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MUSCULAÇÃO E GINÁSTICA DE ACADEMIA Iberico Alves Fontes Ginástica aeróbica, step-training e jump Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Caracterizar a ginástica aeróbica. � Definir os componentes de uma aula de step-training. � Analisar os elementos existentes em uma aula de jump. Introdução A ginástica aeróbica e as modalidades criadas a partir dela têm se tornado uma escolha frequente para indivíduos que queiram ingressar em um programa de exercício, devido aos aspectos motivacional e estético e por ser uma atividade que se adapta bem à rotina, com treinos de até 60 minutos. Neste capítulo, você conhecerá os benefícios, as formas de elaboração de uma aula e as características da ginástica aeróbica (no contexto das academias e clubes de esportes), do jump e do step-training. 1 Ginástica aeróbica: das academias para os clubes Entre as diversas modalidades/opções de exercícios físicos existentes, seja para melhorar a aptidão cardiorrespiratória e/ou para benefícios estéticos, estão as mais variadas formas de ginástica aeróbica (GA). Conceituar a GA, pode ser algo difícil, devido ao seu caráter amplo, com diversos objetivos e elementos, como ritmo (trabalhado por meio da música), passos de dança, melhora do condicionamento físico, entre outros (SILVA et al., 2019b). Ao longo da história, alguns autores tentaram conceituar a GA. Ceas et al. (1987) definiram a GA como uma atividade física, cuja execução é orientada por um ritmo musical. Já Wells (1991) considera a GA mais ampla, definida como a combinação de movimentos da dança, exercícios e música. Blyth e Goslin (1985) acrescentam que a aula de GA pode contemplar alongamentos e exercícios localizados (SILVA et al., 2019b). A partir do exposto, pode-se ter um olhar mais amplo sobre a GA, defi- nindo-a como uma atividade física aeróbica, realizada por meio de exercícios ritmados, que tem a música como um forte elemento (podendo ser trabalhada por meio de coreografias e passos de dança) e traz diversos benefícios para seus praticantes, como melhora de aptidão física, flexibilidade, coordenação motora, autoestima, bem-estar e redução do estresse (ROCHA, 2008; SILVA et al., 2019b). A GA trabalhada nas academias incorpora diversos elementos motiva- cionais, como convívio social, perda de peso e melhora do condicionamento físico, além de trazer a influência da música. Pode ser trabalhada por meio de exercícios com séries e rotinas baseadas em coreografias, que utilizam passos básicos com variação dos movimentos da dança e exercícios vindos da calistenia, como: agachamentos, avanços, corrida estacionária, exercícios para os músculos dos braços (p. ex., flexão e extensão de cotovelo, abdução e flexão de ombro), exercícios para os músculos abdominais e diversas ou- tras possibilidades (FRANZ; NASCIMENTO, 2018; MONTEIRO; SILVA; ARRUDA, 1998; SILVA et al., 2019a; VALIM; VOLP, 1998). A estrutura da GA tem três etapas: � Aquecimento: no aquecimento, há o acolhimento, no qual, além da preparação para a etapa seguinte, deve-se trabalhar o aspecto social do aluno, dialogar sobre os aspectos do treino da aula, bem como fazer recomendações para uma atividade mais prazerosa. � Parte principal: com cerca de 30 a 40 minutos, é constituída por exercícios de média e alta intensidades. � Volta à calma: etapa de relaxamento, na qual é possível trabalhar alongamentos, meditações e elementos do yoga. Ginástica aeróbica, step-training e jump2 Silva et al. (2019a) realizaram um estudo cujo objetivo era avaliar a in- fluência da ginástica aeróbica no bem-estar de mulheres com idade entre 30 e 50 anos, com 3 sessões de ginástica por semana, durante 2 meses. Ao fim do estudo, observou-se que as participantes tiveram melhoras no quadro de bem-estar geral devido à ginástica, principalmente nas áreas relacionadas à atividade física e ao convívio social. Liebl et al. (2014) compararam os efeitos de um programa de musculação e ginástica localizada em uma amostra de 30 mulheres que praticavam uma das modalidades por, pelo menos, 6 meses. O estudo não encontrou diferenças significativas para a força máxima de membros inferiores no teste abdominal e de flexão de braços, o que prova que a ginástica pode ser uma ótima atividade física para prover ganhos de força e resistência muscular. Lopes, Zangelmi e Lima (2009), ao estudarem o efeito agudo da glicemia capilar em diabéticos tipo II e praticantes de GA, obtiveram importantes re- sultados, que sugerem que a GA, quando bem indicada, prescrita e executada, tem um importante papel no controle glicêmico do portador de diabetes. De Paoli et al. (2005) investigaram o consumo calórico durante a “parte principal” de uma aula de ginástica. Nesse estudo, participaram 15 mulheres com idade média de 30 anos, as quais apresentaram um valor médio de consumo energético de 6,08 kcal/min, para uma média de peso corporal de 55, 74 e 88 kg. Como uma aula normalmente tem duração de 60 minutos, pode-se dizer que essa atividade se mostra eficiente para promover o gasto calórico do grupo. Contudo, lembre-se de que o papel do profissional quanto ao planejamento será sempre fundamental nesse aspecto. Existem formas simples e rápidas de mensurar a intensidade das aulas, a frequência cardíaca e as escalas de percepção de esforço, como a escala de Borg, mas é sempre importante que o professor conheça seu aluno, assim como o perfil da turma (p. ex., alguns indivíduos tendem a superestimar as escalas), a fim de identificar possíveis sinais que referem ao andamento e à intensidade da aula. A motivação é um ponto bastante importante na aderência à prática da modalidade, sendo o professor um dos principais aspectos responsáveis pela aderência e a manutenção dos alunos. Nesse sentido, ele é responsável por transformar o ambiente de aula em um local confortável para o desenvolvimento das atividades, respeitando e adaptando as atividades às possíveis limitações de infraestrutura e ao nível de condicionamento físico e possíveis limitações de seus alunos. 3Ginástica aeróbica, step-training e jump Ginástica aeróbica esportiva A ginástica aeróbica esportiva (GAE) é uma das oito modalidades da ginás- tica, que, segundo a Federação Internacional de Ginástica (FIG, 2019a), são as seguintes: 1. ginástica para todos; 2. ginástica artística masculina; 3. ginástica artística feminina; 4. ginástica rítmica; 5. ginástica acrobática; 6. trampolim; 7. parkour; 8. ginástica aeróbica. A GAE teve sua origem nas décadas de 1970 a 1980, sendo caracterizada por fundir sequências de exercícios aeróbicos, com elementos de dificuldade da ginástica, transições originais, colaborações e interações entre membros da equipe (FIG, 2019a). Assim como na GA das academias, a musicalidade mostra-se um importante elemento, visto que as rotinas de exercícios são inspiradas e executadas em sincronia com o ritmo/melodia (FIG, 2019a). A GAE oferece diversas modalidades ou plataformas, e os ginastas podem competir de forma individual, dupla mista, em trios e em grupos de 5 ou 8 par- ticipantes. Em todas as categorias os participantes devem realizar movimentos no solo e no ar, de modo que utilizem toda a extensão da arena (FIG, 2019b). O Brasil é um dos grandes representantes dessa modalidade, e os atletas Lucas Barbosa e Tamires Silva ocupam o 1º e 9º lugar, respectivamente, no ranking mundial nas modalidades individuais, e, na dupla mista, os mesmos atletas ocupam a 2ª posição. No entanto, a modalidade não faz parte dos jogos olímpicos (FIG, 2019c). 2 Step-training/bodystep Modalidade que utiliza a plataforma step (que se assemelha a um degrau), o step-training teve sua origem na década de 1980. Com uma proposta inova- dora, ele conquistou o mercado fitness ao longo dos anos, sendo, hoje, uma das principais modalidades a serem trabalhadas em espaços destinados à prática de atividade física (PEREIRA; MONTEIRO, 2017).Ginástica aeróbica, step-training e jump4 O step-training tem como objetivo a melhora da aptidão cardiorrespiratória do praticante e caracteriza-se como uma modalidade aeróbica. Sua execução consiste em subir e descer plataformas com alturas reguláveis, utilizando música e coreografias para marcar o ritmo das aulas. A modalidade é reco- mendada pelo American College of Sports Medicine (ACSM), para atingir a melhora do condicionamento físico (ACSM, 2014; AMANTÉA, 2003; BOM; PORTO, 2016; JUCÁ, 1993; PEREIRA; MONTEIRO, 2017). Assim como na GA, as aulas de step propiciam o convívio social, por se tratar de uma modalidade que normalmente é trabalhada de forma coletiva. Os benefícios dessa prática são: perda de peso, melhora da autoestima, redução do estresse, melhora da coordenação motora, da força, além de efeito protetor para doenças, como depressão, diabetes e hipertensão. Os exercícios/movimentos executados na aula acionam os músculos exten- sores dos membros inferiores, abdutores da coxa, que, por sua vez, permitem exercitar a estabilidade postural, auxiliando no ganho de massa muscular, força muscular e potência muscular (PEREIRA; MONTEIRO, 2017). A modalidade que utiliza combinações/associações de movimentos de membros inferiores com superiores (feita de forma simultânea ou não) tem como benefício o auxílio na melhora da densidade mineral óssea, já que a plataforma, quando ajustada a 15 centímetros, permite produzir forças reativas ao apoio, o sufi- ciente para promover modificações na densidade mineral óssea (PEREIRA; MONTEIRO, 2017). Quanto ao controle de intensidade da aula, o professor pode utilizar a frequência cardíaca e as escalas de percepção de esforço como uma forma não invasiva, sem gastos financeiros e de fácil aplicação. Os aspectos que influenciam diretamente na intensidade são: coreografia associada à música, movimentos mais rápidos e intensos e a altura da plataforma (algumas possuem a opção de ajustes). Existem inúmeros movimentos e combinações de passos, porém, com alunos iniciantes, o ideal é que se comece com os mais simples, como marcha, corrida, flexão de quadril, flexão de joelho, passo em v e passo em l, para, depois, passar a criar coreografias e aulas intensas/divertidas (PEREIRA; MONTEIRO, 2017). A progressão pedagógica dos exercícios (começando com movimentos simples e progredindo para movimentos mais complexos) deve ser respeitada, a fim de facilitar o aprendizado da coreografia e manter os alunos motivados. Os passos mais complexos são os que trabalham com a dissociação de movi- mentos (p. ex., quando se pede que o aluno execute uma tarefa como subir no 5Ginástica aeróbica, step-training e jump step com o pé esquerdo e chutar com o direito, ou associar algum movimento de membros inferiores com superiores). Uma realidade encontrada nas academias é a heterogeneidade das turmas, ou seja, alunos iniciantes e mais experientes/adultos e idosos frequentando a mesma aula, o que pode ser um fator que influencia na motivação/desistência dos praticantes, cabendo ao professor utilizar as metodologias corretas, a fim de minimizar qualquer efeito desestimulante que essa característica possa exercer sobre a aula. Assim, o profissional de educação física deve estar atento ao posicionamento de seus alunos em sala, principalmente os iniciantes, com os quais se deve manter o contato visual, para que se consiga corrigi-los, caso necessário, e para que eles consigam ficar atentos aos comandos e às coreografias. Além disso, o professor deve estar ciente de algumas condutas para diminuir o risco de lesões, como: orientar sobre o calçado correto; não pular etapas da aula, como aquecimento/alongamento, já que elas têm a função de diminuir/ prevenir lesões; controlar a velocidade dos movimentos executados na coreo- grafia, começando com 118 a 122 batidas por minuto (bpm) — um bom ritmo para se trabalhar e utilizar técnicas de execução corretas, a fim de diminuir qualquer possibilidade de lesão — e indo até 128 bpm (para alunos mais avançados). Contudo, é possível encontrar na literatura estudos que indicam 132 bpm como limite de segurança, e há, ainda, a recomendação de que, para populações especiais, como idosos, o bpm seja entre 100 e 110 (PEREIRA; MONTEIRO, 2017). Existem diversos aspectos que devem ser levados em consideração ao se elaborar uma aula, como a forma de aproximação da plataforma (refere-se à posição em que alunos e professores ficarão em relação ao step), os passos ou movimentos utilizados para elaborar as coreografias, além de que o calçado deve ser próprio para a prática de exercícios aeróbicos, a fim de evitar lesões e melhorar o rendimento. No caso do step-training, o calçado é um importante acessório para minimizar as forças verticais do impacto (BOM; PORTO, 2016; PEREIRA; MONTEIRO, 2017). A música, uma das responsáveis pelo ritmo, a intensidade e a motivação, é um forte elemento que se faz presente nas aulas. Hoje, no mercado, já é pos- sível encontrar trilhas preparadas para a modalidade de step-training. Em sua estrutura, são encontradas os batimentos por minuto (bpm), que auxiliarão na marcação das aulas. Esse aspecto é muito importante, pois remete à segurança, visto que a falta de ritmo apresentada por algum aluno pode desencadear um possível acidente. Por exemplo, em uma aula cheia, com steps organizados Ginástica aeróbica, step-training e jump6 um atrás do outro, a coreografia exige que se faça movimentos em que aluno se desloque para a frente e para atrás do step. No momento em que a turma está se deslocando de forma sincronizada para a frente de seu step, um aluno fora de ritmo indo contra esse sentido pode gerar um contato físico e, talvez, uma lesão (BOM; PORTO, 2016; PEREIRA; MONTEIRO, 2017). No que diz respeito ao planejamento das aulas, assim como na GA, estas são divididas em aquecimento, parte principal e volta à calma. O aquecimento tem duração de aproximadamente 10 minutos, com o objetivo de prevenir lesões e preparar o aluno para a parte principal. Já a parte principal, com duração aproximada de 35 a 40 minutos, tem como objetivo a aprendizagem motora dos movimentos/passos e o aumento da aptidão cardiorrespiratória e dos níveis de força muscular por meio dos exercícios. Por fim, a volta à calma é caracterizada como um momento de relaxamento da aula, a qual deve ser incluída devido aos possíveis eventos associados a arritmias e queda de pressão (PEREIRA; MONTEIRO, 2017). É de extrema importância que o professor de step-training domine as diferentes metodologias de ensino, assim como suas aplicações. O processo de aprendizagem ocorre em três etapas, descritas a seguir. 1. Cognitivo: corresponde ao momento em que o aluno tem seu primeiro contato com a atividade. É caracterizado por uma grande quantidade de erros de aprendizado e envolve diversos estímulos, percepções e desen- volvimento motor (PEREIRA; MONTEIRO, 2017; SILVA et al., 2019b). É o momento em que o professor deve ter um contato mais direto com o aluno, estar sempre próximo, acolhê-lo de forma que esses erros não se transformem em frustrações e, consequentemente, vergonha de estar em público fazendo esses exercícios com um grupo mais experiente. Apresentar esse aluno para a turma e fazer uma coreografia um pouco mais lenta no primeiro contato são algumas medidas que podem ajudar a criar um ambiente mais agradável. 2. Associativo: é a fase na qual os alunos começam a desenvolver e com- preender os mecanismos motores para a realização dos movimentos. Essa fase apresenta menor número de erros em relação à cognitiva (PEREIRA; MONTEIRO, 2017; SILVA et al., 2019b). Nela, os alunos já têm um certo tempo da prática (há casos de alunos com uma boa vivência motora anterior, que, já no primeiro contato, demonstram maior habilidade que os alunos com mais tempo de prática) e já assimilaram alguns passos, coreografias e comandos de voz. 7Ginástica aeróbica, step-training e jump 3. Autônomo:consiste na etapa em que o aluno assimila os movimentos e está pronto para os novos desafios que serão impostos pelo profes- sor. Nessa fase, o aluno já está bem adaptado à atividade, dominando aspectos motores e espaciais (PEREIRA; MONTEIRO, 2017; SILVA et al., 2019b). Além disso, o aluno já apresenta domínio dos elementos das aulas, como passos e coreografia, o que permite que o professor lance novos desafios, como coreografias mais elaboradas e aulas mais intensas. A literatura apresenta diversas metodologias, sendo as principais descritas a seguir. � Método por partes: os movimentos são ensinados de forma isolada e, depois, são agrupados. Esse método possui um bom retorno, princi- palmente com turmas iniciantes. Trata-se de dividir a sequência ou a coreografia em partes, logo, um movimento “a” é ensinado, e, após a sua fixação, um segundo movimento “b” é executado; após o entendimento dos movimentos, eles são apresentados em associação. � Método da substituição: o professor substitui de forma progressiva os movimentos básicos de uma sequência por movimentos com maior grau de dificuldade. Esse método requer domínio dos movimentos e um bom tempo de prática. No entanto, a transição de movimentos mais simples para mais complexos pode confundir os alunos. Uma recomendação para minimizar esse efeito é introduzir passos neutros, como uma marcha no step, para indicar que haverá mudança na coreografia. � Método da espera ativa: nesse método, é inserido um movimento simples para que o aluno execute enquanto escuta e observa as instruções para o próximo movimento. O professor pede que os alunos executem uma marcha ou o toque no step e demonstra o próximo movimento. Os alunos devem continuar executando o movimento solicitado enquanto observam o professor e, ao comando do docente, executar o novo passo com ele. � Verbalização: técnica em que o professor anuncia de forma verbal o próximo movimento, sem que tenha terminado a sequência atual. Aqui, há a necessidade de uma turma familiarizada com comandos/ nomenclaturas, sendo possivelmente um perfil de turma intermediária/ avançada. Trabalhar com essa modalidade requer prática, devido à necessidade de aprendizagem dos diversos recursos que poderão ser implementados na aula. Ginástica aeróbica, step-training e jump8 Portanto, o professor deve experimentar e vivenciar as diferentes técnicas de ensino, bem como saber aplicá-las no momento correto, de acordo com as demandas de sua turma. 3 Jump O jump consiste em um programa de exercícios ritmados que utiliza membros inferiores e superiores, no qual os movimentos são executados sobre um mi- nitrampolim (LEMOS et al., 2008). Por se tratar de uma modalidade aeróbica, seus benefícios são os mesmos das modalidades discutidas anteriormente. Furtado, Simão e Lemos (2004), ao analisarem o comportamento de va- riáveis metabólicas relacionadas à aula de jump, como frequência cardíaca, consumo máximo de oxigênio, produção de dióxido de carbono, quociente respiratório, equivalente metabólico e dispêndio energético por meio da espi- rometria, constataram que a modalidade proporciona aumento da resistência cardiorrespiratória, que, por sua vez, contribui para a manutenção e a melhora da qualidade de vida de seus praticantes (FURTADO; SIMÃO; LEMOS, 2004). Sendo composta por saltos, corridas (bem como suas variações e combina- ções) e coreografias, a aula de jump se mostra uma modalidade extremamente motivante e estimulante para o praticante, proporcionando a melhora da resis- tência cardiorrespiratória, da aptidão cardiorrespiratória e, consequentemente, da saúde (PERANTONI et al., 2009). O controle da intensidade da aula é de extrema importância para a obtenção dos benefícios decorrentes da prática de jump, e diferentes técnicas para a sua mensuração podem ser utilizadas, como: volume máximo de oxigênio, limiares ventilatórios e de lactato, percepção de esforço e frequência cardíaca, sendo estas duas últimas as mais utilizadas e de fácil aplicação, as quais são ótimas alternativas para grandes grupos (MIGUEL et al., 2017). A aula de jump tem cerca de 50 a 55 minutos de duração, sendo também dividida em aquecimento, parte principal e volta à calma ou relaxamento. O ritmo das músicas deve acompanhar essas fases, ou seja, na fase de relaxa- mento, a música deve ser mais calma/com um ritmo mais leve. O aquecimento deve ser iniciado fora do minitrampolim, para que, depois, seja continuado nele. Já a parte principal deve possuir músicas com intervalos de intensidade (leve, moderada e intensa), cabendo ao professor conduzir a intensidade dos exercícios de acordo com esses intervalos. A última fase é caracterizada por alongamentos específicos e exercícios de respiração. 9Ginástica aeróbica, step-training e jump A coreografia de uma aula de jump é um dos pontos altos da aula, já que ela permite uma grande variação de estímulos, o que torna a aula ainda mais prazerosa para os alunos. Existem inúmeros passos que podem ser executados durante uma coreografia, sendo que muitos já são bastante conhecidos e nomeados, como os listados a seguir. � Corrida: como o nome sugere, são realizados movimentos que simulam uma corrida, com movimentos de membros inferiores e membros su- periores. Pode-se, ainda, prescrever variações, alternando a velocidade em movimentos conhecidos como pré-corrida e sprint. A Figura 1 apresenta um exemplo de corrida estacionária em uma aula de jump. � Calcanhar à frente: nesse movimento, um dos calcanhares é projetado para a frente ou para trás da linha do corpo, ao passo que o outro pé permanece em contato com a plataforma. O movimento de amplitude baixa é bem semelhante a um “chute” curto. � Calcanhar atrás: nessa movimentação, é feita uma flexão de joelho, e o calcanhar é movido em direção aos glúteos. É possível variar, fazendo o movimento duplo de flexão, alternando-o entre duplo e simples, ou, ainda, incluir a movimentação dos membros superiores em um movimento chamado de “galope”. � Elevação de joelho: movimento em que é realizada uma flexão de quadril associada a uma flexão de joelho. Além da variação de velo- cidades, o movimento pode ser feito isoladamente ou com associação dos membros superiores homolaterais ou contralaterais. � Corrida alta (hop): o movimento do hop é muito semelhante ao da elevação de joelhos, no entanto, é realizado de forma mais intensa e com maior coordenação, com movimento de braços e quadris. A corrida alta pode ser variada com movimentos duplos de cada membro ou alternando entre movimentos duplos e simples. � Chinelo: nesse exercício, os membros inferiores fazem uma movimen- tação semelhante ao polichinelo, isto é, um pequeno saltito com os pés juntos, no centro da cama elástica, e outro saltito com os pés afastados lateralmente. Como variação, pode-se fazer o movimento duplo (dois saltitos com os pés juntos e dois saltitos com os pés afastados), ou alternando entre saltitos simples e duplos. � Cowboy: essa movimentação é feita com um saltito associado a uma leve abdução do quadril e flexão do joelho, visando a trazer a parte interna do pé para cima. Ele pode ser feito em amplitudes baixas ou altas, bem como pelas repetições, podendo ser simples ou duplo. Ginástica aeróbica, step-training e jump10 � Twist: nessa movimentação, os saltitos são associados a movimentos de rotação do tronco, geralmente fazendo os pés/as pernas ficarem apontando para uma direção, enquanto o tórax e a cabeça apontam para o outro lado. O movimento pode ser feito associando movimentos dos membros superiores, com saltitos duplos para o mesmo lado, bem como com alterações entre saltitos simples e duplos. � Tcha-Tcha: essa movimentação ocorre com um deslocamento lateral, de modo que primeiro é realizado um passo lateral, visando a “abrir” a distância entre os pés, e o segundo passo os aproxima. Em seguida, é realizada a abertura para o outro lado da cama elástica e, então, omovimento é repetido. Figura 1. Momento em que os alunos executam uma corrida estacionária em uma aula de jump. Fonte: Giorgio Rossi/Shutterstock.com. Vale destacar que esses são apenas alguns dos passos que são utilizados em uma coreografia de jump, de modo que o professor possui total liberdade para inovar e criar novos movimentos e, posteriormente, incorporá-los a novas coreografias. 11Ginástica aeróbica, step-training e jump A heterogeneidade da turma é uma situação com a qual o professor deve estar pre- parado para lidar. Assim como nas aulas de step e GA, o professor deve saber utilizar as metodologias adequadas, e mensurar a intensidade das atividades (principalmente com alunos iniciantes) é de extrema importância. Os princípios e técnicas a serem aplicados aqui podem ser os mesmos citados anteriormente. Lembre-se, sempre, de que o professor é o responsável pela motivação, a aderência e a permanência do aluno em um programa de atividade física. Dessa forma, os três diferentes métodos de ginástica de academia apresenta- dos são práticas que demandam profissionais com conhecimento e experiência específicos para ministrar as aulas. Uma aula de ginástica bem planejada, com uma boa coreografia, associada a uma ótima relação entre o professor e os alunos, é, sem dúvidas, uma excelente estratégia para aprimorar o condicio- namento físico dos alunos de maneira bastante prazerosa. ACSM. Diretrizes do American College of Sports Medicine para os testes de esforço e sua prescrição. 9. ed. 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