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Carla Bertelli – 5° Período Dores Articulares 1 – Compreender, diferenciar e diagnosticar as dores articulares inflamatórias e mecânicas 2 – Conhecer os fatores de risco associado à dores articulares inflamatórias e mecânicas 3 – Estudar a classificação de Dor Articular Morfofisiologia das Articulações e Líquido Sinovial Os elementos rígidos do esqueleto unem-se em locais chamados articulações ou junturas. Duas funções importantes dos ossos são o apoio e o movimento. O movimento é possibilitado pela articulação dos ossos nas junturas e pela contração dos músculos esqueléticos inseridos nos ossos. As articulações sejam sempre os pontos mais fracos do esqueleto, sua estrutura lhes permite resistir a esmagamentos, dilacerações e a várias forças que as impulsionariam para fora do alinhamento. Elas são classificadas em função ou estrutura. A classificação funcional centra-se na quantidade de movimento permitido. • Sinartroses – Articulações imóveis • Anfiartroses – Articulações ligeiramente móveis • Diartroses – Articulações livremente móveis As diartroses predominam nos membros, enquanto as sinartroses e anfiartroses são mais restritas ao esqueleto axial. A classificação estrutural baseia-se no material que une os ossos, e na presença ou ausência de uma cavidade articular. Estruturalmente, as articulações são classificadas como fibrosas, cartilagíneas e sinoviais Sinóvia/Líquido sinovial: O líquido viscoso dentro da cavidade articular também é chamado fluido ou líquido sinovial. A sinóvia é essencialmente um filtrado do sangue, resultante de capilares na membrana sinovial. Ela também contém moléculas glicoproteicas especiais, secretadas pelos fibroblastos da membrana sinovial, que a tornam um lubrificante escorregadio que facilita o movimento da articulação. A sinóvia não só ocupa a cavidade articular, como também ocorre dentro das cartilagens articulares, pois a compressão sobre as articulações durante o movimento normal a força para dentro e para fora das cartilagens articulares. Esse mecanismo de lubrificação nutre as células nas cartilagens articulares (a cartilagem é avascular) e lubrifica as superfícies livres dessas cartilagens, permitindo que ossos adjacentes se desloquem entre eles com um mínimo de fricção (atrito). Ligamentos: Algumas articulações sinoviais são fortalecidas e reforçadas por ligamentos em forma de cordões ou faixas. Geralmente, os ligamentos são capsulares, isto é, são partes mais espessas da membrana fibrosa da cápsula articular. Em outros casos, os ligamentos são extracapsulares ou intracapsulares. Os ligamentos extracapsulares estão localizados fora da cápsula. Já os ligamentos intracapsulares são internos à cápsula e são cobertos com membrana sinovial que os separa da cavidade articular através da qual eles passam. Movimentos realizados: À medida que os músculos se contraem, eles fazem que os ossos se movam nas articulações sinoviais. Os movimentos resultantes são de três tipos básicos: (1) deslizamento de uma superfície óssea em outra; (2) movimentos angulares, que alteram o ângulo entre os dois ossos; e (3) rotação em torno do eixo longo de um osso Deslizamento – Deslizamento das superfícies planas de dois ossos entre si Movimentos Angulares: • Flexão – Diminuição do ângulo entre 2 ossos • Extensão – Aumento do ângulo entre 2 ossos • Abdução – Movimento de afastamento de um membro em relação à linha média do corpo • Adução – Movimento do membro em direção à linha média do corpo • Circundação – Movimento de um membro ou dedo de forma que ele descreva um cone no espaço Rotação: Giro de um ossos ao redor do eixo longitudinal • Rotação Medial – Rotação em direção ao plano sagital • Rotação Lateral – Rotação em direção oposta ao plano sagital Movimentos Especiais: • Elevação – Mover uma parte do corpo para posição superior • Depressão – Mover a parte elevada para uma posição inferior • Protrusão – Movimento não angular na direção anterior • Retração – Movimento não angular na direção posterior • Supinação – Ocorre quando o antebraço, especificamente rádio, gira lateralmente, de movo que a palma volte-se anteriormente. Esta é a posição anatômica normal • Pronação – Ocorre quando o rádio faz uma rotação medial, de modo que a palma da mão volta-se posteriormente. A pronação faz o rádio cruzar com a ulna de forma que os dois ossos formem um X • Oposição – Na palma da mão, a articulação selar, entre o primeiro metacarpal e o trapézio, permite um movimento chamado oposição do polegar • Inversão e Eversão – Movimentos especiais do pé nas articulações intertarsais. Para inverter o pé, gire a planta do pé medialmente; para everter, gire a planta lateralmente • Dorsiflexão – Levantar o pé, de modo que a sua superfície superior aproxime-se da face anterior da perna • Flexão Plantar – elevar o calcanhar (apontando os dedos do pé) Dores Articulares Carla Bertelli – 5° Período Classificação das Artralgias • É um sintoma de lesão, infecção, doenças (em especial artrite ou uma reação alérgica ao medicamento. • O termo “artralgia” só deve ser usado quando a condição é não-inflamatória, e o termo “Artrite” deve ser usado quando a condição é inflamatória. As articulações podem simplesmente estar doloridas (artralgia) ou também inflamadas (artrite). A inflamação das articulações costuma apresentar calor, edema (por causa do líquido intra-articular, ou derrame) e, raramente, eritema. A dor pode ocorrer somente com o uso ou em repouso. Às vezes o que é descrito pelos pacientes como dor na articulação pode ter uma fonte extra- articular (p. ex., uma estrutura periarticular ou óssea). Artralgia corresponde à dor da articulação desencadeada por trauma ou inflamação com redução da função articular (leve à severo). A dor articular pode ser adjacente à cápsula articular, acometendo tendões ou bursas, e assim, originando a Periartrite ou Reumatismo não Articular. Esse tipo de origem de dor articular pode simular a artrite ou artralgia, que se referem ao comprometimento da sinóvia. (sinovite) Número de articulações envolvidas: são determinadas pelo número de grupos articulares afetados: monoartrite (1), oligoartrite (2-4) ou poliartrite (5 ou mais). A dor poliarticular pode ser oriunda de inflamação (infecção, artrite induzida por cristais, doenças inflamatórias sistêmicas como AR e artrite psoriática) ou por doença mecânica ou não inflamatória (osteoartrite, síndromes de hipermobilidade, flexibilidade articular, trauma excessivo). Pode envolver articulações periféricas e/ou articulações axiais (sacroilícia, apofisária, discovertebral ou costovertebral). A artrite poliarticular aguda associa à infecção, geralmente viral; surto de alguma doença inflamatória sistêmica, gota ou artrite por pirofosfato de cálcio (pseudogota), enquanto a crônica está relacionada à artrite reumatoide e à espondiloartropatias soronegativa (espondilite anquilosante, artrite reativa, artrite psoriásica ou enteropática). Em crianças, a forma crônica está relacionada à artrite idiopática juvenil. A causa mais comum é a artrite, que é a inflamação das articulações. Existem muitos tipos diferentes de artrite Fisiopatologia As origens articulares da dor situam-se no interior da articulação. As origens periarticulares da dor situam-se nas estruturas que envolvem a articulação (p. ex., tendões, ligamentos, bursas, músculos). A dor poliarticular causada por fontes articulares pode resultar do seguinte: ✓ Inflamação (p. ex., infecção, artrite induzida por cristais, doenças inflamatórias sistêmicas como AR e artrite psoriática) ✓ Doença mecânica ou outras não inflamatórias (p. ex., osteoartrite, síndromes de hipermobilidade)A sinóvia e a cápsula articular são as principais origens de dor no interior de uma articulação. A membrana sinovial é o principal local atingido pela inflamação (sinovite). A dor que atinge várias articulações na ausência de inflamação pode ser decorrente do aumento da flexibilidade articular e de trauma excessivo, como na síndrome de hipermobilidade benigna. A poliartrite pode envolver as articulações periféricas e/ou articulações axiais (p. ex., sacroilíaca, apofisária, discovertebral, costovertebral). Evolução – Aguda, subaguda ou crônica (>6 meses). Pode ser também permanente ou transitória Característica da Dor – Dor vaga e surda (não sendo possível determinar com tanta especificidade a localização) Sinais e Sintomas Associados – Hiperalgia, alodinia (dor a um estímulo que não seria doloroso em uma articulação normal), rigidez, calor, instabilidade Início da Dor – Abrupto ou Gradual Contato Sexual Desprotegido – Pode surgir artrite infecciosa bacteriana com infecção gonocócica disseminada Contato com Animais (carrapatos) – Doença de Lyme Comumente, a artralgia e a artrite aumentam o volume e causam dor à palpação, evidenciando o comprometimento de toda articulação e não parte dela; o edema é “menos firme” quando comparado ao inchaço de origem periarticular; existe dor ao movimento ativo e passivo. Carla Bertelli – 5° Período Etiologia A artrite oligoarticular periférica e a artrite poliarticular costumam estar associadas a infecção sistêmica (p. ex., viral) ou doença inflamatória sistêmica (p. ex., AR) do que a artrite monoarticular. Uma causa específica pode geralmente ser determinada (Algumas causas da dor ≥ 5 articulações* e algumas causas da dor em ≤ 4 articulações); entretanto, algumas vezes a artrite é transitória e desaparece antes de um diagnóstico ter sido claramente estabelecido. O comprometimento axial sugere espondiloartropatia soronegativa (também denominada de espondiloartrite), mas também pode ocorrer na AR (atingindo a coluna cervical, mas não a coluna lombar). Normalmente a artrite polarticular aguda ocorre devido à infecção (geralmente viral), surto de alguma doença inflamatória sistêmica, gota ou pseudogota (artrite por pirofosfato de cálcio). Já a crônica, em agudos, pode estar associado à Artrite Reumatoide, Espondiloartropatia Soronegativa. Dor poliarticular não inflamatória em adultos decorre mais frequentemente de Osteoartrite. Na maioria das vezes a poliartralgia crônica em adultos é causada por AR e osteoartrite. Em crianças, a artralgia poliarticular crônica decorre mais frequentemente de Artrite idiopática juvenil. A avaliação deve determinar se as articulações ou estruturas periarticulares, ou ambas, são a causa dos sintomas ou se há inflamação. Sintomas e achados extraarticulares, que podem sugerir doença inflamatória sistêmica específica, também devem ser procurados e avaliados, particularmente se houver inflamação nas articulações. A história da doença atual deve identificar as características da dor articular, sintomas articulares associados e sintomas sistêmicos. Entre as características importantes do sintoma articular estão gravidade do início (p. ex., abrupto, gradual), padrões temporais (p. ex., variação diurna, persistente ou intermitente), duração (p. ex., aguda ou crônica) e fatores agravantes e atenuantes (p. ex., repouso, atividade). Devese perguntar ao paciente sobre contato sexual sem proteção (indicando risco de artrite infecciosa bacteriana com infecção gonocócica disseminada), picada de carrapatos ou se ele reside ou viaja para uma área onde a doença de Lyme é endêmica. A história clínica anterior e a história familiar devem identificar distúrbios sistêmicos inflamatórios conhecidos e outras doenças que podem causar sintomas articulares (Algumas causas da dor ≥ 5 articulações* e algumas causas da dor em ≤ 4 articulações). Algumas doenças inflamatórias sistêmicas são mais prevalentes em famílias com determinados perfis genéticos. Algumas coisas que podem causar dor nas articulações são: • Doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus • Bursite • Condromalácia patelar • Cristais na articulação – gota (especialmente encontrada no dedão do pé) e artrite CPPD (pseudogota) • Infecções causadas por um vírus • Lesão, como uma fratura • Osteoartrite • Osteomielite (infecção óssea) • Artrite séptica (infecção articular) • Tendinite • Esforço incomum ou uso excessivo, incluindo distensões ou entorses Diferenciar Dores Articulares e Mecânicas Comumente, a artralgia e a artrite aumentam o volume e causam dor à palpação, evidenciando o Carla Bertelli – 5° Período comprometimento de toda articulação e não parte dela; o edema é “menos firme” quando comparado ao inchaço de origem periarticular; existe dor ao movimento ativo e passivo. O exame musculoesquelético deve começar diferenciando articular de periarticular ou outra dor em tecido conjuntivo ou muscular. O exame da articulação começa com a verificação de deformidades, eritema, edema ou derrame e, então, prossegue para palpação em busca de derrames articulares, calor e ponto de sensibilidade. Deve-se avaliar a amplitude de movimento passiva e ativa. A crepitação pode ser sentida durante a flexão e/ou a extensão articular. A comparação com a articulação contralateral não afetada normalmente ajuda a detectar mudanças mais sutis. Durante o exame, deve- se verificar se a distribuição das articulações afetadas é simétrica ou assimétrica. As articulações doloridas também podem ser pressionadas sem serem flexionadas ou estendidas. As estruturas periarticulares também devem ser examinadas em busca de envolvimento dos tendões, bursas ou ligamentos, como edema leve e discreto no local de uma bursa (bursite) ou pontos de sensibilidade na inserção de um tendão (tendinite). Sinais de Alerta ✓ Calor, edema e eritema nas articulações ✓ Qualquer sintoma extra-articular (p. ex., febre, calafrios, exantema, sensação de frio, placas, úlceras mucosas, conjuntivite, uveíte, sopro cardíaco, púrpura, perda ponderal) Interpretação dos Achados Uma determinação inicial importante, com base principalmente em exame físico feito cuidadosamente, é se a dor se originou nas articulações, em outras estruturas adjacentes (p. ex., ossos, tendões, bursas, músculos), ambas (p. ex., como na gota) ou em outras estruturas. Sensibilidade ou edema em um lado da articulação ou fora da linha da articulação sugere uma origem extra-articular (p. ex., tendões ou bursas); sensibilidade localizada na linha articular ou envolvimento mais difuso da articulação sugerem uma causa intra- articular. Pressionar a articulação sem flexionar ou estender não é particularmente doloroso nos pacientes com tendinite ou bursite, mas é bastante doloroso nas pessoas com artrite. Dor que piora com movimento articular ativo, mas não passivo, pode indicar tendinite ou bursite (extra-articular); inflamação intraarticular geralmente restringe significativamente a amplitude passiva e ativa do movimento articular. Outra determinação importante é se as articulações estão inflamadas. Dor durante repouso ou no início de uma atividade sugere inflamação articular, enquanto a dor que piora com o movimento e alivia com o repouso sugere distúrbios mecânicos ou não inflamatórios (p. ex., osteoartrite). Aumento da temperatura e eritema sugerem inflamação, mas esses resultados são frequentemente insensíveis, assim sua ausência não exclui inflamação Resultados clínicos de rigidez matinal prolongada, rigidez depois de inatividade prolongada (fenômenogel), edema articular não traumático, febre ou perda ponderal não intencional são sugestivos de um distúrbio inflamatório sistêmico envolvendo as articulações. Dor difusa, vagamente descrita e atingindo as estruturas miofasciais sem sinais de inflamação sugere fibromialgia. O envolvimento simétrico articular pode ser uma pista. O comprometimento tende a ser simétrico na AR, enquanto a assimetria é mais sugestiva de artrite psoriática, gota e artrite reativa ou artrite enteropática. Carla Bertelli – 5° Período Dor Articular Inflamatória/Artrite Deve ser caracterizada quanto ao/à/a: Número de articulações envolvidas: são determinadas pelo número de grupos articulares afetados: monoartrite (1), oligoartrite (2-4) ou poliartrite (5 ou mais). Sinais inflamatórios: presença de, ao menos três dos cinco sinais possíveis (edema, calor (temperatura), hiperemia, dor e perda funcional). Tempo: se inflamado a dor alivia, com medicação, em 24h e desaparece apenas em 48 ou 72h (ela não desaparece de um dia para outro). Simetria: simétrico ou assimétrico (comparar SEMPRE um lado com o outro). Crepitação: se sim, há indício de degeneração da cartilagem, como condromalácia. Quanto mais rude for, maior o comprometimento. Edema: diferenciar sua origem de inflamatória ou por outra etiologia, como túnel do carpo ou fibromialgia, e determinar sua duração. Sinais sistêmicos: presença de febre e alteração no sono. Diferenciar fadiga de fraqueza: a fadiga alivia com o repouso, enquanto a fraqueza se associa, por exemplo, à miopatia inflamatória e, se há comprometimento de apenas um membro, é necessário cogitar doenças do SNC ou SNP. Frequência: contínua ou episódica. Deformidades: presentes ou não. Articulações envolvidas: grandes ou pequenas articulações. Tipo: migratória ou aditiva. Localização: distal ou proximal. Relação com atividades físicas: comumente, há alívio à movimentação leve. Período em que a dor piora: dores articulares inflamatórias estão associadas à dor pela manhã (ausência de drenagem do líquido sinovial quando há repouso prolongado; fenômeno gel). Geralmente, a presença de dor noturna relaciona-se à doença mais grave. Diagnóstico diferencial: inflamatório, degenerativo- metabólico, funcional (percepção alterada da dor) Dor Articular Mecânica A osteoartrose é muito comum a partir dos 65 anos, em que há comprometimento de, ao menos, uma articulação. Inicialmente, pode não haver artralgia associada. Resulta em deterioração física, claudicação, diminuição do movimento e da força. Carla Bertelli – 5° Período Número de articulações envolvidas: são determinadas pelo número de grupos articulares afetados: monoartrite (1), oligoartrite (2-4) ou poliartrite (5 ou mais). Simetria: simétrico ou assimétrico (comparar SEMPRE um lado com o outro). Crepitação: se sim, há indício de degeneração da cartilagem, como condromalácia. Quanto mais rude for, maior o comprometimento. Ela é percebida à extensão ou flexão articular. Diferenciar fadiga de fraqueza: a fadiga alivia com o repouso, enquanto a fraqueza se associa, por exemplo, à miopatia inflamatória e, se há comprometimento de apenas um membro, é necessário cogitar doenças do SNC ou SNP. Frequência: geralmente, é contínua e pode haver, em um tipo particular, dor à noite. Deformidades: presentes ou não Evolução: aguda ou crônica. Articulações envolvidas: grandes ou pequenas articulações. Tipo: migratória ou aditiva. Localização: distal ou proximal. Relação com atividades físicas: piora com atividade física, podendo aliviar ao repouso. Isso acontece devido aos receptores periféricos (os nociceptores se tornam mais sensíveis por fatores inflamatórios, como bradicinina, PTG e citocinas) ou centrais (amplificação central da dor captada por receptores articulares). Diagnóstico: é feito com base no exame físico, em radiografias, imagens por RM e TC, hemograma e líquido sinovial. • RX: deformações, perda cartilaginosa, ruptura de ligamentos, calcificações, etc. • RM: hiperplasia sinovial, edema da medula óssea e outras alterações do tecido mole. • TC: alteração óssea. • Hemograma: marcadores inflamatórios (VHS, PCR) Doenças das articulações, bursas e dos tendões Doença ou febre reumática: é uma complicação tardia, não supurativa, que surge entre 15 e 20 dias após a infecção de um indivíduo jovem (7 a 15 anos) e hipersensível ao estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield. Manifesta-se por um quadro de poliartrite migratória, que não deixa sequelas na articulação afetada; cardite (nódulos de Aschoff, lesões vegetantes, que podem regredir ou comprometer, preferencialmente, as valvas aórtica e mitral) que se manifesta por taquicardia, aumento do volume cardíaco, bloqueio AV, atrito pericárdico e ICA; coreia de Sydenham (movimentos involuntários amplos, desordenados, de frequência inesperada, arrítmicos, multiformes, sem finalidade, na face e nos MMSS/MMII), surgimento de nódulos de Meynert (em nível do olecrano), eritema marginado na face anterior do tórax e braços e sintomas gerais (febre, emagrecimento, anorexia e palidez). Doença ou artrite reumatoide: doença crônica que afeta adultos jovens, mais do sexo feminino, com etiologia autoimune que afeta o tecido conjuntivo e se manifesta de modo simétrico e bilateral por inflamação articular, que se estende para pulmões, coração e nervos periféricos., além de nódulos subcutâneos, rigidez pós- repouso, atrofia muscular e sintomas gerais (febre, perda de peso, anorexia e astenia). Cursa com deformidades pela anquilose e pela fusão de extremidades epifisárias (uma articulação pode assim desaparecer). É muito incapacitante, mas o prognóstico é bom Artrose ou osteoartrose: com surgimento após 50 anos de idade, é uma doença degenerativa da cartilagem articular (articulações que suportam peso, interfalangianas distais ou nódulos de Heberden, interfalangianas proximais ou nódulos de Bouchard, metatarsofalangeana do primeiro dedo dos pés, carpometacarpianas e temporomandibulares), sem sinais sistêmicos, mas com comprometimento do estado geral, rigidez articular, pior ao repouso, limitação do movimento e crepitação. Desenvolve-se pela interação entre idade, obesidade, clima, dieta, genética e alterações da mecânica articular. Gota: hiperuricemia, recidivas de artrite aguda que se torna crônica com o passar do tempo, formando tofos gotosos (acúmulos de monourato de sódio), principalmente nos pavilhões auriculares e primeiro dedo do pé; pode cursar com IR. Pode ser primária (genética em que há muita produção ou pouca excreção de ácido Carla Bertelli – 5° Período úrico) ou secundária (muita produção de ácido úrico por outra causa, como leucemia, IRC, mieloma múltiplo ou medicamentosa, por exemplo, diuréticos tiazídicos que afetam o metabolismo das purinas). É mais frequente no sexo masculino na faixa etária de 50 anos. Manifesta-se por podagra (hálux), gonagra (joelho) e quiragra (punhos). Após a primeira crise (monoartrite aguda), passam a surgir crises poliarticulares cíclicas, com intervalos assintomáticos cada vez menores. Podem haver lesões saca-bocado observadas no exame de imagem que correspondem à reabsorção cartilaginosa das articulações afetadas. OUTROS: bursites, tendinites, tenossinovites e entesopatias (epicondilite ou cotovelo de tenista), doenças do tecido conjuntivo, como LES. Diagnóstico • Artrocentese • Normalmente, velocidade de hemossedimentação (velocidadede hemossedimentação) e proteína C- reativa • Exames sorológicos • Na artrite crônica, radiografias e/ou ultrassonografia A artrocentese é de extrema importância para a maioria dos pacientes que tiveram um novo derrame e pode ajudar a excluir infecção e identificar cristais. Também pode ajudar a diferenciar uma doença inflamatória de um processo não inflamatório. O exame do líquido sinovial inclui a leucometria com diferencial, coloração de Gram e culturas, e exame microscópico para cristais usando luz polarizada. A presença de cristais no líquido sinovial confirma a artrite induzida por cristais, mas não exclui infecção conjunta. Se não for possível firmar um diagnóstico com base na história e no exame físico, pode ser necessário fazer exames complementares. A VHS e a proteína C-reativa podem ser feitas para ajudar a determinar se a artrite é inflamatória. Níveis elevados de VHC e proteína C-reativa sugerem inflamação, mas são inespecíficos, particularmente em adultos mais velhos. Os resultados são mais específicos se os valores forem elevados durante as crises inflamatórias e normais entre as crises. Quando o diagnóstico de uma doença inflamatória sistêmica é clinicamente suspeito, testes serológicos de suporte para anticorpos antinucleares. Se a artrite é crônica, radiografias e/ou ultrassonografia são tipicamente feitas para procurar sinais de dano articular. A ultrassonografia articular tem muitas vantagens em relação às radiografias, incluindo melhor identificação do líquido ao redor das articulações, visualização dos tendões e outras estruturas periarticulares durante o exame físico e orientação para artrocentese e injeções articulares.
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