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📝 Resumo por Giselle Cardinnot Procedimento 1) Noções Gerais Nas palavras de Renato Brasileiro de Lima: Procedimento é o modo pelo qual os diversos atos se relacionam na série constitutiva do processo, representando o modo do processo atuar em juízo. Em outras palavras, o procedimento funciona como a medida do processo. Em sede processual penal, o procedimento é composto e dividido em quatro fases distintas e sequenciais, dispostas na seguinte ordem: postulatória, instrutória, decisória e recursal. a) postulatória: abrange a acusação em si (oferecida pelo MP ou por querelante) e eventualmente os atos de reação defensiva do acusador (defesa preliminar - quando há a oportunidade antes do recebimento); b) instrutória: fase de produção de provas (requeridas pelas partes ou subsidiariamente pelo juiz). Cabe aqui ressaltar que a instrução do processo não se resume à audiência una de instrução de julgamento (CPP, art. 400, caput). c) decisória: com o objetivo de convencer o julgador, nesta fase, as partes têm a oportunidade de se pronunciar quanto às provas constantes dos autos (alegações finais). Logo após, deve ser proferida a sentença que finaliza o processo (em 1ª instância). d) recursal: o ordenamento outorga ferramentas, às partes, para impugnar decisões contrárias aos seus interesses, em observância ao princípio do duplo grau de jurisdição. O procedimento não deve ser resumido como apenas uma simples ordenação de atos, o procedimento possui regramento. Deve ser realizado em contraditório, em prazo razoável, cercado de garantias para sustentar razões, produzir provas e concorrer para a formação do convencimento do julgador. Quanto à violação das regras procedimentais, prevalece o entendimento que qualquer inversão de atos, ou adoção de procedimentos impróprios (por exemplo, procedimento comum ordinário em detrimento do especial), conduz à nulidade do processo (quando houver prejuízo à parte). 2) Classificação Os procedimentos são divididos em duas grandes classes: especiais e comuns (CPP, art. 394, caput). a) Procedimento especial - aquele previsto pelo CPP ou em leis especiais que tratam de hipóteses específicas, com regras próprias de tramitação. Exemplo: Crimes dolosos contra a vida (CPP, arts. 406 a 497); Crime de responsabilidade dos funcionários públicos (CPP, arts. 513 a 518); Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06); Crimes contra a honra não submetidos à competência dos Juizados (CPP, arts. 519 a 523); Procedimento originário dos Tribunais (Lei nº 8.038/90). b) Procedimento comum - rito padrão previsto pelo CPP de aplicação subsidiária, ou seja, para ser aplicado em infrações que não possuem procedimento especial previsto em lei. (CPP, art. 394, §2º). Subdivide-se em ordinário, sumário e sumaríssimo, que se diferenciam pela quantidade de pena cominada em abstrato ao delito (CPP, art. 394, §1º). 📝 Resumo por Giselle Cardinnot Atenção especial ao art. 394, §4º, do CPP, que prevê a aplicação das disposições dos arts. 395 a 398 a todos os procedimentos penais de primeiro grau, mesmo que não sejam fundamentados no CPP. O art. 394, §5º, do CPP, estabelece também que as disposições do procedimento comum ordinário são aplicadas subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo. Com a entrada em vigor da Lei nº 11.719/08, hoje leva-se em conta a quantidade de pena em abstrato ao delito, seja qual for a sua natureza. E de acordo com art. 394, §1º, do CPP, o procedimento comum divide-se em: i) ordinário: Será procedimento comum ordinário toda vez que estivermos diante de crime cuja pena máxima cominada for igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade; ii) sumário: Será procedimento comum sumário toda vez que estivermos diante de crime cuja pena máxima cominada superior a 2 anos e inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade; iii) sumaríssimo: Será aplicado o procedimento comum sumaríssimo para as infrações penais de menor potencial ofensivo, uma vez que a pena máxima, cumulada não com multa, não ultrapasse 2 anos de pena privativa de liberdade. Cuida-se deste procedimento os Juizados Especiais Criminais (JECRIM), conforme prevê o art. 61 da Lei 9.099/95. Portanto, se a infração penal não estiver sujeita a algum procedimento especial, seguirá o procedimento comum ordinário, sumário ou sumaríssimo, dependendo somente da quantidade de pena cominada ao delito. Exemplos: Crime de furto simples (CP, art. 155, caput) - pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa - proc. comum ordinário; Crime de homicídio culposo (CP, art. 121, §1º) - reclusão de 1 a 3 anos - procedimento comum sumário; Crime de desacato (CP, art. 331) - detenção de ½ ano a 2 anos ou multa - proc. comum sumário sumaríssimo; Atenção a certas infrações penais que não estão sujeitas a tais critérios, observando o disposto no art. 394, §1º, do CPP. Alguns exemplos: a) Crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher: Mesmo que tenha uma pena cominada igual ou inferior a 2 anos, a infração penal não será submetida ao JECRIM, visto que pela Lei Maria da Penha (Lei de nº 11.340/06), esses crimes não se aplicam à Lei de nº 9.099. Portanto, essas infrações devem ser direcionadas ao juízo comum, ou, se houver, à Vara especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher, sendo o procedimento comum ordinário ou sumário determinado pelo total da pena cominada. Obs.: Por força do art. 226, §1º, do ECA, que foi incluído pela lei Henry do Borel (Lei nº 14.344/22), também não se aplica a Lei de nº 9.099. 📝 Resumo por Giselle Cardinnot b) Crimes tipificados no Estatuto da Pessoa Idosa (pena não maior que 4 anos): Neste caso, o procedimento a ser adotado é o previsto na Lei de nº 9.099, de acordo com o art. 94, da Lei 10.741/03. Ou seja, ao invés de aplicar o procedimento comum sumário, será aplicado o procedimento comum sumaríssimo. O referido dispositivo legal se aplica apenas em relação ao procedimento e não aos indultos despenalizadores. Para que o processo termine mais rapidamente em benefício do idoso. Caso a pena do crime tipificado ultrapasse 4 anos, deverá ser julgado perante o juízo comum, onde será aplicado o procedimento comum ordinário. 3) Casos em que haja conexão e/ou continência envolvendo infrações penais sujeitas a diferente ritos Nesses casos, deve ser verificado qual juízo exercerá força atrativa, nos termos do art. 78 do CPP. Mas porque? A resposta é: dependendo do juízo com força atrativa, somente será possível a aplicação do procedimento observado. Exemplos: Crime de homicídio doloso em conexão com um delito de tráfico de drogas - ambos serão julgados perante o Tribunal do Júri, face a regra do art. 78, I, do CPP. Crime comum (sujeito ao procedimento comum ordinário) e o delito de tráfico de drogas (submetido ao procedimento especial da Lei nº 11.343/06) - prevalece o procedimento comum ordinário, visto que o procedimento comum ordinário é mais amplo que o previsto na Lei de Drogas, pois oferece mais oportunidades para o exercício das faculdades processuais.
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