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Livro completo Politicas de Saúde

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Autores: Profa. Ângela Cristina Puzzi Fernandes
 Profa. Giseli Panigassi
 Prof. Alexandre Juan Lucas
Colaboradoras: Profa. Raquel Machado C. Coutinho
 Profa. Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão 
Políticas de Saúde
Professores conteudistas: Ângela Cristina Puzzi Fernandes / 
Giseli Panigassi / Alexandre Juan Lucas 
Ângela Cristina Puzzi Fernandes
É especialista em Ergonomia, Administração Hospitalar e Saúde do Trabalhador, mestre pela Faculdade de Ciências 
Médicas da Unicamp e doutora pela USP. Voluntária há mais de vinte anos, presta serviços na comunidade da Vila 
Brandina, em Campinas. Atua há mais de três décadas como enfermeira e foi coordenadora de um serviço de saúde 
ocupacional. Fundou o grupo de enfermeiros do trabalho de Campinas e região. Foi conselheira da Associação Nacional 
de Enfermeiros do Trabalho. Atuou como professora titular do Curso de Graduação e Pós‑graduação em Enfermagem 
da UNIP e professora convidada do Curso de Pós‑Graduação da Escola de Enfermagem da USP e da PUC de Goiânia.
Giseli Panigassi
É nutricionista com aperfeiçoamento em Saúde pela CNPq/Unicamp (1991), aprimoramento em Saúde Pública 
pela Fundap/Unicamp (1992), especializações em Saúde Pública pelo Ministério da Saúde/Unicamp (1993) e em 
Epidemiologia pela Unicamp (1994), mestre em Saúde Coletiva pela Unicamp (2000) e doutora em Saúde Coletiva pela 
Unicamp (2005). Como sanitarista, sempre trabalhou em serviços públicos com foco no ensino e na pesquisa. Atuou 
como professora titular da UNIP.
Alexandre Juan Lucas 
É enfermeiro formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), mestre e doutor em Bioética pelo Centro 
Universitário São Camilo, pós‑doutor em Bioética pela Universidade de Brasília e especialista em Gerenciamento dos 
Serviços de Enfermagem pela Unifesp, em Educação Profissional pela Ensp/FioCruz e em Enfermagem do Trabalho 
pela Uniban. É fiscal do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren‑SP) e professor titular do curso de 
graduação e pós‑graduação em Enfermagem da UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
U517.25 – 23
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F363p Fernandes, Ângela Cristina Puzzi.
Políticas de Saúde. / Ângela Cristina Puzzi Fernandes, Giseli 
Panigassi; Alexandre Juan Lucas. São Paulo: Editora Sol, 2023.
152 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN, 1517‑9230.
1. Políticas de saúde. 2. Seguridade social. 3. Sistema Único de 
Saúde. I. Panigassi, Giseli. II. Lucas, Alexandre Juan. III. Título.
CDU 614
Profa. Sandra Miessa
Reitora
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração e Finanças
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora das Unidades Universitárias
Profa. Silvia Gomes Miessa
Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal
Profa. Laura Ancona Lee
Vice-Reitora de Relações Internacionais
Prof. Marcus Vinícius Mathias
Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
 Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
 Lucas Ricardi
 Jaci Albuquerque
Sumário
Políticas de Saúde
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 11
Unidade I
1 POLÍTICA E POLÍTICAS PÚBLICAS .............................................................................................................. 13
2 SEGURIDADE SOCIAL: HISTÓRIA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL .................................... 15
2.1 Saúde pública ......................................................................................................................................... 15
2.1.1 Período colonial e imperial ................................................................................................................. 16
2.1.2 Início da República ................................................................................................................................. 17
2.1.3 Previdência Social ................................................................................................................................... 33
2.1.4 Assistência social .................................................................................................................................... 40
3 SEGURIDADE SOCIAL NA ATUALIDADE: COMPOSIÇÃO E NORMATIZAÇÃO ............................ 43
3.1 Seguridade Social ................................................................................................................................. 43
3.2 Saúde pública ......................................................................................................................................... 46
3.3 Previdência Social ................................................................................................................................ 49
3.4 Assistência social .................................................................................................................................. 53
4 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ............................................................................................................ 54
4.1 A reforma sanitária brasileira .......................................................................................................... 55
4.2 Definição .................................................................................................................................................. 56
4.3 Legislação básica .................................................................................................................................. 57
4.4 Normas operacionais básicas .......................................................................................................... 58
4.5 Princípios do SUS ................................................................................................................................. 58
4.6 O Pacto pela Saúde .............................................................................................................................. 60
4.6.1 O Pacto em Defesa do SUS ................................................................................................................. 61
4.7 O custeio do SUS .................................................................................................................................. 62
4.7.1 Bloco da assistência farmacêutica .................................................................................................. 64
4.7.2 Bloco da atenção básica ...................................................................................................................... 65
4.7.3 Bloco da atenção de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar ................. 65
4.7.4 Bloco de gestão do SUS ....................................................................................................................... 66
4.7.5 Bloco de vigilância sanitária.............................................................................................................. 67
4.8 O controle social do SUS ................................................................................................................... 68
4.9 Os gestores do SUS .............................................................................................................................. 71
4.10 Conselhos de saúde ........................................................................................................................... 73
4.10.1 O Conass e o Conasems ..................................................................................................................... 74
4.11 Ações, programas e políticas do SUS ......................................................................................... 75
4.11.1 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ............................................................. 77
4.11.2 Unidades de pronto atendimento (UPA 24 horas) .................................................................. 77
4.11.3 Programa Aqui Tem Farmácia Popular ......................................................................................... 78
4.11.4 Centros de Atenção Psicossocial (Caps)....................................................................................... 78
4.11.5 Política Nacional de Saúde Bucal ................................................................................................... 80
4.11.6 Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) .............................................................. 80
4.11.7 Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária .................................................... 81
4.11.8 Plano Diretor de Vigilância Sanitária (PDVisa) .......................................................................... 82
4.11.9 Política de Educação Permanente em Saúde ............................................................................ 83
4.11.10 Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) ......................................................... 83
4.11.11 Política Nacional de Assistência Farmacêutica ....................................................................... 84
Unidade II
5 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE .............................................................................102
5.1 Promoção da saúde ...........................................................................................................................102
5.1.1 Declaração de Alma‑Ata ....................................................................................................................102
5.1.2 Carta de Ottawa ....................................................................................................................................103
5.1.3 Outras conferências .............................................................................................................................105
5.2 A Política Nacional de Promoção da Saúde no Brasil: normatização ...........................107
5.3 Municípios saudáveis ........................................................................................................................109
6 MODELOS E SISTEMAS DE ATENÇÃO À SAÚDE .................................................................................110
6.1 Definição, características e composição ...................................................................................110
6.2 Modelos de sistemas de atenção à saúde ................................................................................112
6.2.1 Modelo universalista ........................................................................................................................... 113
6.2.2 Modelo do seguro social .................................................................................................................... 113
6.2.3 Modelo de seguros privados ............................................................................................................ 113
6.2.4 Modelo assistencialista .......................................................................................................................113
6.2.5 O modelo do SUS ..................................................................................................................................113
6.2.6 Modelos de sistemas de atenção à saúde no mundo ............................................................115
7 ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE ......................................................................................................................119
7.1 Fundamentos da Atenção Básica à Saúde ...............................................................................119
7.1.1 Prevenção primária ............................................................................................................................. 120
7.1.2 Prevenção secundária ........................................................................................................................ 120
7.1.3 Prevenção terciária.............................................................................................................................. 120
7.1.4 Prevenção quaternária .......................................................................................................................121
7.1.5 Prevenção primordial ..........................................................................................................................121
7.2 Normatização da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) ......................................121
7.3 Responsabilidades das esferas gestoras em Atenção Básica ............................................122
7.4 Estratégia Saúde da Família ...........................................................................................................123
7.4.1 Características, contexto e finalidades........................................................................................ 123
7.4.2 Equipes de saúde ................................................................................................................................. 124
7.4.3 Gestão da ESF ........................................................................................................................................ 125
7.4.4 Programa Médicos pelo Brasil ........................................................................................................ 125
7.4.5 Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente ........................................................... 127
7.5 A Política Nacional de Humanização (PNH) do SUS: HumanizaSUS ............................128
8 SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR ......................................................................................................132
8.1 Criação do sistema de saúde suplementar ..............................................................................132
8.2 Regulamentação do sistema de saúde suplementar ...........................................................135
8.3 Regulação no setor saúde ..............................................................................................................135
8.4 Definições de termos relacionados à saúde suplementar .................................................137
8.5 Sistema de Saúde Suplementar no contexto da saúde pública ......................................138
8.6 Política de Qualificação da Saúde Suplementar ....................................................................140
9
APRESENTAÇÃO
O maior castigo para os que não se interessam por política é que serão 
governados pelos que se interessam.
Arnold Toynbee
Prezado(a) aluno(a)
Nesta disciplina, abordaremos os conceitos de seguridade, previdência e assistência social e também 
do Sistema Único de Saúde (SUS). Veremos ainda a política nacional de assistência à saúde, os modelos 
e sistemas de atenção e a atenção básica à saúde.
Vamos embarcar num grandedesafio, que é fazê‑lo(a) compreender a importância desses conceitos 
e de um sistema de saúde que promova e preserve o bem‑estar de todos embasado em leis e normas que 
veremos no desenvolvimento do conteúdo. Isso é importante para quebrar o pensamento equivocado 
de que tudo que é gratuito não pode ser oferecido com qualidade.
Sabemos que o profissional de saúde tem uma missão: pôr em prática o bem‑estar evocado, 
superando a limitação de apenas viver ou de só controlar a doença (sem combater suas causas) e adotar 
práticas protetivas e preventivas, sempre de menor custo e mais eficientes.
Nesta disciplina, os conteúdos foram desenvolvidos visando construir o conhecimento. Como diz 
Paulo Freire em suas obras, ensinar não é somente transmitir o saber; a missão do professor é possibilitar 
a criação e a produção de conhecimento. Pensando nisso, a proposta aqui é perseguirmos juntos os 
seguintes objetivos:
• conhecer e compreender os conceitos sobre políticas e sistemas de saúde, enfocando a realidade 
brasileira em sua trajetória histórica e em suas características atuais;
• abarcar os principais marcos históricos da saúde, com destaque para a evolução do sistema de 
saúde no Brasil;
• examinar e comparar sistemas de saúde e modelos de atenção de diferentes países;
• avaliar e interpretar as conferências, as plataformas e as declarações dos principais organismos 
nacionais e internacionais, norteadores das políticas de saúde no mundo;
• conhecer o SUS e distinguir seus modelos de atenção à saúde, financiamento e alocação de 
recursos;
• conhecer a Política Nacional de Atenção Básica e reconhecer sua importância e abrangência;
10
• entender a complexidade do campo da saúde coletiva, com apoio numa análise política que permita 
refletir sobre estratégias de transformação das estruturas tradicionais na assistência à saúde;
• compreender como se dá a regulação e a complementariedade do setor privado de saúde no país.
No conteúdo desta disciplina, veremos o conceito de política e políticas públicas e a contextualização 
histórica da seguridade social, da saúde pública e da assistência social no Brasil desde o período colonial, 
passando pela promulgação da Constituição Federal de 1988 e a implementação do Sistema Único 
de Saúde (SUS) até os dias atuais. Estudaremos os princípios doutrinários e organizativos do SUS e as 
principais políticas e programas de saúde no SUS.
Na sequência, conheceremos o conceito de promoção da saúde, sua aplicação e as principais 
conferências internacionais de saúde e a normatização nacional para a promoção da saúde, os 
principais modelos de atenção e assistência à saúde, a definição de atenção básica, os níveis de 
atenção à saúde, a normatização da política de atenção básica e seus programas, a política nacional 
de humanização e o sistema de saúde suplementar.
Esperamos que, ao final deste livro‑texto, você tenha clareza do processo histórico da saúde, suas 
lutas e conquistas, podendo, assim, compreender e valorizar a participação do profissional de saúde 
e tornando‑se, de fato, um ator protagonista na permanente construção de modelos de atenção que 
promovam e protejam a saúde da população.
11
INTRODUÇÃO
A avaliação do estado de saúde das populações dependeu, durante longo período de tempo, 
quase que exclusivamente dos indicadores derivados de dados de mortalidade, mas esses índices 
perderam progressivamente a capacidade de medir a saúde em decorrência da forte redução das 
taxas de mortalidade, do aumento da sobrevida e da crescente prevalência de doenças crônicas, de 
baixa letalidade, mas altamente incapacitantes. O novo espectro do problema passou a requerer, 
para adequada mensuração dos níveis de saúde, a construção de indicadores de incidência e 
prevalência de doenças, de lesões por acidentes e violências e de transtornos mentais e deficiências 
físicas. A presença simultânea de várias doenças no mesmo indivíduo, fenômeno que se intensifica 
com o aumento de sobrevida da população, demandou a elaboração de índices de comorbidades 
(CHARLSON et al., 1994).
O novo contexto também deixa claro que ter uma doença diagnosticada não se acompanha, 
necessariamente, do mesmo grau de prejuízo nos níveis de saúde e de autonomia na realização 
de tarefas cotidianas. O impacto da doença em provocar limitações e incapacidades passa a ser 
dimensionado por instrumentos que avaliam a preservação das atividades da vida diária e da qualidade 
de vida em saúde.
Sabemos que as desigualdades sociais em saúde são registradas de longa data, tendo seu estudo 
sido retomado com ênfase, nas últimas décadas, diante da verificação da persistência ou ampliação dos 
diferenciais de saúde entre os segmentos sociais (WHO, 2002; GWATKIN, 2000).
Convidamos a todos para a leitura nessa jornada do conhecimento sobre as políticas de saúde 
adotadas em nosso país.
13
POLÍTICAS DE SAÚDE
Unidade I
1 POLÍTICA E POLÍTICAS PÚBLICAS
Se vamos estudar políticas de saúde, então a pergunta é: Você sabe o que é política?
A palavra “política” se origina da palavra grega “pólis”, que significa “cidade”, pois na antiguidade, na 
Grécia, demonstrava a ação empreendida pelos cidadãos nas cidades‑estados gregas para a convivência 
das pessoas e para com as cidades‑estados vizinhas.
Na explicação de Aristóteles, em sua obra Política, a política é um meio para alcançar a felicidade dos 
cidadãos; para isso, os governantes devem ser justos e as leis obedecidas.
Assim, podemos dizer que a política busca o consenso para uma convivência harmoniosa e pacífica 
na comunidade, sendo necessária, uma vez que vivemos em sociedade e porque o respeito à diferença 
de pensamento é essencial para o bom convívio.
A política está inserida em todos os contextos na sociedade, nas organizações, instituições, profissões 
e comunidades. Desse modo, as pessoas na sociedade podem fazer política quando desejam melhorias 
nos contextos sociais, econômicos, entre outros. Cabe ressaltar que nas democracias os cidadãos podem 
(e devem) participar da política por meio da participação em grupos, associações, conselhos, sindicatos 
e partidos, e também individualmente.
Então, podemos afirmar que a política é uma ciência e uma atividade desempenhada por todo 
cidadão quando exerce seus direitos em assuntos públicos através da sua opinião e também do seu 
voto, na escolha dos seus representantes, os quais irão elaborar as leis, executá‑las e julgar mediante as 
mesmas leis.
Como afirma Aristóteles (s.d., p. 55):
 
Mas, para que um Estado seja bem organizado politicamente, não basta 
que tenha boas leis, se não cuidar da sua execução. A submissão às leis 
existentes é a primeira parte de uma boa ordem; a segunda é o valor 
intrínseco das leis a que se está submetido. Com efeito, pode‑se obedecer 
a más leis, o que acontece de duas maneiras: ou porque as circunstâncias 
não permitem melhores, ou porque elas são simplesmente boas em si, sem 
convir às circunstâncias.
14
Unidade I
Então, em resumo, a política é a ciência que busca mecanismos para a construção coletiva do 
bem comum.
Vamos fazer outra pergunta: Você se interessa por política? 
Há uma frase que diz que aqueles que não se interessam por política serão governados pelos que se 
interessam. Gostaríamos de complementá‑la escrevendo “e os que se interessam nem sempre são os que 
sabem o que é melhor para a maioria”.
Na atualidade, muitas pessoas dizem não “gostar” ou “concordar” com a forma como é feita a política 
por alguns, mas neste caso não se trata de política no seu verdadeiro conceito, mas sim de “politicagem”, 
quando a política se dá por meio de interesses próprios e de troca de favores em detrimento dos interesses 
coletivos para realização pessoal ou é insignificante para a sociedade. Por essa razão, neste livro‑texto 
trataremos de política em seu conceito e aplicação.
O termo “políticas públicas” pode até soar como uma redundância, uma vez que o governo seria o 
principal responsável pelas ações políticas na sociedade, entretanto,as políticas públicas são demandadas 
pelos cidadãos na sociedade organizada, que elenca as prioridades e as repassa aos seus representantes 
(deputados e senadores), que irão elaborar as leis e políticas necessárias, cabendo ao governo, entre as 
suas várias atribuições, garantir a implementação das políticas públicas para o bem‑estar da sociedade. 
Portanto, a política é uma doutrina relativa à organização dos Estados e o responsável por essa 
organização é o governo.
Com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, ambas ocorridas na Europa na segunda metade 
do século XVIII, o ideal de direitos humanos e de seguridade e a organização da sociedade foram se 
tornando mais complexos e abrangentes, uma vez que a maioria da população estava no campo e a 
política era decidida apenas por um pequeno grupo de pessoas que pertenciam à mesma classe social, 
os aristocratas. Com a industrialização, houve o êxodo rural, as cidades tiveram seu crescimento com 
mais pessoas e ocorreu a organização do trabalho mecanizado, a implementação de novas tecnologias 
e uma nova configuração social com a burguesia e a classe operária.
Diante desse cenário, havia duras condições de trabalho nas fábricas, com o trabalho de homens, 
mulheres, crianças e idosos por até 18 horas diárias, sem folgas e sem nenhuma perspectiva de 
aposentadoria e seguridade em casos de adoecimento ou morte. Por esse motivo, os operários passaram 
a se organizar em sindicatos e associações a fim de reivindicar melhores condições de trabalho e de 
vida; por conseguinte, os burgueses começaram a exigir dos governos garantias e facilidades para seus 
negócios. Deste modo se originou a construção das primeiras políticas públicas no final do século XVIII 
e no século XIX, e assim foram implementadas as políticas públicas de cidadania, saúde, educação, 
seguridade, segurança e política econômica, fiscal e monetária, entre outras, primeiramente nos países 
europeus e depois em diversas nações em outros continentes.
Por isso, é preciso compreender o que é política, política pública e os conceitos de 
seguridade, previdência, saúde e assistência social para podermos compreender o cenário atual e 
desempenharmos com responsabilidade nossas atividades na área. No caso da saúde, por exemplo, 
15
POLÍTICAS DE SAÚDE
a política tem o objetivo  de organizar todos os setores, públicos e privados, em seus diversos 
níveis, para atender às necessidades de saúde da população.
Exemplo de aplicação
Vamos refletir: Quais são as necessidades de saúde? Elas são diferentes das necessidades da doença? 
Um indivíduo saudável é apenas um indivíduo livre de doenças?
Para a Organização Mundial da Saúde, a OMS (World Health Organization – WHO, na língua 
inglesa), saúde é o estado de completo bem‑estar físico, mental e social, e não simplesmente a 
ausência de doença.
O conceito de saúde é muito mais amplo do que o conceito de doença. Um cidadão que apresenta 
sinais e sintomas como dor, febre e tosse é considerado doente e precisa de assistência médica e 
de saúde, e provavelmente necessitará de tratamento curativo para restabelecer seu estado físico, 
pois, se retomarmos a história da humanidade, vamos encontrar o foco no tratamento, na cura e na 
contenção da propagação das doenças transmissíveis. Esse é o enfoque para o tratamento ao cidadão 
doente, correto?
Agora vamos usar a definição da OMS para exemplificar um cidadão saudável: ele teria que, além 
de estar livre de doenças, ter um completo bem‑estar físico, mental e social; precisaria sentir‑se bem, 
morar bem, comer bem, trabalhar bem, enfim, viver bem, para não adoecer, e se adoecer, ter um pronto 
restabelecimento. Essa visão de saúde é algo recente e abrange o foco na proteção, promoção da saúde 
e prevenção de doenças.
Para melhor definir e estabelecer o objeto de estudo deste trabalho – as políticas públicas em 
saúde –, é necessário identificar a história e o exato contexto em que a saúde pública se insere, enquanto 
atribuição dos entes públicos (a União, os estados e os municípios), consideradas as correspondentes 
disposições constitucionais, de onde precisamente decorrem todas as diretrizes que dão suporte e 
fundamento àquelas políticas.
2 SEGURIDADE SOCIAL: HISTÓRIA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL
Para compreender o atual cenário das políticas de seguridade social, é preciso compreender o 
contexto histórico da saúde pública, previdência e assistência social no Brasil.
2.1 Saúde pública
Desde o período do descobrimento do Brasil, passando pelo período colonial, pelo período imperial 
e pelo início da República, as ações em saúde pública eram realizadas de forma bastante desorganizada, 
seja pela centralização das decisões na Corte, pela grande extensão territorial, pelo atraso tecnológico 
ou pela falta de políticas efetivas, consistentes e coordenadas.
16
Unidade I
Quadro 1 
Períodos da história do Brasil
Ano Período
Antes de 1500 Pré‑Descobrimento
1500 a 1822 Colônia
1822 a 1889 Império
Depois de 1889 República
2.1.1 Período colonial e imperial
Muito antes de 1500 já viviam no Brasil diversos povos indígenas que possuíam suas línguas, 
tradições e culturas próprias. A partir de então, com o início da colonização portuguesa, vieram para o 
país degredados, aventureiros e náufragos, e foram trazidos para cá à força os diversos povos africanos 
que foram escravizados.
Em 1543, foi fundada na capitania de São Vicente, na então vila de Santos, hoje cidade de Santos, 
no litoral de São Paulo, pelo fidalgo português Brás Cubas, a primeira santa casa, a Santa Casa de 
Misericórdia de Santos. Seguindo o modelo português de saúde na época e dirigida a princípio pela 
irmandade jesuíta para atendimento aos doentes, o local foi escolhido por se tratar do principal ponto 
de entrada no país por conta do porto. A instituição contava com poucos recursos humanos, materiais 
e financeiros.
Esse modelo de assistência foi se difundindo em todo o país durante o período colonial. Não havia 
no Brasil nenhum modelo de atenção à saúde da população; basicamente, a atenção à saúde limitava‑se 
aos próprios recursos da terra, com o uso de plantas medicinais e ervas por meio de conhecimentos 
empíricos como chás, infusões, unguentos, entre outros, realizados por pajés, por curandeiros e 
posteriormente pelos primeiros boticários. Aqueles que possuíam recursos podiam ser atendidos em 
seu domicílio por raríssimos médicos formados no exterior; já os que não possuíam quase nenhum 
recurso  –  mais de 95% da população – eram atendidos por religiosos nas Santas Casas ou outras 
instituições de saúde e assistência, ou por curandeiros, ou ainda ficavam à mercê da sorte. Destacamos 
que as taxas de adoecimento e mortalidade eram muito altas em todas as faixas etárias.
Até a chegada da família real ao Brasil, em 1808, as medidas adotadas eram bastante incipientes, 
praticamente sem significativas repercussões na saúde pública da colônia. A partir dessa data, foi 
iniciada a organização sanitária mínima para a cidade do Rio de Janeiro, que se tornara a capital do 
país. Até o ano de 1850, as atividades de saúde pública eram limitadas ao controle de entrada e saída de 
diversos produtos: como alimentos, animais, mobiliário e diversas mercadorias pelos navios nos portos, 
principalmente no Rio de Janeiro, e as demais questões sanitárias eram verificadas pelas chamadas 
juntas municipais.
Foi justamente em 1808 que se deu a criação da primeira organização nacional de saúde pública no 
Brasil: em 27 de fevereiro foi instaurado o cargo de provedor‑mor de Saúde da Corte e do Estado do 
Brasil (embrião do Serviço de Saúde dos Portos, com delegados nos estados). Havia uma carência imensa 
17
POLÍTICAS DE SAÚDE
de recursos como hospitais, unidades de saúde, médicos e demais profissionais de saúde com a devida 
formação acadêmica.
É importante destacar que em fevereiro de 1808, na sua chegada, dom João VI fundou na Bahia 
o Colégio Médico‑Cirúrgico no Real Hospital Militar da cidade de Salvador, e nomês de novembro do 
mesmo ano foi criada a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao Real Hospital Militar, dando 
origem à primeira escola de medicina do país.
A carência de profissionais médicos no Brasil Colônia e no Brasil Império era enorme. Por exemplo, 
no Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo a profissão, e nos demais estados 
brasileiros, à época, eram inexistentes (SALLES, 1971). Somente após a proclamação da Independência 
do Brasil (em 1822) foi promulgada, em 30 de agosto de 1828, a Lei de Municipalização dos Serviços 
de Saúde, com a criação das Juntas Municipais (com as funções antes exercidas pelo físico‑mor, pelo 
cirurgião‑mor e seus delegados). No mesmo ano, ocorreu a criação da Inspeção de Saúde Pública do 
Porto do Rio de Janeiro.
No período imperial, que se seguiu à proclamação da Independência, são dignos de registros os 
seguintes eventos:
• 1837: foi introduzida a vacinação compulsória contra a varíola nas crianças;
• 1846: foi organizado o Instituto Vacínico do Império;
• 1878: tornou‑se obrigatória a desinfecção terminal dos casos de morte por doenças contagiosas.
É interessante observar que, de 1850 ao fim daquele século, em razão dos reflexos da revolução 
industrial inglesa no Brasil, motivados principalmente pelos interesses dos grandes cafeicultores, que 
começaram a investir no setor industrial, começaram as mudanças sociais, com reflexos na saúde 
pública: crescimento de centros urbanos, em razão do deslocamento da população rural, movida 
pela expectativa de melhores condições de sobrevivência, o que gerou condições propícias para o 
surgimento de graves surtos de doenças epidêmicas, como a tuberculose. Assim, em 1878, tornou‑se 
obrigatória a desinfecção terminal dos casos de morte por doenças contagiosas, a critério da autoridade 
sanitária, e foi editado o Decreto n. 7.027, de 6 de setembro de 1878, que tratou de providências sobre 
a desinfecção das casas e estabelecimentos públicos ou particulares.
2.1.2 Início da República
Na Europa, na passagem do século XIX para o XX, dá‑se paulatinamente a implantação da 
administração científica (utilização da estatística e epidemiologia como instrumentos de mensuração 
dos fenômenos sociais).
Nesse período, as epidemias de doenças transmissíveis, em particular a febre amarela e a malária, 
produziram um impacto dramático de mortalidade nas cidades e nos principais canteiros de obras 
localizados nos países ditos periféricos, causando prejuízo ao comércio e dificultando a expansão 
do capitalismo.
18
Unidade I
A solução adotada foi o incentivo público às pesquisas biomédicas, sobretudo àquelas dirigidas às 
doenças tropicais e à formação de equipes de trabalho organizadas em moldes militares, capazes de 
intervir com disciplina e eficácia quando necessário. Foram, então, criadas as campanhas sanitárias. 
O sucesso dessas campanhas sanitárias destacou‑se tanto por seus resultados no controle de processos 
epidêmicos como pelo exemplo de articulação entre o conhecimento científico, a competência técnica 
e a organização do processo de trabalho em saúde.
No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, capital do país, apresentava um quadro sanitário 
caótico caracterizado pela presença de diversas doenças graves, como a varíola, a malária, a febre 
amarela e, posteriormente, a peste, o que acabou gerando sérias consequências tanto para a saúde 
coletiva quanto para outros setores, como o do comércio exterior, visto que os navios estrangeiros não 
mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro. Ainda nesse mesmo contexto, foi criado, em 1900, o 
Instituto Soroterápico Federal, para a fabricação de soros e vacinas contra a peste.
O Rio de Janeiro, no início do século XX, era conhecido como o “túmulo dos estrangeiros”. 
O presidente Rodrigues Alves, priorizando o saneamento e a reforma urbana, nomeou o engenheiro 
Pereira Passos para a Prefeitura e o sanitarista Oswaldo Cruz para a Diretoria‑Geral de Saúde Pública 
(que hoje seria equivalente ao Ministério da Saúde), iniciando uma nova era para a higiene nacional, 
inclusive com a ampliação das atividades do Instituto Soroterápico Federal, que passou a se dedicar 
também à pesquisa básica e à qualificação de recursos humanos.
Quadro 2
Presidentes do Brasil até 1964
1889‑1891 Mar. Deodoro da Fonseca
1891‑1894 Mar. Floriano Peixoto
1894‑1898 Prudente de Morais
1898‑1902 Campos Sales
1902‑1906 Rodrigues Alves
1906‑1909 Afonso Penna
1909‑1910 Nilo Peçanha
1910‑1914 Mar. Hermes da Fonseca
1914‑1918 Wenceslau Brás
1918‑1919 Delfim Moreira
1919‑1922 Epitácio Pessoa
1922‑1926 Arthur Bernardes
1926‑1930 Washington Luís
1930‑1945 Getúlio Vargas
1946‑1951 General Dutra
1951‑1954 Getúlio Vargas
1954‑1955 João Café Filho
1956‑1961 Juscelino Kubitschek
1961‑1961 Jânio Quadros
1961‑1964 João Goulart – Jango
19
POLÍTICAS DE SAÚDE
 Observação
Oswaldo Cruz, bacteriologista formado no Instituto Pasteur, teve 
um importante papel na saúde do Brasil. Seu trabalho como sanitarista 
foi marcado pelas batalhas contra as doenças transmissíveis no 
início do século XX.
Nessa época, foram realizadas memoráveis campanhas de saneamento, sendo adotados métodos 
militares na sua execução. A primeira foi contra a febre amarela, que entre 1897 e 1906 matou 
quatro mil imigrantes.
A então capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro, foi dividida em distritos sanitários, administrados 
por delegados de saúde, sendo implantada uma polícia sanitária, que adotava medidas rigorosas para 
o combate à febre amarela, multando proprietários de imóveis insalubres e os intimando a demoli‑los 
ou reformá‑los.
As brigadas mata‑mosquitos percorriam a cidade, limpando calhas e telhados, exigindo providências 
para a proteção de caixas‑d’água, colocando petróleo em ralos e bueiros e acabando com depósitos de 
larvas e mosquitos. Oswaldo Cruz baseou o combate à febre amarela no êxito da campanha realizada 
pelos americanos em Havana e em algumas experiências realizadas no Brasil, que comprovavam o 
acerto da teoria do médico cubano Carlos Finlay de que o transmissor da doença era um mosquito 
(o Aedes aegypti, na época conhecido como Stegomyia fasciata ou Culex aegypti). Em seguida, Oswaldo 
Cruz iniciou sua luta contra a peste bubônica. A campanha previa a notificação compulsória dos 
casos, isolamento e aplicação do soro fabricado em Manguinhos (onde hoje está situada a Fundação 
Oswaldo Cruz) nos doentes, vacinação nas áreas mais problemáticas, como a zona portuária, bem como 
a desratização da cidade. Com a percepção de que havia relação entre os ratos e os mosquitos na 
proliferação das doenças, foi tomada a decisão de pagar por roedor capturado. Surgiram, assim, os 
inúmeros compradores de “gabirus”, que percorriam a cidade, o que só agravou a situação. Mas, em 
poucos meses, a incidência de peste bubônica diminuiu com o extermínio dos ratos, hospedeiros das 
pulgas que transmitiam a doença.
Ainda em 1904, foi instituída a Reforma Oswaldo Cruz, com a criação do Serviço de Profilaxia da 
Febre Amarela e a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção, com responsabilidade de combate à malária e 
à peste no Rio de Janeiro. Assim, tornou‑se obrigatória, em toda a República, a vacinação e a revacinação 
contra a varíola. Foi criada, também, a Diretoria‑Geral de Saúde Pública, para atender aos problemas de 
saúde da capital do país e prosseguir na defesa sanitária dos portos brasileiros.
Nesse mesmo ano, uma epidemia de varíola assolou a capital, e somente nos cinco primeiros meses 
1.800 pessoas foram internadas no Hospital São Sebastião, pois embora uma lei prevendo imunização 
compulsória das crianças contra a doença estivesse em vigor desde 1837, ela nunca foi cumprida.
20
Unidade I
Foi ainda naquele ano, em 13 de novembro, que eclodiu a Revolta da Vacina, mas os fatos que 
deram origem àquele triste evento começaram a ocorrer meses antes: em 29 de junho, o governo 
enviou ao Congresso o projeto reinstaurando a obrigatoriedade de vacinaçãoantivariólica, com 
a previsão de vacinação antes dos seis meses de idade e para todos os militares, revacinação de 
sete em sete anos e exigência de atestado de imunização para candidatos a quaisquer cargos ou 
funções públicas e também para quem quisesse se casar, viajar ou matricular‑se numa escola; 
foram também outorgados à polícia sanitária poderes para convocar todos os moradores de uma 
área de foco a se imunizarem, e quem se recusasse seria submetido a observação médica em 
local apropriado, pagando as despesas de estadia; o projeto estipulava ainda punições e multas 
para médicos que emitissem atestados falsos de vacinação e revacinação, obrigava os diretores de 
colégios a obedecerem às disposições sobre imunização dos estudantes e instituía a comunicação 
de todos os registros de nascimento.
Ocorreu que essas medidas enfrentaram grande resistência da população, oposição esta que 
era estimulada pelos jornais, sendo, até mesmo, organizada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. 
Como resultado, a população se levantou contra o governo e ocorreram choques com a polícia, 
greves, barricadas, quebra‑quebras e tiroteios nas ruas, levando, inclusive, à decretação do estado 
de sítio. Apenas no dia 16 o Governo Federal conseguiu derrotar a Revolta, mas suspendeu a 
obrigatoriedade da vacina.
 Lembrete
Em 1904, o presidente Rodrigues Alves determinou a vacinação 
contra varíola como obrigatória. As manifestações populares contrárias 
e os conflitos com as autoridades sanitárias ficaram conhecidos como a 
Revolta da Vacina.
Em 1907, deu‑se a criação do Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos (atual Instituto 
Oswaldo Cruz), sendo estabelecidas normas e estratégias para o controle dos mosquitos, vetores da 
febre amarela.
Nesse mesmo ano, a febre amarela foi erradicada do Rio de Janeiro e Oswaldo Cruz recebeu, 
em setembro, a medalha de ouro pelo trabalho de saneamento do Rio de Janeiro no IV Congresso 
Internacional de Higiene e Demografia de Berlim.
No ano seguinte, em 1908, entretanto, uma violenta epidemia de varíola levou a população 
em massa aos postos de vacinação. Nesse mesmo ano, Oswaldo Cruz reformou o Código Sanitário e 
reestruturou todos os órgãos de saúde e higiene do país.
Em 1909, Oswaldo Cruz deixou a Diretoria‑Geral de Saúde Pública, passando a dedicar‑se apenas 
ao Instituto de Manguinhos, que fora rebatizado com o seu nome. Nesse ano, também foi erradicada 
a febre amarela no Pará e realizada a campanha de saneamento na Amazônia, que permitiu o término 
21
POLÍTICAS DE SAÚDE
das obras da Estrada de Ferro Madeira‑Mamoré, cuja construção havia sido interrompida pelo grande 
número de mortes entre os operários, tendo sido determinadas as seguintes medidas profiláticas e 
preventivas: exame médico minucioso; fornecimento de quinino durante a viagem; exames periódicos 
nos empregados; fornecimento diário de quinino; desconto dos dias em que o trabalhador não ingerisse 
o medicamento; gratificação para o operário que passasse três meses sem sofrer nenhum acesso de 
malária; construção de galpões telados para alojamento do pessoal; fornecimento de água fervida; uso 
de calçados; e definição de locais determinados para a defecação.
Ainda em 1909, Carlos Chagas descobriu a doença provocada pelo Tripanosoma cruzi, que, então, 
passou a se chamar doença de Chagas.
Em 14 de fevereiro de 1917, Carlos Chagas assumiu a direção do Instituto Oswaldo Cruz. No ano 
seguinte, foram criados dois órgãos de saúde pública de relevância:
• Serviço da Quinina Oficial (profilático da malária);
• Serviço de Profilaxia Rural, subordinado à Inspetoria de serviços de profilaxia.
Em 1920, Carlos Chagas reorganizou os serviços de saúde pública, com a criação do Departamento 
Nacional de saúde pública (DNSP), e foi editado o Decreto n. 3.987, de 2 de janeiro de 1920. Nesse ano 
ocorreu, também, a aprovação do regulamento para o Departamento Nacional de Saúde Pública.
Finalmente, em 1921, foi instituída a Reforma Carlos Chagas, que ampliou as atividades de cooperação 
com estados, por meio da Diretoria de Saneamento e da Profilaxia Rural.
 Observação
Carlos Justiniano Ribeiro Chagas, 1879‑934, brasileiro de Minas Gerais, 
foi um importante médico sanitarista atuante no combate à malária e a 
outras doenças tropicais.
Entretanto, somente a partir da década de 1930 foram adotadas as primeiras tentativas de organização 
e implantação de medidas na área da saúde pública, com alguma eficácia, como a criação de diversos 
órgãos, visando basicamente à prevenção e ao controle de doenças. Mas nesse período a implantação da 
saúde preventiva, especialmente, ainda enfrentou grandes dificuldades pelas seguintes razões:
• desenvolvimento científico, tecnológico e industrial limitado;
• expansão da assistência médica vinculada à lógica de mercado;
• processo (lento) de formação de uma consciência dos direitos de cidadania.
22
Unidade I
Foi criado, em 1930, o Ministério dos negócios da Educação e Saúde Pública, tendo os serviços 
sido relacionados com a saúde pública transferidos para o novo ministério e reativado o Serviço de 
Profilaxia de Febre Amarela, em virtude da epidemia de 1927‑1928, no Rio de Janeiro, e da dispersão do 
mosquito transmissor.
O médico‑sanitarista João de Barros Barreto assumiu, em 1931, a diretoria do Serviço Sanitário 
Estadual de São Paulo, em cuja gestão foi formada a Secretaria Estadual de Educação e Saúde Pública.
Deu‑se, em 1932, a instituição do ensino e a pesquisa científica no campo da administração, com a 
formação do Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort).
Em 1936, uma comissão chefiada por Evandro Chagas chegou ao Pará com uma equipe de 
médicos e farmacêuticos, tendo constatado que a Amazônia era um campo vasto para pesquisa 
nas áreas médica e científica. Sugeriu, então, a criação de um instituto de pesquisa para ampliar 
os estudos de doenças regionais, como malária, leishmaniose e filariose, do que resultou a criação, 
em 11 de novembro, do Instituto de Patologia Experimental do Norte (Ipen), atual Instituto Evandro 
Chagas (IEC).
A Reforma Barros Barreto instituiu‑se em 1941, e se destacam as seguintes ações:
• instituição de órgãos normativos e supletivos destinados a orientar a assistência sanitária 
e hospitalar;
• inauguração de órgãos executivos de ação direta contra as endemias mais importantes (malária, 
febre amarela, peste);
• fortalecimento do Instituto Oswaldo Cruz, como referência nacional;
• descentralização das atividades normativas e executivas por oito regiões sanitárias;
• destaque aos programas de abastecimento de água e construção de esgotos, no âmbito da 
saúde pública;
• atenção aos problemas das doenças degenerativas e mentais com a criação de serviços especializados 
de âmbito nacional (Instituto Nacional do Câncer).
Nos anos que se seguem são dignos de nota os seguintes eventos:
Década de 1940:
• 1942
— Autorização do então Ministério da Educação e Saúde a organizar o Serviço Especial 
de Saúde Pública (Sesp), em cooperação com o Institute of Interamerican Affairs, do 
governo americano.
23
POLÍTICAS DE SAÚDE
— Assinatura do convênio básico, que estabelecia o desenvolvimento de atividades de saneamento, 
profilaxia da malária e assistência médico‑sanitária às populações da Amazônia, onde se 
extraía a borracha necessária ao esforço de guerra.
— Realização da I Conferência Nacional de Saúde.
• 1943
— Criação da Campanha Contra a Bouba e implantação dos Postos Experimentais de Combate à 
Esquistossomose (Catende/PE) e ao Tracoma (Jacarezinho/PR).
• 1944
— Formação do Serviço Nacional de Helmintoses (em especial a esquistossomose e a ancilostomose).
• 1948
— Instalação do Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz, em Bambuí/MG, que desenvolveu 
os primeiros estudos para o controle da doença de Chagas, e criação do primeiro Conselho de 
Saúde (considerado por William Wech o marco inicial da saúde pública moderna).
— Criação, em 7 de abril de 1948, da Organização Mundial de Saúde,que é uma agência especializada 
em saúde subordinada à Organização das Nações Unidas; sua sede é em Genebra, na Suíça.
Década de 1950:
• 1953
— Inauguração do Ministério da Saúde, regulamentado pelo Decreto n. 34.596, de 16 de novembro 
de 1953.
— Instituição da obrigatoriedade da iodação do sal de cozinha destinado a consumo alimentar 
nas regiões de bócio endêmico no país.
• 1954
— Edição da Lei n. 2.312, de 3 de setembro de 1954, que estabeleceu normas gerais sobre a defesa 
e proteção da saúde.
No cenário mundial, logo após a Segunda Guerra Mundial, instalou‑se o período conhecido como 
Guerra Fria, que foi um conflito no campo ideológico, já que não ocorreu um embate militar declarado e 
direto entre os Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
24
Unidade I
Havia uma preocupação crescente em relação à proliferação dos regimes comunista e socialista 
no mundo, especialmente na América Latina, o que punha em risco os interesses e a hegemonia do 
capitalismo, especialmente do americano, nesta região.
No Brasil, no ano de 1960, a capital do país foi transferida do Rio de Janeiro para a recém‑inaugurada 
Brasília.
Em 1961, assumiu a presidência da República Jânio da Silva Quadros. Seu mandato durou 
aproximadamente sete meses até sua renúncia.
A partir de agosto 1961, assumiu o presidente João Goulart, que pretendeu desenvolver uma 
política externa independente do apoio das superpotências da Guerra Fria (Estados Unidos e União 
Soviética). Ele fortaleceu os movimentos sindicais, estudantis, camponeses e populares. Além desses 
fatos, o então presidente promoveu uma aproximação política entre o Brasil e a União Soviética, o que 
desencadeou atritos com as lideranças políticas, econômicas e militares do Brasil.
Foi exatamente neste contexto que as Forças Armadas brasileiras, em 31 de março de 1964, instalaram 
um regime militar, com o aval dos Estados Unidos (um processo que se repetiu na maioria dos países da 
América Latina).
O regime militar, instaurado em 1964, contava com suportes políticos extremamente fortes. 
A maioria da burguesia defendia a internacionalização da economia e das finanças brasileiras, ampliando o 
processo que era ainda obstaculizado, segundo os capitalistas, pela proposta populista de fortalecimento 
das empresas estatais e de economia mista pelo governo de João Goulart. Houve o fortalecimento do 
poder executivo e o esvaziamento do poder legislativo, e foram editados Atos Institucionais (sendo o 
principal deles o de n. 5, de 1968), que limitavam as liberdades individuais e constitucionais.
O êxito da atuação do Executivo justificava‑se, na área econômica, com o chamado “milagre 
econômico brasileiro”, movido a capital estrangeiro.
Na saúde pública, somente a partir da década de 1960 é que realmente começaram a ser implantadas 
normas, que, destinadas a acompanhar o aumento da produção e do consumo de bens e serviços, 
tiveram repercussões, como a regulamentação da iodação do sal e das águas de consumo humano e a 
reforma do laboratório de análises, com a criação do Instituto Nacional de Controle da Qualidade em 
Saúde (INCQS), estimulado pela implantação do Programa Nacional de Imunização, com o controle 
sanitário das vacinas.
Na década de 1960 são destacados os seguintes eventos na saúde pública brasileira:
• 1961
— Início da produção, no Brasil, da vacina liofilizada contra a varíola, em substituição à tradicional, 
que era pouco estável, por ser fabricada em forma de linfa.
25
POLÍTICAS DE SAÚDE
— Realização das primeiras campanhas com a vacina oral contra a poliomielite: projetos 
experimentais em Petrópolis/RJ e Santo André/SP.
— Introdução da técnica de diagnóstico laboratorial da poliomielite, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC).
— Regulamentação do Código Nacional de Saúde, Lei Federal n. 2.312, de 3 de setembro de 1954, 
estabelecendo as Normas Gerais sobre Defesa e Proteção da Saúde.
• 1962
— É instituída a Campanha Nacional contra a varíola, coordenada pelo Departamento Nacional 
de Saúde, com a organização de operações de vacinação em diversos estados, mediante 
mobilização de recursos locais.
— Ocorre o primeiro ensaio para administração da vacina BCG intradérmica no Brasil.
• 1965
— É instituída a Campanha de Erradicação da Malária e a Campanha de Erradicação da Varíola.
• 1967
— É promulgado o Decreto‑lei n. 200/1967, estabelecendo as competências do Ministério da Saúde:
— formulação e coordenação da Política Nacional de Saúde;
— responsabilidade pelas atividades médicas ambulatoriais e ações preventivas em geral;
— controle de drogas e medicamentos e alimentos;
— pesquisa médico‑sanitária.
• 1969
— O Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) passou a denominar‑se Fundação de Serviços de 
Saúde Pública (FSESP) e organizou o sistema de notificação de algumas doenças transmissíveis, 
prioritariamente aquelas passíveis de controle por meio de programas de vacinação, além de 
criar o Boletim Epidemiológico.
— Deu‑se a criação da Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde (DNEES), no 
Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças.
— Ocorreu a instalação das unidades de Vigilância Epidemiológica da Varíola, em âmbito federal.
26
Unidade I
— Foi instituída a Fundação Oswaldo Cruz, congregando inicialmente o então Instituto Oswaldo 
Cruz, a Fundação de Recursos Humanos para a Saúde, posteriormente Escola Nacional de 
Saúde Pública (ENSP), e o Instituto Fernandes Figueira (as demais unidades que hoje compõem 
a Fiocruz foram incorporadas ao longo dos anos).
No ano de 1970 foi criada a Superintendência de Campanhas da Saúde Pública (Sucam), com a 
atribuição de executar as atividades de erradicação e controle de endemias, sucedendo o Departamento 
Nacional de Endemias Rurais (DNERu) e a campanha de erradicação da malária.
Em 1975, a instituição, ainda no papel, do Sistema Nacional de Saúde estabelecia de forma 
sistemática o campo de ação na área de saúde, dos setores públicos e privados, para o desenvolvimento 
das atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. O documento reconhecia e oficializava a 
dicotomia da questão da saúde, afirmando que a medicina curativa seria de competência do Ministério 
da Previdência, e a medicina preventiva, de responsabilidade do Ministério da Saúde. No entanto, o 
Governo Federal destinou poucos recursos ao Ministério da Saúde, que foi incapaz de desenvolver as 
ações de saúde pública propostas, o que significou, na prática, uma clara opção pela medicina curativa, 
que era mais cara e que, no entanto, contava com recursos garantidos através da contribuição dos 
trabalhadores para o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
É importante destacar que os trabalhadores com carteira assinada e seus dependentes tinham 
acesso a estes serviços de saúde por meio das contribuições para o Instituto Nacional de Previdência 
Social (INPS), ao passo que aqueles que não tinham carteira assinada permaneciam sem acesso a esses 
serviços de saúde, ou seja, nem todos eram abrangidos pelo sistema de saúde vigente à época. Assim, o 
Ministério da Saúde tornou‑se muito mais um órgão burocrato‑normativo do que um órgão executivo 
de política de saúde.
 Observação
A medicina curativa atua quando a doença já se instalou no paciente, 
devendo ser tratada a partir de então; entretanto, a saúde é entendida 
primordialmente como qualidade de vida e ausência de doença.
Tendo como referência as recomendações internacionais e a necessidade de expandir cobertura, 
iniciou‑se, em 1976, o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), que, 
concebido na Secretaria de Planejamento da Presidência da República, constituiu o primeiro programa 
de medicina simplificada do nível federal e permitiu a entrada de técnicos provenientes do movimento 
sanitário nos órgãos de governo. O programa foi estendido a todo o território nacional, o que resultou 
numa grande expansão da rede ambulatorial pública.
Neste período,o modelo econômico implantado pelo regime militar entrou em crise, basicamente 
por duas razões:
27
POLÍTICAS DE SAÚDE
• período de crise internacional pelo qual passou o capitalismo;
• diminuição do fluxo de capital estrangeiro para mover a economia nacional; logo, o país diminuiu 
seu ritmo de crescimento, que deixou de ser sustentável.
A ideia de que era preciso fazer “crescer o bolo” (a economia) para depois redistribuí‑lo para a 
população não se confirmou no plano social, pois os pobres ficaram mais pobres e os ricos, mais ricos, 
sendo o Brasil um dos países que apresentam um dos maiores índices em nível mundial de concentração 
de renda para poucos habitantes e de uma grande desigualdade social.
A população, com baixos salários, contidos pela política econômica, passou a conviver com o 
desemprego e as suas graves consequências sociais. Houve o aumento da desigualdade social e da 
mortalidade infantil e o crescimento de favelas.
É exatamente nesse contexto que o modelo de saúde começou a mostrar seus entraves:
• Por ter priorizado a medicina curativa, o modelo proposto revelou‑se incapaz de solucionar os 
principais problemas de saúde coletiva, como as endemias e as epidemias, e os indicadores de 
saúde (mortalidade infantil, por exemplo).
• Passou‑se a registrar a ocorrência de aumentos constantes dos custos da medicina curativa, 
centrada na atenção médico‑hospitalar de complexidade crescente.
• Houve a diminuição do crescimento econômico com a respectiva repercussão na arrecadação do 
sistema previdenciário, reduzindo as suas receitas.
• Revelou‑se, também, a incapacidade do sistema em atender a uma população cada vez maior de 
pessoas sem carteira assinada e contribuição previdenciária, que foram excluídas do sistema.
• A esse quadro, acrescentam‑se os desvios de verba do sistema previdenciário para cobrir despesas 
de outros setores e para a realização de obras por parte do Governo Federal.
• Finalmente, todo esse quadro de crise foi agravado pelo não repasse da União de recursos do 
Tesouro Nacional para o sistema previdenciário, assumindo, assim, a condição de inadimplente no 
custeio tripartite do sistema (empregador, empregado e União).
Assim, o modelo entrou em crise, principalmente pelas seguintes razões:
• escassez de recursos para a sua manutenção;
• aumento dos custos operacionais;
• descrédito social em resolver a agenda da saúde.
28
Unidade I
Veja a seguir os principais eventos de saúde na década de 1970:
• 1971
— Instituição do Plano Nacional de Controle da Poliomielite.
— Criação da Central de Medicamentos (Ceme).
— Início da organização do sistema de produção e distribuição de medicamentos essenciais, 
inclusive produtos imunobiológicos.
• 1975
— Realização da Campanha Nacional de Vacinação contra a meningite meningocócica.
— Início da implantação do sistema nacional de registro de doses de vacinas aplicadas.
• 1976
— Regulamentação da Lei Federal n. 6.259/75, que dispôs sobre a organização das Ações de 
Vigilância Epidemiológica e o Programa Nacional de Imunizações e estabeleceu normas 
relativas à notificação compulsória de doenças.
— Implantação do Sistema de Informações sobre Mortalidade.
— Estabelecimento das doenças de notificação compulsória.
— Implantação do sistema nacional de vigilância de casos suspeitos de poliomielite.
— Criação da Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde (SNABS) e a Secretaria Nacional de 
Programas Especiais de Saúde (SNPES).
— Realização da Campanha de Vacinação contra a Meningite Meningocócica (Sucam e FSESP).
• 1977
— Registro das últimas ocorrências de casos de varíola no mundo.
— Definição das vacinas obrigatórias para os menores de um ano em todo o território nacional.
• 1979
— Certificação, pela OMS, da erradicação global da varíola.
— Implantação, pela Fiocruz, do concentrado viral para diluição da vacina contra sarampo.
29
POLÍTICAS DE SAÚDE
• 1980
— Extinção da obrigatoriedade da vacinação contra a varíola.
— Lançamento do Plano de Ação contra a Poliomielite, estabelecendo a campanha nacional com 
os dias nacionais de vacinação e demonstração do impacto epidemiológico dos dias nacionais 
de vacinação contra a poliomielite, realizados em 14 de junho e 16 de agosto, pela drástica 
redução da incidência da doença, em todas as regiões do país.
Para tentar conter custos e combater fraudes, o governo criou o Conselho Consultivo de 
Administração da Saúde Previdenciária (Conasp), ligado ao Inamps, que passou a absorver em postos 
de importância alguns profissionais da área técnica ligados ao movimento sanitário, o que permitiu dar 
início à ruptura, por dentro, da dominância dos anéis burocráticos previdenciários.
Com a adoção da nova estratégia, iniciou‑se uma fiscalização mais rigorosa da prestação de contas 
dos prestadores de serviços credenciados, combatendo‑se as fraudes. O plano propunha, também, a 
reversão gradual do modelo médico‑assistencial, visando:
• aumento da produtividade do sistema;
• melhoria da qualidade da atenção;
• equalização dos serviços prestados às populações urbanas e rurais;
• eliminação da capacidade ociosa do setor público;
• hierarquização;
• criação do domicílio sanitário;
• montagem de um sistema de auditoria médico‑assistencial;
• revisão dos mecanismos de financiamento do FAS.
O Conasp encontrou oposição da Federação Brasileira de Hospitais e de Medicina de Grupo, que via 
nessa tentativa a perda da sua hegemonia dentro do sistema e a perda do seu status. Para se mencionar 
a forma desses grupos atuarem, basta citar que eles se opuseram e conseguiram derrotar dentro do 
governo, com a ajuda de parlamentares, um dos projetos mais interessantes de modelo sanitário, o 
Prev‑Saúde, que depois de seguidas distorções acabou por ser arquivado. No entanto, isso não impediu 
que o Conasp implantasse e apoiasse projetos pilotos de novos modelos assistenciais, destacando 
o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (Piass) no nordeste.
Devido ao agravamento da crise financeira, o sistema redescobriu, quinze anos depois, a existência 
do setor público de saúde e a necessidade de se investir nesse setor, que trabalhava com um custo 
menor e atendendo a uma grande parcela da população carente de assistência.
30
Unidade I
Assim, em 1983, foram criadas as Ações Integradas de Saúde (AIS), um projeto interministerial 
(previdência‑saúde‑educação), visando a um novo modelo assistencial que incorporava o setor público, 
procurando integrar ações curativo‑preventivas e educativas ao mesmo tempo.
Nesse contexto, cujo período coincidiu com o movimento de transição democrática, com eleição 
direta para governadores e a vitória da oposição em quase todos os estados nas primeiras eleições 
democráticas do período, em 1982, a Previdência Social passou a comprar e pagar serviços prestados 
por estados, municípios e hospitais filantrópicos, públicos e universitários.
Apenas em meados da década de 1980, com o movimento de redemocratização do país, foram 
criadas as condições sociais e políticas necessárias para as mudanças que viriam a seguir e que 
foram fortalecidas principalmente pelo movimento pela Reforma Sanitária, até o advento da 
VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, quando surgiram as bases para a criação do Sistema 
Único de Saúde, o SUS.
O movimento denominado Diretas Já, de 1985, e a eleição de Tancredo Neves para a presidência da 
República marcaram o fim do regime militar, gerando diversos movimentos sociais, incluindo a área de 
saúde, que culminaram com a criação das Associações dos Secretários de Saúde Estaduais (Conass) ou 
Municipais (Conasems).
A partir da grande mobilização nacional por ocasião da realização da VIII Conferência Nacional 
de Saúde (Congresso Nacional, 1986) resultaram as bases da reforma sanitária e do Sistema Único 
Descentralizado de Saúde (Suds), que depois passaria a se chamar Sistema Único de Saúde (SUS).
 Observação
As Diretas Já foram um movimento político democrático com diversasmanifestações populares em muitas cidades brasileiras no ano de 1984 
para que ocorressem eleições diretas para presidência da República. 
Entretanto, ocorreram eleições indiretas, nas quais o presidente Tancredo 
Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral, composto por deputados federais. 
Após o adoecimento e morte de Tancredo, assumiu a presidência seu vice, 
José Sarney, para um mandato de seis anos, e somente em 1989 houve 
eleições diretas para presidente da República. Esses fatos ocorreram 
concomitantemente com a eleição da Assembleia Nacional Constituinte 
em 1986 e a promulgação da nova Constituição em 1988.
É preciso fazer um pequeno recorte nessa sequência para entender como era o modelo de saúde no 
Brasil, um modelo médico neoliberal que procurou se articular naquele momento de crise.
O setor médico privado, que se beneficiou do modelo médico‑privatista durante quinze anos a 
partir de 1964, tendo recebido nesse período vultosos recursos do setor público e financiamentos subsidiados, 
31
POLÍTICAS DE SAÚDE
cresceu e desenvolveu‑se. A partir do momento em que o setor público entrou em crise, o setor privado 
começou a perceber que não poderia mais se manter e se nutrir do setor público e passou a formular 
novas alternativas para sua estruturação. Direcionou, então, o seu modelo de atenção médica para 
parcelas da população, a classe média e categorias de assalariados e seus dependentes, procurando 
através da poupança desses setores sociais organizar uma nova base estrutural. Desse modo, foi 
concebido um subsistema de atenção médica supletiva, composto de cinco modalidades assistenciais:
• medicina de grupo;
• cooperativas médicas;
• autogestão;
• seguro‑saúde;
• plano de administração.
Com pequenas diferenças entre si, estas modalidades se baseavam em contribuições mensais dos 
beneficiários, em contrapartida pela prestação de determinados serviços. Esses serviços e benefícios 
eram pré‑determinados, com prazos de carências, além de específicas exclusões – por exemplo, a não 
cobertura do tratamento de doenças infecciosas.
O subsistema de atenção médico‑supletiva cresceu vertiginosamente na década de 1980, de tal 
modo que, no ano de 1989, chegou a cobrir 31.140.000 brasileiros, correspondentes a 22% da população 
total, e apresentou um volume de faturamento estimado de US$ 2.423.500.000,00 (MENDES, 1993).
Esse sistema baseou‑se num universalismo excludente, beneficiando e fornecendo atenção médica 
somente para aquela parcela da população que tinha condições financeiras de arcar com o sistema, 
não beneficiando a população como um todo e sem a preocupação de investir em saúde preventiva 
e na mudança de indicadores de saúde. Enquanto isso, cabia ao subsistema público atender à grande 
maioria da população, que em 1990 era estimada em aproximadamente 120 milhões de brasileiros, com 
os minguados recursos dos Governos Federal, Estadual e Municipal.
Mediante a participação efetiva da sociedade e especificamente dos profissionais de saúde 
na VIII Conferência Nacional de Saúde, durante a Reforma Sanitária, finalmente em 1988 houve a 
promulgação da Constituição Federal, que é a Carta Magna, ou seja, a lei maior do país. Nela ficou 
legalmente estabelecido que a saúde pública é um direito de todos e dever do Estado, criando‑se, assim, 
as condições necessárias ao surgimento de leis e mecanismos de controle e participação social, para dar 
cumprimento aos princípios constitucionais que visavam garantir os direitos sociais e individuais. Assim, 
foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS).
Em cumprimento às disposições constitucionais, o Governo Federal editou a Lei Federal n. 8.080, de 
19 de setembro de 1990, e a Lei Federal n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conhecidas como Leis 
Orgânicas da Saúde, que regulamentavam o SUS, criado pela Constituição de 1988.
32
Unidade I
Os principais eventos em saúde na década de 1980 são apresentados a seguir:
• 1981
— Execução do Plano de Ação Contra o Sarampo, por intermédio de campanhas estaduais 
de vacinação.
— Inauguração do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fiocruz.
• 1984
— A Organização Pan‑Americana da Saúde (Opas) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância 
(Unicef) recomendam a adoção da estratégia de dias nacionais de vacinação, que passa a ser 
adotada pelos países latino‑americanos.
— Dá‑se, em 1984, a introdução, em alguns estados, da estratégia de multivacinação utilizando 
a mobilização para os dias nacionais de vacinação contra a poliomielite.
• 1985
— É instituído o Programa de Controle de Acidentes Ofídicos
— Dá‑se a publicação e distribuição da primeira edição do Guia de Vigilância Epidemiológica.
• 1986
— É aprovado o Plano de Ação para a Erradicação da Poliomielite no Brasil.
— É criado o personagem símbolo da erradicação da poliomielite, o Zé Gotinha, e é publicado o 
documento A Marca de um Compromisso.
— É realizada a publicação e distribuição da primeira edição do Manual de Procedimentos 
para Vacinação.
• 1987
— Criação do Programa de Desenvolvimento de Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde 
(Suds) nos estados, que depois passou a chamar‑se SUS.
• 1988
— Promulgação da Constituição Federal de 1988, criando o Sistema único de Saúde (SUS).
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POLÍTICAS DE SAÚDE
— Em 1988, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), do Ministério da Saúde, publicou a Resolução 
n. 01/88, determinando que toda instituição de saúde com pesquisas em seres humanos 
credenciada pelo CNS deveria ter um Comitê de Ética em Pesquisa para analisar e autorizar 
tais procedimentos e orientar os pesquisadores quanto aos aspectos éticos e de segurança 
biológica.
• 1989
— Ocorrência do último caso de poliomielite no Brasil.
— Elaboração do documento PNI 15 anos, uma análise crítica.
— Início do controle da hepatite B, com a realização de vacinação na Amazônia Ocidental.
 Saiba mais
A Organização Pan‑Americana da Saúde é o mais antigo organismo 
internacional de saúde pública. Criada em 2 de dezembro de 1902, com sede 
em Washington, D.C., capital dos Estados Unidos da América, é dedicada 
a melhorar as condições de saúde dos países das Américas por meio de 
transferência de tecnologia e conhecimento.
Aprofunde seus conhecimentos sobre a organização, acesse:
Disponível em: http://www.paho.org/pt. Acesso em: 4 jan. 2023.
2.1.3 Previdência Social
A Previdência Social constitui instrumento fundamental no conjunto de medidas sociais e protetivas 
do trabalhador e de sua família, pois:
• constitui um conjunto de medidas protetivas relacionadas à saúde pública e ao bem‑estar 
social, com repercussão não apenas para o beneficiário direto (o trabalhador), mas de sua família 
(dependentes), e, por isso, para toda a sociedade, em face dos reflexos dos benefícios legais que 
garantem, por exemplo, a aposentadoria e a pensão (proteção e assistência à velhice ou invalidez) 
e a indenização temporária ou definitiva (em casos de acidente ou morte);
• constitui, também, um importante e eficaz mecanismo de distribuição de rendas e de política 
econômica, na medida em que é financiada por todo o conjunto dos agentes econômicos, de 
acordo com suas atividades econômicas, guardando, inclusive, certa proporcionalidade com a 
capacidade financeira de cada um deles (empregados e trabalhadores autônomos; pequenas e 
médias empresas; as grandes corporações e as instituições financeiras).
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Unidade I
A Lei Federal n. 4.682, de 24 de janeiro de 1923, é considerada o marco inicial – ou, pelo menos, 
a primeira iniciativa realmente importante – na instituição da Previdência Social Pública no Brasil. 
Denominada Lei Eloy Chaves em homenagem ao seu criador, instituiu a Caixa de Aposentadoria e 
Pensões (CAP) para os empregados (e seus dependentes) das empresas de estrada de ferro.
 Lembrete
A Lei Eloy Chaves, publicada em 1923, consolidou a base do sistema 
previdenciário brasileiro, com a criação da Caixa de Aposentadorias e 
Pensões (CAP) para os empregados das empresas ferroviárias.
Alémda aposentadoria (benefício pago ao trabalhador quando se afastava definitivamente do 
trabalho por idade, tempo de serviço ou invalidez) e pensão (paga aos dependentes do trabalhador após 
sua morte), as Caixas concediam, também, assistência médica, aproximando, por isso, aquele sistema 
das regras previdenciárias atuais.
As CAPs foram, em seguida, estendidas aos demais trabalhadores (empregados do serviço público, 
serviços portuários, serviços telegráficos, de água, energia, transporte aéreo e mineração, entre 
tantos outros), mas tinham basicamente duas limitações que dificultavam sua abrangência para 
todos os trabalhadores: eram organizadas apenas por empresas (e não por categorias profissionais) 
e não se estendiam aos trabalhadores rurais (condição imposta pela classe política dominante, para 
aprovação da lei).
O fato de serem limitadas no âmbito das empresas impedia que as CAPs tivessem segurados em 
quantidade suficiente e pudessem captar recursos em volume, permitindo o funcionamento eficiente 
das Caixas criadas. Por isso, com a crescente urbanização, a evolução da organização dos trabalhadores 
(inclusive com a participação dos trabalhadores imigrantes europeus) e a industrialização (ainda que 
incipiente) surgiram as condições necessárias para mudanças no sistema, permitindo, assim, a criação dos 
Institutos e Aposentadoria e Pensões (IAP), implantados no governo Getúlio Vargas e que correspondiam 
a autarquias de extensão nacional, centralizadas pelo Governo Federal.
As CAPs foram fundidas, surgindo, a partir de 1933, os IAPs, nos quais a filiação dos trabalhadores 
passou a se dar não mais por empresa, mas por categoria profissional, possibilitando, assim, o crescimento 
do sistema previdenciário. Em sequência foram, então, sendo criados os IAPs dos marítimos, dos 
comerciários, dos bancários e dos industriários, dos servidores do Estado, dos empregados do transporte 
e cargas, entre outros.
 Lembrete
Em junho de 1933 foi criado o primeiro Instituto de Aposentadoria e 
Pensões (IAP), que passou a organizar as contribuições dos trabalhadores 
por categoria profissional, enquanto nas extintas CAPs eram organizadas por 
empresas.
35
POLÍTICAS DE SAÚDE
Os IAPs também apresentavam problemas: havia diferenças entre os sistemas de benefícios dos vários 
IAPs, criando dificuldades de adaptação quando os trabalhadores mudavam de categoria profissional, 
alterando a filiação previdenciária, ao migrarem de um para outro instituto.
Eles foram finalmente uniformizados com a edição da Lei Federal n. 3.807, de 26 de agosto de 1960 
(chamada de Lei Orgânica da Previdência Social), que uniformizou os planos de prestação e de custeio 
e as estruturas administrativas dos IAPs, o que, na prática, resultou na uniformização dos diferentes 
regimes de Previdência Social então existentes no Brasil (exceto para os funcionários públicos e militares).
Na sequência, em 21 de novembro de 1966, foi editado o Decreto‑lei n. 72, que reuniu os IAPs 
existentes e criou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
A Lei Complementar n. 11, de 25 de maio de 1971, instituiu o Programa de Assistência do Trabalhador 
Rural (Prorural). Em 1975, a Previdência Social foi estendida aos trabalhadores rurais e a seus 
dependentes, sendo, também, garantido o seguro de acidentes do trabalho.
Com a criação, em 1974, do Ministério da Previdência e Assistência Social, em 1º de maio de 1974, 
a Previdência Social finalmente atingiu a condição de Ministério (até então vinculado ao Ministério do 
Trabalho e Previdência Social).
Nessa época, os serviços de saúde pública, previdência social e assistência social enfrentavam 
grandes dificuldades de administração, organização e racionalização, pois estavam distribuídos entre 
vários órgãos:
• Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que era responsável:
— pelo pagamento dos benefícios em dinheiro;
— pela prestação de assistência médica e outros serviços aos trabalhadores urbanos e seus 
dependentes;
— pela arrecadação das contribuições devidas pelos segurados e empregadores.
• Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), cujas atribuições, extensíveis aos 
trabalhadores e empregadores rurais, e seus dependentes, eram:
— concessão de benefícios pecuniários;
— prestação de assistência médica e outros serviços.
• Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (Ipase), que prestava 
assistência médica aos funcionários públicos federais e da pensão e outros benefícios pecuniários 
para os seus dependentes.
36
Unidade I
 Observação
A aposentadoria dos funcionários públicos federais era paga diretamente 
pelos cofres públicos, independentemente de suas contribuições.
• Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), encarregada da:
— prestação de assistência à maternidade, à infância e à adolescência;
— assistência social em geral aos grupos carentes da população.
• Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Funabem), com a finalidade de implementar a 
Política Nacional de Bem‑Estar do Menor, através da elaboração de diretrizes políticas e técnicas, 
sendo criadas, a nível estadual, as Febem, órgãos executivos responsáveis pela prática das 
orientações elaboradas pela Funabem, através do atendimento direto dos menores.
• Central de Medicamentos (Ceme), encarregada do fornecimento subsidiado ou gratuito de 
medicamentos, principalmente aos beneficiários da Previdência Social.
• Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev), responsável pela 
prestação de serviços na área de informática para a Previdência Social Pública.
Com a Lei n. 6.439, de 1º de setembro de 1977, foi instituído o Sistema Nacional de Previdência e 
Assistência Social (Sinpas), que determinou as seguintes mudanças no sistema:
• criou o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e o Instituto de 
Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (Iapas);
• extinguiu o Funrural e o Ipase;
• promoveu alterações no INPS, retirando as atribuições relativas à prestação da assistência médica 
e à arrecadação de contribuições, e conferindo‑lhe as atribuições relativas aos pagamentos, então 
a cargo do Funrural e do Ipase;
• realizou mudanças nas atribuições da LBA;
• criou o Fundo de Previdência e Assistência Social (FPAS).
Em razão dessas medidas, o Sinpas, vinculado e administrado pelo Ministério da Previdência e 
Assistência Social, foi constituído pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:
37
POLÍTICAS DE SAÚDE
• Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), com as atribuições de conceder e dar 
manutenção aos benefícios (prestações em dinheiro), inclusive em casos de acidente do trabalho, 
compreendendo a Previdência Social urbana, a rural, a dos funcionários públicos federais e aos 
maiores de 70 anos e inválidos.
• Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), com as atribuições 
de prestar serviços de:
— assistência médica aos trabalhadores urbanos e rurais, funcionários públicos estatutários e 
dependentes, além dos maiores de 70 anos e inválidos, no gozo do recebimento da renda 
mensal vitalícia;
— execução dos programas especiais de assistência médica antes mantidos pela LBA e destinados 
às populações carentes (beneficiárias ou não da Previdência Social, em determinadas regiões, 
mediante convênios com entidades públicas que assegurem ao Inamps os recursos necessários).
• Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), cujas atribuições passaram a ser:
— prestação de serviços de Assistência Social à população carente, mediante programas de 
desenvolvimento social e de atendimento às pessoas, independentemente da vinculação destas 
a outra entidade do Sinpas;
— prestação de serviços de assistência complementar, não prestados pelo INPS ou pelo Inamps 
aos seus beneficiários.
• Fundação Nacional para o Bem-Estar do Menor (Funabem), responsável pela promoção da 
Política Nacional do Menor.
• Central de Medicamentos (Ceme), responsável

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