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Carla Bertelli – 5° Período Manguito Rotador 1. Revisar a morfofisiologia da articulação do ombro; 2. Discutir a fisiopatologia da Síndrome do manguito rotador. 3. Conhecer a farmacodinâmica dos opioides. 4. Discutir os aspectos legais da saúde do trabalhador. Morfofisiologia do Ombro O ombro é a articulação de maior amplitude de Movimento do corpo humano, por isso é uma das mais vulneráveis a lesões. Possui uma complexa estrutura anatômica composta por 3 diartroses: glenoumeral, acromioclavicular e esternoclavicular. O ombro é composto por três ossos: a escápula, a clavícula e o úmero. A escápula se articula com o úmero por meio da cavidade glenoidal e com a clavícula por meio do acrômio, assim como com a caixa torácica. As fraturas de clavícula estão entre as fraturas mais comuns da infância. O mecanismo típico de fratura é uma queda sobre a ponta do ombro. A articulação do ombro é constituída por quatro elementos: (1) a articulação acromioclavicular que conecta a clavícula ao acrômio da escápula; (2) a articulação esternoclavicular que conecta o esterno à clavícula; (3) a articulação glenoumeral que conecta a cabeça do úmero à cavidade glenoidal relativamente rasa na escápula; e (4) a articulação toracoescapular que conecta a face posterior da caixa torácica e a face anterior da escápula.A estabilidade dessas articulações é conferida por vários músculos e tendões. Entorses da articulação acromioclavicular podem ser decorrentes de forças diretas ou indiretas, como esportes de contato ou quedas.O local mais comum de luxação do ombro é a articulação glenoumeral. As luxações mais graves envolvem a luxação anterior da cabeça do úmero em relação à cavidade glenoidal, o resultado de o ombro ser abduzido e forçadamente estendido e rodado. Outros mecanismos incluem a queda sobre o braço estendido ou um golpe na parte posterior do ombro. O movimento do braço envolve a ação coordenada dos músculos do manguito rotador (músculos supraespinal, redondo menor, infraespinal, subescapular) e suas inserções musculotendíneas. Estes músculos são separados do arco coracoacromial sobrejacente por duas bolsas, a subdeltóidea e subcoracoide, às vezes chamadas de bolsas subacromiais e que muitas vezes se comunicam e são afetadas pelas lesões do manguito rotador. Possui 3 sistemas osteotenomioligamentares de deslizamento: subacromial, umerobiciptal e escapulotorácico. Além disso, tem 14 ligamentos e 19 músculos. Os músculos que fazem parte do manguito rotador são: supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular. O tendão supraespinhal insere-se no tubérculo ou tuberosidade maior do úmero, junto ao infraespinal e ao redondo menor. O subescapular insere- se no tubérculo ou na tuberosidade menor. Quando a elevação ocorre, provoca impacto da tuberosidade maior do úmero contra o acrômio. Manguito Rotador Carla Bertelli – 5° Período Superfícies Articulares Da Articulação Escâpulo-Umeral: Cabeça umeral; Cavidade glenóide da escápula; Lábio glenóide A Cápsula E Os Ligamentos Do Ombro Os ligamentos da articulação escapuloumeral: Ligamento coracoumeral, ligamento glenoumeral, ligamento coracoglenoide, ligamento coracoide e o ligamento espinhoglenóide. Músculos Motores Da Cintura Escapular: Os quatro músculos responsáveis da abdução, são os seguintes: • Deltoide; • Supraespinhoso; Estes dois músculos formam um par funcional, motor da abdução da articulação escapuloumeral. • Serrátil anterior; • Trapézio; Estes dois músculos formam um par funcional, motor da abdução da articulação escápulo-torácica. Participam também os músculos subescapular, infraespinhoso e redondo menor. Por último, o tendão da porção longa do bíceps é também motor da abdução, já que a sua ruptura produz uma perda de 20% da força da abdução. As queixas clinicas básicas de doenças que acometem o ombro podem ser divididas em 2 grandes grupos: • Ligadas à dor e a limitação da mobilidade • Relacionadas à instabilidade O efeito compressivo exercido pelo MR é relativamente independentemente da posição em que se encontra a articulação, embora nos movimentos de deslizamento e translação sua função se alterne. Em abdução e rotação neutra, o infra-espinhoso é depressor da cabeça umeral, mas em abdução e rotação externa, ele se torna elevador. O infra-espinhoso, juntamente com o redondo menor, são os únicos rotadores externos • O subescapular é depressor mais efetivo em rotação externa. Tem pouco efeito na translação ântero- posterior em abdução e rotação externa, sendo importante rotador interno nos últimos graus desse movimento. • O supra-espinhoso é importante estabilizador e compressor da cabeça umeral e está ativo em qualquer movimento envolvendo a elevação do membro superior O arco acromial é formado pela porção anteroinferior do acrômio, pelo ligamento coracoacromial (LCA) e pelo processo coracoide. Essas estruturas determinam compressão sobre os músculos do manguito rotador: o supraespinal (SE), com grande intensidade, o infraespinal Carla Bertelli – 5° Período (IE) e o subescapular (SU), com menor intensidade. A cabeça longa do bíceps e a bolsa subacromial são igualmente comprimidas. AAC, articulação acromioclavicular. Os ligamentos do processo coracoide são o coracoumeral (LCU), coracoacromial (LCA), trapezoide e conoide. No processo coracoide, origina-se o tendão conjunto (cabeça curta do bíceps, coracobraquial e peitoral menor). LAC, ligamento acromioclavicular; CLB, cabeça longa do bíceps. Lesão do Manguito Rotador As lesões do manguito rotador representam um espectro de doenças que vão de uma tendinite aguda a uma lesão maciça comprometendo todos seus componentes. Sua prevalência é alta e varia de 7 a 40%, aumentando de acordo com a idade. As lesões do manguito rotador constituem uma causa frequente de dor no ombro em pessoas de todas as idades. Essa condição patológica representa um espectro de doenças, que varia de uma tendinite aguda reversível até uma lesão maciça envolvendo todos os seus componentes. A Síndrome do Manguito Rotador é uma condição caracterizada pela degeneração, lesão ou inflamação dos tendões do manguito rotador. Pode ocorrer devido a vários fatores, como trauma agudo, desgaste crônico, uso excessivo ou envelhecimento. A fisiopatologia da Síndrome do Manguito Rotador envolve um processo inflamatório crônico nos tendões do manguito rotador. A lesão repetitiva ou o envelhecimento podem levar a microtraumas nos tendões, resultando em degeneração progressiva. A resposta inflamatória inclui a liberação de citocinas, aumento da atividade de enzimas degradativas e diminuição da síntese de colágeno, levando à deterioração e enfraquecimento dos tendões. vascularização e impacto subacromial são os fatores citados com mais frequência. As lesões traumáticas recebem atenção especial, embora a maioria dos pacientes com ruptura completa do manguito não tenha lembranças de qualquer trauma direto. O manguito rotador envelhece biologicamente, e grande parte das lesões ocorre após os 40 anos de vida do indivíduo. Os principais fatores de risco incluem idade avançada, atividades que envolvem movimentos repetitivos do ombro, história de lesões no ombro, anatomia anormal do ombro e fatores genéticos. Os sintomas comuns da Síndrome do Manguito Rotador incluem dor no ombro, fraqueza, limitação de movimento e dificuldade em realizar atividades que envolvem o uso do braço afetado Existem duas causas básicas para a patogênese das lesões do MR que são as causas: 1) intrínsecas e 2) extrínsecas outraumáticas De maneira didática, pode-se agrupar as lesões do manguito rotador conforme o fator desencadeante: extrínseco – impacto mecânico, defendido por Neer – Carla Bertelli – 5° Período ou intrínseco – hipovascularização tendínea, defendida por Uhthoff e colaboradores. Além disso, é possível classificar as tendinopatias em primárias (aumento de volume das estruturas no espaço subacromial – bursite, tendinite calcária) ou secundárias (estreitamento do espaço subacromial – calcificação do ligamento coracoacromial, fratura deslocada do tubérculo maior). Esse assunto será revisto na seção “Efeitos degenerativos do manguito rotador Vários fatores contribuíram para o aumento do número de diagnósticos dessas patologias nos últimos anos: •Aumento da expectativa média de vida e o conceito de que o adulto e o idoso também devem praticar atividades físicas. A patologia do manguito rotador ocorre com maior frequência a partir dos 40 a 50 anos e sua incidência aumenta geometricamente nas décadas seguintes. •Grande desenvolvimento dos esportes que utilizam o membro superior, como vôlei, basquete, tênis, natação, lutas marciais, esportes radicais, entre outros. Sabe-se que tais atividades predispõem à compressão do manguito rotador e ao aparecimento de sintomas, mesmo em indivíduos entre 20 e 30 anos. •Desenvolvimento dos métodos diagnósticos clínicos e radiológicos modernos. •Maior entendimento da patologia cirúrgica e de suas formas de tratamento pela melhor educação ortopédica. •Conhecimento dos métodos de reabilitação. Trauma. O paciente refere que caiu sobre o membro afetado, que sofreu uma luxação glenoumeral traumática, que um estiramento abrupto aconteceu enquanto realizava alguma atividade com os membros elevados, entre outras causas. O fator trauma deve ser pesquisado na história clínica, mesmo não possuindo percentual expressivo na maioria das séries cirúrgicas. É preciso estar atento aos casos de ruptura do manguito rotador associada a luxação glenoumeral traumática, sobretudo em pacientes com idade superior a 40 anos. Impacto subacromial primário – teoria da degeneração extrínseca. Determinante do atrito e da degeneração do manguito, é um fenômeno conhecido há muito tempo. Foi Charles Neer que demonstrou claramente a relação entre o fenômeno de impacto e a degeneração do manguito rotador. Segundo ele, a elevação do membro superior ocorre, em geral, em flexão, e não em abdução. O impacto se dá contra a porção anteroinferior do acrômio, o ligamento coracoacromial e a articulação acromioclavicular. Conforme Gerber e colaboradores, a ponta do processo coracoide também pode colaborar com o impacto sobre o músculo subescapular, fenômeno conhecido como impacto do processo coracoide. Intrínsecas: Processo degenerativo relacionado ao envelhecimento natural dos tendões (entesopatia), devido a mudanças na vascularização do manguito ou outras alterações metabólicas associadas com a idade. Segundo Neer, Codman, em 1934, foi o primeiro a descrever a "zona crítica", uma porção do tendão do supraespinhoso localizada a 1cm medial à sua inserção no tubérculo maior, na sua parte articular, como o local de maior mudança degenerativa. Ele pensava que processos degenerativos em associação com trauma eram responsáveis pela ruptura do manguito. Sua teoria continua recebendo o suporte daqueles que consideram a lesão degenerativa como começando pelo lado articular dos tendões. Foi observado um suprimento vascular esparso na inserção do supraespinhoso, correspondente a sua parte articular e uma rica vascularização no lado bursal. Autópsias em cadáveres demonstraram que a maioria das lesões ocorria no lado articular, sugerindo que as mudanças degenerativas e o suprimento vascular insuficiente eram fatores patogênicos importantes, havendo evidências claras de preexistirem mudanças degenerativas relacionadas à idade como consequência de micro trauma. Portanto, todos esses indicativos nos levam a crer que a doença do manguito seja uma tendinopatia intrínseca causada por avascularidade e relacionada com a idade. Extrínsecas ou Traumáticas Para Nirschl et al, 90 a 95% das anormalidades do manguito são secundárias a trauma, sobrecarga em tensão ou excesso de uso. Em 1972, Neer descreveu que o atrito anormal entre o arco coracoacromial e os tendões seria a causa da lesão que ele denominou de síndrome do impacto subacromial. Em adição, fricção e atrito na superfície do acrômio poderiam agravar as mudanças degenerativas do manguito, conduzindo a uma lesão completa. Bigliani et al descreveram tipos morfológicos de acrômio (planos, curvos e ganchosos) e que as lesões eram iniciadas pelo impacto subacromial; Carla Bertelli – 5° Período na presença de acrômios curvos e ganchosos, a predisposição seria maior. A literatura atual vem mostrando que os fatores extrínsecos, como o esporão acromial, têm papel secundário na lesão do manguito rotador e que sua etiologia, na verdade, é multifatorial. As alterações do manguito são devidas a fatores intrínsecos, como lesão degenerativa intrassubstancial ou tendinose, causada por avascularidade e a idade. Isso levaria à falência de suas fibras e, consequentemente, a diminuição funcional. Esta facilitaria a ascensão da cabeça umeral, levando-a ao impacto secundário na região subacromial. Como a cabeça umeral fica contida no arco coracoacromial, resultaria também, em decorrência, modificação estrutural secundária no formato do acrômio. Recentemente, descreveram-se lesões intra-articulares secundárias ao impacto interno principalmente em jovens atletas arremessadores. A interação repetitiva entre a superfície interna do manguito e a glenóide póstero-superior seria o fator responsável por tal lesão. Walch et al e Paley et al, independentemente, descreveram a ocorrência de contato entre a superfície interna do manguito e a borda póstero-superior da glenóide quando o braço se encontra em abdução/rotação externa e extensão. Eles concluíram que as mudanças observadas no manguito e labrum eram resultado de um impacto interno. O estudo original de Walch et al incluiu jogadores de vôlei e tênis e mostrou que 76% dos pacientes tinham lesões articulares e 71%, esgarçamento do labrum póstero- superior. Estudos em cadáver e clínicos - durante artroscopia em vivo – demonstraram que o contato entre o manguito e a glenóide póstero-superior poderia ser fisiológico. No entanto, com as atividades atléticas esse contato fisiológico poderia ser mais intenso e frequente, levando com o tempo ao desenvolvimento de impacto e dor. Desde a descrição original, três modelos de impacto interno têm sido discutidos: Andrews e Dugas demonstraram que arremessadores de beisebol apresentavam, com frequência, frouxidão da cápsula anterior da glenoumeral, representada clinicamente por excessiva rotação externa e restrição da rotação interna, concluindo que o impacto interno seria atribuído a instabilidade glenoumeral nos mais variados graus Pensa-se que a sobrecarga de tensão ocorre quando a capacidade do manguito rotador de comprimir e manter a estabilidade da articulação glenoumeral é sobrecarregada pelas forças distrativas de arremesso ou trauma. Em outras palavras, a fraqueza do músculo do manguito rotador permite subluxar a articulação glenoumeral, levando ao impacto, o que contribui para o desenvolvimento de lesões no manguito rotador. Segundo Paley et al, os atletas têm estiramento da cápsula anterior e isso levaria ao impacto interno, mas não reconheceram a contratura da cápsula posterior. Burkhart e Morgan demonstraram que a cápsula posterior,quando contraturada, determina uma translação imprópria da cabeça umeral, causando lesão da origem do bíceps na borda superior da glenóide, e que o contato repetitivo com a superfície articular do manguito pode causar desgarro do labrum póstero- superior (chamado de mecanismo Peel Back), levando a delaminação junto a glenoide póstero-superior. Mais recentemente, tem-se tentado demonstrar que o impacto interno não é condição exclusiva de atletas arremessadores, mas que ocorre também na população em geral, durante o movimento de flexão provocada pelas atividades forçadas de vida diária e não apenas em abdução/rotação externa/extensão. Na maioria das vezes, as lesões do manguito rotador começam como rasgos parciais da superfície inferior ou porção articular do tendão supraespinhoso. Com o tempo, eles podem progredir para ruptura de espessura total, incluindo os tendões supraespinhoso, infraespinhoso, subescapular e bíceps. Evolução da Patologia do Manguito Rotador Fase I. Edema e hemorragia (inflamação) reversíveis. Ocorrem, em geral, em pacientes jovens, devido ao excesso do uso do membro superior no esporte ou no trabalho. As lesões por esforços repetitivos são incluídas nessa fase. O tratamento adequado é o conservador. O ideal é que sejam realizados o tratamento da sintomatologia dolorosa e o posterior reforço muscular (rotadores internos e externos e cintura escapular), com o objetivo de aliviar o fenômeno de impacto. O afastamento da causa da lesão é o fator essencial para evitar a recidiva. Fase II. Fibrose e tendinite (ruptura parcial) do manguito rotador. Ocorrem de maneira crônica e intermitente, em indivíduos jovens ou adultos. Os sinais clínicos são clássicos e descritos a seguir. Nesses casos, o tratamento conservador costuma ser suficiente apenas nos primeiros episódios dolorosos. A acromioplastia tem Carla Bertelli – 5° Período indicação nessa fase, aliviando os sintomas dolorosos. Além disso, o tratamento artroscópico permite avaliar e tratar lesões associadas do cabo longo do bíceps e da articulação acromioclavicular, outros locais que originam dor. É considerada por alguns autores como cirurgia “profilática”. A acromioplastia não previne a ruptura do manguito, que pode ocorrer anos mais tarde, já que a evolução natural da doença ocorre ao longo do tempo. Fase III. Ruptura completa do manguito com alterações ósseas típicas ao raio X simples (esclerose óssea, cistos subcondrais, osteófitos na porção anterior e na articulação acromioclavicular e contato da cabeça do úmero com o acrômio, nos casos de ruptura maciça) Ocorre, em geral, em pacientes acima dos 50 anos. O diagnóstico é clínico, mas a confirmação por imagem pode ser obtida por ecografia ou ressonância magnética (RM). O tratamento conservador pode ser considerado para alívio da dor e reforço muscular para manutenção da função; essa forma de tratamento está indicada em indivíduos muito idosos, com sintomas dolorosos mínimos, sedentários ou com contraindicação clínica (hipertensos graves, diabetes avançado, etc.). A maioria dos pacientes se beneficia com o tratamento cirúrgico, cujo objetivo é reconstruir o manguito rotador, diminuindo o quadro doloroso e, ao longo do tempo, aumentando a força para as atividades do dia a dia. Muitos autores, dentre eles Matsen, realizam o reparo das lesões do manguito rotador sem acromioplastia, por considerar que a lesão é degenerativa e não sofre a influência do acrômio Classificação As lesões do manguito rotador podem ser classificadas conforme a duração (crônica ou aguda), a extensão (total e parcial) e a etiologia (traumática ou degenerativa). As lesões parciais podem ser intratendíneas (intrassubstanciais), bursais ou articulares As lesões do manguito rotador podem ser classificadas de várias maneiras: em relação à espessura (parciais ou não transfixantes e completas ou transfixantes), ao tamanho da lesão quando completa (pequena, < 1cm; média, de 1 a 3cm; grande, de 3 a 5cm; e maciça, de mais de 5cm), ao grau de retração do coto tendinoso em relação à cabeça umeral (distais ou periinsercionais, intermediárias e proximais), à cronologia (agudas, crônicas e crônicas agudizadas) e à etiologia (traumáticas, microtraumáticas, degenerativas, associadas às instabilidades, etc) As lesões parciais podem ser classificadas de acordo com a sua localização (bursal, articular e intratendinosa) e de acordo com a sua espessura e o seu tamanho (grau I = 25% ou até 3mm; grau II = 50% ou de 3 a 6mm; e grau III = 50% ou > 6mm). Neer classificou as lesões do manguito rotador em três estágios: I = edema e hemorragia, idade típica < 25 anos; II = fibrose e tendinite, idade típica entre 25 e 40 anos; e III = osteófitos e ruptura tendinosa, idade típica > 40 anos. Fukuda modificou a classificação de Neer, colocando as lesões parciais em um estágio II modificado Quadro Clínico A dor é o principal sintoma. Habitualmente, ela se localiza na região ântero-lateral do ombro e face lateral do braço e sua intensidade é variável. A maioria dos pacientes se queixa de dor noturna e dificuldade ou incapacidade de deitar-se sobre o lado afetado, sendo este um aspecto muito característico e constante da doença do manguito rotador No exame físico são pesquisadas assimetrias das cinturas escapulares, atrofias das fossas supra e infra-espinhais, cicatrizes e deformidades da coluna cervicotorácica. A mensuração das amplitudes ativas e passivas dos ombros é imprescindível para a diferenciação com outras lesões (capsulite adesiva, artrose glenoumeral) A presença de crepitações à rotação passiva do ombro, muitas vezes dolorosa, é também bastante sugestiva e característica. Os sinais de irritação do manguito rotador podem ser demonstrados por diversas manobras: as de Neer, Hawkins e Yochum para o impacto ântero-supe- rior e as de Speed (palm-up test), Yergason e O’Brien para o bíceps e a âncora do bíceps. Um arco doloroso de 60º a 120º de abdução no plano da escápula é também um sinal irritativo. Algumas manobras permitem avaliar componentes específicos do manguito rotador: o teste de Jobe para o supraespinhoso, os testes de Gerber (lift-off e o belly-press) e o aumento da rotação externa em abdução para o subescapular e o teste de Patte para o infra-espinhoso e o redondo menor. • Dor proporcional ao grau de inflamação e necrose, e não ao tamanho da ruptura Carla Bertelli – 5° Período • Crepitação • Força Muscular (abdução e rotação extena diminuídas) • Contratura (capsulite adesiva) • Tendinite ou ruptura da cabeça longa do bíceps Diagnóstico As lesões do manguito rotador são avaliadas por meio de radiografias, artrografia, ultra-sonografia, ressonância magnética e artrorressonância magnética. As radiografias simples do ombro, embora não permitam a visualização das lesões, podem mostrar sinais indiretos importantes, tais como esclerose e cistos do acrômio e do tubérculo maior (indicativos de impacto crônico), além da morfologia do acrômio e a medida do espaço acromioumeral (distância entre o acrômio anterior e a parte mais alta da cabeça umeral na incidência ânteroposterior, que varia de 7 a 12mm e pode estar diminuída nas lesões do manguito rotador) • A artrografia, outrora muito utilizada, permite o diagnóstico de lesões parciais articulares e lesões completas. • A ultra-sonografia é um método barato, não invasivo e eficaz. Tem a desvantagem de não permitir a avaliação quantitativa fidedigna do manguito rotador remanescente e de ser operador-dependente. • A ressonância magnética é considerada como método mais acurado para a detecçãodas lesões e para a avaliação da sua extensão, da qualidade do tecido remanescente e da quantificação da degeneração gordurosa dos ventres musculares do manguito rotador. Farmacodinâmica dos Opioides Os opioides são uma classe de medicamentos usados principalmente para o alívio da dor intensa. Eles atuam interagindo com os receptores opioides presentes no sistema nervoso central e periférico. Existem três principais tipos de receptores opioides: mu, delta e kappa. Os opioides são um grupo de medicamentos que são frequentemente prescritos para o alívio da dor intensa ou crônica. Eles funcionam ligando-se aos receptores opioides no cérebro e na medula espinhal, reduzindo a transmissão da dor. Os opioides atuam promovendo a abertura dos canais de potássio e a inibição da abertura de canais de cálcio controlados por voltagem. Causando assim, hiperpolarização e redução da excitabilidade neuronal. Além disso, ocorre redução da liberação de transmissores (pela inibição da entrada de Ca2+). Os opioides podem ser classificados como agonistas puros, agonistas-antagonistas ou antagonistas puros. Os agonistas puros, como a morfina e a hidrocodona, ativam os receptores opioides, produzindo um efeito analgésico significativo. Os agonistas-antagonistas, como a buprenorfina, ativam alguns receptores opioides e bloqueiam outros, produzindo um efeito analgésico mais fraco. Os antagonistas puros, como a naloxona, bloqueiam completamente os receptores opioides, revertendo os efeitos dos opioides. • Agonistas Puros – Morfina, Fentalina, Petidina • Agonistas Parciais – Pentazocina, Buprenofeina • Antagonistas – Naloxano, Naltrexona • Forte – Morfina, Petidina, Sulfentanila, Fentalina • Intermediária – Pentazocina, Oxidacano • Fraco – Codeína, Tramadol • Natural – Morfina, Codeína • Semissintético – Heroína, Oxicadona • Sintético – Metadona, Petidina, Fentanila No entanto, o uso prolongado de opioides pode levar à dependência, tolerância e overdose. Por isso, é importante que os opioides sejam prescritos com cautela e monitorados de perto pelo médico e pelo paciente. Aspectos Legais da Saúde do Trabalhador A saúde do trabalhador é uma área importante do campo da medicina ocupacional e da saúde pública, que se concentra em proteger e promover a saúde dos trabalhadores em seus ambientes de trabalho. Os aspectos legais da saúde do trabalhador referem-se às Carla Bertelli – 5° Período leis, regulamentações e direitos que visam garantir a segurança, a proteção e o bem-estar dos trabalhadores. Um marco legal fundamental na área da saúde do trabalhador é a Convenção nº 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece o papel dos governos na promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis. Muitos países também possuem legislações específicas relacionadas à saúde e segurança no trabalho, que impõem obrigações aos empregadores para fornecer um ambiente de trabalho seguro e saudável, além de proteger os direitos dos trabalhadores. Além disso, as leis trabalhistas geralmente incluem disposições sobre horas de trabalho, períodos de descanso, licença médica, compensação por acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, entre outros aspectos relevantes para a saúde do trabalhador. Essas leis podem variar de país para país, mas seu objetivo comum é garantir que os trabalhadores tenham condições de trabalho adequadas e proteção contra riscos ocupacionais. As autoridades governamentais, como os ministérios do trabalho e as agências reguladoras, desempenham um papel fundamental na implementação e fiscalização das leis e regulamentos relacionados à saúde do trabalhador. Elas podem realizar inspeções nos locais de trabalho, impor penalidades por violações das normas de segurança e saúde, e oferecer orientação e recursos para os empregadores e trabalhadores. Os profissionais de saúde, especialmente os médicos do trabalho, também têm responsabilidades legais no campo da saúde do trabalhador. Eles devem seguir códigos de ética profissional, cumprir obrigações de confidencialidade, relatar casos de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, e fornecer atendimento médico adequado aos trabalhadores.
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