Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período A adolescência compreende a 2ª década da vida (10 a 20 anos incompletos) e a juventude estende-se dos 15 aos 24 anos. Já o Estatuto da Criança e do Adolescente considera adolescência a faixa etária de 12 a 18 anos. O termo puberdade deriva do latim “pubertate” e significa idade fértil. RESILIÊNCIA E VULNERABILIDADES O conjunto de forças psicológicas e biológicas exigidas para que uma pessoa, ou um grupo de pessoas, supere com sucesso seus percalços, situações adversas ou situações estressantes, que modificam muito a vida das pessoas, tem sido chamado de resiliência. A personalidade resiliente: Um forte e flexível sentido de autoestima; Independência de pensamento e ação; Disciplina pessoal e um sentido de responsabilidade; Ter amigos; Senso de humor alegre; Experiências pessoais vivenciadas com significado e esperança; Estabilidade e adaptabilidade. São situações de risco e/ou de baixa resiliência individual e familiar, potencialmente produtoras de vulnerabilidade, que merecem ser tratadas da forma mais ampliada possível pela saúde, podendo merecer também ações intersetoriais: Adolescentes que residem em áreas de risco ambiental, risco à saúde e com estatísticas de maior violência. Que vivem em famílias sem referências significativas, passando por processos de desestruturação de vínculos e/ou por processos de fragilidade econômica. Que estejam sofrendo ou em risco de sofrer violência doméstica. Que estejam com dificuldades escolares significativas, tendendo à evasão escolar. Que já tenham iniciado vida sexual sem o necessário apoio dos serviços de saúde. Que estejam vivenciando situação de gravidez não planejada. Que já apresentaram alguma doença sexualmente transmissível e/ou HIV. Que tenham riscos nutricionais, ou seja: obesidade, dislipidemias, desnutrição, anemias carenciais, bulimia, anorexias etc. Que esteja em sofrimento mental com destaque às situações de depressão, risco de suicídio, alta ansiedade, impulsividade, manias, oscilações de humor significativas etc. Que estejam envolvidos com substâncias psicoativas lícitas e/ou ilícitas, tendendo ao abuso, à dependência química e/ou ao envolvimento com o tráfico. Que fogem com frequência de casa, tendendo a se estruturar nas ruas. Que exercem qualquer forma de trabalho não prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Que estejam sendo vítimas de exploração sexual ou que tenham sofrido abuso sexual. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO FÍSICO Aceleração (estirão) e desaceleração do crescimento ponderal e estatural, que ocorrem em estreita ligação com as alterações puberais. Velocidade do crescimento: MENINO: Média de 10cm/Ano durante a puberdade. Velocidade máxima de crescimento em altura entre 13 e 14 anos; MENINA: Média de 9cm/Ano durante a puberdade. Velocidade máxima de crescimento em altura entre 11 e 12anos. Após a menarca crescimento máximo de 5 a 7 cm. Durante a puberdade, o adolescente cresce um total de 10 a 30 cm (média de 20 cm). Modificação da composição e proporção corporal, como resultado do crescimento esquelético, muscular e redistribuição do tecido adiposo. Idade óssea: Calculada por meio da comparação de radiografias de punho, de mão e de joelho com padrões definidos de tamanhos e forma dos núcleos dessas estruturas. A idade óssea pode ser utilizada na predição da estatura final do adolescente, considerando a sua relação com a idade cronológica. Saúde do adolescente IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período O crescimento estatural inicia-se pelos pés, seguindo uma ordem invariável que vai das extremidades para o tronco. Desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, com ênfase no circulatório e respiratório. Maturação sexual com a emergência de caracteres sexuais secundários, em uma sequência invariável, sistematizada por Tanner. MENINO: primeira manifestação da puberdade masculina = volume testicular, que passa a ter dimensões maiores que 4cm³. Segue-se o crescimento de pelos pubianos, o desenvolvimento do pênis em comprimento e diâmetro, o aparecimento de pelos axilares e faciais e o estirão pubertário. O pelo facial, no sexo masculino, aparece ao mesmo tempo em que surge o pelo axilar. O aparecimento de pelos na face marca o final da mudança vocal. A mudança vocal está completa em 6 meses. MENINA: Primeira manifestação da puberdade feminina = o surgimento do broto mamário. É seguido do crescimento dos pelos pubianos e pelo estirão puberal. A menarca acontece cerca de um ano após o máximo de velocidade de crescimento. A menarca não marca o início da vida reprodutiva (podem haver ciclos anovulatórios).7 CRITÉRIOS DE TANNER A evolução da distribuição de pelos pubianos é semelhante nos dois sexos, de acordo com as alterações progressivas relativas à forma, espessura e pigmentação. Observar para os estágios de Tanner que o início da puberdade ocorre nas meninas entre 8 a 13 anos, com o aparecimento do broto mamário. Aumento do volume testicular, em média aos 10 anos e 9 meses. O crescimento peniano começa, em geral, um ano após o crescimento dos testículos. IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período MATURAÇÃO SEXUAL A idade da primeira ejaculação, conhecida como semenarca ou espermarca, ocorre em média aos 12 anos e 8meses. Geralmente, acontece também a polução noturna, ou seja, a ejaculação involuntária de sêmen quando o adolescente está dormindo. Trata-se de evento fisiológico normal, que deve ser orientado e tranquilizado pelo profissional de saúde. É importante observar que se deve considerar retardo puberal em meninos, a ausência de qualquer característica sexual secundária a partir dos 14 anos de idade. Investigar as principais causas de atraso caso o crescimento pré-puberal seja menor que 4 cm/ano ou menor que 6 cm/ano em adolescentes na fase puberal. ÉTICA NO ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE Consentimento livre e esclarecido deve ser solicitada a assinatura para a realização de qualquer procedimento clínico. No consentimento livre e esclarecido, a decisão só deve ser tomada depois que o adolescente receber informações detalhadas e esclarecidas sobre seu estado de saúde e o tratamento a ser realizado. Caso seja verificada sua incapacidade para a decisão, deve ter a assistência de seus pais ou representantes legais. Moralmente Aceitável: o consentimento só é moralmente aceitável quando está fundamentado em quatro elementos: informação, competência, entendimento e voluntariedade. A CONSULTA DO ADOLESCENTE Em termos ideais, devem existir dois momentos na consulta: o adolescente sozinho e com o familiar/responsável. A entrevista com o responsável é fundamental para o entendimento da dinâmica e estrutura familiar e para a elucidação de detalhes importantes da história pregressa do adolescente. Entrevistar o adolescente sozinho oferece a oportunidade de estimulá-lo a expor sua percepção sobre o que está acontecendo nos diversos âmbitos de sua vida. Além disso, esse espaço permite que o adolescente aborde alguns aspectos sigilosos que o estejam preocupando. ANAMNESE O profissional de Saúde não deve ficar restrito a obter informações sobre o motivo focal que levou o adolescente ao serviço de saúde, e sim conhecer o adolescente como um todo, seguindo um roteiro de anamnese. Isto inclui a avaliação de como ele está se sentindo em relação às mudanças corporais e emocionais pelas quais está passando, seurelacionamento com a família e com seus pares, a forma como usa as horas de lazer, suas vivências anteriores no serviço de saúde, expectativas em relação ao atendimento atual e seus planos para o futuro. É importante salientar que durante a anamnese podem surgir barreiras de comunicação. Além de reconhecê-las e tentar superá-las, o profissional deverá buscar explorar as razões que determinam esse comportamento. Não sendo possível melhorar o relacionamento profissional de saúde/adolescente, ele deve ser referido a outro profissional. EXAME FÍSICO O exame físico é o procedimento que apresenta o mais elevado grau de dificuldade para o profissional de Saúde pouco habilitado. Isso decorre do fato de que, na formação do médico ou enfermeiro, não existem disciplinas que desenvolvem essa habilidade, levando em consideração o desconforto causado ao profissional pela necessidade de manipulação do corpo de um indivíduo em pleno desenvolvimento físico e sexual. O adolescente tem o direito de optar pela presença de um familiar durante a realização do exame físico. Dependendo da situação, o profissional deve solicitar a presença de um componente da equipe durante o procedimento. A explicação prévia do que e como será realizado o exame físico é importante para tranquilizar o adolescente e diminuir seus temores. Além da ansiedade frente ao manuseio do corpo, não raro o adolescente encontra-se ansioso ante a perspectiva de achados anormais. Assim, é desejável que o profissional responda a essa expectativa, revelando o que está normal durante a avaliação. IESC IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período O exame físico deve ser uma oportunidade de o profissional abordar temas educativos com o usuário em relação a seu corpo, como, por exemplo, por meio da instrução do autoexame das mamas e dos testículos. A orientação sobre hábitos higiênicos é também um aspecto importante a ser tratado neste momento. NÃO DEIXAR DE AVALIAR: Aspecto geral (aparência física, humor, pele hidratada, eupneico, normocorado.) Avaliação de peso, altura, IMC/idade e altura/idade – usar curvas e critérios da OMS (2007); Gráfico de estatura por idade dos 10 aos 19 anos (escores-z): Gráfico de IMC por idade: Verificação da pressão arterial (deve ser mensurada pelo menos uma vez/ano usar curvas de pressão arterial para idade); Avaliação dos sistemas: respiratório, cardiovascular, gastrointestinal, etc.; Avaliação do estadiamento puberal = usar critérios de Tanner (masculino e feminino). Avaliação da acuidade visual com escala de Snellen Observar o estágio de maturação sexual, e qualquer anormalidade, encaminhar à referência. Encaminhar para exame ginecológico e realização de preventivo de câncer de colo de útero todas as adolescentes que já iniciaram atividades sexuais e/ou apresentarem algum problema ginecológico. Em relação ao adolescente masculino que já iniciou as atividades sexuais ou apresentou algum problema geniturinário esclarecer suas dúvidas, orientando para o autocuidado e para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez.
Compartilhar