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3 Biologia para Vestibular Medicina 2ª edição • São Paulo • 2016 hexag SISTEMA DE ENSINO BIOLOGIA CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias Pamella Simões e Ricardo Rosa hexag SISTEMA DE ENSINO © Hexag Editora, 2016 Direitos desta edição: Hexag Editora Ltda. São Paulo, 2016 Todos os direitos reservados. Autores Pâmella Simões Tavares de Oliveira Ricardo Rosa Diretor geral Herlan Fellini Coordenador geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial Hexag Editora Diretor editorial Pedro Tadeu Batista Editores Larissa Beatriz Torres Ferreira Giulia Brolacci Pinheiro Revisor Delano Malta Pesquisa iconográfica Camila Dalafina Coelho Programação visual Hexag Editora Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Bruno Alves Oliveira Cruz Camila Dalafina Coelho Eder Carlos Bastos de Lima Raphael de Souza Motta Capa Hexag Editora Fotos da capa (de cima para baixo) http://www.fcm.unicamp.br Acervo digital da USP (versão beta) http://www.baia-turismo.com Impressão e acabamento Imagem Digital ISBN: 978-85-68999-14-1 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra está sendo usado apenas para fins didáticos, não represen- tando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2016 Todos os direitos reservados por Hexag Editora Ltda. Rua da Consolação, 954 – Higienópolis – São Paulo – SP CEP: 01302-000 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.brcontato@hexag.com.br CARO ALUNO, O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo e em todo Brasil. Ao atualizar sua coleção de livros para 2016, o Hexag considerou o principal diferencial em relação aos concorrentes: a sua exclusiva metodologia fundamentada em três pontos – período integral, estudo orientado (E.O.) e salas reduzidas. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos principais vestibulares 2016. Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens e também na utilização de cores. No total, são 80 livros, distribuídos da seguinte forma: § 21 livros de Ciências da Natureza e suas tecnologias (Biologia, Física e Química); § 14 livros de Ciências Humanas e suas tecnologias (História e Geografia); § 07 livros de Linguagens, Códigos e suas tecnologias (Gramática, Literatura e Inglês); § 07 livros de Matemática e suas tecnologias; § 04 livros de Sociologia e Filosofia; § 04 livros “Entre Aspas” (Obras Literárias da Fuvest e Unicamp); § 02 livros “Entre Frases” (Estudo da Escrita – Redação); § 06 livros “Entre Textos” (Interpretação de Texto). § 03 livros "Between English and Portuguese" (Inglês). § 12 livros de Revisão (U.T.I. "Unidade Técnica de Imersão"). O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva o que o aluno realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Os capítulos foram finalizados com cinco categorias de exercícios, trabalhadas nas sessões de Estudo Orien- tado (E.O.), como segue: § E.O. Teste I: exercícios introdutórios de múltipla escolha, para iniciar o processo de fixação da matéria estudada em aula; § E.O. Teste II: exercícios de múltipla escolha, que apresentam grau médio de dificuldade, buscando a con- solidação do aprendizado; § E.O. Teste III: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade; § E.O. Dissertativo: exercícios dissertativos nos moldes da segunda fase da Fuvest, Unifesp, Unicamp e outros importantes vestibulares; § E.O. Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, preparando o aluno para esse tipo de exame. A edição 2016 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina. Herlan Fellini Aulas 17 e 18: Biomas 6 Aulas 19 e 20: Biomas aquáticos 42 Aulas 21 e 22: Ciclos biogeoquímicos 58 Aulas 23 e 24: Problemas ambientais 78 ECOLOGIA © W ild ne rd pix /S hu tte rs to ck Biomas Aulas 17 e 18 7 © W ild ne rd pix /S hu tte rs to ck Introdução Vamos organizar nosso raciocínio a partir de uma pe- quena revisão sobre ecologia e os níveis de organiza- ção por ela estudados, para apresentar o tema biomas e biociclos. § O conjunto de organismos da mesma espécie que interagem e habitam uma dada região durante um certo período de tempo constitui uma populaçâo. § O conjunto de populações de espécies diferentes que interagem e habitam uma dada área duran- te um período de tempo forma uma comunida- de biológica, biota ou biocenose. § Ao conjunto formado pela interação da biota com o meio físico no qual ela vive damos nome de ecossistema, que também é caracterizado por dois processos que nele ocorrem: fluxo de energia e ciclo de matéria. Portanto, um lago, um rio poluído, uma floresta, um campo, uma praia ou uma caverna são exemplos de ecossistemas. § Ao conjunto de vários ecossistemas interdepen- dentes e que interagem damos o nome de bio- ma. A Mata Atlântica, a Amazônia, o cerrado, a caatinga, o Pantanal são exemplos de biomas, visto que são constituídos por diversos tipos de ecossistemas associados. § O conjunto de vários biomas com características particulares denomina-se biocora. Por exemplo, a Mata Atlântica, a Amazônia e a taiga são for- mações florestais inseridas no biocora das flo- restas, apesar de suas dinâmicas, estruturas e composição de espécies serem diferentes. § O conjunto de biocoras com características par- ticulares de um dado compartimento da Terra denomina-se biociclo. Por exemplo, os biocoras marinhos constituem o biociclo marinho ou talassociclo; os biocoras terrestres constituem o biociclo terrestre ou epinociclo; e os bio- coras de água doce constituem o biociclo dul- cícola ou liminociclo. § O conjunto de todos os biociclos chama-se bios fera, que também pode ser entendida como a camada ou superfície do Planeta, coberta ou não por água, que sustenta, mantém e contém vida. O conceito de bioma O conceito de bioma é fundamental para o entendimento da distribuição dos seres vivos no Planeta. Segundo dois importantes ecólogos, pode- -se entender o bioma como “um conjunto de ecos- sistemas terrestres com vegetação característica, fisionomia típica, com predomínio de certo tipo de clima e vinculado a dada faixas de latitude” (ODUM, 1996) ou ainda como “uma grande área do espaço geográfico, que tem por características a uniformidade de um macroclima definido, de uma determinada fitofisionomia ou formação vegetal, de uma fauna e outros organismos vivos associa- dos, e de outras condições ambientais, como a alti- tude, o solo, alagamentos, o fogo, a salinidade, en- tre outros. Estas características todas lhe conferem uma estrutura e uma funcionalidade peculiares, uma ecologia própria” (COUTINHO, 2005). ClIma terrestre e bIomas Aquecimento e ventos Todos os biomas terrestres ou os ambientes aquáticos são bem determinados. Mas como foram formados ao longo do tempo? Como os seres vivos evoluíram adap- tando-se aos biomas? Todos os organismos apresentam umaárea de distribuição e podemos encontrar seres vivos em todos os lugares da Terra, porém, sua distribuição está limitada por fatores, sejam eles bióticos ou abióticos. Encontra- mos organismos nos picos gelados de montanhas, nas dunas dos desertos, nas profundezas das regiões abis- sais oceânicas, em gêiseres, onde a água pode atingir temperaturas de 60 °C, nas regiões polares, enfim, em todos os ambientes. No entanto, são poucos os organis- mos que apresentam ampla distribuição, os denomina- dos cosmopolitas. Por exemplo: o homem e o falcão-peregrino estão distribuídos em todos os continentes, em várias altitudes, latitudes, climas e habitats, mas, mesmo ocor- rendo nessa gama de condições, essas espécies não 8 ocorrem em ambientes aquáticos, representados pelos 3/4 do Planeta que estão cobertos por água. Todos os táxons evoluíram e evoluem sendo afe- tados pelas ocorrências de eventos geológicos únicos, que ocorreram no passado, que ocorrem atualmente ou que virão a ocorrer. Essa evolução determina a limitação a uma área de distribuição do táxon. Entretanto, os tá- xons são tremendamente afetados pelas variáveis condi- ções do ambiente físico. Por exemplo: táxons de ambien- tes terrestres, cujo padrão de distribuição é determinado pelo clima e pelos diferentes tipos de solo; e os de am- biente aquático, grandemente limitados pelas variações de temperatura, salinidade, luz e pressão atmosférica. Não há dúvida de que os biomas são influencia- dos diretamente pelo clima (condições de temperatura, umidade etc., nos variados pontos terrestres). Com cer- teza, o calor determinado pelas radiações solares é o fa- tor principal que caracteriza os diversos tipos de clima terrestre. Se analisarmos os aspectos que favoreceram a origem da vida, veremos que a energia solar foi o fator desencadeador das reações ocorridas e que mantém a vida na Terra, não apenas por dar melhores condições para a ocorrência desta, mas porque a energia captura- da pelas plantas verdes é convertida em outros tipos de energia, que são utilizadas para o crescimento, manuten- ção e reprodução de todos os seres vivos. O calor é trans- ferido de um corpo com maior temperatura para aquele com temperatura menor através dos seguintes princípios: § Condução − transferência direta de molécula a molécula, sendo mais rápida na matéria sólida; § Convecção − movimento circular com o deslo- camento das massas quentes (líquidas ou gaso- sas), menos densas, para cima, gerando um local ocupado em baixo por massas frias, mais densas; § Radiação − a passagem de ondas através do espaço ou matéria. O Sol emite calor através de radiações que chegam à Terra e ao encontrar matéria, como água ou solo, são absorvidas e a matéria é aquecida. Mas esse aquecimen- to não é uniforme, sendo diferenciado de acordo com a estrutura da matéria, por exemplo: rocha, solo e plantas, que absorvem maior quantidade de calor. Água também absorve radiação, mas o aquecimento não fica confinado apenas à camada superficial, como ocorre nos sólidos. O ar absorve parte deste calor, principalmente onde é mais denso e, particularmente, se ele contém partículas suspensas de água ou poeira (nuvens). Em- bora o ar seja aquecido pela radiação solar, o maior aquecimento ocorre na superfície da Terra. Mas por que quanto maiores as latitudes, menor é o calor, isto é, à medida que nos dirigimos para os polos, as temperatu- ras diminuem? A Terra tem um formato elipsoidal com um achatamento nos polos. A atmosfera é contínua à superfície terrestre e a radiação solar atinge a superfície terrestre atravessando a atmosfera, sempre fazendo um ângulo perpendicular ao eixo longitudinal da Terra. Observe que a distância percorrida em 1 é maior do que em 2, portanto, o aquecimento em 2 será mais rápido e maior. O calor também sofre condução no pon- to 2, isto é, em ambos os sentidos será maior do que em 1, pelo fato de que em 2 os raios atingem a superfície mais perpendicularmente do que em 1. O ângulo de entrada da radiação solar na superfície da Terra afeta a quantidade de calor absorvido. O aquecimento mais intenso ocorre quando a superfície está perpendicular à radiação solar incidente, por duas principais razões: 1. Em uma menor área ocorre uma maior quantida- de de energia incidente. 2. A radiação solar perde menos calor ao atraves- sar a atmosfera. Outro fator que devemos levar em consideração é o ângulo de posição da Terra em relação ao Sol e o movimento de translação da Terra. A Terra está posicio- nada, isto é, inclinada, formando um ângulo de 23,5° com o eixo perpendicular à sua órbita e, por causa do seu movimento de translação, isso determina onde ha- verá mais ou menos calor em relação à linha do Equa- dor. Esse aquecimento diferencial da superfície da Terra, em diferentes ângulos, explica por que a temperatura 9 média nos trópicos é maior do que nos polos e por que, usualmente, é mais quente ao meio-dia do que ao ama- nhecer ou ao entardecer. Como a inclinação do eixo polar é fixa, durante o movimento de translação ora um hemisfério ora outro recebe mais energia solar, resultando nos ciclos de esta- ções climáticas. Quando a radiação incide perpendicular à linha do Equador, isto é, 0° e forma um ângulo de 90° com a refração, temos o equinócio (20 ou 21 de março e 22 ou 23 de setembro − início da primavera e do outono). Quando a incidência ocorre nas linhas dos Trópicos de Câncer ou Capricórnio, temos, respectiva- mente, o solstício Norte e Sul (21 ou 22 de junho e 21 ou 22 de dezembro − início do verão ou do inverno). Devido ao movimento de translação e ao eixo de rotação da Terra, o Sol incide na faixa do dia mais ao sul no hemisfério Norte e ao norte no hemisfério Sul. Por isso, podemos dizer que uma árvore localizada ao sul da linha do Equador receberá mais luz na sua face norte do que na sua face sul. O inverso ocorre no hemisfério Norte. As estações climáticas são também caracteriza- das pelas diferentes durações de dias e noites. Apenas no Equador existe um fotoperíodo de 12 horas nas 24 horas do dia. Nos equinócios do outono e da primavera, os raios de sol atingem perpendicularmente o Equador, as latitudes equatoriais são aquecidas mais intensamen- te e, em cada lugar da Terra, a duração do dia é a mesma. No solstício de verão (22 de dezembro), a maior quantidade de radiação solar cai diretamente no Trópico de Capricórnio (23,5° de latitude Sul) e o hemisfério Sul é aquecido mais intensamente com dias mais longos, maiores fotoperíodos, enquanto no hemisfério Norte será inverno. Por outro lado, quando o Sol está perpen- dicular ao Trópico de Câncer (23,5° de latitude Norte) será verão (22 de junho − solstício Norte), enquanto o hemisfério Sul está no inverno, com temperaturas mais baixas e noites mais longas. A sazonalidade do clima aumenta com o aumen- to de latitude. Nos círculos árticos e antárticos (66,5° de latitude), existe um dia em cada ano, com contínua luz solar (o Sol nunca se põe) durante o verão e um dia de contínua escuridão (inverno), marcados pelos respecti- vos solstícios. § Equinócio − ponto da órbita da Terra em que se registra uma igual duração do dia e da noite (hemisfério Sul = 20 ou 21 de março, equinócio do outono e 22 ou 23 de setembro, equinócio da primavera). § Solstício − época em que o Sol passa pela sua maior inclinação boreal ou austral (hemisfério Sul = 21 ou 22 de junho na maior inclinação bo- real e nos dias 21 ou 22 de dezembro na maior inclinação austral). O processo acima descrito mostra as variações de temperatura sazonais e latitudinais, mas deixa de ex- plicar por que o ar fica mais frio quando vamos a gran- des altitudes. O monte Kilimanjaro, na África Tropical, por exemplo, tem seu pico eternamente coberto com neve e gelo. Por que os picos das montanhas são mais frios do que as regiões maisbaixas? Eles não estão mais próximos do Sol? A resposta está nas propriedades termais do ar. Densidade e pressão do ar diminuem com o aumento da altitude. Quando o ar na superfície do nível do mar é forçado para as altas elevações, ocorre uma expansão em resposta à menor pressão atmosférica. Nessa ex- pansão o ar se torna mais frio (chama-se esse processo de esfriamento adiabático). A média de esfriamento do ar seco é de cerca de 10 °C para cada mil metros de elevação e, na presença de vapor-d’água, a média de esfriamento é de 6 ºC. Esse aquecimento diferencial da superfície da Terra causa também os ventos que contêm calor e umi- dade e determina as áreas de precipitações. Como já vimos anteriormente, o maior aquecimento ocorre no Equador, especialmente no equinócio, quando o Sol 10 está perpendicular à superfície. O ar tropical é aquecido, se expande, torna-se mais leve do que o ar dos arredo- res e se eleva. Essa elevação produz uma área de menor pressão atmosférica sobre o Equador. Ar mais denso ao sul e norte do Equador flui para essa região de baixa pressão, resultando ventos soprando para a região do Equador. Enquanto isso, o ar equatorial que foi aque- cido e se elevou fica mais frio adiabaticamente, sendo puxado de volta à superfície, cerca de 30° latitude Nor- te e Sul. Essa circulação vertical da atmosfera resulta de três áreas na superfície terrestre, com o ar ascendendo no Equador e cerca de 60° de latitude Norte e Sul e descendo a 30° e nos polos. Essas massas de circulação de ar produzem ventos de superfície que sopram para o Equador entre 30° e 0° e para os polos entre 30° e 60°. Porém, essas células de ventos, influenciadas pelo aquecimento solar, deslocam-se no sentido da direita, em razão da rotação da Terra. Vamos entender melhor o processo: a) o sentido de rotação é de oeste para leste, senti- do anti-horário, portanto, as massas de ar e água irão circular para a direita, na superfície da Terra; b) ao descer nas latitudes 30°, o ar sopra em dire- ção ao Equador (alísios), sentido horário no he- misfério Norte e anti-horário no hemisfério Sul, provocando precipitações nas zonas tropicais e equatoriais; c) na latitude 30°, onde ocorre a descida de ar frio, proveniente das latitudes 0° e 60°, adiabatica- mente, retiram a umidade levando pela superfí- cie para 0 e para 60, ventos alísios e oeste, res- pectivamente; d) nas latitudes 20°, devido à descida de ar frio, re- tirando a umidade, provoca a aridez nas regiões aí localizadas (deserto do Atacama, deserto da Patagônia, deserto de Sonora, deserto de Kalaa- ri, Sahara, deserto do Oriente Médio, deserto do Centro-oeste da Austrália); e) a movimentação de água (oceano) comporta- -se da mesma forma, provocando a chegada de águas quentes na costa leste dos continentes e águas frias na costa oeste. Os ventos também influenciam as grandes cor- rentes marinhas, no sentido anti-horário no hemisfério Sul e no sentido horário no hemisfério Norte. Nos lito- rais oeste dos continentes (leste dos oceanos), ocorre uma ressurgência de grande escala. Ressurgência Ressurgência é processo pelo qual a água fria de pro- fundidade sobe à superfície, trazendo muitos organis- mos, como o fitoplâncton, e a água quente superficial é arrastada pelo vento. O transporte vertical é provocado: a) pelo impacto de massas de água de densidades diferentes; b) regiões onde uma corrente oceânica submarina encontra um obstáculo (talude continental ou elevação submarina) que a força a subir; c) como função entre a direção do vento e a oro- grafia do fundo. As áreas de ressurgência são férteis, pois as águas de profundidades contêm vários nutrientes, e as populações de plâncton, nécton e bentos são sempre numerosas. O padrão global de clima teve poucas mudan- ças ao longo da existência da Terra, logo, podemos determinar a existência de biomas extintos devido à tectônica de placas. A importância do paleoclima é determinar locais apropriados para populações de grupos ancestrais. A atual distribuição de escorpiões ocorre nas regiões subtropicais e tropicais. Como con- sequência, podemos determinar que a origem desse grupo também foi em áreas que ocupavam as latitudes de 30° a 0°. Outro aspecto que devemos ter em mente para entendermos a distribuição dos organismos é o tipo de solo. A razão é que o tipo de solo determina juntamente com o clima o tipo de vegetação predominante, como consequência o tipo de animais que utilizavam tais áreas. 11 Solos Exceto para as regiões polares e os permanentes picos gelados das montanhas mais altas, quase todos os ambien- tes terrestres podem conter vida. Áreas rochosas ou outros substratos estéreis, recentemente criados pela ação vulcânica ou outros eventos geológicos, são gradualmente transformados em regiões que suportam comunidades ecológicas vivas pelo processo de sucessão primária. Esse processo envolve a formação do solo, a reunião de fato- res com desenvolvimento da vegetação, micróbios, plantas e animais. O tipo de vegetação depende primariamente de três fatores: clima, tipo de solo e o estágio de desenvolvimento da vegetação e do solo. O solo é formado pelo desgaste de rochas em consequência da ação erosiva mais a adição de material orgânico em decomposição. O processo pelo qual um novo solo é formado a partir de rochas nuas é usualmente longo e complicado. Envolve a quebra do material inicial, colonização por plantas simples e formas microbiais e uma gradual construção e mistura de materiais inorgânicos com a matéria orgânica em decomposição. Um exemplo clássico: em 1883, uma pequena ilha tropical, a ilha de Cracatoa, na Indonésia, teve uma tremenda erupção vulcânica que matou toda a biota insular, deixando apenas rochas e cinzas. Organismos rapidamente recoloniza- ram a ilha a partir de grandes ilhas próximas (Java e Sumatra) e, em 1934, apenas 50 anos depois da erupção, 35 cm de solo tinha sido formado com uma luxuriante vegetação de floresta tropical úmida com cerca de 300 espécies de plantas. Tipos de solos O conhecimento dos solos vem tendo bastante desenvolvimento, mas o seu conhecimento, grandemente por causa da classificação e sua distribuição muito complexa, é ainda controverso. Entretanto, os quatro maiores processos, ou regimes pedogênicos, produziram quatro tipos primários: são aqueles de áreas florestadas frias (solos podzó- licos), floresta tropical úmida (solos lateríticos), região com arbustos e vegetação herbácea (calcários) e a região polar (gleização). É importante notar que a correlação entre os tipos de solo e o padrão global de clima determinam os biomas terrestres. bIoCIClo terrestre ou epInoCIClo Considerando-se a energia radiante e umidade, podemos dividir a biosfera em diversos biomas terrestres, cujas localizações podem ser identificadas. 12 O biociclo terrestre é constituído por diferentes biomas que sofrem influência de fatores abióticos. Isso significa que conjuntos de fatores abióticos específicos determinam biomas diferentes. Entre os componentes abióticos mais importantes estão a energia radiante recebida na Terra e o vapor-d’água . Os oceanos correspondem às fontes de vapor-d’água para o meio terrestre. O vapor é trazido para a Terra pelo movimento do ar. A água mais aquecida evapora-se mais facilmente do que a água fria. Dessa forma, quando o ar passa sobre águas oceânicas aquecidas, absorve muito vapor-d’água. Quando o ar esfria ao passar para uma área mais fria, o vapor-d’água condensa-se, precipitando-se sob a forma de chuva, ou solidifica-se, caindo sob a forma de neve. Um exemplo disso são as pe- netrações da massa equatorial continental do verão, pelo sul do Brasil, provocando fortes chuvas. Nas regiões de baixa pressão, como ocorre no Equador, chove mais do que nas regiões de alta pressão (polos). bIomas Tundra A tundra localiza-se no Círculo Polar Ártico e não ocorre no Círculo PolarAntártico (polo Sul). Compreende o norte do Alasca e do Canadá, Groenlândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria. Recebe pouca energia solar e pouca precipitação, que ocorre geralmente sob a forma de neve, e o solo permanece a maior parte do ano congelado. Durante a curta estação quente (dois meses), ocorre o degelo da parte superior, rica em matéria orgânica, permi- tindo o crescimento de organismos autótrofos, como algumas espécies de gramíneas, de briófitas e de liquens, que cobrem extensas áreas. O subsolo fica permanentemente congelado − permafrost. A tundra caracteriza-se por apresentar poucas espécies capazes de suportar essas condições desfavoráveis. Existem raras espécies lenhosas, como os salgueiros, mas são excessivamente baixas e crescem paralelas ao solo. As plantas completam o ciclo de vida num espaço de tempo muito curto: germinam as sementes, crescem, produzem grandes flores (comparadas com o tamanho das plantas), são polinizadas, fecundadas e frutificam, dispersando rapidamente as suas sementes. Briófitas Liquens 13 No verão, surgem aves marinhas, roedores, lobos, raposas, doninhas, renas, caribus, além de enxames de moscas e mosquitos. Veja, a seguir, uma amostra da biodiversidade encontrada ao longo do ano, na tundra. Taiga A taiga é também chamada floresta de coníferas ou flo- resta boreal. Localiza-se no norte do Alasca, Canadá, sul da Groenlândia, parte da Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria. Não tem correspondente no hemisfério Sul. Par- tindo-se da tundra, à medida que se desloca para o sul, a estação favorável torna-se mais longa e o clima mais ameno. Em consequência disso, a vegetação é mais rica, surgindo a taiga. Os abetos e os pinheiros formam uma densa cobertura, impedindo o solo de receber luz inten- sa. A vegetação rasteira é pouco representativa. O perío- do de crescimento dura três meses e as chuvas são pou- cas. Os animais são representados por aves, alces, lobos, martas, linces, ursos, roedores etc. Enquanto a vegeta- ção principal da tundra é composta por líquens, musgos e gramíneas rasteiras, a taiga é formada por gimnosper- mas da classe conífera (pinheiros e abetos). Gimnospermas – coníferas (pinheiros) Folhas aciculifoliadas – estróbilos (pinhas/cones) 14 Floresta caducifólia ou floresta decídua temperada Predomina no hemisfério Norte, leste dos Estados Unidos, oeste da Europa, leste da Ásia, Coreia, Japão e partes da China. A quantidade de energia radiante é maior e a pluviosidade atinge de 750 a 1 000 mm, distribuída durante todo o ano. As estações do ano são nítidas. Nesse bioma, a maioria dos arbustos e árvores perde as suas folhas no outono e os animais migram, hibernam ou apresentam adaptações especiais para suportar o frio intenso. As plan- tas são representadas por árvores dicotiledôneas, como nogueiras, carvalhos e faias. Os animais são representados por esquilos, veados, muitos insetos, aves insetívoras, ursos, lobos etc. Outono−inverno: amarelecimento e queda foliar → caducifolia Floresta tropical ou floresta pluvial ou floresta latifoliada A floresta tropical situa-se na região intertropical. A maior área está na Amazônia, a segunda, nas Índias Orientais e a menor, na bacia do Congo (África). O suprimento de energia é abundante e as chuvas são regulares e fartas, podendo ultrapassar 3 000 mm anuais. A principal característica da floresta tropical é a sua estratificação (separa- ção de formação natural ou artificial em estratos ou camadas). A parte superior é formada por árvores que atingem 40 metros de altura, formando um dossel espesso de ramos e folhas. No topo, a temperatura é alta e a umidade é bastante baixa. Debaixo dessa cobertura, há outro estrato de árvores que variam de 5 a 20 metros de altura. 15 Esse estrato médio é quente, mais escuro e mais úmido, apresentando pequena vegetação. O estrato médio caracteriza-se pela presença de cipós e epífitas. A diversificação de espécies vegetais e animais é muito grande. Os biomas, assim como os climas corresponden- tes, não podem ser delimitados com exatidão porque as variações são graduais. Assim, da tundra para a tai- ga, por exemplo, há uma vegetação arbustiva. Na pas- sagem do campo para o deserto ou das savanas para a floresta também aparece sempre uma vegetação de transição. A floresta tropical, também chamada pluvial, caracteriza-se pela grande biodiversidade, tanto vege- tal quanto animal. Nessa floresta, além da vegetação arbórea, há um grande número de cipós e trepadeiras (lianas), além de muitas epífitas. Na floresta temperada, as epífitas são representadas por musgos e liquens, mas nos trópicos correspondem às samambaias, orquídeas, bromélias etc. Lembre-se de que epífita é a planta que vive apoiada no tronco e galhos das árvores. Nessa condição, são beneficiadas por maior luminosidade. A seguir, um galho coberto por epífitas. Ramo de uma árvore da floresta tropical rico em plantas epífitas. Savanas Savanas são definidas como ecossistemas compostos por estrato herbáceo, muitas vezes contínuo ou compartilha- do com estratos arbustivos e arbóreos, que variam na intensidade de cobertura vegetal. Normalmente, as sa- vanas ocorrem por influência edáfica (resulta de fatores inerentes do solo) ou pela ação do fogo e, muitas vezes, de origem antrópica. Além desses fatores, o clima pode ser determinante para o estabelecimento e definição de fisionomias savânicas. Na África, podem ser encontradas savanas em região mais seca no norte do continente, onde o predomínio de indivíduos arbustivo-arbóreos é menor. Os solos são altamente lixiviados e arenosos. Em geral, possuem baixa capacidade de troca catiônica, são pobres em fósforo e nitrogênio e ricos em alumínio e ferro. O cli- ma das regiões savânicas tropicais apresenta variações sazonais com altas e baixas temperaturas, com duas es- tações definidas, uma chuvosa e outra seca. A compo- sição florística das savanas tropicais é muito variável entre as regiões de ocorrência. A vegetação lenhosa é composta por espécies e gêneros característicos nos diferentes con- tinentes. Todavia, o componente herbáceo de todas as savanas tropicais tem o predomínio de apenas duas fa- mílias. Sendo, portanto, menos biodiverso. Os continentes americano, africano, asiático e a Oceania, especialmente a Austrália, abrigam savanas tropicais, em uma área com cerca de 23 milhões de km2. Na África, as savanas ocupam extensas regiões em um cinturão quase contínuo, com- posto por um mosaico savânico, onde varia o predomí- nio de gramíneas, arbustos e árvores devido a diferenças climáticas e edáficas. Podem ser identificados campos abertos xerofíticos (vegetação de regiões áridas) e uma savana florestada, denominada localmente de miombo. As savanas asiáticas, onde predominam campos abertos, ricos em vegetação herbácea, recebem a denominação de patanas. Contudo, savanas verdadeiras são raras na Ásia, sendo, em sua maioria, de origem antrópica. Nas ilhas da Oceania, as savanas também podem ser encontradas, além da Austrália, onde estão sob influência de tempera- turas menores e maior quantidade de chuvas. Todas elas, contudo, permanecem sob influência de um gradiente de precipitação. As savanas neotropicais, além de serem ob- servadas na América Central e Cuba, estendem-se tam- bém em duas grandes áreas na América do Sul. Ao sul do Equador são encontrados, além do cerrado, no Brasil, os llanos de mochos, na Bolívia, aos pés da cordilheira dos Andes, ocupando uma extensa área periodicamente inundada, caracterizada por uma vegetação que varia de campos graminosos a florestas perenifólias. Em regiões tropicais e subtropicais, as savanas são próprias de climas que apresentam precipitações pluviométricas regulares entre 750 e 1 500 mm. No Brasil, quando a precipitação torna-se irregular e inferior àquele limite, a formação ve- getal que passa a ocorrer é a caatinga, também denomi- nada savana-estépica,vegetação exclusiva do semiárido brasileiro. No entanto, a caatinga não é considerada uma formação vegetacional savânica. 16 Savana neotropical − cerrado Savana tropical africana Fauna da savana africana. Campos É um bioma que se caracteriza por apresentar um único estrato de vegetação. O número de espécies é muito gran- de, no entanto, verifica-se um pequeno número de indivíduos de cada espécie. A localização dos campos é muito variada: centro-oeste dos Estados Unidos, centro-leste da Eurásia, parte da América do Sul (Brasil e Argentina) e Austrália. Durante o dia, a temperatura é alta, porém, à noite, é baixa. Há muita luz e vento e pouca umidade. Predominam as gramíneas. Os animais, dependendo da região, podem ser: antílopes-americanos e bisões, roedores, muitos insetos, gaviões, corujas etc. 17 Desertos Os desertos apresentam localização muito variada e se caracterizam por uma vegetação muito esparsa. O solo é extremamente seco, podendo ser arenoso ou pedregoso. O clima árido, a pluviosidade baixa e irregular, permane- cendo abaixo de 250 mm anuais. Durante o dia, a temperatura é alta, mas, à noite, ocorre perda rápida de calor, que se irradia para a atmosfera, e a temperatura torna-se excessivamente baixa. As plantas que se adaptam ao deserto geralmente apresentam um ciclo de vida curto. Durante o período favorável (chuvoso), observa-se uma vegetação sazonal, que cresce, floresce, frutifica, dispersa sementes e morre. As plantas perenes (com ciclo de vida longo), como os cactos, são chamadas de xerófitas, ou seja, possuem conjunto de adaptações para sobreviverem nessas condições adversas de solo e clima. Apresentam sistemas radiculares superficiais que cobrem grandes áreas. Essas raízes estão adaptadas para absorver as águas das chuvas passageiras. O armazenamento de água é muito grande (parênquimas aquíferos). As folhas são transformadas em espinhos (economia de água) e o caule passa a realizar fotossíntese. Os consumidores são predominantemente roedores, obtendo água do próprio alimento que ingerem ou do orvalho. No hemisfério Norte, é muito comum encontrar, nos desertos, arbustos distribuídos uniformemente, como se tivessem sido plantados em espaços regulares. Esse fato se explica como um caso de amensalismo, isto é, os vegetais produzem substâncias que eliminam outros indivíduos que crescem ao seu redor. O cactus Cereus é uma típica xerófita, com longas raízes e um caule tipo cladódio, verde para realizar a fotossíntese em lugar das folhas que são modi- ficadas em espinhos, para reduzir a transpiração e o acúmulo de reservas, tanto água quanto alimentos nos parênquimas de reserva. 18 os bIomas brasIleIros Os biomas são conjuntos de ecossistemas que interagem formando uma unidade paisagística coerente. Cada bio- ma terrestre caracteriza-se pelo tipo vegetal ou estrato dominante: árvores (arbóreo), ervas (herbáceo), arbustos (arbustivo), formações mistas etc. Enfim, o bioma é um grupamento de fisionomia homogênea e independente da composição florística. Entende-se por uma área geográfica bastante grande e sua existência é controlada pelo macroclima. Floresta Amazônica O ecossistema é frágil. A floresta vive do seu próprio material orgânico. O ambiente é úmido e as chuvas são abundantes. A menor imprudência pode causar danos irreversíveis ao seu equilíbrio delicado. A taxa anual de desmatamento na Amazônia cresceu 34% depois da Rio-92. Na Amazônia, vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no Planeta. Ela é um gigante tropical de 5,5 milhões de km2, dos quais 60% estão em território brasileiro. O restante se reparte entre as duas Guianas, Suriname, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Além de 2 500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical do mundo), a Amazônia também abriga muita água. O rio Amazonas − a maior bacia hidrográfica do mundo, que cobre uma extensão aproximada de 6 milhões de km2 − corta a região para desaguar no oceano Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões 19 de litros de água. Esse número corresponde a 20% da vazão conjunta de todos os rios da Terra. Nessas águas se encontra o maior peixe de água doce do mundo: o pirarucu, que atinge até 2,5 metros de comprimento. Todos os números que envolvem indicadores desse bioma são enormes. Uma boa ideia da exuberân- cia da floresta está na fauna local. Das cem mil espécies de plantas que ocorrem em toda a América Latina, 30 mil estão na Amazônia. A diversidade em espécies vegetais se repe- te na fauna da região. Os insetos, por exemplo, estão presentes em todos os extratos da floresta. Os animais rastejadores, os anfíbios e aqueles com capacidade para subir em locais íngremes, como o esquilo, exploram os níveis baixos e médios. Os locais mais altos são explo- rados por beija-flores, araras, papagaios e periquitos, à procura de frutas, brotos e castanhas. Os tucanos, voa- dores de curta distância, exploram as árvores altas. O nível intermediário é habitado por jacus, gaviões, coru- jas e centenas de pequenas aves. No extrato terrestre, estão os jabutis, cutias, pacas, antas etc. Os mamífe- ros aproveitam a produtividade sazonal dos alimentos, como os frutos caídos das árvores. Esses animais, por sua vez, servem de alimentos para grandes felinos e co- bras de grande porte. Mais de 12% da área original da floresta Ama- zônica já foram destruídos devido a políticas governa- mentais inadequadas, modelos inapropriados de ocupa- ção do solo à pressão econômica, que levou à ocupação desorganizada e ao uso não sustentável dos recursos naturais. Muitos imigrantes foram estimulados a se ins- talar na região, levando com eles métodos agrícolas im- próprios para a Amazônia. Uma das medidas tomadas pelo governo para proteção da floresta foi a moratória de dois anos, a partir de 1996, para concessão de novas autorizações para a exploração de mogno e virola. Como o desma- tamento de florestas tropicais representa uma ameaça constante à integridade de centenas de culturas indíge- nas, tais medidas são de significativa importância. No caso da virola, projetos que produzem sua conservação ou manejo adequado são fundamentais. A espécie, que chegou a ocupar o segundo lugar em valor na pauta de exportações de madeiras brasileiras, prati- camente não é mais explorada comercialmente devido ao esgotamento das florestas nativas do gênero. Já o mogno, biologicamente adaptado às per- turbações naturais, não se regenera bem quando está sujeito a práticas de corte seletivo, ou seja, quando so- mente uma (mogno) ou poucas espécies são cortadas. O seu plantio tem sido extremamente difícil devido à suscetibilidade a pestes naturais. Infelizmente, na última reunião da Cites (Convenção sobre o Comércio Interna- cional de Espécies Ameaçadas), realizada em junho de 1997, o mogno não foi incluído no Apêndice II. A Cites regulamenta o comércio de espécies com valor comer- cial sob risco de extinção. O Apêndice II estabelece que o comércio internacional dessas espécies só pode ser realizado com a permissão de exportação dada por uma autoridade científica local − atestando a sustentabili- dade da exploração − e também por uma autoridade administrativa. Mata Atlântica A Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo. Cobria 1 milhão de km2, ou 12% do território nacional, estendendo-se do Rio Gran- de do Norte ao Rio Grande do Sul. Hoje, está reduzida a apenas 7% de sua área original. Apesar da devastação sofrida, a riqueza das espécies animais e vegetais que ainda se abrigam na Mata Atlântica é espantosa. Em alguns trechos remanescentes de floresta, os níveis de biodiversidade são considerados os maio- res do Planeta. Em contraste com essa exuberância, as estatísticas indicam que mais de 70% da população brasileira vive na região da Mata Atlântica. Além de abrigar a maioria das cidadese regiões metropoli- tanas do País, a área original da floresta sedia também os grandes polos industriais, petroleiros e portuários do Brasil, respondendo por nada menos de 80% do PIB nacional. 20 A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. Espécies imponentes de árvores são encontradas na região, como a jequitibá-rosa, de 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro. Também des- tacam-se nesse cenário várias outras espécies: o pinhei- ro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil, entre muitas outras. Na diversidade da Mata Atlântica, são encontradas matas de altitude, como as da serra do Mar (1 100 metros) e Itatiaia (1 600 metros), onde a neblina é constante. Paralelamente à riqueza ve- getal, a fauna é a que mais impressiona na região. A maior parte das espécies de animais brasileiros amea- çados de extinção é originária da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista, também vivem na área gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc. Reduzida a apenas 7% de sua área original, a Mata Atlântica continua sendo devastada. Percebe-se que a mata é estratificada: A) estrato superior: com árvores que podem alcançar até 30 metros de altura; B) estrato intermediário: com árvores e palmeiras que atingem até 20 metros; C) estrato inferior: com pequenas árvores, arbustos e samambaias que chegam até 5 metros; e D) estrato herbáceo: com grande quantidade de plântulas em crescimento. Durante 500 anos, a Mata Atlântica propiciou lu- cro fácil ao homem. Madeiras, orquídeas, corantes, pa- pagaios, ouro, produtos agrícolas e muito mais serviram ao enriquecimento de muita gente, além das próprias queimadas, que deram lugar a uma agricultura impru- dente e insustentável. Por muitos anos, nenhuma restrição foi imposta a essa fome por dinheiro. A Mata Atlântica é o ecossis- tema brasileiro que mais sofreu os impactos ambientais dos ciclos econômicos da história do País. Primeiro, ainda no século XVI, houve a extra- ção predatória do pau-brasil, utilizado para tintura e construção. A segunda grande investida foi o ciclo da cana-de-açúcar. Constatada a fertilidade do solo, extensos trechos de Mata Atlântica foram derrubados para dar lugar aos canaviais. No século XVIII, foram as jazidas de ouro que atraíram para o interior um gran- de número de portugueses. A imigração levou a novos desmatamentos, que se estenderam até os limites com o cerrado, para a implantação de agricultura e pecuária. No século seguinte, foi a vez do café, provocan- do a marcha ao sul do Brasil e, então, chegou a vez da extração da madeira. No Espírito Santo, as ma- tas passaram a ser derrubadas para o fornecimento de matéria-prima para a indústria de papel e celulose. Em São Paulo, a implantação do Polo Petroquímico de Cubatão tornou-se conhecida internacionalmen- te como exemplo de poluição urbana. Esse processo desorientado de desenvolvimento ameaça inúmeras espécies, algumas quase extintas, como o mico-leão- -dourado, a onça-pintada e a jaguatirica. As imagens de satélite foram cruzadas com os limites municipais, rede hidrográfica e mapa das uni- dades de conservação. O detalhamento revelou que a floresta mais próxima da extinção é a umbrófila mista, enquanto que a mais protegida em parques e estações é a umbrófila densa, a floresta das encostas litorâneas. Foram classificados ainda os desmates na mata estacio- nal semidecidual, estacional decidual e umbrófila aber- ta. A regeneração só foi computada em estágio avan- çado, ou seja, mata secundária com árvores adultas e dossel fechado. 21 Cerrado Os viajantes que desbravaram o interior do Brasil, há décadas, atravessaram extensas áreas cobertas por um tapete de gramíneas com arbustos e pequenas árvores retorcidas. A primeira impressão era de uma vegetação seca, marcada por queimadas. Mas, de perto, o cerrado apresentava toda a sua beleza de flores exóticas e plan- tas medicinais desconhecidas da medicina tradicional, como arnica, catuaba, jurubeba, sucupira e angi- co. Somava-se a isso uma grande variedade de animais. O equilíbrio desse sistema, cuja biodiversidade pode ser comparada à amazônica, é de fundamental importância para a estabilidade dos demais ecossistemas brasileiros. A extensa região do Brasil central compõe-se de um mosaico de tipos de vegetação, solo, clima e topo- grafia bastante heterogêneos. O cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas pela floresta Amazônica. São 2 milhões de km2 espalha- dos por dez Estados. O cerrado é uma “savana” tropi- cal, na qual a vegetação herbácea coexiste com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos. O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fer- tilidade, tem altos níveis de ferro e alumínio. Todavia, o cerrado tem a seu favor o fato de ser cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, São Francisco e Prata), favorecendo a manutenção de uma biodiversidade surpreendente. Estima-se que a flora da região possua dez mil espécies de plantas diferentes (muitas delas usadas na produção de cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do uso medicinal e alimentício). Isso sem contar as 400 es- pécies de aves, 67 gêneros de mamíferos e 30 tipos de morcegos catalogados na área. O número de insetos é surpreendente: apenas na área do Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas. Depois da Mata Atlântica, o cerrado é o ecos- sistema brasileiro que mais alterações sofreu com a ocupação humana. Um dos impactos ambientais mais graves na região foi causado pelos garimpos, que contaminaram os rios com mercúrio e provocaram o assoreamento (acúmulo de detritos e outros materiais nos leitos de rios e lagoas) dos cursos de água. A erosão causada pela atividade mineradora tem sido tão intensa que, em alguns casos, chegou até mesmo a impossibili- tar a própria extração do ouro rio abaixo. Nos últimos anos, contudo, a expansão da agricultura e da pecuária representa o maior fator de risco para o cerrado. A partir de 1950, tratores come- çaram a ocupar sem restrições os habitats dos animais. O uso de técnicas de aproveitamento intensivo dos so- los tem provocado, desde então, o esgotamento de seus recursos. A utilização indiscriminada de agrotóxicos e fertilizantes tem contaminado também os solos e as águas. A expansão agropecuária foi o fator fundamen- tal para a ocupação do cerrado em larga escala. A fauna encontrada na região também recebe pouca atenção no que concerne a sua conservação e proteção. O resultado é que o cerrado está acabando: metade da sua área já foi desmatada, e se esse ritmo continuar até o ano 2000, o desmatamento vai chegar a 70%. Essa situação está causando a fragmentação de áreas e comprometendo seriamente os processos man- tenedores da biodiversidade do cerrado. Caatinga O cenário árido é uma descrição da caatinga – na lín- gua indígena que dizer “mata branca” –, que durante o prolongado período de seca correspondente ao inverno. Quando chega o verão, as chuvas encharcam a terra e o verde toma conta da região. A caatinga distribui-se pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sudeste do Piauí e norte de Minas Gerais. 22 Os cerca de 20 milhões de brasileiros que vivem nos 800 mil km2 de caatinga nem sempre podem contar com as chuvas de verão. Quando não chove, o homem do sertão e sua família sofrem muito. Precisam cami- nhar quilômetros em busca da água dos açudes. A irre- gularidade climática é um dos fatores que mais interfere na vida do sertanejo. Mesmo quando chove, o solo raso e pedregoso não consegue armazenar a água que cai, e atempe- ratura elevada (médias entre 25 ºC e 29 ºC) provoca intensa evaporação. Por isso, somente em algumas áre- as próximas às serras, onde a abundância de chuvas é maior, a agricultura se torna possível. Na longa estiagem, os sertões são, muitas vezes, semidesertos nublados, mas sem chuva. O vento seco e quente não refresca, incomoda. A vegetação xero- morfa adaptada ao clima apresenta muito escleromor- fismo, que a protege. As folhas, por exemplo, são finas ou inexistentes. Algumas plantas armazenam água, como os cactos, ou- tras se caracterizam por terem raízes praticamente na superfície do solo para absorver rapidamente o máximo da chuva. Algumas das espécies mais comuns da região são a amburana, aroeira, umbu, baraúna, maniçoba, macambra, mandacaru e juazeiro. O homem complicou ainda mais a dura vida no sertão. Fazendas de criação de gado começaram a ocupar o cenário na época do Brasil colônia. Os primei- ros a chegar pouco entendiam a fragilidade da caatinga, cuja aparência árida denuncia uma falsa solidez. Para combater a seca foram construídos açudes para abas- tecer de água os homens, seus animais e suas lavouras. Desde o Império, quando essas obras tiveram início, o governo prossegue com o trabalho. Os grandes açudes atraíram fazendas de criação de gado. Em regiões como o vale do São Francisco, a irrigação foi incentivada sem o uso de técnica apropriada e o resultado tem sido de- sastroso. A salinização do solo é, hoje, uma realidade. Especialmente na região, onde os solos são rasos e a evaporação da água ocorre rapidamente devido ao calor, a agricultura nessas áreas tornou-se impraticável. Outro problema é a contaminação das águas por agrotóxicos. Depois de aplicado nas lavouras, o agrotó- xico escorre das folhas para o solo, levado pela irrigação, e daí para as represas, matando os peixes. Nos últimos 15 anos, 40 mil km2 de caatinga se transformaram em deserto devido à interferência do homem sobre o meio ambiente da região. As siderúrgicas e olarias também são res- ponsáveis por esse processo, devido ao corte da vegetação nativa para produção de lenha e carvão vegetal. O sertão nordestino é uma das regiões semiáridas mais povoadas do mundo. A diferença entre a caatinga e áreas com as mesmas características em outros países é que as populações se concentram onde existe água, pro- movendo um controle rigoroso da natalidade. No Brasil, entretanto, o homem está presente em toda parte, ten- tando garantir a sua sobrevivência na luta contra o clima. A caatinga é coberta por solos relativamente férteis. Embora não tenha potencial madeireiro, exceto pela extração secular de lenha, a região é rica em recur- sos genéticos, dada a sua alta biodiversidade. Por outro lado, o aspecto agressivo da vegetação contrasta com o colorido diversificado das flores emer- gentes no período das chuvas, cujo índice pluviométrico varia entre 300 e 800 milímetros anualmente. A caa- tinga apresenta três estratos: arbóreos (8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e a herbáceo (abai- xo de 2 metros). Contraditoriamente, a flora dos sertões, constituída por espécies com longa história de adap- tação ao calor e à secura, é incapaz de reestruturar-se naturalmente, se máquinas forem usadas para alterar o solo. A degradação é, portanto, irreversível na caatinga. No meio de tanta aridez, a caatinga surpreen- de com suas “ilhas de umidade” e solos férteis. São os chamados brejos, que quebram a monotonia das condições físicas e geológicas dos sertões. Nessas ilhas, é possível produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares aos trópicos do mundo. 23 Através de caminhos diversos, os rios regionais saem das bordas das chapadas, percorrem extensas depressões entre os planaltos quentes e secos e aca- bam chegando no mar ou engrossando as águas do São Francisco e do Parnaíba (rios que cruzam a caatinga). Das cabeceiras até as proximidades do mar, os rios com nascente na região permanecem secos por cinco a sete meses do ano. Apenas o canal principal do São Francis- co mantém seu fluxo através dos sertões, com águas trazidas de outras regiões climáticas e hídricas. Quando chove, no início do ano, a paisagem muda muito rapidamente. As árvores cobrem-se de fo- lhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fau- na volta a engordar. Na caatinga, vive a ararinha-azul, ameaçada de extinção. Outros animais da região são o sapo-cururu, asa-branca, cutia, gambá, preá, veado-ca- tingueiro, tatu-peba e a sagui-do-nordeste, entre outros. Pantanal O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios naturais do Brasil. Maior área úmida continental do Planeta − com 140 mil km2 em território brasileiro −, destaca-se pela riqueza da fauna, onde dividem espaço 650 espé- cies de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis. As chuvas fortes são comuns no Pantanal. Os terrenos, quase sempre planos, são alagados perio- dicamente por inúmeros córregos e vazantes entreme- ados de lagoas e leques aluviais, ou seja, muita água. Na época das cheias, esses “corpos” comuni- cam-se e mesclam-se com as águas do rio Paraguai, renovando e fertilizando a região. Contudo, assim como nos demais ecossistemas brasileiros, onde a ocupação predatória vem provocando destruição, a interferência no Pantanal também é sentida. Embora boa parte da região continue inexplorada, muitas ameaças surgem em decorrência do interesse econômico que existe so- bre essa área. A situação começou a se agravar nos úl- timos 20 anos, sobretudo pela introdução de pastagens artificiais, a exploração das áreas de mata e o turismo predatório. O equilíbrio desse ecossistema depende, basica- mente, do fluxo de entrada e saída de enchentes que, por sua vez, está diretamente ligada à pluviosidade re- gional. De forma geral, as chuvas ocorrem com maior frequência nas cabeceiras dos rios, que deságuam na planície. Com o início do trimestre chuvoso nas regiões altas (a partir de novembro), sobe o nível de água do rio Paraguai, provocando, assim, as enchentes. O mes- mo ocorre paralelamente com os afluentes do Paraguai, que atravessam o território brasileiro, cortando uma ex- tensão de 700 km. As águas vão se espalhando e cobrindo, con- tinuamente, vastas extensões em busca de uma saída natural, que só é encontrada centenas de quilômetros adiante no encontro do rio com a oceano Atlântico, fora do território brasileiro. As cheias chegam a cobrir até dois terços da área pantaneira. A partir de maio, então, inicia-se a “vazante”, e as águas começam a baixar len- tamente. Quando o terreno volta a secar, permanece, sobre a superfície, uma fina camada de lama humífera (mistura de areia, restos de animais e vegetais, semen- tes e húmus), propiciando grande fertilidade ao solo. Os impactos aumentaram nos últimos 20 anos com a in- trodução de pastagens artificiais. A natureza faz repetir, anualmente, o espetáculo das cheias, proporcionando ao Pantanal a renovação da fauna e flora local. Esse enorme volume de água, que praticamente cobre a região pantaneira, forma um verdadeiro mar de água doce, onde milhares de peixes proliferam. Peixes pequenos servem de alimento a espécies maiores ou a aves e animais, promovendo uma intrincada teia ali- mentar. 24 Quando o período da vazante começa, uma grande quantidade de peixes fica retida em lagoas ou baías, não conseguindo retornar aos rios. Durante meses, aves e animais carnívoros: jacarés, ariranhas e onças têm, portanto, um farto banquete à sua dispo- sição. As águas continuam baixando mais e mais e, nas lagoas, agora bem rasas, peixes como o dourado, o pacú e a traíra podem ser apanhados com as mãos pelos homens. Aves grandes e pequenas são vistas planando sobre as águas, formando em espetáculo de grande beleza. O Pantanal tem passado por transformações len- tas, mas significativas nas últimas décadas. O avanço daspopulações e o crescimento das cidades são uma ameaça constante. A ocupação desordenada das regiões mais altas, onde nasce a maioria dos rios, é o risco mais grave. A agricultura indiscriminada está pro- vocando a erosão do solo, além de contaminá-lo com o uso excessivo de agrotóxicos. O resultado da destruição do solo é o asso- reamento dos rios, fenômeno que tem mudado a vida no Pantanal. Regiões que antes ficavam alagadas nas cheias e completamente secas quando as chu- vas paravam agora ficam permanentemente sob as águas. Também impactaram o Pantanal nos últimos anos o garimpo, a construção de hidrelétricas, o turismo desorganizado e a caça, empreendida principalmente por ex-peões que, sem trabalho, pas- saram a integrar verdadeiras quadrilhas de caçadores de couro. Porém, foi a partir de 1989 que o risco de um de- sequilíbrio total do ecossistema pantaneiro ficou mais próximo de se tornar uma triste realidade. A razão dessa ameaça é o megaprojeto de construção de uma hidro- via de mais de 3 400 km nos rios Paraguai (o principal curso de água do Pantanal) e Paraná − ligando Cáceres, no Mato Grosso, à Nova Palmira, no Uruguai. A ideia é alterar, com a construção de diques e trabalhos de dragagem, o percurso do rio Paraguai, fa- cilitando o movimento de grandes barcos e, consequen- temente, o escoamento da produção de soja brasileira até o país vizinho. O problema é que isso afetará também todo o escoamento de águas da bacia. O resultado desse pro- jeto pode ser a destruição do refúgio onde vivem hoje milhares de espécies de animais e plantas. Campos Além de florestas tropicais, do Pantanal, cerrado e ca- atinga, os campos também fazem parte da paisagem brasileira. Esse tipo de vegetação é encontrado em dois lugares distintos: os campos de terra firme (sava- nas de gramíneas baixas) são característicos do norte da Amazônia, Roraima, Pará e ilhas do Bananal e de Marajó, enquanto os campos limpos (estepes úmidas) são típicos da região Sul. De um modo geral, o campo limpo é destituí- do de árvores, bastante uniforme e com arbustos es- palhados e dispersos. Já nos campos de terra firme, as árvores, baixas e espalhadas, se integram totalmente à paisagem. Em ambos os casos, o solo é revestido de gra- míneas, subarbustos e ervas. Entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os campos formados por gramíne- as e leguminosas nativas se estendem como um tapete verde por mais de 200 000 km2, tornado-se mais densas e ricas nas encostas. Nessa região, com muita mata en- tremeada, as chuvas distribuem-se regularmente pelo ano todo e as baixas temperaturas reduzem os níveis de evaporação. Tais condições climáticas acabam favorecendo o crescimento de árvores. Bem diferentes, entretanto, são os campos, que dominam áreas do Norte do País. 25 Diferenças entre Sul e Norte § O domínio das florestas e dos campos meridio- nais se estende desde o Rio Grande do Sul até parte dos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo. O clima é ameno e o solo naturalmente fértil. A junção destes dois fatores favoreceu a colonização acelerada no último século, princi- palmente por imigrantes europeus e japoneses, que alcançaram elevados índices de produtivida- de na região. § Os campos do Sul ocorrem no chamado “pam- pa”, uma região plana de vegetação aberta e de pequeno porte, que se estende do Rio Grande do Sul para além das fronteiras com a Argenti- na e o Uruguai, no interior do estado. Esse tipo de vegetação ocorre em área contínua no Sul e também como manchas dispersas encravadas na floresta Atlântica do Rio Grande do Norte até o Paraná. São áreas planas, revestidas de gra- míneas e outras plantas encontradas de forma escassa, como tufos de capim que atingem até 1 metro de altura. § Descendo ao litoral do Rio Grande do Sul, a pai- sagem é marcada pelos banhados, isto é, ecos- sistemas alagados com densa vegetação de juncos, gravatás e aguapés que criam um habi- tat ideal para uma grande variedade de animais, como garças, marrecos, veados, onças-pintadas, lontras e capivaras. O banhado do Taim é o mais importante devido à riqueza do solo. Tentativas extravagantes de drená-Io para uso agrícola fo- ram definitivamente abandonadas a partir de 1979, quando a área transformou-se em estação ecológica. Mesmo assim, a ação de caçadores e o bombeamento das águas pelos fazendeiros das redondezes continuam a ameaçar o local. Mas enquanto sobra água no Sul, os campos do norte do Brasil se caracterizam por áreas secas e de florestas dominadas pelas palmeiras. § Tais florestas se situam entre a Amazônia e a ca- atinga e se formam a partir do desmatamento da vegetação nativa. Livre da competição de outras plantas, as palmeiras de babaçu e carnaúba, o buriti e a oiticica se desenvolvem rapidamente, algumas chegando a atingir ate 15 metros de altura. Existem também áreas de campos “na- turais”, com vegetação de porte mais raquítico, que ocorrem como manchas no norte da floresta Amazônica. § Devido à riqueza do solo, as áreas cultivadas do Sul se expandiram rapidamente sem um sistema adequado de preparo, resultando em erosão e outros problemas que se agravam progressiva- mente. Os campos são amplamente utilizados para a produção de arroz, milho, trigo e soja, às vezes em associação com a criação de gado. A desatenção com o solo, entretanto, leva à de- sertificação, registrada em diferentes áreas do Rio Grande do Sul. § Para expandir a área plantada, colonos alemães e italianos iniciaram, na primeira metade do sé- culo, a exploração indiscriminada de madeira. Árvores gigantescas e centenárias foram der- rubadas e queimadas para dar lugar ao cultivo de milho, trigo e videira, principalmente. A mata das araucárias de porte alto e copa em forma de prato, estendia-se do sul de Minas Gerais e São Paulo até o Rio Grande do Sul, formando cerca de 100 mil km2 de matas de pinhais. Na sua sombra cresciam espécies como a imbuia, o cedro, a canela, entre outras. Hoje, mais da metade desse bioma foi destruído, assim como diversas espécies de roedores que se alimenta- vam do pinhão, aves e insetos. O que resta está confinado a áreas de conservação do estado. Por mais de 100 anos, a mata dos pinhais alimentou a indústria madeireira do Sul. O pinho, madeira bastante popular na região, foi muito usado na construção de casas e móveis. § A criação de gado e ovelhas também faz parte da cultura local. Porém, repetindo o mesmo erro dos agricultores, o pastoreio está provocando a degradação do solo. Na época de estiagem, quando as pastagens secam, o mes- mo número de animais continua a disputar áreas menores. Com o pasto quase desnudo, cresce a pressão sobre o solo que se abre em veios. Quan- do as chuvas recomeçam, as águas correm por essas depressões dando início ao processo de erosão. O fogo utilizado para eliminar restos de pastagem secas, torna o solo ainda mais frágil. 26 Zona costeira O Brasil possui uma linha contínua de costa Atlântica de 8 mil km de extensão, uma das maiores do mundo. Ao longo dessa faixa litorânea, é possível identificar uma grande diversidade de paisagens, como dunas, ilhas, recifes, costões rochosos, baías, estuários, brejos e falé- sias. Mesmo os ecossistemas que se repetem ao longo do litoral, como praias, restingas, lagunas e manguezais, apresentam diferentes espécies de animais e vegetais. Isso se deve, basicamente, às diferenças climáticas e geológicas. Grande parte da zona costeira, entretanto, está ameaçada pela superpopulação e por atividades agríco- las e industriais. É ai, seguindo essa imensa faixa litorâ- nea, que vive mais da metade da população brasileira. Há muito ainda para se conhecer sobre a dinâmica eco- lógica do litoral brasileiro. Complexos sistemas costeiros distribuem-se ao longo do litoral, fornecendo áreas para a criação, crescimento e reproduçãode inúmeras espé- cies de flora e fauna. Somente na costa do Rio Grande do Sul − conhecida como um centro de aves migratórias − foram registradas, aproximadamente, 570 espécies. Muitos desses pássaros utilizam a costa brasi- leira para alimentação, abrigo ou como rota migratória entre a América do Norte e as partes mais ao sul do continente americano. A faixa litorânea brasileira tam- bém tem sido considerada essencial para a conservação de espécies ameaçadas em escala global, como as tar- tarugas-marinhas, as baleias e o peixe-boi-marinho. É importante ressaltar que a destruição dos ecossistemas litorâneos é uma ameaça para o próprio homem, uma vez que põe em risco a produção pesqueira − uma rica fonte de alimento. A integridade ecológica da costa brasileira é pressionada pelo crescimento dos grandes centros ur- banos, pela especulação imobiliária sem planejamento, pela poluição e pelo enorme fluxo de turistas. A ocu- pação predatória vem ocasionando a devastação das vegetações nativas, o que leva, entre outras coisas, à movimentação de dunas e até ao desabamento de mor- ros. O aterro dos manguezais, por exemplo, coloca em perigo espécies animais e vegetais, além de destruir um importante “filtro” das impurezas lançadas na água. As raízes parcialmente submersas das árvores do mangue espalham-se sob a água para reter sedimentos e evitar que eles escoem para o mar. Alguns mangues estão estrategicamente situados entre a terra e o mar, formando um estuário para a reprodução de peixes. Já a expulsão das populações caiçaras (pesca- dor ou o caipira do litoral) está acabando com uma das culturas mais tradicionais e ricas do Brasil. Outra ação danosa é o lançamento de esgoto no mar, sem qual- quer tratamento. Operações de terminais marítimos têm provocado o derramamento de petróleo, entre outros problemas graves. Manguezais Muitos são os fatores que comprometem o equilíbrio dos manguezais. Devido à sua localização de fácil aces- so, ao desconhecimento e à pouca veiculação de sua importância e, principalmente, ao descaso, alguns man- guezais tornaram-se alvo de depredações que incluem aterramento para ocupação, desmatamento para uso da vegetação, como lenha, poluição das águas por derra- mamento de petróleo ou por depósito de lixo. Manguezais são ecossistemas estuarinos que se desenvolvem em terras planas, baixas e de substrato lo- doso, localizadas nas costas litorâneas das regiões tro- picais, junto aos desaguadouros dos rios, no fundo de baías e nas enseadas. Quando os manguezais estão em terrenos de baixo ou médio teor de salinidade, os bos- ques de mangues, fixados sobre terreno lodoso, apre- 27 sentam características fisionômicas e funcionais muito particulares. São típicas deles os seguintes fatores: tem- peraturas tropicais; área constantemente sob controle e o fluxo das marés; depósito volumoso de silte e areia fina, argila e grande quantidade de matéria orgânica. Os manguezais localizam-se, na sua grande maioria, fora dos litorais de mar aberto. Estão sempre associados às áreas de fortes marés; porém, abriga- dos dos fortes ventos e das ressacas, caracterizam-se também por uma vegetação halofita (plantas terres- tres adaptadas a viver no mar ou perto dele) tropical de mata, com poucas espécies que crescem na vasa marítima da costa ou estuária dos rios. Os manguezais de todo o mundo ocupam uma área de, aproximada- mente, 20 milhões de hectares, distribuídos, principal- mente, nas latitudes intertropicais: calcula-se que 75% das linhas de costas tropicais do mundo são dominadas por esse tipo de vegetação. No Brasil, os manguezais espalham-se por toda a faixa litorânea, desde o Amapá até Santa Catarina. Os manguezais são ecossistemas importantes para as populações que vivem fixadas ao longo do lito- ral dos trópicos. A diversidade e a quantidade de crus- táceos, moluscos e peixes que vivem nos mangues, não garantem somente a alimentação dessas populações. É comum a prática de uma indústria de pescado ao lon- go dessas formações naturais. Nove em cada dez peixes pescados no mundo inteiro provêm de áreas costeiras e baías que, juntas, não somam 10% da superfície mari- nha. A responsabilidade pela concentração de cardumes nesse espaço reduzido de mar cabe aos recém-valoriza- dos manguezais. Ao ser atacada por fungos e protozo- ários, a vegetação dos manguezais perde folhas, frutos e flores, que começam a degradar-se. No solo lodoso, eles se combinam com uma série de proteínas e minerais transportados pela água doce dos rios, chuvas e lençóis freáticos. O calor do Sol, finalmente, ajuda milhões de micróbios, presentes tanto no solo como na água salga- da dos mares, a terminarem a receita de um caldo nutri- tivo que alimenta, por exemplo, os filhotes de camarões. As moléculas de nutrientes enchem a barriga de larvas e peixes pequenos que, por sua vez, alimentam espécies marinhas maiores. A fartura de comida típica dos manguezais torna possível sua superpopulação. Convivem até 10 mil indivíduos entre peixes, moluscos e crustáceos por metro quadrado. No Brasil, predominam três espécies de árvores: o mangue-vermelho (Rhizophora mangle), o mangue- -siriuba ou mangue-preto (Avicennia schaueriana) e o mangue-branco (Laguncularia racemosa). Além destas, encontra-se o florido algodoeiro-da-praia (Hibiscus pernambucensis), embora não seja uma árvore exclu- siva dos manguezais. Comodamente, sobre as árvores, crescem bromélias, samambaias e orquídeas. Diversos peixes e invertebrados marinhos deso- vam nos mangues, uma das razões dessa escolha é a temperatura quente, ideal para o desenvolvimento dos embriões. O solo, escuro por causa da grande quanti- dade de material orgânico em sua composição, absorve praticamente toda a luz solar, liberando essa energia na forma de calor. Além disso, os manguezais podem oferecer mais segurança à prole. As florestas de mangues não servem de mater- nidade apenas para espécies marinhas: fêmeas de aves, como o pelicano e o guará, passam a viver nos man- guezais, durante a época de reprodução. Outros animais fixam sua residência nesses bosques litorâneos para o resto de sua vida. É o caso do aratu, uma espécie de ca- ranguejo que raramente desce das árvores, alimentando- -se das algas agarradas nos troncos. As ostras também formam imensas populações sobre as raízes aéreas, na companhia de siris, camarões e uma série de moluscos, como o sururu, que carrega uma concha violácea. Papel ecológico dos manguezais § Retêm a invasão dos mares nos rios e impedem que o mar, quando em ressaca, invada o litoral, protegendo-o. § Servem de abrigo para vários animais, entre os quais estão moluscos, crustáceos, peixes, aves e mamíferos, que somam dez mil, e também en- contramos dois milhões de micro-organismos. § Servem de maternidade e rica fonte de alimentos para milhares de animais. § Permitem que inúmeras populações ribeirinhas se sustentem da pesca artesanal e, assim, man- tenham sua cultura e tradições. § Garantem os grandes estoques reguladores de pescados para a indústria pesqueira, visto que as espécies comercializadas iniciam suas vidas nos es- tuários, se alimentando e se protegendo nos man- guezais, ou dependem de espécies que o fazem. 28 § Apresentam grande capacidade autodepuradora, que permite a intensa decomposição de todo material orgânico que chega pelos rios. § Fixam todos os materiais vindos do continente, sejam produtos de erosão, resíduos e esgotos de cidades que são trazidos pelos rios, evitando, muitas vezes, a poluição dos mares. SITUAÇÃO ATUAL DOS PRINCIPAIS IMPACTOS SOBRE OS BIOMAS BRASILEIROS bioma área impactos Amazônia legal 5 milhões km 2 (60% do território brasileiro) Garimpo de ouro, mineração industrial e indústria de alumínio; projetos agropecuários e de colonização; usinas hidrelétricas; indústria de ferro gusa (energiabarata e alto custo ambiental); destruição da cultura indíge- na; caça e pesca predatória; turismo ecológico predatório. Mata Atlântica 1,3 milhão km 2 (área atual: 52 mil km2) Sede de várias regiões metropolitanas; polos industriais; atividade portu- ária; agroindústria de açúcar, álcool, papel e celulose; transporte de com- bustíveis em oleodutos e gasodutos; expansão urbana desordenada na faixa litorânea; mineração de granito, calcário e areia; extração mineral – petróleo, gás, salgema e carvão; falta de fiscalização em uc; sobrepesca; destruição de habitats. Cerrados 2 milhões km 2 (antrópica: 700 mil km2) Grandes projetos agropecuários (monocultura extensiva, uso de grandes quantidades de agrotóxicos, uso de mecanização intensiva e queimadas); expansão urbana desordenada com elevadas taxas de migração (degra- dação de recursos hídricos da bacia do Pantanal); invasão de reservas in- dígenas; garimpo de ouro e pedras preciosas; indústria de transformação (produção de cimento e calcário agrícola); destruição de habitats. Caatinga 1 100 mil km 2 (antrópica: 800 mil km2) Grandes latifúndios (desmatamentos, controle de recursos hídricos, êxodo rural e intensa desertificação); prospecção e exploração de combustíveis fósseis – petróleo e gás natural; siderúrgicas, olarias e outras indústrias com grande desmatamento para produção de lenha e carvão vegetal; pas- tagens gerando perda de matéria orgânica do solo e erosão; irrigação e drenagem (salinização do solo, contaminação com agrotóxicos e assore- amento de açudes). Pantanal 150 mil km 2 (área inundável: 100 mil km2 Pecuária extensiva; pesca predatória e caça ao jacaré; garimpo de ouro e pedras nos rios Paraguai e São Lourenço; turismo e migração desorde- nados e predatórios; manejo inadequado dos cerrados (assoreamentos, erosão e contaminação dos rios com biocidas e fertilizantes). Campos/Matas de Araucária 210 mil km2 (área de araucária = 300 mil ha) Criação de gado sob pastoreio; queimadas; plantio de soja e trigo; de- sertificação; introdução de espécies arbóreas exóticas (frutíferas de clima temperado); perda de habitats naturais e extinção de espécies; aprofun- damento dos lençóis freáticos. 29 e.o. teste I 1. (PUC-RJ) Assinale a alternativa que indica o que é correto afirmar sobre a diversidade de espécies. I. As florestas temperadas apresentam maior diversidade de espécies do que as florestas tropicais. II. As savanas apresentam maior diversida- de de espécies do que as florestas tropi- cais. III. Com o aumento da altitude, aumenta a diversidade de espécies. IV. Com o aumento da latitude, aumenta a diversidade de espécies. a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. e) Nenhuma afirmação está correta. 2. (PUC-SP) Nas áreas próximas a Brasília, en- contramos parte do cerrado, um bioma que apresenta árvores de troncos tortuosos com folhas geralmente endurecidas. Algumas de- las apresentam flores, como o ipê-amarelo e o ipê-roxo, e frutos, como o pequi e a man- gaba. Em um trecho da canção de Caetano Veloso denominada “Flor do Cerrado”, diz-se “Mas da próxima vez Que for a Brasília/ Eu trago uma flor do cerrado pra você.” Com relação às informações descritas acima a respeito desse bioma, foram feitas três afirmações: I. O aspecto da vegetação do cerrado deve se a escassez de nutrientes no solo. II. O fato de as plantas apresentarem folhas endurecidas e uma adaptação para evitar a perda de água. III. As flores e os frutos referidos no texto indicam a presença de plantas do grupo das angiospermas nesse bioma. Assinale: a) se apenas uma das afirmações for verdadei- ra b) se apenas as afirmações I e II forem verda- deiras. c) se apenas as afirmações I e III forem verda- deiras. d) se apenas as afirmações II e III forem verda- deiras. e) se as três afirmações forem verdadeiras. 3. (Unifesp) Produtividade primária líquida é a quantidade de biomassa produzida em uma área em determinado período, menos a quantidade de biomassa utilizada pelos or- ganismos dessa área para sua própria sobre- vivência. O gráfico mostra a produtividade primária líquida de vários ecossistemas. Desertos e semidesertos Áreas cultivadas I II III Floresta tropical 0 500 1000 1500 2000 2500 produtividade primária líquida (g/m2/ano) Nesse gráfico, I, II e III correspondem, res- pectivamente, a: a) I - Campos; II - Savanas; III - Florestas decí- duas temperadas. b) I - Campos; II - Florestas decíduas tempera- das; III - Savanas. c) I - Savanas; II - Campos; III - Florestas decí- duas temperadas. d) I - Florestas decíduas temperadas; II - Sava- nas; III - Campos. e) I - Florestas decíduas temperadas; II - Cam- pos; III - Savanas. 4. (UFMG) Observe este mapa, em que estão demarcados alguns dos tipos de biomas do Brasil: Floresta Amazônica Pantanal Floresta Subtropical Cerrado Caatinga Mata Atlântica 250 0 500 km N Cada um dos biomas demarcados apresenta vegetação característica, relacionada com o ambiente onde é encontrada. Considerando-se essas informações, é COR- RETO afirmar que a vegetação característica de grande parte dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás consiste em a) árvores muito espaçadas; ervas com caules subterrâneos, raízes superficiais e folhas es- treitas. b) árvores baixas, espaçadas e com raízes pro- fundas; arbustos com raízes armazenadoras e folhas grandes e duras. c) árvores em número reduzido, com caules le- nhosos e grossos; arbustos suculentos, com folhas reduzidas. d) árvores com troncos finos e pouco ramifi- cados; e outras com raízes suporte e folhas grandes, de pontas afiladas. 30 TEXTO PARA A PROXIMA QUESTÃO As imagens de satélite analisadas no Insti- tuto de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o desmatamento no Estado do Acre está avançando no ritmo de dezesseis campos de futebol por hora. Uma das consequências biológicas dessa destruição é o aumento da incidência de malária na região. Para cada 1% de aumento de área desflorestada, cresce em 8% a população dos mosquitos transmis- sores da malária na Amazônia. 5. (PUC-CAMP) Em uma discussão sobre a ne- cessidade de se preservar a Floresta Amazô- nica, surgiram as seguintes afirmações: I. A Floresta Amazônica é o “pulmão do mun- do”, uma vez que produz a maior parte do oxigênio que os seres vivos consomem em sua respiração. II. A fertilidade do solo dessa floresta é man- tida pela atividade constante dos decompo- sitores que, devido à abundância de restos de vegetais e de animais, contam com ali- mento abundante, além de encontrarem no ambiente umidade e temperatura favoráveis para sua atividade. III. A Floresta Amazônica é uma comunidade clímax e, portanto, todo o CO2 que esta pro- duz é usado na fotossíntese que os produto- res realizam. É correto o que se afirmou SOMENTE em a) I b) II c) III d) I e II e) II e III 6. (Unesp) Observe o mapa, onde estão delimi- tadas as áreas de distribuição de três impor- tantes ecossistemas brasileiros, I, II e III. I II III Leia os três textos seguintes, 1, 2 e 3, que descrevem características de ecossistemas diferentes. 1. Vegetação composta por árvores de pe- queno porte e arbustos esparsos, tortuo- sos, de casca grossa, e por plantas herbá- ceas, com predominância de gramíneas. Fauna representada por alguns animais como o lobo guará, a ema, o tatu-canastra e o tamanduá-bandeira. 2. Vegetação densa, predominantemente composta por árvores de grande porte, medindo até 20 m de altura, com pre- sença marcante de pteridófitas no sub- -bosque. Fauna representada por alguns animais como o mono-carvoeiro, a jagua- tirica, os micos-leões-dourados e da-cara- -preta, e a jacutinga. 3. Vegetação composta por árvores baixas e esparsamente distribuídas, arbustos tor- tuosos com muitos espinhos e presença
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