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João Manuel – Medicina Nove de Julho AFECÇÕES INTRODUÇÃO Vesícula biliar: é um saco piliforme que tem uma capacidade armazenar no ser humano 50 ml de bile, produzida pelos hepatócitos no fí- gado. Elas esta aderida na face visceral do fí- gado, suas principais funções, são armazenar e concentrar a bile, ela concentrar por meio da re- moção de água, sais biliares, colesterol. Essa secreção é com posta por Bilirrubina, fos- folipídio, eletrólitos (sódio, potássio, cloreto bi- carbonato) e água; eles são importantes para formar micelas, que iram quebrar a gordura, as- sim, tendo absorção de ácido graxo. Uma super saturação de colesterol e bilirru- bina, isso cria um ambiente favorável para for- mação de cálcio, formando uma cálculo biliar, chamado de colelitíase. A vesícula biliar é dividida em fundo, corpo e colo. Temos a vias que conduzem a secreção bi- liar logo após que sai do fígado, sendo, ducto he- pático esquerdo e direito, a junção deles, forma o ducto hepático comum, a junção desse com o ducto cístico que vem da vesicular biliar, acabam formando o ducto colédoco. As duas principais regiões que causa impacta- ção é o colo da vesícula e ducto cístico, cau- sando colecistite; isso se for um cálculo grande. Já se for uma cálculo pequeno cai na ampola he- patopancreática, podendo causar uma pancrea- tite, então sendo o pequeno, o pior. Histologia: Ela é constituída por 3 camadas: • Mucosa: constituída por um epitélio de revestimento à epitélio simples colu- nar. E as células altas que formam esse revestimento se chamam de colangióci- tos. Na mucosa também tem uma lâmina própria, e nessa região tem glândulas se- cretoras de mucina, e esse muco é impor- tante para proteção contra o acido biliar e quando presente contra os cálculos bi- liares. • Muscular externa: formada por mus- culo liso em diferentes direções. • Adventícia ou serosa As células I, são neuroendócrinas, ficam no du- odeno, elas produzem CCK (colecistoquinina) hormônio, são estimuladas pela presença de ali- mento (quimo) e gordura no duodeno. Ele induz a contração da muscular lisa da vesicular biliar e causa o relaxamento do esfíncter de Oddi (es- fíncter da ampola hepatopancreática). COLELITÍASE Maior incidência em mulheres, pois tem relação aos hormônios. Estrógeno aumenta captação de João Manuel – Medicina Nove de Julho colesterol e progesterona provoca relaxamento da musculatura. É a doença mais prevalente do trato biliar (90-95%); Acomete 10-20% da po- pulação; 80% dos pacientes são assintomáticos (ausência de cólica biliar). Devido ao fato de pa- cientes serem assintomático é um achado co- mum na necropsia. Dois grandes grupos de cál- culos: • Cálculos de colesterol (maior) 80-85% dos casos à formado por mais de 50% de monoidrato de colesterol. Maior inci- dência em mulheres, sendo 2:1 (cálculo puro) ou 4:1 (cálculo misto); surge na faixa etárias acima de 40 anos; caucasia- nos; alta prevalência no norte europeu e tribos indígenas dos EUA (hopi, pina e na- vagos) – nesses pacientes tem polimor- fismo em transportadores caniculares de colesterol, esses transportadores causa um aumento de colesterol na bile. Fatores de risco: Obesidade, síndrome metabólica, hipercolesterolemia, uso de anticoncepcional oral/reposição hormo- nal/gravidez à aumento de estrógeno e progesterona; perca rápida de peso (jo- gando muito colesterol nas vias biliares); Estase biliar – quando a bile fica parada na vesícula normalmente provocada por hipomobilidade neurogênica; Progeste- rona induz um relaxamento da muscula- tura lisa da vesícula biliar. Estrógeno, estimula seu recepto alfa no fígado, esti- mula a proteína SREBP2, isso aumenta a biossíntese de colesterol, o qual estimula ABC65/8, que estimula a bile; o receptor alfa também pode inibir os 7alfa hidro- xilase e 27alfa hidroxilase, enzimas que converte colesterol em sais biliares, assim, diminuindo os sais biliares, o ABCB11 também vai ser inibido, o qual é um transportador caniculado de sais bili- ares. o Cálculo de colesterol puro: for- mado mais de 90% de colesterol, logo, de cor bem amarelada. o Cálculo de colesterol misto: mais comum, formado de 60 a 90% de co- lesterol, representa 70,80% dos ca- sos. 5Fs: Female (mulher), forty (acima de 40 anos), fertile (uma ou mais gestações), fat (obesidade), fair (caucasiano). • Cálculos pigmentados 15-20% dos ca- sos à formados quando tem mais de 50% de saias de bilirrubinato de cál- cio. Representam 15-20% dos casos; acomete igualmente homens e mulheres; formado por mais de 50 sais de bilirrubi- nato de cálcio. Fatores de risco: Hiper- bilirrumiremia à anemia hemolítica crônica; Disfunção ileal (doença de Crohn); Infecção do trato biliar, princi- palmente por E. coli (favorece a conver- são de bilirrubina conjugada em não con- jugada), Ascaris lumbricoides (cresce e obstrui vias biliares, favorecendo a es- tase biliar) e C. sinensis (favorece estase biliar). o Cálculo pigmentado Preto: associ- ado a quadro de hiperbilerrubile- mia, normalmente bilirrubina não conjugada, a vesícula estéril, pois tem ausência de infecção, surgi quando tem mais de 70% de sais cálcio de bilirrubinato. O paciente terá anemia crônica, hipersaturação de bilirrubina. o Cálculo pigmentado Marrom: É formado por apenas, surgi apenas quando tem grandes infecções dos ductos biliares, principal agente é ascaris lumbricoides, E. coli (produz uma enzima chamada beta-glicu- romidase, ela quebra bilirrubina con- jugada em não conjugada). João Manuel – Medicina Nove de Julho Morfologia Cálculo de colesterol puro: 5/10% dos casos; maior incidência em mulheres; faixa etária maior que 40 anos; formado por 90 % de coles- terol; cálculos únicos; 2 a 4 cm; consistência dura; superfície granular/cristalina/arredon- dadas; coloração amarelo claro; radiotrans- parente; associado com colesterolose. Cálculo de colesterol misto: Representa de 70/80% dos casos, o mais comum; maior inci- dência em mulheres, normalmente me idosas; são formados por 60 a 90% de colesterol; nor- malmente são múltiplos; pequenos, 0,2 a 0,3 cm; consistência dura; superfície facetada e cristalina; coloração pode ser desde branca acinzentada a preta ou levemente esverde- ada; 10 a 20% desses cálculos são radiopatos, logo, dar para vê em radiografia de abdômen; normalmente associada com colecistite calcu- losa aguda. Cálculo pigmentado preto: normalmente as- sociado a hiperbilerrubilemia; vesícula estéril; normalmente múltiplos podendo ter até 1,5 cm diâmetro; superfície especulada/moldada; consistência friável (desmancha facilmente); 50/70% são radiopatos; coloração preta. Cálculo pigmentado marrom: normalmente surge por meio de infecção de vias biliares; são múltiplos; tamanho variável; superfície lami- nada e brilhante; consistência oleosa e macia à acontece um processo de saponificação da vesícula biliar, as enzimas do processo infecci- oso quebra o lipídeo em ácido graxo. Patogênese Para formar um cálculo precisa ter uma super- saturação, logo, precisa ter excesso de soluto, os mais comuns são: bilirrubina não conju- gada e colesterol. A supersaturação, começa a descer para o fundo da vesicular, começando a se agregar/se juntar, chamamos essa etapa de nucleação/cristalização, algumas coisas favo- rece essa etapa, são elas: muco, sais de cálcio, cé- lulas descamadas, bactérias, hipomotilidade da vesícula biliar (causa estase ciliar); esse pro- cesso inicial também é como lama biliar, é quando tem minis cristais. Próxima fase é o crescimento, tendo uma hipersecreção de muco. Logo, a patogênese é: supersaturação de bilirrubinanão conjuga ou colesterol à nuclea- ção à crescimento. Aspecto Clínicos Dor no quadrante no quadrante superior direito (QSD)ou epigástrica, essa dor irradia-se para as costas e ombro direito; Cólica biliar (constante e após uma refeição rica em gordura); Náusea; Vômito. João Manuel – Medicina Nove de Julho Complicações Colicistite calculosa aguda (inflamação da vesí- cula causada por cálculo); Pancreatite; Colédoco letíase; Colangite (inflamação da via do trato bi- liar); Colestase obstrutiva (quando tem bile pa- rada); Síndrome de Bouveret (quando o cálculo biliar é tão grande que ele começa a fazer uma fistulação na parede da vesícula, caindo no in- testino, sendo obstruído na porção do íleo, como em idosos); Síndrome de Mirizzi (quando tem um cálculo impacto no colo ou ducto cístico, por alguma motivo ele começa comprimir ducto he- pático comum e colédoco); Colecistite (inflama- ção aguda da vesícula, tendo aguda, crônica e aguda superposta à crônica). COLELITÍASE AGUDA Colicistite calculosa aguda (90-95%): colelitíase é cálculo impactado no colo da vesícula biliar ou no ducto cístico. Está associado com isquemia; comum em ambiente hospitalar; trauma grave; queimaduras (hipovolemia e hipoperfusão); pacientes com diabete mellitus (a vesícula bi- liar é um órgão de irrigação terminal, logo, de uma artéria, se sofrer obstrução dessa artéria o órgão acaba tendo isquemia); paciente com sepse; paciente com choque hemodinâmico; paciente com vasculite sistêmica. Patogênese: vesícula biliar à colicistite (obs- trução ou inflamação) à Podendo gerar várias coisas, como: • Estase biliar: A secreção biliar parada, faz com um fosfolipídio da bile começa a ser quebrado, a lecitina, pela enzima fos- folipasea, isso libera uma toxina, a lisole- citina, a qual degrada/cliva o muco, as- sim, a mucosa fica exposta, com isso quando os sais biliares quando entre em contato com a mucosa desprotegida irá levar a irritação da mucosa. • Distensão da vesícula: Ela está fechada, mas a secreção de produtos continua, as- sim, aumentando a pressão intraluminal, essa distensão na parede estimula o co- langiócitos a produzirem prostaglan- dina 2 (PGE2), causando inflamação, causam também em uma redução do fluxo sanguíneo decorrente de compres- são sofrida pelos capilares da parede da vesícula (a partir do aumento da pressão intraluminal), a consequência é uma is- quemia e inflamação. • Colonização por bactérias: Essa vesí- cula inflamada pode ser colonizada por bactérias, dependendo do tipo, pode acontecer algumas coisas: o E. coli: bactéria piogênica (produ- tora de pus), logo, o acúmulo dela causará um epiema na vesícula bi- liar. o Clostridium perfringers: essa bac- téria libera gás, causando colecistite enfimatosa aguda, levando a uma ir- ritação da mucosa, consequente- mente inflamação. Macroscopia: Fase inicial – vesícula averme- lhada e brilhante ou irregular: vesícula disten- dida, hiperêmica, espessada e edematosa, pre- sença de exsudato fibrinoso ou fibrinopurulento cobrindo a serosa (início de depósito de fibrina na vesícula, além de pus); Progressão – vesí- cula violácea: hemorragia de subserosa. Vesí- cula verde escura – necrose da parede com perfuração - colecistite gangrenosa. A gan- grena na vesícula é decorrente de regiões expos- tas à cavidade abdominal. Colecistite enfise- matosa aguda – colonização da parede por Clostridium, o qual produz gás de forma a inflar a vesícula. Bile nebulosa – encontrada com a João Manuel – Medicina Nove de Julho incisão na vesícula, dependendo da fase de infla- mação: secreção constituída por pus, sangue e fibrina. Empiema da vesícula biliar – preen- chimento apenas de pus - normalmente ocorre com colonização de bactérias piogênica (ex: E. coli). Microscopia: Infiltrado inflamatório com pre- domínio de neutrófilos. Além disso, observa-se ulceração da mucosa (epitélio destruído), he- morragia, e deposição de fibrina. Aspecto Clínicos: Dor no QSD ou na região epi- gástrica - constante / por mais de 6 horas. Sin- tomas – Febre leve, vômito, náusea, sudorese e taquicardia. • Análise mediante à topografia da dor: Leucócitos; Fosfatase alcalina au- mentada de 3 a 4x - problema de trato bi- liar (vesícula ou ductos); Amilase au- mentada de 3 a 4x - pancreatite. Se fosfa- tase alcalina e amilase estiverem em ní- veis normais, indica problema no estô- mago. Comum leucocitose leve à mode- rada e aumento de fosfatase alcalina. Complicações: A inflamação pode evoluir de aguda para crônica (microambiente favorável para câncer). Vesícula pode sofrer fissura e perfurações - abscesso local, peritonite e sepse - PROVA. COLELITÍASE CRÔNICA Pode ser sequela da colecistite aguda; Em alguns casos o paciente tem ausência de sintomas ante- cedentes; Paciente idoso / diabético / colecistite acalculosa aguda; 90% dos casos estão associa- dos à colelitíase. Macroscopia: Variável; vesícula com a parede normal / parede dilatada / parede encolhida (mais comum devido à fibrose da inflamação crônica); Vesícula com serosa lisa ou vesícula com serosa opaca e fibrose de subserosa (apre- sentação mais esperada); Vesícula de porcelana: surge por combinação de fibrose da parede com calcificação distrófica da parede. A vesícula pode surgir na radiografia de abdome NESSE CASO de calcificação / vesícula de porce- lana. Vesícula de porcelana: Aumento no risco de câncer; 20% dos cânceres de vesícula biliar sur- gem a partir de uma vesícula de porcelana. Vesícula xantogranulomatosa: Parede espes- sada, encolhida, nodular, cronicamente infla- mada e com focos de hemorragia e necrose. Seios de Rokitansky-aschoff (invaginação do epitélio para a camada muscular da vesícula) – achado patológico (não é patognomônico!): so- frem ruptura e extravasam bile para o João Manuel – Medicina Nove de Julho interstício, assim o organismo desencadeia in- flamação. O problema é que dentro da bile tem- se como constituinte os cristais de colesterol, que serão reconhecidos como corpo estranho, provocando a formação de granuloma à infec- ção crônica granulomatosa. O granuloma é formado por células gigantes, macrófagos xantomatosos (parecidos com os macrófagos espumosos). Microscopia: • Leve (início): infiltrado mononuclear na mucosa e no tecido fibroso da subse- rosa. • Avançado: fibrose subepitelial, serosa proeminente com infiltrado mononu- clear. • Seios de Rokitansky-aschoff. • Metaplasia pilórica (glândulas semelhan- tes ao do piloro - produção de muco) ou metaplasia intestinal decorrente de agressão constante ao epitélio. Metaplasia intestinal - displasia - adenocarci- noma → mais comum. Metaplasia de células escamosas - displasia - carcinoma de células mais comuns. Aspectos clínicos: Dor recorrente no QSD ou região epigástrica. Complicações: Semelhantes da colecistite aguda à perfuração de parede que pode evoluir com abscesso local, peritonite ou sepse. OBS: Fístula colecistoentérica (entre a vesí- cula e alça intestinal) - cálculos biliares caem no intestino, de forma a obstruir região do íleo. Au- mento do risco de desenvolver adenocarcinoma de vesícula. Icterícia: Colocar como observação porque a bi- lirrubina impregna-se na esclera e globo ocular. Principais causas de hiperbilirrubinemia direta (conjugada) e de hiperbilirrubinemia indireta (não conjugada) - coledocolitíase. COLESTEROLOSE Consiste no acúmulo de lipídeos nos macrófagos subepiteliais, em menor grau, nas próprias célu- las epiteliais. Logo, é uma precursor para coleli- tíase aguda e crônica. Macroscopicamente, observam-se numerososdepósitos puntiformes difusos na mucosa. Quando presentes, os cálculos são de colesterol. Histologicamente, a mucosa encontra-se hiper- plásica, notando-se agregados de macrófagos xantomatosos na lâmina própria dos vilos alon- gados.