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Pharmacia do Mato: Guia de Plantas Medicinais

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Prévia do material em texto

João Luiz Hoeffel; Nayra Gonçalves; Almerinda Fadini;
Thiago Comenale; Sônia Seixas (orgs.)
PHARMACIA DO MATO
Conhecimento Local e Tradição –
Pequeno Guia de Plantas Medicinais
utilizadas nas APA’s Cantareira (SP) e
Fernão Dias (MG)
Copyright © 2013 by Paco Editorial
Direitos desta edição reservados à Paco Editorial. Nenhuma parte
desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de
dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja
eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora
e/ou autor.
Coordenação Editorial: Kátia Ayache
Revisão: Vinícius Whitehead Merli
Capa: Matheus de Alexandro
Diagramação: Matheus de Alexandro
1ª Edição: 2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
H6711
Hoeffel, João Luiz; Gonçalves, Nayra; Fadini, Almerinda; Comenale, Thiago;
Seixas, Sônia (orgs.)
Pharmacia do Mato: Conhecimento Local e Tradição – Pequeno Guia de
Plantas Medicinais utilizadas nas APA’s Cantareira (SP) e Fernão Dias
(MG) / João Luiz Hoeffel; Nayra Gonçalves; Almerinda Fadini; Thiago
Comenale; Sônia Seixas (orgs.) - 1. ed. - eBook - Jundiaí, SP: Paco
Editorial, 2013.
Recurso digital
Formato: ePub
Requisitos do sistema: Multiplataforma
ISBN 978-85-8148-202-6
1. Plantas medicinais 2. Fitoterapia 3. APA 4. Pharmacia do Mato. I.
Hoeffel, João Luiz. II. Gonçalves, Nayra. III. Fadini, Almerinda. IV.
Comenale, Thiago. V. Seixas, Sônia.
CDD: 370
Conselho Editorial
Profa. Dra. Andréa Domingues
Profa. Dra. Benedita Cássia Sant'Anna
Prof. Dr. Carlos Bauer
Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha
Prof. Dr. Fábio Régio Bento
Prof. Dr. José Ricardo Caetano da Costa
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes
Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira
Prof. Dr. Romualdo Dias
Profa. Dra. Thelma Lessa
Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt
Paco Editorial
Av. Dr. Carlos Salles Block, 658 - Sala 21
Anhagabaú - Jundiaí-SP - 13208-100
Telefones: 55 11 4521.6315 | 2449-0740 (fax) | 3446-6516
atendimento@editorialpaco.com.br
www.pacoeditorial.com.br
mailto:atendimento@editorialpaco.com.br%0D?subject=Livro%20Teoria%20da%20Hist%C3%B3ria%20-%20Paco%20Editorial
http://www.editorialpaco.com.br/
Moinho d’Água Treinamentos Ltda.
http://www.fapesp.br/
http://www.moinhodaguatreinamentos.com.br/
Sumário
Apresentação
Prefácio
Introdução
CAPÍTULO 1: Aspectos físicos das APA’S
1. APA Cantareira
2. APA Fernão Dias
3. Aspectos relevantes da flora das APA’S
CAPÍTULO 2: Identidade e uso de plantas medicinais nas APA’s
Cantareira e Fernão Dias
1. Algumas considerações
CAPÍTULO 3: Plantas medicinais: cuidados com o uso
Espécies Nativas e seus Principais Usos
Espécies Exóticas e seus principais usos
Caderno de Fotos
Referências
Sobre os autores
Glossário de Termos Médico-Botânicos
Apresentação
O interesse em desenvolver o projeto “Pharmacia do Mato:
Transformações Socioambientais e Uso de Plantas Medicinais nas
APA’s Cantareira/SP e Fernão Dias/MG” (Projeto Fapesp
2008/10631-0) surgiu de evidências obtidas durante o
desenvolvimento dos projetos “Trajetórias do Jaguary - Unidades de
Conservação, Percepção Ambiental e Turismo”, “Um Estudo na APA
do Sistema Cantareira, São Paulo” (Processo Fapesp 03/08432-5),
“Mulheres da APA Cantareira - Reflexos da Construção do Sistema
Cantareira na identidade e no modo de vida local” (Processo Fapesp
06/55919-5) e “Qualidade de vida e complexidade social na APA
Cantareira, SP: um estudo sobre degradação socioambiental e
subjetividade” (Processo Fapesp 06/60366-5) que foram
desenvolvidos pelo Prof. Dr. João Luiz Hoeffel e pelas Profa. Dra.
Almerinda A. B. Fadini e a Profa. Dra. Sônia Regina da Cal Seixas,
todos com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp).
Durante a realização desses estudos ficou evidente a estreita
relação e identidade da população regional com o uso de plantas
medicinais e uma mudança em curso em função das atuais
alterações socioambientais que vêm ocorrendo na região em estudo
– as APA’s Cantareira e Fernão Dias. Essa evidência encontra-se
registrada em publicações oriundas dos projetos mencionados
acima e em especial no livro Sustentabilidade, Qualidade de Vida e
Identidade Local – Olhares sobre as APA’s Cantareira (SP) e Fernão Dias (MG),
publicado pela Editora RiMa em 2010 .
O desenvolvimento do projeto Pharmacia do Mato esteve centrado
em quatro temas:
– Áreas de Proteção Ambiental Fernão Dias/MG e do Sistema
Cantareira/SP: transformações e riscos socioambientais e aspectos
relevantes para a conservação.
– A questão da identidade vinculada à manutenção de práticas
tradicionais e ao uso de plantas medicinais.
– Plantas utilizadas como medicinais nas áreas de estudo.
– Ações de sensibilização e de educação ambiental que
colaborem na conservação da biodiversidade regional.
Esse pequeno guia, cuja publicação foi financiada pela empresa
Moinho d’Água Treinamentos em Educação e Gestão Ambiental
(www.moinhodaguatreinamentos.com.br), apresenta uma parte dos
resultados obtidos com a realização deste estudo.
Prefácio
Como apresentar um tema que toca nosso coração e deixa livre
um mar de lembranças e emoções? Aceitar o convite de João Luiz
para fazer este prefácio ocasionou em mim um reviver dos primeiros
tempos do doutorado que participamos juntos na Unicamp. E das
pesquisas que desenvolvemos no Projeto APA-Viva, na
Universidade São Francisco e no Hosana - Homem, Saber e
Natureza sob a coordenação de nossos mestres e amigos Carlos
Rodrigues Brandão e Márcio Campos.
Nessa história vivida nos idos de 1990, na primeira pesquisa
sobre a APA realizada pela equipe da Universidade São Francisco,
20 anos atrás, João Luiz Hoeffel conjugava as atividades de
Assessor de Meio Ambiente no município da Nazaré Paulista e a de
professor do curso de Economia da Universidade São Francisco. E
levava nessas atividades, como em tudo o que faz, a paixão pela
vida, o cuidado com a natureza e o deslumbramento com o Belo.
Os primeiros estudos acadêmicos nessa região da Cantareira
ressaltaram o que todos nós já apreciávamos: a riqueza das suas
águas, a beleza de suas florestas e, sobretudo, a necessidade de
cuidar desse espaço precioso e do saber acumulado pela população
local sobre os usos e aplicações dessas riquezas naturais das
matas ainda preservadas. A tarefa que então se apresentava era de
resgatar a sabedoria própria dos grupos locais ameaçada de
desaparecer sucumbida pela avalanche de um saber técnico-
cientifico legitimado como o único válido.
Foi nesse momento que a pesquisa APA-Viva descortinou uma
situação interessante, surpreendente pela sua complexidade não
esperada – ocorria ali, em Nazaré Paulista, naquele momento
histórico, uma articulação de práticas e saberes com distintas bases
de racionalidade curativa – e todas integradas no viver dos grupos
locais e validadas pela população.
Essa situação peculiar gerou um primeiro trabalho levado para o
Congresso Nacional de Antropologia da Saúde realizado em
Salvador no ano de 1992. Este artigo, em seu título, apresenta a
criatividade do viver cotidiano em Nazaré Paulista, que tece um
encontro entre “Aspirina, Ervas e Benzeção”. A ida ao médico com
seu receituário de medicamentos industrializados se conjuga com
chás caseiros e os atendimentos da Dona Dita, personagem
conhecida por seus dons de cura pela benzeção. O mesmo respeito
era dedicado aos diferentes métodos de cura. O valor medicinal das
plantas foi reforçado no sistema de ensino público, no qual os
estudantes realizavam a troca de conhecimento sobre as plantas
úteis conhecidas e usadas por suas famílias e amigos.
Com esse início, as aventuras e descobertas nas matas da APA
foram continuadas no trajeto de estudos e pesquisas conduzidos
pelo Prof. Dr. João Luiz Hoeffel e sua maravilhosa equipe, que
agora colocam para o público um conhecimento consolidado sobre
plantas medicinais.
Esse saber revelado pela cultura viva dos povos da terra –
homens e mulheres que recebem a dádiva de desvendar os
segredos da natureza para a cura do ser humano.
Como disse Dom Elijio,curandeiro Maia para o Dr. Michael
Balick, diretor do Instituto de Botânica de Nova York: “para cada
doença ou dificuldade sobre a terra, os Espíritos forneceram uma
cura – temos simplesmente que encontrá-la”.
E como Dom Elijio fez aos que necessitavam de cura, faz
também agora o livro Pharmacia do Mato: dispõe esse saber
recuperado para todos aqueles que descobrem o poder da cura
tradicional contido na exuberância da flora medicinal brasileira.
Rosa Maria Viana
Prof. Dra. em Ciências Sociais (IFCH/Unicamp)
Introdução
A crise em que a diversidade biológica atualmente se encontra
transformou-se em tema de discussão global, com dados cada vez
mais alarmantes. Primack e Rodrigues (2001) afirmam que as
ameaças à biodiversidade não têm precedentes na história humana
e que as espécies nunca estiveram, em um curto espaço de tempo,
tão ameaçadas de extinção.
Um recente estudo realizado pela International Union for
Conservation of Nature and Natural Resources – IUCN (2010a)
sobre espécies vegetais ameaçadas revelou que cerca de 380 mil
espécies mundiais se enquadram em alguma categoria de ameaça,
e que uma em cada cinco corre risco de extinção, o que faz com
que sejam tão ameaçadas quanto os mamíferos. O estudo avaliou
uma ampla amostra de espécies vegetais que são coletivamente
representativas de todas as plantas do mundo, projetando um
retrato global do risco de extinção, demonstrou as ameaças mais
urgentes e as regiões mais afetadas.
Os resultados mostraram que o habitat mais vulnerável são as
florestas tropicais, sendo que no Brasil foram estudadas 385
espécies, das quais 32, 62% são endêmicas. Do total analisado,
10,96% foi considerado em risco. Entre as espécies ameaçadas que
ocorrem na área geral de estudos do presente trabalho ressalta-se a
araucária angustifólia (IUCN, 2010a).
É necessário destacar que a relação que a sociedade moderna
traçou com a natureza é marcada, principalmente, pelo mito da
natureza inesgotável, o que resulta na ausência de preocupação
com a manutenção da biodiversidade, dos recursos naturais e do
conhecimento acumulado por comunidades locais (Feek; Morry,
2003).
Esta situação ocorre, segundo Pádua (2004), pelo fato da
racionalidade econômica, desde a época da colonização, não
considerar o conhecimento e biodiversidade locais. Para o autor,
isso fundou-se prioritariamente na introdução de espécies exóticas
da flora (como a cana) e da fauna (como o gado bovino),
desvalorizando e destruindo a diversidade natural antes existente.
A dispersão dessas espécies exóticas está profundamente
enraizada na cultura humana, constitui uma grande intervenção nos
ambientes natural e cultural originais, e se reflete na estrutura e em
diversos desafios da sociedade contemporânea. Cabe ressaltar que
muitas vezes essas espécies exóticas competem com as nativas,
representando uma ameaça à diversidade biológica local.
Entre as principais ameaças à biodiversidade destacam-se a
redução de habitats disponíveis às espécies, bem como a
fragmentação dos mesmos (Chivian; Bernstein, 2008).
Fragmentação, nesse caso, é entendida como o processo de divisão
de um habitat contínuo em manchas isoladas, podendo ocorrer
espontaneamente como consequência de processos naturais ou
como resultado de ações antrópicas (Ramaldi; Oliveira, 2005).
Alguns dos principais fatores antrópicos causadores da
fragmentação de habitats é o crescente processo de urbanização e
o desmatamento para diversos fins, que, juntamente com a caça,
constituem as principais causas da extinção (Martins, 2005).
Assim, independente da causa, o ambiente, uma vez
fragmentado, torna-se mais suscetível a alguns impactos (ação dos
ventos, do fogo, invasão de espécies exóticas, ruídos, entre outros),
além de limitar o deslocamento de algumas espécies, bem como
suas interações. Uma das maneiras de minimizar esses impactos e
reintegrar esses ambientes é através da criação dos Corredores
Ecológicos, que são porções territoriais que permitem a conexão
entre unidades de proteção, reservas privadas e terras indígenas de
uma determinada região, superando barreiras naturais ou induzidas
pelos seres humanos, possibilitando a dispersão de espécies
animais e vegetais. Observa-se assim que um corredor ecológico
não é uma unidade administrativa e sim uma grande área geográfica
onde se desenvolvem ações coordenadas de proteção da
biodiversidade em áreas prioritárias e busca também o
fortalecimento do Sistema Nacional de Unidades de Proteção –
SNUC –n (Brasil, 2009).
A importância da conservação da biodiversidade pauta-se, ainda,
em seu papel fundamental para o fornecimento de diversos serviços
ecossistêmicos, como a produção de oxigênio, a manutenção da
quantidade e qualidade das águas, fertilidade do solo, equilíbrio
climático, conforto térmico, além de seu valor biológico, estético e
econômico, bem como sua função essencial na manutenção dos
ciclos ambientais do planeta (Primack; Rodrigues, 2001; Schittini;
Franco; Drumomnd, 2008).
Uma ferramenta que tem sido muito utilizada pelo Poder Público
na tentativa de promover a conservação ambiental é a criação de
unidades de conservação. Segundo consta no Sistema Nacional de
Unidades de Conservação, unidade de conservação corresponde a
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteção (Brasil, 2004, p. 9).
Entre as unidades de conservação destaca-se a Área de
Proteção Ambiental (APA), pertencente à categoria de unidades de
conservação de uso sustentável, e que visa compatibilizar a
conservação ambiental com o uso sustentável de seus recursos
naturais (Brasil, 2004). A APA, que se caracteriza por extensas
áreas com elevado graude ocupação humana e ocorrência de
atributos cuja conservação é importante para a qualidade de vida da
população, tem como objetivos assegurar que a utilização dos
recursos naturais ocorra de modo sustentável, proteger a
biodiversidade, além de disciplinar o processo de ocupação nos
municípios (Brasil, 2004, p. 18).
Nessas áreas, é imposta pela legislação uma série de restrições
quanto às atividades econômicas que podem ser desenvolvidas,
com maior controle sobre as atividades consideradas
potencialmente degradantes (Hoeffel et al, 2008). Contudo, para
conciliar o desenvolvimento de atividades econômicas à
conservação ambiental é necessário considerar, além dos aspectos
biológicos, os elementos sociais, culturais e políticos relevantes para
a conservação (Schittini; Franco; Drumomnd, 2008).
Verifica-se, muitas vezes, a criação de Unidades de Conservação
pelo Poder Público de forma pouco negociada com a população,
sem considerar a dinâmica local, o que pode gerar diversos conflitos
(Hoeffel et al, 2008; Diegues; Arruda, 2001).
É neste contexto que as áreas de estudo da presente obra, que
integra o projeto de pesquisa Fapesp nº 2008/10631-0 Pharmácia do
Mato - Transformações Socioambientais e Uso de Plantas Medicinais nas APAs
Cantareira/SP e Fernão Dias/MG, estão inseridas. Este livro apresenta
uma caracterização socioambiental destas unidades de
conservação; a identidade local que mantém algumas tradições,
dentre elas o uso de plantas medicinais; um levantamento da flora
local realizado através de revisões bibliográficas e entrevistas e uma
análise dos diversos conflitos existentes.
1. CONHECIMENTO LOCAL DE PLANTAS MEDICINAIS
O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão
antigo quanto à espécie humana e ainda hoje nas regiões mais
pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras,
plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados
populares e cultivadas em quintais residenciais (Maciel et al, 2002).
As observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas
medicinais contribuem de forma relevante para a divulgação das
virtudes terapêuticas dos vegetais, prescritos com frequênciapelos
efeitos medicinais que produzem, apesar de não terem seus
constituintes bioquímicos conhecidos. Dessa forma, usuários de
plantas medicinais de todo o mundo mantém a prática do consumo
de fitoterápicos, tornando válidas informações terapêuticas que
foram sendo acumuladas durante séculos (Maciel et al, 2002).
Atualmente, tem aumentado o interesse pelo cultivo de espécies
medicinais e aromáticas, também pelo seu aspecto econômico,
principalmente na melhoria da renda familiar de pequenos
agricultores, que podem ter uma opção a mais na diversificação de
atividades na propriedade rural (REIS; MARIOT; DI STASI, 2000).
Com a disseminação do uso e cultivo de plantas medicinais, espera-
se que, tanto a população mais carente quanto a mais abastada
reduzam o uso de produtos alopáticos e possam se utilizar dos
benefícios que esta rica farmácia natural pode promover na saúde e
bem estar humano (MOTOMIYA et al, 2004).
Nesse sentido, em junho de 2006, foi aprovada através do
Decreto Federal nº 5.813 a “Política Nacional de Plantas Medicinais
e Fitoterápicos” (BRASIL, 2006), que tem como objetivo geral
“garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de
plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da
biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da
indústria nacional” e que determinou, em dezembro de 2000,
através da portaria interministerial nº 2960, a aprovação do
Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a
criação do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
(BRASIL, 2008).
Dessa forma, as práticas relacionadas ao uso popular de plantas
medicinais são o que muitas comunidades têm como alternativa
viável para o tratamento de doenças ou manutenção da saúde.
Porém, sua continuidade pode ser ameaçada pela interferência de
fatores externos à dinâmica social do grupo como, por exemplo: a)
maior exposição das comunidades às pressões econômicas e
culturais externas; b) maior facilidade de acesso aos serviços da
medicina moderna; c) deslocamento das pessoas de seus
ambientes naturais para regiões urbanas, o que leva à perda do
conhecimento popular acumulado há várias gerações e,
consequentemente, ao seu desaparecimento (PINTO; AMOROSO;
FURLAN, 2006).
Além disso, a desagregação dos sistemas de vida tradicional que
acompanha a degradação ambiental e a inserção de novos
elementos culturais ameaça muito de perto um acervo de
conhecimentos empíricos e um patrimônio genético de valor
inestimável para as gerações futuras (RODRIGUES; GUEDES,
2006).
Observa-se, assim, que o conhecimento local sobre recursos
naturais, incluindo as plantas medicinais, é um recurso cultural
importante que orienta e sustenta a manutenção e continuidade de
diversos sistemas de manejo (DIEGUES; ARRUDA, 2001;
BEGOSSI; HANAZAKI; TAMASHIRO, 2002). É através da
transmissão desse conhecimento e de sua socialização que visões
de mundo e identidades culturais são construídas, as instituições
sociais perpetuadas, costumes são estabelecidos e regras são
definidas.
Nesse contexto está inserida a área deste estudo, a Região
Bragantina, que ainda apresenta uma expressiva população rural e
significativos remanescentes de Mata Atlântica, utilizados como
fontes de plantas para uso medicinal. No entanto, que nas últimas
décadas a região passa por um intenso processo de alterações
socioambientais, o que justifica estudos aprofundados para analisar
os reflexos das mudanças em curso na identidade, nos hábitos e
costumes da população regional.
CAPÍTULO 1: ASPECTOS
FÍSICOS DAS APA’S
A área de estudo contempla duas Unidades de Conservação, a
Área de Proteção Ambiental do Sistema Cantareira (APA
Cantareira) e a Área de Proteção Ambiental Fernão Dias (APA
Fernão Dias), caracterizadas a seguir.
1. APA Cantareira
A APA Cantareira (Figura 1) foi instituída pela Lei Estadual nº
10.111, de dezembro de 1998 (São Paulo, 1998), com objetivo de
proteger os recursos hídricos da região, particularmente as bacias
de drenagem que formam o Sistema Cantareira. Abrange uma área
de 249.200 hectares e os municípios de Mairiporã, Atibaia, Nazaré
Paulista, Piracaia, Joanópolis, Vargem e Bragança Paulista. Parte
desta APA está sobreposta à APA Piracicaba/Juqueri Mirim - Área II
(SÃO PAULO, 1998).
Essa região encontra-se bastante urbanizada, com
desenvolvimento industrial em expansão, sobretudo nos municípios
de Atibaia e Bragança Paulista. Um fato que vem ocorrendo e
merece destaque é o parcelamento desordenado do solo, sobretudo
às margens dos reservatórios do Sistema Cantareira para o
desenvolvimento de atividades turísticas, além do aumento do
número de loteamentos residenciais ao longo das rodovias.
Esses fatos exercem diversas pressões no meio natural,
resultando em impactos muitas vezes irreversíveis, e justificando,
dessa forma, medidas e planos de gestão que visem à
sustentabilidade ambiental da região.
FIGURA 1
APA do Sistema Cantareira e Piracicaba-Juqueri-Mirim
(SÃO PAULO, 2008)
As características geológicas e geomorfológicas demonstram
que a APA encontra-se em uma região de relevos acidentados e
elevados, necessitando de uma gestão que considere usos e
ocupações coerentes com as fragilidades impostas por estes
terrenos, podendo, se mal planejados, provocar processos erosivos
intensivos e consequentes danos socioambientais associados
(CBH/PCJ, 2008; ROSS; MOROZ apud PELLIN, 2010).
Quanto aos recursos hídricos, segundo dados da Agência
Nacional de Águas – ANA – (2008), a gestão dos mesmos no
estado de São Paulo foi instituída através do Plano Estadual de
Recursos Hídricos, que dividiu o estado em 22 Unidades de
Gerenciamento de Recursos Hídricos –UGRHI– (Figura 2) e que
visa o planejamento e a gestão integrada, a fim de minimizar
conflitos e garantir a qualidade das águas.
Figura 2
UGRHI do estado de São Paulo (TUNDISI, 2008, p. 161).
A APA do Sistema Cantareira está inserida na UGRHI 5,
composta pelas sub-bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
e seus afluentes, incluindo os Rios Camanducaia, Atibaia, Jaguary e
Corumbataí, abrangendo uma área de 15.303, 67 Km², conforme
dados do CBH/PCJ (2008). Essa bacia hidrográfica possui extrema
importância por abastecer parte do Sistema Cantareira, principal
produtor de água para o abastecimento da Região Metropolitana de
São Paulo (RMSP).
Responsável por cerca de 57% do abastecimento público na
UGRHI 6 – Alto Tietê, o Sistema Cantareira utiliza-se de
reservatórios localizados nas cabeceiras dos Rios Atibaia, Atibainha,
Cachoeira e Jaguary (formadores do Rio Piracicaba), transpondo
água da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba/Capivari/Jundiaí
para a Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH/PCJ, 2008).
Segundo dados do CBH/PCJ (2008), a qualidade das águas da
bacia, em geral apresenta situação crítica; entre os diversos motivos
para isso está o lançamento de esgoto doméstico e industrial. Esse
fato agrava-se por estes recursos hídricos serem utilizados para o
abastecimento público e se encontrarem em uma região
densamente povoada.
Conforme o mesmo estudo (CBH/PCJ, 2008), a UGRHI – 5
apresentou em 2007 um total de 353 áreas contaminadas, ou seja,
áreas cujos valores da concentração de contaminantes são
superiores aos aceitáveis. Entre as atividades causadoras de
contaminação identificaram-se ocorrências em 244 postos de
combustível (69% do total), seguido por 64 indústrias. Tais fatos
permitem afirmar que, além dos diversos impactos gerados no meio
natural, a condição atual dos recursos hídricos prejudica
profundamente a saúde da população, podendo ocasionar doenças
diversas.
Destaca-se, mais uma vez, a importância de ações que visem à
recuperação da qualidade ambiental dos recursos naturais, tanto por
parte da população como dos gestores públicos e o diálogo entre os
mesmos.
2. APA Fernão Dias
AAPA Fernão Dias (Figura 3) foi criada a partir do Decreto
Estadual n° 38.925 de julho de 1997 (MINAS GERAIS, 1997) com o
objetivo principal de:
(...) proteger e preservar as formações florestais
remanescentes da Mata Atlântica ea fauna silvestre, através do
disciplinamento de uso dos recursos naturais e de incentivos ao
ecodesenvolvimento regional, com vistas à melhoria da qualidade
ambiental e de vida da população. (MINAS GERAIS, 1997, p. 1)
Ela possui uma área de aproximadamente 180.000 hectares na
qual estão inseridos os municípios de Camanducaia, Extrema,
Gonçalves, Itapeva, Sapucaí-Mirim e Toledo, e parte dos municípios
de Brazópolis e Paraisópolis (MINAS GERAIS, 1997).
Duas importantes rodovias cortam a área: a BR-381 – Rodovia
Fernão Dias, que liga a capital mineira à capital paulista, e a MG-
173, que permite acesso aos municípios a oeste da APA, ligando
Paraisópolis a Pouso Alegre. O fácil acesso que essas rodovias
proporcionam contribui para acelerar o processo de industrialização
e consequente crescimento urbano em alguns municípios, gerando
impactos diversos. Os efeitos desses impactos são acentuados
quando considerada a importância dos fragmentos florestais
presentes na área, justificada, entre outros motivos, pela diversidade
e endemismo de espécies tanto de flora como de fauna.
Figura 3
Mapa de localização da APA Fernão Dias (Oliveira, 2007, p. 2.2).
A gestão dos recursos hídricos do estado de Minas Gerais,
segundo a Agência Nacional de Águas – ANA – (2006), é realizada
por meio dos comitês de bacias e das Unidades de Planejamento e
Gestão dos Recursos Hídricos (UPGRH). Essas foram criadas com
o intuito de orientar o processo de planejamento e estruturação dos
comitês das bacias hidrográficas, além de implementar os
instrumentos da Política Estadual e gestão integrada dos recursos
hídricos, sendo instituída pela Deliberação Normativa do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos /MG – DN nº. 06, de outubro de
2002 (ANA, 2006).
Conforme a atual divisão, a APA Fernão Dias é composta por
duas Unidades de Planejamento e Gerenciamento de Recursos
Hídricos (UPGRH): a GD5, que envolve a Bacia do Rio Sapucaí,
pertencente à Bacia do Rio Grande, e a PJ1, que corresponde à
Bacia dos Rios Piracicaba/Jaguary. Esta última possui uma porção
paulista, em cujo estado recebe a denominação de
Piracicaba/Capivari/Jundiaí.
A UPGRH da APA Fernão Dias está apresentada na Figura 4:
Figura 4
Mapa UPGRH na APA Fernão Dias (Oliveira, 2007, p. 4.37).
Na porção da APA, segundo Oliveira (2007), a Bacia Hidrográfica
do Rio Sapucaí engloba os municípios de Paraisópolis, Brasópolis,
Gonçalves e Sapucaí Mirim, correspondendo a 36% de seu
território, com 66.186 hectares. A bacia atravessa os estados de
São Paulo e Minas Gerais e os seus principais corpos d’água são os
rios Sapucaí Mirim e o rio Vargem Grande.
O rio Sapucaí Mirim nasce na Serra da Mantiqueira, no município
de Campos do Jordão (SP), a uma altitude aproximada de 1.600m,
apresenta cursos muito rápidos, formando diversas quedas d’água,
o que ocorre devido à sua característica de serra. Os ribeirões do
Lambari, dos Pires e do Paiol constituem seus formadores mais
importantes (OLIVEIRA, 2007).
De acordo com a análise das condições dos recursos hídricos
efetuada por Oliveira, foi constatado que, em sua maioria, ocorre
manejo inadequado, lançamento de esgoto sanitário e lixo, além da
ausência de mata ciliar, fatores esses que culminam em processos
de erosão e assoreamento, apresentados por diversos corpos
d’água da área.
Para Oliveira (2007, p. 4.50) os poucos pontos onde os recursos
hídricos estão em melhores condições
(...) são os associados às áreas de reflorestamentos de pinus
e araucária, condizentes com as maiores altitudes (...). Nesses
locais a mata ciliar em geral é bem conservada, funcionando
como proteção (...). Nesses termos é importante o papel da
vegetação como suporte para o solo, auxiliando na diminuição
dos processos erosivos. (OLIVEIRA, 2007, p. 4.50)
Os municípios de Extrema, Camanducaia, Itapeva, Toledo e
Sapucaí Mirim, que abrangem uma área aproximada de 115.550
hectares integram a APA Fernão Dias e a Bacia Hidrográfica do Rio
Jaguary (OLIVEIRA, 2007).
O Rio Jaguary nasce no município de Sapucaí Mirim e recebe
em seu percurso vários afluentes, entre eles os Rios Camanducaia
(Mineiro e Paulista) e, ao juntar-se com o Rio Atibaia, no município
de Americana, forma o Rio Piracicaba. O Rio Jaguary possui
importância ímpar, pois compõe o Sistema Cantareira, que é
considerado o maior produtor de água para abastecimento da
Região Metropolitana de São Paulo, atendendo a aproximadamente
dez milhões de habitantes (WHATELY; CUNHA, 2007).
Essa bacia hidrográfica, sobretudo na porção da APA, apresenta
intenso processo de industrialização e elevado grau de densidade
populacional, além de sofrer, da mesma forma como ocorre na
Bacia do Rio Sapucaí, com um manejo inadequado do solo (cujo
uso baseia-se, principalmente, na agricultura e pecuária), com o
lançamento de esgoto sanitário e lixo, e com a ausência de mata
ciliar, o que resulta em assoreamento, erosão e aumento da
sedimentação dos córregos (WHATELY; CUNHA, 2007). Segundo
Oliveira (2007), as condições em que os recursos hídricos se
encontram em alguns pontos são críticas, de modo que em diversas
áreas a água é considerada imprópria ao consumo.
Analisando os dados apresentados acerca dos recursos hídricos
da APA Fernão Dias, verifica-se que os mesmos vêm sofrendo
impactos contínuos que resultam em alteração de sua qualidade
ambiental apesar de a região possuir uma riqueza hídrica singular e
ser de extrema importância por abastecer a região mais
desenvolvida e com maior índice populacional do país, e, além
disso, estar inserida em uma área de proteção ambiental, que tem
como um dos principais objetivos a proteção dos recursos hídricos e
manutenção da qualidade das águas.
Portanto, torna-se essencial a realização de planos participativos
e programas de manejo integrados que visem à minimização de
riscos ambientais e à manutenção e recuperação dos recursos
hídricos, possibilitando resultados efetivos, contínuos e
permanentes.
3. ASPECTOS RELEVANTES DA FLORA DAS APA’S
A região onde estão localizadas as APAs do Sistema Cantareira
e Fernão Dias insere-se no Bioma Mata Atlântica, considerado o
segundo Bioma mais ameaçado do Planeta, e que possui um dos
maiores índices de biodiversidade do mundo. faz parte da Reserva
da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (INSTITUTO
SOCIOAMBIENTAL/ISA, 2008).
Essa área, devido à dificuldade de se delimitar a ocorrência das
diferentes fitofisionomias do Bioma, é considerada área de transição
de Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila (que se
subdivide em Densa e Mista), além de possuir regiões de campos
de altitude (OLIVEIRA, 2007; SIMONSEN, 2009).
Porém, devido ao intenso desmatamento e desenvolvimento de
diversas atividades antrópicas na região, grande parte da formação
florestal original foi substituída, o que faz com que a cobertura
vegetal da área restrinja-se atualmente em apenas alguns
fragmentos de mata, nos quais se observam vestígios das tipologias
florestais.
A Floresta Ombrófila Densa caracteriza-se por árvores de copas
altas, com cobertura fechada e espécies perenifólias, havendo a
presença de lianas e grande densidade de epífitas. A Floresta
Ombrófila Mista, que tem a Araucária angustifólia (Pinheiro-do-Paraná)
(Figura 5) como sua principal espécie e, por isso, também é
conhecida como mata de araucária, está associada a elevadas
umidades e baixas temperaturas. Devido ao interesse econômico
que essa espécie desperta, não só na utilização da madeira, mas
também das sementes (pinhão) na alimentação, foi, e continua
sendo, amplamente cultivada, sendo difícil identificar a sua
ocupação original (OLIVEIRA, 2007).
Figura 5
Araucárias no município de Camanducaia/MG.
Fotografia: João Luiz Hoeffel, abril/2009.
Diferenciando-se da Floresta Ombrófila, a Floresta Estacional
Semidecidual caracteriza-se por duas estações climáticas, uma
chuvosa e outra seca, e pela ocorrência de espécies caducifólias. A
presença de lianas é grande, enquanto que as epífitas ocorrem em
menor escala. Além disso, a frequência de leguminosas é maior
nestatipologia florestal em comparação às demais.
Os Campos de Altitude, ou Campos Rupestres, podem estar
associados ou não a áreas florestais, e ocorrem em regiões
elevadas, sendo que nas maiores altitudes há topos planos e picos
rochosos. Sua vegetação característica é formada por gramíneas.
A paisagem local completa-se ainda por pastagens e plantio de
pinus e eucalipto, que ocupam extensas áreas, além de lavouras,
em menor proporção (OLIVEIRA, 2007).
Para a área geral de estudos apresentados neste livro foram
listadas 1127 espécies da flora (FLORA BRASILIENSIS, 2006;
OLIVEIRA, 2007; SIMONSEN, 2009; FAPESP, 2010; PELLIN,
2010), sendo que 65 estão listadas em alguma categoria de ameaça
de extinção (BRASIL, 2008; MINAS GERAIS, 2008a; SÃO PAULO,
2004; IUCN, 2010b), destacando-se: Hippeastrum glaucescens e
Hippeastrum morelianum (amarílis), Aspidosperma quirandy (guatambu),
Araucária angustifólia (pinheiro-do-Paraná), Calea serrata (cipó-amargo),
Tabebuia Alba (ipê-da-serra), Vriesea pardalina (bromélia), Machaerium
vestitum (jacarandá-branco) e Ocotea vaccinioides (canelinha).
Outro aspecto a salientar com relação à flora regional é o
conhecimento e a utilização pela população, em especial da área
rural, de espécies utilizadas com fins medicinais (HOEFFEL,
GONÇALVES; FADINI, 2010). Nos municípios estudados (Nazaré
Paulista/SP e Camanducaia/MG) foi possível identificar um amplo
uso de plantas medicinais, sendo que muitas são nativas da
Floresta Atlântica, tais como, Jacarandá sp. (caroba-do-campo),
Echinodorus grandiflorus (chapéu-de-couro), Coronopus didymus (mentruz),
Pothomorphe umbellata (pariparoba) e Cuphea carthagenesis (sete-
sangrias). Essa prática, ao mesmo tempo em que remete a um
conhecimento tradicional e à possibilidade de manutenção de uma
memória oral de importante significado, pode, se não for bem
controlada, acelerar o desaparecimento de espécies em função da
coleta excessiva (BEGOSSI; HANAZAKI; TAMASHIRO, 2002). Esta
questão ressalta a importância do desenvolvimento de programas
de educação ambiental associados com estudos sobre a
diversidade biológica regional.
CAPÍTULO 2: IDENTIDADE E
USO DE PLANTAS MEDICINAIS
NAS APA’S CANTAREIRA E
FERNÃO DIAS
Um município integrante de cada APA foi escolhido como área
núcleo de estudo para a realização desta pesquisa: o município de
Nazaré Paulista, integrante da APA Cantareira e o município de
Camanducaia, integrante da APA Fernão Dias, que ainda
apresentam áreas com cobertura vegetal nativa e população rural
que mantém traços de sua cultura tradicional.
Dessa forma, foram entrevistadas 56 pessoas que possuem
conhecimento acerca do uso de plantas medicinais e realizam ou
realizavam tais práticas. Houve certa dificuldade para o
levantamento desse uso, visto que conforme verificado em ambas
as APA’S, o mesmo é realizado pelas pessoas mais velhas, em sua
maioria acima de 55 anos de idade, além do fato de que muitas das
pessoas consideradas grandes conhecedoras das plantas
medicinais já faleceram.
Segundo relatos dos entrevistados, os jovens não possuem
interesse em aprender as práticas medicinais. Alguns dos motivos
apontados para justificar esse desinteresse é o acesso facilitado a
hospitais e medicamentos industrializados, preguiça em preparar os
remédios, além do fato de que os remédios medicinais devem ser
administrados por mais vezes e a cura ser mais demorada quando
comparada aos “remédios de farmácia”.
Os relatos demonstram que estes conhecimentos foram
adquiridos, na maioria das vezes, com parentes e, em alguns casos,
com amigos e conhecidos, e sua transmissão é realizada oralmente
de geração a geração, conforme já evidenciado por Barbosa et al.
(2009).
Em Nazaré Paulista, o conhecimento acerca das plantas
medicinais está relacionado essencialmente ao sexo feminino,
enquanto que em Camanducaia o mesmo relaciona-se ao sexo
masculino. Além disso, verificou-se que as pessoas entrevistadas
em Nazaré Paulista conhecem e utilizam, em sua maioria, plantas
cultivadas nos quintais, e os entrevistados de Camanducaia, além
das plantas cultivadas em casa, utilizam também as que são
encontradas em meio às matas.
Um total de 186 espécies foi citado pelos entrevistados, sendo
que 93 são nativas, 80 exóticas e 13 espécies não foram
identificadas. Algumas espécies foram mencionadas em ambos os
municípios; das 114 espécies listadas para Nazaré Paulista, 58 são
nativas, 49 são exóticas e 7 não foram identificadas (barba-de-
camarão, cipó-cruz, erva-de-raposa, flor-de-Maria-marisco,
mircinária, rebarba, rosário); e em Camanducaia, das 138 espécies
catalogadas, 76 são nativas, 56 são exóticas e 6 não foram
identificadas (cipó-de-São-Domingos, embira, folha-de-conta,
japecanga-sem-espinho, morcego, serralha-gigante).
Observou-se, ainda, que a utilização de plantas medicinais está
intimamente relacionada à identidade cultural dessa população, uma
vez que remete a uma época em que possuíam outras condições e
modos de vida. Embora houvesse dificuldade no acesso a serviços
de infraestrutura básica, tais como centros de saúde, hospitais e
procedimentos medicamentosos, bem como falta de condições
financeiras para custear tratamentos médicos, motivo pelo qual
muitas vezes as plantas eram a única alternativa para a cura das
enfermidades, esta população relacionava-se com o ambiente
natural de forma mais harmônica e possuía relações familiares mais
estreitas.
Assim, a crescente urbanização pela qual esta região vem
passando determinou profundas transformações socioambientais,
que resultaram na alteração do modo de vida desta população
(HOEFFEL et al, 2008). A facilidade de acesso a procedimentos
médicos e o deslocamento cada vez maior das pessoas para as
regiões urbanas são as principais causas da significativa redução do
uso de plantas medicinais e a consequente perda desse
conhecimento tradicional.
A manutenção deste conhecimento é essencial, visto que a
perda do mesmo corresponde à perda de parte da identidade
cultural dessa população, além do fato de que esta manutenção
cultural pode orientar o manejo e possibilitar a conservação das
áreas naturais bem como sua utilização em propostas de educação
ambiental que auxiliem na sustentabilidade socioambiental da área
de estudo. Para tanto, se torna necessária a realização de ações
que possibilitem o resgate cultural dessa população, sensibilizando-
a acerca da importância deste conhecimento.
1. Algumas considerações
Este pequeno guia busca demonstrar a existência de práticas e
tradições culturais relacionadas às plantas medicinais presentes nas
APAs do Sistema Cantareira (SP) e Fernão Dias (MG) e a
relevância da manutenção deste conhecimento para a identidade da
localidade.
Através de estudos bibliográficos sobre espécies vegetais e
pesquisas junto aos atores sociais, pode-se constatar que ainda há
um conjunto de plantas em meio às áreas naturais que são
utilizadas para fins medicinais (Tabelas 1 e 2). No entanto, cabe
enfatizar que nessas localidades vem ocorrendo um processo
intenso de ocupação urbana, representado pelo parcelamento do
solo, êxodo rural, migrações de população de grandes centros e de
um turismo sem o adequado planejamento, refletindo negativamente
na preservação dos ecossistemas e da própria prática social.
O ecossistema em questão está presente em uma região de
relevos ondulados, que são suscetíveis a processos erosivos, à
movimentação de massa e ao consequente assoreamento de rios,
exigindo a elaboração de planos integrados de manejo que se
adéquem a essas características e que delimitem os usos e
ocupações, respeitando as fragilidades impostas por estes
aspectos. Por esse motivo enfatiza-se o respeito às legislações
vigentes, em especial ao Plano de manejo da APA Fernão Dias, ao
SNUC, à Lei de Crimes Ambientais e ao Código Florestal, as quais
consideram essas especificidades nas restrições e orientações de
determinados usos do solo que respeitem sua dinâmica e suas
características diversas.
Esses aspectos ambientais presentes nas APAs do Cantareira e
Fernão Dias têm atraídoum contingente de turistas de final de
semana, de segunda residência e de aventureiros. Mas devido à
ausência de um planejamento adequado para o atendimento a este
segmento, nem sempre o turismo vem trazendo benefícios às
localidades. Entretanto, deve-se destacar que, se as atividades
relacionadas ao turismo forem bem administradas e dimensionadas,
as alterações socioambientais podem ser minimizadas e possibilitar
novas formas de geração de renda de forma mais sustentável a
essas unidades de conservação.
A realidade socioambiental das APAs demonstra que essas
apresentam vulnerabilidades que geram riscos diversos, como a
redução e/ou extinção de espécies, processos erosivos,
assoreamentos, desmatamentos, vários tipos de poluição,
destacando-se a hídrica, efeito de borda, fragmentação e lacunas de
reservas ambientais, entre outros, os quais estão diretamente
relacionados aos usos agrícolas, à expansão urbana e industrial, ao
uso turístico e caça indiscriminada.
Por esse motivo é que uma gestão responsável associada a
práticas de educação ambiental pode se mostrar eficaz, uma vez
que permite despertar e fortalecer a consciência da população para
diversas questões e problemas ambientais e estimular a busca
individual e coletiva por soluções coerentes com as características
socioambientais dessas unidades de conservação.
Acredita-se que as tomadas de decisões baseadas na
compreensão da realidade ambiental do território, onde se
identificam os riscos associados às fragilidades físicas e ações
sociais inadequadas, possam permitir a elaboração de planos
voltados à preservação e conservação dos atributos naturais e de
políticas socioeconômicas mais compatíveis com a busca da
sustentabilidade dessas APAs.
Ao mesmo tempo, espera-se que, através de estudos que visam
identificar a presença de manifestações culturais relacionadas à
preservação de ecossistemas, como buscou-se fazer neste pequeno
guia de plantas medicinais utilizadas nas APAs Cantareira (SP) e
Fernão Dias (MG), seja estimulada a formulação de políticas
públicas voltadas para um ordenamento do solo que considere a
manutenção de tradições, saberes e cuidados com os aspectos
naturais e com a sociedade em questão.
CAPÍTULO 3: PLANTAS
MEDICINAIS: CUIDADOS COM
O USO
Como qualquer medicamento, as plantas medicinais são
extremamente úteis para tratar determinadas doenças, mas ao
mesmo tempo podem também ser contraindicadas para outras.
Algumas delas deverão também ser alvo de especial precaução,
pois apesar de serem benéficas em pequenas quantidades, podem
ser tóxicas ou mesmo mortais se não se tomar os devidos cuidados.
Nunca use remédios naturais (como chás, cremes, etc) se você
não tiver conhecimento sobre as ervas utilizadas. Em todos os
casos, consulte sempre um especialista. Tome cuidado ao
manusear qualquer tipo de erva e as mantenha longe das crianças.
As plantas medicinais devem ser utilizadas sempre com cuidado.
A superdosagem pode provocar intoxicação. O diagnóstico é difícil,
pois os efeitos das plantas demoram para aparecer. Muitas vezes,
quando descobertos, já se tornaram crônicos. A Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta o uso de algumas
dessas substâncias e estabelece os limites máximos de dosagem
diária das plantas mais populares (Disponível em:
<www.anvisa.gov.br).
 Todas as ervas descritas neste estudo referem-se à bibliografia
consultada e resgate de informações locais e regionais de caráter
essencialmente informativo.
TABELA 1 – Espécies Nativas Identificadas
Família Nome científico Nome Popular
Acanthaceae Justicia pectoralis Anador /Erva-de-
Santo-Antonio
Alismataceae Echinodorus grandiflorus Chapéu-de-couro
Amaranthaceae Alternanthera brasiliana (L.)O. Kuntze Perpétua-do-mato
Amaranthaceae
Alternanthera dentata
(Moench)
Stuchlik
Terramicina
Amaranthaceae Chenopodium ambrosioidesL.
Erva-de-Santa-
Maria
Amaranthaceae Gomphrena celosioidesMart. Perpétua-brava
Amaranthaceae Pfaffia paniculata (Mart.)Kuntze Para-tudo
Anacardiaceae Schinus terebinthifolia Raddi Aroeira
Angiospermae –
Hypoxidaceae Hypoxis decumbens L.
Cebolinha-do-
mato /Tiririca
Angiospermae –
Trigoniaceae Trigonia nívea Cipó-prata
Annonaceae Annona sp. Araticum mirim
Aquifoliaceae Ilex paraguariensis A. St.-Hill Erva-mate
Araceae Taccarum ulei Jararaca
Araucariaceae Araucária angustifolia Nó-de-pinho
Aristolochiaceae Aristolochia triangularisMart. & Zucc. Cipó-mil-homens
Asclepiadaceae Asclepias curassavica L. Oficial-de-sala
Berberidaceae Berberis laurina Braço-forte/Calafate
Bignoniaceae Dolichandra unguis cati Unha-de-gato
Bignoniaceae Handroanthus impetiginosus Ipe-roxo
Bignoniaceae Jacarandá mimosaefolia Caroba, Carobinhado campo
Bignoniaceae Pyrostegia venusta Cipó-de-São-João
Bromeliaceae Ananas sp. Abacaxi
Caprifoliaceae Sambucus australis Sabugueiro
Cecropiaceae Cecropia pachystachyaTrécul Embaúba-branca
Celastraceae Maytenus aquifolium Espinheira-santa
Commelinaceae Tradescantia elongata Trapoeraba
Compositae-
Asteraceae
Acanthospermum australe
(Loeft.) Kuntze
Carrapicho-de-
carneiro
Compositae -
Asteraceae
Achyrocline satureioides /
alata Macelinha/ Macela
Compositae -
Asteraceae Ageratum conyzoides L. Erva-de-São-João
Compositae -
Asteraceae Artemisia Alba Canfora
Compositae -
Asteraceae
Baccharis dracunculifolia
DC. Alecrim-do-campo
Compositae -
Asteraceae Baccharis trimera Carqueja
Compositae -
Asteraceae Bidens pilosa Picão
Compositae -
Asteraceae Chaptalia nutans (L.) Pohl Lingua-de-vaca
Compositae -
Asteraceae Egletes viscosa (L.) Less Marcela-galega
Compositae -
Asteraceae Elephantopus mollis Kunth Pata-de-elefante
Compositae -
Asteraceae Mikania glomerata Spreng
Guaco/Cipó-sete-
sangrias
Compositae -
Asteraceae Mikania hirsutissima Cipó-cabeludo
Compositae -
Asteraceae Solidago chilensis Arnica
Compositae-
Asteraceae
Vernonia polyanthes Assa-peixe-branco
Compositae Vernonia glabrata Less Assa-peixe-roxo
Cruciferae -
Brassicaceae Coronopus didymus Mentruz
Curcubitaceae Cayaponia podantha Taiuiá
Dioscoraceae Dioscorea sp. Cará
Erythroxylaceae Erythroxylum deciduum Catuaba, Fruta depomba
Euphorbiaceae Croton urucurana Capixingui
Euphorbiaceae Euphorbia hirta Erva-andorinha
Euphorbiaceae Phyllanthus niruri Quebra-pedra
Fabaceae -
Mimosoideae Anadenanthera colubrina Angico-branco
Fabaceae –
Mimosoideae
Stryphnodendron
adstringens Barbatimão
Ganodermaceae Ganoderma sp. Cogumeloserpente
Guttiferae -
Clusiaceae
Hypericum brasiliense
Choisy Alecrim-bravo
Icacinaceae Villaresia congonha Chá-de-Bugre
Labiatae –
Lamiaceae Hyptis mutabilis Alfavaca-brava
Labiatae -
Lamiaceae Peltodon radicans Pohl Rabo-de-cachorro
Lauraceae Ocotea odorífera Sassafrás
Leguminosae -
Caesalpinioideae Bauhinia forficata
Pata-de-vaca
(árvore)
Leguminosae Erythrina mulungu Mulungu
Loranthaceae Phoradendron rubrum Erva-de-passarinho
Lycopodiaceae Lycopodium sp. Licopodium
Lythraceae Cuphea carthagenensis Sete-sangrias-do
campo
Meliaceae Cedrela odorata L. Cedro-rosa
Menispermáceas Cissampelos parreira /Cissampelos glaberrima Abutua
Moraceae Dorstenia asaroides Caiapiá
Myrtaceae Eugenia uniflora Pitanga
Myrtaceae Psidium guajava Goiabeira
Passifloraceae Passiflora sp. Maracujá
Phytolaccaceae Phytolacca americana Tintureira
Piperaceae Piper aduncum L. Pimenta-brava
Piperaceae Piper umbellatum Pariparoba
Plantaginaceae Plantago australis Transagem
Polygalaceae Polygala paniculata Barba-de-São-João
Pteridaceae Pteris aquilina Varabi
Rosaceae Rubus sellowii Amoreira,Amoreira-brava
Rubiaceae Richardia brasiliensis Ipecacuanha
Scrophulariaceae Buddleja stachyoides Verbasco, Calção-de-velho
Scrophulariaceae Scoparia dulcis L. Vassourinha
Simarubaceae Simarouba amara Quassia / Quina
Siparunaceae Siparuna brasiliensis Limão-bravo
Smilacaceae Smilax japecanga Japecanga ,Salsaparrilha
Solanaceae Physalis angulata L. Joa , Juapoca
Solanaceae Solanum cernuum Vell. Bolsa-de-pastor
Solanaceae Solanum erianthum Guavetinga
Solanaceae Solanum paniculatum L. Jurubeba
Solanaceae Solanumviarum Juá-bravo/Solanum
Umbeliferae – Hydrocotyle bonariensis Erva-capitão
Apiaceae Lam.
Verbenaceae Lantana camara L. Lantana/Cambará
Verbenaceae Lippia Alba Erva-cidreira
Verbenaceae Stachytarpheta cayennensis(Rich.) Vahl
Verbena/Gervão-
verdadeiro
Violaceae Anchietia salutaris Cipó-suma
Vitaceae Cissus verticillata Uva-brava
TABELA 2 – Espécies Exóticas Identificadas
Família Nome científico Nome Popular
Anacardiaceae Mangifera indica Manga
Angiospermae -
Compositae -
Asteraceae
Soliva anthemifolia
(Juss.) Sweet Cuspe-de-caipira
Angiospermae –
Gramineae (Poaceae) Melinis minutiflora Capim-gordura
Araceae Colocasiaantiquorum Taioba
Boraginaceae Borago officinalisL. Borragem
Boraginaceae Symphytumofficinale L. Confrei
Caricaceae Carica papaya Mamoeiro
Compositae Taraxacumofficinale Weber Dente-de-leão
Compositae -
Asteraceae
Achillea
millefolium Mil-folhas, Novalgina
Compositae -
Asteraceae
Artemisia
absinthium L. Losna
Compositae -
Asteraceae Artemisia vulgaris Artemisia
Compositae -
Asteraceae
Arctium minus
(Hill) Bernh Bardana
Compositae -
Asteraceae
Chamomilla
recutita
Camomila
Compositae -
Asteraceae Emilia fosbergii Serralhinha
Compositae -
Asteraceae Lactuca sativa Alface
Compositae -
Asteraceae Silybum marianum Cardo-mariano
Compositae -
Asteraceae
Sonchus
oleraceus Serralha
Compositae -
Asteraceae Tanacetum vulgare Catinga-de-mulata
Compositae -
Asteraceae
Vernonia
condensata -
Baker
Boldo
Crassulaceae Sedumdendroideum Bálsamo
Cruciferae -
Brassicaceae Brassica rapa Mostarda
Cruciferae -
Brassicaceae
Nasturtium
officinale Agrião
Curcubitaceae Sechium edule(Jacq.) Sw. Chuchu
Equisetaceae Equisetumhyemale
Caninha-do-brejo,
cavalinha, bambuzinho
Euphorbiaceae Ricinus communis Mamona
Geraniaceae Geraniumnepalense Nogui
Gramineae – Poaceae Cymbopogoncitratus Erva-cidreira(capim)
Gramineae - Poaceae Zea mays Milho
Hamamelidaceae Hamamelisvirginiana Hamamelis
Juglandaceae Carya illinoenses
(Wang) K.
Pecã (noz)
Labiatae Nepeta glechoma Hera-terrestre
Labiatae – Lamiaceae Lavandulaangustifólia Alfazema
Labiatae – Lamiaceae
Leonotis
nepetaefolia (L.)
R. Br.
Rubi, Rubim
Labiatae - Lamiaceae Leonurus sibiricusL. Rubi , Rubim
Labiatae - Lamiaceae Melissa officinalis Melissa
Labiatae - Lamiaceae Mentha pulegium Poejo
Labiatae - Lamiaceae Mentha sp. Hortelã
Labiatae - Lamiaceae Mentha sp. Levante, Alevante,Elevante
Labiatae - Lamiaceae Ocimum basillicumL. Manjericão
Labiatae - Lamiaceae Ocimumgratissimum Alfavaca , Alfavacão
Labiatae - Lamiaceae Origanum vulgare Manjerona
Labiatae - Lamiaceae Plectranthusbarbatus Boldo
Labiatae – Lamiaceae Plectranthusneochilus Boldozinho
Labiatae – Lamiaceae Rosmarinusofficinalis Alecrim
Lamiaceae Tetradenia riparia Incenso , Mirra
Lauraceae Persea americana Abacateiro
Leguminosae Mucuna pruriens Pó-de-mico
Leguminosae –
Papilionoideae Piscidia erythrina Timbó-de-pelota, Timbó
Liliaceae Aloe arborescens Babosa
Liliaceae Allium sativum Alho
Malvaceae Malva sylvestris Malva
Malvaceae Sida rhombifolia L. Guanxuma
Moraceae Morus alba Amora-de-árvore
Myrtaceae Eucaliptusglobulus Eucalipto branco
Olaraceae Brassica sp. Couve
Oxalidaceae Oxalis sp. Trevo-azedo
Poaceae Saccharumofficinarum L. Cana
Polygonaceae Polygonumpersicaria Erva-de-bicho
Polygonaceae Rumex crispus Lingua-de-vaca
Primulaceae Primula officinalis Primula
Pteridaceae Adiantum capillus Avenca
Punicaceae Punica granatumL. Romã
Rosaceae Fragaria vesca Fragaria, Morangosilvestre europeu
Rosaceae Malus pumila Macieira
Rosaceae Rosa Alba Rosa-branca
Rutaceae Citrus sinensis Laranjeira
Rutaceae Citrus sp. Limeira
Rutaceae Citrus sp. Limoeiro
Rutaceae Ruta graveolens Arruda
Scrophulariaceae Digitalis purpurea Dedaleira
Tiliaceae Tilia sp. Tilia
Umbelíferas Angelicaarchangelica Angélica
Umbelliferae –
Apiaceae
Centella asiatica
(L.) Urban
Centela , Pata-de-
cavalo
Umbelliferae - Apiaceae Foeniculumvulgare Erva-doce
Urticaceae Parietaria Parietária
officinalis
Urticaceae Urtica dióica Urtiga
Urticaceae Urtica urens Urtiga
Valerianaceae Valerianaofficinalis Valeriana
Zingiberaceae Alpinia zerumbet Pacova
Zingiberaceae Curcuma longa Açafrão
Zingiberaceae Zingiber officinale Gengibre
Espécies Nativas e seus Principais Usos
Os usos apresentados a seguir foram mencionados pelos
entrevistados e estão de acordo com a literatura científica
consultada, destacando-se os estudos de Balbach (1987), Corrêa
(1978), Grieve (1998), Jones (1991), Kikuchi (1991), Lorenzi; Matos
(2008); Lorenzi (2000) e Roger; Nick (1992) que se encontram nas
referências bibliográficas.
- Abacaxi (Ananas sp.): Anti-inflamatório, utilizado para tratar
problemas estomacais, intestinais, renais, respiratórios e afecções
da pele.
- Alecrim-bravo (Hypericum brasiliense Choisy): Analgésico, anti-
inflamatório, usado em casos de picadas de cobra, aftas, dor de
garganta, inflamações na boca e na gengiva.
- Alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia DC.): Antibiótico,
utilizado para tratar problemas nas vias respiratórias e aumentar a
resistência imunológica. Matéria-prima do própolis verde.
- Alfavaca brava (Hyptis mutabilis): Indicada para o diabetes,
hipertensão arterial, problemas estomacais, dores de dente, cólicas,
febres e resfriado. Usa-se o chá da planta inteira.
- Amoreira, Amoreira-brava (Rubus sellowii): Laxativa, anti-
inflamatória, utilizada em casos de problemas hepáticos,
respiratórios e espasmos.
- Angico-branco (Anadenanthera colubrina): Utiliza-se a casca em
forma de chá para estancar hemorragias e purificar o sangue, no
tratamento de leucorreia e gonorreia e em casos de afecções das
vias respiratórias.
- Araticum mirim (Annona sp.)1: As sementes trituradas e utilizadas
em forma de chá são indicadas em casos de verminoses, furúnculos
e sarnas. Já as folhas são utilizadas para o tratamento de
problemas estomacais e reumatismo.
- Arnica (Solidago chilensis)2: Cicatrizante, indicado para o
tratamento de ferimentos, escoriações, traumatismos e contusões.
Utilizado também para auxiliar a digestão.
- Aroeira (Schinus terebinthifolia Raddi): Utiliza-se o chá da casca
para estancar sangramentos, tratar doenças do sistema urinário e
hemorragia uterina. O chá das folhas é indicado para o tratamento
de feridas e úlceras.
- Assa-peixe-branco (Vernonia polyanthes): Diurético, balsâmico,
antirreumático, útil no tratamento de bronquite, tosse, abscessos
internos e cálculo renal.
- Assa-peixe-roxo (Vernonia glabrata): Diurético, balsâmico,
antirreumático, útil no tratamento de bronquite, tosse, abscessos
internos e pedras no rim.
- Barba-de-São-João (Polygala paniculata): Emético, expectorante,
diurético. Indicada para tratar blenorragia, torções, picadas de cobra
e contusões.
- Barbatimão (Stryphnodendron adstringens): Utilizada em casos de
hemorragias, inflamações da garganta, diarreias, conjuntivite,
hemorroidas, ferimentos e queimaduras. Usa-se o chá da casca.
- Bolsa-de-pastor (Solanum cernuum Vell.): Indicada para problemas
hepáticos, renais, reumatismo, obesidade, furúnculo, distúrbios
uterinos, para purificar o sangue e acalmar, em forma de chá da
folha.
- Braço-forte, Calafate (Berberis laurina): Utiliza-se as folhas e
brotos como compressas para queimaduras e eczemas, em
gargarejos para tratar males da boca e garganta. As raízes são
utilizadas em casos de problemas hepáticos e hemorragia uterina.
- Buta (Cissampelos parreira): Tônica, febrífuga, estomáquica,
antiasmática, expectorante. Indicada para o tratamento de
dispepsia, inflamação genital, tratamento pré e pós-natal.
- Caiapiá (Dorstenia asaroides): Utilizada em casos de picada de
cobras para atenuar a dor, para problemas estomacais, intestinais,
respiratórios e para o tratamento de anemia.
- Cânfora (Artemisia alba): Utilizada no tratamento de verminoses,
de doenças hepáticas, estomacais, renais, biliares, e em casos de
gases intestinais. Utiliza-se a planta em forma de chá e também
macerada para tratar problemas de pele.
- Capixingui (Croton urucurana): Utiliza-se a seivada planta para
tratar ferimentos, sangramentos, infecções, úlceras do estômago e
intestinais, herpes e doenças nas vias respiratórias.
- Cará (Dioscorea sp.): Diurética, laxante, usada no tratamento de
males do rim e intestinos; em forma de cataplasma dos tubérculos
para tratar furúnculos e feridas.
- Caroba, Carobinha do campo (Jacarandá mimosaefolia):
Depurativa, febrífuga, sudorífica, indicada para tratar males do
fígado, estômago, para eliminar o ácido úrico, reumatismo, úlceras e
feridas.
- Carqueja (Baccharis trimera): Analgésica, digestiva, antiulcerativa,
antiácida, hepatoprotetora, útil no tratamento de anemia, dor de
garganta, impotência, afecções gástricas e diabetes.
- Carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum australe [Loeft.] Kuntze):
Anticancerígena, béquica, antifebril, antidiarreica, usa-se o chá dos
ramos para tratar anemia, problemas renais e das vias urinárias,
bronquite, tosse, micoses e úlceras.
- Casca d’anta (Drimys winteri): A casca é utilizada em forma de
chá para tratar problemas estomacais, gases, disenteria, cólicas,
anemia, malária, bronquites, catarros e como tônica revigorante.
- Catuaba, Fruta de pomba (Erythroxylum deciduum): Estimulante do
sistema nervoso.
- Cebolinha-do-mato (Hypoxis decumbens L.): Utilizada no
tratamento de doenças renais e das vias urinárias, em forma de chá
do bulbo da planta.
- Cedro-rosa (Cedrela odorata L.): A casca é usada em forma de
banhos para dores no corpo, resfriados, gripes e febres; o chá é
indicado em casos de verminoses, reumatismo e malária.
- Chá-de-bugre (Villaresia congonha): Diurética, tônica, antiácida, útil
no tratamento de úlceras do estômago, má digestão e cálculo renal.
- Chapéu-de-couro (Echinodorus grandiflorus): Diurético e depurativo.
Usa-se o chá das folhas para tratar hérnias, males do fígado, rins,
bexiga, cálculos renais, faringite, arteriosclerose e reumatismo.
- Cipó-cabeludo (Mikania hirsutissima): Antialbuminúrica, diurética,
antirreumática, estimulante, removedor do ácido úrico, indicado para
tratar cistite, uretrite, males dos rins, bexiga, artrite, diarreia, e
esquistossomose.
- Cipó-de-São-João (Pyrostegia venusta): O chá das folhas é
considerado tônico e antidiarreico. Contém Pyrostegina que pode
ser tóxica para bovinos.
- Cipó-prata (Trigonia nívea): O chá da planta inteira é utilizado para
o tratamento de afecções renais e urinárias.
- Cipó-suma (Anchietia salutaris): Depurativa e purgante, usa-se o
chá da raiz para tratar problemas de pele, eczemas, furúnculos,
coqueluche e alergias.
- Cogumelo Serpente (Ganoderma sp.): Anticancerígeno, tônico útil
no tratamento de doenças dos órgãos genitais, cirrose, leucemia,
doenças uterinas, fortalece o sistema imunológico e combate a
fadiga.
- Embaúba-branca (Cecropia pachystachya Trécul): Utilizada para o
tratamento de asma, hidropsia, tosse, mal de Parkison, verrugas e
para fortalecer o coração. Usada na forma de chá das folhas.
- Erva-andorinha (Euphorbia hirta): Antisséptica, oftálmica,
diurética, purgativa, usada em casos de dengue a de infecções da
pele e olhos.
- Erva-capitão (Hydrocotyle bonariensis Lam.): Usado em forma de
chá da planta inteira, induz o vômito, facilita a digestão, fortalece o
fígado, utilizado para problemas renais e reumatismo.
- Erva-cidreira (Lippia alba): Utilizada em forma de chá, alivia as
dores no corpo, indicada para cólicas uterinas e intestinais, acalma,
combate o nervosismo e intranquilidade, e facilita o sono.
- Erva-de-passarinho (Phoradendron rubrum): Utilizada como
depurativo do sangue. Anti-inflamatório, anti-infeccioso,
antidiarreico, anti-hemorroida, antivirótico, bactericida e fungicida,
para lavar feridas e úlceras, problemas das vias respiratórias e
aparelho digestivo.
- Erva-de-Santa-Maria (Chenopodium ambrosioides L.): O chá e o
suco da planta são utilizados no tratamento de má digestão,
reumatismo, verminoses e doenças provocadas por fungos.
Misturada ao leite é indicada para o tratamento de bronquite e
tuberculose e como compressas em casos de contusões e fraturas.
- Erva-de-Santo-Antônio (Justicia pectoralis): utilizada no tratamento
de reumatismo, cólicas abdominais, doenças das vias respiratórias e
leucemia, é expectorante, sudorífica, afrodisíaca e anti-inflamatória.
- Erva-de-São-João (Ageratum conyzoides L.): O chá da planta,
preferencialmente sem as flores, é utilizado para dores no corpo,
cólica menstrual, artrose, reumatismo, como calmante, analgésico e
anti-inflamatório.
- Erva-mate (Ilex paraguariensis A. St.- Hill): Cicatrizante, digestiva,
estimulante e diurética, combate a fadiga muscular, abre o apetite, e
é usada como cataplasma para curar feridas.
- Espinheira-santa (Maytenus aquifolium): Antileucêmica, antibiótica,
digestiva, usada no tratamento de gastrite, úlceras, câncer,
hiperacidez e problemas renais.
- Gervão (Stachytarpheta cayennensis [Rich.] Vahl): Tônico estomacal
e intestinal, vermífugo e digestivo. Usado como chá para o
tratamento de febre, hepatite, disenteria, reumatismo, úlceras e
males do fígado e vesícula.
- Goiabeira (Psidium guajava): O chá das folhas é usado em casos
de diarreia infantil, para bochechos e gargarejos, inflamação na
boca e garganta, úlcera, salmonela, é anti-infecciosa e reidratante.
- Guaco (Mikania glomerata Spreng): Tônica, febrífuga, depurativa,
anticoagulante, peitoral, antigripal, bronco-dilatadora, expectorante e
antiedematogênica, indicada para o tratamento de nevralgias,
traumatismos, bronquite, asma, hipertensão e doenças na boca e
garganta.
- Guanxuma (Sida rhombifolia L.): Vulnerária, anti-hemorroidica,
béquica, febrífuga, usada como compressas para tratar abscessos,
picadas de insetos, espinhos, e como chá para bronquite, tosse e
asma.
- Guavetinga (Solanum erianthum)3: Planta muito tóxica. O chá das
folhas é utilizado como depurativo. As folhas aquecidas são
aplicadas na testa como um analgésico para dores de cabeça. A
casca da raiz éutilizada como anti-inflamatório e para tratar artrite.
- Ipecacuanha (Richardia brasiliensis): O chá das raízes é usado
para provocar vômito, em casos de diarreia, hemorroidas, varizes,
queimaduras, erisipela e infecções intestinais.
- Ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus): A casca é usada de
diversas formas para tratar câncer, lúpus, mal de Parkison, psoríase,
alergias, hemorroidas, afecções das mucosas, gripes e resfriados. É
anti-infecciosa e antifúngica.
- Jararaca (Taccarum ulei)4: Planta muito tóxica, contraindicada
para uso interno. Usada para compressas contra picadas de cobra,
borrachudos, vespas, sarna, e bernes.
- Joá, Juapoca (Physalis angulata L.): O chá é calmante, sedativo,
diurético, anti-inflamatório, anticancerígeno, usado para tratar males
das vias urinárias, Aids, herpes labial, doenças de pele, diabetes e
reumatismo.
- Juá-bravo, Solanum (Solanum viarum)5: Utilizado como
cataplasma para matar bernes.
- Jurubeba (Solanum paniculatum L.): Digestiva, colagoga, usada
para tratamento de anemia, afecções do fígado, hepatite, gastrite,
tumor uterino, ressacas, inflamação do baço, lavar feridas e
contusões.
- Lantana, Cambará (Lantana camara L.)6: O chá é utilizado para
lavar feridas, em casos de dor de dente, paralisia e congestão
cerebral.
- Licopodium (Lycopodium sp.): Útil nas afecções das vias
respiratórias e como hemostático e cicatrizante.
- Limão-bravo (Siparuna brasiliensis): Excitante, antiespasmódica,
estomáquica e peitoral, usada em compressas para tratar
contusões, chás e xaropes em casos de asma, bronquite, tosse e
resfriados.
- Língua-de-vaca (Chaptalia nutans [L.] Pohl): O chá das folhas é
indicado para tratar problemas renais e hepáticos, falta de
menstruação, fraqueza, tosse e herpes.
- Macela (Achyrocline satureioides): Analgésica, anti-inflamatória,
sedativa, relaxante, muscular, anticancerígena e antivirótica. Útil no
tratamento de diarreia, males do fígado, ataques nervosos, cólicas e
dores articulares.
- Maracujá (Passiflora sp.)7: Quando usada, deve ser fervida por
dez minutos sem tampa para perder os glicosídeos cianogênicos.É
usada como calmante para induzir o sono.
- Marcela-galega (Egletes viscosa [L.] Less): O chá das flores é
utilizado em caso de problemas digestivos e intestinais, gases,
cólicas, má digestão, diarreia, enxaqueca e irregularidades
menstruais. É antivirótica, anti-inflamatória, protetora do fígado e
estômago.
- Mentruz (Coronopus didymus): Utilizada em forma de chá, saladas,
compressas e tinturas para tratar problemas renais, das vias
respiratórias, escorbuto, afecções gástricas e urinárias. É digestivo,
bom para doenças hepáticas, anemia, diabetes, torções, contusões
e fraturas.
- Mil-homens (Aristolochia triangularis Mart. &Zucc.): Planta
contraindicada nos casos de gravidez e insuficiência renal. Utiliza-se
o chá do caule e raízes para o tratamento de problemas nervosos,
estomacais, hepáticos, intestinais, do baço, em casos de tensão
pré-menstrual, flatulências, orquite, convulsão e epilepsia.
- Mulungu, Muchoco (Erythrina mulungu): As sementes são tóxicas.
Usa-se a casca da árvore para tratar diabetes, ansiedade, tosse
nervosa, agitação psicomotora, bronquite, insônia, asma, hepatite,
palpitações do coração e histeria.
- Nó-de-pinho (Araucária angustifólia): Utiliza-se a tintura feita com
aguardente e a parte dura do tronco, que contém muita resina, para
tratar reumatismo, tosse e friagem. O chá das folhas é utilizado em
caso de anemia.
- Oficial-de-sala (Asclepias curassavica L.)8: As raízes são usadas
para tratar bernes. Contraindicado o uso oral.
- Para tudo (Pfaffia paniculata [Mart.] Kuntze): As raízes são
utilizadas de diversas formas para tratar infertilidade, impotência,
anemia, hipertensão, problemas menstruais e da menopausa,
colesterol e diabetes. Fortalece o sistema nervoso e imunológico.
- Pariparoba (Piper umbellatum): Estimulante do pâncreas e baço,
usada como chá em casos de afecções do fígado e vesícula,
inchaço e inflamação das pernas, tosse e bronquite, e como
compressas para furúnculos e dores de cabeça.
- Pata-de-elefante (Elephantopus mollis Kunth): Antirreumática,
litotríptica, anticancerígena, tônica, e antifúngica. Usada para tratar
herpes, cálculos biliares, tosses, gripe, bronquite, catarros, coceiras,
micoses, ulceras e feridas.
- Pata-de-vaca (Bauhinia forficata): Hipoglicêmica e diurética, usada
no tratamento de colesterol e triglicerídeos, cistite, verminoses,
problemas renais, diabetes e elefantíase.
- Perpétua-do-mato (Alternanthera brasiliana [L.] O. Kuntze):
Anticancerígena, diurética, digestiva, depurativa e antidiarreica. Usa-
se o chá das folhas para tratar afecções do fígado, da bexiga e das
vias respiratórias, prisão de ventre e câncer.
- Perpétua-brava (Gomphrena celosioides Mart.): utilizada na forma
de chá da planta inteira em distúrbios menstruais
- Picão (Bidens pilosa): Utiliza-se a planta inteira em forma de chá
para tratar falta de menstruação, problemas renais, hepáticos, das
vias urinárias, disenteria, febre e diabetes.
- Pimenta-brava (Piper aduncum L.): Estimulante, carminativa,
tônica. Indicada para o tratamento de afecções do fígado e vesícula,
catarros, espasmos e como compressas para erisipela e em casos
de picadas de cobra.
- Pitanga (Eugenia uniflora): Utiliza-se o chá das folhas para febre,
reumatismo, verminoses, bronquite, tosse, hipertensão, ansiedade e
colesterol.
- Quassia, Quina (Simarouba amara): Utiliza-se a madeira em
infusão na água fria para disenteria, sangramentos, anemia,
amebíase, malária, verminoses, falta de apetite, febre e para matar
piolhos.
- Quebra-pedra (Phyllanthus niruri)9: Analgésica,
antirreumática.Usa-se o chá para o tratamento de litíase renal, gota,
acido úrico e hepatite.
- Rabo-de-cachorro (Peltodon radicans Pohl): Estimulante,
antiasmática, sedativa, carminativa e peitoral, usada como chá para
tratar problemas nas vias respiratórias, intestinais, de pele, picadas
de cobra e escorpião.
- Sabugueiro (Sambucus australis): Utiliza-se as flores para
inflamações nos olhos. O xarope dos frutos é usado para males das
vias respiratórias, sinusite, catarro, artrite, reumatismo e cálculo
renal.
- Salsaparrilha (Smilax japecanga): Tônica, diurética, digestiva e
antibiótica. Útil no tratamento de impotência, reumatismo,
dermatoses, gonorreia, inflamação do útero, artrite, febre, tosse,
psoríase, lepra e hipertensão.
- Sassafrás (Ocotea odorifera): Utiliza-se a madeira, que é muito
aromática, para espantar mosquitos, para purificar o sangue e
aromatizar bebidas, é diurética e antirreumática.
- Sete-sangrias-do-campo (Cuphea carthagenensis): Antifebril,
depurativa, diurética, usa-se o chá para o tratamento de
hipertensão, arteriosclerose, respiração difícil, tosse dos cardíacos,
insônia, irritação das vias respiratórias e má circulação.
- Taiuiá (Cayaponia podantha): Utiliza-se as sementes, que são
tóxicas, para verminoses, tubérculos secos em pó para má digestão,
reumatismo, inflamações dos nervos, úlceras, herpes e furúnculos.
- Terramicina (Alternanthera dentata [Moench] Stuchlik): O chá das
folhas é utilizado para acalmar a tosse, purificar o sangue, e para
problemas nas vias urinárias, rins, fígado e prisão de ventre.
- Tintureira (Phytolacca americana): Vulnerária e diurética, útil nas
afecções do baço e para curar feridas e úlceras malignas, em forma
de chá. Os frutos e as sementes são muito tóxicos, devendo evitar
seu uso.
- Transagem (Plantago australis): Purgativa, anti-hemorroida, tônica,
cicatrizante, expectorante, depurativa, usada para tratar infecções
da boca, gengiva e garganta, anginas no peito e problemas
intestinais.
- Trapoeraba (Tradescantia elongata): Emoliente, diurética,
antirreumática, útil no tratamento de males dos rins e bexiga,
anginas, oftalmias e disenterias.
- Unha-de-gato (Dolichandra unguis cati): Diurética, analgésica,
indicada como chá das folhas e caules para tratar diarreia, febre,
reumatismo, doenças venéreas, hepatite, dores e picadas de cobra.
- Uva-brava (Cissus verticillata): Hipoglicemiante, anticonvulsiva e
ativadora da circulação sanguínea.Usa-se o chá das folhas para
casos de taquicardia, hipertensão, anemia, derrames, tremores,
epilepsia e diabetes.
- Varabi (Pteris aquilina)10: Antirreumática, emoliente, béquica. Útil
no tratamento de males das vias respiratórias e problemas de pele.
- Vassourinha (Scoparia dulcis L.): Anti-inflamatória, antiácida,
abortiva, hipoglicemiante, contraceptiva, cardiotônica, útil no
tratamento de tosse, diarreia, bronquite, dor de dentes, diabetes,
hipertensão, herpes, hemorroidas e picadas de insetos.
- Verbasco, Calção-de-velho (Buddleja stachyoides): Sudorífica, anti-
hemorroida, béquica e antiartrítica, útil no tratamento de hemoptises,
reumatismo, contusões, bronquite, tosse e asma.
Espécies Exóticas e seus principais usos
- Abacateiro (Persea americana): O chá das folhas é usado para
tratar reumatismo, anemia, diarreia, infecções dos rins e bexiga, má
digestão, insuficiência hepática e biliar.
- Açafrão (Curcuma longa): Os rizomas são utilizados como
tempero ou em forma de tintura para problemas hepáticos e da
vesícula, prisão de ventre, má digestão, diabetes, colesterol e
triglicerídeos.
- Agrião (Nasturtium officinale): Utilizado como saladas, xarope e
chás, para bronquite, anemia, tuberculose, diabetes, raquitismo,
verminose, feridas, infecções da boca, da pele e dos intestinos.
- Alecrim (Rosmarinus officinalis): O chá das folhas é usado para
tratar gases, má digestão, dor de cabeça, reumatismo, problemas
hepáticos, câncer, cistite, hemorroidas, inflamação intestinal e
memória fraca.
- Alface (Lactuca sativa): Utiliza-se como saladas ou chá para
prisão de ventre, insônia, acidez estomacal, perturbações do
sistema nervoso, ansiedade, reumatismo e inflamação dos olhos.
- Alfavaca, Alfavacão (Ocimum gratissimum): Carminativa, digestivo
estomacal, hepático-biliares, diurética, antiasmática. Indicada para
tratar gripes, bronquites, tosses, dores de cabeça, picadas de
insetos, gases intestinais, vômitos e catarros.
- Alfazema (Lavandula angustifólia): Utiliza-se as inflorescências e
folhasproblemas de pressão, insônia, asma, tosse, bronquite e
enxaqueca. É antimicrobiana e usada para matar piolhos e sarna.
- Alho (Allium sativum): Utiliza-se os bulbos em forma de chá,
xarope e tempero para arteriosclerose, verminose, edemas,
trombose, hipertensão arterial, câncer, gripe, herpes, problemas
cardíacos e hepáticos e no combate de bactérias e fungos.
- Amora (Morus alba): Utiliza-se a casca da raiz como vermífuga e
purgante.O xarope dos frutos contra inflamações na boca e
garganta, doenças das vias respiratórias e o chá das folhas para
combater sintomas da menopausa.
- Angélica (Angelica archangelica): Planta não cultivada no Brasil,
muito rara, originária do continente europeu. Utilizado em casos de
problemas nas vias respiratórias.
- Arruda (Ruta graveolens): O chá é utilizado para desordens
menstruais, dor de dentes e ouvido, doenças do fígado, cãibras,
febre, verminoses, inflamações nos olhos e na pele.
- Artemisia (Artemisia vulgaris): Utilizada como chá e compressas
para má digestão, epilepsia, dores reumáticas, anemia, febre, cólica
menstrual, feridas, malária e piolho.
- Avenca (Adiantum capillus): Béquica, expectorante, emenagoga,
utiliza-se o chá para problemas nas vias respiratórias, dor de
garganta, para facilitar o parto, cólicas e amenorreia.
- Babosa (Aloe arborescens): Utilizada como cicatrizante,
antimicrobiana, para tratar queimaduras, ferimentos, hemorroidas
inflamadas. Contraindicada para uso oral por ser tóxica.É difícil a
sua dosagem correta.
- Bálsamo (Sedum dendroideum): Cicatrizante, usado para tratar
feridas, úlceras, queimaduras, terçóis, inflamações nos olhos e
acidez estomacal.
- Bardana (Arctium minus (Hill) Bernh): Utiliza-se a planta inteira
como salada, refogada ou chá para prisão de ventre, problemas
hepáticos e da vesícula, afecções da pele, do estômago, diabetes,
reumatismo e gota.
- Boldo (Vernonia condensata Baker): O chá das folhas é utilizado
para insuficiência hepática, inflamação e pedras na vesícula, gases,
diarreia, colesterol, gastrite e colite.
- Boldo (Plectranthus barbatus): Utiliza-se o chá para tratar gastrite,
falta de apetite, mal-estar, azia, ressaca e má digestão.
- Boldozinho (Plectranthus neochilus): Na forma de compressas é
usado para o tratamento de problemas de pele. Como chá, trata
bronquite, inflamações na boca, tosse, dor de garganta e feridas.
- Borragem (Borago officinalis L.)11: O chá das folhas ou flores é
usado para tratar reumatismo, tosse, afecções do fígado e coração.
É diurética, laxativa, expectorante e anti-inflamatória. Pode ser
tóxica se utilizada em excesso.
- Camomila (Chamomilla recutita): Utiliza-se o chá das flores para
facilitar a digestão, como calmante, sedativo, para gases, cólicas,
inflamações da gengiva, herpes e como compressas para
problemas de pele.
- Cana (Saccharum officinarum L.): Utiliza-se o chá dos rizomas
como diurético e seu caldo também tem este uso. Útil no tratamento
de pneumonia, tuberculose, anginas e úlcera da córnea, rachas dos
seios e aftas.
- Caninha-do-brejo, Cavalinha, Bambuzinho (Equisetum hyemale)12:
O chá das hastes é diurético, indicado para problemas renais e da
bexiga, fratura dos ossos, diarreia, sangramentos, anemia, ácido
úrico e como cicatrizante para feridas. Pode ser tóxica se utilizada
em excesso.
- Capim-gordura (Melinis minutiflora): O chá é utilizado no
tratamento de reumatismo, artrite e artrose.
- Cardo-mariano (Silybum marianum): Utiliza-se as folhas como
salada, refogadas ou chá, além das sementes e raízes como tintura
ou chá no tratamento de cirrose, hepatite, icterícia, intoxicações,
problemas urinários, biliares e uterinos.
- Catinga-de-mulata (Tanacetum vulgare): Utilizada para espantar
pulgas e moscas, como chá para tratar verminoses, estimular o
apetite, facilitar a menstruação e em casos de dor de dente e
náuseas.
- Chuchu (Sechium edule (Jacq.) Sw.): O chá das folhas, o fruto e
os brotos são utilizados para tratar hipertensão, problemas renais,
para emagrecer e como remineralizante.
- Confrei (Symphytum officinale L.)13: Utilizado externamente como
cicatrizante, para picadas de inseto, queimaduras, alergias,
hemorragias e hemorroidas. No passado era muito utilizado por via
oral, mas é contra indicado por ser tóxica.
- Couve (Brassica sp.): Utilizada em forma de salada, refogada,
chás ou sucos para tratar úlceras, gastrite, acidez, anemia,
raquitismo, osteoporose, fraturas, cáries. Usada externamente em
compressas para cicatrizar e desinflamar feridas.
- Cuspe-de-caipira (Soliva anthemifolia [Juss.] Sweet): O chá da
planta inteira é diurético e digestivo, indicada para problemas das
vias urinárias, rins e cistite.
- Dedaleira (Digitalis purpurea)14: Contém digitalina e digitoxina. É
impossível conseguir a dosagem correta em casa, pois a planta é
muito tóxica.
- Dente-de-leão (Taraxacum officinale Weber):Utiliza-se as folhas e
raiz como alimento e como medicamento para o tratamento de
problemas renais, hepáticos, estomacais, da vesícula, anemia,
prisão de ventre, diabetes, reumatismo e problemas de pele.
- Erva-cidreira (capim) (Cymbopogon citratus): Utilizada em forma de
chá para má digestão, cólicas menstruais e intestinais, como
calmante, relaxante, sonífero, analgésico, antimicrobiano e
refrigerante.
- Erva-de-bicho (Polygonum persicaria): Anti-helmíntico, anti-
hemorroidal, abortiva e antigonorreica; útil no tratamento de
disenterias, hemorragia interna, úlceras, diarreia sangrenta e
verminoses.
- Erva-doce (Foeniculum vulgare): As sementes, folhas e talos são
usadas como salada e chá indicados para problemas digestivos,
gases, cólicas, para estimular a lactação e combater espasmos.
- Eucalipto Branco (Eucaliptus globulus): As folhas são utilizadas em
forma de chá ou em inalações para problemas das vias
respiratórias, catarro, bronquite, gripe, congestão nasal, sinusite,
laringite e Aids, usada também para aromatizar ambientes.
- Fragaria, Morango silvestre (Fragaria vesca): Utiliza-se as folhas e
frutos para infecções na boca, rins, úlceras, disenteria, reumatismo,
anemia, dor de garganta, queimaduras e problemas hepáticos e
estomacais.
- Gengibre (Zingiber officinale): Os rizomas são usados de diversas
formas para problemas estomacais, hepáticos e cardíacos, da
garganta, tosse, gases, má digestão e alergias.
- Hamamelis (Hamamelis virginiana): Planta raramente encontrada
no Brasil, usa-se as folhas como chá ou tintura para fortalecer o
couro cabeludo, hemorroidas, para problemas de pele,
queimaduras, feridas, picadas de insetos e alergias.
- Hera-terrestre (Nepeta glechoma): Utilizada no tratamento de
fraturas, torções, inflamação dos nervos, edemas e inchaços, em
forma de compressas e tinturas.
- Hortelã (Mentha sp.): O chá é utilizado em casos de problemas
digestivos, gases, enjoos, gripe, resfriado, inflamações na boca e
garganta, ferimentos, coceiras e verminoses.
- Incenso (Tetradenia riparia): As folhas são usadas como infusão
para tratar dor de cabeça e de dentes, problemas estomacais,
respiratórios, febre, angina do peito, malária e dengue.
- Laranjeira (Citrus sinensis): A casca e o suco são usados para
tratar má digestão, reumatismo, gripe, gases, cólica, hipertensão
arterial, catarro, diarreia e taquicardia.
- Levante, Alevante, Elevante (Mentha sp.): Utiliza-se as folhas em
forma de chá como antiviral, antiespasmódica, antiúlcera, anti-
inflamatória, antivomitiva, para o tratamento de má digestão,
náuseas, inflamações na boca e gengiva.
- Limeira (Citrus sp.): A fruta é diurética e carminativa, útil para
problemas renais, das vias urinárias, respiratórias e má digestão.
- Limoeiro (Citrus sp.): O suco é usado como diurético,
antirreumático, antiescorbútico e febrífugo, útil no tratamento de
disenterias, acidez estomacal, hemorroidas e dor de garganta.
- Língua-de-vaca (Rumex crispus): Diurética, tônica e béquica,
indicada em forma de compressas, chás e saladas para herpes,
catarro, dermatoses, tosses, erupções cutâneas, varizes. As raízes
são utilizadas para prisão de ventre e inflamação

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