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Leitura e Produçãode texto 2

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LEITURA E 
PRODUÇÃO
DE TEXTO
Edley M. dos Santos
Regina P. de Moraes
Rosemeire R. dos Santos
1ª Edição, 2020
EAD
Reitor: Martin Kuhn 
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas 
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
Pró-reitor de graduação: Edilei Rodrigues de Lames
Pró-reitor de pós-graduação lato sensu e Pró-reitor da educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva 
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Wendel Tomas Lima
Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Valdir Knoener 
Presidente da Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos da Silva Alves
Presidente do Instituto Adventista de Ensino (IAE), mantenedora do Unasp: Maurício Lima
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; 
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; 
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; 
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; 
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas
Editor-chefe: Allan Macedo de Novaes
Supervisora Administrativa: Rhayane Storch
Responsável editorial pelo EaD: Jéssica Lisboa Pereira
Editora Universitária Adventista
1ª Edição, 2020
LEITURA E 
PRODUÇÃO
DE TEXTO
Imprensa Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Rosemeire Rodrigues dos Santos
Mestre em Linguística Aplicada e 
Estudos da Linguagem pela PUC-SP
Regina Celia Pinheiro de Moraes
Mestre em Letras pela UFPR
Edley Matos dos Santos
Mestre em Linguística Aplicada 
pela Unicamp
Santos, Edley Matos dos.
Leitura e produção de texto [livro eletrônico] / Edley Matos dos Santos; 
Regina Celia Pinheiro de Moraes; Rosemeire Rodrigues dos Santos. 
Engenheiro Coelho: UNASPRESS, 2020.
1 Mb, PDF
ISBN 978-85-8463-171-1
1. Produção textual. 2. Leitura. I Título.
 CDD-808
Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Leitura e produção de texto
1ª edição – 2020
e-book (pdf)
OP 00123_021
Editoração: Werter Gouveia
Revisão: Werter Gouveia
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Follis 
Capa: Jônathas Sant’Ana
Diagramação: Kenny Zukowski
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP CEP 13.448-900
Tels.: (19) 3858-5222 / (19) 3858-5221
www.unaspress.com.br
Imprensa Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc
Creriane Nunes Lima
Mestre em Educação pelo Centro 
Universitário Adventista de São Paulo
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida 
a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo 
em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
LINGUAGEM, LÍNGUA, VARIAÇÕES 
LINGUÍSTICAS E TÓPICOS TEXTUAIS ...................... 13
Introdução ........................................................................................14
Linguagem e língua .........................................................................15
Tipos de linguagem ................................................................19
Variações linguísticas .......................................................................24
Variações regionais, diatópicas ou geográficas .....................26
Variações históricas ou diacrônicas ........................................27
Variações socioculturais ou diastráticas .................................29
Variações situacionais ou diafásicas .......................................31
Fatores de comunicação e funções da linguagem ..........................34
Função referencial ...................................................................40
Função emotiva .......................................................................42
Função conativa ou apelativa .................................................45
Função poética ........................................................................47
Função metalinguística ...........................................................50
Função fática ...........................................................................51
Textualidade e intertextualidade .....................................................53
O que é um texto ....................................................................54
Intertextualidade ....................................................................60
Coesão e coerência textuais .............................................................63
Coesão textual .........................................................................63
Coerência textual .....................................................................70
Referências .......................................................................................77
GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS, O TEXTO NA ESFERA 
JORNALÍSTICA, E RESUMO E RESENHA .................. 81
Introdução ........................................................................................82
Gêneros textuais e tipos textuais .....................................................82
Tipos textuais ..........................................................................87
Narração, descrição e argumentação/dissertação ..........................91
Narração ..................................................................................91
Descrição .................................................................................96
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
Argumentação/dissertação ....................................................98
Esfera jornalística, notícia e reportagem ........................................105
Esfera jornalística ...................................................................105
Notícia ....................................................................................107
Reportagem ...........................................................................113
Editorial e artigo de opinião ...........................................................117
Editorial ..................................................................................117
Artigo de opinião ...................................................................123
Resumo e resenha...........................................................................131
Resumo ..................................................................................131
Resenha ..................................................................................134
Referências ......................................................................................143
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
PARA OTIMIZAR A IMPRESSÃO DESTE ARQUIVO, CONFIGURE 
A IMPRESSORA PARA DUAS PÁGINAS POR FOLHA.
EMENTA
Aborda a capacidade de leitura e escrita 
como atividades essencialmente ligadas 
ao processo de comunicação próprio ao 
ambiente escolar, estimulando o discente a 
desenvolver a capacidade de leitura e escrita 
para desenvolvimento e exercício pleno da 
função docente. Utilização de diversos tipos 
e gêneros textuais. A temática contemplará 
questões relativas a direitos humanos e seus 
desdobramentos, educação ambiental e 
diversidade cultural e étnica.
EMENTA
Aborda a capacidade de leitura e escrita 
como atividades essencialmente ligadas 
ao processo de comunicação próprio ao 
ambiente escolar, estimulando o discente a 
desenvolver a capacidade de leitura e escrita 
para desenvolvimento e exercício pleno da 
função docente. Utilização de diversostipos 
e gêneros textuais. A temática contemplará 
questões relativas a direitos humanos e seus 
desdobramentos, educação ambiental e 
diversidade cultural e étnica.
CONHEÇA O CONTEÚDO
Caro(a) leitor(a)
Este é o material de Leitura e Produção de 
Texto. Escrevemos este conteúdo com a 
finalidade de ampliar sua competência como 
leitor(a) e escritor(a) de textos, a fim de torná-
-lo apto(a) a ler textos de maneira consciente 
e crítica e a escrever para diferentes situações 
de comunicação de forma adequada.
Para que a comunicação seja efetivada, é 
necessário considerar uma série de fatores: 
a situação em que ocorre, os participantes 
da mesma, seu objetivo etc. Todos esses 
fatores te ajudam a escolher o tipo de lin-
guagem, a língua (com suas variações), o 
veículo para a mensagem e vários outros 
fatores importantes. Em comunicação escri-
ta, é necessário produzir um “texto”, e não 
um amontoado de palavras e ideias, coeso e 
coerente. Como fazê-lo?
Aqui você entrará em contato com os tipos e 
gêneros textuais mais importantes para sua 
vida acadêmica e profissional, o que o possibi-
litará a reconhecê-los, produzi-los e compreen-
dê-los quando necessário. Esperamos que, ao 
concluir o estudo, você possa se aproximar de 
diferentes textos de maneira mais consciente 
e crítica, e que sua experiência comunicativa 
possa ser ainda mais satisfatória.
GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS, O 
TEXTO NA ESFERA JORNALÍSTICA, 
E RESUMO E RESENHA
- Aprender que há vários gêneros textuais 
para o desenvolvimento da competência 
comunicativa;
- Reconhecer as características e 
funcionalidades dos tipos textuais narração, 
descrição e dissertação, e dos gêneros textuais 
notícia, reportagem, editorial, artigo de 
opinião, resumo e resenha.
UNIDADE 2
OB
JE
TI
VO
S
82
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
INTRODUÇÃO
Para escrever textos de qualidade, tanto acadêmicos quanto 
práticos, é necessário que dominemos o gênero a que nos 
dispomos a escrever e os tipos textuais utilizados no mesmo. 
Contudo, muitas vezes não conseguimos sequer diferenciar 
os gêneros entre si. Isso torna a tarefa impossível de ser 
cumprida. Por esse motivo, nesta unidade veremos diversos 
gêneros importantes para seu crescimento pessoal, acadêmico e 
profissional. 
Ao longo desta unidade, você aprenderá:
• o que são gêneros e tipos textuais;
• de que se tratam os tipos textuais 
narração, descrição e argumentação;
• como são construídos os gêneros textuais 
notícia, reportagem, editorial, artigo 
de opinião, resumo e resenha.
GÊNEROS TEXTUAIS E TIPOS TEXTUAIS
Quando lemos ou produzimos um texto, seja um bilhete, 
seja um artigo acadêmico, acessamos diversas capacidades 
que desenvolvemos em diferentes interações comunicativas. 
83
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Segundo Fávero (2009, p. 6), as capacidades de quem fala, ouve, 
lê, compreende e escreve textos “derivam de uma competência 
específica do falante – a competência textual”, que é parte de 
sua competência linguística.
Lembre-se: um texto é uma unidade de sentido, uma 
sequência coerente de enunciados em uma situação de 
interação especifica, produzida por meio do desenvolvimento 
da competência textual do seu(sua) produtor(a). A competência 
linguística se dá, então, pelo discurso materializado nos textos, 
que se organizam dentro de determinado gênero textual. 
Todo texto se organiza dentro de um determinado gênero. 
Os vários gêneros existentes, por sua vez, constituem 
formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis 
na cultura, caracterizados por três elementos: conteúdo 
temático, estilo e construção composicional […]. Os 
gêneros são determinados historicamente. As intenções 
comunicativas, como parte das condições de produção dos 
discursos, geram usos sociais que determinam os gêneros 
que darão forma aos textos. (BRASIL, 1997, p. 23). 
Desse modo, se todo texto, oral ou escrito (verbal, visual 
e verbo-visual) organiza-se em determinado gênero textual, 
vamos pensar: quais gêneros textuais, orais e escritos, 
produzimos e por meio de quais interagimos no cotidiano? 
84
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Na situação seguinte, vamos verificar quais gêneros textuais 
mobilizamos nas diferentes situações do cotidiano. 
Bem, você se levanta da cama e olha o display do celular com 
hora, data e lembretes da agenda com compromissos do seu dia. 
Escova os dentes, usando uma pasta cujo rótulo diz: “Dentes 
brancos e saudáveis”. Então, você pega o ônibus e inicia uma 
conversa com um(a) colega de bairro. Chega ao trabalho; lê e 
responde e-mails; faz telefonemas; escreve cartas de solicitação; lê 
um tutorial para uso de plataformas digitais; preenche formulários 
impressos e online. Sai do trabalho e vai para a faculdade, pois 
tem de entregar a resenha acadêmica de uma tese de doutorado. Na 
faculdade, assiste a uma aula expositiva e a uma palestra; apresenta 
um seminário; tem conversas com seus colegas; troca mensagens via 
WhatsApp e outros aplicativos; e, enfim, volta para casa.
REFLETINDO
Todos os dias, precisamos falar e escrever para a realização de diferen-
tes atividades, não é mesmo? Agora pense: além dos gêneros textuais 
que apresentamos anteriormente, que outros você costuma produzir 
na fala e na escrita todos os dias? Para quais situações comunicativas 
você os produz?
85
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Todas as palavras destacadas em itálico remetem a 
diferentes gêneros textuais e discursivos que utilizamos em 
diferentes maneiras de interação. Embora nossa escolha não 
seja consciente, na maioria das vezes produzimos um discurso 
em decorrência dos contextos de produção e recepção (situação 
comunicativa): quem será meu(minha) leitor(a) previsto(a) ou 
receptor(a)? Que tipo de mensagem quero partilhar? De que 
forma pretendo partilhar a informação? Qual é o objetivo da 
interlocução? Segundo Wachowicz (2012, p. 24):
essas escolhas não são obviamente conscientes. Os indivíduos 
não operam linguisticamente com a metalinguagem que 
norteia seus eventos de fala ou de escrita. Primeiramente, 
estas escolhas são condicionadas pelas diferentes situações 
sociais das quais participamos: o que a análise do discurso 
chama de esferas da atividade humana (BAKHTIN, 1992, p. 
279) ou atividades de linguagem (BRONCKART, 2003, p. 39). 
Segundo Bakhtin (1997), os gêneros são tipos relativamente 
estáveis de enunciados em número infinito. Embora textos de 
um mesmo gênero textual sejam diferentes, suas semelhanças 
se devem a três dimensões que o definem: conteúdo temático, 
forma composicional e estilo.
Conteúdo temático são todos os conteúdos (temas) 
dizíveis a um gênero e ao seu contexto de produção e 
86
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
recepção. A forma composicional é 
a estrutura particular dos textos 
de determinado gênero, como, por 
exemplo, a composição em versos 
e estrofes, parágrafos, entre outros. 
Já o estilo diz respeito às unidades 
linguísticas selecionadas pelo falante 
(ou autor), incluindo as escolhas lexicais 
(vocabulário), a organização das frases, 
o registro linguístico (informal e formal), 
as variações linguísticas e os conjuntos 
particulares de tipos textuais e demais 
aspectos gramaticais. 
Muitas pessoas ainda confundem 
tipos textuais (tipologia textual 
ou sequência textual), quais sejam 
narrativos, dissertativos, descritivos, 
entre outros, com gênero textual, 
ou acreditam que tenham a mesma 
representação. No entanto, é importante 
entendermos que, mesmo que o gênero 
textual seja um conceito complementar 
e os tipos textuais sejam a parte da 
tessitura interna do gênero, esses são 
TESSITURA
Interligação de várias partes que 
compõem um todo completo; 
forma de harmonização ou liga-
ção dessas partes.
87
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
conceitos distintos. Então, qual é a diferença entre gênero 
textual e tipo textual (tipologias ousequências)?
TIPOS TEXTUAIS
O que parece similar e diferente entre uma receita culinária 
e um manual de instruções de um equipamento eletrônico? 
Qual relação pode ser estabelecida entre esses gêneros textuais? 
Primeiramente, quanto às dimensões de gênero, os dois 
textos são diferentes no que se refere ao conteúdo temático. 
Uma receita culinária tem como tema obrigatório do gênero 
a preparação de um alimento; seu(sua) leitor(a) previsto(a) é 
qualquer pessoa que queira cozinhar aquele alimento; e ela 
pode ser anotada em cadernos pessoais, publicada em livros, 
jornais, revistas, sites e aplicativos. Um manual de instruções 
terá como tema obrigatório os procedimentos de uso de 
determinado equipamento; seu leitor previsto é o usuário do 
equipamento. Geralmente, ele acompanha o equipamento ou 
pode ser encontrado no site do fabricante.
Outro aspecto de diferença é a forma composicional. A 
receita culinária tem sua sequência e progressão em duas partes 
fixas: 1) lista de ingredientes e medidas; e 2) modo de preparo. 
88
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Já o manual de instruções tem sua progressão por meio da 
enumeração e descrição de componentes e dos tópicos de 
procedimentos de uso, sem uma ordem fixa. 
Em contrapartida, os dois gêneros textuais têm 
similaridades no estilo, pois ambos se organizam pela 
injunção. Em outras palavras, apresentam um subconjunto 
particular de unidades linguísticas, como verbos no imperativo 
ou no infinitivo, com indicação de instruir determinado 
procedimento, direcionando as ações discursivas dos sujeitos. 
Dessa forma, a injunção não pode ser considerada como 
um gênero textual, pois se refere a aspectos de funcionamento 
da linguagem como elemento de uma das dimensões do 
gênero, e não fornece base suficiente para a interação em 
dada situação comunicativa. Injunção, assim como narração, 
argumentação, exposição e descrição, é denominada como tipo 
textual, ou, ainda, tipologia ou sequência textual, ou seja, faz 
parte da tessitura interna dos textos. 
O tipo ou a tipologia/sequência textual designa “uma 
espécie de sequência teoricamente definida pela natureza 
linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, 
tempos verbais, relações lógicas)” (MARCUSCHI, 2008, 
p. 155). De modo geral, “os tipos textuais abrangem 
89
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: 
narração, argumentação, exposição, descrição, injunção”, 
enquanto os gêneros discursivos são em número ilimitado 
(MARCUSCHI, 2008, p. 155). 
No Quadro 9, apresentamos os tipos textuais e os 
gêneros orais e escritos nos quais estes são predominantes e 
relacionam-se com as estruturas composicionais e de estilo.
Quadro 9 – Tipos e gêneros textuais
TIPOS TEXTUAIS
EXEMPLOS DE GÊNEROS ORAIS 
E ESCRITOS EM QUE PODE 
PREDOMINAR O TIPO TEXTUAL
Narrativo: caracteriza-se por 
apresentar a sequência de 
determinados fatos sobre 
personagens ou agentes dentro de 
um tempo e contexto específicos, 
seguindo uma estrutura. Também 
pode ser a representação de 
experiências vividas, situadas 
no tempo.
Conto maravilhoso, conto de mistério, fábula, 
lenda, narrativa de aventura, novela, romance, 
poema narrativo, crônica, relato de experiência 
vivida, relato de viagem, testemunho, notícia, 
reportagem, ensaio biográfico, post nas redes 
sociais, entre outros.
Descritivo: caracteriza-se pela 
descrição/especificação de pessoas, 
lugares, objetos, sentimentos etc.
Poema letra de canção, bula de remédio, rótulos, 
anúncios, entre outros.
90
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Argumentativo/dissertativo: 
caracteriza-se pelo 
desenvolvimento de raciocínio 
lógico com sustentação, refutação 
e negociação de tomada de 
posição ou opinião sobre 
determinado assunto.
Artigo de opinião, dissertação de vestibular, diálogo 
argumentativo, carta do leitor, carta de reclamação, 
deliberação informal, debate regrado, discurso 
parlamentar, dissertação de mestrado, 
tese de doutorado, post e comentário 
na internet, entre outros.
Expositivo: caracteriza-se pela 
apresentação textual de diferentes 
formas de saberes.
seminário, conferência, tomada de notas, resumo 
de textos “expositivos” ou explicativos, relatório 
científicos, relato de experiência científica, artigo 
de divulgação científica, relato de prática, textos 
informativos, entre outros.
Injuntivo ou prescritivo: caracteriza-
se pela regulação mútua de 
comportamentos.
Instruções de montagem, receita culinária, receita 
médica, regras de jogo, instruções de uso, tutoriais, 
leis, regimentos, anúncios publicitários, 
entre outros.
Fonte: adaptado de Travaglia (2007) e Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004)
Essas características dos tipos textuais, que organizam a 
estrutura interna dos gêneros, não aparecem sozinhas em um 
texto. Por exemplo, contos de mistério têm um tipo textual 
narrativo predominante, porém têm como característica a 
sequência descritiva do local e do ambiente. No tópico seguinte, 
vamos discutir sobre narração, descrição e dissertação/
argumentação, por serem os tipos mais estudados na escola e 
em livros didáticos.
91
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
SAIBA MAIS
Os pesquisadores Dolz, Noverraz e Schneuwly vêm rea-
lizando, nos últimos 20 anos, estudos sobre organiza-
ção didática no ensino de leitura e produção escrita: se-
quência didática e agrupamento de gêneros textuais. 
Pesquise sobre o ensino de leitura e produção escrita 
na escola com o procedimento de sequência didática e 
agrupamento de gêneros por tipos textuais.
NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO 
E ARGUMENTAÇÃO/DISSERTAÇÃO
NARRAÇÃO
Você já parou para pensar que organizamos nossas 
experiências por meio da narração do nosso passado e pela 
projeção do futuro, e que comparamos nossa vida com as 
narrativas com as quais temos contato pelos livros, pelos jornais 
e pelas novelas televisivas? Desde pequenos, desenvolvemos 
a competência de narrar os fatos de nosso dia a dia – como os 
acontecimentos da escola e das brincadeiras com os colegas – 
ou, ainda, de recontar as histórias de livros lidos ou de filmes e 
desenhos animados a que assistimos. Segundo Lemes et al.: 
92
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Numa narração, o que deve sobressair é a ação localizada, 
pelo NARRADOR, no tempo e no espaço, atribuída a 
personagens [ou agentes], organizada numa sequência 
que revela relações entre cada etapa que compõe 
o conjunto de ações que, por sua vez, diferenciam 
uma história da outra. (LEMES et al., 2013, s.p.)
Conforme você viu no Quadro 9, o tipo textual narrativo é 
predominante em diferentes gêneros textuais que estão presentes 
em diversas atividades humanas ou de linguagem. Por exemplo, 
na esfera literária/artística há contos, romances, novelas etc.; já na 
esfera acadêmica, há a crônica histórica e o relato de memórias; e, 
na esfera jornalística, as notícias e as crônicas diversas. Em todos 
esses gêneros textuais, há vários elementos da narrativa: 
• narrador: quem conta ou sobre cujo ponto 
de vista os fatos são narrados;
• personagem ou agente: quem realiza as ações 
ou participa dos fatos narrados;
• espaço: local ou ambiente onde ocorrem os fatos;
• tempo: quando ou em quanto tempo ocorrem os fatos;
93
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
• enredo: conjunto de ações em que se 
entrelaçam todos os elementos anteriores. 
A seguir, apresentamos um trecho do primeiro capítulo de 
“Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de 
Almeida, romance de costumes, escrito na segunda metade do 
século 19 e esteticamente relacionado ao Romantismo brasileiro:
Era no tempo do rei. […]. Sua história tem pouca 
coisa de notável. Fora Leonardo Algibebe em Lisboa, 
sua pátria; aborrecera-se, porém, do negócio, e viera 
ao Brasil. […] Mas viera com ele no mesmo navio, 
não sei fazer o quê, uma certa Maria da Hortaliça, 
quitandeira daspraças de Lisboa, saloia rechonchuda 
e bonitota. […] Ao sair do Tejo, estando a 
Maria encostada à borda do navio, o Leonardo 
fingiu que passava distraído por junto dela, 
e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma 
valente pisadela no pé direito. A Maria, como 
se já esperasse por aquilo, sorriu-se como 
envergonhada do gracejo, e deu-lhe também 
em ar de disfarce um tremendo beliscão nas 
costas da mão esquerda. [...]
94
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir 
certos enojos: foram os dois morar juntos: e daí a 
um mês manifestaram-se claramente os efeitos da 
pisadela e do beliscão; sete meses depois teve a Maria 
um filho, formidável menino de quase três palmos de 
comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e 
chorão; o qual, logo depois que nasceu, mamou duas 
horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento 
é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos 
interessa, porque o menino de quem falamos é o herói 
desta história (ALMEIDA, Manoel).
O trecho acima apresenta os elementos da narrativa que 
compõem a análise do Quadro 10. 
Quadro 10 – Análise do trecho do livro “Memórias de um Sargento de Milícias”
ELEMENTOS 
DA 
NARRATIVA
ANÁLISE DO TRECHO DE 
“MEMÓRIAS DE UM 
SARGENTO DE MILÍCIAS”
ELEMENTOS 
LINGUÍSTICOS
Tempo A história se passa na estada de Dom 
joão VI e da família real no Brasil 
(“Era o tempo do Rei”) e dura entre 
a saída de Portugal para o Brasil e o 
nascimento do filho, gerado durante 
a viagem.
Pode ser caracterizado por 
advérbios, locuções adverbiais ou 
adjuntos adverbiais temporais, 
como: “tempo do rei”, “neste tempo”, 
“desde tempos remotos”, “resto do 
dia”, “dia 
seguinte”, “sete meses”.
95
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Espaço Ocorre durante a viagem de navio 
entre Portugal e o Brasil, na cidade 
do Rio de janeiro.
Pode ser caracterizado por 
advérbios locativos ou adjuntos 
adverbiais locativos, como: 
“Em Lisboa”,” ao Brasil”, “mesmo 
navio”, “borda do navio”, “em 
terra”.
Personagens 
(agentes)
Leonardo Algibebe (pai), maria da 
hortaliça (mãe) e o filho Leonardo 
(protagonista).
Os personagens ou agentes 
são identificados por meio de 
substantivos próprios, ou seja, 
pelos seus nomes.
Enredo As ações apresentadas no trecho 
correspondem à apresentação da 
origem do protagonista, ou seja, à 
introdução da narrativa.
As ações são representadas 
pelos verbos “aborrecera-se”, 
“viera”, entre outros.
Narrador Narrador/observador. Uso da terceira pessoa 
do verbo, como, por exemplo, 
“saltaram”, “começou”.
Fonte: elaborado pelos autores (2017)
A narração apresenta três etapas de progressão: a 
introdução, o desenvolvimento e a conclusão. A introdução é a 
parte ou o estado inicial da narração e consiste na apresentação 
de o que, com quem, onde e quando aconteceu. Isso ocorre no 
trecho anterior, que é parte do primeiro parágrafo do romance 
“Memórias de um Sargento de Milícias”. Já na notícia ela ocorre 
no primeiro parágrafo, que é denominado “lide”. 
96
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
O desenvolvimento é o momento da progressão da narrativa 
em que os conflitos se constituem e chegam a um ponto crítico 
de tensão, ou, ainda, o momento em que os fatos principais se 
apresentam ou se aprofundam. Na conclusão os conflitos são 
resolvidos em decorrência das ações dos personagens ou agentes, 
ou, ainda, ocorre um desfecho do conflito inicial.
No trecho analisado, há elementos de descrição, visto que 
os tipos textuais não são estanques, como, por exemplo, na 
descrição das personagens: “Maria da Hortaliça, quitandeira 
das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitota”. 
DESCRIÇÃO
Imagine a seguinte situação: você está “teclando” com 
uma pessoa em um site de relacionamentos. Vocês já trocaram 
várias mensagens, contaram histórias e descreveram suas 
qualidades, seus defeitos e como gostam e não gostam de coisas 
e determinados hábitos e ações. Então, decidem se encontrar e, 
portanto, mandam uma mensagem com a descrição exata de 
suas características físicas e de como estarão vestidos. 
A cena relatada é bem comum e apresenta as características 
do tipo textual descritivo que consiste, segundo Köche, Boff e 
97
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Marinello (2010), na exposição das propriedades, das qualidades 
e características de objetos, de ambientes, de ações, de estados 
e, no caso imaginado, de pessoas. A descrição permite ao leitor 
a visualização do objeto/cena apresentado/a, que passa a 
ser concebido mentalmente a partir de um processo linear de 
observação, com o uso de adjetivos ou locuções adjetivas, advérbios 
ou locuções adverbiais, comparação direta ou indireta e por meio 
de metáforas e metonímias. Predomina, ainda, o uso dos verbos 
de estado, no presente ou no pretérito imperfeito do indicativo, 
demonstrando, assim, a força das escolhas lexicais nesse tipo textual. 
Observemos, então, o seguinte poema do escritor 
modernista brasileiro Mário de Andrade, “Aceitarás o amor 
como eu o encaro?”: 
Aceitarás o amor como eu o encaro? …
… Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente. 
Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. Não desejo.1 
1 Texto disponível em: <http://bit.ly/2T2KfMj>. Acesso em: 07 jan. 2020.
98
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
No poema de Mário de Andrade, há a predominância do tipo 
textual descritivo. Na primeira estrofe, o eu lírico descreve como 
encara o amor por meio do uso de adjetivos e advérbios como 
“azul”, “bem leve”, “suavemente”, bem como a metáfora “nimbo” 
(nuvem de chuva) e a comparação “como um anteparo” (guarda-
vento). Na segunda estrofe, há a descrição do corpo da pessoa 
amada, a quem se dirige o eu lírico. Para descrevê-la, ele utiliza-se 
dos adjetivos, das locuções adjetivas e dos advérbios “melhor”, 
“mais raro”, “nu”, “de adolescente”, “preso” e “perdidamente”. 
Em todos os gêneros em que há descrição, mesmo 
que não seja ela predominante, esse tipo textual pode 
desempenhar papel determinante como: exemplificação, nos 
gêneros organizados pela argumentação, e ambientação e 
apresentação de um personagem, nos gêneros organizados 
pela narrativa, conforme vimos no trecho de “Memórias de 
um Sargento de Milícias”.
ARGUMENTAÇÃO/DISSERTAÇÃO
Todos os dias, somos chamados a opinar sobre diferentes 
assuntos, seja em nossa vida privada, seja sobre assuntos 
públicos. Com as redes sociais e os ícones de curtir (gostei) 
ou não curtir, entre outros, além da opção de comentar ou 
99
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
compartilhar determinado status, postagem ou link, estamos 
opinando e demonstrando acordo ou desacordo sobre 
diferentes pautas. Assim, a argumentação está presente todos os 
dias em nossa vida, seja para concordar, discordar, formar uma 
opinião com pontos de vista negociados, ou tentar persuadir o 
nosso interlocutor.
SAIBA MAIS
Sugerimos a leitura do livro “Argumentação”, de José Luiz 
Fiorin (2015), publicado pela Editora Contexto. Esse livro 
discute as bases históricas e teóricas da argumentação 
e expõe as principais organizações discursivas utilizadas 
na persuasão, ou seja, os principais tipos de argumento.
Segundo Goldstein, Louzada e Ivamoto (2009) os gêneros 
textuais que se organizam pela argumentação/dissertação, 
são marcados por questões controversas, as quais envolvem 
opiniões divergentes sobre determinado tema. 
Na sustentação, justificativa, refutação ou acordo na argumentação/
dissertação, temos basicamente quatro tipos de argumento (MARIN-
HO; CARVALHO, 2010, p. 102):
a. argumento de autoridade: a conclusão se 
sustenta pela citação de uma fonte confiável, 
100
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
que pode ser um especialistano assunto ou 
podem ser dados de instituições de pesquisa; 
b. argumento de princípio: a justificativa é 
legítima e faz apelo a princípios, o que torna 
a conclusão quase incontestável; 
c. argumento por causa: a(s) justificativa(s) se 
baseia(m) em um conjunto de causas de fatos 
implicados na conclusão; 
d. argumento por exemplificação: a justificativa 
remete a exemplos comparáveis ao que se 
pretende defender. 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Como esse é o gênero textual mais exigido em pro-
vas de vestibular e concursos públicos, é muito im-
portante saber escrever uma boa dissertação. Veja 
algumas dicas para a construção de um bom texto 
dissertativo/argumentativo. 
Disponível em: http://www.comofazerumaboaredacao.com/texto-dissertativo-argu-
mentativ. Acesso em 06 fev. 2023.
http://www.comofazerumaboaredacao.com/texto-dissertativo-argumentativ
101
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Vamos ler, a seguir, a crônica argumentativa de Lima 
Barreto “As enchentes”. 
As chuvaradas de verão, quase todos os anos, 
causam no nosso Rio de Janeiro inundações desastrosas. 
Além da suspensão total do tráfego, com uma 
prejudicial interrupção das comunicações entre os 
vários pontos da cidade, essas inundações causam 
desastres pessoais lamentáveis, muitas perdas de 
haveres e destruição de imóveis [4]. 
De há muito que a nossa engenharia municipal se devia 
ter compenetrado do dever de evitar tais acidentes 
urbanos. Uma arte tão ousada e quase tão perfeita, 
como é a engenharia, não deve julgar irresolvível tão 
simples problema [2]. 
O Rio de Janeiro, da avenida, dos squares, dos freios 
elétricos, não pode estar à mercê de chuvaradas, mais ou 
menos violentas, para viver a sua vida integral [4]. 
Como está acontecendo atualmente, ele é função da 
chuva. Uma vergonha! Não sei nada de engenharia, 
mas, pelo que me dizem os entendidos, o problema 
não é tão difícil de resolver como parece fazerem 
102
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
constar os engenheiros municipais, procrastinando a 
solução da questão [1]. 
O Prefeito Passos, que tanto se interessou pelo 
embelezamento da cidade, descurou completamente de 
solucionar esse defeito do nosso Rio. Cidade cercada de 
montanhas e entre montanhas, que recebe violentamente 
grandes precipitações atmosféricas, o seu principal 
defeito a vencer era esse acidente das inundações [3]. 
Infelizmente, porém, nos preocupamos muito com os 
aspectos externos, com as fachadas, e não com o que 
há de essencial nos problemas da nossa vida urbana, 
econômica, financeira e social [4]. 
Vida urbana, 19-1-1915.2 
Observemos a numeração no texto e vejamos a análise dos 
argumentos no Quadro 11. 
Quadro 11 – Tipos de argumento e análise do texto
1. Autoridade Nesse trecho, o autor apresenta um argumento de autoridade, pois se baseia, 
mesmo que de forma geral, no que muitos especialistas afirmam sobre o 
problema das enchentes, na cidade do Rio de janeiro, para sustentar sua tese.
2 Texto disponível em: <http://bit.ly/2Fsm5lV>. Acesso em: 8 ago. 2017.
103
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
2. Principio No trecho, o autor apresenta o princípio de que a engenharia é uma arte 
perfeita, por isso não compreende como não encontraram uma solução 
definitiva ao problema das enchentes na cidade.
3. Causa Esse trecho apresenta as possíveis causas para ocorrerem as 
enchentes na cidade do Rio de janeiro, no caso, o fato de a cidade ser 
rodeada de montanhas.
4. Exemplificação No primeiro trecho, ele apresenta exemplos de como as 
enchentes prejudicam a vida das pessoas na cidade. já no trecho final, 
apresenta exemplo de prioridade do prefeito, a qual não é a prevenção da 
cidade contra as enchentes.
Fonte: elaborado pelos autores (2017)
É impressionante como um texto de 1915, com 
argumentos de uma pessoa que viveu no início do século 
passado, pode representar muito a realidade das grandes 
cidades da atualidade e, ainda, ser publicado como post, 
carta do leitor ou outra crônica jornalística. Essa crônica 
utiliza os quatro tipos de argumento para sustentar a 
arguição do autor sobre o grande problema que assola a 
cidade do Rio de Janeiro, que são as enchentes. Em sua tese, 
o autor sustenta a ideia de que falta prioridade sobre essa 
questão por parte do prefeito e dos engenheiros da cidade. 
104
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
NA PRÁTICA
Você recebeu suas notas de uma prova e não concordou com a 
correção. Você, então, parte do pressuposto de que a correção 
do(a) professor(a) foi equivocada, visto que entende que suas 
respostas têm relação com o que foi discutido naquele bimestre 
da disciplina.
A coordenação do curso te informa, então, que, para resolver 
a situação, você deve escrever uma carta ao(à) professor(a) da 
disciplina solicitando revisão de prova na qual deveria justificar 
sua discordância quanto à correção e à nota. Quais dimensões 
do gênero textual “carta de solicitação” você deve considerar 
para a escrita de seu texto? Que tipos de argumento você 
poderia utilizar em sua carta de solicitação?
Caro(a) aluno(a):
Para escrever qualquer gênero textual, você precisa 
considerar que ele é constituído de conteúdo temático, forma 
composicional e estilo. Quanto ao conteúdo temático de sua 
carta, ele deve se vincular à situação comunicativa: objetivo de 
sua escrita (realizar uma solicitação), quem é o leitor previsto 
(professor(a) da disciplina) e qual é o tema/assunto (pedido de 
revisão de prova e nota).
Quanto à forma composicional, você deve considerar que uma 
carta de solicitação apresenta uma estrutura mais ou menos 
fixa, com: local e data, antecipação do assunto, conteúdo com 
apresentação do contexto e argumentos para justificativa de seu 
pedido, saudação final e assinatura. Também, que o texto deve se 
estruturar em parágrafos e períodos.
105
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Quanto ao estilo, seu texto deve ter um registro linguístico 
formal, pois é um documento oficial da faculdade. O tipo textual 
é argumentativo, por isso, a fim de justificar sua solicitação, você 
deve utilizar-se de argumentos de autoridade (usando os teóricos 
estudados no bimestre naquela disciplina), argumentos de 
exemplificação (utilizando exemplos teóricos e práticos) de temas 
debatidos na prova, argumentos de causa (levantamento de 
possíveis causas de não compreensão do que foi escrito na prova) 
e argumentos de princípio (por exemplo, o seu direito de aluno(a) 
de solicitar revisão de prova e nota).
ESFERA JORNALÍSTICA, 
NOTÍCIA E REPORTAGEM
ESFERA JORNALÍSTICA
Você se considera uma pessoa bem informada sobre 
assuntos da atualidade? Como você busca se informar? Você 
forma sua opinião pelas informações que consome? Segundo 
pesquisa da Secretaria de Comunicação do Governo Federal 
(BRASIL, 2016), divulgada em dezembro de 2016, os brasileiros 
se informam primeiramente por meio de telejornais (63%), 
depois, por portais de notícias da internet e redes sociais (26%), 
noticiários de rádio (7%) e outros meios (3%).
106
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Conforme já vimos neste estudo, todo texto insere-se 
em um gênero textual, que, por sua vez, constitui todas as 
atividades humanas ou de linguagem. Quando você produz e/
ou consome informação por meio desses canais de comunicação 
ou suportes, está atuando na esfera jornalística, a qual é 
uma forma de comunicação cuja função social é informar, 
apresentar e suscitar opinião sobre acontecimentos e questões 
socioculturais e políticas relevantes à sociedade (SOUSA, 2005). 
Os gêneros textuais que circulam nessa esfera influenciam a 
opinião pública, sendo eles participantes ativos nas mudanças 
de rumos de acontecimentos sociais.
REFLETINDO
Tendo em mente que os textos que circulam na esfera jornalís-
tica influenciam a opinião pública, quais interesses estão em 
jogo na divulgação de um fato ou na expressão de um ponto de 
vista? Como oseditores e jornalistas determinam o que pode/
deve ser dito/escrito?
Os gêneros textuais da esfera jornalística são muitos. 
Contudo, três se destacam pela importância em exercer a 
função social nessa atividade humana: a notícia, a reportagem e 
o editorial. Vamos conhecer um pouco mais sobre eles? 
107
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
NOTÍCIA
Certamente, você lê, assiste ou escuta notícias todos os dias. 
A mesma notícia pode interagir com seus leitores/ouvintes em 
seus subgêneros: impresso, digital (escrita ou vídeo), televisivo 
e radiofônico. Em cada uma de suas facetas, assume conteúdo 
temático, forma composicional e estilos diferentes. Isso porque 
atende a diferentes necessidades, público-leitor e contextos de 
comunicação (Figura 7).
Figura 7 – Notícias escritas
Imagem: Shutterstock
108
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Neste subtópico, trataremos da notícia escrita, que circula em 
jornal impresso e na internet. A notícia é um gênero textual que 
apresenta um relato integral de um fato ocorrido recentemente, 
além de ter caráter imediato. Com a internet e a TV, uma notícia 
publicada no jornal impresso perde o imediatismo, mas nem 
por isso deixa de ser considerada recente, visto que pode trazer 
informações adicionais ao que foi relatado em outras mídias e/
ou dar outro tratamento ao conteúdo.
Desse modo, o conteúdo temático da notícia é o relato 
do acontecimento novo e tem como objetivo manter a sua 
audiência informada e atualizada. Em sua forma composicional, 
esse gênero possui um título (manchete), subtítulo, fotos, 
legenda, corpo do texto organizado em parágrafos, legendas, 
olho (destaque), entre outros aspectos.
Quanto ao estilo, o tipo textual predominante é o narrativo, 
com as etapas da narração (introdução, desenvolvimento e 
desfecho). A introdução ocorre em seu primeiro parágrafo, 
o qual chamamos de “lide” (adaptação do inglês lead) e nele, 
apresenta-se em linhas gerais o que há de mais importante 
a ser noticiado, respondendo a questões como: “O quê?”, 
“Como?”, “Quando?”, “Onde?”, “Por quê?” e “Para quem?”. O 
desenvolvimento é o detalhamento do que foi apresentado no 
“lide”, enquanto o desfecho é, quase sempre, uma informação 
109
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
suplementar. A notícia tem uma progressão factual decrescente, 
ou seja, apresenta os fatos ou as informações do maior grau 
de importância, ou interesse, para o menor. A linguagem da 
notícia é objetiva e na terceira pessoa porque precisa garantir 
informatividade ao texto.
Vamos analisar as três dimensões desse gênero textual 
lendo uma notícia do portal G1 (Figura 8):
Figura 8 – Imagem da tela do site G1
Fonte: reprodução de G1 (2017)
Texto da notícia: Justin Bieber cancelou sua turnê para 
poder se ‘dedicar a Cristo’ após ter se aproximado da 
110
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
igreja cristã pentecostal Hillsong, disse nesta terça-
feira (25) o site TMZ. O site cita fontes próximas à igreja 
australiana, mas o motivo oficial não foi detalhado por 
Justin Bieber. 
Segundo o TMZ, o cantor tem se aproximado da igreja 
Hillsong nos últimos meses. 
Justin Bieber pediu desculpas para seus fãs pelo 
cancelamento repentino do restante de sua turnê 
internacional afirmando que ele precisava de descanso 
depois de ficar na estrada por dois anos. Seu agente, 
Scooter Braun, também pediu desculpas, mas disse que a 
‘alma e bem-estar’ de Bieber são as maiores prioridades. 
A decisão de Bieber de abandonar as últimas 14 datas 
de sua turnê internacional ‘Purpose’ citou apenas 
‘circunstâncias imprevistas’.
Igreja hipster
A Hillsong é uma igreja presente em 15 países. A filial 
brasileira está programada para ser inaugurada em 
setembro e é a segunda unidade da entidade na América 
do Sul – no fim de 2015, ela passou a operar em Buenos 
Aires, na Argentina.3
3 Texto Disponível em: https://g1.globo.com/musica/noticia/justin-bieber-cancelou-turne-pa-
ra-se-dedicar-a-cristo-apos-entrar-para-a-igreja-hillsong-diz-site.ghtml. Acesso em: 06 fev. 2023.
111
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
É importante ressaltar que a escolha da foto para compor a 
notícia analisada tem relação direta com o conteúdo temático, 
visto que o cantor é retratado com uma imagem mais serena, 
olhos fechados, como se estivesse orando ou cantando um 
louvor. A escolha de fotos não é aleatória, já que geralmente tem 
ligação com o que será dito na notícia ou com o posicionamento 
que a empresa jornalística tem em relação aos fatos noticiados.
No quadro abaixo, entenderemos esta notícia a partir de 
três dimensões:
Quadro 12 – Análise das três dimensões da notícia do portal G1
DIMENSÕES ANÁLISE DO GÊNERO NOTÍCIA
Conteúdo 
temático
Essa notícia foi publicada no portal G1, em 25/07/2017, no editorial “Art e 
Pop”, seção “música”, sem especificação do jornalista que a escreveu. Ela é 
direcionada ao público que busca informações sobre cultura pop. O assunto 
tratado é o motivo do cancelamento da turnê do cantor justin Bieber. É um 
desdobramento da notícia do dia anterior sobre o cancelamento da turnê.
Forma 
composicional
Esse texto é composto por título, subtítulo, foto e legenda e corpo do texto. 
O título aparece acima, com letras maiores e frases de efeito para chamar a 
atenção do público. Abaixo do título, aparece o subtítulo, com letras menores 
e fonte diferente, com informação complementar à manchete. A foto, com 
legenda abaixo ou acima, aparece logo depois ou ao lado do corpo do texto. O 
texto é organizado em parágrafos e períodos.
112
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Estilo A notícia é organizada como uma narrativa, com introdução, desenvolvimento 
e conclusão e, também, com elementos (agentes, tempo, espaço, narrador e 
etapas). 
A introdução ocorre no primeiro parágrafo, com o “lide”:
• “O quê?” – justin Bieber cancelou a turnê.
• “Por quê?”-”se dedicar a Cristo” porque teria entrado para a igreja hillsong.
• “Como?”- por fontes da própria Igreja.
• “Quando?” e “Onde”? - essa informação foi divulgada pelo site TmZ na data 
da publicação da notícia.
O desenvolvimento é o detalhamento das informações do “lide”, e o desfecho 
é a informação sobre a lgreja e a inauguração de sede no Brasil.
O relato dos fatos ocorre de forma decrescente quanto ao grau de importância ou 
interesse e com o uso de linguagem objetiva e na terceira pessoa.
Fonte: elaborado pelos autores (2017)
SAIBA MAIS
Para conhecer mais detalhadamente o gênero textual 
notícia, leia o livro “Estrutura da Notícia”, de Nilson Lage. 
Nele, o autor discute questões relacionadas à lingua-
gem, à estrutura do gênero e ao papel político e social 
da notícia. Trata, sobretudo, da questão ética no jorna-
lismo ao afirmar que há duas vertentes na produção do 
texto jornalístico: a que ressalta o direito à informação e 
a que destaca a liberdade de informar.
Os gêneros textuais notícia e reportagem são, muitas 
vezes, confundidos porque possuem estruturas semelhantes 
113
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
quanto à sua forma composicional, mas diferem em seu 
conteúdo temático e de estilo. Vamos ver, a seguir, as 
características da reportagem.
REPORTAGEM
Quando você lê um jornal ou uma revista, consegue distinguir 
o que é reportagem e o que é notícia? Se não, não se preocupe, 
porque você não é a única pessoa que se confunde. Muitas vezes, 
pela semelhança, os dois gêneros são colocados juntos para análise 
em diferentes materiais didáticos. Contudo, a reportagem difere 
da notícia especialmente em seu conteúdo temático, pois não tem o 
mesmo caráter imediato desta. Seu objetivo é a contextualização e 
o detalhamento do que foi noticiado.
Vamos pegar como exemplo a notícia analisada na seção 
anterior sobre o cantor Justin Bieber. Com base no que foi 
noticiado e na polêmica que causou o cancelamento da turnê 
e sua possívelconversão àquela Igreja, poderia ser feita uma 
reportagem que se iniciaria com a seguinte contextualização e 
o seguinte detalhamento (conteúdo temático): linha do tempo 
da vida e carreira do cantor; detalhamento dos escândalos em 
que esteve envolvido e de sua prisão, com o caminho trilhado 
até à adesão a uma religião; depoimentos de pessoas próximas 
do cantor; boxes com os seus maiores sucessos; números de 
114
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
visualizações de seus clipes, de seus 
seguidores em redes sociais, da vendagem 
de produtos associados à sua marca e 
de seus discos com formatos variados; 
do público em seus shows nas diferentes 
partes do mundo; entre outros.
No que se refere à composição 
da reportagem, ela é praticamente a 
mesma da notícia, porém, como há 
contextualização e detalhamento dos 
fatos e acontecimentos, junta-se, ainda, a 
presença de infográficos ou gráficos mais 
simples e boxes, além de haver maior 
número de falas reportadas a pessoas 
que conhecem mais de perto o assunto, 
como aquelas próximas, especialistas e 
profissionais da área sobre a qual está 
sendo feita a matéria.
O estilo da reportagem é menos rígido 
do que o da notícia. O “lide” não precisa, 
necessariamente, aparecer no primeiro 
parágrafo, já que a reportagem não tem 
a função de anunciar um fato nem um 
O estilo da 
reportagem é 
menos rígido 
do que o da 
notícia.
115
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
acontecimento novo e imediato. Segundo Lage (2000, p. 47), “podem 
se dispor as informações de grau decrescente de importância, mas 
também narrar a história, como um conto ou um fragmento de 
romance”. Isso porque, diferentemente da notícia, a reportagem 
não precisa utilizar uma linguagem objetiva, podendo ser escrita, 
inclusive, na primeira pessoa, bem como veicular opinião.
Observe o quadro 13 a seguir, que sintetiza a diferença 
entre notícia e reportagem.
Quadro 13 – Diferenças entre notícia e reportagem
DIMENSÕES 
DO GÊNERO NOTÍCIA REPORTAGEM
Conteúdo 
temático
Fatos e acontecimentos 
novos, atualizados, 
imediatos e com 
curta duração.
Contextualização e detalhamento do que 
já foi noticiado e sem o compromisso 
com novos fatos e acontecimentos nem 
com o imediatismo da informação.
Forma 
composicional
Título, subtítulo, fotos, 
legendas, olho (destaque), 
entre outros. Organização 
em parágrafos e períodos.
Título, subtítulo, fotos, legendas, 
infográficos, entre outros. Como 
busca o detalhamento, em uma única 
reportagem podem ser encontrados 
todos os elementos. O corpo do texto 
pode ser organizado em parágrafos e 
períodos, embora, como recorre muito 
a recursos verbo-visuais, em muitos 
trechos, possa organizar-se em tópicos, 
por exemplo.
116
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
DIMENSÕES 
DO GÊNERO NOTÍCIA REPORTAGEM
Estilo A linguagem pode ser 
objetiva ou subjetiva, 
podendo ser escrita na 
primeira ou na terceira 
pessoa, bem como vincular 
opinião. Não apresenta 
uma ordem rígida dos 
fatos, podendo ter seu 
“lide” em qualquer parte do 
texto, por exemplo. Registro 
formal e uso de língua 
culta. 
Linguagem objetiva, uso da terceira 
pessoa, ordem rígida dos fatos, 
apresentados em ordem decrescente, 
do mais importante e interessante ao 
menos importante. Registro formal e uso 
de língua culta.
Fonte: elaborado pelos autores (2017)
SAIBA MAIS
As imagens, tanto a fotografia quanto os infográficos, 
são muito importantes para noticiar um fato, contextua-
lizá-lo ou detalhá-lo. Pesquise como os recursos verbo-
-visuais podem complementar ou transformar o sentido 
da leitura de uma notícia ou reportagem.
Embora a reportagem possa veicular a opinião do(a) 
jornalista sobre os fatos e acontecimentos, não é seu objetivo 
sustentar nem justificar seu ponto de vista pessoal ou da 
117
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
empresa jornalística. O editorial e o artigo de opinião são 
escritos justamente para esse fim. 
EDITORIAL E ARTIGO DE OPINIÃO
EDITORIAL
Quando você lê, ouve ou assiste a notícias e reportagens, 
você sabe exatamente qual é a opinião da empresa jornalística 
sobre aquele assunto? É verdade que podemos inferir a 
opinião pelo modo como os fatos e acontecimentos são 
noticiados. Por exemplo: pela quantidade de vezes que 
aparecem; pelo espaço maior ou menor destinado à notícia 
ou reportagem; pelo uso de palavras que podem qualificar ou 
desqualificar ações, pessoas e acontecimentos; entre outras 
coisas. Contudo, as empresas jornalísticas ou de comunicação 
valem-se de um gênero textual específico para se posicionarem 
sobre assuntos que mobilizam a sociedade: o editorial. 
O editorial pode aparecer em abas ou hiperlinks de 
portais de notícias da internet, nas primeiras páginas das 
revistas impressas ou na folha oposta à capa dos jornais 
impressos. Segundo Mascarello, o editorial: 
118
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
é um gênero de texto por meio 
do qual o jornal e outras mídias 
expressam formalmente suas 
opiniões a respeito de algo da 
atualidade ou sobre fato notificado 
na mesma edição, merecedor de 
destaque, posicionando-se a favor 
ou contra, com base em fontes 
fidedignas (estudos e pesquisas) 
(MASCARELLO, 2011, p. 36).
A citação acima apresenta o 
conteúdo temático do gênero textual. 
Quanto à forma composicional, é 
um texto organizado em parágrafos, 
geralmente sem assinatura de um(a) 
autor(a), com título que antecipa o fato 
sobre o qual será emitida a opinião do 
veículo ou da empresa de comunicação. 
Quanto ao estilo, os tipos textuais que 
o compõem são o argumentativo/
dissertativo e o expositivo, os quais 
apresentam opinião, e as fontes são a 
base dos argumentos defendidos pelo(a) 
autor(a). O editorial utiliza-se da norma 
Editorial é um 
gênero de texto 
por meio do 
qual o jornal e 
outras mídias 
expressam suas 
opiniões.
119
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
culta da língua, com os verbos geralmente no presente e na 
terceira pessoa do singular.
Veja, a seguir, o editorial da Folha de São Paulo (impresso) 
de 22 de julho de 2017:
Ainda se protesta4
A morte de Ricardo Silva Nascimento, ocorrida há 
pouco mais de uma semana no bairro de Pinheiros, 
em São Paulo, suscitou um sentimento de revolta e 
de mobilização cujo significado, nos dias que correm, 
ultrapassa o que faz crer o número, relativamente 
pequeno, dos que nele se envolveram.
Não compõem grande massa popular, sem dúvida, os 
que compareceram à cerimônia religiosa, seguida de 
ato público, em memória do carroceiro – baleado por 
um policial militar, por volta das 18h de uma quarta-
feira, 12 de julho.
Teria ameaçado PMs com um pedaço de pau, em frente 
a um supermercado, numa rua movimentada.
Cidadãos que presenciaram a cena afirmam que 
o carroceiro parecia alcoolizado – condição que, 
conforme dizem, era corriqueira no seu caso. As 
4 Texto disponível no site da Folha de São Paulo em: <http://bit.ly/2tDeDBS>. Acesso 
em: 06 fev. 2020.
120
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
autoridades ordenaram-lhe que se desfizesse da 
madeira que empunhava, sob pena de ser alvejado. 
Moradores da região asseguram que era baixa a 
periculosidade de Nascimento.
Na dúvida, como parece ser a sinistra regra das forças 
de segurança no Brasil, a PM atirou. A ação terá 
sido “provavelmente desnecessária”, diz o ouvidor 
da Polícia de São Paulo, após colher relatos dos que 
presenciaram o homicídio.
Por ter ocorrido em local e horário de alta circulação, a 
tragédia encontrou testemunhas em maior número – e 
com mais disposição de contar o que viram, pode-se 
presumir, do que se esperaria em casos semelhantes a 
ocorrer na periferia da cidade.
Num contexto em que partidários da violência policial 
ainda parecem ativos, é com algum alívio que se registra 
a capacidade de alguns cidadãos de se organizarem 
em nome de valores como o respeito humano e a 
solidariedade com os mais fracose desfavorecidos.
Estes não se confundem com o sentimentalismo fácil que 
não raro se presta a explorações de má-fé.
Importa zelar pela proporcionalidade no uso da força, 
pela avaliação equilibrada das necessidades repressivas 
do Estado e, nesse caso, como em qualquer outro, por 
investigações isentas.
121
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Submetidos a uma rotina de estresse e de risco, mas também 
aos condicionamentos da truculência, os policiais militares 
não são, nem teriam por que ser, carrascos da população. Ei-
la, entretanto, vitimada uma vez mais. 
Analisemos as diferentes partes desse editorial (Quadro 14).
Quadro 14 – Análise do editorial da Folha de São Paulo de 22 de julho de 2017
DIMENSÕES 
DO GÊNERO ANÁLISE DO GÊNERO EDITORIAL
Conteúdo 
temático
A Folha de são Paulo expressa sua opinião sobre o fato noticiado em edições 
anteriores — assassinato do morador de rua e catador Ricardo — e 
nessa edição —missa de sétimo dia. Nesse editorial, a Folha se posiciona 
a favor da mobilização das pessoas que protestaram em nome de valores 
como respeito humano e solidariedade, e por uma ação da polícia com 
uso proporcional da força, da avaliação da necessidade de repressão e 
investigação isenta.
Forma 
composicional
O texto é organizado em parágrafos, sem assinatura, com o título “Ainda se 
protesta”, antecipando o que será discutido no texto. 
Estilo O tipo textual é argumentativo-discursivo. A progressão do texto é a introdução do 
assunto e o desenvolvimento com o relato dos fatos e argumentos que justificam 
a opinião e a conclusão. há argumentos de causa (com apresentação de fatos 
que ocasionaram o assassinato), de autoridade (opinião do ouvidor da polícia) 
e de princípio (alívio com a capacidade de cidadãos que apresentaram respeito 
humano e solidariedade). há uso de verbos no pretérito perfeito e imperfeito 
no relato dos fatos e verbos no presente quando apresenta os argumentos para 
justificar a opinião. Registro formal da linguagem com o uso da norma culta.
Fonte: elaborado pelos autores (2017)
122
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para mais características do gênero textual 
“editorial”, acesse a página “Mundo Educação”.
Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/editorial.htm. 
Acesso em: 06 fev. 2023..
Conforme analisado nos quadros 12, 13 e 14 , os principais 
gêneros textuais da esfera jornalística têm características e 
objetivos diferentes. A notícia tem o objetivo de informar o novo; 
a reportagem, de contextualizar e detalhar a informação; e o 
editorial, de apresentar a opinião da empresa de comunicação, de 
modo que o(a) leitor(a) compreenda o tratamento dado ao que é 
veiculado. Os três gêneros textuais atendem à função da esfera 
jornalística de informar e suscitar a formação de opinião, de 
modo a possibilitar transformações sociais.
NA PRÁTICA
Você participa do conselho deliberativo do condomínio em que mora. 
Na última assembleia, os moradores aprovaram a necessidade de um 
jornal mensal tanto impresso quanto online para cada apartamento. 
Também ficou acertado que o conselho deliberativo ficaria responsável 
por produzir, diagramar e distribuir/divulgar o jornal.
https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/editorial.htm
123
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Você foi escolhido(a) para produzir uma reportagem sobre o assunto mais 
discutido na reunião – “uso das áreas de lazer (quadras, brinquedoteca, 
parquinho) por visitantes” –, o qual será votado na assembleia seguinte. 
sabendo que a reportagem é um gênero cujo objetivo é a contextualização 
e o aprofundamento sobre o fato noticiado, de quais elementos da forma 
composicional e de estilo você precisa usar para atender ao conteúdo 
temático exigido? Como isso se organizaria na reportagem?
ARTIGO DE OPINIÃO
Todas as pessoas têm uma opinião formada sobre um 
número infinito de assuntos. Comentar as “postagens” em 
redes sociais é, hoje, quase obrigatório para quem navega com 
frequência (em função dessa prática muitos têm, inclusive, 
rompido relações sociais). 
Contudo, apresentar opinião pode ser uma atividade bem 
fundamentada, sem envolver muitas emoções sobre os assuntos 
discutidos. Como você procura argumentar e sustentar suas 
opiniões de modo a não deixar-se levar para o lado pessoal? 
Como formar opinião fundamentada sobre algum assunto? 
O gênero textual que exerce o papel de veicular opinião 
sobre diferentes assuntos da atualidade é o artigo de opinião. 
Segundo Bräkling (2000, p. 226): 
124
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
O artigo de opinião é um gênero do 
discurso em que se busca convencer 
o outro de uma determinada ideia, 
influenciá-lo, transformar os seus 
valores por meio de um processo 
de argumentação a favor de uma 
determinada posição assumida 
pelo produtor e de refutação de 
possíveis posições divergentes. É um 
processo que prevê uma operação 
constante de sustentação das 
afirmações realizadas, por meio da 
apresentação de dados consistentes, 
que possam convencer o interlocutor. 
Para produzir um artigo de opinião, 
é necessário compreender seu conteúdo 
temático. Para tanto, é preciso levantar, 
por meio da leitura de vários textos, 
as posições de diferentes articulistas e 
estudiosos sobre o assunto. Além disso, 
deve-se fazer antecipação das opiniões 
gerais do leitor previsto de seu texto a 
fim de refutar as diferentes ideias sobre o 
assunto ou com elas concordar, no intuito 
de poder transformar opiniões e valores. 
Por isso, é essencial, para a produção de 
Para produzir 
um artigo 
de opinião, 
é necessário 
compreender 
o seu conteúdo 
temático.
125
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
um artigo de opinião, uma questão controversa a ser debatida, 
como, por exemplo, na seção “Opinião”, da Folha de São Paulo, 
publicada em dois textos, com posições contrárias, respondendo 
à mesma pergunta. 
Quanto à forma composicional, o artigo de opinião 
organiza-se em parágrafos e geralmente se apresenta, segundo 
Mascarello (2011, p. 36), com “contextualização inicial 
(abordagem geral), detalhamento, problema, análise, tese, 
argumentos, conclusão (ideia geral ou convite à ação)”.
Em relação ao estilo, o tipo textual predominante é o 
argumentativo/dissertativo, por isso há diferentes tipos de 
argumento. Contudo, prevalecem os de autoridade, com citações 
direta e indireta. Para a realização das citações, há diferentes 
mecanismos linguísticos usados, como: verbos de dizer e expressões 
de conformidade – segundo fulano(a), de acordo com, fulano(a) 
diz/afirma/questiona/adverte etc. Ainda há outros recursos:
• conectores que introduzem argumentos 
(já que, visto que, pois etc.); 
• conectores que acrescentam argumentos 
(também, e, além disso, mais, ainda); 
126
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
• conectores que expressam oposição (no 
entanto, mas, porém, contudo, todavia) 
ou concessão (embora, apesar de) e 
• conectores que apresentam conclusão 
(enfim, portanto, assim sendo, desse 
modo) (MASCARELLO, 2011). 
Mesmo sendo um texto que se utiliza de uma 
linguagem objetiva, pode ser escrito na primeira ou terceira 
pessoa, com predominância de verbos no presente. Veja o 
artigo de opinião publicado no jornal Folha de São Paulo 
em 21 de julho de 2017:
Em defesa do SUS 
O Brasil tem um sistema de saúde peculiar. É o 
único país do mundo com mais de 100 milhões de 
habitantes que oferece assistência universal a todos 
por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Sem depender da máquina estatal, acaba por ser o 
agente que viabiliza financeiramente a constante 
modernização dos hospitais de referência do País.
Muitos entusiastas de nosso sistema público de 
saúde pregam sua expansão nos moldes do aclamado 
National Health System (NHS) britânico – uma 
127
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
referência mundial –,inclusive defendendo o fim da 
saúde suplementar. 
Esse desejo, no momento, não passa de uma utopia. 
O modelo suplementar é o duto por onde chegam 
ao Brasil as principais inovações de procedimentos, 
equipamentos, medicamentos e terapias. 
Levando em conta que o SUS encontra-se 
subfinanciado, com repetidas declarações de que o 
governo não tem condições financeiras de prover 
ainda mais subsídios para a adequada manutenção 
do serviço, como é possível falar em eliminação do 
setor privado? Isso significaria delegar ao SUS cerca 
de 50 milhões de pessoas, pressionando de forma 
expressiva os cofres públicos. 
Infelizmente, a questão vai muito além do mero 
aspecto financeiro. Recentemente denunciou-se um 
esquema de corrupção envolvendo a empresa norte-
americana Zimmer Biomet, que admitiu à Justiça 
de seu país o pagamento de propinas a médicos do 
SUS em troca da facilitação na venda de produtos a 
hospitais públicos brasileiros. 
[…] 
A Associação Brasileira de Planos de Saúde 
(Abramge) move na Justiça dos Estados Unidos uma 
ação contra a própria Zimmer e outras das maiores 
128
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
fabricantes de órteses, próteses e materiais especiais 
por supostamente adotarem condutas corruptas em 
suas operações no Brasil. 
Nosso objetivo principal é exigir regras de compliance 
mais rígidas dessa indústria, com a adequada 
transparência nos negócios. 
À luz disso, pergunto: quem defende o SUS? A 
Abramge, que fez a denúncia da admissão do 
pagamento de propina a médicos e hospitais 
brasileiros, ou os autoaclamados defensores da saúde, 
que propugnam o fim dos planos privados sem 
apresentar solução para o sistema público? 
E mais: o que estão fazendo para proteger o 
beneficiário do SUS? Existe alguma entidade para a 
defesa desse cidadão?
PEDRO RAMOS, advogado com especialização 
em negociação pela Universidade Paris-Sorbonne 
(França), é diretor da Associação Brasileira de Planos 
de Saúde (Abramge)5. 
No Quadro 15, a seguir, podemos analisar mais 
detalhadamente o artigo supracitado, sobre o SUS e os sistemas 
de saúde de outros países. 
5 Disponível no site Folha de São Paulo, em: https://www1.folha.uol.com.br/paywall/login.
shtml?https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/07/1903041-em-defesa-do-sus.shtml. 
Acesso em: 06 fev. 2023.
129
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Quadro 15 – Análise do artigo “Em defesa do SUS”
DIMENSÕES 
DO GÊNERO ANÁLISE DO ARTIGO DE OPINIÃO
Conteúdo 
temático
O autor é diretor da Associação Brasileira de Planos de saúde. Ele apresenta 
e defende a existência do sUs como um sistema de saúde peculiar, mas 
levanta uma questão controversa dos defensores do sistema: a ampliação 
do sUs e o fim do sistema de saúde complementar (planos de saúde), algo 
que ele refuta nos primeiros parágrafos.
Forma 
composicional
Organizado em parágrafos. 
Introdução: contextualização (sUs é o único sistema no mundo que 
oferece a todos - 100 milhões de pessoas - atendimento universal). Tese: a 
ampliação do sUs não pode ser feita com o fim dos planos de saúde, pois 
estes colaboram com a melhoria do serviço, uma vez que é por meio da 
saúde complementar que as inovações chegam ao sistema. 
Problemas: subfinanciamento do sUs e corrupção do sistema. 
Argumentos: atuação da Abramge para combater a corrupção nos sistemas 
público e privado e questionamento aos setores contrários ao sistema de 
saúde complementar sobre alternativas. 
Conclusão: exigência de regras mais rígidas para o fornecimento 
de materiais importados para tratamentos e cirurgias, bem como 
transparência nos negócios. 
Estilo Uso da terceira pessoa e predominância de verbos no presente do indicativo. 
Para organizar os argumentos, esse artigo faz pouco uso de conectores, em 
que a maioria dos argumentos são afirmações justapostas. Isso se deve pelo 
caráter panfletário do texto, visto que, além de defender um ponto de vista, 
divulga as ações da Associação, da qual o autor é o diretor.
Fonte: elaborado pelos autores (2017)
130
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Geralmente, os artigos de opinião são 
publicados em jornais e revistas de grande 
circulação ou específicos de categorias e 
órgãos, ou, ainda, em sites especializados 
ou portais de notícias. 
O gênero textual “artigo de opinião” é 
parte da esfera jornalística que emite opinião 
sobre fatos e questões relevantes à sociedade. 
Seus objetivos são persuadir e influenciar a 
opinião pública sobre questões controversas, 
que podem mover e transformar realidades. 
Os textos que estudaremos nos próximos 
tópicos, resumo e resenha, são parte tanto da 
esfera acadêmica quanto jornalística.
REFLETINDO
No texto que lemos, o diretor da Associação Brasileira 
de Planos de Saúde (Abramge) utilizou um espaço 
no jornal para publicar sua opinião e do setor que ele 
representa. Qual é a diferença entre a utilização desse 
espaço por um articulista que representa um setor da 
sociedade e pela empresa jornalística que usa seu edito-
rial para defender interesses de seus patrocinadores?
Artigos de 
opinião são 
publicados 
em jornais 
e revistas 
de grande 
circulação 
ou em sites 
especializados.
131
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
RESUMO E RESENHA
RESUMO
Desde o Ensino Médio, você tem se deparado com 
a leitura e a produção de resumos para fins de estudo. 
O resumo, no contexto educacional, pode: antecipar, em 
linhas gerais, o que vai ser estudado; ser o instrumento de 
aprendizagem para organizar as informações lidas; ser parte 
ou subsídio de trabalho mais elaborado (artigos acadêmicos, 
monografias, dissertações e teses); ou, ainda, ser o instrumento 
de avaliação dos professores para saber se os alunos 
compreenderam os conceitos-chave de forma coerente.
Já deu para perceber que a esfera de atividade humana 
desse gênero textual é escolar/acadêmica. O gênero textual 
resumo tem a finalidade de apresentar pontos-chave de um 
texto-fonte sem dirigir comentários críticos explícitos, além 
de ter caráter descritivo e expositivo (GUIMARÃES, 2012). 
Segundo Medeiros (2014), na produção de um resumo estão 
envolvidas as capacidades do(a) autor(a) de compreender, 
analisar, sintetizar e avaliar o que leu, selecionando as 
principais ideias e excluindo as irrelevantes. Os resumos 
podem ser esquemáticos ou lineares.
132
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
RESUMO ESQUEMÁTICO
Um resumo esquemático é 
“composto por tópicos hierarquizados” 
(GUIMARÃES, 2012, p. 184) com uma 
relação lógica entre eles. Ele é produzido 
para o(a) próprio(a) autor(a) ou para 
compor apresentação de slides ou textos 
maiores, com a finalidade de estudo, 
revisão ou exposição de ideias gerais. 
O texto pode ser organizado com 
a nominalização, ou seja, pode ser 
reduzido apenas a um conceito-chave 
do texto-fonte, às vezes seguido de uma 
frase curta. Os tópicos podem estabelecer 
coordenação entre si, com relação lógica 
entre os conceitos. Essa relação pode ser 
de gradação, convergência, divergência, 
pertencimento, comparação e intersecção.
RESUMO LINEAR
O resumo linear é organizado em um 
texto com frases e parágrafos justapostos 
ou relacionados por meio de mecanismos 
de coesão textual, como os articuladores 
NOMINALIZAÇÃO
Transformação de uma oração 
independente em sintagma 
nominal. Fonte: osdicionários. 
133
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
discursivos já estudados. Nele, o(a) produtor(a) do texto 
precisa levar em consideração três princípios: eliminar os 
elementos redundantes e supérfluos (cancelamento, seleção 
e avaliação); generalizar os conceitos do texto; e realizar a 
escrita por tópico frasal (síntese). 
Para realizar o cancelamento e a seleção, é preciso avaliar 
levando em consideração o conteúdo temático do texto-
fonte com foco no objetivo de produção do resumo e do 
contexto, além do uso de mecanismos linguísticos de coesão 
e coerência do texto. Para generalizar,o(a) produtor(a) do 
resumo deve transformar expressões específicas do texto 
em expressões gerais. Por exemplo: o uso de computador, 
Datashow, caixa de som, PowerPoint e vídeos deve ser 
generalizado em “recursos multimídia ou audiovisuais”.
Ao realizar a síntese, a escrita pode ser feita por tópico 
frasal, ou seja, seu parágrafo é iniciado pelo assunto ou 
conceito-chave do texto-fonte que será abordado, para 
posteriormente ser aprofundada a exposição no interior 
do parágrafo. Quando realizamos o cancelamento e a 
generalização, fazemos uma adaptação do texto, a qual precisa 
ser realizada de forma coesa e coerente, visto que o resumo 
deve ser compreendido de maneira autônoma e independente 
do texto-fonte. Veja no quadro 16 a análise desse gênero:
134
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
Quadro 16 – Quadro-síntese do gênero textual resumo
DIMENSÕES 
DO GÊNERO DESCRIÇÃO
Conteúdo 
temático
Tem a finalidade de apresentar pontos-chave de textos-fonte sem 
comentários críticos. Pode ser instrumento de estudo para o autor e de 
avaliação de aprendizagem para o professor. Além disso, pode ser parte 
de apresentação de slides ou de textos maiores, como artigos acadêmicos, 
monografias, dissertações e teses.
Forma 
composicional
Resumo esquemático: tópicos que estabelecem relação entre si. 
Resumo linear: organizado em frases e parágrafos. 
Estilo Predominância dos tipos descritivo e expositivo. 
Utilização de nominalização (esquemático). 
Utilização de generalizações. 
Organização de frases e parágrafos por justaposição ou por articuladores 
textuais (conectivos) de coesão textual.
Fonte: elaborado pelos autores (2017)
Muitos pesquisadores classificam esse gênero textual 
em dois grupos: resumo descritivo (esse que acabamos de 
aprender); e resumo crítico, que é a resenha.
RESENHA
A linha de separação entre resenha e resumo é tão 
tênue que muitas pessoas, em algum momento, confundem 
135
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
esses dois gêneros textuais. Isso não acontece apenas com 
quem é leigo no assunto, já que não há consenso entre 
pesquisadores em que haja tanta distinção assim. Alguns, 
inclusive, consideram a resenha um resumo crítico, e outros 
caracterizam textos como “resenha-resumo”. Vamos tratar, 
aqui, a resenha como um gênero textual específico que se 
aproxima e ao mesmo tempo se distancia do resumo.
Segundo Costa (2009, p. 179), a resenha é um “breve 
comentário (v.) crítico ou avaliação (v.) de uma obra [texto-
fonte]”. Desse modo, produzir uma resenha demanda do 
seu(sua) produtor(a) atividades de leitura, interpretação 
dos conceitos abordados na obra, resumo e posicionamento 
crítico quanto aos pontos de vista apresentados pelo(a) 
autor(a) do texto-fonte.
O conteúdo temático do gênero textual resenha é o texto-
fonte, os assuntos e conceitos abordados, a sua relevância social 
e/ou acadêmica e as controvérsias, bem como as similaridades 
com outras obras. Quanto à organização, o texto se organiza 
em vários parágrafos. No início ou no final, deve ser citada 
a referência bibliográfica completa, incluindo o número de 
páginas. Nos vários parágrafos, o autor apresentará análise, 
interpretação, opinião, avaliação e recomendação do texto. 
136
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
SAIBA MAIS
Conforme vimos, a resenha é um gênero textual cujo 
conteúdo temático são textos-fonte de diferentes esfe-
ras da atividade humana, e que são publicadas em di-
ferentes suportes e para um público-leitor variado. Per-
gunta: há mudança se ela for publicada em jornal, site ou 
revista acadêmica, ou, ainda, se referir-se a textos-fonte 
de esferas de atividade diferentes? Pesquise resenhas 
publicadas em revistas acadêmicas e em jornais e revis-
tas de circulação geral sobre livros, filmes, espetáculos, 
CDs/DVDs musicais, entre outros, e responda a essa per-
gunta usando os textos lidos como base.
Quanto ao estilo, o registro linguístico é formal, respeitando 
a norma culta. O tipo de texto predominante é o argumentativo/
dissertativo, com o uso de diferentes argumentos para sustentar, 
concordar e refutar as ideias e os conceitos do texto-fonte. As 
frases e os períodos, no interior dos parágrafos, são conectados 
por justaposição ou pelos articuladores textuais para conferir 
coesão e coerência à resenha produzida. Leia a resenha 
publicada na Folha de São Paulo em 17 de julho de 2017:
Filme de super-heroína é tão bom que parece da Marvel
Thales de Menezes, de São Paulo 31/05/2017. 
MULHER-MARAVILHA
Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Robin Wright.
137
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
Produção: EUA, 2017, 12 anos.
Direção: Patty Jenkins. 
O embate entre os fãs das duas maiores editoras de 
quadrinhos americanas, Marvel e DC Comics, é questão 
primordial para os nerds. Cada novo exemplar desse 
já sólido filão de filmes baseados em HQ é mais um 
round na briga. Nos últimos anos a superioridade foi da 
Marvel, em crítica e em bilheteria. 
Mas o confronto fica mais equilibrado a partir desta 
quinta (1o). Ao sair do cinema, a constatação: ‘Mulher-
Maravilha’ não é só o melhor filme de um personagem da 
DC. É tão bom que parece filme da Marvel. Na verdade, 
parece melhor do que quase todos os filmes da Marvel. 
O trabalho caiu nas mãos de uma diretora. Patty Jenkins 
teve sucesso precoce, aos 31, com ‘Monster’ (2003). Mas a 
carreira empacou, restringindo-se a episódios de séries. 
Na superprodução, imprime assinatura incomum aos 
filmes de heróis de gibi. Consegue equilibrar cenas 
leves de química romântica entre a Mulher-Maravilha e 
Steve Trevor, espião americano na Primeira Guerra, com 
sequências de ação empolgantes. 
[…] 
Sua desinibição nas coreografadas cenas de batalha 
talvez não tenha a ver com o treinamento militar, mas 
muitos espectadores devem estabelecer essa relação. 
138
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
‘Mulher-Maravilha’ tem ação durante a Primeira Guerra, 
quando a amazona Diana quebra o isolamento de seu 
ambiente, uma ilha mística habitada só por mulheres, ao 
encontrar Steve (Chris Pine). 
[…] 
Claro que o filme rende muita discussão sobre um dos 
temas da vez, a mulher ganhando poder numa sociedade 
machista. No caso de Diana, superpoder. 
Com ação, humor, romance e personagens 
charmosos, ‘Mulher-Maravilha’ é provavelmente 
o início de uma franquia com tudo para dar certo. 
Antes do segundo filme solo, ela vai se unir aos 
meninos no aguardado longa da Liga da Justiça. É 
esperar para ver se Diana poderá colocá-los num 
caminho mais divertido no cinema6. 
Conforme apresentado no quadro 9, a finalidade do texto 
lido é realizar um comentário crítico ou avaliativo do filme. 
O tipo textual predominante na resenha é o argumentativo/
dissertativo, com a presença de argumentos a serem justificados 
e sustentados. Diferentemente da resenha, em um resumo não 
há argumentos para sustentar nem para dirigir comentários 
críticos, visto que ele tem caráter descritivo e expositivo.
6 Disponível no site Folha de São Paulo em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustra-
da/2017/05/1888696-filme-de-super-heroina-e-tao-bom-que-parece-da-marvel.shtml. Acesso em: 
06 fev. 2023.
139
GêNEROs E TIPOs TExTUAIs, O TExTO NA EsFERA jORNALísTICA, E REsUmO E REsENhA
No quadro 17 a seguir, trazemos uma análise da resenha 
apresentada acima. Veja:
Quadro 17 – Análise da resenha
DIMENSÕES 
DO GÊNERO DESCRIÇÃO
Conteúdo 
temático
O conteúdo temático é o texto-fonte, nesse caso o filme “mulher 
maravilha”; a comparação entre os filmes da DC Comics e da marvel; 
os temas abordados (superpoder de uma mulher); e a atuação da atriz 
principal e da diretora.
Forma 
composicional
Organizado em parágrafos. Tem a referência completa do filme com 
o título, o elenco, a produção, o autor e o hiperlink com as salas de 
cinema, no início do texto, logo abaixo do título. No interior dos 
parágrafos, o autor apresenta análise, interpretação, opinião, avaliação e 
recomendação

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