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Autor: Prof. Ricardo Granata Colaboradores: Profa. Patrícia Scarabelli Prof. José Carlos Morilla Design de Interiores (Intervenção) DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Professor conteudista: Ricardo Granata Ricardo Granata é arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Fundação Álvares Penteado – Faap (1996). Possui mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo – USP (2004). É docente, com ênfase em tecnologia e projeto, em diversas instituições de ensino superior de Arquitetura e Urbanismo e em cursos superiores tecnológicos de Design de Interiores no estado de São Paulo. É arquiteto e sócio-diretor de empresa de Arquitetura com ênfase em projetos de Arquitetura e Urbanismo, Design de Interiores e em gerenciamento de obras. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G748d Granata, Ricardo. Design de Interiores (Intervenção) / Ricardo Granata. – São Paulo: Editora Sol, 2019. 64 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-013/19, ISSN 1517-9230. 1. Projetos complementares. 2. Projeto de interiores institucional. 3. Projeto de interiores comercial. I. Título CDU 74 U501.48 – 19 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Ingrid Lourenço Lucas Ricardi DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Sumário Design de Interiores (Intervenção) APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 ESTRUTURA DE UM PROJETO DE DESIGN DE INTERIORES: ELEMENTOS E BASES PARA O PROJETO.................................................................................................................................9 1.1 Coleta e interpretação de dados e seus objetivos: conhecimento do usuário e do espaço de intervenção ......................................................................................................9 1.2 Briefing do cliente e Programa de Necessidades: premissas indispensáveis e objetivos iniciais .........................................................................................................................................9 1.3 Conhecimento do espaço de intervenção: o levantamento de medidas e o levantamento fotográfico ............................................................................................................... 11 2 DIAGNÓSTICO E CONCEITUAÇÃO DE PROJETO ................................................................................. 14 2.1 Diagnóstico de programa e espaço: a interpretação profissional .................................. 14 2.2 Conceituação do projeto ................................................................................................................... 15 2.3 Prancha conceitual ou painel semântico ou mood board .................................................. 17 Unidade II 3 FASES DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ........................................................................................ 21 3.1 Estudo Preliminar – Layout inicial ................................................................................................ 21 3.2 Anteprojeto ............................................................................................................................................. 23 3.3 Projeto Executivo ................................................................................................................................. 24 3.4 Memorial Descritivo ............................................................................................................................ 27 4 PROJETOS COMPLEMENTARES: INTRODUÇÃO AO CONHECIMENTO.......................................... 28 4.1 Projeto Estrutural ................................................................................................................................. 28 4.2 Projeto de Instalações Hidrossanitárias ...................................................................................... 28 4.3 Projeto de Instalação de Gás ........................................................................................................... 29 4.4 Projeto de Instalações Elétricas, Telefonia, Dados/Voz .......................................................... 29 4.5 Projeto de Luminotécnica ................................................................................................................. 30 4.6 Projeto de Climatização ..................................................................................................................... 31 4.7 Projeto de Instalações de Segurança (CFTV, alarmes etc.) ................................................... 32 4.8 Projeto de Automação ....................................................................................................................... 32 4.9 Projeto de Proteção contra Incêndio ........................................................................................... 32 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Unidade III 5 PROJETO DE INTERIORES DE SERVIÇOS, INSTITUCIONAL E COMERCIAL .................................. 36 5.1 Projeto de Interiores de Serviços e Institucional: estrutura organizacional e espacial ......................................................................................................................................................... 36 5.1.1 Entrada, recepção e sala de espera .................................................................................................. 37 5.1.2 Banheiros ................................................................................................................................................... 39 5.1.3 Escritórios e áreas de staff .................................................................................................................. 41 6 PROJETO DE INTERIORES DE SERVIÇOS E INSTITUCIONAL: OUTRAS FORMAS DE ESCRITÓRIO ..................................................................................................................................................... 45 6.1 Home office ............................................................................................................................................ 45 6.2 Coworking ............................................................................................................................................... 46 Unidade IV 7 PROJETO DE INTERIORESDE SERVIÇOS E INSTITUCIONAL: CONSULTÓRIOS .......................... 50 8 O PROJETO DE INTERIORES COMERCIAL ............................................................................................... 52 8.1 O Projeto de Interiores Comercial: lojas ...................................................................................... 52 8.2 Restaurantes, bares e lanchonetes ................................................................................................ 54 8.2.1 Zonas de preparo e controle .............................................................................................................. 56 7 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 APRESENTAÇÃO O designer de interiores desenvolve projetos para os espaços internos residenciais, comerciais e institucionais. Sendo assim, o objetivo desta disciplina é capacitar o estudante ao exercício do Projeto de Interiores nessas diversas modalidades. A disciplina busca promover a discussão e a resolução de problemas funcionais, formais e metodológicos no processo de projeto do ambiente, investigando estratégias de projeto viáveis para a construção e a organização do espaço definido pela edificação existente ou pela readequação dele, seja qual for a especificidade que possui. Na proposição de atividades de projeto, a disciplina busca, então, sistematizar princípios projetivos explorando os requisitos funcionais, formais, representativos e simbólicos do problema apresentado; buscando, assim, responder às necessidades apresentadas pelo programa de projeto adequando estrutura, cobertura, vedação, iluminação e geometrias dos espaços de permanência e circulação como elementos representativos de estruturação formal do projeto. INTRODUÇÃO Esta disciplina fornece subsídio para a capacitação do estudante no desenvolvimento do Projeto de Interiores, tendo como foco o Projeto de Interiores para Serviços e Comércio. São apresentados elementos e bases para o projeto de forma geral e estratégias para interpretação dos dados e conceituação de um projeto. Dessa forma, são expostos métodos de coleta de bases para o desenvolvimento projetivo, os quais abrangem o conhecimento do usuário e o conhecimento do espaço de intervenção. Também são reveladas estratégias para interpretação desses dados e para fundamentação de um projeto através do estabelecimento de um conceito a ser apresentado ao cliente. As fases sistematizadas de um projeto de interiores propriamente dito, no quesito peças gráficas, também são comentadas com as especificidades inerentes. Assim, são apresentados o Estudo Preliminar, o Anteprojeto, o Projeto Executivo e uma introdução à compatibilização de um projeto, levando em consideração os projetos complementares, como os de instalações elétricas, de instalações hidrossanitárias, entre outros. Esses projetos devem ser produzidos por profissionais de outras áreas e proverão embasamento técnico às intervenções de projeto. Como documentação de compilação física e financeira de todos os dados compositivos de um projeto, é apresentado ainda o Memorial Descritivo, documento que contempla todos os elementos necessários para a execução do projeto – incluindo quantidades e custo –, mantendo o cliente a par do todo. O Memorial Descritivo constitui um elemento primordial para a programação da obra. As especificidades organizacionais dos espaços comerciais e de serviços são também apresentadas, contemplando os principais tipos de escritórios, consultórios, lojas, restaurantes e lanchonetes. 9 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO) Unidade I 1 ESTRUTURA DE UM PROJETO DE DESIGN DE INTERIORES: ELEMENTOS E BASES PARA O PROJETO 1.1 Coleta e interpretação de dados e seus objetivos: conhecimento do usuário e do espaço de intervenção O objetivo do Design de Interiores ou Arquitetura de Interiores, como intitulado e colocado por Ching no livro Arquitetura de Interiores Ilustrada (2013, p. 44), é a “[…] melhoria funcional, o aprimoramento estético e a melhoria psicológica dos espaços internos […]”, através, portanto, de um projeto desenvolvido pelo profissional chamado de designer de interiores, sendo que “[…] o objetivo de qualquer projeto é organizar suas partes como um todo coerente, para se atingir certas metas […]” (2013, p. 45). O Projeto de Interiores deve ser desenvolvido a partir de dois subsídios básicos: o físico e o humano. Ou seja, para se iniciar um projeto, o profissional – designer de interiores – deve conhecer os dois sujeitos protagonistas deste universo projetivo: o usuário – cliente – e o local de intervenção. Deve, portanto, conhecer o perfil desse cliente e suas necessidades e o local para o qual o projeto será proposto. O perfil do cliente está intimamente relacionado a sua personalidade e/ou a modalidade. No caso de residencial, o perfil do cliente refere-se à idade, ao temperamento, à sociabilidade, aos gostos, à profissão, à idade etc. No caso de um cliente institucional, prestador de serviços ou comercial, refere-se à identidade da empresa ou instituição – história, ramo ou ramos de atividades, identidade corporativa etc. Além dessa informação primária, três documentos fundamentais, que constituem a base para o início do desenvolvimento do projeto, devem ser produzidos: o Briefing, o Programa de Necessidades e o Levantamento de Medidas/Fotográfico. 1.2 Briefing do cliente e Programa de Necessidades: premissas indispensáveis e objetivos iniciais Após o primeiro contato com o cliente e depois de terem sido realizados os trâmites iniciais contratuais, que variam da prática e do método de cada profissional, deve-se entender o briefing e desenvolver um programa de necessidades com o cliente. Um Briefing inicial e um Programa de Necessidades muitas vezes precedem o contrato, pois em alguns momentos, para se estabelecer um contrato de projeto, é necessário que seja conhecido o escopo de trabalho, mas isso pode variar conforme a prática do designer de interiores e deverá ser estudado em disciplina específica. 10 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Unidade I De qualquer forma, num primeiro contato de trabalho mais amplo, o profissional deve solicitar, indagar ou ao menos entender qual é o perfil e o briefing deste cliente, pois assim terá acesso às primeiras intenções e aos reais objetivos dele, seja em um projeto residencial, comercial ou institucional. No briefing inicial, o cliente informará qual é o espaço de intervenção e quais são as suas intenções, objetivos iniciais e suas pretensões. Por exemplo, no caso de um projeto residencial, o cliente dirá ao profissional que: • é casado e possui um filho; • adquiriu um apartamento de 90 m², com três dormitórios – sendo um deles uma suíte –, sala de estar, cozinha americana, banheiro social e área de serviço; • a suíte será para o casal e o segundo dormitório será para o filho; • no terceiro dormitório ele pretende que seja feito um escritório, que também poderá servir como um quarto de hóspedes. A partir dessas informações iniciais, o profissional deverá aprofundar e constituir um documento fundamental para as interpretações futuras: o Programa de Necessidades. Nesse caso, o designer de interiores aprofundará o conhecimento sobre as necessidades do cliente não fornecidas inicialmente no briefing. Por exemplo, de acordo com o perfil do cliente, sabe-se que eles são extrovertidos e recebem muitos amigos com frequência. Assim sendo, o designer de interiores fará perguntas como: quantos amigos normalmente recebem? Quais as atividades desenvolvidas: televisão, conversas, jantar? A sala de estar precisa acomodar quantas pessoas? E quanto ao jantar, como ele é servido? Além disso, ele também perguntará quais foram as cores pensadas para o espaço de intervenção, se os integrantes da famíliasão alérgicos a alguns materiais que podem ser utilizados no projeto etc. No caso do projeto comercial – uma loja, por exemplo –, o profissional deve entender a quem se destina o projeto, a que público ou a que consumidor ou, no caso de uma empresa ou instituição, a que setor se destina. Cada setor desenvolve atividades e possui necessidades específicas, inclusive de espaços, de equipamentos e de mobiliários. Sendo assim, como coloca Gurgel (2014, p. 197), os diversos setores possuem “necessidades distintas quanto à distribuição, circulação, peças de mobiliário, materiais, iluminação etc., cabendo ao designer a identificação de todas as características que devem estar presentes em cada um individualmente”. Ainda no entendimento da empresa, deve-se verificar o caráter e o estilo compreendendo ainda a relação entre produto e serviço oferecido no espaço e sua relação direta com o caráter e o estilo do projeto. Dessa forma, o designer de interiores deve tomar conhecimento sobre identidade corporativa, a fim de definir cores e materiais que tragam a identificação imediata e, por conseguinte, a correlação imediata com o projeto. 11 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO) Por fim, e tão importante quanto os demais itens, é o conhecimento do budget, ou seja, o orçamento disponível para o projeto. 1.3 Conhecimento do espaço de intervenção: o levantamento de medidas e o levantamento fotográfico Para o desenvolvimento do projeto, é necessário que o designer de interiores conheça previamente o cliente no que se refere: • ao que ele anseia do projeto e do que necessita que ele cumpra; • acerca das destinações e objetivos esperados em relação ao espaço de atuação. Conhecer o espaço físico de intervenção, nesse momento, se faz necessário. A aproximação inicial é feita por meio de dois procedimentos, conhecidos como levantamento de medidas e levantamento fotográfico. Deve-se medir tudo e fotografar tudo! Observação No momento do levantamento de medidas e do levantamento fotográfico, deve-se considerar o espaço físico e o mobiliário que já existe e que será utilizado. No caso de empresas, é fundamental que se entenda se a empresa já está em funcionamento e será alocada em um novo espaço e se os mobiliários serão reaproveitados. Neste caso, um levantamento de mobiliário existente é imprescindível. Antes da medição, é necessário realizar um croqui em planta (figura 2) – além de cortes e elevações internas –, para que se possa anotar as dimensões do espaço, além de croquis também dos mobiliários existentes, se for o caso. Caso o cliente tenha uma planta ou um projeto do local, ambos são de grande utilidade e servem de base para as medições. Na planta do levantamento, deve-se também anotar as “vistas” de onde foram feitas as fotos. Elas têm muita serventia para sanar possíveis dúvidas quando a planta base for realizada para o trabalho. Lembre-se de que após a medição o levantamento é “passado a limpo” em escala, para que se possa dar sequência ao projeto. Lembrete Em um levantamento do espaço físico de intervenção, anote e fotografe tudo! Para isso, utilize material de desenho (prancheta, papel, lapiseira, borracha etc.) e instrumentos de medição (trena, níveis etc.), conforme a figura a seguir. 12 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Unidade I Figura 1 – Material para levantamento de medidas com croquis para medição Observação O levantamento de medidas é muito importante! Mesmo que o cliente já possua o projeto da edificação ou os arquivos, é necessário que o levantamento seja realizado, pois nem sempre o projetado é idêntico ao construído. Figura 2 – Croqui de levantamento de medidas realizado 13 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO) Além do espaço físico – das dimensões físicas propriamente ditas –, é importante que o profissional perceba o espaço, que levante as demais qualidades da arquitetura, tendo contato, assim, com os “[…] predicados especiais – campo visual, sonoro, olfativo e sinestésico […]” (ALMEIDA, 2011, p. 30), além das configurações geométricas. No ato do levantamento, devem-se verificar outras questões além da geometria e das perceptivas, que é o levantamento analítico – a análise propriamente dita do espaço. Como colocado por Ching (2013), deve-se verificar • a orientação solar e as condições do terreno naquele local, ou seja, condições de iluminação e de ventilação natural; • a forma, a proporção e a escala espacial; • a localização de portas (“amarradas” às paredes), os pontos de acesso e os percursos de circulação sugestionados; • as janelas e a iluminação, por meio das vistas e da ventilação propiciada; • materialidades, por meio de materiais de parede, piso e teto; • detalhes arquitetônicos significativos, como alturas de vigas, por exemplo; • mobiliários fixos; • pontos de elétrica existentes; • pontos de rede, como dados/voz; • pontos de instalações hidrossanitárias; • pontos de gás; • pontos de ar-condicionado e sistemas de ar-condicionado existentes, com os devidos acionamentos; • instalações mecânicas; • sistemas construtivos e modificações arquitetônicas possíveis. Lembrete Alguns sistemas construtivos, como alvenaria estrutural, por exemplo, não permitem alterações físicas, nem mesmo passagem de tubulações e instalações. Por isso, são necessárias construções auxiliares para tais passagens. 14 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Unidade I É importante também levantar informações sobre elementos que possivelmente possam ser reutilizados, como acabamentos e acessórios. Quando fizer o levantamento dos materiais e mobiliários existentes que serão reaproveitados, anote marcas, modelos e séries, pois isso facilitará a execução do projeto. Lembrete O levantamento é muito importante! É neste momento também que o profissional percebe a iluminação natural, a acústica etc., ou seja, o espaço em relação às características sensitivas. Saiba mais Para conhecer mais o espaço interno das edificações, leia: CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de Interiores Ilustrada. Tradução: Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 9-42. 2 DIAGNÓSTICO E CONCEITUAÇÃO DE PROJETO 2.1 Diagnóstico de programa e espaço: a interpretação profissional A interpretação profissional funciona como uma programação (CHING, 2013): o que existe? O que se deseja? O que é possível? • “O que existe?” relaciona-se intimamente ao levantamento de medidas, à documentação física-sensorial-cultural. Uma descrição dos elementos existentes. • “O que se deseja?” relaciona-se ao Programa de Necessidades e às preferências do usuário, aos objetivos dele ou dela ou deles. É importante, nessa fase, o desenvolvimento de diagramas de inter-relação do programa de necessidades com o espaço físico. • “O que é possível?” relaciona-se também à análise crítica do espaço físico, suas materialidades e sistemas construtivos. Trata-se de uma investigação do que se pode ou não alterar; do que se pode controlar, do que é permitido por legislações internas ou públicas, normas e instruções normativas; ou seja, os limites técnicos, legais e os prazos, e, por fim, o budget. 15 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO) Saiba mais Para conhecer mais as análises iniciais do espaço, leia: CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução: Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. p. 64-66. 2.2 Conceituação do projeto Todo projeto inicia – dada a fase de levantamentos – por uma determinação de um conceito. A conceituação de projeto é muito particular de cada profissional erelaciona-se ao processo individual de trabalho de cada profissional – cada designer tem seu próprio método criativo para atender às necessidades do cliente. Alguns autores listaram as fases de conceituação e estipularam um processo. Ching (2013), por exemplo, sugere um brainstorming (“tempestade de ideias”), seguido por um esboço de definição de conceito e pelo desenvolvimento de desenhos esquemáticos. Na primeira fase, Ching coloca a feitura de diagramas dos principais relacionamentos funcionais e espaciais seguidos pelas atribuições de valores a questões e elementos-chave. Neste processo é fundamental a busca por formas combinando várias ideias em uma única melhor e manipulando o todo. O importante em todo o projeto e amadurecimento profissional é a constituição de um senso crítico projetivo. Na sequência, Ching sugere esboços para definição de um conceito, onde o profissional deve verbalizar a ideia de projeto de maneira concisa para na sequência desenvolver os desenhos esquemáticos (figuras 3 e 4) que estabelecem as principais relações funcionais e espaciais expressadas em diversas alternativas para estudos comparativos. Figura 3 – Croqui/diagrama de conceito e concepção de projeto 16 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Unidade I Figura 4 – Croqui de conceito e concepção de projeto Para Ching (2013, p. 49), existem […] várias abordagens possíveis para a geração de ideias e síntese de soluções de projeto: – isolar uma ou mais questões-chave de valor ou importância e desenvolver soluções a partir delas; – estudar situações análogas que podem servir como modelos para o desenvolvimento de soluções possíveis; – desenvolver soluções ideais para partes de problema, que podem estar integradas a soluções completas e ponderadas pela realidade do que já existe. Gibbs (2014) diz que alguns profissionais se baseiam em um fato concreto na conceituação e análise de um projeto. Podem se basear, por exemplo, tanto nas características desejadas pelo cliente, como conforto, elegância e leveza, quanto podem partir de elementos naturais próprios da região. Os próprios dados do programa de necessidades podem servir como referência. Como menciona Gibbs (2014, p. 62), ainda “[…] ao estabelecer o conceito, o designer deve levar em consideração as limitações de fatores como o orçamento, o próprio imóvel e o estilo de vida do cliente […]”, ou seja, os dados obtidos na documentação inicial – no Levantamento de Medidas, no Levantamento Fotográfico e no Programa de Necessidades. Assim, em um projeto institucional ou comercial, o nome da empresa, a cor institucional ou um elemento do logotipo/logomarca pode se tornar um ponto de partida para a concepção de um projeto. 17 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO) 2.3 Prancha conceitual ou painel semântico ou mood board A prancha conceitual ou painel semântico ou mood board (figuras 5 e 6) são peças gráficas utilizadas por alguns designers para transmitir a ideia, a atmosfera conceitual, a essência do design proposto. Os painéis são formados com “colagens” de informações coletadas pelo designer e têm o objetivo de transmitir a mensagem projetiva – fotografias, panfletos, recortes em geral podem ser coletados para transmitir a ideia, o estilo ou a temática do projeto. Figura 5 – Exemplo de coleta de dados para constituição de um mood board Figura 6 – Mood board Exemplo de aplicação Pesquise um projeto de interiores cujo conceito seja divulgado e tente encontrar as relações entre as referências e o projeto realizado. 18 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Unidade I Resumo Esta unidade tratou das bases iniciais para o desenvolvimento de um Projeto de Interiores: o conhecimento dos protagonistas (o usuário e o ambiente), seguidos por formas de interpretação e organização destes dados. O Projeto de Interiores deve atender às necessidades do cliente, independentemente de qual seja o uso (residencial ou comercial). Sendo assim, foram apresentados, primeiramente, métodos para coleta de dados do ambiente (o Levantamento de Medidas e o Levantamento Fotográfico); depois, foram vistos o Briefing e o Programa de Necessidades, bem como a constituição de um conceito e a sua apresentação através de um mood board. Todas essas fases constituem as bases para o desenvolvimento do Projeto de Interiores. As interpretações e os dados coletados e desenvolvidos aqui serão os subsídios para que seja desenvolvido o projeto como um todo, que será especificado na sequência do livro-texto. Exercícios Questão 1. O Projeto de Interiores deve ser desenvolvido a partir de dois subsídios básicos: o físico e o humano. Ou seja, para se iniciar um projeto, o designer de interiores deve conhecer os dois sujeitos protagonistas do universo projetivo: o usuário (cliente) e o local de intervenção. Deve, portanto, conhecer o perfil desse cliente e suas necessidades e o local para o qual o projeto será proposto. Para isso, além das informações iniciais, devem ser produzidos três documentos fundamentais, que constituem a base para o início do desenvolvimento do projeto, que são: A) O Briefing, o Memorial Descritivo e o Levantamento de Medidas/Fotográfico. B) O Layout da Intervenção, o Programa de Necessidades e o Levantamento de Medidas/Fotográfico. C) O Briefing, o Programa de Necessidades e o Orçamento Disponível. D) O Briefing, o Programa de Necessidades e o Levantamento de Medidas/Fotográfico. E) O Relatório de Visita, o Layout da Intervenção e o Levantamento de Medidas/Fotográfico. Resposta correta: alternativa D. 19 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 DESIGN DE INTERIORES (INTERVENÇÃO) Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o Memorial Descritivo é a documentação de compilação física e financeira de todos os dados compositivos de um projeto, portanto só pode ser feito depois que o projeto tiver sido estabelecido. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o Layout da Intervenção é um documento produzido após os contatos iniciais entre o designer de interiores e o cliente. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o orçamento deve estar no Memorial Descritivo, o qual só está disponível quando o projeto já está estabelecido. D) Alternativa correta. Justificativa: para conhecer o cliente, suas necessidades e o local de intervenção, o designer de interiores deve produzir três documentos: o Briefing, o Programa de Necessidades e o Levantamento de Medidas/Fotográfico. No Briefing inicial, o cliente informará qual é o espaço de intervenção e o que se pretende fazer nele, objetivos iniciais e suas intenções. O Programa de Necessidades é um documento no qual o designer aprofundará o conhecimento nas necessidades do cliente não fornecidas inicialmente no Briefing. O Levantamento de Medidas/Fotográfico é uma verificação em que o designer de interiores toma as medidas do espaço no qual será feita a intervenção e registra todas as características de espaço, mobiliário etc. E) Alternativa incorreta. Justificativa: o relatório de visita não é um documento a ser produzido na fase inicial. Questão 2. Analise as afirmações a seguir e a relação proposta entre elas. I – A prancha conceitual ou painel semântico ou mood board são peças gráficas utilizadas por alguns designers para transmitir a ideia, a atmosfera conceitual, a essência do design proposto. Porque II – O papel do mood board é o de transmitir a mensagem projetiva, a ideia, o estilo ou a temática do projeto. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 20 DI N T - Re vi sã o: In gr id - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 2/ 01 /2 01 8 Unidade I A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa corretada I. B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I. C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As asserções I e II são proposições falsas. Resolução desta questão na plataforma.
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