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DIREITO ECONÔMICO
Lei Antitruste, Infrações à Ordem 
Econômica, Acordos de Leniência, 
Atos de Concentração
Livro Eletrônico
Presidente: Gabriel Granjeiro
Vice-Presidente: Rodrigo Calado
Diretor Pedagógico: Erico Teixeira
Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi
Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra
Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes
Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais 
do Gran Cursos Online. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer 
outra forma de uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o 
transgressor às penalidades previstas civil e criminalmente.
CÓDIGO:
230424393177
NATALIA RICHE
Procuradora da Fazenda Nacional. Chefe da Divisão de Defesa da Primeira Instância 
da PRFN da Primeira Região. Possui especialização em Direito Público. Tem experiência 
na área de Direito, com ênfase em Direito Tributário, Financeiro e Econômico. Atuou 
como membro do Núcleo de Estudos Constitucionais (UniCeub) e do Grupo de 
Pesquisa Direito e Democracia no Pensamento de Peter Häberle (IDP). Trabalhou 
como voluntária no United Nations Women´s Guild, em Viena (tradutora de projetos).
 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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DIREITO ECONÔMICO
Lei Antitruste, Infrações à Ordem Econômica, 
Acordos de Leniência, Atos de Concentração
Natalia Riche
SUMÁRIO
Lei Antitruste, Infrações à Ordem Econômica, Acordos de Leniência, Atos de 
Concentração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1. Breve Introdução ao Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2. As Válvulas de Escape do Direito Antitruste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3. Alcance da Lei Antitruste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4. As Infrações à Ordem Econômica em Sentido Lato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Os Tipos Exemplificativos: infrações à ordem econômica em sentido estrito. . 15
6. Principais Práticas Abusivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
6.1. Formação de Cartel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
6.. Preço Predatório (deep pocket) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
6.3. Venda Casada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6.4. Sistemas Seletivos de Distribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6.5. Recusa de Contratar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6.6. Exclusividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
6.7. Manutenção de Preço de Revenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
6.8. Influência de Conduta Uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6.9. Sham Litigation (litígio falso ou simulado) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
7. Penalidades Aplicáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
8. Continuidade das Infrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
9. Gradação das Penas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
10. Prescrição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
11. Direito de Ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
12. Inquérito e Processo Administrativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
12.1. O Termo de Compromisso de Cessação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
12.2. Os Acordos de Leniência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
13. Os Atos de Concentração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
 
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Lei Antitruste, Infrações à Ordem Econômica, 
Acordos de Leniência, Atos de Concentração
Natalia Riche
13.1. Configuração e Classificações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
13.2. A Dupla Trava Cumulativa (Art. 88) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
13.3. Prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
13.4. Revisão dos Atos de Concentração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
13.5. Possibilidade de Autorização de Atos de Concentração Anticompetitivos 51
13.6. As Três Etapas de Análise dos Atos de Concentração . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
13.7. Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
14. Resolução do CADE n. 33/2022 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
14.1. Definição de Grupo Econômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
14.2. Procedimento Sumário para Análise dos Atos de Concentração . . . . . . . . 57
14.3. Da Notificação de Aquisição de Participações Societárias . . . . . . . . . . . . . 59
15. Jurisprudência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Mapa Mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Questões de Concurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Gabarito Comentado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
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Lei Antitruste, Infrações à Ordem Econômica, 
Acordos de Leniência, Atos de Concentração
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LEI ANTITRUSTE, INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA, LEI ANTITRUSTE, INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA, 
ACORDOS DE LACORDOS DE LENIÊNCIA, ATOS DE CONCENTRAÇÃOENIÊNCIA, ATOS DE CONCENTRAÇÃO
1 . BREVE INTRODUÇÃO AO TEMA1 . BREVE INTRODUÇÃO AO TEMA
A Lei Antitruste enumera diversas condutas exemplificativas no art. 36, que é o ponto 
de partida da aula de hoje. Tais condutas serão consideradas infrações à ordem econômica, 
bastando a existência de potencial efeito danoso ao mercado, independente da vontade 
do agente.
Assim, qualquer ação que tenha por objeto ou possa produzir efeitos danosos será 
abarcada pela Lei.
Como vimos na última aula, a atuação no âmbito do direito da concorrência exige um 
alto conhecimento técnico mormente em decorrência da utilização de tipos abertos e 
conceitos indeterminados.
Vale lembrar que a análise do abuso de poder econômico será verificada não somente 
por critérios objetivos (ação) mas por seus objetos e efeitos, mesmo que não alcançados.
Nesse contexto, a presença de conceitos indeterminados acaba permitindo uma análise 
mais profunda das causas e potenciais consequências de determinada ação no mercado já 
que não existe uma correlação prévia e absoluta entre ação e efeitos. Além disso, permite que 
condutas que não estejam expressamente previstas na lei também possam ser consideradas 
lesivas. Vamos conferir a redação do artigo:
Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob 
qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, 
ainda que não sejam alcançados.
ILÍCITOS CONCORRENCIAIS
independem de 
dolo ou culpa
tipos abertos e 
conceitos 
indeterminados
rol exemplificativo basta o potencial efeito lesivo
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2 . AS VÁLVULAS DE ESCAPE DO DIREITO ANTITRUSTE2 . AS VÁLVULAS DE ESCAPE DO DIREITO ANTITRUSTE
Dentro do nosso tema, é imprescindível que você tenha conhecimento das famosas 
“válvulas de escape” da legislação antitruste.
Esses conceitos possibilitam: i) que se afaste a aplicação de uma norma que define a 
existência de uma infração ou ii) que ela seja aplicada com menor intensidade.
Conceito de Imunidade
A imunidade faz com que o direito antitruste deixe de ser aplicado em duas hipóteses:
• aplicação de regras específicas: quando a lei estabelecer regras diversas para 
determinado setor.
• deixar de reprimir a concentração em um determinado mercado: quando a conduta 
não envolver o comércio
Ex: atos praticados por associações que não explorem atividade econômica ou tenham poder 
econômico irrelevante.
A regra da razão
Trata-se de uma regra hermenêutica, originada do common law e que veio sendo 
construída pela jurisprudência da Suprema Corte Americana.
A regra da razão permite diminuir a punição ou afastar a ilicitude de uma determinada 
conduta, observando-se seus efeitos futuros no caso concreto. Em outras palavras, a 
ilicitude de uma conduta não decorre da sua mera previsão legal, devendo ser observada 
a intensidade da lesão à concorrência que ela gera.
Conforme ensina Forgioni “a regra da razão determina que somente serão consideradas 
ilegais as práticas que restringem a concorrência de forma não razoável”1.
Podemos considerar como condutas razoáveis aquelas que fomentam a rivalidade 
econômica do mercado, não afetam o desenvolvimento econômico ou aquelas que 
produzem efeitos futuros que acabem promovendo uma concorrência saudável.
No direito norte americano, a regra da razão era aplicada em momento anterior ao 
Sherman Act, quando da defesa da legitimidade de restrições ancilares (que não constituam 
objeto principal do acordo) e razoáveis. (Juiz William Taft).
O Leading case United States x Transmissouri Freight Association deu interpretação 
literal ao Sherman Act. Entretanto, posteriormente, houve alteração desse entendimento, 
surgindo a tese de que as limitações arrazoadas não seriam vedadas.
1 FORGIONI, Paula A. Os fundamentos do antitruste. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, P.198-199.
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Acordos de Leniência, Atos de Concentração
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Mais adiante, nos casos Standard Oil of New Jersey x United States foi reconhecida a regra 
da razão, mas sem o estabelecimento de parâmetros. (GELLHORN, Ernest,KOVACIC, William 
E,. CALKINS, Stephen. Antitrust law and economics. St Paul, MN: Thompson West, 2004)
Já no caso Chicago Bd of Trade x United States houve uma enunciação ainda mais clara 
da regra da razão pelo Juiz Brandeis, no sentido de que: “a validade de um contrato ou 
cláusula não pode ser determinada simplesmente pela análise referente à existência de 
uma restrição à concorrência.(...)O verdadeiro teste da validade está em se verificar se a 
restrição imposta apenas visa regular e talvez promover a concorrência, ou se simplesmente 
visa suprimir ou mesmo destruir a concorrência.
• Regra da razão x ilícitos per se
A regra se contrapõe ao conceito de ilícito per se, já que os últimos determinam que 
a caracterização da hipótese normativa enseja a necessariamente a aplicação da norma, 
independente da análise dos efeitos da conduta ou do poder de mercado dos agentes.
Ao contrato da regra da razão, os ilícitos per se não admitem flexibilidade e dispensam 
a análise dos efeitos nocivos à concorrência, já que eles são presumidos.
• A regra da razão reduzida (truncated) ou “quick look rule of reason”
De acordo com essa regra, não existe presunção de ilegalidade, portanto, o acusador 
deve apresentar uma análise mínima dos efeitos da conduta.
A criação da regra da razão reduzida buscou lidar com a dificuldade de análise e prova 
dos efeitos anticompetitivos na medida em que mitiga a exigência de uma prova plena 
trazida pela aplicação da regra da razão pura.
O direito brasileiro aplica a regra, inclusive na análise dos atos de concentração.
Confira alguns artigos que permitem verificar a a nítida influência da regra na lei 
Antitruste:
Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob 
qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, 
ainda que não sejam alcançados:
I – limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa;
II – dominar mercado relevante de bens ou serviços;
III – aumentar arbitrariamente os lucros; e
IV – exercer de forma abusiva posição dominante.
§ 1º A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de 
agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II 
do caput deste artigo.
(...)
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Art. 45. Na aplicação das penas estabelecidas nesta Lei, levar-se-á em consideração:
I – a gravidade da infração;
II – a boa-fé do infrator;
III – a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
IV – a consumação ou não da infração;
V – o grau de lesão, ou perigo de lesão, à livre concorrência, à economia nacional, aos consumidores, 
ou a terceiros;
VI – os efeitos econômicos negativos produzidos no mercado;
VII – a situação econômica do infrator; e
VIII – a reincidência.
(...)
Art. 88. Serão submetidos ao Cade pelas partes envolvidas na operação os atos de concentração 
econômica em que, cumulativamente:
(...)
§ 6º Os atos a que se refere o § 5º deste artigo poderão ser autorizados, desde que sejam observados 
os limites estritamente necessários para atingir os seguintes objetivos:
I – cumulada ou alternativamente:
a) aumentar a produtividade ou a competitividade;
b) melhorar a qualidade de bens ou serviços; ou
c) propiciar a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou econômico; e
II – sejam repassados aos consumidores parte relevante dos benefícios decorrentes.
O conceito de Mercado relevante
Esse conceito também é um dos pontos de partida para que o aluno compreenda as 
normas anticoncorrenciais, já que permite a apuração da autoria e da materialidade das 
infrações à ordem econômica.
O mercado relevante consiste no espaço de atuação (parcela do mercado) de agentes 
econômicos que concorrem entre si, utilizando-se de diversos instrumentos para disputar 
os consumidores.
Podemos observar o mercado relevante a partir de duas dimensões: material (produto) 
e geográfica.
• A dimensão material
Considera-se a possibilidade de substituição do bem, produto ou serviço negociado 
pelo agente por outros bens, ainda que similares.
Nesse aspecto será realizada uma análise subjetiva, observando-se as preferências e 
impressões dos consumidores, o que demanda uma atuação técnica e específica por parte 
dos órgãos de defesa da concorrência.
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Vale lembrar que a delimitação do mercado relevante influencia diretamente na 
aplicação da lei.
Conforme ensinamentos de Bensoussan e Gouvêa:
Podemos imaginar o mercado de bares e restaurantes de uma cidade. Eles farão parte de um 
mesmo mercado relevante (para fins do direito da concorrência)? Provavelmente não, pois há 
estabelecimentos especializados em comidas típicas enquanto outros trabalham com culinária 
diversificada, alguns são voltados ao público jovem, enquanto outros apresentam facilidades 
para atrair famílias (...) Se o consumidor daquela cidade analisar as opções e disser: “qualquer 
um é bom para mim”, estaremos diante de um só mercado relevante. Se, ao contrário, fizer 
distinções, estaremos diante de vários mercados relevantes distintos e menores, tantos quantos 
forem os grupos de consumidores.
(...)Assim, quando se fala de chás e mates, estaremos no mercado de bebidas, se o consumidor 
aceitar trocar tranquilamente o mate pela água, pelo café, pelo refrigerante, pela cerveja ou 
pelo vinho. (...)
Estaremos no mercado de bebidas não alcoólicas, se excluirmos a cerveja e o vinho, ou num 
mercado relevante específico de chás e mates, se não houver possibilidade de substituição 
destes por outras bebidas”. 2
Alguns autores afirmam que quando observamos aspectos momentâneos de determinados 
setores referentes à épocas específicas, é possível identificar uma terceira dimensão 
denominada histórica.
• A dimensão geográfica
Está relacionado aoe espaço territorial no qual os agentes competem. Ex: restaurantes 
em um determinado bairro.
• O teste do “monopolista hipotético”
É utilizado para definição de determinado mercado relevante por meio da verificação 
do menor grupo de produtos e da menor área geográfica necessários para que um suposto 
monopolista esteja em condições de impor aumento de preços significativo e não transitório.
Esclarecendo: o teste busca verificar a capacidade de um agente aumentar o preço de 
seu produto sem que isso implique a entrada de novos concorrentes no mesmo mercado.
Nesse contexto, o agente é capaz de impor um aumento de preços (significativo e não 
transitório) sem que isso gere a migração dos consumidores para outro produto (ou similar) 
ou outra região.
2 BENSOUSSAN, Fábio Guimarães, GOUVÊA, Marcus de Freitas. Manual de Direito Econômico, Salvador: Juspodium, 2016, 
p.663 e 740.
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Perceba que nesse caso o aumento de preço não fará com que o consumidor compre 
o mesmo bem de outro agente ou ainda, que compre um bem similar. Assim, o mercado 
relevante será definido como o menor mercado possível em que o teste do monopolista 
hipotético é satisfeito.
• Poder de mercado e mercado relevante
Ambos os conceitos estão relacionados, mas não são coincidentes.
Veja que o mercado relevante nos permite identificar o espaço onde o poder de 
mercado está sendo exercido.
Dessa forma, para caracterização do exercício do poder de mercado deve haver uma 
análise prévia de qual o mercado relevante (espaço) afetado por determinada conduta.
Partindo do mercado relevante é possível definirmos e avaliarmos o poder de mercado 
e eventual conduta abusiva.
O conceito de poder de mercado está relacionado ao poder de um grupo ou empresa 
de manter seus preços sistematicamente acima do nível competitivo de mercado sem com 
isso perder todos os seus clientes.
Conforme explica a cartilha do CADE:
Em um ambiente em que nenhuma firma tem poder de mercado não é possível que uma empresa 
fixe seu preço em um nível superior ao do mercado, pois se assim o fizesse os consumidores 
naturalmente procurariam outra empresa para lhe fornecer o produto que desejam, ao preço 
competitivo de mercado3.
• Poder de mercado e posição dominante
A posição dominante consiste no controle de parcela substancial de mercado relevante 
por uma empresa ou grupo de empresas que atue como fornecedor, intermediário, adquirente 
ou financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele relativa de tal forma que a empresa 
ou grupo de empresas seja capaz de, deliberada e unilateralmente, alterar as condições 
de mercado.
A parcela substancial de mercado relevante é presumida quando há o controle de 20% 
do mercado relevante em questão.
Ressalto que existe possibilidade de o CADE alterar esse percentual para setores 
específicos, nos termos do art. 36, §2 da Lei 12.529/11).
Dentro desse contexto, a cartilha do CADE esclarece que o fato de uma empresa exercer 
posição dominante em um mercado relevante não significa necessariamente que ela possua 
poder de mercado.
3 http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/cartilha-do-cade.pdf
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Na verdade, a capacidade unilateral de aumentar preços sem perder clientes (que 
caracteriza o poder de mercado das empresas) não decorre somente da existência de 
posição dominante.
Em outras palavras, o poder de mercado tem como uma de suas condições a existência 
de posição dominante, mas ela não é suficiente para caracterizá-lo.
Seguindo as lições da cartilha do CADE:
Para que seja caracterizada a existência de poder de mercado faz-se necessário proceder a 
uma análise complexa, que parte da existência de posição dominante, mas envolve ainda a 
investigação de outras variáveis, tais como existência de barreiras à entrada naquele mercado, 
a possibilidade de importações ou ainda a efetividade de competição entre a empresa que tem 
posição dominante e seus concorrentes. Se, mesmo tendo posição dominante em um mercado 
relevante, a decisão de elevação unilateral de preços por parte de uma empresa puder ser 
contestada pela reação de concorrentes efetivos ou potenciais, então essa empresa não possui 
poder de mercado4
Válvulas de escape
Imunidade
O direito antitruste deixa de ser aplicado em duas hipóteses:
−	 aplicação	de	regras	específicas:	quando	a	lei	estabelecer	regras	diversas	para	determinado	setor.
−	 deixar	de	reprimir	a	concentração	em	um	determinado	mercado:	quando	a	conduta	não	envolver	o	comércio
Regra da razão
permite diminuir a punição ou afastar a ilicitude de uma determinada conduta, observando-se seus efeitos 
futuros no caso concreto.
Mercado relevante
espaço de atuação (parcela do mercado) de agentes econômicos que concorrem entre si, utilizando-se de 
diversos instrumentos para disputar os consumidores.
Mercado relevante
Dimensão material:
considera-se a possibilidade 
de substituição do bem, 
produto ou serviço 
negociado pelo agente por 
outros bens, ainda que 
similares.
Dimensão geográfica
relacionado ao espaço 
territorial no qual os 
agentes competem.
Teste do monopolista 
hipotético:
verificação do menor grupo 
de produtos e da menor 
área geográfica necessários 
para que um suposto 
monopolista esteja em 
condições de impor 
aumento de preços 
significativo e não 
transitório. 
4 http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/cartilha-do-cade.pdf
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PODER DE MERCADO
capacidade unilateral de aumentar preços 
sem perder clientes 
POSIÇÃO DOMINANTE
controle de parcela substancial de 
mercado relevante por uma empresa ou 
grupo de empresas que atue como 
fornecedor, intermediário, adquirente ou 
financiador de um produto, serviço ou 
tecnologia a ele relativa de tal forma que a 
empresa ou grupo de empresas seja capaz 
de, deliberada e unilateralmente, alterar 
as condições de mercado. 
3 . ALCANCE DA LEI ANTITRUSTE3 . ALCANCE DA LEI ANTITRUSTE
O alcance da Lei Antitruste leva em conta o fato de que uma conduta anticoncorrencial 
ultrapassa fronteiras devido ao processo de globalização e integração da economia. Assim, 
as disposições legais buscam proteger o mercado interno da influência de fatores externos 
que possam prejudicá-lo.
Art. 2º Aplica-se esta Lei, sem prejuízo de convenções e tratados de que seja signatário o Brasil, 
às práticas cometidas no todo ou em parte no território nacional ou que nele produzam ou 
possam produzir efeitos.
§ 1º Reputa-se domiciliada no território nacional a empresa estrangeira que opere ou tenha no 
Brasil filial, agência, sucursal, escritório, estabelecimento, agente ou representante.
§ 2º A empresa estrangeira será notificada e intimada de todos os atos processuais previstos 
nesta Lei, independentemente de procuração ou de disposição contratual ou estatutária, na 
pessoa do agente ou representante ou pessoa responsável por sua filial, agência, sucursal, 
estabelecimento ou escritório instalado no Brasil.
A responsabilização poderá abarcar entes públicos e privados, mesmo que não tenham 
finalidade lucrativa e que não estejam legalmente constituídos, podendo ser estendida, 
ainda, a todos os integrantes do mesmo grupo econômico e à pessoas naturais que exerciam 
poder de gestão à época dos fatos.
A responsabilização administrativa não exclui a possibilidade de aplicação da legislação 
penal, cível e tributária ao mesmo fato.
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Art. 31. Esta Lei aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como 
a quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda que 
temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob 
regime de monopólio legal.
Art. 32. As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da 
empresa e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente.
Art. 33. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo 
econômico, de fato ou de direito, quando pelo menos uma delas praticar infração à ordem 
econômica.
(...)
Art. 35. A repressão das infrações da ordem econômica não exclui a punição de outros ilícitos 
previstos em lei.
• Possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica:
Art. 34. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser 
desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da 
lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
Parágrafo único. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de 
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
Lei antitruste
Alcance:
práticas cometidas no todo 
ou em parte no território 
nacional ou que nele 
produzam ou possam 
produzir efeitos
.
Responsabilização:
poderá abarcar entes 
públicos e privados, mesmo 
que não tenham finalidade 
lucrativa e que não estejam 
legalmente constituídos, 
podendo ser ser estendida, 
ainda, a todos os 
integrantes do mesmo 
grupo econômico e à 
pessoas naturais que 
exerciam poder de gestão à 
época dos fatos.
Possibilidade de 
desconsideração da 
personalidade jurídica:
quando houver da parte 
deste abuso de direito, 
excesso de poder, infração 
da lei, fato ou ato ilícito ou 
violação dos estatutos ou 
contrato social.
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4 . AS INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA EM SENTIDO LATO4 . AS INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA EM SENTIDO LATO
No início da aula ressaltei que o art. 36 da Lei Antitruste traz um rol exemplificativo de 
condutas e efeitos que podem caracterizar infração contra a ordem econômica.
Vale lembrar que o resultado não é elemento do tipo, bastando que a conduta possa 
produzir efeitos danosos.
Nesse tópico vamos tratar especificamente das condutas previstas nos incisos I a IV:
limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa.
Trata de qualquer conduta que atrapalhe ou impossibilite a entrada de agentes econômicos 
em um determinado mercado, ferindo o processo competitivo.
dominar mercado relevante de bens ou serviços.
Trata de condutas de um determinado agente que, atue ou busque atuar por meio de 
monopólio, excluindo os demais agentes que competem no mesmo setor da economia.
A conquista de mercado resultante de processo natural exclui a ilicitude da conduta.
aumentar arbitrariamente os lucros.
Trata do aumento de lucros não justificado ou ilícito, geralmente afetando os demais 
agentes do mercado, ferindo o processo competitivo e lesando o consumidor.
exercer de forma abusiva posição dominante.
Ocorre quando parcela significativa do mercado é concentrada nas mãos de um ou de 
poucos agentes, que impõem suas vontades em detrimento dos demais agentes competidores.
Como já vimos, nos termos do §2 do art 36, essa posição é presumida:
sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz de alterar unilateral ou coordenadamente 
as condições de mercado ou quando controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, 
podendo este percentual ser alterado pelo Cade para setores específicos da economia. 
Importante relembrar que a presunção acima estabelecida é relativa e que o percentual 
de 20% poderá ser reduzido ou elevado pela CADE.
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Infrações à ordem econômica em sentido lato
-limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa.
-dominar mercado relevante de bens ou serviços
-aumentar arbitrariamente os lucros
-exercer de forma abusiva posição dominante
CONQUISTA NATURAL
fundada na maior eficiência do agente 
econômico.
CONQUISTA ARTIFICIAL
conquista de mercado, que não seja 
fundada na superior eficiência do agente. 
Ex: art. 36, §3, IV, V, VII e VIII da lei 
12.529/11.
5 . OS TIPOS EXEMPLIFICATIVOS: INFRAÇÕES À ORDEM 5 . OS TIPOS EXEMPLIFICATIVOS: INFRAÇÕES À ORDEM 
ECONÔMICA EM SENTIDO ESTRITO .ECONÔMICA EM SENTIDO ESTRITO .
Por sua vez, o §3 do artigo 36 traz uma variedade de condutas (exemplificativas) que 
serão consideradas infração à ordem econômica se causarem violação efetiva ou potencial 
ao mercado. Confira:
§ 3º As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no 
caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica:
I – acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer forma:
a) os preços de bens ou serviços ofertados individualmente;
b) a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou limitada de bens ou a prestação 
de um número, volume ou frequência restrita ou limitada de serviços;
c) a divisão de partes ou segmentos de um mercado atual ou potencial de bens ou serviços, 
mediante, dentre outros, a distribuição de clientes, fornecedores, regiões ou períodos;
d) preços, condições, vantagens ou abstenção em licitação pública;
II – promover, obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre 
concorrentes;
III – limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado;
IV – criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa 
concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços;
V – impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou 
tecnologia, bem como aos canais de distribuição;
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VI – exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação 
de massa;
VII – utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros;
VIII – regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para limitar ou controlar 
a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de serviços, ou 
para dificultar investimentos destinados à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição;
IX – impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes preços 
de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de 
lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros;
X – discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada 
de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços;
XI – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento 
normais aos usos e costumes comerciais;
XII – dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações comerciais de prazo 
indeterminado em razão de recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e condições 
comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais;
XIII – destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, produtos intermediários ou acabados, 
assim como destruir, inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destinados a produzi-
los, distribuí-los ou transportá-los;
XIV – açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual 
ou de tecnologia;
XV – vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço de custo;
XVI – reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de 
produção;
XVII – cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada;
XVIII – subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou 
subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; e
XIX – exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, intelectual, tecnologia 
ou marca.
ADMINISTRATIVO MULTA SUNAB AFRONTA AO ART. 11, ALÍNEA N, DA LEI DELEGADA N. 
4, DE 26.9.1962 SÚMULA 83/STJ.
Discute-se no recurso especial se é possível a diferenciação dos preços para vendas à 
vista e a prazo no cartão de crédito, e se a SUNAB, fundamentada na Lei Delegada n. 
04/62, art. 11, n, pode multar a empresa agravada, por prática abusiva.2. A orientação 
das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte, firmou-se no sentido de 
que a simples oferta de desconto nas vendas feitas com dinheiro ou cheque, em 
relação às efetuadas por meio de cartão de crédito, não encontra óbice legal, pela 
inexistência de lei que proíba essa diferenciação, e por não caracterizar abuso de 
poder econômico.Agravo regimental improvido. (STJ-t2, AgrG no RESP 1178360/SP 
–DJ em 19/08/10)
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http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104048/lei-delegada-4-62
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104048/lei-delegada-4-62
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11313227/artigo-11-ldel-n-4-de-26-de-setembro-de-1962
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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE NULIDADE DE PROCESSO ADMINISTRATIVO 
DO CADE. IMPOSIÇÃO DE MULTA, DA OBRIGAÇÃO DE ABSTENÇÃO DE INCLUSÃO DE 
CLÁUSULA DE RAIO E DA PUBLICAÇÃO DA DECISÃO. CAUÇÃO DO VALOR DA MULTA. 
TUTELA PROVISÓRIA SUSPENSIVA DA EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO DO CADE AFASTADA 
PELO TRIBUNAL. ARTS. 65 E 66 DA LEI 8.884/94. REQUISITOS DO PODER DE CAUTELA. 
PROVISORIEDADE. NÃO REPERCUSSÃO SOBRE O MÉRITO DA DEMANDA, A SER DECIDIDO 
NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. EXECUÇÃO IMEDIATA DA DECISÃO ADMINISTRATIVA DE 
REVERSIBILIDADE CUSTOSA E PROBLEMÁTICA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (...) (...) 
4. É relevantíssimo e indispensável reconhecer o préstimo processual das medidas 
judiciais provisórias, mas estas não devem ser prodigalizadas à mão larga - nem em 
favor dos litigantes privados, nem em favor das partes públicas - senão adotadas 
parcimoniosamente e somente nos casos de caracterizada necessidade; sem essa 
moderação, corre-se o risco de banalizar ou vulgarizar a sua notável eficácia preventiva, 
com prejuízo evidente ao desempenho regular de atividades econômicas produtivas ou 
restrições patrimoniais injustificáveis; convém repontuar que as medidas administrativas 
estatais de controle e repressão a procedimentos empresariais privados, potencial ou 
efetivamente lesivos a valores prezáveis da ordem econômica, devem, obrigatoriamente, 
se ajustar aos limites do ordenamento jurídico processual. 5. No caso, se a empresa for 
compelida a abster-se, desde já, da inserção da cláusula de raio em seus contratos 
com os lojistas do seu centro de compras, a eventual procedência da impugnação 
deduzida perante o Judiciário encontraria uma situação consolidada, que não 
poderia ser desconstituída pela só eficácia da decisão judicial; de fato, se abolida a 
cláusula de raio, poderiam ser inauguradas, na cercania (ou no entorno) do centro 
de compras, lojas concorrentes daquelas já instaladas no seu espaço interno, sendo 
claro que a posterior interdição dessas mesmas lojas (na hipótese de improcedência 
da execução do CADE), esbarraria em resistências legítimas, calcadas inclusive 
no vulto dos investimentos então já realizados para a sua instalação. 6. Nesse 
contexto, a eliminação (futura) da cláusula de raio revela-se mais proporcional à 
equalização da controvérsia, inclusive atentando-se para o fato de que esta é uma 
disposição histórica e tradicional, nos contratos de centos de compras; na verdade, 
na eventualidade de procedência da execução do CADE, os efeitos da eliminação da 
cláusula de raio serão decorrentes diretamente da força da própria decisão judicial, não 
se requerendo nenhuma outra iniciativa judicial ulterior, o que não ocorreria, se essa 
dita cláusula fosse já agora eliminada, tendo a sua eventual reversão de se submeter 
a outro procedimento. 7. Recurso Especial a que se dá provimento, para assegurar a 
suspensão provisória (limitada no tempo) da execução integral do título executivo do 
CADE, até a decisão da lide nas instâncias competentes, mas sem a antecipação de 
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qualquer juízo quanto ao mérito da causa, que convém ser urgenciado pelo Julgador 
singular, dada a relevância da questão em debate. (STJ-t1,RESP 1125661-DF-DJ em 
16/4/12).
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SERVIÇO PÚBLICO. TELEFONIA. RECURSO ESPECIAL 
EM AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO EM FACE DE DECISAO ANTECIPATÓRIA DOS 
EFEITOS DA TUTELA. CONEXAO ENTRE RECURSOS ESPECIAIS ADVINDOS DA MESMA 
DECISAO PROFERIDA PELO JUÍZO DA 1ª INSTÂNCIA. REDES DE INTERCONEXAO. VALOR DE 
USO DE REDE MÓVEL (VU-M). AMBIENTE DE RELATIVA LIBERDADE DE INICIATIVA EMBORA 
SUBMETIDO À REGULAÇAO DA ANATEL. DIMINUIÇAO DOS PREÇOS DESTAS TARIFAS 
GERAM BENEFÍCIOS AOS CONSUMIDORES À COMPETIÇAO NO MERCADO RELEVANTE. 
FALTA DE OMISSAO, CONTRADIÇAO OBSCURIDADE NO ACÓRDAO RECORRIDO. DECISAO 
FUNDAMENTADA. PROCESSO DE ARBITRAGEM EM TRÂMITE NA ANATEL. DECISAO 
QUE SE CONSUBSTANCIA ATO ADMINISTRATIVO PASSÍVEL DE REVISAOPELO PODER 
JUDICIÁRIO NO QUE TANGE AOS ASPECTOS DE LEGALIDADE, PROPORCIONALIDADE E 
RAZOABILIDADE. CONDIÇÕES DA AÇAO E PRESSUPOSTOS PROCESSUAISINCIDÊNCIA DA 
TEORIA DA ASSERÇAO. PRECEDENTES DO STJ.
1. Trata-se de recurso especial interposto pela TIM CELULAR S/A e outro contra acórdão 
prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região que, ao confirmar liminar deferida 
na primeira instância, entendeu-se pela fixação de um Valor de Uso de Rede Móvel (VU-M) 
diferente do originalmente pactuado entre as partes, neste caso com a intervenção 
da ANATEL por meio do processo de arbitragem n. em trâmite naquela autarquia, em 
razão da implementação de um sistema de interconexão fundado exclusivamente na 
cobertura de custos, que não possibilita excesso de vantagens econômicas para as 
operadoras que permitem o uso de suas redes por terceiros.
(...)6. As taxas de interconexão, desde que não discriminatórias ou nocivas ao ambiente 
de liberdade de iniciativa concorrencial instaurado entre as concessionárias de telefonia, 
podem variar de acordo com as características da rede envolvida. De acordo com 
o informado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, na qualidade de 
amicus curiae no presente feito, duas podem ser estas taxas cobradas, quais sejam: 
(a) Taxa de interconexão em chamadas demóvel para fixo (TU-RL), tarifa cobrada pelas 
concessionárias de telefonia fixa para a utilização de sua rede local para originação ou 
terminação por outras empresas; e, (b) Taxa de interconexão em chamadas de fixo para 
móvel (VU-M),que é devido pelas empresas de serviços de telecomunicações quando 
se conectam às redes de prestadoras móveis. A presente demanda diz respeito, tão 
somente, ao VU-M.
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7. Por integrarem as estruturas de custos das empresas atuantes no mercado de 
telecomunicações, é racional admitir, por hipótese, que estes valores influam ainda 
que de forma indireta - nos preços praticados por estas empresas junto aos usuários. 
Além disso, quanto maior a possibilidade de interconexão, melhor será a qualidade 
dos serviços prestados, bem como o acesso de maior parte da população aos serviços 
de telecomunicações.
8. Este cenário - da importância das redes de inteconexão para o funcionamento 
saudável do mercado de telecomunicações - é também reconhecido por autoridades 
internacionais, sendo que a tendência mundial verificada é a de reduzir o preço 
cobrado de umaconcessionária a outra, por meio do estímulo à concorrência entre 
os agentes econômicos. Neste sentido, podemos observar recentes notícias de que 
as tarifas cobradas no Brasil a título de interconexão estão entre as mais caras do 
mundo, sendo que, recentemente, a Comissão Européia publicou uma recomendação 
orientando as operadoras da região a baixarem as tarifas a patamares entre &� 0,03 
e &� 0,01 até o final de 2012.
9. Não obstante, na contramão desta tendência mundial, da análise dos elementos 
constantes dos autos que foram levados em consideração pelo Tribunal Regional 
Federal a quo , o que se percebe no Brasil é uma tendência de aumento destes valores 
cobrados a título de VU-M, com a chancela da própria ANATEL.
10. Esta prática, no entanto, pode ter efeitos maléficos para as condições de 
concorrência no setor, bem como para o consumidor final. Isso porque, salvo a 
possibilidade expressamente prevista em lei referente à concessão de descontos,este 
custo é normalmente repassado para a composição da tarifa final que deve ser 
paga pelo usuário do sistema de telefonia. Neste sentido, na mesma orientação 
do parecer exarado pela então Secretaria de Direito Econômico do Ministério 
da Justiça - atualmente incorporada ao CADE por força da Lei 12.529/2011 - na 
qualidade de amicus curiae , este é o posicionamento de recente estudo publicado 
no sítio eletrônico do Programa de Fortalecimento da Capacidade Institucional 
para Gestão em Regulação (PRO-REG), ação oficial do Poder Executivo que vem 
sendo implementada por intermédio da Casa Civil.
11. Nos termos da Lei Geral de Telecomunicações, a atuação da ANATEL é de extrema 
relevância para o bom desenvolvimento deste setor econômico, sendo o órgão 
de regulação setorial dotado de competência legal expressa para tanto. Essa 
competência é privativa, mas não exclusiva, razão pela qual seus regulamentos 
não são imunes à eventual análise por este Poder Judiciário, conforme se verá 
adiante. Neste sentido, colaciona-se o precedente do Supremo Tribunal Federal, em 
liminar, exarado no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1668/DF.
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http://www.jusbrasil.com/legislacao/1030141/lei-12529-11
http://www.jusbrasil.com/legislacao/103340/lei-geral-de-telecomunica%C3%A7%C3%B5es-lei-9472-97
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12. Não obstante, é bom que se deixe claro: a análise aqui empreendida, em nenhuma 
hipótese, quer afastar a regulação que vem sendo promovida pela ANATEL no mercado 
de interconexão entre telefonia móvel e fixa. Muito pelo contrário, reconhece-se que 
esta regulação não engloba somente os valores cobrados, que estão submetidos à 
relativa liberdade de iniciativa, mas também aspectos técnicos podem melhorar a 
qualidade do serviço oferecido ao consumidor pelas concessionárias de telefonia móvel.
13. O fato de haver discussão quanto ao preço cobrado não afasta a incidência 
da regulação da ANATEL, reiterando-se que os valores cobrados pelas empresas 
podem ser discutidos no Poder Judiciário justamente porque, no que tange às 
tarifas de interconexão VU-M, por expressa determinação contida na Lei Geral de 
Telecomunicações, às concessionárias de telefonia foi conferida a liberdade para 
fixar estes valores desde que não estejam em desacordo, com isso, os interesses 
difusos e coletivos envolvidos dos consumidores, bem como dos concorrentes 
consistentes, neste ponto, na manutenção de uma ordem econômica saudável 
à clausula geral da liberdade de iniciativa concorrencial. (STJ-t2,RESP 1334843/
DF-DJ em 05/12/12)
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO 
ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA (CADE). INFRAÇÃO À ORDEM PÚBLICA (LEI 
N. 8.884/1994, ART. 20). ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA. TABELA DE PREÇOS DE 
SERVIÇOS MÉDICOS. NÃO CONFIGURAÇÃO.
1. Consoante disposto no art. 20 da Lei n. 8.884/1994, constituem infração à ordem 
econômica, independentemente de culpa, os atos que tenham por objeto limitar, 
falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; 
dominar mercado relevante de bens ou serviços; aumentar arbitrariamente os lucros 
e exercer de forma abusiva posição dominante.
2. O art. 21 do mesmo diploma legal enumera as condutas caracterizadoras de infração 
da ordem econômica, “na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e 
seus incisos”, entre as quais, obter ou influenciar a adoção de conduta uniforme ou 
concertada entre concorrentes (inciso II).
3. Não configura tal hipótese, todavia, simples recomendação para utilização da 
Tabela de Honorários Médicos, que apenas sugere aos profissionais os valores 
mínimos de honorários capazes de remunerar dignamente os serviços prestados, 
não contendo norma de conduta, nem conduzindo a “conduta comercial uniforme 
ou concertada entre concorrentes”.4. Sentença reformada.5. Apelação provida, para 
conceder a segurança. (TRF1 t6, AMS 200334000113717/DF- DJF1 em 12/11/14)
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DIREITO ECONÔMICO
Lei Antitruste, Infrações à Ordem Econômica, 
Acordos de Leniência, Atos de Concentração
Natalia Riche
Infrações em sentido estrito
acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer forma:
a) os preços de bens ou serviços ofertados individualmente;
b) a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou limitada de bens ou a prestação de um 
número, volume ou frequência restrita ou limitada de serviços;
c) a divisão de partes ou segmentos de um mercado atual ou potencial de bens ou serviços, mediante, dentre 
outros, a distribuição de clientes, fornecedores, regiões ou períodos;
d) preços, condições, vantagens ou abstenção em licitação pública; *
promover, obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes; *
limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado;
criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de 
fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços;
impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem 
como aos canais de distribuição;
exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação de massa;
regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o 
desenvolvimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de serviços, ou para dificultar investimentos 
destinados à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição; 
impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes preços de revenda, 
descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer 
outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros
discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, 
ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços;
recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condiçõesde pagamento normais aos usos 
e costumes comerciais;
dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações comerciais de prazo indeterminado 
em razão de recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e condições comerciais injustificáveis ou 
anticoncorrenciais;
destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, 
inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los; 
açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia; 
vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço de custo; 
reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de produção; 
cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada; 
subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação 
de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; e 
exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, intelectual, tecnologia ou marca
Nas condutas* previstas nos incisos I e I do §3º do art 36, não se presume o repasse de 
sobrepreço, cabendo a prova ao réu que o alegar. (art. 47,§4º (Incluído pela Lei n. 14.470,de 2022)
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6 . 6 . PRINCIPAIS PRÁTICAS ABUSIVASPRINCIPAIS PRÁTICAS ABUSIVAS
6 .1 . FORMAÇÃO DE CARTEL6 .1 . FORMAÇÃO DE CARTEL
Consiste em um acordo abusivo de combinação de preços entre agentes (empresas 
independen tes que produzem produtos semelhantes) com o intuito de dividir o mercado 
e restringir a variedade de produtos.
O cartel lesa o consumidor final e interfere no livre processo de concorrência. Além de 
ilícito administrativo também é considerado crime nos termos da Lei 8.137/90.
Conforme disposto na cartilha do CADE:
O primeiro cartel punido pelo Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC foi o chamado 
“cartel do aço”, sob a égide da Lei 8.884/94. Em 1999, as empresas Companhia Siderúrgica 
Nacional – CSN, Cosipa e Usiminas foram condenadas pelo Cade a pagar multa de mais de R$ 50 
milhões por prática de cartel na comercialização de aço plano comum. O aumento paralelo de 
preços e a ocorrência de uma reunião entre os concorrentes anteriormente ao efetivo aumento 
de preços foram considerados provas suficientes para a condenação.
Cartel e paralelismo de conduta
O cartel e o paralelismo de conduta não se confundem.
Como vimos, o cartel decorre de acordo/combinação de preços e estratégias por parte dos 
agentes. Já no paralelismo consciente ou paralelismo racional não há uma combinação de 
preços, mas a adoção de comportamento semelhante por comerciantes independentes, 
que acabam tendo que adotar os mesmos preços praticados pelos concorrentes.
Repare que no paralelismo, embora ocorra uma alteração de preços, não existe acordo explícito 
ou implícito. Apesar de a mera prática de preços semelhantes, por si só, não caracterizar 
ilicitude, é também é possível que o paralelismo acabe gerando efeitos anticoncorrenciais 
similares ao cartel.
Nos termos da cartilha do CADE:
É importante ressaltar que a mera constatação de preços idênticos não é, isoladamente, indício 
suficiente que aponte a existência de um cartel. São necessários, além de dados econômicos, 
indícios factuais de que há ou houve algum tipo de acordo ou coordenação entre os empresários 
do setor para aumentar ou combinar o preço dos produtos ou serviços ofertados. Alguns exemplos 
de provas já utilizadas para se caracterizar e punir cartéis foram atas de reuniões, escutas 
telefônicas, mensagens trocadas entre concorrentes etc. Por isso, essa conduta anticoncorrencial 
é considerada, universalmente, a mais grave infração à ordem econômica existente. Segundo 
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estimativas da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, os cartéis geram 
um sobrepreço estimado entre 10 e 20% comparado ao preço em um mercado competitivo5.
 
• Cartel e Truste
É muito comum que os alunos confundam os conceitos de cartel e truste.
Nesse sentido, vale lembrar que os trustes constituem associações de empresas de 
um mesmo setor de atividades que abrem mão de sua independência legal para constituir 
uma única organização (gerando um aumento de poder e controle de determinado setor). 
A expressão foi adaptada do inglês trust, que significa “confiança”.
Nos trustes verticais, as empresas podem ser de ramos diversos e visam controlar de 
forma sequencial a produção de um bem desde a matéria-prima até o produto acabado.
Por exemplo: para fabricar extrato de tomate, existem várias etapas de produção, que passam 
pela plantação, colheita, distribuição e a comercialização do produto etc.
Já os trustes horizontais são formados por empresas que do mesmo segmento e tque 
comercializam o mesmo produto.
Repare que nos trustes existe uma união/ associação de empresas, já nos cartéis existe um 
acordo entre diversas empresas independentes.
6.. PREÇO PREDATÓRIO (DEEP POCKET)6.. PREÇO PREDATÓRIO (DEEP POCKET)
Ocorre quando o agente econômico coloca os preços dos produtos em valor inferior ao 
preço de custo, com intuito de dominar o mercado e eliminar a concorrência.
art. 36,§3
(...)
inciso XV:vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço de custo;
Nos termos da cartilha do CADE:
É a prática deliberada de preços abaixo do custo visando eliminar concorrentes para, posteriormente, 
explorar o poder de mercado angariado com a prática predatória. Como a venda de produtos 
abaixo do custo significa prejuízo para a empresa que adota a prática de preços predatórios, do 
ponto de vista econômico essa prática só faz sentido se a empresa puder recuperar tal prejuízo 
em um segundo momento, ou seja, se ele tiver como obter lucros no médio/longo prazo. A 
conduta ocorre se essa obtenção de lucro decorrer da eliminação de seus concorrentes. Assim, a 
prática de preços predatórios requer uma análise mais detalhada das situações de mercado e da 
conduta do agente, não se restringindo à verificação de um preço abaixo do custo médio variável 
5 http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/cartilha-do-cade.pdf
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da empresa, mas também se avaliando, dentre outras coisas, a possibilidade de recuperação do 
prejuízo decorrente da prática, num segundo momento, e a verificação de barreiras àentrada 
de novos agentes econômicos que possam restringir o exercício do poder de monopólio, após 
a eliminação dos concorrentes.6
Outra confusão comum entre os alunos trata dos conceitos de dumping e preço predatório.
Nesse ponto vale ressaltar que o dumping situa-se no âmbito do comércio internacional 
e requer que o preço praticado nas exportações seja inferior ao preço praticado no mercado 
interno do país de origem.
Por sua vez, o preço predatório é protegido por leis nacionais de defesa da concorrência e 
ocorre quando a venda de produtos a baixo preço de custo visa à eliminação de concorrentes.
6 .3 . VENDA CASADA6 .3 . VENDA CASADA
O agente econômico impõe, para a venda de bem ou serviço, que o consumidor adquira 
um outro bem ou serviço.
Esclarecendo: o comprador deseja adquirir um produto, mas a venda é condicionada à 
aquisição de um segundo produto (imposição de um negócio jurídico).
O agente econômico que pratica a venda casada pode obter diferentes vantagens como 
aumentar as vendas do produto secundário ou restringir o mercado aberto ao produto 
principal.
Veja o que dispõe a Cartilha do Cade:
O exemplo mais conhecido de venda casada é o processo movido nos Estados Unidos pelo 
órgão de defesa da concorrência norte-americano, a FTC – Federal Trade Commission, contra 
a Microsoft, em razão de a empresa vender seu programa de acesso para internet, o Internet 
Explorer incluído no pacote do Sistema Operacional da Microsoft, o chamado Windows, sem 
opção para que o consumidor adquirisse exclusivamente o Windows. No entanto, a venda casada 
pode envolver aspectos de eficiência e, da mesma forma que outras práticas, deve-se analisar a 
razoabilidade econômica da conduta e o poder de mercado da empresa, sob a ótica dos efeitos 
a serem coibidos, conforme previstos no artigo 36 da Lei de Defesa da Concorrência7
Por fim, vale lembrar que a prática dessa conduta também é prevista na Lei 8078/90 
(Código de Defesa do Consumidor).
6 http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/cartilha-do-cade.pdf
7 http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/cartilha-do-cade.pdf
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Veja o esquema comparativo entre as previsões da Lei Antitruste e do CDC:
Venda casada na lei 12.529/11
Art 36, §3
(...)XVIII- subordinar a venda de um bem à 
aquisição de outro ou à utilização de um 
serviço, ou subordinar a prestação de um 
serviço à utilização de outro ou à aquisição de 
um bem
presença do abuso de poder de mercado ou 
posição dominante, finalidade de doominar o 
mercado
Venda casada no CDC (lei 8.078/90)
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos 
ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 
11.6.1994)
I - condicionar o fornecimento de produto ou 
de serviço ao fornecimento de outro produto 
ou serviço, bem como, sem justa causa, a 
limites quantitativos;
finalidade de ganho na venda do produto não 
desejado pelo cliente
6 .4 . SISTEMAS SELETIVOS DE DISTRIBUIÇÃO6 .4 . SISTEMAS SELETIVOS DE DISTRIBUIÇÃO
São barreiras injustificadas impostas pelos produtos ao distribuidor, prejudicando a 
livre concorrência.
6 .5 . RECUSA DE CONTRATAR6 .5 . RECUSA DE CONTRATAR
Será considerada infração à ordem econômica somente quando for utilizada como meio 
para prática de outras condutas como monopólio, venda casada etc.
Por outro lado, a conduta será lícita se tiver o objetivo de selecionar um parceiro 
comercial, por exemplo.
Veja a previsão legal no art. 36,§3, incisos XI e XIV:
XI – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento 
normais aos usos e costumes comerciais;
XIV – açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual 
ou de tecnologia;
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6 .6 . EXCLUSIVIDADE6 .6 . EXCLUSIVIDADE
Ocorre quando um dos agentes econômicos impõem exclusividade a seus parceiros, 
impedindo-o de contratar com terceiros.
Confira o art. 36,§3, incisos V e VI:
V – impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou 
tecnologia, bem como aos canais de distribuição;
VI – exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação 
de massa;
Súmula n. 7 do CADE:
Constitui infração contra a ordem econômica a prática, sob qualquer forma manifestada, 
de impedir ou criar dificuldades a que médicos cooperados prestem serviços fora do 
âmbito da cooperativa, caso esta detenha posição dominante.
DIREITO ECONÔMICO – LIVRE CONCORRÊNCIA – INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 
535 DO CPC – UNIMED – COOPERATIVA DE SAÚDE – SUBMISSÃO IRRESTRITA ÀS NORMAS 
JURÍDICAS QUE REGULAM A ATIVIDADE ECONÔMICA – CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE 
PARA MÉDICOS COOPERADOS – IMPOSSIBILIDADE TANTO SOB O ASPECTO INDIVIDUAL 
QUANTO SOB O ASPECTO DIFUSO – INAPLICABILIDADE AO PROFISSIONAL LIBERAL DO 
§ 4º DO ARTIGO 29 DA LEI N. 5.764/71, QUE EXIGE EXCLUSIVIDADE – CAUSA DE PEDIR 
REMOTA VINCULADA A LIMITAÇÕES À CONCORRÊNCIA – VIOLAÇÃO, PELO TRIBUNAL 
DE ORIGEM, DO ART. 20, INCISOS I, II E IV; DO ART. 21, INCISOS IV E V, AMBOS DA LEI N. 
8.884/94, E DO ART. 18, INCISO III, DA LEI N. 9.656/98 – INFRAÇÕES AO PRINCÍPIO DA 
LIVRE CONCORRÊNCIA PELO AGENTE ECONÔMICO CONFIGURADAS. (...) 4.Ao médico 
cooperado que exerce seu labor como profissional liberal, não se aplica a exigência de 
exclusividade do § 4º do art. 29 da Lei n. 5.764/71, salvo quando se tratar de agente 
de comércio ou empresário. 5. A cláusula de exclusividade em tela é vedada pelo inciso 
III do art. 18 da Lei n. 9.656/98, mas, ainda que fosse permitida individualmente a sua 
utilização para evitar a livre concorrência, através da cooptação de parte significativa 
da mão-de-obra, encontraria óbice nas normas jurídicas do art. 20, I, II e IV, e do art. 
21, IV e V, ambos da Lei n. 8.884/94. Portanto, violados pelo acórdão de origem todos 
aqueles preceitos. (STJ-Resp 1.172603/RS-DJ em 12/3/10)
6 .7 . MANUTENÇÃO DE PREÇO DE REVENDA6 .7 . MANUTENÇÃO DE PREÇO DE REVENDA
É uma espécie de restrição vertical onde é estabelecido um preço a ser praticado pelos 
distribuidores ou revendedores.
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Pode ocorrer, por exemplo, mediante imposição de uma tabela de preços vedando 
descontos somada à negativa de contratar com empresas que não observem as condições 
estipuladas.
Art. 36,§3
(...)
IX – impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantespreços 
de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de 
lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros;
6 .8 . INFLUÊNCIA DE CONDUTA UNIFORME6 .8 . INFLUÊNCIA DE CONDUTA UNIFORME
Ocorre quando os agentes realizam medidas buscando uniformizar a atuação de 
concorrentes em um dado mercado.
Um exemplo clássico é a adoção de tabela de preços em determinada categoria, lesionando 
o consumidor final.
6.9. SHAM LITIGATION (LITÍGIO FALSO OU SIMULADO)6.9. SHAM LITIGATION (LITÍGIO FALSO OU SIMULADO)
É uma prática com origem na doutrina norte americana que não está prevista 
expressamente no art. 36 mas que pode ser punida caso provoque os efeitos (ou potenciais 
efeitos) previstos na Lei antitruste.
Ocorre quando os agentes exercem de forma abusiva o direito de petição ou exercem 
litigância predatória ocasionando efeitos (ou potenciais efeitos) anticompetitivos.
Veja exemplos na jurisprudência do CADE:
Processo Administrativo n. 08012.004283/2000-40
VOTO
EMENTA: Processo Administrativo. Conduta unilateral. Abuso de direito de petição 
com reflexos na concorrência. Sham litigation. Programa “Shop Tour”. Segmento de 
programas de vendas e promoções veiculadas nas emissoras de televisão. Mecado 
de veiculação de programas de venda pela TV em âmbito nacional. Art. 20, incisos 
I, II e III, e no art. 21, incisos IV e V, ambos da Lei 8.884/94. Processo Administrativo 
08012.004283/2000-40. Rejeição de Preliminares. Pareceres da Superintendência-
Geral, da ProCADE e do MPF pela condenação dos Representados. Condenação.
Palavras-chave: processo administrativo, direito de petição, sham litigation, direito 
autoral(...)
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Sham litigation, que tem fundamento na doutrina estadunidense Noerr-Pennington, é 
a litigância judicial, administrativa ou em foro particular predatória ou fraudulenta 
com efeitos anticompetitivos: é o uso impróprio de tais instancias contra rivais para 
alcançar efeitos anticompetitivos[6]. Segundo definição da extinta SDE no âmbito do 
PA 08012.004572/2007-15, o instituto representa “o uso indevido de procedimentos e 
regulamentações públicas. Incluindo procedimentos administrativos e judiciais, com o 
intuito de prejudicar concorrentes, constituindo-se, assim, abuso de poder econômico 
apto a ser punido nos termos da Lei 8.884/94”.
Segundo Christopher Klein, é mais provável que ocorra a prática de sham litigation 
quando (i) o “autor” é uma empresa dominante; (ii) a “vítima” é um entrante, potencial 
entrante ou empresa rival em expansão; e (iii) o efeito da ação do “autor” é impedir 
ou atrasar a entrada da “vítima”, impedir seu crescimento ou excluí-la do mercado(...).
A doutrina Noerr-Pennington ampara o direito de ação e a consequente possibilidade 
de o particular influenciar as ações do Poder Público, conferindo-lhe imunidade à 
legislação antitruste. A referida doutrina destaca, porém, que a imunidade antitruste 
não é estendida para a conduta de utilizar processos manifestamente infundados com 
o objetivo exclusivo de prejudicar a concorrência. Nesse sentido, firmou-se exceção 
ao direito de ação, consolidando o entendimento de que o Sherman Act se aplicaria ao 
exercício abusivo de direito de ação que tenha por objetivo prejudicar a concorrência. 
Dessa forma, um novo instituto foi criado a partir dessa perspectiva: sham litigation.
Com a evolução da jurisprudência americana, as hipóteses que caracterizam a 
conduta de sham litigation foram se aperfeiçoando, sendo necessário demonstrar 
(i) que a ação proposta é, por completo carecedora de embasamento, sendo 
certo que nenhum litigante razoável poderia, de forma realista, esperar que sua 
pretensão fosse deferida, (ii) que essa ação constitua meio fraudulento para 
tentar interferir diretamente nas relações empresariais do concorrente[8], e (iii) 
se os meios utilizados podem restringir a concorrência ou quando as ações são 
ancoradas em bases enganosas, de modo a induzir o Estado a erro.
Nesse sentido, seria necessário investigar se houve criação de barreira efetiva à entrada e 
a existência de poder de mercado, como também averiguar a existência de plausibilidade 
do direito invocado, a verdade das informações e a adequação e razoabilidade dos 
meios utilizados[9]. Portanto, a utilização de meios ilícitos ou impróprios constituiria 
indicativo de má-fé e, consequentemente, de sham litigation.
No ordenamento jurídico brasileiro, o direito de petição decorre do direito fundamental 
de acesso à justiça previsto no art. 5º, incisos XXXIV e XXXV, da Constituição[10]. Isso 
quer dizer que todos têm acesso à justiça para postular tutela jurisdicional preventiva 
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https://sei.cade.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_documento_consulta_externa.php?DZ2uWeaYicbuRZEFhBt-n3BfPLlu9u7akQAh8mpB9yPUwCYlTDDFv6I935wjxPaFAy8xX1wqxZdzs5jzn2_vC7MIVsJ2SJ2j76kbVcw3hDOuqCJw0TLwBq-IjufblCrp#_ftn9
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ou reparatória relativamente a um direito. Estão aqui contemplados não só os direitos 
individuais, como também os difusos e coletivos.
Dessa forma, o direito de petição é um direito político que pode ser exercido por 
qualquer um, caracterizando-se pela informalidade. Diante disso, é correto dizer que 
a contrapartida do direito constitucional de petição é a obrigatoriedade da resposta 
que a autoridade destinatária deve dar ao pedido.
A garantia do direito de acesso à justiça é um dos princípios mais expostos à ocorrência 
de eventuais abusos. Embora essencial, não se pode admitir que o exercício da ação seja 
convertido em um verdadeiro mecanismo para prejudicar concorrentes ou adversários, 
e, como tal, amparado pelo Estado. Nesse sentido foi o entendimento da Conselheira 
Ana Frazão no Processo Administrativo 08012.011508/2007-91:
“Cabe ao CADE, então, aferir a existência de padrões de comportamento estratégico 
a partir de uma macrovisão das condutas levadas a cabo pela representada, tendo em 
vista que o mérito dessas demandas isoladamente consideradas deve ser apreciado 
pelas instancias administrativas ou judiciais aos quais foram submetidos os pedidos, 
apresentados ao CADE como dados do Processo.”
O mesmo raciocínio aplica-se ao direito de petição, que, por sua vez, ao assegurar 
a todos o direito de peticionar em defesa de direitos e de apresentar reclamações 
contra ilegalidades ou abuso de poder, em âmbito administrativo,

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