Buscar

Unidade 02 - Deontologia e Legislação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
1 
 
Apresentação 
 O responsável técnico é um profissional com 
formação de nível superior, que está legalmente 
habilitado para assumir a responsabilidade técnica do 
estabelecimento que estiver sob atuação. 
 Devido à sua formação e aos conhecimentos 
específicos, sua posição em relação aos aspectos 
técnicos de um determinado empreendimento não 
deverá ser desautorizada, nem mesmo pelo 
proprietário do local que estiver sob sua tutela. 
 A presença do responsável técnico em 
determinadas áreas é fundamental para garantir que 
prevaleça o interesse público acima do interesse 
privado. No caso específico do profissional 
farmacêutico, seu principal objetivo será preservar a 
saúde e o bem-estar da população. Para isso, é 
fundamental que sua atuação seja pautada por 
princípios éticos, e que o profissional atue no sentido 
de coibir qualquer tipo de abuso ou violação legal que 
possa ser eventualmente cometida por seus 
subordinados, ou até mesmo por seus superiores. 
 Deste modo, a responsabilidade técnica não 
é meramente uma formalidade burocrática. É 
necessário que o farmacêutico responsável técnico 
esteja devidamente preparado, não apenas com 
conhecimentos técnicos específicos e diretamente 
relacionados à sua atuação, mas também com 
conhecimentos sobre direito e legislação 
farmacêutica. 
 A resolução n 577 do Conselho Federal de 
Farmácia (CFF) define o farmacêutico responsável ou 
diretor técnico como: “Farmacêutico titular que 
assume a direção técnica ou responsabilidade técnica 
da empresa e/ou estabelecimento perante o 
respectivo Conselho Regional de Farmácia (CRF) e os 
órgãos de vigilância sanitária, nos termos da 
legislação vigente, ficando sob sua responsabilidade 
a realização, supervisão e coordenação de todos os 
serviços técnico-científicos da empresa e/ou 
estabelecimento, respeitando, ainda, o preconizado 
pela legislação laboral ou acordo trabalhista. 
 Ainda assim, apenas conhecer as leis não é 
suficiente. É fundamental que o responsável técnico 
entenda a importância dos aspectos regulatórios 
como instrumentos de proteção da população, e 
que saiba transmitir a importância da conduta correta 
a todos os seus colaboradores. Sua presença, deverá 
garantir a regularidade do estabelecimento 
perante os órgãos de fiscalização, e também ajudar 
a estabelecer e manter uma cultura empresarial 
pautada pela atuação ética e responsável de todos 
os envolvidos. 
 É importante ressaltar que o farmacêutico 
responsável técnico responderá por suas ações e 
omissões enquanto exercer a profissão, e deverá 
prestar contas ao Conselho Regional de Farmácia, 
e à Vigilância Sanitária, sempre que solicitado, 
confirme a legislação vigente. 
 No Brasil, o exercício e fiscalização no âmbito 
da assistência farmacêutica é regulamentado pela 
Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014. O artigo 5º 
desta Lei estabelece que: “as farmácias de qualquer 
natureza requerem, obrigatoriamente, para seu 
funcionamento, a responsabilidade e a assistência 
técnica de farmacêutico habilitado na forma da 
Lei”. Esta mesma Lei determina que é obrigatória a 
presença do farmacêutico durante todo o horário 
de funcionamento do estabelecimento. 
 Ao estabelecer a obrigatoriedade da presença 
do farmacêutico nos estabelecimentos onde é 
realizada a assistência farmacêutica, a legislação 
brasileira fornece a base legal que permite proteger 
a saúde pública, pois o farmacêutico responsável 
técnico deverá garantir a promoção do uso racional 
de medicamentos (OMS, 1985). É justamente nestes 
estabelecimentos que ocorrerá o contato direto entre 
o paciente e o farmacêutico, que deverá garantir que 
seja fornecido o medicamento correto, com todas as 
orientações necessárias para que o tratamento seja 
efetivo. 
 Entretanto, não é apenas nas farmácias que 
um farmacêutico responsável técnico é necessário. 
Dentre as diversas possibilidades de atuação, o 
profissional farmacêutico também poderá ser 
responsável técnico, por exemplo, em indústrias 
farmacêuticas, distribuidoras de medicamentos e 
laboratórios de análises clínicas. 
 Na indústria farmacêutica, a 
responsabilidade técnica do farmacêutico é 
regulamentada pela Resolução do Conselho 
Federal de Farmácia nº 584 de 29/08/2013, que foi 
atualizada pela Resolução nº 621 de 31/03/2016. 
Estas resoluções estabelecem que: 
 “Todo estabelecimento industrial farmacêutico 
deve contar com responsabilidade técnica, a fim de 
garantir a lisura e a qualidade necessária em todas as 
etapas, durante todo o prazo de validade do produto, 
devendo a empresa possuir farmacêutico responsável 
técnico e farmacêutico(s) substituto(s), devidamente 
regularizado no CRF e nos órgãos do SNVS, para 
casos de eventuais ausências e impedimentos do 
responsável técnico.” 
 No caso da atuação na indústria 
farmacêutica, o farmacêutico responsável técnico 
deverá garantir que sejam seguidas as determinações 
da RDC nº 17, de 16 de abril de 2010 da ANVISA, que 
dispõe sobre as boas práticas de fabricação de 
medicamentos. O farmacêutico deverá garantir que 
sejam tomadas todas as providências necessárias 
para garantir a qualidade dos medicamentos, dentro 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
2 
 
dos padrões exigidos pela legislação, no processo 
chamado de garantia da qualidade. 
 Conforme determina a RDC 17, “Boas 
Práticas de Fabricação é a parte da Garantia da 
Qualidade que assegura que os produtos são 
consistentemente produzidos e controlados, com 
padrões de qualidade apropriados para o uso 
pretendido e requerido pelo registro”. Além disso, a 
RDC 17 determina que: ““todos os processos de 
fabricação devam ser claramente definidos e 
sistematicamente revisados em função da experiência 
adquirida. Além disso, devem ser capazes de fabricar 
medicamentos dentro dos padrões de qualidade 
exigidos, atendendo às respectivas especificações”. 
 Considerando o rigor exigido pela legislação 
atual a respeito da produção de medicamentos, o 
farmacêutico que segue as determinações legais de 
forma cuidadosa e responsável poderá garantir que a 
população tenha acesso a medicamentos de 
qualidade garantida, contribuindo para a promoção e 
manutenção da saúde da população. Por outro lado, 
os que violam essas determinações, poderão sofrer 
sanções éticas e penais. 
 Em relação aos farmacêuticos que atuam na 
área de distribuição de medicamentos, sua 
presença também é obrigatória durante todo o 
funcionamento do estabelecimento, conforme 
disposto na Medida Provisória nº 2.190-34, de 23 de 
agosto de 2001, que determinou a aplicação das 
disposições do artigo 15 da Lei 5.991/73 para as 
distribuidoras. Nessa área de atuação, a presença do 
farmacêutico também é de grande importância, visto 
que o farmacêutico deverá fiscalizar as condições 
de estoque e armazenamento dos produtos, 
realizar a qualificação de fornecedores e clientes, 
acompanhar a expedição dos produtos, realizar o 
controle de produtos avariados ou vencidos, 
dentre outras obrigações. Com esse controle, o 
farmacêutico deverá garantir que produtos de boa 
qualidade possam ser recebidos pelas farmácias, e 
em última instância pelo paciente. 
 Na área de análises clínicas, a 
responsabilidade técnica do farmacêutico é 
regulamentada pela Resolução nº 296 de 25 de julho 
de 1996 do CFF. Cabe dar destaque ao seu primeiro 
artigo, que determina o seguinte: “O Farmacêutico-
bioquímico, devidamente registrado no Conselho 
Regional de Farmácia respectivo, poderá exercer a 
responsabilidade técnica de laboratório de análises 
clínicas competindo-lhe realizar todos os exames 
reclamados pela clínica médica, nos moldes da Lei, 
inclusive, no campo de Toxicologia, Citopatologia, 
Hemoterapia e Biologia molecular”. 
 Assim, a Lei determina que nessa área, o 
farmacêutico deverá datar e assinar os laudos 
realizados sob sua responsabilidade, sendo que 
deverá constar obrigatoriamenteseu registro 
profissional. Esta área de atuação não é privativa do 
farmacêutico, e pode ser exercida também por 
médicos e biomédicos. 
 Diante do exposto, fica claro que 
independentemente da área de atuação, o 
farmacêutico responsável técnico deverá ter pleno 
conhecimento dos aspectos legais que regulamentam 
sua área de atuação. Cada uma das leis e resoluções 
apresentadas neste tópico, e resumidas no Quadro 1, 
é um convite a uma leitura completa, para que se 
conheça os aspectos legais de cada área de atuação 
de forma mais detalhada. Sendo assim, discutiremos 
questões mais específicas, com ênfase nas 
penalidades que podem ser impostas em casos de 
irregularidades, e sobre a importância do código de 
defesa do consumidor. 
 
 
Código penal e civil 
 Em um mundo ideal, todos os seres humanos 
deveriam agir de forma ética e responsável, 
garantindo um ambiente pacífico e equilibrado para 
toda a população. 
 Infelizmente, esta não é a realidade em nosso 
mundo atual. Delitos dos mais variados tipos são 
cometidos no mundo todo, independentemente de 
gênero, classe social, ou profissão. 
 Portanto, por maior que seja a expectativa de 
que o farmacêutico atue sempre como um guardião do 
bem-estar e da saúde da população, sabemos que 
alguns indivíduos, mesmo que sejam uma minoria, 
acabam atuando de forma irresponsável, fato que 
pode ocorrer em qualquer outra área profissional. 
 O grande problema de uma atuação 
irresponsável de algumas pessoas, são os danos que 
ela pode causar. Nesse sentido, o Código Civil, 
estabelecido pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 
2002, determina que: “Aquele que, por ação ou 
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito.” 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
3 
 
 O código civil é um documento legal que 
estabelece normas relacionadas às questões jurídicas 
de ordem privada. 
 Deste modo, é necessário que a sociedade 
estabeleça mecanismos legais para coibir atos ilícitos, 
de modo a proteger a população e garantir a 
estabilidade e o bem-estar coletivo. No Brasil, os atos 
considerados como ilícitos têm suas penas 
determinadas pelo Código Penal, estabelecido no 
Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. 
 O Código Penal protege o próprio exercício da 
profissão farmacêutica, garantindo que a profissão 
poderá ser exercida apenas por aqueles que possuem 
autorização legal para tal. Assim, o artigo nº 282 do 
código penal determina que “Exercer, ainda que a 
título gratuito, a profissão de médico, dentista ou 
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-
lhe os limites” é uma infração sujeita a pena de 
detenção de seis meses a dois anos, e se o crime for 
praticado com fins lucrativos, também haverá 
aplicação de multa. 
 A falsificação, corrupção, adulteração ou 
alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou 
medicinais é tipificada como um crime contra a saúde 
pública. A redação do Código Penal a este respeito foi 
atualizada pela Lei nº 9.677, de 2 de julho de 1998, 
que estabelece pelo artigo nº 273 a pena de reclusão 
de 10 a 15 anos, e aplicação de multa. Esta pena se 
aplica também a quem “importa, vende, expõe à 
venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer 
forma, distribui ou entrega a consumo o produto 
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado." Nos 
casos de modalidade culposa, será aplicada pena de 
detenção de um a três anos e multa. 
 Além disso, essa Lei também abrange a 
questão dos medicamentos sem registro, em 
desacordo com a fórmula que consta no registro, ou 
que não apresentem as características de identidade 
e quantidade aprovadas para a comercialização. 
Portanto, substâncias importadas, mesmo que sejam 
aprovadas por instituições de boa credibilidade como 
o FDA (Foods and Drugs Administration), não poderão 
ser comercializadas legalmente no Brasil, caso não 
sejam devidamente registradas pelos órgãos 
competentes. 
 Para produtos legítimos e devidamente 
registrados, esta parte da legislação implica na 
necessidade de se manter um rigoroso controle de 
qualidade em todos os lotes que são produzidos e 
liberados para a cadeia de distribuição. 
 Assim, o Código Penal responsabiliza toda a 
cadeia de produção e distribuição de medicamentos. 
Apesar das penas estabelecidas pela Lei, centenas de 
operações de apreensão de produtos falsificados são 
realizadas todos os anos pela ANVISA, em conjunto 
com a Polícia Federal. 
 Portanto, o farmacêutico deve estar atento 
quanto à procedência dos produtos que adquire, e 
também verificar constantemente as resoluções 
emitidas pela ANVISA, pois algumas dessas 
resoluções determinam a apreensão e inutilização de 
lotes específicos de medicamentos falsificados que 
eventualmente são encontrados no mercado. 
 No artigo nº 274 do Código Penal, fica 
estabelecida a pena de detenção de um a três anos e 
multa, se ocorrer “emprego de processo ou de 
substância não permitida”. Nesse sentido, é muito 
importante a atenção dos farmacêuticos responsáveis 
por farmácias de manipulação, visto que alguns 
médicos podem, por desconhecimento, solicitar a 
manipulação de algum produto contendo substância 
não permitida. 
 Em relação aos produtos de higiene pessoal, 
cosméticos e perfumes, a ANVISA publicou na RDC n 
º 03, de 20 de janeiro de 2012, uma lista que 
apresenta as substâncias que estes produtos não 
devem conter, com exceção de algumas situações 
específicas. 
 O artigo nº 280 do Código Penal estabelece 
pena de detenção de um a três anos e multa para 
quem fornecer substância medicinal em desacordo 
com a receita médica, e se o crime pertencer à 
modalidade culposa, a pena será de dois meses a um 
ano de detenção. Fica evidente deste modo a 
importância da atenção e cuidado do farmacêutico no 
ato da dispensação, evitando a chamada 
“empurroterapia”, e respeitando as determinações 
legais sobre intercambialidade de medicamentos 
(RDCs nº 16 e 58 da ANVISA. 
 Vamos analisar e comentar sobre alguns 
casos que exemplificam situações de infração do 
código penal: 
 
Caso 1 – Serão apresentados alguns trechos 
extraídos de matéria do portal G1 
 “As transações irregulares de medicamentos 
ocorrem em espaços de comércio informal com 
facilidade, em Fortaleza, embora sejam proibidas 
pela legislação brasileira. A reportagem do G1 
percorreu 10 feiras da capital cearense, 
constatando a venda irregular em seis. Em 
nenhuma delas havia presença de agentes 
fiscalizatórios, embora a Agência de Fiscalização 
de Fortaleza (Agefis) tenha registrado quase mil 
autuações em um ano e meio”. 
 “Nos corredores da feira do bairro Henrique 
Jorge, dezenas de comprimidos são expostos sobre 
bandejas ao lado de caixas de xaropes e outros 
tipos de medicamentos. Um deles é o Apevitin-BC, 
estimulante do apetite utilizado para crescimento e 
ganho de peso, que uma das vendedoras 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
4 
 
recomendou para uma mulher de mãos dadas com 
uma criança”. 
 “Tem de R$3 e tem de R$5, respondeu outra 
vendedora ao ser questionada sobre o estoque de 
omeprazol, remédio para quem sofre de gastrite e 
refluxo. Sobre o preço, ela se referia ao tamanho 
das cartelas disponíveis. Amontoados ao ar livre, 
havia ainda paracetamol, dipirona, prednisolona e 
outros medicamentos utilizados principalmente 
como antitérmicos, antigripais e analgésicos”. 
 Neste caso, vemos as seguintes infrações: 
venda de medicamentos em local não autorizado pela 
Vigilância Sanitária (Lei Federal Nº 5.991/73), e por 
consequência, sem a presença de um farmacêutico 
responsável. Poderá ser aplicada a pena 
estabelecida pelo artigo 273 do Código Civil, pois visto 
que o artigo inclui medicamentos “de procedência 
ignorada”. Também cabe aplicação do artigo 282 do 
Código Penal devido ao exercício ilegal da profissão 
de farmacêutico. 
 A venda de medicamentos nessascondições 
pode trazer sérios riscos à saúde dos consumidores, 
visto que as condições de armazenamento não 
garantem que estes medicamentos sejam eficazes. 
Além disso, não há como saber se foram vendidos 
medicamentos fora do prazo de validade, visto que a 
procedência dos produtos é desconhecidas e não há 
controles de fiscalização ou rastreabilidade. Além 
disso, os medicamentos são vendidos sem receita 
médica e sem a devida orientação do profissional 
farmacêutico, o que pode levar a sérios problemas de 
saúde. 
 
Caso 2 – Dispensação de medicamentos em 
desacordo com a receita médica 
 Um senhor foi à farmácia para adquirir 
medicamento fumarato de cetotifeno, que foi prescrito 
para sua filha, de seis anos de idade. O médico 
prescreveu a administração de 5 mL do medicamento 
na dose de 1 mg/5 mL a cada noite. Por motivo de 
desatenção, o farmacêutico que atendeu a este 
paciente dispensou o medicamento na dose de 1 
mg/mL, e não forneceu as orientações necessárias 
para a administração correta. Como a criança utilizou 
o medicamento conforme as orientações da receita, a 
dose administrada era cinco vezes maior que a dose 
recomendada pelo médico. Como consequência, a 
criança desenvolveu um quadro de intoxicação 
medicamentosa, que foi constatada em ambiente 
hospitalar. 
 Neste caso, a situação poderia ser 
considerada como uma infração penal, de acordo com 
o artigo 280 do código penal, visto que foi fornecida 
substância medicinal em desacordo com a receita 
médica, além disso, esta conduta está em desacordo 
com o código de defesa do consumidor. No entanto, 
cabe ressaltar, neste caso, que não haveria esta 
infração se o farmacêutico tivesse orientado 
corretamente sobre o uso do medicamento, pois no 
caso do medicamento fornecido na concentração de 1 
mg/mL, o paciente poderia tomar 1 mL a cada noite, 
ao invés de cinco, mantendo a concentração 
recomendada pelo médico na receita e evitando a 
superdosagem. 
 Mesmo com esta possiblidade de adaptação 
da dose, ainda seria necessário que o farmacêutico 
realizasse contato com o médico, para confirmar se 
haveria algum problema em função da mudança da 
forma farmacêutica do medicamento, visto que a Lei 
nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999 é clara ao 
estabelecer que a bioequivalência é garantida apenas 
entre produtos apresentados sob a mesma forma 
farmacêutica. Também é importante notar que, de 
acordo com o artigo nº 46 da RDC nº 44/2009 da 
ANVISA, “No momento da dispensação de 
medicamentos deve ser feita a inspeção visual para 
verificar, no mínimo, a identificação do medicamento, 
o prazo de validade e a integridade da embalagem”. 
 
Caso 3 – Caso sobre apreensão de 
medicamento falsificado 
 “A Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa) determinou a apreensão de um lote 
falsificado do medicamento Rivotril, que é um 
ansiolítico com finalidade tranquilizante. Segundo o 
órgão sanitário, a medida preventiva foi com base em 
ação de fiscalização. A informação foi divulgada por 
meio da Resolução (RE) 1.753, de 2 de junho, 
publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.). 
 O lote citado pela Agência reguladora é o 
RJ0598. Para justificar a determinação, a Anvisa 
informa: "Como medida de interesse sanitário, a 
proibição do armazenamento, comercialização, 
distribuição, transporte e uso, bem como, a apreensão 
e inutilização, em todo o território nacional, de unidade 
lote (RJ0598) do medicamento Rivotril, 
(clonazepam)". 
 Nesse sentido, o órgão sanitário completa: “O 
lote RJ0598, solução oral 2,5mg/ml, validade 01/2021, 
que não possuam em sua embalagem secundária as 
seguintes informações ‘GTIN 07896226501239’ e ‘MS 
1010000720034’, por se tratarem de unidades 
falsificadas, não reconhecidas pelo detentor do 
registro”. 
 Este caso evidencia a capacidade que os 
medicamentos falsificados podem ter no sentido de se 
infiltrarem sem serem percebidos pela cadeia de 
distribuição de medicamentos. Caso os responsáveis 
pela produção destes medicamentos sejam 
descobertos, são sujeitos às penalidades impostas 
pelo artigo 273 do Código Civil. Neste caso 
específicos, os farmacêuticos que receberem estes 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
5 
 
medicamentos, a princípio, podem ser considerados 
também como vítimas deste esquema de falsificação, 
visto que foram distribuídos produtos visualmente 
idênticos aos originais. No entanto, uma vez que 
houve identificação da falsificação pela Vigilância 
Sanitária e publicação de Resolução determinando a 
retirada do mercado, o farmacêutico responsável 
deverá tomar imediatamente as providências 
necessárias para que o medicamento seja retirado de 
circulação e encaminhado para o descarte adequado, 
de acordo com as determinações da ANVISA. Caso 
estas providências não sejam tomadas e haja 
comprovação de que houve venda do medicamento 
após a publicação da Resolução da ANVISA, o 
farmacêutico deixa de apresentar a condição de 
vítima, e também poderá ser enquadrado pelo artigo 
273 do código penal. Para facilitar os estudos, o 
Quadro 2 apresenta um resumo das principais leis e 
resoluções apresentadas neste tópico. 
 
 
Código de defesa do consumidor 
 Em uma relação de consumo, existe sempre 
um consumidor, um fornecedor e um produto ou 
serviço a ser oferecido. 
 Nessa relação, é comum que o consumidor 
esteja, de certa forma, em uma situação de maior 
vulnerabilidade, em relação ao fornecedor. Esta 
vulnerabilidade do consumidor pode ser caracterizada 
principalmente por questões de ordem técnica, 
jurídica, econômica. 
 A vulnerabilidade técnica se caracteriza pela 
ausência de conhecimentos específicos a respeito do 
produto a ser adquirido. A vulnerabilidade jurídica, se 
refere a situações que envolvem contratos, onde o 
consumidor não possui conhecimento jurídico 
suficiente para compreender suas consequências. A 
vulnerabilidade econômica, se refere ao poder 
econômico do fornecedor, quando este é maior que o 
do consumidor. 
 Para proteger o consumidor de possíveis 
abusos por parte do fornecedor, foi instituída a Lei Nº 
8.078, de 11 de setembro de 1990, que estabeleceu o 
código de defesa do consumidor (CDC). Essa Lei 
define o consumidor como “toda pessoa física ou 
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final”. 
 Deste modo, apenas a pessoa que adquire 
produto para uso próprio ou para uso de sua família 
ou entes queridos poderá se beneficiar das garantias 
contidas no CDC, visto que aquele que aquele que 
adquire um produto para uso em seu trabalho, como 
por exemplo, para revenda, não é considerado como 
destinatário final. 
 O fornecedor é definido pelo CDC como “toda 
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional 
ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição 
ou comercialização de produtos ou prestação de 
serviços”. 
 No caso do farmacêutico que atua diretamente 
com a venda de medicamentos, é importante 
conhecer o CDC, a fim de melhor compreender os 
direitos do consumidor e as suas responsabilidades 
dentro da relação de consumo. Neste tópico, vamos 
estudar alguns dos principais direitos do consumidor, 
com ênfase nas situações mais comuns que podem 
ocorrer em uma farmácia. 
 O artigo 6º do CDC considera como direitos 
básicos do consumidor: 
1. A proteção da vida, saúde e segurança contra 
os riscos provocados por práticas no 
fornecimento de produtos e serviços 
considerados perigosos ou nocivos 
2. A educação e divulgação sobre o consumo 
adequado dos produtos e serviços, 
asseguradas a liberdade de escolha e a 
igualdade de contratações 
3. A informação adequada e clara sobre os 
diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de qualidade, 
características, composição, qualidade, 
tributos incidentes e preço, bem como sobre os 
riscos que apresentem. 
 É interessante notar que esses direitosbásicos 
se relacionam diretamente com a atuação do 
farmacêutico que trabalha diretamente com a venda 
de medicamentos, visto que eles remetem à execução 
adequada do processo de assistência farmacêutica. 
Sendo assim, o farmacêutico, ao realizar a venda de 
um medicamento, deverá fornecer ao paciente todas 
as informações necessárias ao seu uso adequado, 
para garantir a efetividade do tratamento. Caso não o 
faça, além de cometer uma infração ética, estará 
também ferindo os direitos estabelecidos pelo artigo 
6º do CDC. 
 Outra questão importante se refere à 
necessidade e um rigoroso controle a respeito do 
prazo de validade dos medicamentos, visto que as 
farmácias, atualmente, possuem uma grande 
quantidade de produtos. Para grandes 
estabelecimentos farmacêuticos, esse controle às 
vezes pode ser desafiador, devido à enorme carga de 
trabalho e ao grande volume de entradas e saídas de 
produtos. 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
6 
 
 Se por acaso um produto vencido for 
esquecido nas prateleiras e acabar sendo entregue ao 
cliente, o farmacêutico estará em desacordo com o 
CDC, pois, conforme apresentado no artigo nº 10, “o 
fornecedor não poderá colocar no mercado de 
consumo produto ou serviço que sabe ou deveria 
saber apresentar alto grau de nocividade ou 
periculosidade à saúde ou segurança”. 
 Outra questão presente no CDC que faz parte 
da rotina diária de muitas farmácias é a questão da 
troca de produtos. O artigo nº 18 do CDC estabelece 
o seguinte: 
 “Os fornecedores de produtos de consumo 
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente 
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os 
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que 
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por 
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem 
ou mensagem publicitária, respeitadas as variações 
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor 
exigir a substituição das partes viciadas”. 
 Com essa determinação do CDC, fica 
assegurado ao consumidor o direito de reparação em 
casos em que o consumidor constata que o produto 
apresenta algum desvio de qualidade como, por 
exemplo, alterações de aspecto, número de unidades 
na embalagem, odor, sabor, validade do produto ou 
presença de corpo estranho. Nesses casos, o direito 
de reparação é dado pela substituição do 
medicamento por outro idêntico, a devolução imediata 
da quantia paga ou ainda o abatimento proporcional 
do preço na ocasião da compra. 
 Entretanto, em algumas situações, não é 
possível realizar a devolução do produto. Se o 
consumidor solicitar a devolução por não desejar mais 
o produto, ou por motivo de interrupção do tratamento, 
a farmácia não possui a obrigação de aceitar essa 
devolução. No caso de medicamentos controlados, 
que são regulamentados pela portaria SVS/MS 344/98 
e pela portaria SVS/MS 06/99, a devolução é 
expressamente proibida. O artigo 90 da portaria 
SVS/MS 06/99 determina que: 
 “Quando, por qualquer motivo, for interrompida 
a administração de medicamentos à base de 
substâncias constantes das listas da Portaria SVS/MS 
nº 344/98 e de suas atualizações, o prescritor e/ou a 
Autoridade Sanitária local devem recomendar ao 
paciente ou seu responsável que façam a entrega 
destes medicamentos no Órgão competente 
Vigilância Sanitária. A Autoridade Sanitária emitirá um 
documento comprobatório do recebimento e, 
posteriormente, dará o destino conveniente 
(inutilização ou doação)”. 
 Além dessa portaria, a RDC 20/2021, em seu 
artigo 20, determina expressamente que “é vedada a 
devolução, por pessoa física, de medicamentos 
antimicrobianos industrializados ou manipulados para 
drogarias e farmácias”. 
 § 1º Excetua-se do disposto no caput deste 
artigo a devolução por motivos de desvios de 
qualidade ou de quantidade que os tornem 
impróprios ou inadequados ao consumo, ou 
decorrentes de disparidade com as indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, 
rotulagem ou mensagem publicitária, a qual 
deverá ser avaliada e documentada pelo 
farmacêutico.” 
 “§ 2º Caso seja verificada a pertinência da 
devolução, o farmacêutico não poderá 
reintegrar o medicamento ao estoque 
comercializável em hipótese alguma, e deverá 
notificar imediatamente a autoridade sanitária 
competente, informando os dados de 
identificação do produto, de forma a permitir as 
ações sanitárias pertinentes. 
 Desse modo, não há base legal para que um 
medicamento que saiu do controle da farmácia seja 
reincorporado ao estoque. Além do impedimento 
legal, essa impossibilidade se dá também pelo risco 
sanitário, visto que uma vez que o medicamento saiu 
da farmácia, não é possível ter controle sob quais 
condições de armazenamento ele foi submetido. Além 
disso, os medicamentos sujeitos a controle especial 
só poderão ter sua “entrada” registrada no Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados 
(SNGPC) por meio de nota fiscal e a saída do 
estabelecimento ocorre apenas mediante receita ou 
notificação de receita fornecida pelo consumidor. 
 Outra situação importante para que o 
farmacêutico esteja atento se refere ao artigo 39, 
inciso IX do CDC, que determina o seguinte: “É 
vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre 
outras práticas abusivas: recusar a venda de bens ou 
a prestação de serviços, diretamente a quem se 
disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, 
ressalvados os casos de intermediação regulados em 
leis especiais”. 
 Nesse caso, se o paciente possuir receita 
médica que atenda a todos os requisitos legais, o 
farmacêutico não poderá se negar a realizar a venda 
do medicamento, exceto se houver algum outro 
motivo que justifique legalmente essa atitude. Para 
facilitar os estudos, as leis principais, portarias e 
resoluções apresentadas neste tópico estão descritas, 
de forma sintetizada, no Quadro 3. 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
7 
 
 
 
Apresentação 
 O código de ética da profissão farmacêutica foi 
constituído, inicialmente, pelo CFF em 05/06/1962, 
por meio da Resolução nº 06. 
 Esse código, passou por sucessivas 
atualizações, pelas resoluções nº103/1973, 130/1977, 
152/1980, 227/1991, 290/1996 e 417/2004. O atual 
Código de Ética Farmacêutica entrou em vigor a partir 
da publicação da Resolução do CFF, nº 596/2014. 
 O código estabelece os atos que são 
considerados como infrações, e as regras de 
aplicação de sansões disciplinares. Em seu 
preâmbulo, a Resolução estabelece que: “O 
farmacêutico é um profissional da saúde, cumprindo-
lhe executar todas as atividades inerentes ao âmbito 
profissional farmacêutico, de modo a contribuir para a 
salvaguarda da saúde e, ainda, todas as ações de 
educação dirigidas à coletividade na promoção da 
saúde.” 
 A estrutura do Código de Ética Farmacêutica é 
apresentada do seguinte modo: 
 Título I – Do Exercício Profissional. 
 Capítulo I – Dos Princípios Fundamentais; 
Capítulo II – Dos Direitos; 
Capítulo III – Dos Deveres; 
Capítulo IV – Das Proibições; 
Capítulo V – Da Publicidade e dos trabalhos 
Científicos. 
 Título II – Das Relações Profissionais. 
 Título III – Das Relações com os Conselhos 
Federal e regionais de Farmácia. 
 Título IV – Das Infrações e Sanções 
Disciplinares. 
 Título V – Das Disposições Gerais. 
 Neste momento, serão apresentados alguns 
dos pontos importantes do Código de Ética 
Farmacêutica. 
 
Exercício profissional 
 O título I do Código de Ética Farmacêutica 
apresenta no Capítulo I, os princípios fundamentais 
que deverão reger a conduta da profissão 
farmacêutica. O código define seu artigo 1º conforme 
apresentado: 
 O exercício da profissão farmacêutica tem 
dimensões de valores éticos e morais que são 
reguladas por este Código, além de atos regulatórios 
e diplomas legais vigentes, cuja transgressão poderá 
resultar em sanções disciplinares por parte do 
Conselho Regional de Farmácia (CRF), após 
apuraçãode sua Comissão de Ética, observado o 
direito ao devido processo legal, ao contraditório e à 
ampla defesa, independentemente das demais 
penalidades estabelecidas pela legislação em vigor no 
país.” Dentre os princípios destacados neste artigo, 
cabe destacar os princípios do devido processo legal, 
princípio do contraditório e da ampla defesa. O 
princípio do devido processo legal está previsto no 
artigo nº 5 da Constituição Federal em seu inciso LIV, 
que determina que “ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal. 
 Os princípios da ampla defesa e do 
contraditório também estão estabelecidos na 
constituição federal em seu inciso LV, que determina 
o seguinte: “aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”. Isso implica que, 
em um processo legal, quando há alegação de uma 
parte, a outra parte também deverá ser ouvida, tendo 
o direito de se manifestar em sua própria defesa. 
 Destaca-se também o artigo 4º: “O 
farmacêutico responde individual ou solidariamente, 
ainda que por omissão, pelos atos que praticar, 
autorizar ou delegar no exercício da profissão”. Esse 
ponto trata do princípio da responsabilidade individual 
e solidária. 
 Dessa forma, o farmacêutico, além de cuidar 
de sua própria capacitação e atualização, também 
deve ser capaz de atuar como um líder, garantindo 
que sua equipe também esteja devidamente 
capacitada e atualizada. Nos casos em que o 
farmacêutico atue de forma contrária à legislação 
sanitária ou profissional, poderá haver 
responsabilização nas esferas civil e criminal. 
 Além disso, o artigo nº 9 do Código de Ética 
Farmacêutica, se refere ao princípio da autonomia 
profissional, pois delibera que: “o trabalho do 
farmacêutico deve ser exercido com autonomia 
técnica e sem a inadequada interferência de terceiros, 
tampouco com objetivo meramente de lucro, 
finalidade política, religiosa ou outra forma de 
exploração em desfavor da sociedade”. Essa 
autonomia do profissional farmacêutico é legalmente 
garantida, por meio da Lei nº 13.021/14, e também de 
algumas resoluções do CFF, como, por exemplo, as 
de nº 357/01, 585/13 e 621/16. 
 Já o capítulo II, dispõe sobre os direitos do 
farmacêutico. Esse capítulo amplia as possibilidades 
de atuação e interação com o profissional prescritor, 
em relação à redação anterior, conferida pela 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
8 
 
Resolução nº 417/2004 do CFF. Isso fica evidenciado 
no seguinte trecho: “Art. 11 – É direito do 
farmacêutico: II - Interagir com o profissional 
prescritor, quando necessário, para garantir a 
segurança e a eficácia da terapêutica, observado o 
uso racional de medicamentos”. 
 Cabe também destaque ao inciso XI desse 
artigo, que determina o direito do farmacêutico de: 
“decidir, justificadamente, sobre o aviamento ou não 
de qualquer prescrição, bem como fornecer as 
informações solicitadas pelo usuário”. Nesse caso, é 
fundamental que o farmacêutico se atente à questão 
da necessidade de justificativa legal, caso decida 
negar a dispensação de um determinado 
medicamento, para não contrariar o artigo 39 do CFC, 
conforme já discutido no tópico anterior. 
 Vale ressaltar que, em situações em que 
houver violações dos direitos do farmacêutico, o 
profissional poderá recorrer aos órgãos pertinentes, 
devendo realizar uma denúncia devidamente 
fundamentada, com provas documentais suficientes a 
respeito do fato ocorrido. 
 Dando prosseguimento ao capítulo III do 
Código de Ética Farmacêutica, nele são apresentados 
os deveres do farmacêutico. Destaca-se a atualização 
trazida pela redação atual, que trata sobre a baixa de 
responsabilidade técnica, ao estabelecer que: 
O farmacêutico, durante o tempo em que 
permanecer inscrito em um Conselho Regional de 
Farmácia, independentemente de estar ou não no 
exercício efetivo da profissão, deve: XIII - comunicar 
ao CRF em 5 (cinco) dias o encerramento de seu 
vínculo profissional de qualquer natureza, 
independentemente de retenção de documentos 
pelo empregador. 
 Além de ser um dever, a comunicação do 
encerramento de vínculo também serve como uma 
medida de proteção para o profissional, pois evita que 
seja feito o uso indevido de seu nome em ações que 
não estiveram efetivamente sob sua responsabilidade. 
 Sobre o capítulo IV, que trata das proibições, 
apresentaremos as principais atualizações que foram 
adicionadas em relação à redação anterior do Código 
de Ética Farmacêutica. Elas são: 
XXX - fazer uso de documento, atestado, certidão ou 
declaração falsos ou alterados 
Esta atualização contempla principalmente as 
situações onde o farmacêutico se utiliza de atestado 
médico falso com o objetivo de justificar ausência em 
seu estabelecimento. 
XXXI - permitir que terceiros tenham acesso a senhas 
pessoais, sigilosas e intransferíveis, utilizadas em 
sistemas informatizados e inerentes à sua atividade 
profissional. 
Este inciso inclui os casos onde o farmacêutico 
fornece a terceiros a senha do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Produtos Controlados – SNGPC. 
XXXIII – assinar laudo ou qualquer outro documento 
farmacêutico em branco, de forma a possibilitar, ainda 
que por negligência, o uso indevido do seu nome ou 
atividade profissional. 
Neste caso, estão incluídas situações onde o 
farmacêutico assina documentos em branco, que 
podem estar relacionados ao tráfico de drogas. 
XLII – fazer declarações injuriosas, caluniosas, 
difamatórias ou que depreciem o farmacêutico, a 
profissão ou instituições e entidades farmacêuticas, 
sob qualquer forma. 
 Esse inciso contempla as situações em que o 
farmacêutico se utiliza de redes sociais para se 
manifestar de forma desrespeitosa em relação aos 
outros profissionais ou instituições farmacêuticas. O 
Código de Ética Farmacêutica também proíbe ao 
farmacêutico exercer, simultaneamente, as atividades 
de medicina e farmácia. Essa proibição está descrita 
no Decreto nº 20.931/32 que regula e fiscaliza o 
exercício da medicina, da odontologia, da medicina 
veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira 
e enfermeira, no Brasil. 
 Destaca-se, também, o inciso III (capítulo IV, 
artigo nº 14) do Código, que proíbe o farmacêutico de 
“exercer a atividade farmacêutica com fundamento em 
procedimento não reconhecido pelo CFF”. Esse tipo 
de atitude pode acarretar até mesmo em crime como, 
por exemplo, se o farmacêutico prescrever 
medicamentos de venda sob prescrição médica, 
desobedecendo a legislação vigente. Para facilitar os 
estudos, o Quadro 4 apresenta, de forma resumida, as 
principais resoluções, leis e decretos apresentadas 
neste tópico. 
 
 
Relações profissionais 
 O título que trata sobre as relações 
profissionais é o título II, que traz as determinações: 
Art. 17 - O farmacêutico, perante seus pares e 
demais profissionais da equipe de saúde, deve 
comprometer-se a: 
I - manter relações cordiais com a sua equipe de 
trabalho, observados os preceitos éticos; 
II - adotar critério justo nas suas atividades e nos 
pronunciamentos sobre serviços e funções 
confiados anteriormente a outro farmacêutico; 
III - prestar colaboração aos colegas que dela 
necessitem, assegurando-lhes consideração, 
apoio e solidariedade que reflitam a harmonia e o 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
9 
 
prestígio da categoria; 
IV - prestigiar iniciativas de interesse da 
categoria; 
V - empenhar-se em elevar e firmar seu próprio 
conceito, procurando manter a confiança dos 
membros da equipe de trabalho e dos 
destinatários do seu serviço; 
VI - manter relacionamento harmonioso com 
outros profissionais, limitando-se às suas 
atribuições, no sentido de garantir unidade de 
ação na realização das atividades a que se 
propõe em benefício individual e coletivo; 
VII - denunciar atos que contrariem os postulados 
éticos da profissão;VIII - respeitar as opiniões de farmacêuticos e 
outros profissionais, mantendo as discussões no 
plano técnico-científico; 
IX - tratar com respeito e urbanidade os 
farmacêuticos fiscais, permitindo que promovam 
todos os atos necessários à verificação do 
exercício profissional. 
 Desse modo, observa-se que esse artigo 
enfatiza a importância do respeito e da cordialidade 
nas relações profissionais. Assim, contrariar estas 
determinações pode ser prejudicial à imagem do 
farmacêutico, e a depender do caso, poderá até 
mesmo incidir em crimes previstos no Código Penal, 
como os de calúnia, injúria e difamação. 
 
Relações com os conselhos federal e 
regionais de farmácia 
 Em relação ao artigo nº 18 do Código de Ética 
Farmacêutica, fica estabelecido que o farmacêutico, 
na relação com os conselhos, fica obrigado a: “I - 
observar as normas (resoluções e deliberações) e as 
determinações (acórdãos e decisões) dos Conselhos 
Federal e Regionais de Farmácia”. Essas normas e 
determinações são publicadas e, periodicamente, 
atualizadas pelas páginas eletrônicas de cada 
entidade. 
 O segundo inciso desse artigo determina que 
é obrigatório ao farmacêutico: “prestar com fidelidade 
as informações que lhe forem solicitadas a respeito do 
seu exercício profissional”. Infringir o dado inciso 
poderá caracterizar crime contra a Administração 
Pública, de acordo conforme previsto no Código 
Penal. Ainda analisando o presente artigo, fica 
determinado que o farmacêutico também estará 
obrigado a: 
III - comunicar ao Conselho Regional de Farmácia em 
que estiver inscrito toda e qualquer conduta ilegal ou 
antiética que observar na prática profissional; 
IV - atender convocação, intimação, notificação ou 
requisição administrativa no prazo determinado, feitas 
pelos Conselhos Federal e Regionais de Farmácia, a 
não ser por motivo de força maior, comprovadamente 
justificado; 
V - tratar com respeito e urbanidade os empregados, 
conselheiros, diretores e demais representantes dos 
Conselhos Federal e Regionais de Farmácia. 
 Em relação ao inciso III, mesmo que o 
profissional não tenha praticado nenhum ato ilícito ou 
antiético, deixar de comunicar uma infração que 
ocorreu sob seu conhecimento faz com que o 
profissional também se torne responsável por 
omissão, e a depender do caso, também poderá sofrer 
sanções administrativas ou legais. 
 
Infrações e sanções disciplinares e 
disposições gerais 
 De acordo com o artigo nº 20 do Código de 
Ética Farmacêutica: 
As sanções disciplinares, definidas nos termos do 
Anexo III desta Resolução, e conforme previstas na 
Lei Federal nº 3.820/60, consistem em: 
I - advertência ou advertência com emprego da 
palavra "censura; 
II - multa no valor de 1 (um) salário mínimo a 3 (três) 
salários mínimos regionais; 
III - suspensão de 3 (três) meses a 1 (um) ano; 
IV - eliminação. 
 As infrações foram classificadas em leves, 
medianas e graves. Nesse perspectiva, 
apresentaremos uma classificação das infrações e 
suas respectivas penas, conforme o anexo III da 
Resolução n º 596/14 do CFF: 
 
 No anexo III da Resolução n º 596/2014, foi 
determinado que a pena de eliminação será aplicada 
aos que tenham sido condenados três vezes em 
processos de suspensão, mesmo que isso tenha 
ocorrido em Conselhos Regionais de Farmácias 
diferentes. 
 Esse mesmo anexo também prevê a 
possibilidade de aplicação de mais de uma pena para 
o mesmo processo ético. Sendo aplicadas em 
situações em que diversas condutas irregulares forem 
praticadas pelo profissional em virtude do mesmo fato, 
ou seja, as penalidades podem ser aplicadas de forma 
cumulativa e sequencial. Há três exemplos que 
ilustram a situação das penas cumulativas, conforme 
apresentado pelo CRF-SP (CRF, 2016): 
a) Instauração do primeiro Processo Ético-
Disciplinar pelas infrações de “Não Prestação de 
Assistência” e “Irregularidade em Atestado 
Médico”: 
- Não Prestação de Assistência – infração 
mediana 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
10 
 
- Infração ao Art. 14, inciso V do Anexo I 
- Pena: multa de um salário mínimo regional (Art. 8º, 
inciso X do Anexo III) 
- Irregularidade em Atestado Médico – infração 
grave 
- Infração ao Art. 14, inciso XXX do Anexo I 
- Pena: suspensão de três meses do exercício 
profissional (Art. 9º, inciso XII do Anexo III) 
Pena cumulativa: multa de um salário mínimo 
regional e suspensão de três meses do exercício 
 
b) Instauração do primeiro Processo Ético-
Disciplinar pelas infrações de “Fracionamento 
Irregular” e “Intermediação de Fórmulas”: 
- Fracionamento Irregular – infração mediana 
- Infração ao Art. 14, inciso XV do Anexo I 
- Pena: multa de um salário mínimo regional (Art. 8º, 
inciso III do Anexo III) 
- Intermediação de Fórmulas – infração mediana 
- Infração ao Art. 14, inciso XXXII do Anexo I 
- Pena: multa de um salário mínimo regional (Art. 8º, 
inciso XXVI do Anexo III) 
Pena cumulativa: multa de dois salários mínimos 
regionais. 
 
c) Instauração de Processo Ético-Disciplinar por 
“Irregularidade em Atestado Médico”, protocolado 
como justificativas de quatro ausências 
constatadas pela fiscalização do CRF-SP: 
- Irregularidade em Atestado Médico – infração 
grave 
- Infração ao Art. 14, inciso XXX do Anexo I, por 4 
(quatro) vezes 
- Pena: eliminação (Art. 12 do Anexo III) 
 
 Justificativa: A pena de eliminação é imposta 
aos que tenham sido três vezes condenados 
definitivamente à pena de suspensão por falta grave 
decorrentes de um mesmo processo ou em processos 
distintos, ainda que em Conselhos Regionais de 
Farmácia diversos. Para facilitar os estudos, o Quadro 
6 apresenta um resumo das principais resoluções e 
leis apresentadas neste tópico: 
 
 
Apresentação 
 No Brasil, o exercício da profissão 
farmacêutica passou a ter uma regulamentação legal 
mais específica a partir da publicação do Decreto nº 
19.606 de 1931. 
 As atividades consideradas como privativas, 
ou seja, que somente poderão ser exercidas 
legalmente pelos farmacêuticos foram definidas 
inicialmente pelo Decreto nº 85.878, de 7 de abril de 
1981. 
 O exercício de cada uma dessas atividades 
pode ser regulamentado por dispositivos próprios, 
seja por leis federais, decretos ou por resoluções dos 
Conselhos Federais e Regionais de Farmácia. 
 O âmbito de atuação do farmacêutico começou 
a ser ampliado a partir da publicação da Resolução 
CNE/CES 2, de 19 de fevereiro de 2002 que 
estabeleceu novas diretrizes curriculares nacionais 
para o curso de graduação em farmácia. A partir dessa 
Resolução, foi estabelecido o que é conhecido como 
o “perfil generalista” do farmacêutico, que é obtido 
atualmente pelos cursos de graduação. 
 Para exemplificar essa questão do perfil 
generalista, aqueles que se formavam antes da 
CNE/CES n°. 2, de 19/02/2002 tinham sua formação 
reconhecida pela Resolução nº 04, de 11 de abril de 
1969, do Conselho Federal de Educação. Nesse caso, 
para atuar na área de análises clínicas, o estudante 
de farmácia deveria realizar um segundo ciclo de 
formação profissional, que lhe concederia o título de 
Farmacêutico-Bioquímico. Por outro lado, os que se 
formaram de acordo com a CNE/CES n°. 2, de 
19/02/2002, não precisarão realizar este ciclo de 
formação adicional, e não receberão o título de 
Farmacêutico-Bioquímico, mas estarão habilitados a 
atuar em laboratórios de análises clínicas devido ao 
perfil generalista obtido pela nova grade curricular. O 
mesmo ocorre no tocante à atuação na área industrial, 
ou em outras. As principais atividades privativas e não 
privativas do farmacêutico serão discutidas, bem 
como alguns dos principais aspectos regulatórios que 
deverão ser seguidos nas respectivas áreas. 
 
Atividades privativas do farmacêutico 
 São consideradas como atividades privativas 
do farmacêutico, de acordo com o Decreto de nº 
85.878, de 7 de abril de 1981, as seguintes 
atribuições: “I – desempenho de funções de 
dispensação ou manipulação de fórmulas magistrais efarmacopeias quando a serviço do público em geral ou 
mesmo de natureza privada”. 
 Dessa forma, o profissional que atuar na área 
de manipulação de fórmulas magistrais e 
farmacopeicas deverá estar atento às determinações 
da RDC nº 67/2007 da ANVISA, que regulamentou 
normas de boas práticas de manipulação de 
preparações magistrais e oficinais (farmacopeicas) 
para uso humano em farmácias. Esse marco 
regulatório constitui-se de extrema importância para a 
área de manipulação, pois estabelece normas que 
objetivaram a segurança e a qualidade das 
formulações magistrais. 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
11 
 
 Nessa RDC, foram estabelecidos critérios para 
a garantia da qualidade das instalações físicas e 
equipamentos, além de normas específicas referentes 
aos procedimentos e recursos humanos. As 
atribuições e competências do farmacêutico nessa 
área foram definidas e regulamentadas com mais 
detalhes pela Resolução nº 467, de 28 de novembro 
de 2007, do CFF. 
 Em seu segundo inciso, o Decreto nº 
85.878/81 também considera como atividade 
privativa: 
II - Assessoramento e responsabilidade técnica 
em: 
a) estabelecimentos industriais farmacêuticos em 
que se fabriquem produtos que tenham indicações 
e/ou ações terapêuticas, anestésicos ou auxiliares de 
diagnóstico, ou capazes de criar dependência física 
ou psíquica; 
b) órgãos, laboratórios, setores ou 
estabelecimentos farmacêuticos em que se executem 
controle e/ou inspeção de qualidade, análise prévia, 
análise de controle e análise fiscal de produtos que 
tenham destinação terapêutica, anestésica ou auxiliar 
de diagnósticos ou capazes de determinar 
dependência física ou psíquica; 
c) órgãos, laboratórios, setores ou 
estabelecimentos farmacêuticos em que se pratiquem 
extração, purificação, controle de qualidade, inspeção 
de qualidade, análise prévia, análise de controle e 
análise fiscal de insumos farmacêuticos de origem 
vegetal, animal e mineral. 
 Cada um desses estabelecimentos deverá 
seguir regulamentações específicas, mas cabe 
ressaltar, em especial, para a indústria farmacêutica, 
a RDC nº 301, de 21 de agosto de 2019 da ANVISA, 
que dispõe sobre as boas práticas de fabricação de 
medicamentos. Para os laboratórios que produzem 
insumos e/ou realizam controle de qualidade em 
insumos farmacêuticos, é fundamental observar as 
disposições da RDC nº 69, de 8 de dezembro de 2014, 
e também a RDC nº 45, de 9 de agosto de 2012 que 
regulamenta os estudos de estabilidade de insumos 
farmacêuticos ativos. 
 Ainda no inciso II, do Decreto nº 85.878/81, a 
alínea d) determina que é atribuição privativa do 
farmacêutico a atuação em depósitos de produtos 
farmacêuticos de qualquer natureza. Nessa área, é 
importante que o farmacêutico conheça a Resolução 
nº 304, de 17 de setembro de 2019 da ANVISA, que 
dispõe sobre as boas práticas de distribuição, 
armazenagem e transporte de medicamentos. 
 Já o inciso III do mesmo Decreto considera 
como atividade privativa do farmacêutico “a 
fiscalização profissional sanitária e técnica de 
empresas, estabelecimentos, setores, fórmulas, 
produtos, processos e métodos farmacêuticos ou de 
natureza farmacêutica”. 
 Assim, estabelece também em seu artigo nº 11 
e inciso VII, que é um direito do farmacêutico ser 
fiscalizado no âmbito profissional e sanitário 
obrigatoriamente por outro profissional farmacêutico. 
O farmacêutico pode, desse modo, exigir dos órgãos 
públicos o cumprimento dessa regulamentação. 
Porém, é importante ressaltar que não poderá se 
negar a ser fiscalizado por outros órgãos 
competentes, pois existe previsão legal atribuída aos 
órgãos da administração pública, tais como as 
autoridades policiais o Ministério Público. 
 Além dessas atividades, o Decreto nº 
85.878/81 também considerou como privativas do 
farmacêutico, as atividades de elaboração de laudos 
técnicos, pericias técnico-legais relacionadas com 
atividades, produtos, fórmulas, processos e métodos 
farmacêuticos ou de natureza farmacêutica, o 
magistério superior das matérias privativas do curso 
de formação farmacêutica, e também o desempenho 
de outros serviços e funções não especificados, desde 
que se situem no domínio da capacitação técnico-
científica profissional. Para facilitar os estudos, o 
Quadro 7 apresenta um resumo dos principais 
decretos e resoluções apresentados neste tópico. 
 
 
Atividades não privativas do farmacêutico 
 De acordo com artigo 2º, do Decreto nº 85.878, 
de 7 de abril de 1981, as seguintes atividades são 
reconhecidas como atribuições dos farmacêuticos, 
mesmo que não sejam privativas ou exclusivas: 
I - A direção, o assessoramento, a 
responsabilidade técnica e o desempenho de 
funções especializadas exercidas em: 
a) Órgãos, empresas, estabelecimentos, 
laboratórios ou setores em que se preparem ou 
fabriquem produtos biológicos, imunoterápicos, 
soros, vacinas, alérgenos, opoterápicos para uso 
humano e veterinário, bem como de derivados do 
sangue; 
b) Órgãos ou laboratórios de 
análises clínicas ou de saúde pública ou seus 
departamentos especializados; 
c) Estabelecimentos industriais em que se 
fabriquem produtos farmacêuticos para uso 
veterinário; 
d) Estabelecimentos industriais em que se 
fabriquem insumos farmacêuticos para uso 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
12 
 
humano ou veterinário e insumos para produtos 
dietéticos e cosméticos com indicação 
terapêutica; 
e) Estabelecimentos industriais em que se 
fabriquem produtos saneantes, inseticidas, 
raticidas, anticépticos e desinfetantes; 
f) Estabelecimentos industriais ou instituições 
governamentais onde sejam produzidos 
radioisótopos ou radiofármacos para uso em 
diagnóstico e terapêutica; 
g) Estabelecimentos industriais, instituições 
governamentais ou laboratórios especializados 
em que se fabriquem conjuntos de reativos ou de 
reagentes destinados às diferentes análises 
auxiliares do diagnóstico médico; 
h) Estabelecimentos industriais em que se 
fabriquem produtos cosméticos sem indicação 
terapêutica e produtos dietéticos e alimentares; 
i) Órgãos, laboratórios ou estabelecimentos em 
que se pratiquem exames de caráter químico-
toxicológico, químico-bromatológico, químico- 
farmacêutico, biológicos, microbiológicos, 
fitoquímicos e sanitários; 
j) Controle, pesquisa e perícia da poluição 
atmosférica e tratamentos dos despejos 
industriais; 
II - Tratamento e controle de qualidade das águas de 
consumo humano, de indústria farmacêutica, de 
piscinas, praias e balneários, salvo se necessário o 
emprego de reações químicas controladas ou 
operações unitárias; 
III - Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento e 
serviços técnicos, elaboração de pareceres, laudos e 
atestados do âmbito das atribuições respectivas. 
 Mesmo que o âmbito de atuação não seja 
privativo, o farmacêutico ainda assim poderá estar 
sujeito a fiscalizações pelas autoridades competentes, 
e deverá observar todos os aspectos legais que 
regulamentam a área em que estiver atuando. 
 
Apresentação 
 Por motivo de desinformação, alguns 
profissionais acabam por confundir as atribuições 
exercidas pelos conselhos profissionais, sindicatos e 
associações. 
 Alguns acreditam que seria o papel de uma 
associação de classe a luta pelo direito ao piso 
salarial. Todavia, outros acham que ao se cadastrar 
em um conselho de classe, estariam ao mesmo tempo 
filiados às associações. Para evitar essas confusões, 
serão apresentados os papéis exercidos por cada 
uma dessas instituições. 
 Os conselhos de classe profissionais, sejam 
eles definidos como conselhos federais ou conselhos 
regionais, são autarquias criadas por Lei federal, que 
lhes confere autonomia administrativa e financeira. 
Essas entidades têm como objetivo principal, definir 
os princípios de ética que deverão ser seguidos por 
seus profissionais, e garantir que a atuação destes 
profissionais respeite os princípios éticos, bem como 
os aspectos legais queregulamentam o exercício da 
profissão. 
 Os sindicatos representam os trabalhadores 
no tocante aos direitos e deveres trabalhistas, 
buscando garantir que seus associados tenham boas 
condições de trabalho e remuneração. As atribuições 
dos sindicatos estão descritas no artigo nº 8 da 
Constituição Federal, e também no artigo nº 513 das 
Consolidações das Leis do Trabalho (CLT). 
 As associações de classe são definidas pelo 
Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002) 
como entidades caracterizadas pela união de pessoas 
que se organizam para fins não econômicos. Sua 
atuação é direcionada para promoções de eventos 
sobre temas técnico-científicos, com o intuito de 
contribuir com ações de aprimoramento, formação e 
atualização profissional. 
 
Atribuições do conselho federal de farmácia 
 O CFF criado pela Lei nº 3.820, de 11 de 
novembro de 1960, que o definiu como o “órgão 
supremo dos Conselhos Regionais, com jurisdição em 
todo o território nacional e sede no Distrito Federal”. 
Cabe destacar, de forma resumida, algumas das 
atribuições do CFF definidas pelo artigo 6º dessa lei: 
1. Tomar conhecimento e esclarecer duvidas 
levantadas pelo Conselhos Regionais; 
2. Julgar em última instancia recursos dos 
Conselhos Regionais; 
3. Propor modificações que se tornem 
necessárias para regulamentar o exercício da 
profissão farmacêutica; 
4. Promover reuniões com os Conselhos 
Regionais para estudo de questões 
profissionais de interesse nacional; 
5. Ampliar o limite de competência do exercício 
profissional do farmacêutico; 
6. Expedir resoluções para definir ou modificar 
atribuições ou competência dos profissionais 
de farmácias conforme as necessidades 
futuras; 
 O plenário do CFF é formado por um 
conselheiro federal que é eleito para cada estado, e 
de seu respectivo suplente. Os conselheiros do CFF, 
representando os farmacêuticos de todos os estados 
brasileiros, se reúnem mensalmente em Brasília/DF 
para promover discussões e votações de resoluções 
abertas ao plenário. 
 
 
Unidade 2 – Deontologia e Legislação 5º período - Farmácia 
 
13 
 
Atribuições do conselho regionais de 
farmácia 
 Os Conselhos Regionais de Farmácia, assim 
como os Conselhos Federais, são autarquias 
federais, que também foram criados com base na Lei 
nº 3.820, de 11 de novembro de 1960. 
 As competências e atribuições administrativas 
dos Conselhos Regionais são definidas em seu 
regimento interno, que é aprovado pelo CFF. 
 De forma resumida, algumas das atribuições 
dos Conselhos Regionais: 
1. Registrar os profissionais de acordo com as 
normatizações do CFF; 
2. Fiscalizar o exercício das atividades 
farmacêuticas, impedindo e punindo as infrações, 
enviando relatórios documentados às autoridades 
competentes quando necessário; 
3. Sugerir ao CFF medidas necessárias para 
regularidade de serviços e fiscalização das atividades 
farmacêuticas e do exercício profissional. 
4. Dirimir dúvidas relativas à competência e ao 
ambiento das atividades profissionais farmacêuticas. 
5. Analisar e julgar em primeira instancia os 
processos de interesse da profissão farmacêutica, 
dentro de sua competência administrativa; 
6. Promover atividades que busquem contribuir 
com a melhora da saúde pública, assistência 
farmacêutica, e que estimulem a unidade da profissão 
e a atualização do farmacêutico. 
7. Criar seccionais e subsedes quando julgado 
necessário por deliberação de seu plenário.

Outros materiais