Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sistema de amortização constante com carência Apresentação Compreender as formas de cálculo de fluxos financeiros, considerando o valor do dinheiro no tempo (juros), é essencial para se efetuar um bom planejamento, seja ele no campo das finanças pessoais (p. ex., em uma tomada de decisão de efetuar ou não um financiamento para a compra de um imóvel ou veículo), seja nas finanças corporativas (p. ex., em uma tomada de decisão do gestor sobre abrir um novo parque fabril captando recursos por meio de financiamentos bancários). Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender como calcular parcelas, pelo regime de juros compostos, utilizando a metodologia do Sistema de Amortização Constante (SAC), incluindo financiamentos com período de carência. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar o SAC com financiamentos de longo prazo.• Calcular as parcelas no sistema SAC.• Identificar o saldo devedor.• Desafio Identificar e avaliar oportunidades no mercado no qual as empresas estão inseridas é um ponto extremamente importante para as organizações. Levantada uma potencial oportunidade, o passo subsequente diz respeito à análise de fontes financeiras para a execução dessa oportunidade. Você foi contratado como consultor financeiro da Cia. ABC Ltda., uma empresa de prestação de serviços de manutenções elétricas e hidráulicas, para averiguar alguns problemas de fluxos financeiros da empresa e propor soluções. O proprietário da empresa alega falta de caixa para expansão dos negócios, pois não dispõe de recursos próprios para injetar capital na empresa. Você pede para o proprietário um relatório no qual constem todos os últimos serviços requisitados e a resposta ao cliente. Neste relatório, você identifica que 40% do volume de serviços requisitados foram rejeitados por parte da empresa sob alegação de não ter mão de obra suficiente para suprir à demanda. Também identifica o valor da receita que deixou de ser obtida pela recusa da prestação dos serviços. Relacionando o problema de falta de caixa apresentado pelo gestor da empresa com a demanda pelos serviços que não vem sendo atendida, responda: Qual seria uma possível ação da empresa, do ponto de vista financeiro, para resolver o problema? O que você apresentaria no seu relatório para demonstrar a viabilidade de executar essa ação? Infográfico Os financiamentos na modalidade SAC têm alguns passos a serem seguidos para o cálculo do valor presente da dívida (saldo devedor inicial), amortização, saldo devedor atualizado, juros e valor das parcelas. O Infográfico a seguir sintetiza o passo a passo desses cálculos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Conteúdo do livro Conhecer as formas de cálculo de juros, amortização e saldo devedor é extremamente importante no processo de tomada de decisão sobre empréstimos e financiamentos. Afinal, referidos meios de tomada de recursos, principalmente com finalidade de investimentos (p. ex., compra de bens imóveis), são, usualmente, de longo prazo, o que deve fazer o tomador do recurso refletir sobre o que esperar acerca dos fluxos de caixa futuros requeridos para quitar a dívida assumida. No capítulo Sistema de amortização constante com carência, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, são abordados os aspectos conceituais e práticos do cálculo de empréstimos e financiamentos por meio do sistema SAC, ou seja, considerando o mesmo montante de amortização ao longo do contrato. Boa leitura. AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS Wellington Rodrigues Silva Souza Sistema de amortização constante com carência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar o sistema de amortização constante com financiamentos de longo prazo. Calcular as parcelas no sistema de amortização constante. Identificar o saldo devedor. Introdução Entender a lógica dos juros compostos aplicados a fluxos de caixa em parcelas é crucial tanto para a vida pessoal quanto para decisões estra- tégicas de endividamento de empresas. Neste capítulo, você vai ler sobre o sistema de amortização constante (SAC) na prática de empréstimos e financiamentos de longo prazo. Vai também estudar como calcular parcelas nesse sistema e como identificar o saldo devedor. O sistema de amortização constante aplicado a financiamentos de longo prazo No campo das fi nanças pessoais, por vezes há a necessidade de recorrer a um fi nanciamento de longo prazo para comprar bens de alto valor. É o caso do fi nanciamento de um veículo ou, em maior proporção em termos monetários, do fi nanciamento de um imóvel. No que diz respeito às fi nanças empresariais, há duas formas de fi nanciamento: pelo capital próprio, ou seja, injeção de recursos na empresa pelos seus acionistas, ou por meio do capital de terceiros, cenário no qual a empresa toma recursos em empréstimos e fi nanciamentos. Em geral, estes financiamentos são realizados dada uma indisponibilidade de caixa para a compra do bem à vista. No entanto, no âmbito empresarial, muitas vezes esse não é o motivo, o que pode ser facilmente verificado nos balanços patrimoniais divulgados pelas empresas de capital aberto (que ne- gociam ações em bolsas de valores). Veja os saldos de Caixa e equivalentes de caixa e Empréstimos e financiamentos divulgados pela Magazine Luiza em seu balanço patrimonial consolidado referente ao exercício social findo em 31/12/2018 (MAGAZINE LUIZA S.A., [2018], documento on-line). Saldo (milhares de R$) Caixa e equivalentes de caixa 548.553 Empréstimos e financiamentos (passivo circulante) 130.685 Empréstimos e financiamentos (passivo não circulante) 323.402 Total de empréstimos e financiamentos 454.087 Como você pode notar, o saldo de Caixa e equivalentes de caixa — que representa dinheiro em espécie, depósitos bancários e aplicações financeiras de alta liquidez — supera o saldo de Empréstimos e financiamentos. Isso significa que, mesmo dispondo de recursos financeiros imediatamente, a empresa usa capital de terceiros para financiar suas atividades. Uma análise mais aprofundada quanto à distribuição de saldos entre circulante e não cir- culante revela que a maior parte do montante devido pela empresa (R$ 323,4 milhões) é dívida de longo prazo, pois vencerá em mais de 12 meses (conceito de passivo não circulante). Sistema de amortização constante com carência2 Para consultar as demonstrações financeiras completas da Magazine Luiza ([2019]), acesse o link a seguir, selecione o período desejado e baixe o arquivo ITR/DFP. Procure na nota explicativa de empréstimos e financiamentos (nota 19 na demons- tração financeira de 31/12/2018) detalhes como taxas, datas de vencimento, mapa de movimentação e cronograma de vencimentos. Aproveite para analisar a nota explicativa de resultado financeiro (nota 27 na demonstração financeira de 31/12/2018), em que são apresentados os montantes de juros sobre empréstimos e rendimentos de aplicações financeiras no ano. https://qrgo.page.link/vd8Yd Por que, então, as empresas se endividam mesmo dispondo de recursos em caixa? Não existe uma resposta definitiva para essa pergunta, mas algumas razões são destacadas a seguir. A empresa não quer comprometer o seu capital de giro (caixa mantido para pagamentos normais do ciclo operacional da empresa) com gas- tos em projetos de expansão. Afinal, manter uma folga de caixa para necessidades financeiras é extremamente importante. Muitas vezes, o capital de terceiros é mais barato, já que tem taxas de juros baixas. Por isso, vale mais a pena para a empresa captar recursos com empréstimos e financiamentos para novos projetos de expansão (como a abertura de uma nova fábrica, por exemplo) do que usar o recurso disponível em caixa. Esse recurso disponível em caixa, quando aplicado, pode gerar rentabilidade (receita financeira) superior aosjuros dos empréstimos e financiamentos obtidos (despesa financeira). Isso significa que a empresa paga os juros da dívida com a rentabilidade da aplicação financeira e ainda apura lucro na transação. Empresas que optam pelo regime de lucro real para apurar tributos sobre lucro tomam a dedutibilidade fiscal da despesa de juros para apurar o lucro tributável sobre o qual incidirão tributos. No Brasil, essa dedutibilidade é cerca de 34%. Isso significa que a despesa efetiva de juros sobre os financiamentos é 66%, uma vez que os outros 34% se transformam em economia de caixa no pagamento de tributos. 3Sistema de amortização constante com carência Em síntese, pessoas físicas optam por um financiamento de longo prazo normalmente por falta de recursos para comprar bens de alto valor. Da mesma forma, pessoas jurídicas (empresas ou outras entidades, como organizações não governamentais) podem também optar pelo endividamento para adquirir bens na falta de recursos imediatos. Porém, frequentemente há outras razões, que envolvem os benefícios que o endividamento pode oferecer à empresa, como as três razões listadas anteriormente. Mesmo que disponham de recursos imediatos, “[…] grandes e pequenas empresas tê m algo em comum: a neces- sidade de obter capital de longo prazo” (ROSS et al., 2015). Como os empréstimos são frequentes nas vidas tanto das pessoas físicas quanto das pessoas jurídicas, é importante saber como calculá-los. Um dos métodos de cálculo é o sistema de amortização constante (SAC). De acordo com Almeida (2016, p. 144), “[…] essa modalidade de pagamento também é conhe- cida como método hamburguês e possui vasta utilização em financiamentos imobiliários (SFH — sistema financeiro de habitação) e em financiamentos às empresas por parte de várias entidades governamentais”. Cálculo de financiamentos por meio do sistema de amortização constante Conforme Assaf Neto (2017, p. 235), “[…] o Sistema de Amortização Constante (SAC), como o próprio nome indica, tem como característica básica serem as amortizações do principal sempre iguais (ou constantes) em todo o prazo da operação”. Amortização, que também pode ser chamada de principal, refere-se à parte que é reduzida da dívida após o pagamento de cada parcela. É extremamente importante distinguir amortização e parcela (pagamento). Parcela é o valor que será pago nos prazos acordados do empréstimo e contempla a fatia que é efetiva redução de dívida e a fatia que corresponde aos juros pagos ao banco como remuneração pelo empréstimo efetuado. Amortização, por sua vez, refere-se apenas à parte do pagamento que resulta em efetiva redução de dívida. A fórmula para determinar o montante de amortização no SAC é a seguinte: Sistema de amortização constante com carência4 Na matemática financeira, o valor inicial de uma dívida (valor captado) ou o valor inicial de um investimento (valor aplicado) também pode ser referenciado como valor presente (VP). Se, por exemplo, uma empresa obteve um empréstimo de R$ 120.000 e vai pagá-lo em 12 parcelas, aplicando-se a fórmula da amortização, o valor da amortização mensal é R$ 10.000: Para determinar os juros de cada parcela, aplica-se a seguinte fórmula: juros = saldo devedor × taxa de juros (%) Dando continuidade ao exemplo anterior, o saldo devedor inicial corres- ponde exatamente ao valor captado (nenhuma amortização ainda foi feita). Considerando que a taxa de juros é 1,5% a.m. (ao mês), então o valor de juros no primeiro mês é R$ 1.800: juros = 120.000 × 1,5% = R$ 1.800 Compete ressaltar que a taxa de juros a ser aplicada sobre o saldo devedor deve estar na mesma grandeza do período das parcelas, isto é, se as parcelas são mensais, a taxa de juros também deve ser mensal. Os bancos costumam estabelecer taxas em grandeza anual, sendo necessário fazer a conversão. A princípio, pode-se imaginar que basta dividir a taxa anual por 12 meses. Entretanto, esse procedimento não é correto, em virtude dos conceitos de juros compostos. A conversão de taxas, se for o caso, deve ser efetuada de acordo com o conceito de taxas equivalentes (ALMEIDA, 2016). A fórmula de cálculo é a seguinte: 5Sistema de amortização constante com carência onde: iq = taxa que se quer descobrir; it = taxa que se tem; nq = período da taxa que se quer converter; nt = período da taxa que se tem. Por exemplo, se você tem como informação uma taxa de 15% a.a. (ao ano) e quer descobrir a equivalente a.m. (ao mês), então deve calcular: Veja que a taxa que se tem é 15% a.a. Para aplicação na fórmula, ela deve ser transformada em número decimal. Para isso, divide-se a taxa em percentual por 100 (15 ÷ 100 = 0,15). Na sequência, no expoente da equação, o numerador é o prazo para o qual se quer converter a taxa, e o denomi- nador é o período que se tem, que é o período correspondente a taxa que se tem. Como a taxa está em grandeza anual e queremos transformá-la em equivalente mensal, o período para o qual se quer converter a taxa é igual a 1 (correspondente a um mês) e o período que se tem é 1 ano, que, por sua vez, corresponde a 12 meses. O período que se quer e o período que se tem devem estar sempre na mesma grandeza equivalente em meses (p. ex., se a taxa que se tem é semestral e se quer convertê-la para taxa anual, então o período que se tem para a taxa semestral é de 6 meses, correspondente a um semestre, e o período da taxa que se quer para a taxa anual é de 12 meses, correspondente a um ano. O Quadro 1 apresenta uma síntese dos expoentes a serem utilizados para a conversão de taxas. Sistema de amortização constante com carência6 PA R A (p er ío do d a ta xa q ue s e qu er ) M en sa l Bi m es tr al Tr im es tr al Q ua dr im es tr al Se m es tr al A nu al DE (período da taxa que se tem) M en sa l — 2/ 1 3/ 1 4/ 1 6/ 1 12 /1 Bi m es tr al 1/ 2 — 3/ 2 4/ 2 6/ 2 12 /2 Tr im es tr al 1/ 3 2/ 3 — 4/ 3 6/ 3 12 /3 Q ua dr im es tr al 1/ 4 2/ 4 3/ 4 — 6/ 4 12 /4 Se m es tr al 1/ 6 2/ 6 3/ 6 4/ 6 — 12 /6 A nu al 1/ 12 2/ 12 3/ 12 4/ 12 6/ 12 — Q ua dr o 1. E xp oe nt es p ar a co nv er sã o de ta xa s 7Sistema de amortização constante com carência Como consequência dos conceitos de amortização e juros, a parcela (pagamento) será dada por: parcela = amortização + juros Dando continuidade ao exemplo, a primeira parcela a ser paga corresponde a R$ 11.800 e é obtida como segue: parcela = 10.000 + 1.800 = R$ 11.800 Por fim, o saldo devedor é obtido conforme fórmula a seguir: saldo devedor = valor captado − (amortização × número de parcelas já pagas) Ou ainda, por diferença entre o saldo devedor anterior (t − 1) e a amorti- zação no mês (t): saldo devedort = saldo devedort − 1 − amortizaçãot Seguindo o exemplo anterior, o saldo devedor ao final do primeiro mês é: saldo devedort = 120.000 − 10.000 = R$ 110.000 A demonstração completa do f luxo de parcelas (pagamentos), ju- ros, amortização e saldo devedor pode ser feita por meio de uma tabela. O Quadro 2 apresenta o exemplo abordado (isto é, captação de R$ 120.000, prazo de pagamento de 12 meses, taxa de juros de 1,5% a.m. e cálculo pelo SAC). Sistema de amortização constante com carência8 Mês Parcela (a) (b)t + (c)t Juros (b) (d) t − 1 × taxa % Amortização (c) Saldo devedor (d) (d) t − 1 − (c) t 0 — — — 120.000 1 11.800 1.800 10.000 110.000 2 11.650 1.650 10.000 100.000 3 11.500 1.500 10.000 90.000 4 11.350 1.350 10.000 80.000 5 11.200 1.200 10.000 70.000 6 11.050 1.050 10.000 60.000 7 10.900 900 10.000 50.000 8 10.750 750 10.000 40.000 9 10.600 600 10.000 30.000 10 10.450 450 10.000 20.000 11 10.300 300 10.000 10.000 12 10.150 150 10.000 — Total 131.700 11.700 120.000 — Legenda: t = mês atual t-1 = mês anterior Quadro 2. Tabela para demonstração do fluxo de parcelas, juros, amortização e saldo devedor 9Sistema de amortização constante com carência Veja que, mensalmente, a amortização (c)é constante, os juros (b) são cal- culados aplicando-se a taxa de juros sobre o saldo devedor do período anterior (d)t −1, a parcela corresponde à soma dos juros do mês (b)t e da amortização do mês (c)t, e o saldo devedor do mês (d)t é obtido subtraindo-se o valor da amortização do mês (c)t do saldo devedor anterior (d)t −1. Sistema de amortização constante com carência Suponha que os gestores de determinada empresa tenham observado um crescimento na demanda pelos produtos que comercializa, mas é incapaz de atendê-la apenas com a capacidade produtiva atual. Então, os gestores decidem abrir uma nova fábrica para produzir e suprir a demanda adicional. No entanto, a empresa não dispõe de recursos sufi cientes para realizar esse investimento. Os gestores decidiram recorrer a um empréstimo bancário para viabilizar o projeto. Ao montar o plano fi nanceiro, identifi caram que pode haver falta de caixa, considerando-se apenas as vendas atuais, para começarem a pagar as parcelas ao banco logo após o primeiro mês da captação dos recursos. E agora? Qual é a saída para a empresa? Existem modalidades de empréstimos e financiamentos em que o credor concede um prazo extra para o devedor começar a pagar as parcelas (ou parte delas, se a carência for parcial). Esse prazo corresponde ao que chamamos de prazo de carência ou período de carência. Existem dois tipos de carência mais usuais: a que prevê pagamentos apenas dos juros no período, chamada de carência parcial, que se refere apenas à parte do pagamento relacionada à amortização, e a que não prevê o pagamento de juros nem amortização no período, a carência total (ASSAF NETO, 2017). Carência parcial Na modalidade de carência parcial, há carência apenas para a amortização, isto é, os juros apurados no período de carência devem ser pagos neste período. Consideremos o exemplo anterior (captação de R$ 120.000 para pagamento em 12 parcelas mensais a uma taxa de 1,5% a.m.), porém com 3 meses de carência de amortização (carência parcial), devendo a empresa liquidar neste período apenas os juros mensais. Neste cenário, o fl uxo de pagamentos será o seguinte (Quadro 3): Sistema de amortização constante com carência10 Mês Parcela (a) (b)t + (c)t Juros (b) (d)t − 1 × taxa % Amortização (c) Saldo devedor (d) (d)t − 1 − (c)t 0 — — — 120.000 1 1.800 1.800 — 120.000 2 1.800 1.800 — 120.000 3 1.800 1.800 — 120.000 4 11.800 1.800 10.000 110.000 5 11.650 1.650 10.000 100.000 6 11.500 1.500 10.000 90.000 7 11.350 1.350 10.000 80.000 8 11.200 1.200 10.000 70.000 9 11.050 1.050 10.000 60.000 10 10.900 900 10.000 50.000 11 10.750 750 10.000 40.000 12 10.600 600 10.000 30.000 13 10.450 450 10.000 20.000 14 10.300 300 10.000 10.000 15 10.150 150 10.000 — Total 137.100 17.100 120.000 — Legenda: t = mês atual t − 1 = mês anterior Quadro 3. SAC com parcela parcial 11Sistema de amortização constante com carência Note que os juros são normalmente apurados sobre o saldo devedor. No entanto, como não há amortização em razão da carência para a amortização, somente os juros são pagos. Nos três primeiros meses, portanto, o saldo devedor vai ser exatamente o mesmo, uma vez que o pagamento de juros não o reduz. O saldo devedor corresponde, então, apenas à remuneração que se dá ao banco pelo empréstimo. A partir do quarto mês, o fluxo segue normalmente, considerando o pagamento de juros e a fatia que se refere à amortização do saldo devedor. Carência total Na modalidade de carência total, há carência tanto de amortização quanto de pagamento de juros, isto é, os juros apurados no período de carência elevam o saldo devedor. Considerando os dados do mesmo exemplo (captação de R$ 120.000, para pagamento em 12 parcelas mensais, a uma taxa de 1,5% a.m.), mas com carência total de 3 meses, a tabela pelo SAC fi ca a seguinte (Quadro 4): Mês Parcela (a) No período de carência = 0 No período pós-carência: (b)t + (c)t Juros (b) (d)t − 1 × taxa % Amortização (c) Saldo devedor (d) No período de carência: (d)t − 1 + (b)t No período pós-carência: (d)t − 1 − (c)t 0 — — — 120.000,00 1 — 1.800,00 — 121.800,00 2 — 1.827,00 — 123.627,00 3 — 1.854,41 — 125.481,41 4 12.339,00 1.882,22 10.456,78 115.024,63 5 12.182,15 1.725,37 10.456,78 104.567,85 6 12.025,30 1.568,52 10.456,78 94.111,07 7 11.868,45 1.411,67 10.456,78 83.654,29 Quadro 4. SAC com carência total (Continua) Sistema de amortização constante com carência12 Os juros foram normalmente calculados sobre o saldo devedor. Entre- tanto, como não houve pagamento no período, o saldo devedor aumentou ao longo do período de carência, uma vez que os juros apurados e não pagos são incorporados a esse saldo. A amortização, que seria normalmente calculada dividindo-se o valor captado pela quantidade de parcelas, com a carência total passa a ser calculada da seguinte forma: Mês Parcela (a) No período de carência = 0 No período pós-carência: (b)t + (c)t Juros (b) (d)t − 1 × taxa % Amortização (c) Saldo devedor (d) No período de carência: (d)t − 1 + (b)t No período pós-carência: (d)t − 1 − (c)t 8 11.711,59 1.254,81 10.456,78 73.197,51 9 11.554,74 1.097,96 10.456,78 62.740,73 10 11.397,89 941,11 10.456,78 52.283,95 11 11.241,04 784,26 10.456,78 41.827,17 12 11.084,19 627,41 10.456,78 31.370,39 13 10.927,34 470,56 10.456,78 20.913,61 14 10.770,48 313,70 10.456,78 10.456,83 15 10.613,68 156,85 10.456,83(*) — Total 137.715,85 17.715,85 125.481,41 — Legenda: t = mês atual t − 1 = mês anterior (*) A amortização do último mês foi ajustada em R$ 0,05 em razão da dízima periódica no valor da amortização. Quadro 4. SAC com carência total (Continuação) 13Sistema de amortização constante com carência Por isso, neste exemplo, o valor da amortização mensal é R$ 10.456,78: Neste caso, os juros ficam maiores que os juros que teríamos no cenário sem carência ou com carência parcial, afinal o saldo devedor aumentou ao longo dos meses de carência porque os pagamentos não ocorreram. Ao se captar um empréstimo ou financiamento, em especial de longo prazo, há que se observar todas as condições contratuais, como taxa de juros, prazo, método de amortização aplicável, além do tipo de fluxos de pagamentos: sem carência, com carência parcial ou com carência total. Dessa forma, é possível tomar uma decisão de endividamento de forma consciente, inclusive avaliando a real necessidade de se postergar pagamentos por meio da carência, afinal, a escolha pela carência, seja parcial seja total, resulta em maior montante de juros e pagamentos totais. ALMEIDA, J. T. S. de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. ASSAF NETO, A. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017. MAGAZINE LUIZA. Central de resultados. Magazine Luiza, [s. l.], [2019]. Disponível em: https://ri.magazineluiza.com.br/ListResultados/Central-de-Resultados?=0WX0bwP76 pYcZvx+vXUnvg%3D%3D. Acesso em: 5 out. 2019. MAGAZINE LUIZA S.A. Demonstrações contábeis 31 de dezembro de 2018 e 2017. [S. l.: s. n.], [2018]. Disponível em: https://ri.magazineluiza.com.br/ListResultados/Download. aspx?Arquivo=+mZzBAqqWt/00RFJl56+hg==. Acesso em: 5 out. 2019. ROSS, S. A. et al. Administração financeira: versão brasileira de corporate finance. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. Sistema de amortização constante com carência14 Dica do professor Avaliar a necessidade de financiamento, seja por uma pessoa física, seja por uma empresa, e conhecer as principais modalidades de cálculo é extremamente importante em um processo de captação de recursos. Aprimore os seus conhecimentos sobre este assunto nesta Dica do Professor. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Exercícios 1) Em empréstimos e financiamentos, há modalidades diferentes de cálculos que interferem no valor das parcelas, juros, amortização e saldo devedor. Assinale a alternativa correta quanto ao Sistema de Amortização Constante (SAC):A) Os juros são lineares. B) O saldo devedor é reduzido sempre pelo mesmo valor a cada pagamento. C) O pagamento é fixo. D) A amortização é decrescente. E) Os juros são crescentes. 2) Valmir foi até o banco para solicitar um empréstimo de R$ 1.000. O gerente do banco ofereceu a ele as seguintes condições: taxa de 2% a.m., pagamentos em 4 parcelas mensais e cálculo pelo Sistema de Amortização Constante (SAC). Considerando-se que todas as parcelas serão pagas no prazo normal acordado, após o terceiro mês, Valmir deverá ao banco: A) R$ 250,00. B) R$ 330,00. C) R$ 255,00. D) R$ 270,00. E) R$ 332,43. 3) Maria efetuou um empréstimo de R$ 1.500 no Banco X, a uma taxa de 2% a.m., e pagamentos a serem efetuados em 4 parcelas mensais. O empréstimo tem carência total (de amortização e pagamento de juros) durante 2 meses. Considerando o Sistema de Amortização Constante (SAC), a amortização mensal desse empréstimo será de: A) R$ 375,00. B) R$ 421,36. C) R$ 390,15. D) R$ 393,94. E) R$ 409,66. 4) Afonso captou recursos por meio de um empréstimo de R$ 2.500 junto a um banco, que cobrou taxa de juros de 1,8% a.m. O empréstimo será pago em 5 parcelas mensais. Há carência parcial (somente de amortização, sendo que os juros deverão ser pagos) de 1 mês. O valor total dos juros desse empréstimo, de acordo com o Sistema de Amortização Constante (SAC), é de: A) R$ 182,43. B) R$ 136,61. C) R$ 226,61. D) R$ 225,00. E) R$ 180,00. 5) Humberto foi até um banco solicitar um empréstimo e informaram a ele que a taxa de juros para esse empréstimo equivale a 3,5% a.m. Caso Humberto faça a conversão dessa taxa a.m. para taxa a.a., em regime de juros compostos, encontrará como resultado uma taxa de: A) 42,00% a.a. B) 65,21% a.a. C) 34,79% a.a. D) 51,11% a.a. E) 58,00% a.a. Na prática Você já precisou recorrer a um financiamento para adquirir um bem de alto valor, como um carro ou imóvel? Caso sim, já passou pelo processo de análise e aprovação de crédito e recebeu do gerente do banco um fluxo de parcelas a pagar. Caso não, você passará por esse procedimento se necessitar de um financiamento. Acompanhe, Na Prática, o caso a seguir, que mostra como funciona o cálculo de parcelas, juros, amortização e saldo devedor de financiamentos por meio do Sistema de Amortização Constante (SAC). Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Uma Nota Sobre Amortização de Dívidas: Juros Compostos e Anatocismo No artigo Uma nota sobre amortização de dívidas: juros compostos e anatocismo, você acompanha uma redação crítica sobre discussões jurídicas acerca de métodos de amortização implicarem em anatocismo (juros sobre juros) ou não. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Sistemas de Amortização Veja neste artigo sistemas de amortização. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Saiba como funciona o Sistema de Amortização Constante (SAC) veja como o Sistema de Amortização Constante (SAC) é aplicado em financiamentos de longo prazo, estabelecendo pagamentos decrescentes para amortizar a dívida. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Compartilhar