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APG 30 - Manguito Rotador

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Carla Bertelli – 5° Período 
Manguito Rotador 
1. Revisar a morfofisiologia da articulação do ombro; 
2. Discutir a fisiopatologia da Síndrome do manguito rotador. 
3. Conhecer a farmacodinâmica dos opioides. 
4. Discutir os aspectos legais da saúde do trabalhador. 
 
Morfofisiologia do Ombro 
O ombro é a articulação de maior amplitude de 
Movimento do corpo humano, por isso é uma das mais 
vulneráveis a lesões. Possui uma complexa estrutura 
anatômica composta por 3 diartroses: glenoumeral, 
acromioclavicular e esternoclavicular. 
O ombro é composto por três ossos: a escápula, a 
clavícula e o úmero. A escápula se articula com o úmero 
por meio da cavidade glenoidal e com a clavícula por 
meio do acrômio, assim como com a caixa torácica. As 
fraturas de clavícula estão entre as fraturas mais comuns 
da infância. O mecanismo típico de fratura é uma queda 
sobre a ponta do ombro. 
A articulação do ombro é constituída por quatro 
elementos: (1) a articulação acromioclavicular que conecta 
a clavícula ao acrômio da escápula; (2) a articulação 
esternoclavicular que conecta o esterno à clavícula; (3) a 
articulação glenoumeral que conecta a cabeça do úmero 
à cavidade glenoidal relativamente rasa na escápula; e (4) 
a articulação toracoescapular que conecta a face 
posterior da caixa torácica e a face anterior da escápula.A 
estabilidade dessas articulações é conferida por vários 
músculos e tendões. Entorses da articulação 
acromioclavicular podem ser decorrentes de forças 
diretas ou indiretas, como esportes de contato ou 
quedas.O local mais comum de luxação do ombro é a 
articulação glenoumeral. As luxações mais graves 
envolvem a luxação anterior da cabeça do úmero em 
relação à cavidade glenoidal, o resultado de o ombro ser 
abduzido e forçadamente estendido e rodado. Outros 
mecanismos incluem a queda sobre o braço estendido 
ou um golpe na parte posterior do ombro. 
O movimento do braço envolve a ação coordenada dos 
músculos do manguito rotador (músculos supraespinal, 
redondo menor, infraespinal, subescapular) e suas 
inserções musculotendíneas. Estes músculos são 
separados do arco coracoacromial sobrejacente por duas 
bolsas, a subdeltóidea e subcoracoide, às vezes chamadas 
de bolsas subacromiais e que muitas vezes se 
comunicam e são afetadas pelas lesões do manguito 
rotador. 
Possui 3 sistemas osteotenomioligamentares de 
deslizamento: subacromial, umerobiciptal e 
escapulotorácico. Além disso, tem 14 ligamentos e 19 
músculos. 
Os músculos que fazem parte do manguito rotador são: 
supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e 
subescapular. O tendão supraespinhal insere-se no 
tubérculo ou tuberosidade maior do úmero, junto ao 
infraespinal e ao redondo menor. O subescapular insere-
se no tubérculo ou na tuberosidade menor. 
Quando a elevação ocorre, provoca impacto da 
tuberosidade maior do úmero contra o acrômio. 
 
 
 
Manguito Rotador 
 
 Carla Bertelli – 5° Período 
 
Superfícies Articulares Da Articulação Escâpulo-Umeral: 
Cabeça umeral; Cavidade glenóide da escápula; Lábio 
glenóide 
A Cápsula E Os Ligamentos Do Ombro Os ligamentos da 
articulação escapuloumeral: Ligamento coracoumeral, 
ligamento glenoumeral, ligamento coracoglenoide, 
ligamento coracoide e o ligamento espinhoglenóide. 
Músculos Motores Da Cintura Escapular: Os quatro 
músculos responsáveis da abdução, são os seguintes: 
• Deltoide; 
• Supraespinhoso; 
Estes dois músculos formam um par funcional, motor da 
abdução da articulação escapuloumeral. 
• Serrátil anterior; 
• Trapézio; 
Estes dois músculos formam um par funcional, motor da 
abdução da articulação escápulo-torácica. 
Participam também os músculos subescapular, 
infraespinhoso e redondo menor. Por último, o tendão da 
porção longa do bíceps é também motor da abdução, 
já que a sua ruptura produz uma perda de 20% da força 
da abdução. 
 
As queixas clinicas básicas de doenças que acometem o 
ombro podem ser divididas em 2 grandes grupos: 
• Ligadas à dor e a limitação da mobilidade 
• Relacionadas à instabilidade 
 
O efeito compressivo exercido pelo MR é relativamente 
independentemente da posição em que se encontra a 
articulação, embora nos movimentos de deslizamento e 
translação sua função se alterne. Em abdução e rotação 
neutra, o infra-espinhoso é depressor da cabeça umeral, 
mas em abdução e rotação externa, ele se torna 
elevador. O infra-espinhoso, juntamente com o redondo 
menor, são os únicos rotadores externos 
• O subescapular é depressor mais efetivo em rotação 
externa. Tem pouco efeito na translação ântero-
posterior em abdução e rotação externa, sendo 
importante rotador interno nos últimos graus desse 
movimento. 
• O supra-espinhoso é importante estabilizador e 
compressor da cabeça umeral e está ativo em 
qualquer movimento envolvendo a elevação do 
membro superior 
 
 
O arco acromial é formado pela porção anteroinferior do 
acrômio, pelo ligamento coracoacromial (LCA) e pelo 
processo coracoide. Essas estruturas determinam 
compressão sobre os músculos do manguito rotador: o 
supraespinal (SE), com grande intensidade, o infraespinal 
 Carla Bertelli – 5° Período 
(IE) e o subescapular (SU), com menor intensidade. A 
cabeça longa do bíceps e a bolsa subacromial são 
igualmente comprimidas. AAC, articulação 
acromioclavicular. 
 
 Os ligamentos do processo coracoide são o 
coracoumeral (LCU), coracoacromial (LCA), trapezoide e 
conoide. No processo coracoide, origina-se o tendão 
conjunto (cabeça curta do bíceps, coracobraquial e 
peitoral menor). LAC, ligamento acromioclavicular; CLB, 
cabeça longa do bíceps. 
 
 
 
 
 
Lesão do Manguito Rotador 
As lesões do manguito rotador representam um 
espectro de doenças que vão de uma tendinite aguda a 
uma lesão maciça comprometendo todos seus 
componentes. Sua prevalência é alta e varia de 7 a 40%, 
aumentando de acordo com a idade. 
As lesões do manguito rotador constituem uma causa 
frequente de dor no ombro em pessoas de todas as 
idades. Essa condição patológica representa um espectro 
de doenças, que varia de uma tendinite aguda reversível 
até uma lesão maciça envolvendo todos os seus 
componentes. 
A Síndrome do Manguito Rotador é uma condição 
caracterizada pela degeneração, lesão ou inflamação dos 
tendões do manguito rotador. Pode ocorrer devido a 
vários fatores, como trauma agudo, desgaste crônico, 
uso excessivo ou envelhecimento. 
A fisiopatologia da Síndrome do Manguito Rotador 
envolve um processo inflamatório crônico nos tendões 
do manguito rotador. A lesão repetitiva ou o 
envelhecimento podem levar a microtraumas nos 
tendões, resultando em degeneração progressiva. A 
resposta inflamatória inclui a liberação de citocinas, 
aumento da atividade de enzimas degradativas e 
diminuição da síntese de colágeno, levando à 
deterioração e enfraquecimento dos tendões. 
vascularização e impacto subacromial são os fatores 
citados com mais frequência. As lesões traumáticas 
recebem atenção especial, embora a maioria dos 
pacientes com ruptura completa do manguito não tenha 
lembranças de qualquer trauma direto. O manguito 
rotador envelhece biologicamente, e grande parte das 
lesões ocorre após os 40 anos de vida do indivíduo. 
Os principais fatores de risco incluem idade avançada, 
atividades que envolvem movimentos repetitivos do 
ombro, história de lesões no ombro, anatomia anormal 
do ombro e fatores genéticos. Os sintomas comuns da 
Síndrome do Manguito Rotador incluem dor no ombro, 
fraqueza, limitação de movimento e dificuldade em 
realizar atividades que envolvem o uso do braço afetado 
Existem duas causas básicas para a patogênese das 
lesões do MR que são as causas: 1) intrínsecas e 2) 
extrínsecas outraumáticas 
De maneira didática, pode-se agrupar as lesões do 
manguito rotador conforme o fator desencadeante: 
extrínseco – impacto mecânico, defendido por Neer – 
 Carla Bertelli – 5° Período 
ou intrínseco – hipovascularização tendínea, defendida 
por Uhthoff e colaboradores. Além disso, é possível 
classificar as tendinopatias em primárias (aumento de 
volume das estruturas no espaço subacromial – bursite, 
tendinite calcária) ou secundárias (estreitamento do 
espaço subacromial – calcificação do ligamento 
coracoacromial, fratura deslocada do tubérculo maior). 
Esse assunto será revisto na seção “Efeitos 
degenerativos do manguito rotador 
Vários fatores contribuíram para o aumento do número 
de diagnósticos dessas patologias nos últimos anos: 
•Aumento da expectativa média de vida e o conceito de 
que o adulto e o idoso também devem praticar atividades 
físicas. A patologia do manguito rotador ocorre com 
maior frequência a partir dos 40 a 50 anos e sua 
incidência aumenta geometricamente nas décadas 
seguintes. 
•Grande desenvolvimento dos esportes que utilizam o 
membro superior, como vôlei, basquete, tênis, natação, 
lutas marciais, esportes radicais, entre outros. Sabe-se 
que tais atividades predispõem à compressão do 
manguito rotador e ao aparecimento de sintomas, 
mesmo em indivíduos entre 20 e 30 anos. 
•Desenvolvimento dos métodos diagnósticos clínicos e 
radiológicos modernos. 
•Maior entendimento da patologia cirúrgica e de suas 
formas de tratamento pela melhor educação ortopédica. 
•Conhecimento dos métodos de reabilitação. 
Trauma. O paciente refere que caiu sobre o membro 
afetado, que sofreu uma luxação glenoumeral traumática, 
que um estiramento abrupto aconteceu enquanto 
realizava alguma atividade com os membros elevados, 
entre outras causas. O fator trauma deve ser pesquisado 
na história clínica, mesmo não possuindo percentual 
expressivo na maioria das séries cirúrgicas. É preciso 
estar atento aos casos de ruptura do manguito rotador 
associada a luxação glenoumeral traumática, sobretudo 
em pacientes com idade superior a 40 anos. 
Impacto subacromial primário – teoria da degeneração 
extrínseca. Determinante do atrito e da degeneração do 
manguito, é um fenômeno conhecido há muito tempo. 
Foi Charles Neer que demonstrou claramente a relação 
entre o fenômeno de impacto e a degeneração do 
manguito rotador. Segundo ele, a elevação do membro 
superior ocorre, em geral, em flexão, e não em abdução. 
O impacto se dá contra a porção anteroinferior do 
acrômio, o ligamento coracoacromial e a articulação 
acromioclavicular. Conforme Gerber e colaboradores, a 
ponta do processo coracoide também pode colaborar 
com o impacto sobre o músculo subescapular, fenômeno 
conhecido como impacto do processo coracoide. 
 
Intrínsecas: 
Processo degenerativo relacionado ao envelhecimento 
natural dos tendões (entesopatia), devido a mudanças na 
vascularização do manguito ou outras alterações 
metabólicas associadas com a idade. Segundo Neer, 
Codman, em 1934, foi o primeiro a descrever a "zona 
crítica", uma porção do tendão do supraespinhoso 
localizada a 1cm medial à sua inserção no tubérculo maior, 
na sua parte articular, como o local de maior mudança 
degenerativa. Ele pensava que processos degenerativos 
em associação com trauma eram responsáveis pela 
ruptura do manguito. Sua teoria continua recebendo o 
suporte daqueles que consideram a lesão degenerativa 
como começando pelo lado articular dos tendões. 
Foi observado um suprimento vascular esparso na 
inserção do supraespinhoso, correspondente a sua parte 
articular e uma rica vascularização no lado bursal. 
Autópsias em cadáveres demonstraram que a maioria 
das lesões ocorria no lado articular, sugerindo que as 
mudanças degenerativas e o suprimento vascular 
insuficiente eram fatores patogênicos importantes, 
havendo evidências claras de preexistirem mudanças 
degenerativas relacionadas à idade como consequência 
de micro trauma. Portanto, todos esses indicativos nos 
levam a crer que a doença do manguito seja uma 
tendinopatia intrínseca causada por avascularidade e 
relacionada com a idade. 
 
Extrínsecas ou Traumáticas 
Para Nirschl et al, 90 a 95% das anormalidades do 
manguito são secundárias a trauma, sobrecarga em 
tensão ou excesso de uso. Em 1972, Neer descreveu que 
o atrito anormal entre o arco coracoacromial e os 
tendões seria a causa da lesão que ele denominou de 
síndrome do impacto subacromial. Em adição, fricção e 
atrito na superfície do acrômio poderiam agravar as 
mudanças degenerativas do manguito, conduzindo a uma 
lesão completa. Bigliani et al descreveram tipos 
morfológicos de acrômio (planos, curvos e ganchosos) e 
que as lesões eram iniciadas pelo impacto subacromial; 
 Carla Bertelli – 5° Período 
na presença de acrômios curvos e ganchosos, a 
predisposição seria maior. A literatura atual vem 
mostrando que os fatores extrínsecos, como o esporão 
acromial, têm papel secundário na lesão do manguito 
rotador e que sua etiologia, na verdade, é multifatorial. As 
alterações do manguito são devidas a fatores intrínsecos, 
como lesão degenerativa intrassubstancial ou tendinose, 
causada por avascularidade e a idade. Isso levaria à falência 
de suas fibras e, consequentemente, a diminuição 
funcional. Esta facilitaria a ascensão da cabeça umeral, 
levando-a ao impacto secundário na região subacromial. 
Como a cabeça umeral fica contida no arco 
coracoacromial, resultaria também, em decorrência, 
modificação estrutural secundária no formato do acrômio. 
 
Recentemente, descreveram-se lesões intra-articulares 
secundárias ao impacto interno principalmente em 
jovens atletas arremessadores. A interação repetitiva 
entre a superfície interna do manguito e a glenóide 
póstero-superior seria o fator responsável por tal lesão. 
Walch et al e Paley et al, independentemente, 
descreveram a ocorrência de contato entre a superfície 
interna do manguito e a borda póstero-superior da 
glenóide quando o braço se encontra em 
abdução/rotação externa e extensão. Eles concluíram 
que as mudanças observadas no manguito e labrum 
eram resultado de um impacto interno. O estudo original 
de Walch et al incluiu jogadores de vôlei e tênis e 
mostrou que 76% dos pacientes tinham lesões 
articulares e 71%, esgarçamento do labrum póstero-
superior. Estudos em cadáver e clínicos - durante 
artroscopia em vivo – demonstraram que o contato 
entre o manguito e a glenóide póstero-superior poderia 
ser fisiológico. No entanto, com as atividades atléticas esse 
contato fisiológico poderia ser mais intenso e frequente, 
levando com o tempo ao desenvolvimento de impacto e 
dor. 
Desde a descrição original, três modelos de impacto 
interno têm sido discutidos: Andrews e Dugas 
demonstraram que arremessadores de beisebol 
apresentavam, com frequência, frouxidão da cápsula 
anterior da glenoumeral, representada clinicamente por 
excessiva rotação externa e restrição da rotação interna, 
concluindo que o impacto interno seria atribuído a 
instabilidade glenoumeral nos mais variados graus 
Pensa-se que a sobrecarga de tensão ocorre quando a 
capacidade do manguito rotador de comprimir e manter 
a estabilidade da articulação glenoumeral é 
sobrecarregada pelas forças distrativas de arremesso ou 
trauma. Em outras palavras, a fraqueza do músculo do 
manguito rotador permite subluxar a articulação 
glenoumeral, levando ao impacto, o que contribui para o 
desenvolvimento de lesões no manguito rotador. 
Segundo Paley et al, os atletas têm estiramento da 
cápsula anterior e isso levaria ao impacto interno, mas 
não reconheceram a contratura da cápsula posterior. 
Burkhart e Morgan demonstraram que a cápsula 
posterior,quando contraturada, determina uma 
translação imprópria da cabeça umeral, causando lesão 
da origem do bíceps na borda superior da glenóide, e 
que o contato repetitivo com a superfície articular do 
manguito pode causar desgarro do labrum póstero-
superior (chamado de mecanismo Peel Back), levando a 
delaminação junto a glenoide póstero-superior. 
Mais recentemente, tem-se tentado demonstrar que o 
impacto interno não é condição exclusiva de atletas 
arremessadores, mas que ocorre também na população 
em geral, durante o movimento de flexão provocada 
pelas atividades forçadas de vida diária e não apenas em 
abdução/rotação externa/extensão. Na maioria das 
vezes, as lesões do manguito rotador começam como 
rasgos parciais da superfície inferior ou porção articular 
do tendão supraespinhoso. Com o tempo, eles podem 
progredir para ruptura de espessura total, incluindo os 
tendões supraespinhoso, infraespinhoso, subescapular e 
bíceps. 
 
Evolução da Patologia do Manguito Rotador 
Fase I. Edema e hemorragia (inflamação) reversíveis. 
Ocorrem, em geral, em pacientes jovens, devido ao 
excesso do uso do membro superior no esporte ou no 
trabalho. As lesões por esforços repetitivos são incluídas 
nessa fase. O tratamento adequado é o conservador. O 
ideal é que sejam realizados o tratamento da 
sintomatologia dolorosa e o posterior reforço muscular 
(rotadores internos e externos e cintura escapular), com 
o objetivo de aliviar o fenômeno de impacto. O 
afastamento da causa da lesão é o fator essencial para 
evitar a recidiva. 
Fase II. Fibrose e tendinite (ruptura parcial) do manguito 
rotador. Ocorrem de maneira crônica e intermitente, em 
indivíduos jovens ou adultos. Os sinais clínicos são 
clássicos e descritos a seguir. Nesses casos, o tratamento 
conservador costuma ser suficiente apenas nos 
primeiros episódios dolorosos. A acromioplastia tem 
 Carla Bertelli – 5° Período 
indicação nessa fase, aliviando os sintomas dolorosos. 
Além disso, o tratamento artroscópico permite avaliar e 
tratar lesões associadas do cabo longo do bíceps e da 
articulação acromioclavicular, outros locais que originam 
dor. É considerada por alguns autores como cirurgia 
“profilática”. A acromioplastia não previne a ruptura do 
manguito, que pode ocorrer anos mais tarde, já que a 
evolução natural da doença ocorre ao longo do tempo. 
Fase III. Ruptura completa do manguito com alterações 
ósseas típicas ao raio X simples (esclerose óssea, cistos 
subcondrais, osteófitos na porção anterior e na 
articulação acromioclavicular e contato da cabeça do 
úmero com o acrômio, nos casos de ruptura 
maciça) Ocorre, em geral, em pacientes acima dos 50 
anos. O diagnóstico é clínico, mas a confirmação por 
imagem pode ser obtida por ecografia ou ressonância 
magnética (RM). O tratamento conservador pode ser 
considerado para alívio da dor e reforço muscular para 
manutenção da função; essa forma de tratamento está 
indicada em indivíduos muito idosos, com sintomas 
dolorosos mínimos, sedentários ou com contraindicação 
clínica (hipertensos graves, diabetes avançado, etc.). A 
maioria dos pacientes se beneficia com o tratamento 
cirúrgico, cujo objetivo é reconstruir o manguito rotador, 
diminuindo o quadro doloroso e, ao longo do tempo, 
aumentando a força para as atividades do dia a dia. Muitos 
autores, dentre eles Matsen, realizam o reparo das lesões 
do manguito rotador sem acromioplastia, por considerar 
que a lesão é degenerativa e não sofre a influência do 
acrômio 
 
Classificação 
As lesões do manguito rotador podem ser classificadas 
conforme a duração (crônica ou aguda), a extensão (total 
e parcial) e a etiologia (traumática ou degenerativa). As 
lesões parciais podem ser intratendíneas 
(intrassubstanciais), bursais ou articulares 
As lesões do manguito rotador podem ser classificadas 
de várias maneiras: em relação à espessura (parciais ou 
não transfixantes e completas ou transfixantes), ao 
tamanho da lesão quando completa (pequena, < 1cm; 
média, de 1 a 3cm; grande, de 3 a 5cm; e maciça, de 
mais de 5cm), ao grau de retração do coto tendinoso 
em relação à cabeça umeral (distais ou periinsercionais, 
intermediárias e proximais), à cronologia (agudas, crônicas 
e crônicas agudizadas) e à etiologia (traumáticas, 
microtraumáticas, degenerativas, associadas às 
instabilidades, etc) 
As lesões parciais podem ser classificadas de acordo com 
a sua localização (bursal, articular e intratendinosa) e de 
acordo com a sua espessura e o seu tamanho (grau I = 
25% ou até 3mm; grau II = 50% ou de 3 a 6mm; e grau 
III = 50% ou > 6mm). 
Neer classificou as lesões do manguito rotador em três 
estágios: I = edema e hemorragia, idade típica < 25 anos; 
II = fibrose e tendinite, idade típica entre 25 e 40 anos; 
e III = osteófitos e ruptura tendinosa, idade típica > 40 
anos. 
Fukuda modificou a classificação de Neer, colocando as 
lesões parciais em um estágio II modificado 
 
Quadro Clínico 
A dor é o principal sintoma. Habitualmente, ela se localiza 
na região ântero-lateral do ombro e face lateral do braço 
e sua intensidade é variável. A maioria dos pacientes se 
queixa de dor noturna e dificuldade ou incapacidade de 
deitar-se sobre o lado afetado, sendo este um aspecto 
muito característico e constante da doença do manguito 
rotador 
No exame físico são pesquisadas assimetrias das cinturas 
escapulares, atrofias das fossas supra e infra-espinhais, 
cicatrizes e deformidades da coluna cervicotorácica. A 
mensuração das amplitudes ativas e passivas dos ombros 
é imprescindível para a diferenciação com outras lesões 
(capsulite adesiva, artrose glenoumeral) 
A presença de crepitações à rotação passiva do ombro, 
muitas vezes dolorosa, é também bastante sugestiva e 
característica. Os sinais de irritação do manguito rotador 
podem ser demonstrados por diversas manobras: as de 
Neer, Hawkins e Yochum para o impacto ântero-supe-
rior e as de Speed (palm-up test), Yergason e O’Brien 
para o bíceps e a âncora do bíceps. Um arco doloroso 
de 60º a 120º de abdução no plano da escápula é 
também um sinal irritativo. Algumas manobras permitem 
avaliar componentes específicos do manguito rotador: o 
teste de Jobe para o supraespinhoso, os testes de 
Gerber (lift-off e o belly-press) e o aumento da rotação 
externa em abdução para o subescapular e o teste de 
Patte para o infra-espinhoso e o redondo menor. 
• Dor proporcional ao grau de inflamação e necrose, 
e não ao tamanho da ruptura 
 Carla Bertelli – 5° Período 
• Crepitação 
• Força Muscular (abdução e rotação extena 
diminuídas) 
• Contratura (capsulite adesiva) 
• Tendinite ou ruptura da cabeça longa do bíceps 
 
Diagnóstico 
As lesões do manguito rotador são avaliadas por meio de 
radiografias, artrografia, ultra-sonografia, ressonância 
magnética e artrorressonância magnética. As radiografias 
simples do ombro, embora não permitam a visualização 
das lesões, podem mostrar sinais indiretos importantes, 
tais como esclerose e cistos do acrômio e do tubérculo 
maior (indicativos de impacto crônico), além da morfologia 
do acrômio e a medida do espaço acromioumeral 
(distância entre o acrômio anterior e a parte mais alta da 
cabeça umeral na incidência ânteroposterior, que varia 
de 7 a 12mm e pode estar diminuída nas lesões do 
manguito rotador) 
• A artrografia, outrora muito utilizada, permite o 
diagnóstico de lesões parciais articulares e lesões 
completas. 
• A ultra-sonografia é um método barato, não invasivo 
e eficaz. Tem a desvantagem de não permitir a 
avaliação quantitativa fidedigna do manguito rotador 
remanescente e de ser operador-dependente. 
• A ressonância magnética é considerada como 
método mais acurado para a detecçãodas lesões e 
para a avaliação da sua extensão, da qualidade do 
tecido remanescente e da quantificação da 
degeneração gordurosa dos ventres musculares do 
manguito rotador. 
 
Farmacodinâmica dos Opioides 
Os opioides são uma classe de medicamentos usados 
principalmente para o alívio da dor intensa. Eles atuam 
interagindo com os receptores opioides presentes no 
sistema nervoso central e periférico. Existem três 
principais tipos de receptores opioides: mu, delta e kappa. 
Os opioides são um grupo de medicamentos que são 
frequentemente prescritos para o alívio da dor intensa 
ou crônica. Eles funcionam ligando-se aos receptores 
opioides no cérebro e na medula espinhal, reduzindo a 
transmissão da dor. 
Os opioides atuam promovendo a abertura dos canais de 
potássio e a inibição da abertura de canais de cálcio 
controlados por voltagem. Causando assim, 
hiperpolarização e redução da excitabilidade neuronal. 
Além disso, ocorre redução da liberação de 
transmissores (pela inibição da entrada de Ca2+). 
Os opioides podem ser classificados como agonistas 
puros, agonistas-antagonistas ou antagonistas puros. Os 
agonistas puros, como a morfina e a hidrocodona, ativam 
os receptores opioides, produzindo um efeito analgésico 
significativo. Os agonistas-antagonistas, como a 
buprenorfina, ativam alguns receptores opioides e 
bloqueiam outros, produzindo um efeito analgésico mais 
fraco. Os antagonistas puros, como a naloxona, bloqueiam 
completamente os receptores opioides, revertendo os 
efeitos dos opioides. 
• Agonistas Puros – Morfina, Fentalina, Petidina 
• Agonistas Parciais – Pentazocina, Buprenofeina 
• Antagonistas – Naloxano, Naltrexona 
 
• Forte – Morfina, Petidina, Sulfentanila, Fentalina 
• Intermediária – Pentazocina, Oxidacano 
• Fraco – Codeína, Tramadol 
 
• Natural – Morfina, Codeína 
• Semissintético – Heroína, Oxicadona 
• Sintético – Metadona, Petidina, Fentanila 
 
No entanto, o uso prolongado de opioides pode levar à 
dependência, tolerância e overdose. Por isso, é 
importante que os opioides sejam prescritos com cautela 
e monitorados de perto pelo médico e pelo paciente. 
 
Aspectos Legais da Saúde do Trabalhador 
A saúde do trabalhador é uma área importante do campo 
da medicina ocupacional e da saúde pública, que se 
concentra em proteger e promover a saúde dos 
trabalhadores em seus ambientes de trabalho. Os 
aspectos legais da saúde do trabalhador referem-se às 
 Carla Bertelli – 5° Período 
leis, regulamentações e direitos que visam garantir a 
segurança, a proteção e o bem-estar dos trabalhadores. 
Um marco legal fundamental na área da saúde do 
trabalhador é a Convenção nº 155 da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece o papel 
dos governos na promoção de ambientes de trabalho 
seguros e saudáveis. Muitos países também possuem 
legislações específicas relacionadas à saúde e segurança 
no trabalho, que impõem obrigações aos empregadores 
para fornecer um ambiente de trabalho seguro e 
saudável, além de proteger os direitos dos trabalhadores. 
Além disso, as leis trabalhistas geralmente incluem 
disposições sobre horas de trabalho, períodos de 
descanso, licença médica, compensação por acidentes 
de trabalho e doenças ocupacionais, entre outros 
aspectos relevantes para a saúde do trabalhador. Essas 
leis podem variar de país para país, mas seu objetivo 
comum é garantir que os trabalhadores tenham 
condições de trabalho adequadas e proteção contra 
riscos ocupacionais. 
As autoridades governamentais, como os ministérios do 
trabalho e as agências reguladoras, desempenham um 
papel fundamental na implementação e fiscalização das 
leis e regulamentos relacionados à saúde do trabalhador. 
Elas podem realizar inspeções nos locais de trabalho, 
impor penalidades por violações das normas de 
segurança e saúde, e oferecer orientação e recursos 
para os empregadores e trabalhadores. 
Os profissionais de saúde, especialmente os médicos do 
trabalho, também têm responsabilidades legais no campo 
da saúde do trabalhador. Eles devem seguir códigos de 
ética profissional, cumprir obrigações de 
confidencialidade, relatar casos de doenças ocupacionais 
e acidentes de trabalho, e fornecer atendimento médico 
adequado aos trabalhadores.

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