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ESTUDO DIRIGIDO DE ESTÁGIO DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA UNIDADE I IRIS PINA PEREIRA 1. Quais são os órgãos responsáveis pela hematopoese? Os órgãos responsáveis pela hematopoiese são: medula óssea, linfonodos (gânglios linfáticos), baço e fígado. E produzem, no processo da Hematopoiese, os elementos do sangue (leucócitos, hemácias e plaquetas). 2. Como e quando ocorre a hematopoese desde o período embrionário até a vida adulta? Nas fases iniciais da vida do embrião a hematopoiese ocorre principalmente na vesícula vitelínica. Em seguida passa a acontecer no fígado fetal, e posteriormente se concentra predominantemente na medula óssea, onde continua até a vida adulta. Fase mesoblástica: fase inicial da hematopoiese na vida intra-uterina. Ocorre na vesícula vitelínica. A primeira evidência de formação de células sanguíneas surge por volta de duas semanas de gestação, quando células mesodérmicas se agrupam no saco vitelínico do embrião em desenvolvimento. O nome dessa fase faz referência ao mesoderma do saco vitelínico, onde o processo ocorre. Esse período é conhecido também como fase extra-embrionária da hematopoiese. Os grupamentos celulares do saco vitelínico têm potencial para se diferenciar em células vasculogênicas ou hematopoiéticas, e por isso são chamadas de hemangioblastos. As células mais periféricas se diferenciam em endotélio, formando portanto vasos sanguíneos, enquanto as demais vão dar origem principalmente a eritroblastos primitivos (células precursoras das hemácias). Esse processo prossegue até a 6ª semana de vida intra-uterina. Fase hepática: segunda fase intra-uterina da hematopoiese. Ocorre no fígado hepático Após o início dos batimentos cardíacos fetais, e consequentemente da circulação sanguínea fetal, ocorre uma migração das células originadas dos vasos em desenvolvimento para o fígado fetal. Esse processo acontece entre a 4ª e a 6ª semana de vida intra-uterina, e marca o início da fase hepática da hematopoiese. Nessa segunda etapa acontece principalmente o desenvolvimento de hemácias, granulócitos e monócitos, e surgem as primeiras células linfóides e os primeiros megacariócitos. Alguns outros órgãos contribuem com a formação celular durante a fase hepática, principalmente o baço, o timo e os linfonodos, que colaboram especialmente com a produção de linfócitos. A produção de células sanguíneas pelo fígado vai sofrendo declínio gradual durante o restante da gestação, até que cessa completamente por volta do momento do nascimento. Fase medular: produção das células sanguíneas passa a ser realizada na medula óssea a partir da 11ª semana gestacional, até a vida pós-natal. Ocorre a colonização da medula óssea pelas células hematopoiéticas. À medida que avança a ossificação do esqueleto, esse local se torna cada vez mais importante na produção de células sanguíneas, persistindo como principal sítio de hematopoiese após o nascimento. No período pós natal todas as células sanguíneas são derivadas primariamente da medula óssea. Os linfócitos T sofrem diferenciação no timo, mas são originados de células da medula óssea que migraram para aquele órgão. 3. Como a hematopoese é regulada? Como a MOV sabe o que deve priorizar na hora da produção de hemácias, plaquetas e leucócitos? A hematopoiese é regulada através de 3 mecanismos principais: I. Um microambiente medular favorável fornecido pelas células do estroma que secretam a matriz extracelular e fatores de crescimento; II. Vitaminas e oligoelementos: Algumas vitaminas são indispensáveis à hematopoiese. A vitamina B12 e o ácido fólico são necessários para a síntese do DNA e consequentemente para a divisão celular. Uma carência dessas vitaminas, ditas anti megaloblásticas, leva ao aparecimento de anomalias na formação das diferentes linhagens celulares. Para além das vitaminas, alguns oligoelementos também são indispensáveis, sendo o principal o Ferro, elemento imprescindível para a síntese da hemoglobina na eritropoiese. III. Fatores de crescimento que regulam a hematopoiese, quer positiva quer negativamente: ● Entre os fatores de regulação positiva destacam-se os fatores estimuladores de colônias – CSF (Colony Stimulating Factors) que podem atuar nas células progenitoras, tendo um efeito não específico de uma dada linhagem (caso da interleucina 3 – IL-3), ou ter uma ação mais restrita, estando assim envolvidos na aquisição dos caracteres de diferenciação específicos das células maduras (caso do fator estimulador de colónias de granulócitos – G-CSF); ● Entre os numerosos fatores de regulação negativa estão o fator de necrose tumoral alfa – TNF-α (Tumor Necrosis Factor- α) e o fator de transformação do crescimento beta – TGF-β (Transforming Growth Factor-β) 4. Na eritropoese, qual o papel do Ferro e das vitaminas B12 e B9 neste processo? A vitamina B12 (cianocobalamina) e o ácido fólico (vitamina B9) são necessárias à medula óssea para o processo de formação e maturação dos eritrócitos – auxiliam na produção dos glóbulos vermelhos e na manutenção do ferro no organismo. 5. Qual a função da eritropoetina na eritropoese? Como a mesma é regulada? É um hormônio glicoproteico que regula a eritropoese. Possui sensibilidade à concentração de oxigênio no organismo, ela atua estimulando as células mielóides para a produção de eritrócitos, auxiliando na maturação das células, síntese da hemoglobina e aumento da taxa de reticulócitos no sangue. A transcrição do gene EPO é regulada por hipóxia e anemia. Principalmente por um fator de transcrição chamado fator induzido por hipóxia (HIF). O baixo número de eritrócitos circulantes leva a um nível relativamente alto de eritropoietina não ligada, o que estimula a produção das células na medula óssea. 6. Por que fisiologicamente os homens possuem mais hemácias? O homem tem mais eritrócitos por causa do hormônio androgênio que estimula o rim na liberação de eritropoietina (hormônio que estimula a produção de eritrócitos) é um hormônio que irá atuar na medula óssea. 7. Na semiologia, quais achados clínicos sugerem anemias? Com base na entrevista, sinais, sintomas e queixas ditos pelo paciente durante a anamnese, como: Os sintomas relacionados à anemia dependem da idade, da capacidade física, do grau de anemia e do tempo de evolução. Os sintomas usuais incluem astenia, cansaço, fraqueza, falta de ar e palpitações. No exame físico o achado mais característico é a palidez mucocutânea. ● Raça (negro); ● Ocupação/profissão (ex: exposição a radiação); ● Uso de medicamentos: AAS, Sulfas, Metildopa (pode alterar os exames hematológicos); ● Idade: crianças (déficit nutricional, verminoses, leucemias), idosos (déficit nutricional, doença renal/hepática); ● Alimentação (se consome álcool, se é vegano, tanino, que vai diminuir a absorção da vitamina b12 e ferro); ● Se tem diagnóstico de algum parasita intestinal (anemia ferropriva) ou parasitoses abdominais (diminuição do baço, sequestramento de hemácias); ● Situações clínicas como: AVC, cefaléia (crises vaso oclusivas), artralgia. Icterícia diminuição de bilirrubina (anemia hemolítica). 8. Na semiologia, quais os achados clínicos sugerem doenças hemolíticas? Os achados que sugerem a presença de doenças hemolíticas lembram aquelas das outras anemias e incluem palidez, fadiga, tontura e fraqueza. Icterícia conjuntival e/ou icterícia podem ocorrer e pode haver esplenomegalia. As crises hemolíticas (hemólise aguda, grave) são incomuns; podem ser acompanhadas de calafrios, febre, dores lombar e abdominal, prostração e choque. Hemoglobinúria faz com que a urina fique vermelha ou vermelho-amarronzada. 9. Como os medicamentos podem provocar anemia megaloblástica? Determinados medicamentos também podem provocar a anemia megaloblástica, através de seus mecanismos de ação. Alguns fármacos podem influenciar na produção das hemácias na medula óssea, bem como podem reduzir a absorção da vitamina B12 O uso de medicamentos antagonistas da purina ou pirimidinae inibidores de algum aspecto da síntese de DNA pode interferir no metabolismo das purinas e das pirimidinas e na absorção desses nutrientes. 10.Como os medicamentos podem provocar anemia hemolítica autoimune? Alguns fármacos (p. ex., metildopa, levodopa) estimulam a produção de anticorpos contra os antígenos Rh (anemia hemolítica autoimune do tipo metildopa). Outros fármacos estimulam a produção de autoanticorpos contra o complexo antibiótico-eritrócitos-membrana como parte de um mecanismo de hapteno transitório; o hapteno pode ser estável (p. ex., alta dose de penicilina, cefalosporinas) ou instável (p. ex., quinidina, sulfonamidas). 11.Quais achados laboratoriais auxiliam a diferenciar a anemia ferropriva da anemia por doenças crônicas? A anemia por doença crônica é uma anemia multifatorial. O diagnóstico geralmente requer a presença de doença inflamatória crônica, como infecção, doença autoimune, doença renal ou câncer. Caracteriza-se por anemia microcítica ou normocítica com baixa contagem de reticulócitos. Os níveis séricos de ferro e transferrina são tipicamente baixos a normais, enquanto o valor de ferritina sérica pode ser normal ou elevado. Solicitar: Hemograma completo e ferro sérico, ferritina, transferrina e contagem de reticulócitos. A deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia e muitas vezes resulta da perda de sangue; má absorção, como na doença célica, é uma causa bem menos comum. Em geral, os sintomas não são específicos. Os eritrócitos tendem a ser microcíticos e hipocrômicos e as reservas de ferro são baixas, como demonstrado pelos baixos níveis de ferritina e ferro sérico, com alta capacidade de fixação do ferro total. Solicitar: Hemograma completo, ferro sérico, capacidade de fixação do ferro, ferritina sérica, saturação de transferrina, contagem de reticulócitos, amplitude da distribuição de: -Eritrócitos (RDW) e esfregaço de sangue periférico -Raramente, exame da medula óssea 12.Quando suspeitar de um quadro de anemia aplásica? Como fica o hemograma neste caso? O início da anemia aplásica geralmente é insidioso, com frequência ocorrendo ao longo de semanas ou meses após a exposição à toxina, embora ocasionalmente seja agudo. Na anemia aplásica, a anemia pode causar fraqueza, fadiga fácil e a trombocitopenia grave pode causar petéquias, equimoses e sangramento em gengivas, fundo do olho ou outros tecidos. A agranulocitose normalmente provoca infecções que ameaçam a vida. A esplenomegalia está ausente, a menos que seja induzida por hemossiderose da transfusão. Suspeitar de anemia aplásica nos pacientes com pancitopenia, particularmente nos pacientes jovens. Define-se anemia aplásica grave por uma medula óssea com < 30% de celularidade (hipocelularidade) e presença de ≥ 2 dos seguintes: Contagem absoluta de neutrófilos < 500/microL (< 0,5 × 109 /L) Contagem absoluta de reticulócitos < 60.000/microL (< 60 × 109 /L) Contagem de plaqueta < 20.000/microL (< 20 × 109 /L) Como a medula está hipoproliferativa, pode não haver reticulócitos ou estes apresentam-se em quantidade reduzida. O VCM pode estar normal ou discretamente elevado. Não há nenhuma forma morfológica dos eritrócitos no sangue periférico característica dessa condição. 13.Quais achados do hemograma sugerem anemias hemolíticas? Como diferenciá-las em falciforme e autoimune? Reticulocitose; Bilirrubina indireta aumentada; DHL aumentado. A anemia hemolítica autoimune é uma condição que ocorre devido à ligação de anticorpos à superfície das hemácias, promovendo sua destruição. Para diagnosticar este transtorno, além do teste de Coombs positivo, é necessário que o hemograma apresente HGB abaixo de 12 g/dL, com presença de plaquetopenia e aumento de reticulócitos. A anemia falciforme (uma hemoglobinopatia) é uma anemia hemolítica crônica que ocorre quase exclusivamente em pessoas com ascendência africana. É causada pela herança homozigótica dos genes da hemoglobina (Hb). (Tem o número de leucócitos aumentados). 14.Por que é comum termos crises álgicas e risco grave de AVC em pacientes com anemia falciforme? Na anemia falciforme ocorre a obstrução dos pequenos vasos sanguíneos o que provoca crises álgicas, causando muita dor. As hemácias produzidas pelo organismo do paciente com anemia falciforme possui uma forma de foice, elas podem provocar obstrução dentro das artérias, resultando em AVC. 15.O que são as talassemias? Como fica o hemograma na talassemia? A talassemia é um tipo de anemia hereditária, transmitida de pais para filhos, e que faz parte de um grupo de doenças do sangue chamadas hemoglobinopatias (doença da hemoglobina). Os sintomas incluem fadiga, fraqueza, palidez e crescimento lento. Os casos leves não precisam de tratamento. Já os casos graves podem necessitar de transfusões de sangue ou de um transplante de células-tronco de um doador. Traço talassêmico é comumente detectado quando o exame direto do sangue periférico de rotina e hemograma completo revelam anemia microcítica e alta contagem de eritrócitos. Se desejado, confirmar o diagnóstico de traço talassêmico beta com exames quantitativos da hemoglobina. 16.Quais as causas de anemia ferropriva em adultos? A anemia ferropriva é uma doença que ocorre por conta da deficiência de ferro no corpo, reduzindo o volume de hemoglobina e hemácias (células sanguíneas que transportam oxigênio para os tecidos do organismo). As causas de deficiência de ferro e consequente anemia são diversas e podem ser divididas de acordo com sua origem: perda sanguínea, ingestão insuficiente de alimentos ricos em ferro, absorção inadequada e demanda aumentada. 17.Por que icterícia é presente em anemias hemolíticas? Laboratorialmente, a anemia hemolítica é caracterizada por reticulocitose, aumento de bilirrubina indireta e desidrogenase lática (LDH) e redução de haptoglobina. A bilirrubina é o produto da degradação do grupo HEME, presente principalmente na hemoglobina. Quando há o excesso de destruição de hemácias, a quantidade de hemoglobina livre aumenta, aumentando também a bilirrubina indireta. Por isso, uma das manifestações clínicas das AH é a icterícia, pois a bilirrubina é um pigmento amarelo que acumula-se na pele e mucosas.
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