não revogou nem alterou o Código
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