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BIOLOGIA_L3 RESUMAO

Biologia

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3
Biologia para Vestibular Medicina 
2ª edição • São Paulo • 2016
hexag
SISTEMA DE ENSINO
BIOLOGIA
CIÊNCIAS DA NATUREZA 
e suas tecnologias
Pamella Simões e Ricardo Rosa
hexag
SISTEMA DE ENSINO
© Hexag Editora, 2016
Direitos desta edição: Hexag Editora Ltda. São Paulo, 2016
Todos os direitos reservados.
Autores
Pâmella Simões Tavares de Oliveira
Ricardo Rosa
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial
Hexag Editora
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista
Editores
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Giulia Brolacci Pinheiro
Revisor
Delano Malta
Pesquisa iconográfica
Camila Dalafina Coelho
Programação visual
Hexag Editora
Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Bruno Alves Oliveira Cruz
Camila Dalafina Coelho
Eder Carlos Bastos de Lima
Raphael de Souza Motta
Capa
Hexag Editora
Fotos da capa (de cima para baixo)
http://www.fcm.unicamp.br
Acervo digital da USP (versão beta)
http://www.baia-turismo.com
Impressão e acabamento
Imagem Digital
ISBN: 978-85-68999-14-1
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o 
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição 
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre 
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra está sendo usado apenas para fins didáticos, não represen-
tando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2016
Todos os direitos reservados por Hexag Editora Ltda.
Rua da Consolação, 954 – Higienópolis – São Paulo – SP
CEP: 01302-000
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.brcontato@hexag.com.br
CARO ALUNO,
O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, 
são centenas de aprovações nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo e em todo Brasil.
Ao atualizar sua coleção de livros para 2016, o Hexag considerou o principal diferencial em relação aos 
concorrentes: a sua exclusiva metodologia fundamentada em três pontos – período integral, estudo orientado 
(E.O.) e salas reduzidas.
O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enriquecido, inclusive com questões 
recentes dos principais vestibulares 2016. 
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens e também na utilização de cores.
No total, são 80 livros, distribuídos da seguinte forma: 
 § 21 livros de Ciências da Natureza e suas tecnologias (Biologia, Física e Química);
 § 14 livros de Ciências Humanas e suas tecnologias (História e Geografia);
 § 07 livros de Linguagens, Códigos e suas tecnologias (Gramática, Literatura e Inglês);
 § 07 livros de Matemática e suas tecnologias;
 § 04 livros de Sociologia e Filosofia;
 § 04 livros “Entre Aspas” (Obras Literárias da Fuvest e Unicamp);
 § 02 livros “Entre Frases” (Estudo da Escrita – Redação);
 § 06 livros “Entre Textos” (Interpretação de Texto).
 § 03 livros "Between English and Portuguese" (Inglês).
 § 12 livros de Revisão (U.T.I. "Unidade Técnica de Imersão").
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de 
forma objetiva o que o aluno realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares e Enem, 
dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.
Os capítulos foram finalizados com cinco categorias de exercícios, trabalhadas nas sessões de Estudo Orien-
tado (E.O.), como segue:
 § E.O. Teste I: exercícios introdutórios de múltipla escolha, para iniciar o processo de fixação da matéria 
estudada em aula;
 § E.O. Teste II: exercícios de múltipla escolha, que apresentam grau médio de dificuldade, buscando a con-
solidação do aprendizado;
 § E.O. Teste III: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade;
 § E.O. Dissertativo: exercícios dissertativos nos moldes da segunda fase da Fuvest, Unifesp, Unicamp e 
outros importantes vestibulares;
 § E.O. Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, preparando 
o aluno para esse tipo de exame.
A edição 2016 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e 
completo, um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.
Herlan Fellini
Aulas 17 e 18: Biomas 6
Aulas 19 e 20: Biomas aquáticos 42
Aulas 21 e 22: Ciclos biogeoquímicos 58
Aulas 23 e 24: Problemas ambientais 78
ECOLOGIA
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Biomas
Aulas 17 e 18
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Introdução
Vamos organizar nosso raciocínio a partir de uma pe-
quena revisão sobre ecologia e os níveis de organiza-
ção por ela estudados, para apresentar o tema biomas 
e biociclos.
 § O conjunto de organismos da mesma espécie 
que interagem e habitam uma dada região 
durante um certo período de tempo constitui 
uma populaçâo.
 § O conjunto de populações de espécies diferentes 
que interagem e habitam uma dada área duran-
te um período de tempo forma uma comunida-
de biológica, biota ou biocenose.
 § Ao conjunto formado pela interação da biota 
com o meio físico no qual ela vive damos nome 
de ecossistema, que também é caracterizado 
por dois processos que nele ocorrem: fluxo de 
energia e ciclo de matéria. Portanto, um lago, um 
rio poluído, uma floresta, um campo, uma praia 
ou uma caverna são exemplos de ecossistemas.
 § Ao conjunto de vários ecossistemas interdepen-
dentes e que interagem damos o nome de bio-
ma. A Mata Atlântica, a Amazônia, o cerrado, a 
caatinga, o Pantanal são exemplos de biomas, 
visto que são constituídos por diversos tipos de 
ecossistemas associados.
 § O conjunto de vários biomas com características 
particulares denomina-se biocora. Por exemplo, 
a Mata Atlântica, a Amazônia e a taiga são for-
mações florestais inseridas no biocora das flo-
restas, apesar de suas dinâmicas, estruturas e 
composição de espécies serem diferentes.
 § O conjunto de biocoras com características par-
ticulares de um dado compartimento da Terra 
denomina-se biociclo. Por exemplo, os biocoras 
marinhos constituem o biociclo marinho ou 
talassociclo; os biocoras terrestres constituem 
o biociclo terrestre ou epinociclo; e os bio-
coras de água doce constituem o biociclo dul-
cícola ou liminociclo.
 § O conjunto de todos os biociclos chama-se bios 
fera, que também pode ser entendida como a 
camada ou superfície do Planeta, coberta ou não 
por água, que sustenta, mantém e contém vida.
O conceito de bioma
O conceito de bioma é fundamental para o 
entendimento da distribuição dos seres vivos no 
Planeta. Segundo dois importantes ecólogos, pode-
-se entender o bioma como “um conjunto de ecos-
sistemas terrestres com vegetação característica, 
fisionomia típica, com predomínio de certo tipo 
de clima e vinculado a dada faixas de latitude” 
(ODUM, 1996) ou ainda como “uma grande área 
do espaço geográfico, que tem por características a 
uniformidade de um macroclima definido, de uma 
determinada fitofisionomia ou formação vegetal, 
de uma fauna e outros organismos vivos associa-
dos, e de outras condições ambientais, como a alti-
tude, o solo, alagamentos, o fogo, a salinidade, en-
tre outros. Estas características todas lhe conferem 
uma estrutura e uma funcionalidade peculiares, 
uma ecologia própria” (COUTINHO, 2005).
ClIma terrestre e bIomas
Aquecimento e ventos
Todos os biomas terrestres ou os ambientes aquáticos 
são bem determinados. Mas como foram formados ao 
longo do tempo? Como os seres vivos evoluíram adap-
tando-se aos biomas?
Todos os organismos apresentam umaárea de 
distribuição e podemos encontrar seres vivos em todos 
os lugares da Terra, porém, sua distribuição está limitada 
por fatores, sejam eles bióticos ou abióticos. Encontra-
mos organismos nos picos gelados de montanhas, nas 
dunas dos desertos, nas profundezas das regiões abis-
sais oceânicas, em gêiseres, onde a água pode atingir 
temperaturas de 60 °C, nas regiões polares, enfim, em 
todos os ambientes. No entanto, são poucos os organis-
mos que apresentam ampla distribuição, os denomina-
dos cosmopolitas.
Por exemplo: o homem e o falcão-peregrino 
estão distribuídos em todos os continentes, em várias 
altitudes, latitudes, climas e habitats, mas, mesmo ocor-
rendo nessa gama de condições, essas espécies não 
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ocorrem em ambientes aquáticos, representados pelos 
3/4 do Planeta que estão cobertos por água.
Todos os táxons evoluíram e evoluem sendo afe-
tados pelas ocorrências de eventos geológicos únicos, 
que ocorreram no passado, que ocorrem atualmente ou 
que virão a ocorrer. Essa evolução determina a limitação 
a uma área de distribuição do táxon. Entretanto, os tá-
xons são tremendamente afetados pelas variáveis condi-
ções do ambiente físico. Por exemplo: táxons de ambien-
tes terrestres, cujo padrão de distribuição é determinado 
pelo clima e pelos diferentes tipos de solo; e os de am-
biente aquático, grandemente limitados pelas variações 
de temperatura, salinidade, luz e pressão atmosférica.
Não há dúvida de que os biomas são influencia-
dos diretamente pelo clima (condições de temperatura, 
umidade etc., nos variados pontos terrestres). Com cer-
teza, o calor determinado pelas radiações solares é o fa-
tor principal que caracteriza os diversos tipos de clima 
terrestre. Se analisarmos os aspectos que favoreceram a 
origem da vida, veremos que a energia solar foi o fator 
desencadeador das reações ocorridas e que mantém a 
vida na Terra, não apenas por dar melhores condições 
para a ocorrência desta, mas porque a energia captura-
da pelas plantas verdes é convertida em outros tipos de 
energia, que são utilizadas para o crescimento, manuten-
ção e reprodução de todos os seres vivos. O calor é trans-
ferido de um corpo com maior temperatura para aquele 
com temperatura menor através dos seguintes princípios:
 § Condução − transferência direta de molécula a 
molécula, sendo mais rápida na matéria sólida;
 § Convecção − movimento circular com o deslo-
camento das massas quentes (líquidas ou gaso-
sas), menos densas, para cima, gerando um local 
ocupado em baixo por massas frias, mais densas; 
 § Radiação − a passagem de ondas através do 
espaço ou matéria.
O Sol emite calor através de radiações que chegam 
à Terra e ao encontrar matéria, como água ou solo, são 
absorvidas e a matéria é aquecida. Mas esse aquecimen-
to não é uniforme, sendo diferenciado de acordo com a 
estrutura da matéria, por exemplo: rocha, solo e plantas, 
que absorvem maior quantidade de calor. Água também 
absorve radiação, mas o aquecimento não fica confinado 
apenas à camada superficial, como ocorre nos sólidos.
O ar absorve parte deste calor, principalmente 
onde é mais denso e, particularmente, se ele contém 
partículas suspensas de água ou poeira (nuvens). Em-
bora o ar seja aquecido pela radiação solar, o maior 
aquecimento ocorre na superfície da Terra. Mas por que 
quanto maiores as latitudes, menor é o calor, isto é, à 
medida que nos dirigimos para os polos, as temperatu-
ras diminuem? A Terra tem um formato elipsoidal com 
um achatamento nos polos. A atmosfera é contínua à 
superfície terrestre e a radiação solar atinge a superfície 
terrestre atravessando a atmosfera, sempre fazendo um 
ângulo perpendicular ao eixo longitudinal da Terra.
Observe que a distância percorrida em 1 é maior 
do que em 2, portanto, o aquecimento em 2 será mais 
rápido e maior. O calor também sofre condução no pon-
to 2, isto é, em ambos os sentidos será maior do que em 
1, pelo fato de que em 2 os raios atingem a superfície 
mais perpendicularmente do que em 1. O ângulo de 
entrada da radiação solar na superfície da Terra afeta 
a quantidade de calor absorvido. O aquecimento mais 
intenso ocorre quando a superfície está perpendicular 
à radiação solar incidente, por duas principais razões:
1. Em uma menor área ocorre uma maior quantida-
de de energia incidente.
2. A radiação solar perde menos calor ao atraves-
sar a atmosfera.
Outro fator que devemos levar em consideração 
é o ângulo de posição da Terra em relação ao Sol e o 
movimento de translação da Terra. A Terra está posicio-
nada, isto é, inclinada, formando um ângulo de 23,5° 
com o eixo perpendicular à sua órbita e, por causa do 
seu movimento de translação, isso determina onde ha-
verá mais ou menos calor em relação à linha do Equa-
dor. Esse aquecimento diferencial da superfície da Terra, 
em diferentes ângulos, explica por que a temperatura 
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média nos trópicos é maior do que nos polos e por que, 
usualmente, é mais quente ao meio-dia do que ao ama-
nhecer ou ao entardecer.
Como a inclinação do eixo polar é fixa, durante 
o movimento de translação ora um hemisfério ora outro 
recebe mais energia solar, resultando nos ciclos de esta-
ções climáticas. Quando a radiação incide perpendicular 
à linha do Equador, isto é, 0° e forma um ângulo de 
90° com a refração, temos o equinócio (20 ou 21 de 
março e 22 ou 23 de setembro − início da primavera e 
do outono). Quando a incidência ocorre nas linhas dos 
Trópicos de Câncer ou Capricórnio, temos, respectiva-
mente, o solstício Norte e Sul (21 ou 22 de junho e 21 
ou 22 de dezembro − início do verão ou do inverno).
Devido ao movimento de translação e ao eixo de 
rotação da Terra, o Sol incide na faixa do dia mais ao sul 
no hemisfério Norte e ao norte no hemisfério Sul. Por isso, 
podemos dizer que uma árvore localizada ao sul da linha 
do Equador receberá mais luz na sua face norte do que na 
sua face sul. O inverso ocorre no hemisfério Norte.
As estações climáticas são também caracteriza-
das pelas diferentes durações de dias e noites. Apenas 
no Equador existe um fotoperíodo de 12 horas nas 24 
horas do dia. Nos equinócios do outono e da primavera, 
os raios de sol atingem perpendicularmente o Equador, 
as latitudes equatoriais são aquecidas mais intensamen-
te e, em cada lugar da Terra, a duração do dia é a mesma.
No solstício de verão (22 de dezembro), a maior 
quantidade de radiação solar cai diretamente no Trópico 
de Capricórnio (23,5° de latitude Sul) e o hemisfério Sul 
é aquecido mais intensamente com dias mais longos, 
maiores fotoperíodos, enquanto no hemisfério Norte 
será inverno. Por outro lado, quando o Sol está perpen-
dicular ao Trópico de Câncer (23,5° de latitude Norte) 
será verão (22 de junho − solstício Norte), enquanto o 
hemisfério Sul está no inverno, com temperaturas mais 
baixas e noites mais longas.
A sazonalidade do clima aumenta com o aumen-
to de latitude. Nos círculos árticos e antárticos (66,5° de 
latitude), existe um dia em cada ano, com contínua luz 
solar (o Sol nunca se põe) durante o verão e um dia de 
contínua escuridão (inverno), marcados pelos respecti-
vos solstícios.
 § Equinócio − ponto da órbita da Terra em que 
se registra uma igual duração do dia e da noite 
(hemisfério Sul = 20 ou 21 de março, equinócio 
do outono e 22 ou 23 de setembro, equinócio 
da primavera).
 § Solstício − época em que o Sol passa pela sua 
maior inclinação boreal ou austral (hemisfério 
Sul = 21 ou 22 de junho na maior inclinação bo-
real e nos dias 21 ou 22 de dezembro na maior 
inclinação austral).
O processo acima descrito mostra as variações 
de temperatura sazonais e latitudinais, mas deixa de ex-
plicar por que o ar fica mais frio quando vamos a gran-
des altitudes. O monte Kilimanjaro, na África Tropical, 
por exemplo, tem seu pico eternamente coberto com 
neve e gelo. Por que os picos das montanhas são mais 
frios do que as regiões maisbaixas? Eles não estão mais 
próximos do Sol?
A resposta está nas propriedades termais do ar. 
Densidade e pressão do ar diminuem com o aumento 
da altitude. Quando o ar na superfície do nível do mar 
é forçado para as altas elevações, ocorre uma expansão 
em resposta à menor pressão atmosférica. Nessa ex-
pansão o ar se torna mais frio (chama-se esse processo 
de esfriamento adiabático). A média de esfriamento do 
ar seco é de cerca de 10 °C para cada mil metros de 
elevação e, na presença de vapor-d’água, a média de 
esfriamento é de 6 ºC.
Esse aquecimento diferencial da superfície da 
Terra causa também os ventos que contêm calor e umi-
dade e determina as áreas de precipitações. Como já 
vimos anteriormente, o maior aquecimento ocorre no 
Equador, especialmente no equinócio, quando o Sol 
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está perpendicular à superfície. O ar tropical é aquecido, 
se expande, torna-se mais leve do que o ar dos arredo-
res e se eleva. Essa elevação produz uma área de menor 
pressão atmosférica sobre o Equador. Ar mais denso ao 
sul e norte do Equador flui para essa região de baixa 
pressão, resultando ventos soprando para a região do 
Equador. Enquanto isso, o ar equatorial que foi aque-
cido e se elevou fica mais frio adiabaticamente, sendo 
puxado de volta à superfície, cerca de 30° latitude Nor-
te e Sul. Essa circulação vertical da atmosfera resulta de 
três áreas na superfície terrestre, com o ar ascendendo 
no Equador e cerca de 60° de latitude Norte e Sul e 
descendo a 30° e nos polos. Essas massas de circulação 
de ar produzem ventos de superfície que sopram para o 
Equador entre 30° e 0° e para os polos entre 30° e 60°.
Porém, essas células de ventos, influenciadas 
pelo aquecimento solar, deslocam-se no sentido da 
direita, em razão da rotação da Terra. Vamos entender 
melhor o processo:
a) o sentido de rotação é de oeste para leste, senti-
do anti-horário, portanto, as massas de ar e água 
irão circular para a direita, na superfície da Terra; 
b) ao descer nas latitudes 30°, o ar sopra em dire-
ção ao Equador (alísios), sentido horário no he-
misfério Norte e anti-horário no hemisfério Sul, 
provocando precipitações nas zonas tropicais e 
equatoriais;
c) na latitude 30°, onde ocorre a descida de ar frio, 
proveniente das latitudes 0° e 60°, adiabatica-
mente, retiram a umidade levando pela superfí-
cie para 0 e para 60, ventos alísios e oeste, res-
pectivamente;
d) nas latitudes 20°, devido à descida de ar frio, re-
tirando a umidade, provoca a aridez nas regiões 
aí localizadas (deserto do Atacama, deserto da 
Patagônia, deserto de Sonora, deserto de Kalaa-
ri, Sahara, deserto do Oriente Médio, deserto do 
Centro-oeste da Austrália);
e) a movimentação de água (oceano) comporta-
-se da mesma forma, provocando a chegada de 
águas quentes na costa leste dos continentes e 
águas frias na costa oeste.
Os ventos também influenciam as grandes cor-
rentes marinhas, no sentido anti-horário no hemisfério 
Sul e no sentido horário no hemisfério Norte. Nos lito-
rais oeste dos continentes (leste dos oceanos), ocorre 
uma ressurgência de grande escala.
Ressurgência
Ressurgência é processo pelo qual a água fria de pro-
fundidade sobe à superfície, trazendo muitos organis-
mos, como o fitoplâncton, e a água quente superficial é 
arrastada pelo vento.
O transporte vertical é provocado:
a) pelo impacto de massas de água de densidades 
diferentes;
b) regiões onde uma corrente oceânica submarina 
encontra um obstáculo (talude continental ou 
elevação submarina) que a força a subir;
c) como função entre a direção do vento e a oro-
grafia do fundo. As áreas de ressurgência são 
férteis, pois as águas de profundidades contêm 
vários nutrientes, e as populações de plâncton, 
nécton e bentos são sempre numerosas.
O padrão global de clima teve poucas mudan-
ças ao longo da existência da Terra, logo, podemos 
determinar a existência de biomas extintos devido à 
tectônica de placas. A importância do paleoclima é 
determinar locais apropriados para populações de 
grupos ancestrais. A atual distribuição de escorpiões 
ocorre nas regiões subtropicais e tropicais. Como con-
sequência, podemos determinar que a origem desse 
grupo também foi em áreas que ocupavam as latitudes 
de 30° a 0°.
Outro aspecto que devemos ter em mente para 
entendermos a distribuição dos organismos é o tipo de 
solo. A razão é que o tipo de solo determina juntamente 
com o clima o tipo de vegetação predominante, como 
consequência o tipo de animais que utilizavam tais áreas.
11
Solos
Exceto para as regiões polares e os permanentes picos gelados das montanhas mais altas, quase todos os ambien-
tes terrestres podem conter vida. Áreas rochosas ou outros substratos estéreis, recentemente criados pela ação 
vulcânica ou outros eventos geológicos, são gradualmente transformados em regiões que suportam comunidades 
ecológicas vivas pelo processo de sucessão primária. Esse processo envolve a formação do solo, a reunião de fato-
res com desenvolvimento da vegetação, micróbios, plantas e animais. O tipo de vegetação depende primariamente 
de três fatores: clima, tipo de solo e o estágio de desenvolvimento da vegetação e do solo.
O solo é formado pelo desgaste de rochas em consequência da ação erosiva mais a adição de material 
orgânico em decomposição. O processo pelo qual um novo solo é formado a partir de rochas nuas é usualmente 
longo e complicado. Envolve a quebra do material inicial, colonização por plantas simples e formas microbiais e 
uma gradual construção e mistura de materiais inorgânicos com a matéria orgânica em decomposição.
Um exemplo clássico: em 1883, uma pequena ilha tropical, a ilha de Cracatoa, na Indonésia, teve uma tremenda 
erupção vulcânica que matou toda a biota insular, deixando apenas rochas e cinzas. Organismos rapidamente recoloniza-
ram a ilha a partir de grandes ilhas próximas (Java e Sumatra) e, em 1934, apenas 50 anos depois da erupção, 35 cm de 
solo tinha sido formado com uma luxuriante vegetação de floresta tropical úmida com cerca de 300 espécies de plantas.
Tipos de solos
O conhecimento dos solos vem tendo bastante desenvolvimento, mas o seu conhecimento, grandemente por causa 
da classificação e sua distribuição muito complexa, é ainda controverso. Entretanto, os quatro maiores processos, 
ou regimes pedogênicos, produziram quatro tipos primários: são aqueles de áreas florestadas frias (solos podzó-
licos), floresta tropical úmida (solos lateríticos), região com arbustos e vegetação herbácea (calcários) e a 
região polar (gleização). É importante notar que a correlação entre os tipos de solo e o padrão global de clima 
determinam os biomas terrestres.
bIoCIClo terrestre ou epInoCIClo
Considerando-se a energia radiante e umidade, podemos dividir a biosfera em diversos biomas terrestres, cujas localizações podem ser identificadas.
12
O biociclo terrestre é constituído por diferentes biomas que sofrem influência de fatores abióticos. Isso significa 
que conjuntos de fatores abióticos específicos determinam biomas diferentes. Entre os componentes abióticos mais 
importantes estão a energia radiante recebida na Terra e o vapor-d’água . Os oceanos correspondem às fontes de 
vapor-d’água para o meio terrestre. O vapor é trazido para a Terra pelo movimento do ar. A água mais aquecida 
evapora-se mais facilmente do que a água fria. Dessa forma, quando o ar passa sobre águas oceânicas aquecidas, 
absorve muito vapor-d’água. Quando o ar esfria ao passar para uma área mais fria, o vapor-d’água condensa-se, 
precipitando-se sob a forma de chuva, ou solidifica-se, caindo sob a forma de neve. Um exemplo disso são as pe-
netrações da massa equatorial continental do verão, pelo sul do Brasil, provocando fortes chuvas. Nas regiões de 
baixa pressão, como ocorre no Equador, chove mais do que nas regiões de alta pressão (polos).
bIomas
Tundra
A tundra localiza-se no Círculo Polar Ártico e não ocorre no Círculo PolarAntártico (polo Sul). Compreende o norte 
do Alasca e do Canadá, Groenlândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria. Recebe pouca energia solar e pouca 
precipitação, que ocorre geralmente sob a forma de neve, e o solo permanece a maior parte do ano congelado. 
Durante a curta estação quente (dois meses), ocorre o degelo da parte superior, rica em matéria orgânica, permi-
tindo o crescimento de organismos autótrofos, como algumas espécies de gramíneas, de briófitas e de liquens, que 
cobrem extensas áreas. O subsolo fica permanentemente congelado − permafrost. A tundra caracteriza-se por 
apresentar poucas espécies capazes de suportar essas condições desfavoráveis. Existem raras espécies lenhosas, 
como os salgueiros, mas são excessivamente baixas e crescem paralelas ao solo. As plantas completam o ciclo de 
vida num espaço de tempo muito curto: germinam as sementes, crescem, produzem grandes flores (comparadas 
com o tamanho das plantas), são polinizadas, fecundadas e frutificam, dispersando rapidamente as suas sementes. 
 Briófitas Liquens
13
No verão, surgem aves marinhas, roedores, lobos, raposas, doninhas, renas, caribus, além de enxames de 
moscas e mosquitos. Veja, a seguir, uma amostra da biodiversidade encontrada ao longo do ano, na tundra.
Taiga
A taiga é também chamada floresta de coníferas ou flo-
resta boreal. Localiza-se no norte do Alasca, Canadá, sul 
da Groenlândia, parte da Noruega, Suécia, Finlândia e 
Sibéria. Não tem correspondente no hemisfério Sul. Par-
tindo-se da tundra, à medida que se desloca para o sul, 
a estação favorável torna-se mais longa e o clima mais 
ameno. Em consequência disso, a vegetação é mais rica, 
surgindo a taiga. Os abetos e os pinheiros formam uma 
densa cobertura, impedindo o solo de receber luz inten-
sa. A vegetação rasteira é pouco representativa. O perío-
do de crescimento dura três meses e as chuvas são pou-
cas. Os animais são representados por aves, alces, lobos, 
martas, linces, ursos, roedores etc. Enquanto a vegeta-
ção principal da tundra é composta por líquens, musgos 
e gramíneas rasteiras, a taiga é formada por gimnosper-
mas da classe conífera (pinheiros e abetos).
 
Gimnospermas – coníferas (pinheiros)
Folhas aciculifoliadas – estróbilos (pinhas/cones)
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Floresta caducifólia ou floresta decídua temperada
Predomina no hemisfério Norte, leste dos Estados Unidos, oeste da Europa, leste da Ásia, Coreia, Japão e partes da 
China. A quantidade de energia radiante é maior e a pluviosidade atinge de 750 a 1 000 mm, distribuída durante 
todo o ano. As estações do ano são nítidas. Nesse bioma, a maioria dos arbustos e árvores perde as suas folhas no 
outono e os animais migram, hibernam ou apresentam adaptações especiais para suportar o frio intenso. As plan-
tas são representadas por árvores dicotiledôneas, como nogueiras, carvalhos e faias. Os animais são representados 
por esquilos, veados, muitos insetos, aves insetívoras, ursos, lobos etc.
Outono−inverno: amarelecimento e queda foliar → caducifolia
Floresta tropical ou floresta pluvial ou floresta latifoliada
A floresta tropical situa-se na região intertropical. A maior área está na Amazônia, a segunda, nas Índias Orientais 
e a menor, na bacia do Congo (África). O suprimento de energia é abundante e as chuvas são regulares e fartas, 
podendo ultrapassar 3 000 mm anuais. A principal característica da floresta tropical é a sua estratificação (separa-
ção de formação natural ou artificial em estratos ou camadas). A parte superior é formada por árvores que atingem 
40 metros de altura, formando um dossel espesso de ramos e folhas. No topo, a temperatura é alta e a umidade é 
bastante baixa. Debaixo dessa cobertura, há outro estrato de árvores que variam de 5 a 20 metros de altura.
15
Esse estrato médio é quente, mais escuro e mais 
úmido, apresentando pequena vegetação. O estrato 
médio caracteriza-se pela presença de cipós e epífitas. 
A diversificação de espécies vegetais e animais é muito 
grande.
Os biomas, assim como os climas corresponden-
tes, não podem ser delimitados com exatidão porque as 
variações são graduais. Assim, da tundra para a tai-
ga, por exemplo, há uma vegetação arbustiva. Na pas-
sagem do campo para o deserto ou das savanas para 
a floresta também aparece sempre uma vegetação de 
transição.
A floresta tropical, também chamada pluvial, 
caracteriza-se pela grande biodiversidade, tanto vege-
tal quanto animal. Nessa floresta, além da vegetação 
arbórea, há um grande número de cipós e trepadeiras 
(lianas), além de muitas epífitas. Na floresta temperada, 
as epífitas são representadas por musgos e liquens, mas 
nos trópicos correspondem às samambaias, orquídeas, 
bromélias etc. Lembre-se de que epífita é a planta que 
vive apoiada no tronco e galhos das árvores. Nessa 
condição, são beneficiadas por maior luminosidade. A 
seguir, um galho coberto por epífitas.
Ramo de uma árvore da floresta tropical rico em plantas epífitas.
Savanas
Savanas são definidas como ecossistemas compostos por 
estrato herbáceo, muitas vezes contínuo ou compartilha-
do com estratos arbustivos e arbóreos, que variam na 
intensidade de cobertura vegetal. Normalmente, as sa-
vanas ocorrem por influência edáfica (resulta de fatores 
inerentes do solo) ou pela ação do fogo e, muitas vezes, 
de origem antrópica. Além desses fatores, o clima pode 
ser determinante para o estabelecimento e definição de 
fisionomias savânicas. Na África, podem ser encontradas 
savanas em região mais seca no norte do continente, onde 
o predomínio de indivíduos arbustivo-arbóreos é menor. 
Os solos são altamente lixiviados e arenosos. Em geral, 
possuem baixa capacidade de troca catiônica, são pobres 
em fósforo e nitrogênio e ricos em alumínio e ferro. O cli-
ma das regiões savânicas tropicais apresenta variações 
sazonais com altas e baixas temperaturas, com duas es-
tações definidas, uma chuvosa e outra seca. A compo-
sição florística das savanas tropicais é muito variável entre 
as regiões de ocorrência. A vegetação lenhosa é composta 
por espécies e gêneros característicos nos diferentes con-
tinentes. Todavia, o componente herbáceo de todas as 
savanas tropicais tem o predomínio de apenas duas fa-
mílias. Sendo, portanto, menos biodiverso. Os continentes 
americano, africano, asiático e a Oceania, especialmente 
a Austrália, abrigam savanas tropicais, em uma área com 
cerca de 23 milhões de km2. Na África, as savanas ocupam 
extensas regiões em um cinturão quase contínuo, com-
posto por um mosaico savânico, onde varia o predomí-
nio de gramíneas, arbustos e árvores devido a diferenças 
climáticas e edáficas. Podem ser identificados campos 
abertos xerofíticos (vegetação de regiões áridas) e uma 
savana florestada, denominada localmente de miombo. 
As savanas asiáticas, onde predominam campos abertos, 
ricos em vegetação herbácea, recebem a denominação de 
patanas. Contudo, savanas verdadeiras são raras na Ásia, 
sendo, em sua maioria, de origem antrópica. Nas ilhas 
da Oceania, as savanas também podem ser encontradas, 
além da Austrália, onde estão sob influência de tempera-
turas menores e maior quantidade de chuvas. Todas elas, 
contudo, permanecem sob influência de um gradiente de 
precipitação. As savanas neotropicais, além de serem ob-
servadas na América Central e Cuba, estendem-se tam-
bém em duas grandes áreas na América do Sul. Ao sul 
do Equador são encontrados, além do cerrado, no Brasil, 
os llanos de mochos, na Bolívia, aos pés da cordilheira 
dos Andes, ocupando uma extensa área periodicamente 
inundada, caracterizada por uma vegetação que varia de 
campos graminosos a florestas perenifólias. Em regiões 
tropicais e subtropicais, as savanas são próprias de climas 
que apresentam precipitações pluviométricas regulares 
entre 750 e 1 500 mm. No Brasil, quando a precipitação 
torna-se irregular e inferior àquele limite, a formação ve-
getal que passa a ocorrer é a caatinga, também denomi-
nada savana-estépica,vegetação exclusiva do semiárido 
brasileiro. No entanto, a caatinga não é considerada 
uma formação vegetacional savânica.
16
 
 Savana neotropical − cerrado Savana tropical africana
 
Fauna da savana africana.
Campos
É um bioma que se caracteriza por apresentar um único estrato de vegetação. O número de espécies é muito gran-
de, no entanto, verifica-se um pequeno número de indivíduos de cada espécie. A localização dos campos é muito 
variada: centro-oeste dos Estados Unidos, centro-leste da Eurásia, parte da América do Sul (Brasil e Argentina) e 
Austrália. Durante o dia, a temperatura é alta, porém, à noite, é baixa. Há muita luz e vento e pouca umidade. 
Predominam as gramíneas. Os animais, dependendo da região, podem ser: antílopes-americanos e bisões, roedores, 
muitos insetos, gaviões, corujas etc.
 
17
Desertos
Os desertos apresentam localização muito variada e se caracterizam por uma vegetação muito esparsa. O solo é 
extremamente seco, podendo ser arenoso ou pedregoso. O clima árido, a pluviosidade baixa e irregular, permane-
cendo abaixo de 250 mm anuais. Durante o dia, a temperatura é alta, mas, à noite, ocorre perda rápida de calor, que 
se irradia para a atmosfera, e a temperatura torna-se excessivamente baixa. As plantas que se adaptam ao deserto 
geralmente apresentam um ciclo de vida curto. Durante o período favorável (chuvoso), observa-se uma vegetação 
sazonal, que cresce, floresce, frutifica, dispersa sementes e morre. As plantas perenes (com ciclo de vida longo), como 
os cactos, são chamadas de xerófitas, ou seja, possuem conjunto de adaptações para sobreviverem nessas condições 
adversas de solo e clima. Apresentam sistemas radiculares superficiais que cobrem grandes áreas. Essas raízes estão 
adaptadas para absorver as águas das chuvas passageiras. O armazenamento de água é muito grande (parênquimas 
aquíferos). As folhas são transformadas em espinhos (economia de água) e o caule passa a realizar fotossíntese.
 
Os consumidores são predominantemente roedores, obtendo água do próprio alimento que ingerem ou do 
orvalho. No hemisfério Norte, é muito comum encontrar, nos desertos, arbustos distribuídos uniformemente, como 
se tivessem sido plantados em espaços regulares. Esse fato se explica como um caso de amensalismo, isto é, os 
vegetais produzem substâncias que eliminam outros indivíduos que crescem ao seu redor.
O cactus Cereus é uma típica xerófita, com longas raízes e um caule tipo cladódio, verde para realizar a fotossíntese em lugar das folhas que são modi-
ficadas em espinhos, para reduzir a transpiração e o acúmulo de reservas, tanto água quanto alimentos nos parênquimas de reserva.
18
os bIomas brasIleIros
Os biomas são conjuntos de ecossistemas que interagem formando uma unidade paisagística coerente. Cada bio-
ma terrestre caracteriza-se pelo tipo vegetal ou estrato dominante: árvores (arbóreo), ervas (herbáceo), arbustos 
(arbustivo), formações mistas etc. Enfim, o bioma é um grupamento de fisionomia homogênea e independente 
da composição florística. Entende-se por uma área geográfica bastante grande e sua existência é controlada pelo 
macroclima.
Floresta Amazônica
O ecossistema é frágil. A floresta vive do seu próprio material orgânico. O ambiente é úmido e as chuvas são 
abundantes. A menor imprudência pode causar danos irreversíveis ao seu equilíbrio delicado. A taxa anual de 
desmatamento na Amazônia cresceu 34% depois da Rio-92. Na Amazônia, vivem e se reproduzem mais de um 
terço das espécies existentes no Planeta. Ela é um gigante tropical de 5,5 milhões de km2, dos quais 60% estão 
em território brasileiro.
O restante se reparte entre as duas Guianas, Suriname, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Além 
de 2 500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical do mundo), a Amazônia também abriga muita água. O 
rio Amazonas − a maior bacia hidrográfica do mundo, que cobre uma extensão aproximada de 6 milhões de 
km2 − corta a região para desaguar no oceano Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões 
19
de litros de água. Esse número corresponde a 20% da 
vazão conjunta de todos os rios da Terra. Nessas águas 
se encontra o maior peixe de água doce do mundo: o 
pirarucu, que atinge até 2,5 metros de comprimento. 
Todos os números que envolvem indicadores 
desse bioma são enormes. Uma boa ideia da exuberân-
cia da floresta está na fauna local. Das cem mil espécies 
de plantas que ocorrem em toda a América Latina, 30 
mil estão na Amazônia.
A diversidade em espécies vegetais se repe-
te na fauna da região. Os insetos, por exemplo, estão 
presentes em todos os extratos da floresta. Os animais 
rastejadores, os anfíbios e aqueles com capacidade para 
subir em locais íngremes, como o esquilo, exploram os 
níveis baixos e médios. Os locais mais altos são explo-
rados por beija-flores, araras, papagaios e periquitos, à 
procura de frutas, brotos e castanhas. Os tucanos, voa-
dores de curta distância, exploram as árvores altas. O 
nível intermediário é habitado por jacus, gaviões, coru-
jas e centenas de pequenas aves. No extrato terrestre, 
estão os jabutis, cutias, pacas, antas etc. Os mamífe-
ros aproveitam a produtividade sazonal dos alimentos, 
como os frutos caídos das árvores. Esses animais, por 
sua vez, servem de alimentos para grandes felinos e co-
bras de grande porte.
Mais de 12% da área original da floresta Ama-
zônica já foram destruídos devido a políticas governa-
mentais inadequadas, modelos inapropriados de ocupa-
ção do solo à pressão econômica, que levou à ocupação 
desorganizada e ao uso não sustentável dos recursos 
naturais. Muitos imigrantes foram estimulados a se ins-
talar na região, levando com eles métodos agrícolas im-
próprios para a Amazônia.
Uma das medidas tomadas pelo governo para 
proteção da floresta foi a moratória de dois anos, a 
partir de 1996, para concessão de novas autorizações 
para a exploração de mogno e virola. Como o desma-
tamento de florestas tropicais representa uma ameaça 
constante à integridade de centenas de culturas indíge-
nas, tais medidas são de significativa importância. 
No caso da virola, projetos que produzem sua 
conservação ou manejo adequado são fundamentais. A 
espécie, que chegou a ocupar o segundo lugar em valor 
na pauta de exportações de madeiras brasileiras, prati-
camente não é mais explorada comercialmente devido 
ao esgotamento das florestas nativas do gênero.
Já o mogno, biologicamente adaptado às per-
turbações naturais, não se regenera bem quando está 
sujeito a práticas de corte seletivo, ou seja, quando so-
mente uma (mogno) ou poucas espécies são cortadas. 
O seu plantio tem sido extremamente difícil devido à 
suscetibilidade a pestes naturais. Infelizmente, na última 
reunião da Cites (Convenção sobre o Comércio Interna-
cional de Espécies Ameaçadas), realizada em junho de 
1997, o mogno não foi incluído no Apêndice II. A Cites 
regulamenta o comércio de espécies com valor comer-
cial sob risco de extinção. O Apêndice II estabelece que 
o comércio internacional dessas espécies só pode ser 
realizado com a permissão de exportação dada por uma 
autoridade científica local − atestando a sustentabili-
dade da exploração − e também por uma autoridade 
administrativa.
Mata Atlântica
A Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais 
ameaçadas do mundo. Cobria 1 milhão de km2, ou 
12% do território nacional, estendendo-se do Rio Gran-
de do Norte ao Rio Grande do Sul. Hoje, está reduzida a 
apenas 7% de sua área original. Apesar da devastação 
sofrida, a riqueza das espécies animais e vegetais que 
ainda se abrigam na Mata Atlântica é espantosa.
Em alguns trechos remanescentes de floresta, os 
níveis de biodiversidade são considerados os maio-
res do Planeta. Em contraste com essa exuberância, as 
estatísticas indicam que mais de 70% da população 
brasileira vive na região da Mata Atlântica. Além 
de abrigar a maioria das cidadese regiões metropoli-
tanas do País, a área original da floresta sedia também 
os grandes polos industriais, petroleiros e portuários do 
Brasil, respondendo por nada menos de 80% do PIB 
nacional.
20
A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios 
Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha 
e São Francisco. Espécies imponentes de árvores são 
encontradas na região, como a jequitibá-rosa, de 40 
metros de altura e 4 metros de diâmetro. Também des-
tacam-se nesse cenário várias outras espécies: o pinhei-
ro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o 
pau-brasil, entre muitas outras. Na diversidade da Mata 
Atlântica, são encontradas matas de altitude, como as 
da serra do Mar (1 100 metros) e Itatiaia (1 600 metros), 
onde a neblina é constante. Paralelamente à riqueza ve-
getal, a fauna é a que mais impressiona na região. A 
maior parte das espécies de animais brasileiros amea-
çados de extinção é originária da Mata Atlântica, como 
os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra 
e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista, também vivem 
na área gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, 
cotias, quatis etc. Reduzida a apenas 7% de sua área 
original, a Mata Atlântica continua sendo devastada.
Percebe-se que a mata é estratificada: A) estrato superior: com árvores 
que podem alcançar até 30 metros de altura; B) estrato intermediário: com 
árvores e palmeiras que atingem até 20 metros; C) estrato inferior: com 
pequenas árvores, arbustos e samambaias que chegam até 5 metros; e D) 
estrato herbáceo: com grande quantidade de plântulas em crescimento.
Durante 500 anos, a Mata Atlântica propiciou lu-
cro fácil ao homem. Madeiras, orquídeas, corantes, pa-
pagaios, ouro, produtos agrícolas e muito mais serviram 
ao enriquecimento de muita gente, além das próprias 
queimadas, que deram lugar a uma agricultura impru-
dente e insustentável. 
Por muitos anos, nenhuma restrição foi imposta 
a essa fome por dinheiro. A Mata Atlântica é o ecossis-
tema brasileiro que mais sofreu os impactos ambientais 
dos ciclos econômicos da história do País.
Primeiro, ainda no século XVI, houve a extra-
ção predatória do pau-brasil, utilizado para tintura 
e construção. A segunda grande investida foi o ciclo 
da cana-de-açúcar. Constatada a fertilidade do solo, 
extensos trechos de Mata Atlântica foram derrubados 
para dar lugar aos canaviais. No século XVIII, foram as 
jazidas de ouro que atraíram para o interior um gran-
de número de portugueses. A imigração levou a novos 
desmatamentos, que se estenderam até os limites 
com o cerrado, para a implantação de agricultura e 
pecuária. 
No século seguinte, foi a vez do café, provocan-
do a marcha ao sul do Brasil e, então, chegou a vez 
da extração da madeira. No Espírito Santo, as ma-
tas passaram a ser derrubadas para o fornecimento de 
matéria-prima para a indústria de papel e celulose. 
Em São Paulo, a implantação do Polo Petroquímico 
de Cubatão tornou-se conhecida internacionalmen-
te como exemplo de poluição urbana. Esse processo 
desorientado de desenvolvimento ameaça inúmeras 
espécies, algumas quase extintas, como o mico-leão-
-dourado, a onça-pintada e a jaguatirica.
As imagens de satélite foram cruzadas com os 
limites municipais, rede hidrográfica e mapa das uni-
dades de conservação. O detalhamento revelou que a 
floresta mais próxima da extinção é a umbrófila mista, 
enquanto que a mais protegida em parques e estações 
é a umbrófila densa, a floresta das encostas litorâneas. 
Foram classificados ainda os desmates na mata estacio-
nal semidecidual, estacional decidual e umbrófila aber-
ta. A regeneração só foi computada em estágio avan-
çado, ou seja, mata secundária com árvores adultas e 
dossel fechado.
21
Cerrado
Os viajantes que desbravaram o interior do Brasil, há 
décadas, atravessaram extensas áreas cobertas por um 
tapete de gramíneas com arbustos e pequenas árvores 
retorcidas. A primeira impressão era de uma vegetação 
seca, marcada por queimadas. Mas, de perto, o cerrado 
apresentava toda a sua beleza de flores exóticas e plan-
tas medicinais desconhecidas da medicina tradicional, 
como arnica, catuaba, jurubeba, sucupira e angi-
co. Somava-se a isso uma grande variedade de animais. 
O equilíbrio desse sistema, cuja biodiversidade pode ser 
comparada à amazônica, é de fundamental importância 
para a estabilidade dos demais ecossistemas brasileiros.
A extensa região do Brasil central compõe-se de 
um mosaico de tipos de vegetação, solo, clima e topo-
grafia bastante heterogêneos. O cerrado é a segunda 
maior formação vegetal brasileira, superado apenas 
pela floresta Amazônica. São 2 milhões de km2 espalha-
dos por dez Estados. O cerrado é uma “savana” tropi-
cal, na qual a vegetação herbácea coexiste com mais de 
420 espécies de árvores e arbustos esparsos.
O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fer-
tilidade, tem altos níveis de ferro e alumínio. Todavia, o 
cerrado tem a seu favor o fato de ser cortado por três 
das maiores bacias hidrográficas da América do 
Sul (Tocantins, São Francisco e Prata), favorecendo 
a manutenção de uma biodiversidade surpreendente. 
Estima-se que a flora da região possua dez mil 
espécies de plantas diferentes (muitas delas usadas na 
produção de cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do 
uso medicinal e alimentício). Isso sem contar as 400 es-
pécies de aves, 67 gêneros de mamíferos e 30 tipos de 
morcegos catalogados na área. O número de insetos é 
surpreendente: apenas na área do Distrito Federal, há 
90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 
tipos diferentes de abelhas e vespas.
Depois da Mata Atlântica, o cerrado é o ecos-
sistema brasileiro que mais alterações sofreu com a 
ocupação humana. Um dos impactos ambientais mais 
graves na região foi causado pelos garimpos, que 
contaminaram os rios com mercúrio e provocaram o 
assoreamento (acúmulo de detritos e outros materiais 
nos leitos de rios e lagoas) dos cursos de água. A erosão 
causada pela atividade mineradora tem sido tão intensa 
que, em alguns casos, chegou até mesmo a impossibili-
tar a própria extração do ouro rio abaixo. 
Nos últimos anos, contudo, a expansão da 
agricultura e da pecuária representa o maior fator 
de risco para o cerrado. A partir de 1950, tratores come-
çaram a ocupar sem restrições os habitats dos animais. 
O uso de técnicas de aproveitamento intensivo dos so-
los tem provocado, desde então, o esgotamento de seus 
recursos. A utilização indiscriminada de agrotóxicos e 
fertilizantes tem contaminado também os solos e as 
águas. A expansão agropecuária foi o fator fundamen-
tal para a ocupação do cerrado em larga escala.
A fauna encontrada na região também recebe 
pouca atenção no que concerne a sua conservação e 
proteção. O resultado é que o cerrado está acabando: 
metade da sua área já foi desmatada, e se esse ritmo 
continuar até o ano 2000, o desmatamento vai chegar 
a 70%. Essa situação está causando a fragmentação de 
áreas e comprometendo seriamente os processos man-
tenedores da biodiversidade do cerrado.
Caatinga
O cenário árido é uma descrição da caatinga – na lín-
gua indígena que dizer “mata branca” –, que durante o 
prolongado período de seca correspondente ao inverno. 
Quando chega o verão, as chuvas encharcam a terra e 
o verde toma conta da região. A caatinga distribui-se 
pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, 
Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sudeste do Piauí 
e norte de Minas Gerais.
22
Os cerca de 20 milhões de brasileiros que vivem 
nos 800 mil km2 de caatinga nem sempre podem contar 
com as chuvas de verão. Quando não chove, o homem 
do sertão e sua família sofrem muito. Precisam cami-
nhar quilômetros em busca da água dos açudes. A irre-
gularidade climática é um dos fatores que mais interfere 
na vida do sertanejo.
Mesmo quando chove, o solo raso e pedregoso 
não consegue armazenar a água que cai, e atempe-
ratura elevada (médias entre 25 ºC e 29 ºC) provoca 
intensa evaporação. Por isso, somente em algumas áre-
as próximas às serras, onde a abundância de chuvas é 
maior, a agricultura se torna possível.
Na longa estiagem, os sertões são, muitas vezes, 
semidesertos nublados, mas sem chuva. O vento seco e 
quente não refresca, incomoda. A vegetação xero-
morfa adaptada ao clima apresenta muito escleromor-
fismo, que a protege. 
As folhas, por exemplo, são finas ou inexistentes. 
Algumas plantas armazenam água, como os cactos, ou-
tras se caracterizam por terem raízes praticamente na 
superfície do solo para absorver rapidamente o máximo 
da chuva. Algumas das espécies mais comuns da região 
são a amburana, aroeira, umbu, baraúna, maniçoba, 
macambra, mandacaru e juazeiro.
O homem complicou ainda mais a dura vida no 
sertão. Fazendas de criação de gado começaram a 
ocupar o cenário na época do Brasil colônia. Os primei-
ros a chegar pouco entendiam a fragilidade da caatinga, 
cuja aparência árida denuncia uma falsa solidez. Para 
combater a seca foram construídos açudes para abas-
tecer de água os homens, seus animais e suas lavouras. 
Desde o Império, quando essas obras tiveram início, o 
governo prossegue com o trabalho. Os grandes açudes 
atraíram fazendas de criação de gado. Em regiões como 
o vale do São Francisco, a irrigação foi incentivada sem 
o uso de técnica apropriada e o resultado tem sido de-
sastroso. A salinização do solo é, hoje, uma realidade.
Especialmente na região, onde os solos são rasos 
e a evaporação da água ocorre rapidamente devido ao 
calor, a agricultura nessas áreas tornou-se impraticável.
Outro problema é a contaminação das águas por 
agrotóxicos. Depois de aplicado nas lavouras, o agrotó-
xico escorre das folhas para o solo, levado pela irrigação, 
e daí para as represas, matando os peixes. Nos últimos 15 
anos, 40 mil km2 de caatinga se transformaram em deserto 
devido à interferência do homem sobre o meio ambiente 
da região. As siderúrgicas e olarias também são res-
ponsáveis por esse processo, devido ao corte da vegetação 
nativa para produção de lenha e carvão vegetal.
O sertão nordestino é uma das regiões semiáridas 
mais povoadas do mundo. A diferença entre a caatinga e 
áreas com as mesmas características em outros países é 
que as populações se concentram onde existe água, pro-
movendo um controle rigoroso da natalidade. No Brasil, 
entretanto, o homem está presente em toda parte, ten-
tando garantir a sua sobrevivência na luta contra o clima.
A caatinga é coberta por solos relativamente 
férteis. Embora não tenha potencial madeireiro, exceto 
pela extração secular de lenha, a região é rica em recur-
sos genéticos, dada a sua alta biodiversidade.
Por outro lado, o aspecto agressivo da vegetação 
contrasta com o colorido diversificado das flores emer-
gentes no período das chuvas, cujo índice pluviométrico 
varia entre 300 e 800 milímetros anualmente. A caa-
tinga apresenta três estratos: arbóreos (8 a 12 
metros), arbustivo (2 a 5 metros) e a herbáceo (abai-
xo de 2 metros). Contraditoriamente, a flora dos sertões, 
constituída por espécies com longa história de adap-
tação ao calor e à secura, é incapaz de reestruturar-se 
naturalmente, se máquinas forem usadas para alterar o 
solo. A degradação é, portanto, irreversível na caatinga.
No meio de tanta aridez, a caatinga surpreen-
de com suas “ilhas de umidade” e solos férteis. 
São os chamados brejos, que quebram a monotonia das 
condições físicas e geológicas dos sertões. Nessas ilhas, 
é possível produzir quase todos os alimentos e frutas 
peculiares aos trópicos do mundo.
23
Através de caminhos diversos, os rios regionais 
saem das bordas das chapadas, percorrem extensas 
depressões entre os planaltos quentes e secos e aca-
bam chegando no mar ou engrossando as águas do São 
Francisco e do Parnaíba (rios que cruzam a caatinga). 
Das cabeceiras até as proximidades do mar, os rios com 
nascente na região permanecem secos por cinco a sete 
meses do ano. Apenas o canal principal do São Francis-
co mantém seu fluxo através dos sertões, com águas 
trazidas de outras regiões climáticas e hídricas.
Quando chove, no início do ano, a paisagem 
muda muito rapidamente. As árvores cobrem-se de fo-
lhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fau-
na volta a engordar. Na caatinga, vive a ararinha-azul, 
ameaçada de extinção. Outros animais da região são o 
sapo-cururu, asa-branca, cutia, gambá, preá, veado-ca-
tingueiro, tatu-peba e a sagui-do-nordeste, entre outros.
Pantanal
O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios naturais 
do Brasil. Maior área úmida continental do Planeta − 
com 140 mil km2 em território brasileiro −, destaca-se 
pela riqueza da fauna, onde dividem espaço 650 espé-
cies de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de 
répteis. As chuvas fortes são comuns no Pantanal. Os 
terrenos, quase sempre planos, são alagados perio-
dicamente por inúmeros córregos e vazantes entreme-
ados de lagoas e leques aluviais, ou seja, muita água. 
Na época das cheias, esses “corpos” comuni-
cam-se e mesclam-se com as águas do rio Paraguai, 
renovando e fertilizando a região. Contudo, assim como 
nos demais ecossistemas brasileiros, onde a ocupação 
predatória vem provocando destruição, a interferência 
no Pantanal também é sentida. Embora boa parte da 
região continue inexplorada, muitas ameaças surgem 
em decorrência do interesse econômico que existe so-
bre essa área. A situação começou a se agravar nos úl-
timos 20 anos, sobretudo pela introdução de pastagens 
artificiais, a exploração das áreas de mata e o turismo 
predatório.
O equilíbrio desse ecossistema depende, basica-
mente, do fluxo de entrada e saída de enchentes que, 
por sua vez, está diretamente ligada à pluviosidade re-
gional. De forma geral, as chuvas ocorrem com maior 
frequência nas cabeceiras dos rios, que deságuam na 
planície. Com o início do trimestre chuvoso nas regiões 
altas (a partir de novembro), sobe o nível de água do 
rio Paraguai, provocando, assim, as enchentes. O mes-
mo ocorre paralelamente com os afluentes do Paraguai, 
que atravessam o território brasileiro, cortando uma ex-
tensão de 700 km. 
As águas vão se espalhando e cobrindo, con-
tinuamente, vastas extensões em busca de uma saída 
natural, que só é encontrada centenas de quilômetros 
adiante no encontro do rio com a oceano Atlântico, fora 
do território brasileiro. As cheias chegam a cobrir até 
dois terços da área pantaneira. A partir de maio, então, 
inicia-se a “vazante”, e as águas começam a baixar len-
tamente. Quando o terreno volta a secar, permanece, 
sobre a superfície, uma fina camada de lama humífera 
(mistura de areia, restos de animais e vegetais, semen-
tes e húmus), propiciando grande fertilidade ao solo. Os 
impactos aumentaram nos últimos 20 anos com a in-
trodução de pastagens artificiais. A natureza faz repetir, 
anualmente, o espetáculo das cheias, proporcionando 
ao Pantanal a renovação da fauna e flora local. 
Esse enorme volume de água, que praticamente 
cobre a região pantaneira, forma um verdadeiro mar de 
água doce, onde milhares de peixes proliferam. Peixes 
pequenos servem de alimento a espécies maiores ou a 
aves e animais, promovendo uma intrincada teia ali-
mentar.
24
Quando o período da vazante começa, uma 
grande quantidade de peixes fica retida em lagoas 
ou baías, não conseguindo retornar aos rios. Durante 
meses, aves e animais carnívoros: jacarés, ariranhas e 
onças têm, portanto, um farto banquete à sua dispo-
sição. As águas continuam baixando mais e mais e, 
nas lagoas, agora bem rasas, peixes como o dourado, 
o pacú e a traíra podem ser apanhados com as mãos 
pelos homens. Aves grandes e pequenas são vistas 
planando sobre as águas, formando em espetáculo 
de grande beleza.
O Pantanal tem passado por transformações len-
tas, mas significativas nas últimas décadas. O avanço 
daspopulações e o crescimento das cidades são 
uma ameaça constante. A ocupação desordenada das 
regiões mais altas, onde nasce a maioria dos rios, é o 
risco mais grave. A agricultura indiscriminada está pro-
vocando a erosão do solo, além de contaminá-lo com o 
uso excessivo de agrotóxicos.
O resultado da destruição do solo é o asso-
reamento dos rios, fenômeno que tem mudado a 
vida no Pantanal. Regiões que antes ficavam alagadas 
nas cheias e completamente secas quando as chu-
vas paravam agora ficam permanentemente sob as 
águas. Também impactaram o Pantanal nos últimos 
anos o garimpo, a construção de hidrelétricas, 
o turismo desorganizado e a caça, empreendida 
principalmente por ex-peões que, sem trabalho, pas-
saram a integrar verdadeiras quadrilhas de caçadores 
de couro.
Porém, foi a partir de 1989 que o risco de um de-
sequilíbrio total do ecossistema pantaneiro ficou mais 
próximo de se tornar uma triste realidade. A razão dessa 
ameaça é o megaprojeto de construção de uma hidro-
via de mais de 3 400 km nos rios Paraguai (o principal 
curso de água do Pantanal) e Paraná − ligando Cáceres, 
no Mato Grosso, à Nova Palmira, no Uruguai. 
A ideia é alterar, com a construção de diques e 
trabalhos de dragagem, o percurso do rio Paraguai, fa-
cilitando o movimento de grandes barcos e, consequen-
temente, o escoamento da produção de soja brasileira 
até o país vizinho. 
O problema é que isso afetará também todo o 
escoamento de águas da bacia. O resultado desse pro-
jeto pode ser a destruição do refúgio onde vivem hoje 
milhares de espécies de animais e plantas.
Campos
Além de florestas tropicais, do Pantanal, cerrado e ca-
atinga, os campos também fazem parte da paisagem 
brasileira. Esse tipo de vegetação é encontrado em dois 
lugares distintos: os campos de terra firme (sava-
nas de gramíneas baixas) são característicos do norte 
da Amazônia, Roraima, Pará e ilhas do Bananal e de 
Marajó, enquanto os campos limpos (estepes úmidas) 
são típicos da região Sul.
De um modo geral, o campo limpo é destituí-
do de árvores, bastante uniforme e com arbustos es-
palhados e dispersos. Já nos campos de terra firme, as 
árvores, baixas e espalhadas, se integram totalmente à 
paisagem.
Em ambos os casos, o solo é revestido de gra-
míneas, subarbustos e ervas. Entre o Rio Grande do 
Sul e Santa Catarina, os campos formados por gramíne-
as e leguminosas nativas se estendem como um tapete 
verde por mais de 200 000 km2, tornado-se mais densas 
e ricas nas encostas. Nessa região, com muita mata en-
tremeada, as chuvas distribuem-se regularmente pelo 
ano todo e as baixas temperaturas reduzem os níveis 
de evaporação. 
Tais condições climáticas acabam favorecendo o 
crescimento de árvores. Bem diferentes, entretanto, são 
os campos, que dominam áreas do Norte do País.
25
Diferenças entre Sul e Norte
 § O domínio das florestas e dos campos meridio-
nais se estende desde o Rio Grande do Sul até 
parte dos estados de Mato Grosso do Sul e São 
Paulo. O clima é ameno e o solo naturalmente 
fértil. A junção destes dois fatores favoreceu a 
colonização acelerada no último século, princi-
palmente por imigrantes europeus e japoneses, 
que alcançaram elevados índices de produtivida-
de na região. 
 § Os campos do Sul ocorrem no chamado “pam-
pa”, uma região plana de vegetação aberta e 
de pequeno porte, que se estende do Rio Grande 
do Sul para além das fronteiras com a Argenti-
na e o Uruguai, no interior do estado. Esse tipo 
de vegetação ocorre em área contínua no Sul e 
também como manchas dispersas encravadas na 
floresta Atlântica do Rio Grande do Norte até 
o Paraná. São áreas planas, revestidas de gra-
míneas e outras plantas encontradas de forma 
escassa, como tufos de capim que atingem até 1 
metro de altura.
 § Descendo ao litoral do Rio Grande do Sul, a pai-
sagem é marcada pelos banhados, isto é, ecos-
sistemas alagados com densa vegetação de 
juncos, gravatás e aguapés que criam um habi-
tat ideal para uma grande variedade de animais, 
como garças, marrecos, veados, onças-pintadas, 
lontras e capivaras. O banhado do Taim é o mais 
importante devido à riqueza do solo. Tentativas 
extravagantes de drená-Io para uso agrícola fo-
ram definitivamente abandonadas a partir de 
1979, quando a área transformou-se em estação 
ecológica. Mesmo assim, a ação de caçadores e 
o bombeamento das águas pelos fazendeiros 
das redondezes continuam a ameaçar o local. 
Mas enquanto sobra água no Sul, os campos do 
norte do Brasil se caracterizam por áreas secas e 
de florestas dominadas pelas palmeiras.
 § Tais florestas se situam entre a Amazônia e a ca-
atinga e se formam a partir do desmatamento da 
vegetação nativa. Livre da competição de outras 
plantas, as palmeiras de babaçu e carnaúba, o 
buriti e a oiticica se desenvolvem rapidamente, 
algumas chegando a atingir ate 15 metros de 
altura. Existem também áreas de campos “na-
turais”, com vegetação de porte mais raquítico, 
que ocorrem como manchas no norte da floresta 
Amazônica. 
 § Devido à riqueza do solo, as áreas cultivadas do 
Sul se expandiram rapidamente sem um sistema 
adequado de preparo, resultando em erosão e 
outros problemas que se agravam progressiva-
mente. Os campos são amplamente utilizados 
para a produção de arroz, milho, trigo e soja, às 
vezes em associação com a criação de gado. A 
desatenção com o solo, entretanto, leva à de-
sertificação, registrada em diferentes áreas do 
Rio Grande do Sul.
 § Para expandir a área plantada, colonos alemães 
e italianos iniciaram, na primeira metade do sé-
culo, a exploração indiscriminada de madeira. 
Árvores gigantescas e centenárias foram der-
rubadas e queimadas para dar lugar ao cultivo 
de milho, trigo e videira, principalmente. A mata 
das araucárias de porte alto e copa em forma 
de prato, estendia-se do sul de Minas Gerais e 
São Paulo até o Rio Grande do Sul, formando 
cerca de 100 mil km2 de matas de pinhais. Na 
sua sombra cresciam espécies como a imbuia, 
o cedro, a canela, entre outras. Hoje, mais da 
metade desse bioma foi destruído, assim como 
diversas espécies de roedores que se alimenta-
vam do pinhão, aves e insetos. O que resta está 
confinado a áreas de conservação do estado. Por 
mais de 100 anos, a mata dos pinhais alimentou 
a indústria madeireira do Sul. O pinho, madeira 
bastante popular na região, foi muito usado na 
construção de casas e móveis.
 § A criação de gado e ovelhas também faz 
parte da cultura local. Porém, repetindo o 
mesmo erro dos agricultores, o pastoreio está 
provocando a degradação do solo. Na época de 
estiagem, quando as pastagens secam, o mes-
mo número de animais continua a disputar áreas 
menores. Com o pasto quase desnudo, cresce a 
pressão sobre o solo que se abre em veios. Quan-
do as chuvas recomeçam, as águas correm por 
essas depressões dando início ao processo de 
erosão. O fogo utilizado para eliminar restos de 
pastagem secas, torna o solo ainda mais frágil.
26
Zona costeira
O Brasil possui uma linha contínua de costa Atlântica de 
8 mil km de extensão, uma das maiores do mundo. Ao 
longo dessa faixa litorânea, é possível identificar uma 
grande diversidade de paisagens, como dunas, ilhas, 
recifes, costões rochosos, baías, estuários, brejos e falé-
sias. Mesmo os ecossistemas que se repetem ao longo 
do litoral, como praias, restingas, lagunas e manguezais, 
apresentam diferentes espécies de animais e vegetais. 
Isso se deve, basicamente, às diferenças climáticas e 
geológicas.
Grande parte da zona costeira, entretanto, está 
ameaçada pela superpopulação e por atividades agríco-
las e industriais. É ai, seguindo essa imensa faixa litorâ-
nea, que vive mais da metade da população brasileira. 
Há muito ainda para se conhecer sobre a dinâmica eco-
lógica do litoral brasileiro. Complexos sistemas costeiros 
distribuem-se ao longo do litoral, fornecendo áreas para 
a criação, crescimento e reproduçãode inúmeras espé-
cies de flora e fauna. Somente na costa do Rio Grande 
do Sul − conhecida como um centro de aves migratórias 
− foram registradas, aproximadamente, 570 espécies.
Muitos desses pássaros utilizam a costa brasi-
leira para alimentação, abrigo ou como rota migratória 
entre a América do Norte e as partes mais ao sul do 
continente americano. A faixa litorânea brasileira tam-
bém tem sido considerada essencial para a conservação 
de espécies ameaçadas em escala global, como as tar-
tarugas-marinhas, as baleias e o peixe-boi-marinho. É 
importante ressaltar que a destruição dos ecossistemas 
litorâneos é uma ameaça para o próprio homem, uma 
vez que põe em risco a produção pesqueira − uma rica 
fonte de alimento.
A integridade ecológica da costa brasileira é 
pressionada pelo crescimento dos grandes centros ur-
banos, pela especulação imobiliária sem planejamento, 
pela poluição e pelo enorme fluxo de turistas. A ocu-
pação predatória vem ocasionando a devastação das 
vegetações nativas, o que leva, entre outras coisas, à 
movimentação de dunas e até ao desabamento de mor-
ros. O aterro dos manguezais, por exemplo, coloca em 
perigo espécies animais e vegetais, além de destruir um 
importante “filtro” das impurezas lançadas na água.
As raízes parcialmente submersas das árvores do 
mangue espalham-se sob a água para reter sedimentos 
e evitar que eles escoem para o mar. Alguns mangues 
estão estrategicamente situados entre a terra e o mar, 
formando um estuário para a reprodução de peixes. 
Já a expulsão das populações caiçaras (pesca-
dor ou o caipira do litoral) está acabando com uma das 
culturas mais tradicionais e ricas do Brasil. Outra ação 
danosa é o lançamento de esgoto no mar, sem qual-
quer tratamento. Operações de terminais marítimos têm 
provocado o derramamento de petróleo, entre outros 
problemas graves.
Manguezais
Muitos são os fatores que comprometem o equilíbrio 
dos manguezais. Devido à sua localização de fácil aces-
so, ao desconhecimento e à pouca veiculação de sua 
importância e, principalmente, ao descaso, alguns man-
guezais tornaram-se alvo de depredações que incluem 
aterramento para ocupação, desmatamento para uso da 
vegetação, como lenha, poluição das águas por derra-
mamento de petróleo ou por depósito de lixo.
Manguezais são ecossistemas estuarinos que se 
desenvolvem em terras planas, baixas e de substrato lo-
doso, localizadas nas costas litorâneas das regiões tro-
picais, junto aos desaguadouros dos rios, no fundo de 
baías e nas enseadas. Quando os manguezais estão em 
terrenos de baixo ou médio teor de salinidade, os bos-
ques de mangues, fixados sobre terreno lodoso, apre-
27
sentam características fisionômicas e funcionais muito 
particulares. São típicas deles os seguintes fatores: tem-
peraturas tropicais; área constantemente sob controle e 
o fluxo das marés; depósito volumoso de silte e areia 
fina, argila e grande quantidade de matéria orgânica.
Os manguezais localizam-se, na sua grande 
maioria, fora dos litorais de mar aberto. Estão sempre 
associados às áreas de fortes marés; porém, abriga-
dos dos fortes ventos e das ressacas, caracterizam-se 
também por uma vegetação halofita (plantas terres-
tres adaptadas a viver no mar ou perto dele) tropical 
de mata, com poucas espécies que crescem na vasa 
marítima da costa ou estuária dos rios. Os manguezais 
de todo o mundo ocupam uma área de, aproximada-
mente, 20 milhões de hectares, distribuídos, principal-
mente, nas latitudes intertropicais: calcula-se que 75% 
das linhas de costas tropicais do mundo são dominadas 
por esse tipo de vegetação. No Brasil, os manguezais 
espalham-se por toda a faixa litorânea, desde o Amapá 
até Santa Catarina.
Os manguezais são ecossistemas importantes 
para as populações que vivem fixadas ao longo do lito-
ral dos trópicos. A diversidade e a quantidade de crus-
táceos, moluscos e peixes que vivem nos mangues, não 
garantem somente a alimentação dessas populações. É 
comum a prática de uma indústria de pescado ao lon-
go dessas formações naturais. Nove em cada dez peixes 
pescados no mundo inteiro provêm de áreas costeiras e 
baías que, juntas, não somam 10% da superfície mari-
nha. A responsabilidade pela concentração de cardumes 
nesse espaço reduzido de mar cabe aos recém-valoriza-
dos manguezais. Ao ser atacada por fungos e protozo-
ários, a vegetação dos manguezais perde folhas, frutos 
e flores, que começam a degradar-se. No solo lodoso, 
eles se combinam com uma série de proteínas e minerais 
transportados pela água doce dos rios, chuvas e lençóis 
freáticos. O calor do Sol, finalmente, ajuda milhões de 
micróbios, presentes tanto no solo como na água salga-
da dos mares, a terminarem a receita de um caldo nutri-
tivo que alimenta, por exemplo, os filhotes de camarões. 
As moléculas de nutrientes enchem a barriga de 
larvas e peixes pequenos que, por sua vez, alimentam 
espécies marinhas maiores. A fartura de comida típica 
dos manguezais torna possível sua superpopulação. 
Convivem até 10 mil indivíduos entre peixes, moluscos 
e crustáceos por metro quadrado.
No Brasil, predominam três espécies de árvores: 
o mangue-vermelho (Rhizophora mangle), o mangue-
-siriuba ou mangue-preto (Avicennia schaueriana) e o 
mangue-branco (Laguncularia racemosa). Além destas, 
encontra-se o florido algodoeiro-da-praia (Hibiscus 
pernambucensis), embora não seja uma árvore exclu-
siva dos manguezais. Comodamente, sobre as árvores, 
crescem bromélias, samambaias e orquídeas.
Diversos peixes e invertebrados marinhos deso-
vam nos mangues, uma das razões dessa escolha é a 
temperatura quente, ideal para o desenvolvimento dos 
embriões. O solo, escuro por causa da grande quanti-
dade de material orgânico em sua composição, absorve 
praticamente toda a luz solar, liberando essa energia 
na forma de calor. Além disso, os manguezais podem 
oferecer mais segurança à prole.
As florestas de mangues não servem de mater-
nidade apenas para espécies marinhas: fêmeas de aves, 
como o pelicano e o guará, passam a viver nos man-
guezais, durante a época de reprodução. Outros animais 
fixam sua residência nesses bosques litorâneos para o 
resto de sua vida. É o caso do aratu, uma espécie de ca-
ranguejo que raramente desce das árvores, alimentando-
-se das algas agarradas nos troncos. As ostras também 
formam imensas populações sobre as raízes aéreas, na 
companhia de siris, camarões e uma série de moluscos, 
como o sururu, que carrega uma concha violácea.
Papel ecológico dos manguezais
 § Retêm a invasão dos mares nos rios e impedem 
que o mar, quando em ressaca, invada o litoral, 
protegendo-o.
 § Servem de abrigo para vários animais, entre os 
quais estão moluscos, crustáceos, peixes, aves e 
mamíferos, que somam dez mil, e também en-
contramos dois milhões de micro-organismos.
 § Servem de maternidade e rica fonte de alimentos 
para milhares de animais.
 § Permitem que inúmeras populações ribeirinhas 
se sustentem da pesca artesanal e, assim, man-
tenham sua cultura e tradições.
 § Garantem os grandes estoques reguladores de 
pescados para a indústria pesqueira, visto que as 
espécies comercializadas iniciam suas vidas nos es-
tuários, se alimentando e se protegendo nos man-
guezais, ou dependem de espécies que o fazem.
28
 § Apresentam grande capacidade autodepuradora, que permite a intensa decomposição de todo material 
orgânico que chega pelos rios.
 § Fixam todos os materiais vindos do continente, sejam produtos de erosão, resíduos e esgotos de cidades que 
são trazidos pelos rios, evitando, muitas vezes, a poluição dos mares.
SITUAÇÃO ATUAL DOS PRINCIPAIS IMPACTOS SOBRE OS BIOMAS BRASILEIROS
bioma área impactos
Amazônia legal 5 milhões km
2 
(60% do território brasileiro)
Garimpo de ouro, mineração industrial e indústria de alumínio; projetos 
agropecuários e de colonização; usinas hidrelétricas; indústria de ferro 
gusa (energiabarata e alto custo ambiental); destruição da cultura indíge-
na; caça e pesca predatória; turismo ecológico predatório.
Mata Atlântica 1,3 milhão km
2 
(área atual: 52 mil km2)
Sede de várias regiões metropolitanas; polos industriais; atividade portu-
ária; agroindústria de açúcar, álcool, papel e celulose; transporte de com-
bustíveis em oleodutos e gasodutos; expansão urbana desordenada na 
faixa litorânea; mineração de granito, calcário e areia; extração mineral 
– petróleo, gás, salgema e carvão; falta de fiscalização em uc; sobrepesca; 
destruição de habitats.
Cerrados 2 milhões km
2 
(antrópica: 700 mil km2)
Grandes projetos agropecuários (monocultura extensiva, uso de grandes 
quantidades de agrotóxicos, uso de mecanização intensiva e queimadas); 
expansão urbana desordenada com elevadas taxas de migração (degra-
dação de recursos hídricos da bacia do Pantanal); invasão de reservas in-
dígenas; garimpo de ouro e pedras preciosas; indústria de transformação 
(produção de cimento e calcário agrícola); destruição de habitats.
Caatinga 1 100 mil km
2 
(antrópica: 800 mil km2)
Grandes latifúndios (desmatamentos, controle de recursos hídricos, êxodo 
rural e intensa desertificação); prospecção e exploração de combustíveis 
fósseis – petróleo e gás natural; siderúrgicas, olarias e outras indústrias 
com grande desmatamento para produção de lenha e carvão vegetal; pas-
tagens gerando perda de matéria orgânica do solo e erosão; irrigação e 
drenagem (salinização do solo, contaminação com agrotóxicos e assore-
amento de açudes).
Pantanal 150 mil km
2 
(área inundável: 100 mil km2
Pecuária extensiva; pesca predatória e caça ao jacaré; garimpo de ouro 
e pedras nos rios Paraguai e São Lourenço; turismo e migração desorde-
nados e predatórios; manejo inadequado dos cerrados (assoreamentos, 
erosão e contaminação dos rios com biocidas e fertilizantes).
Campos/Matas 
de Araucária
210 mil km2 
(área de araucária = 300 mil ha)
Criação de gado sob pastoreio; queimadas; plantio de soja e trigo; de-
sertificação; introdução de espécies arbóreas exóticas (frutíferas de clima 
temperado); perda de habitats naturais e extinção de espécies; aprofun-
damento dos lençóis freáticos.
29
e.o. teste I 
 1. (PUC-RJ) Assinale a alternativa que indica o 
que é correto afirmar sobre a diversidade de 
espécies. 
I. As florestas temperadas apresentam 
maior diversidade de espécies do que as 
florestas tropicais. 
II. As savanas apresentam maior diversida-
de de espécies do que as florestas tropi-
cais. 
III. Com o aumento da altitude, aumenta a 
diversidade de espécies. 
IV. Com o aumento da latitude, aumenta a 
diversidade de espécies. 
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. 
c) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. 
d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. 
e) Nenhuma afirmação está correta. 
 2. (PUC-SP) Nas áreas próximas a Brasília, en-
contramos parte do cerrado, um bioma que 
apresenta árvores de troncos tortuosos com 
folhas geralmente endurecidas. Algumas de-
las apresentam flores, como o ipê-amarelo e 
o ipê-roxo, e frutos, como o pequi e a man-
gaba. Em um trecho da canção de Caetano 
Veloso denominada “Flor do Cerrado”, diz-se 
“Mas da próxima vez Que for a Brasília/ Eu 
trago uma flor do cerrado pra você.” 
Com relação às informações descritas acima 
a respeito desse bioma, foram feitas três 
afirmações: 
I. O aspecto da vegetação do cerrado deve se 
a escassez de nutrientes no solo.
II. O fato de as plantas apresentarem folhas 
endurecidas e uma adaptação para evitar 
a perda de água. 
III. As flores e os frutos referidos no texto 
indicam a presença de plantas do grupo 
das angiospermas nesse bioma. Assinale: 
a) se apenas uma das afirmações for verdadei-
ra 
b) se apenas as afirmações I e II forem verda-
deiras. 
c) se apenas as afirmações I e III forem verda-
deiras. 
d) se apenas as afirmações II e III forem verda-
deiras. 
e) se as três afirmações forem verdadeiras. 
 3. (Unifesp) Produtividade primária líquida 
é a quantidade de biomassa produzida em 
uma área em determinado período, menos a 
quantidade de biomassa utilizada pelos or-
ganismos dessa área para sua própria sobre-
vivência. O gráfico mostra a produtividade 
primária líquida de vários ecossistemas. 
Desertos e
semidesertos
Áreas 
cultivadas
I
II
III
Floresta
tropical
0 500 1000 1500 2000 2500
produtividade primária líquida (g/m2/ano)
Nesse gráfico, I, II e III correspondem, res-
pectivamente, a: 
a) I - Campos; II - Savanas; III - Florestas decí-
duas temperadas. 
b) I - Campos; II - Florestas decíduas tempera-
das; III - Savanas. 
c) I - Savanas; II - Campos; III - Florestas decí-
duas temperadas. 
d) I - Florestas decíduas temperadas; II - Sava-
nas; III - Campos. 
e) I - Florestas decíduas temperadas; II - Cam-
pos; III - Savanas. 
 4. (UFMG) Observe este mapa, em que estão 
demarcados alguns dos tipos de biomas do 
Brasil: 
 Floresta
Amazônica
Pantanal
 Floresta
Subtropical
Cerrado
Caatinga
 Mata
Atlântica
250 0 500 km
N
Cada um dos biomas demarcados apresenta 
vegetação característica, relacionada com o 
ambiente onde é encontrada. 
Considerando-se essas informações, é COR-
RETO afirmar que a vegetação característica 
de grande parte dos estados de Minas Gerais, 
Mato Grosso e Goiás consiste em 
a) árvores muito espaçadas; ervas com caules 
subterrâneos, raízes superficiais e folhas es-
treitas. 
b) árvores baixas, espaçadas e com raízes pro-
fundas; arbustos com raízes armazenadoras 
e folhas grandes e duras. 
c) árvores em número reduzido, com caules le-
nhosos e grossos; arbustos suculentos, com 
folhas reduzidas. 
d) árvores com troncos finos e pouco ramifi-
cados; e outras com raízes suporte e folhas 
grandes, de pontas afiladas. 
30
TEXTO PARA A PROXIMA QUESTÃO 
As imagens de satélite analisadas no Insti-
tuto de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram 
que o desmatamento no Estado do Acre está 
avançando no ritmo de dezesseis campos de 
futebol por hora. Uma das consequências 
biológicas dessa destruição é o aumento da 
incidência de malária na região. Para cada 
1% de aumento de área desflorestada, cresce 
em 8% a população dos mosquitos transmis-
sores da malária na Amazônia. 
 5. (PUC-CAMP) Em uma discussão sobre a ne-
cessidade de se preservar a Floresta Amazô-
nica, surgiram as seguintes afirmações: 
I. A Floresta Amazônica é o “pulmão do mun-
do”, uma vez que produz a maior parte do 
oxigênio que os seres vivos consomem em 
sua respiração. 
II. A fertilidade do solo dessa floresta é man-
tida pela atividade constante dos decompo-
sitores que, devido à abundância de restos 
de vegetais e de animais, contam com ali-
mento abundante, além de encontrarem no 
ambiente umidade e temperatura favoráveis 
para sua atividade. 
III. A Floresta Amazônica é uma comunidade 
clímax e, portanto, todo o CO2 que esta pro-
duz é usado na fotossíntese que os produto-
res realizam. 
É correto o que se afirmou SOMENTE em 
a) I 
b) II 
c) III 
d) I e II 
e) II e III 
 6. (Unesp) Observe o mapa, onde estão delimi-
tadas as áreas de distribuição de três impor-
tantes ecossistemas brasileiros, I, II e III. 
I
II
III
Leia os três textos seguintes, 1, 2 e 3, que 
descrevem características de ecossistemas 
diferentes. 
1. Vegetação composta por árvores de pe-
queno porte e arbustos esparsos, tortuo-
sos, de casca grossa, e por plantas herbá-
ceas, com predominância de gramíneas. 
Fauna representada por alguns animais 
como o lobo guará, a ema, o tatu-canastra 
e o tamanduá-bandeira. 
2. Vegetação densa, predominantemente 
composta por árvores de grande porte, 
medindo até 20 m de altura, com pre-
sença marcante de pteridófitas no sub-
-bosque. Fauna representada por alguns 
animais como o mono-carvoeiro, a jagua-
tirica, os micos-leões-dourados e da-cara-
-preta, e a jacutinga. 
3. Vegetação composta por árvores baixas e 
esparsamente distribuídas, arbustos tor-
tuosos com muitos espinhos e presença