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Análise do comportamento sobre transtornos psiquiatricos

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Discussõe� d� Anális� d� Comportament�
Acerc� d� Transtorn� Psiquiátric�.
Bibliografia Básica:
BOAS, D. L. O. V. BANACO, R. A.; BORGES, N. B..B. Discussões da Análise do
Comportamento Acerca dos Transtornos Psiquiátricos. Em: BORGES, N. B.;
CASSAS, F. A. Clínica analítico-comportamental: aspectos teóricos e práticos.
Porto Alegre: ARTMED, 2012, CAPÍTULO 9 pg 95-101.
Assuntos do capítulo
➔ Transtornos psiquiátricos.
➔ Os motivos que levam um cliente a procurar um psicólogo clínico.
➔ Problemas clínicos.
➔ Multideterminação do comportamento.
➔ Semelhanças e diferenças entre “transtornos psiquiátricos” e os demais
comportamentos.
➔ Modelos metafísico, estatístico e normalidade.
➔ Transtornos psiquiátricos como déficits ou excessos comportamentais.
➔ Vantagens do modelo analítico ‑comportamental para
‘psicopatologias’.
➔ Sofrimento como critério para intervenção
“Influenciado pelo modelo de seleção natural de Darwin, Skinner propôs o
modelo de seleção por consequências como explicação para o
aparecimento e manutenção dos comportamentos dos organismos.”
- As diferenças de comportamento dos indivíduos e entre os indivíduos
podem ser explicadas através de variação e seleção.
Para a análise do comportamento esse fenômenos possuem causas e
natureza iguais aos demais comportamentos.
➔ Existem os fenômenos comportamentais chamados de transtornos
mentais?
➔ Por que esses padrões comportamentais são chamados e classificados
como transtornos mentais?
➔ O que distingue a normalidade da anormalidade?
Três discussões a saber:
1. problemas clínicos;
2. multideterminação do comportamento;
3. normalidade: um conceito definido por práticas culturais.
1. Problema� Clínic�
“Os motivos que levam um indivíduo a procurar ajuda de um psicólogo
clínico são a busca de autoconhecimento e/ou problemas que o cliente
não está conseguindo enfrentar sozinho, entre eles os chamados transtornos
psiquiátricos.”
Um indivíduo diz que está com problemas quando seus comportamentos
não produzem aquilo de que ele gostaria ou, quando produzem, trazem
consigo sofrimento -> a dificuldades em emitir respostas que diminuam
estimulações aversivas ou que deem acesso a reforçadores.
possíveis motivos:
- Falta de repertório: o indivíduo não sabe emitir a resposta que produz
um comportamento de estímulo positivo, o indivíduo não controla seu
ambiente da melhor maneira para poder reforçar sua resposta ou ele
não tem noção do quanto aquela resposta é necessária e assim não
produz a consequência.
- Estar acometido por um transtorno psiquiátrico:
Tanto o transtorno psiquiátrico como qualquer outro comportamento
sofrem influência nos níveis: filogenético, ontogenético e cultural.
2. Multideterminaçã� d�
comportament�
Para a Análise do Comportamento, a psicologia é uma ciência natural
que está alinhada com a biologia, especificamente com o modelo de
seleção natural. Assim, o comportamento é entendido como algo que
é natural, é variável e passa por um processo de seleção pelos efeitos
que produz no ambiente, o que chamamos de seleção por
consequências.
➔ filogenético, dado que o indivíduo nasce com uma predisposição a
responder de determinada maneira, a qual foi herdada através de
seleção de genes;
➔ ontogenético, dado que, a partir de sua concepção, o indivíduo
naturalmente age (emite respostas) de forma variável (variabilidade
comportamental), produzindo mudanças no ambiente, sendo essas
(mudanças no ambiente) selecionadoras de repertório (tornarão mais
prováveis uma parcela destas respostas);
➔ cultural, dado que o sujeito é sensível, também, ao ambiente social
que integra, sendo este (ambiente social) selecionador de padrões
comportamentais típicos daquele grupo.
Resumidamente, os“transtornos psiquiátricos”, assim como qualquer outro
comportamento, são comportamentos multideterminados em suas origens e
em sua manutenção.
Por um lado, iguala seus aspectos causais atribuindo a ambos a
multideterminação histórica, por outro lado, permite uma distinção entre eles
pelo comprometimento que podem exercer sobre o organismo, inclusive
diferentes graus de comprometimento em diferentes níveis de variação e
seleção.
Compreendendo o fenômeno por esta perspectiva, ele poderá e deverá
buscar identificar as contingências que influenciaram o desenvolvimento
deste repertório e, mais ainda, as contingências que o mantêm. Diante delas
o clínico estará mais perto de encontrar meios eficientes de intervir sobre tais
padrões comportamentais, resultando em menor sofrimento para o cliente.
3. Normalidad�: u� conceit�
definid� por prática� culturai�
É importante falar sobre “normalidade” e “anormalidade”, pois,
frequentemente, ouvimos que pessoas que apresentam algum quadro
psiquiátrico são “loucas” ou “anormais”.
A classificação de padrões comportamentais como transtornos
mentais é determinada por práticas culturais que estabelecem os
padrões socialmente aceitos ou não. Desse modo, padrões
comportamentais que violam expectativas sociais são tratados,
frequentemente, como “anormais” ou “psicopatológicos”.
- Na idade média buscava-se atribuir essas alterações a falhas
mentais - geralmente faz com que se fique buscando causa ou
cura na mente quando na verdade a causa está na história de
vida e a cura na maneira como esse indivíduo interage com seu
ambiente.
- O modelo estatístico de normalidade - distorção do modelo de
seleção natural de Darwin - seguindo critérios estatísticos de
determinação.
Na tentativa de encontrar uma forma diferente de lidar com esses
fenômenos comportamentais, a análise do comportamento dá ênfase à
análise de contingências (avaliação funcional), entendendo que alguns
comportamentos merecem maior atenção do clínico ou do profissional de
saúde não porque sejam "patológicos" ou “anormais”, mas porque violam
expectativas sociais e, consequentemente, trazem maior sofrimento àqueles
que os apresentam ou àqueles que com eles convivem. A análise do
comportamento propõe que esses padrões comportamentais sejam
analisados como déficits ou excessos comportamentais.
Desta forma, a análise do comportamento utiliza o critério do sofrimento
para definir se um comportamento merece ou não uma atenção “especial”:
é o sofrimento que a pessoa que se comporta/manifesta, ou os que estão ao
seu redor estão submetidos, que justificaria o seu estudo e a busca do seu
controle.
Para a análise do comportamento, “transtornos psiquiátricos” são da mesma
natureza que “problemas clínicos”, ou seja, são comportamentos resultantes
da interação entre o indivíduo e seu meio. Tais padrões comportamentais se
desenvolvem a partir do entrelaçamento de três níveis de variação e
seleção: filogenético, ontogenético e cultural. Assim, os transtornos mentais
podem ser considerados como respostas normais para situações extremas ou
“transtornadas” Desse ponto de vista, de acordo com a concepção da
análise do comportamento, o fenômeno comportamental tratado como
“transtorno mental” seria um padrão comportamental selecionado ao longo
da história de interação entre as respostas emitidas pelo indivíduo e os
efeitos ambientais delas decorrentes (que as selecionaram),
Os objetivos terapêuticos seriam buscar novas formas de interação entre o
indivíduo e seu meio, minimizando estimulações aversivas presentes nessas
relações e aumentando estimulações apetitivas – diminuindo, assim, o
sofrimento do indivíduo de forma direta ou indireta.
Bibliografia complementar:
BUENO, G. N.; NÓBREGA, L. G.; MAGRI, M. R.; BUENO, L. N. (2014).
Psicopatologias de acordo com as abordagens tradicional e funcional.
Comportamento em foco, v. 4, 2014, p. 27-37. Disponível em:
https://abpmc.org.br/wpcontent/uploads/2021/08/141622281567a933aae65
d.pdf
● Forma de atuação e práticas clínicas desenvolvidas pelas abordagens
tradicional (biológica) e funcional (comportamental) no estudo das
chamadas psicopatologias.
● A psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar
os estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental. O tratamento
feito por médicos psiquiatras é estabelecido por meiodos diagnósticos
por eles realizados e da utilização da farmacoterapia.
● Skinner, influenciado por Darwin e seu modelo de seleção natural,
coloca que os comportamentos, inclusive os ditos patológicos, podem
ser explicados pelo modelo de seleção por consequências, ou seja,
pelos efeitos que produzem no ambiente.
● Para a Análise do Comportamento é incorreto rotular o
comportamento como “doença” ou “psicopatológico”, dado que ele
é uma ação emitida pelo organismo na interação com o ambiente.
● Enquanto a abordagem tradicional trata as psicopatologias como
doenças, a Análise do Comportamento busca a função daquilo que
nomeia como comportamento-problema e aplica um programa de
intervenção que busca o seu controle
O significado literal de psicopatologia é o estudo das doenças da
alma ou patológico do psiquismo
A classificação de doenças mentais é uma prática presente desde o
século 5 a.C. na Grécia antiga. Naquela época, Hipócrates utilizava
palavras como histeria, mania e melancolia para caracterizar algumas
doenças mentais. A partir desse momento histórico, esses e outros
termos passaram a fazer parte do jargão médico (e. g., loucura
circular, catatonia, hebefrenia, paranoia, dentre outros). E a loucura,
segundo Hipócrates, era uma consequência de uma desorganização
orgânica no homem. Logo, foi retirada qualquer influência divina da
explicação da loucura.
o diagnóstico de doenças mentais tem sido feito por meio de
entrevistas clínicas que buscam informações sobre
➔ a identificação do paciente (e. g., nome, idade, gênero,
ocupação, dentre outros),
➔ suas queixas (e.g., qual a queixa e sua duração),
➔ a história da moléstia atual (e. g., descrição cronológica dos
sintomas apresentados),
➔ os antecedentes psiquiátricos (e. g., diagnósticos, tratamentos,
hospitalizações, medicamentação psiquiátrica),
➔ antecedentes pessoais (e. g., doenças médicas, cirurgias),
➔ história social (e. g., história ocupacional, relacionamentos,
escolar, religiosa),
➔ hábitos e dependência de substâncias (e. g., tabagismo, uso de
álcool e outras substâncias),
➔ antecedentes familiares (e. g., transtornos mentais e doenças
clínicas dos familiares),
➔ medicamentos (medicações com ou sem prescrição que o
paciente faz ou fez uso)
➔ alergias (e. g., agentes de reação alérgica)
A entrevista clínica depende da percepção do médico acerca
do caso e do relato verbal dos pacientes e de familiares destes.
Assim, por ser baseado em relatos verbais e não em resultados
laboratoriais, tampouco em exames físicos, como em outros
tipos de patologias, nota-se que o diagnóstico pode sofrer
influência da interpretação de quem o faz.
Tendo em vista a necessidade de ferramentas que auxiliem
profissionais na tarefa de classificar patologias, manuais
diagnósticos foram criados e são, de tempos em tempos,
atualizados, por exemplo, a Classificação Internacional das
Doenças (CID) e o Manual Diagnóstico e Estatístico dos
Transtornos Mentais (DSM) (Guarneiro et al., 2008).
DSM
➔ um manual específico de doenças mentais
➔ Há frequente utilização tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil
A primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
– DSM-I, com 132 páginas e 106 categorias de transtornos mentais foi
publicada em 1952 pela Associação Americana de Psiquiatria (APA).
Desde então, novas edições foram publicadas:
O DSM-II, em 1968, com 134 páginas e 182 categorias
O DSM-III, em 1980, com 494 páginas e 265 categorias
O DSM-III-R, em 1987, com 597 páginas e 292 categorias
O DSM-IV, em 1994, com 886 páginas e 292 categorias
O DSM-IV-TR, em 2002, com 880 páginas que constituiu-se apenas em uma
revisão da edição anterior, na qual tanto as categorias diagnósticas quanto
a maioria dos critérios específicos para os diagnósticos foram conservados.
Em 2013, o DSM-V, com 947 páginas, foi lançado sob a égide de inúmeras
críticas, dentre as quais ser um manual que criou doenças para estabelecer
um consumo maior de medicações, dado que o tratamento
médico-psiquiátrico assim se pauta.
Ao reparar na frequência da palavra reação, no DSM-I , conclui-se que é
enganosa a suspeita na década de 50 que considerava a doença mental
como algo que surgia na vida do paciente e que poderia ser transitória. Ou
seja, não possuía causa biológica, mas estava ligada a problemas e a
dificuldades da vida da pessoa.
Outra forte influência observada nessa edição foi a da psicanálise.
Observa-se um grande número de termos tipicamente psicanalíticos, como
mecanismo de defesa, neurose, dentre outros (Burkle & Martins, 2009).
Já no DSM-II verificou-se um aumento das categorias, avançando para 76. A
categoria deficiência mental, por exemplo, que era dividida em apenas dois
tipos no DSM-I (deficiência mental - familiar ou hereditária - e deficiência
mental - idiopática), passou a ser descrita como retardo mental,
compreendida por seis subtipos (retardo mental borderline, retardo mental
leve, retardo mental moderado, retardo mental grave, retardo mental
profundo, e retardo mental não especificado). Já o termo reação, muito
utilizado na edição anterior, foi praticamente extinto.
Com isso, supõe-se que a ideia de que os transtornos poderiam ser
passageiros e decorrentes de situações sofridas pelo paciente perdeu força,
dando lugar à ideia de que os transtornos são tipicamente biológicos e,
desse modo, sem cura. Ademais, observou-se também um aumento no uso
de termos psicanalíticos.
As duas primeiras edições do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos
Mentais não descreveram detalhadamente os sintomas, o que gerou
dificuldades para se classificar o que era patológico e o que não era.
O DSM-III dedicou-se a apresentação de uma classificação mais detalhada
e com mais critérios a serem observados no ato do diagnóstico o DSM-III foi
um marco na psiquiatria moderna, uma vez que nele novas categorias
diagnósticas foram descritas (e. g., neurose de angústia foi subdividida em
transtorno de pânico com e sem agorafobia e em transtorno de ansiedade
generalizada). E ainda, alguns termos antes utilizados foram substituídos (e.
g., doença mental por transtorno mental) para não suscitar questões
etiológicas relacionadas com as causas.
A partir da terceira edição o DSM passou, também, a fazer uso da
abordagem multi-axial para a elaboração do diagnóstico.
Desse momento em diante os diagnósticos passaram a ser submetidos às
classificações apresentadas nos cinco eixos propostos:
Eixo 1 – síndromes clínicas
Eixo 2 – transtornos da personalidade e do desenvolvimento
Eixo 3 – condições e transtornos físicos
Eixo 4 – gravidade dos estressores psicossociais
Eixo 5 – avaliação global do desenvolvimento
Outra característica da terceira edição foi a hierarquização dos
diagnósticos, isto é, o paciente que recebia um diagnóstico não poderia
receber outro diagnóstico simultâneo. Por essa perspectiva, a patologia mais
grave era considerada hierarquicamente superior ao outro quadro. Logo, a
pessoa recebia apenas o diagnóstico da patologia mais grave, ou seja, uma
única patologia era utilizada para explicar todos os sintomas que
compunham o seu quadro clínico
No DSM-III-R essa hierarquia foi extinta e o diagnóstico de mais de uma
patologia passou a ser possível. Foi nesse momento que surgiu o termo
comorbidade. O termo manteve-se no DSM-IV, e tem se perpetuado desde
então. No DSM-III-R foram apresentadas mais 27 novas categorias de
patologias. Notou-se também que o diagnóstico de neurose, herdado da
tradição psicanalítica, deixou de ser usado definitivamente. Nessa edição
também foi criado o apêndice Categorias Diagnósticas Propostas
Necessitando Estudos Adicionais. Tal seção demonstra que o DSM é um
instrumento em contínua construção e que, por isso, necessita sempre de
investigações complementares que sirvam ao propósito de torna-lo mais
completo e preciso (Burkle & Martins, 2009).
O DSM-IV, apesar de apresentar 82 novas categorias, assemelha-se muito
com as duas últimas edições (Burkle & Martins, 2009). Uma das críticas
direcionadas ao DSM-IV diz respeito à excessivafragmentação dos quadros
clínicos. Pondera-se que a partir do referido fracionamento pacientes
passaram a receber vários diagnósticos, uma vez que os sintomas
ultrapassam os limites rígidos propostos pelo próprio manual. Deriva de tal
constatação que a comorbidade passou a ser, quase sempre, uma regra,
quando, em verdade, deveria figurar como exceção
Em 2002 foi publicado o texto revisado do DSM-IV – o DSM-IV-TR. Esse novo
texto trouxe poucas modificações em relação à sua edição anterior, não
houve, portanto, novidades relacionadas aos critérios diagnósticos e novas
categorias - edição com o propósito exclusivo de corrigir a defasagem de
mais de 12 anos sem uma nova edição
NO DSM-V a APA promoveu mudanças significativas, por exemplo, o
englobamento dos diagnósticos de transtorno autista (autismo), transtorno
de asperger, transtorno desintegrativo da infância, transtorno de rett e
transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação foram
todos englobados no DSM-5 em um único transtorno: transtorno do espectro
do autismo (APA, 2013). Dentre as inúmeras alterações, destacam-se as
estabelecidas nos critérios diagnósticos para o transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH). Foram acrescentados itens com o intuito
de facilitar o diagnóstico, por exemplo, a idade de início para sua descrição
foi alterada. Em edições anteriores do manual, os sintomas de hiperatividade
e desatenção deveriam causar prejuízos antes dos 7 anos, já no DSM-V esses
sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos. No DSM-V passa a ser
permitida a comorbidade desse diagnóstico com o transtorno do espectro
do autismo (APA, 2013).
A proposta básica do diagnóstico médico psiquiátrico é ocorrer pela
exclusão. Todavia, para o alcance dessa proposta, esse diagnóstico só se
daria depois de concluída a exclusão de toda e qualquer possibilidade de
causa orgânica.
Na ausência de achados laboratoriais independente acerca dessas
alterações, o diagnóstico oferecido é baseado unicamente nos relatos
verbais do indivíduo, que satisfazem os critérios estipulados pelo DSM-IV-TR
(APA, 2000/2002) para os diferentes transtornos.
O diagnóstico oferecido não é submetido à verificação independente por
meio de instrumentos laboratoriais. A partir do diagnóstico
médico-psiquiátrico estabelece-se o tratamento: realizado por meio da
prescrição de psicofármacos.
Psicofármacos são substâncias capazes de alterar a atividade psíquica,
gerando alívio de sintomas e alterações tanto na percepção quanto no
pensamento. O que difere os psicofármacos dos demais fármacos é a
necessidade de atravessar a ‘barreira’ hematoencefálica para atingir os
seus objetivos.
Alguns fatores que podem interferir no efeito de um psicofármaco:
● características individuais (e. g., idade, sexo, peso, composição
corpórea, alimentação, fatores genéticos),
● doenças (e. g., hepática, renal, cardíaca, infecções)
● padrão de uso (via de administração, dose, ambiente em que o
fármaco é usado, a hora do dia em que o medicamento é
administrado, a interação medicamentosa, o uso de álcool ou
tabaco).
Algumas críticas à abordagem tradicional:
➔ A ausência de critérios claros que definam o que seja o
transtorno mental é dado mais que evidente. É possível observar
influências reducionistas do dualismo mente e corpo na visão
tradicional, pois, para além de todas essas limitações no
diagnóstico dos transtornos mentais, logo, no tratamento das
pessoas que recebem tal diagnóstico, o que se impõe é que os
“(...) transtornos mentais podem ser conceituados em termos
biológicos, haja vista que não existe nenhuma anormalidade
laboratorial específica associada a essa causalidade (...).” (Brito,
2012, p. 58). Britto (2012) adverte ainda que “(...) a visão do
comportamento como indício ou sintoma de transtorno mental
predomina no contexto cultural e no contexto científico.” (p. 58).
Conclui-se, portanto, ser crítica essa visão, dado que o que
aceita como comprovação das alterações das respostas
fisiológicas são conceitos bibliográficos e não evidências
apontadas por instrumentos laboratoriais. Logo, a abordagem
funcional está em oposição à visão tradicional.
A abordagem funcional, como salientam Bueno e Britto, se prima por
investigar, sistematicamente, as relações entre comportamentos-problema e
eventos ambientais. Dessa forma, a proposta básica da metodologia de
análise funcional é identificar as variáveis controladoras e mantenedoras do
comportamento de interesse (...).”
Abordagem funcional Se por várias décadas a psicopatologia vem sendo
classificada como um conjunto de comportamentos ou de classes
comportamentais disfuncionais, prejudiciais e bizarros, tornou se necessário
que o conceito de normalidade e a própria psicopatologia fossem
repensados e modificados, a fim de se adequar a produção científica
proposta pelos analistas do comportamento
Segundo a abordagem funcional, a psicopatologia configura-se por
problemas de comportamentos apresentados pelos indivíduos, seja quanto
ao seu excesso, seja quanto ao seu déficit. Dessa forma, o que para
abordagem tradicional é descrito como transtorno mental, para a
abordagem funcional nada mais é do que complexos comportamentos
excessivos e/ou deficitários, geradores de consequências aversivas tanto à
pessoa que os emite, quanto ao ambiente com o qual interage
Ou seja, os comportamentos que são descritos nos transtornos, sejam eles
deficitários ou excessivos, são respostas que estão ocorrendo com uma
frequência e/ou intensidade que causam prejuízo, desconforto etc. tanto
àquele que se comporta quanto ao seu ambiente. Logo, está em desalinho
com a contingência ambiental com a qual interage.
Para os analistas do comportamento qualquer resposta é produto de uma
seleção por consequência. Desse modo, o comportamento que funciona
para alguém é bem mais provável de ocorrer do que aquele que não
funciona.
Considera-se apropriado entender os eventos antecedentes e consequentes
que controlam suas ocorrências. Como se observa, “(...) a abordagem
analítico-comportamental deixa de lado as descrições da visão tradicional,
ao substituir a noção de causa por uma mudança na variável
independente, e a de efeito por uma mudança na variável dependente.”
(Britto, 2012, p. 62). Nesse sentido, e baseando-se na proposta behaviorista
de J. B. Watson, que defendia que o comportamento deveria ser objeto de
estudo da psicologia como uma ciência natural, B. F. Skinner desenvolve, a
partir dos resultados de suas pesquisas, um novo campo do conhecimento
científico sobre o comportamento. Esse campo estabelece a construção de
um modelo explicativo para o comportamento: a Análise do
Comportamento. A partir da investigação da variabilidade de respostas
reflexas e de relações operantes, Skinner fundou o behaviorismo radical, cuja
proposta filosófica se deu pelo monismo como visão de homem. Esse mesmo
autor também recomendou o estudo e o aprofundamento da abordagem
em relação aos sentimentos e aos pensamentos por meio de uma ciência
do comportamento (Darwich & Tourinho, 2005).
Fora dessa metodologia, como adverte Skinner (1953/2007), o máximo que
se consegue é estabelecer um conceito, um nome, ou seja, usar palavras
para se falar daquilo que é observado quando o outro se comporta,
momento em que se infere características ligadas a isso
É relevante a evidência de que os comportamentos podem ser de dois tipos:
respondentes ou comportamentos reflexos, e operantes ou comportamentos
controlados pelas consequências que produzem. Os primeiros são eliciados
em função de um estímulo, por exemplo, a visão de um alimento como a
carne (estímulo) frente a uma pessoa privada dela, pode provocar a
salivação nesse indivíduo (resposta). Esse repertório reflexo é de extrema
importância na vida e na sobrevivência da pessoa, e faz parte das
capacidades inatas dela
Skinner (1953/2007) salienta que uma parte importante dos comportamentos
de um indivíduo não é eliciada. São os comportamentos operantes que
alteram o meio ambiente em que a pessoa está, e a sua probabilidade de
ocorrênciaé função de sua consequência, reforçadora ou não.
os problemas de comportamento são mais frequentes quando há grande
número de fatores de risco (ambiente familiar coercitivo, disponibilização da
atenção social para comportamentos indesejáveis ao contexto, ausência de
reforço aos comportamentos que o ambiente deseje sua frequência de
ocorrência aumentada) para a pessoa em questão, e quando esses fatores
encontram-se combinados e/ou acumulados.
Os reflexos, assim como outros padrões inatos de respostas, só evoluem por
aumentarem a chance de sobrevivência da espécie. Assim, os operantes
apenas aumentam em sua frequência, se forem seguidos por consequências
que são favorecedoras à vida do indivíduo. Os estudos de Skinner para a
compreensão do comportamento em seu processo de interação com o
ambiente o encaminharam à construção da Análise do Comportamento,
como uma ciência natural, cujo objetivo é a descrição da função do
comportamento humano, logo, o seu controle para, posterior planejamento
de sua modificação. Assim, o analista do comportamento deve voltar sua
atenção à condição em que determinada resposta ocorre, bem como as
consequências que esse responder produz (Skinner, 1974/2006).
A essência da análise funcional é identificar as interações entre os
comportamentos-alvo e as variáveis que os determinam, por meio de três
perguntas básicas: O que acontece?, Em quais circunstâncias? e Com quais
consequências? Assim, para a condução de um programa de intervenção,
isto é, modificação comportamental, as estratégias necessariamente
requererão a manipulação das chamadas variáveis independentes
(ambientais), as VI’s, seja para aumentar ou para reduzir a frequência de um
determinado comportamento (variável dependente, a VD).
identificar as variáveis controladoras e mantenedoras do comportamento de
interesse e, então, obter recursos apropriados para levantar hipóteses sobre
a função desse tipo de comportamento, quando será possível selecionar um
tratamento adequado a essa função. Portanto, não é a topografia
comportamental o agente definidor do tratamento a ser selecionado e
aplicado durante a intervenção. Isso porque o comportamento-problema
não deve ser conceitualizado como um sintoma de uma característica
patológica subjacente ou uma anomalia de fase do desenvolvimento, mas
como uma resposta relacionada às condições ambientais.
propõe a identificação das circunstâncias em que um comportamento
pode ser observado, para que sejam verificadas as consequências que o
mantém. Portanto, a identificação das funções que esse comportamento
em questão apresenta, favorecerá o delineamento de um programa de
intervenção que alcance a sua modificação.
A Análise do Comportamento Aplicada, busca a função do que nomeia
como comportamento-problema e aplica um programa de intervenção que
busca o seu controle, por exemplo, através da instalação de classes de
respostas alternativas a este. A abordagem funcional explica o
comportamento-problema a partir de sua funcionalidade, ou seja, admite-se
que a “psicopatologia” não passa de uma resposta que sofreu variação e foi
selecionada, (teve sua probabilidade de ocorrência futura alterada) em
função das consequências que seguiram a ela.

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