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Cervicalgia e lombalgia

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CERVICALGIA E LOMBALGIA LETÍCIA FAGUNDES 
 
OBJETIVOS 
Definir as principais causas de cervicalgia (trauma, síndrome 
do desfiladeiro torácico, doença discal, lesão de plexo 
braquial e de nervos periféricos...) e lombalgia (hérnia de 
disco, trauma, infecção, artrite, distúrbios degenerativos e 
anomalias congênitas), conhecendo suas epidemiologias 
Entender a abordagem da cervicalgia e lombalgia, 
associando a necessidade de indicação de exames 
complementares 
Conhecer o manejo terapêutico de cada etiologia, 
diferenciando as abordagens farmacológicas das 
abordagens não farmacológicas e indicação cirúrgica 
ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL 
A coluna vertebral pode ser dividida em: 
 
A parte anterior da coluna vertebral é formada por corpos 
vertebrais cilíndricos separados por discos intervertebrais e 
mantidos unidos pelos ligamentos longitudinais anterior e 
posterior. 
 
Os discos intervertebrais são responsáveis por 25% da 
extensão da coluna vertebral e permitem que as vértebras 
ósseas se movimentem com facilidade umas sobre as outras. 
Esses discos são formados por um núcleo gelatinoso central, 
circundando por um anel cartilaginoso resistente, o anulo 
fibroso. Com o aumento da idade, ocorre um ressecamento 
do núcleo gelatinoso e degeneração do anulo fibroso, 
resultando em perda da altura do disco 
 
Os discos são maiores na região cervical e lombar, onde os 
movimentos da coluna são mais amplos. A porção anterior 
da coluna absorve os impactos dos movimentos corporais, 
como caminhada e corrida, e, junto com a porção posterior, 
protege a medula espinal e raízes nervosas no canal 
medular. 
Já a parte posterior da coluna consiste nos arcos e processos 
vertebrais, fornecendo ancoragem para músculos e 
ligamentos que funciona, como um sistema de polias e 
alavancas que resulta nos movimentos de flexão, extensão e 
inclinação lateral da coluna vertebral 
 
Na região cervical, as raízes nervosas saem em um nível 
acima de seus respectivos corpos vertebrais → Exemplo, a 
raiz nervosa C7 sai no nível de C6-C7. Já na região torácica e 
lombar sai em um nível abaixo → A raiz nervosa T1 sai no 
nível T1-T2. A lesão de raiz nervosa (radiculopatia) é uma 
causa comum de dor no pescoço, no braço, na região 
lombar, nas nádegas e nas pernas. 
CERVICALGIA E LOMBALGIA LETÍCIA FAGUNDES 
 
A partir de C3, cada corpo vertebral cervical e o primeiro 
torácico projeta um processo ósseo lateral para cima – o 
processo uncinado que se articula com o corpo vertebral 
cervical acima através da articulação uncovertebral. A 
articulação uncovertebral pode hipertrofiar com a idade e 
contribuir para o estreitamento do forame neural e a 
radiculopatia na coluna cervical. 
LOMBALGIA 
É a segunda razão mais comum para consultas médicas nos 
Estados Unidos, sendo que mais de 80% das pessoas 
apresentará dor nas costas significativa em algum momento 
de sua vida. 
ABORDAGEM AO PACIENTE COM DOR NAS COSTAS 
ANAMNESE 
Deve sempre procurar pelos fatores de risco para uma 
etiologia grave subjacente: 
1. Dor piora em repouso ou à noite 
2. História anterior de câncer, infecção crônica 
(especialmente pulmonar, urinaria e cutânea) ou 
traumatismo 
3. Incontinência 
4. > 70 anos de idade 
5. Uso de drogas intravenosas ou glicocorticoide 
6. História de déficit neurológico rapidamente 
progressivo 
EXAME 
Fatores de risco que podem ser encontradas no exame físico 
do paciente são: 
1. Febre inexplicada 
2. Perda de peso inexplicada 
3. Dor à palpação/percussão sobre a linha media da 
coluna 
4. Massa abdominal, retal ou pélvica 
5. Rotação interna/externa da perna ao nível do 
quadril; sinal da percussão do calcanhar 
6. Sinais de elevação da perna estendida ou da perna 
estendida inversa 
7. Déficit neurológico focal progressivo 
Recomenda-se um exame físico que inclua o abdome e o 
reto → A dor nas costas referidas de órgãos viscerais pode 
ser reproduzida durante a palpação do abdome (pancreatite, 
aneurisma aórtico abdominal) ou percussão dos ângulos 
costovertebrais (pielonefrite) 
Alguns testes que podem ser feitos são: 
Spurling: é utilizado principalmente para identificação de 
compressão de raiz nervosa por hérnia cervical. O paciente 
deve permanecer sentado, olhando para a frente, e o 
médico se posta atrás, em pé e deve realizar compressão 
axial da coluna cervical, buscando a reprodução dos 
sintomas. Uma vez reproduzidos, o médico deve realizar 
distração axial cervical cuidadosa (apoiando-se o queixo e o 
occipício), após a qual haverá melhora dos sintomas, o que 
caracterizará o teste como positivo. O paciente pode ser 
sensibilizado por meio da inclinação lateral da cabeça e da 
compressão axial cuidadosa, que demonstrará o lado de pior 
compressão. 
 
Manobra de elevação da perna estendida (EPE): é um teste 
simples à beira do leito para a doença de raízes nervosas. 
Com o paciente em posição supina, a flexão passiva da perna 
estendida sobre o quadril estira as raízes nervosas de L5 e S1 
e o nervo ciático; a dorsiflexão do pé durante a manobra 
aumenta o estiramento. 
 
Em pessoas saudáveis, a flexão de pelo menos 80° é 
normalmente possível sem causar dor, embora uma 
sensação de aperto ou estiramento nos músculos 
isquiotibiais seja comum. O teste de EPE será positivo se a 
manobra reproduzir a dor habitual do paciente nas costas ou 
no membro. A produção do sinal da EPE na posição supina e 
sentada pode ajudar a determinar se o achado é 
reproduzível. O paciente pode descrever a ocorrência de dor 
na região lombar, nas nádegas, na parte posterior da coxa ou 
na parte inferior da perna, porém a manifestação essencial 
é a reprodução da dor habitual do paciente. 
O sinal da EPE cruzado estará presente quando a flexão de 
uma perna reproduzir a dor na perna ou nádega oposta. O 
sinal da EPE cruzado é menos sensível, porém mais 
específico, para hérnia de disco que o sinal da EPE. O sinal da 
EPE reverso é suscitado ao pedir-se ao paciente que fique de 
CERVICALGIA E LOMBALGIA LETÍCIA FAGUNDES 
 
pé ao lado da mesa de exame e estenda passivamente cada 
perna com o joelho completamente estendido. Essa 
manobra, que estira as raízes nervosas L2- L4, o plexo 
lombossacro e o nervo femoral, será considerada positiva se 
reproduzir a dor habitual do paciente nas costas ou no 
membro. Em todos esses testes, a lesão do nervo ou da raiz 
nervosa é sempre no lado da dor. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Exames laboratoriais raramente são necessários para 
avaliação inicial de lombalgia aguda inespecífica (<3 meses 
de duração), exceto se o paciente apresentar os fatores de 
risco. Nesse caso, os exames pedidos são: 
1. Hemograma completo 
2. Velocidade de hemossedimentação (VHS) 
3. Exame de urina 
Em relação ao exame de imagem, os indicados são: 
1. TC → detecção de fraturas que envolvem as 
estruturas posteriores da coluna, junções 
craniocervicais e cervicotorácicas, vértebras CQ e 
C2, fragmentos ósseos no canal vertebral ou 
desalinhamento + modalidade primaria de 
rastreamento para traumatismo agudo moderado e 
grave 
2. RM → definição das estruturas das partes moles 
3. Mielotomografia comuputadorizada → fornece 
imagem ideias do recesso lateral do canal vertebral, 
define anormalidades ósseas e é mais bem tolerada 
por pacientes claustrofóbicos 
Porém, é importante lembrar que alterações degenerativas 
são comuns em pessoas normais e sem dor, por isso, 
algumas diretrizes não recomendam exames de imagem 
avançados como a RM da coluna nas primeiras 6 semanas 
em pacientes com LA inespecífica na ausência dos sinais de 
alerta 
ETIOLOGIA 
DOENÇA DISCAL LOMBAR OU CERVICAL 
Quadro clinico: é uma causa comum de lombalgia, sendo 
que a dor pode localizar-se na região lombar ou ser referida 
para o membro inferior, nádega ou quadril que não alivia na 
posição sentada. 
Além da dor, um disco roto pode causar ainda limitaçãode 
movimento da coluna vertebral (principalmente a flexão), 
déficit neurológico focal ou dor radicular, geralmente 
unilaterais. Achados motores (fraqueza focal, atrofia 
muscular ou fasciculações) são menos frequentes do que as 
alterações focais da sensibilidade ou dos reflexos. 
Um espirro, tosse ou algum movimento trivial podem 
resultar em prolapso do núcleo pulposo, empurrando o anel 
desgastado e enfraquecido posteriormente. 
 
Fisiopato: O mecanismo pelo qual a lesão de discos 
intervertebrais causa dor é desconhecido, já que o anel 
fibroso interno e o núcleo pulposo normalmente são 
desprovidos de inervação → O núcleo pulposo rompido 
pode levar a inflamação e produção de citocinas pró-
inflamatórias no interior do núcleo, provavelmente gerando 
e perpetuando a dor nas costas. A lesão de raiz nervosa 
(radiculopatia) por herniação de disco costuma ser causada 
por inflamação, mas a herniação lateral pode produzir 
compressão no recesso lateral ou no forame intervertebral. 
A doença tem mais probabilidade de ocorrer nos níveis de 
L4-L5 ou L5-S1, é incomum antes dos 20 anos de idade e que 
afeta principalmente indivíduos com sobrepeso e apresenta 
provavelmente algum fator genético envolvido 
Diagnostico: É mais seguro quando há concordância entre a 
anamnese, o exame físico, os resultados de imagens e a EMG 
→ O ideal é realizar uma RM ou mielo-TC para confirmar a 
localização e o tipo de patologia (RM de coluna gera 
incidências únicas da anatomia intraespinal e de tecidos 
moles adjacentes, enquanto as lesões ósseas do recesso 
lateral ou do forame intervertebral são mais bem 
visualizadas pela mielo-TC.) 
Síndrome da cauda equina 
Ocorre quando o feixe de nervos que se estende da parte 
inferior da medula espinhal, distal ao término da medula 
espinal em L1-L2, é comprimido ou danificado. A causa 
mais comum de síndrome da cauda equina é um disco com 
hérnia. Podem ocorrer lombalgia, fraqueza e arreflexia nas 
pernas, anestesia em sela e perda da função vesical. Pode 
haver o envolvimento combinado do cone medular e da 
cauda equina. O tratamento é a descompressão cirúrgica, 
às vezes como procedimento urgente na tentativa de 
restaurar ou preservar a função motora ou a esfincteriana, 
ou radioterapia para os tumores metastáticos 
CERVICALGIA E LOMBALGIA LETÍCIA FAGUNDES 
 
DOENÇA DEGENERATIVA DA COLUNA 
Englobam: 
1. Estenose do canal medular/vertebral (ECVL) com 
ou sem claudicação neurogênica 
Definição e quadro clinico: ECVL se refere ao estreitamento 
do canal vertebral lombar por onde passa a medula. Já a 
claudicação neurogênica consiste em dor, normalmente nas 
costas e nádegas ou pernas (de forma bilateral) que surge ao 
caminhar ou ficar de pé, sendo aliviada ao sentar 
Pacientes com claudicação neurogênica costumam sentir 
alivio de dor na posição de flexão (como caminhar inclinado 
sobre um carrinho de compras e pedalar sentados em 
bicicletas ergométricas). Isso ocorre porque a posição de 
flexão permite aumentar o diâmetro anteroposterior do 
canal vertebral e reduzir a hipertensão venosa intraespinal, 
produzindo alívio da dor. 
Fraqueza focal, perda sensitiva ou alterações dos reflexos 
podem ocorrer quando a estenose vertebral está associada 
à radiculopatia. Apenas raramente ocorrem déficits 
neurológicos graves, como paralisia e incontinência urinária. 
 
Causa: é variável, podendo ser adquirida (mais comum, 
causada por doença degenerativa, traumatismo, cirurgia na 
coluna, distúrbios metabólicos ou endócrinos – lipomatose 
epidural, osteoporose, acromegalia, hipoparatireoidismo – e 
doença de Paget) ou congênita (acondroplasia e idiopática) 
ou uma mistura de ambos. 
Diagnostico: RM proporciona a melhor definição da 
anatomia anormal 
Tratamento: 
a. Conservador: pode consistir em anti-inflamatórios 
não esteroides (AINEs), paracetamol, programas de 
exercícios e tratamento sintomático dos episódios 
de dor aguda 
b. Cirúrgica: é considerada quando o tratamento 
clinico não alivia os sintomas o suficiente e 
geralmente a ECVL acompanhada por claudicação 
neurogênica responde à descompressão cirúrgica 
dos segmentos estenóticos 
Os preditores de desfecho cirúrgico ruim incluem problemas 
para deambular no pré-operatório, depressão, doença 
cardiovascular e escoliose. Até 25% dos pacientes tratados 
cirurgicamente desenvolvem estenose recorrente no 
mesmo nível espinal ou em um nível adjacente dentro de 7 
a 10 anos; os sintomas recorrentes geralmente respondem a 
uma segunda descompressão cirúrgica 
2. Estreitamento de forame intervertebral ou 
recesso lateral 
a. Complexo disco-osteofito 
b. Hipertrofia de faceta ou articulação 
uncovertebral 
c. Protusão discal lateral 
3. Espondilose (osteoartrite) e espondilolistese 
Espondilose/doença osteoartrítica da coluna vertebral → 
doença causada pelo desgaste da coluna vertebral, 
acometendo principalmente as colunas cervical e 
lombossacral. 
Geralmente ocorre em uma época mais tardia da vida e o 
paciente pode queixar-se de dor nas costas que aumenta 
com o movimento e está associada à rigidez e que melhora 
com repouso. Essa dor pode estar presente e ser 
proeminente em pacientes com alterações mínimas nos 
exames de imagem 
Espondilolistese → É o deslizamento anterior do corpo 
vertebral, dos pedículos e das facetas articulares superiores, 
deixando para trás os elementos posteriores que ocorre 
principalmente na L4 sobre L5, ou às vezes, L5 sobre S1. Pode 
estar associada a causas de fraqueza mecânica da pars 
interarticularis (infecção, neoplasia, outras doenças 
degenerativas da coluna, anomalias congênitas) 
O deslizamento pode ser assintomático ou pode causar 
lombalgia e contratura da musculatura posterior da coxa, 
lesão de raiz nervosa (mais frequentemente em L5), 
estenose espinal sintomática ou SCE em casos graves 
 
CERVICALGIA E LOMBALGIA LETÍCIA FAGUNDES 
 
Diagnostico: radiografias simples com o pescoço ou a região 
lombar em flexão e extensão revelam o movimento no 
segmento anormal da coluna 
Tratamento: medidas conservadoras (repouso, fisioterapia) 
sendo a cirurgia indicada quando essas medidas não são 
suficientes para conter a dor ou nos casos em que há 
instabilidade espinal (deslizamento de 5-8 mm) e nos casos 
com déficit neurológico progressivo ou escoliose 
NEOPLASIAS 
Quadro clínico: a coluna torácica é a mais afetada. Essas 
dores costumam ser constante, surda, sem alívio com 
repouso e pior à noite. 
Diagnostico: A RM, a TC e a mielo-TC são os exames de 
escolha nos casos em que se suspeita de metástase 
vertebral. Assim que se detecta uma metástase, a imagem 
de toda a coluna é fundamental, pois revela lesões tumorais 
adicionais em cerca de um terço dos pacientes. 
Um forte preditor de desfecho é a função neurológica basal 
antes do diagnóstico → A maior parte dos pacientes não 
conseguem mais andar no momento do diagnóstico e 
poucos recuperam a capacidade 
INFECÇÃO/INFLAMAÇÃO ESPINAL 
Etiologia: Geralmente é causada por disseminação 
hematogênica de estafilococos, mas outras bactérias ou a 
tuberculose (mal de Pott) podem estar implicadas, sendo a 
fonte primária: pele ou o trato urinário; uso de drogas 
intravenosas, dentição ruim, endocardite, doença pulmonar, 
cateteres intravenosos ou sítios de feridas no pós-operatório 
também podem ser responsáveis. 
Quadro clinico: dor nas costas em repouso, dor à palpação 
da vértebra acometida e elevação da VHS ou proteína C-
reativa. Em uma minoria de pacientes, ocorrem febre ou 
leucocitose. 
Se ocorrer, a extensão posterior da infecção pode produzir 
um abscesso espinal epidural que se apresenta como dor nas 
costas agravada por movimento ou palpação do processo 
espinhoso, febre, radiculopatia ou sinais de compressão da 
medula espinal. O desenvolvimento subagudo de dois ou 
mais desses achados deve aumentar a suspeita de abscesso 
espinal epiduralDiagnostico: A RM e a TC são sensíveis e específicas para a 
detecção precoce de osteomielite. O disco intervertebral 
também pode ser afetado por infecção (discite) e, quase 
nunca, por tumor. 
O abscesso é mais bem delineado por RM da coluna e pode 
se expandir para vários níveis espinais. 
TRAUMATISMO 
Geralmente, a queixa além de dor é incapacidade de mover 
as pernas. E se a fratura for acima de L1, pode ocorrer 
também a compressão da medula espinal. 
A fratura pode ocorrer na ausência de traumas em pacientes 
com osteoporose, uso de glicocorticoides, osteomielite ou 
infiltração neoplásica 
Entorses e distensões cursam com dor que se limita à região 
lombar, sem irradiação para nádegas ou pernas. Já as 
fraturas vertebrais traumáticas comumente se apresentam 
com déficit neurológico, o que indica tratamento cirúrgico 
precoce. 
OUTRAS CAUSAS 
A doença inflamatória autoimune da coluna pode se 
apresentar com início insidioso de dor nas costas, nádegas 
ou pescoço. 
A espondilólise é a causa mais comum de lombalgia 
persistente em adolescentes e com frequência está 
associada a atividades relacionadas com esportes. É um 
defeito ósseo na parte interarticular vertebral, cuja causa em 
geral é uma microfratura por estresse em um segmento 
congenitamente anormal. 
A dorsalgia postural é uma lombalgia crônica inespecífica, 
que se apresenta como dor vaga e difusa nas costas com a 
posição sentada ou em pé prolongada, aliviada pelo 
repouso. 
MANEJO 
LOMBALGIA AGUDA SEM RADICULOPATIA 
Paracetamol e AINEs são opções de primeira linha, mas 
miorrelaxantes também são úteis. 
Os analgésicos opioides são reservados para pacientes 
intolerantes ao paracetamol ou aos AINEs, ou para aqueles 
com dor refratária grave. 
As opções não farmacológicas incluem manipulação espinal, 
exercícios, fisioterapia, massagem, acupuntura, estimulação 
nervosa elétrica percutânea e ultrassonografia. 
LOMBALGIA CRÔNICA SEM RADICULOPATIA: 
As medicações para esse tipo de lombalgia podem incluir 
paracetamol, AINEs e antidepressivos tricíclicos. A 
combinação de exercício aeróbico gradual, exercícios de 
CERVICALGIA E LOMBALGIA LETÍCIA FAGUNDES 
 
força e alongamento se mostrou benéfica. Manipulação 
espinal, acupuntura e massagem são opções. 
A terapia cognitivo-comportamental é importante, visto que 
fatores psicológicos e sociais são importantes na gênese da 
dor. 
LOMBALGIA COM RADICULOPATIA 
Recomenda-se retorno às atividades normais, com alívio da 
dor por meio de paracetamol e AINEs ou, em caso de dor 
grave, analgésicos opioides. Injeções epidurais de 
glicocorticoides são úteis para alívio temporário dos 
sintomas. 
A intervenção cirúrgica está indicada para pacientes com 
fraqueza motora progressiva causada por lesão de raiz 
nervosa. A cirurgia de urgência é recomendada para 
pacientes com síndrome da cauda equina ou com evidências 
de compressão da medula espinal. A cirurgia também é uma 
opção para pacientes com dor radicular incapacitante, 
apesar do tratamento convencional 
DOR NO PERSCOÇO E OMBRO 
Os mesmos fatores de risco para uma causa grave de 
lombalgia se aplicam à dor no pescoço, além de também 
poderem ocorrer sinais neurológicos de mielopatia 
(incontinência, nível sensitivo, pernas espásticas). 
O sinal de Lhermitte, um choque elétrico ao longo da coluna 
com o pescoço em flexão, sugere acometimento da medula 
espinal cervical. 
TRAUMATISMO 
Cerca de 87% das lesões da medula espinhal cervical 
ocorrem devido a acidentes automobilísticos, crimes 
violentos ou quedas e submete a medula espinal ao risco de 
compressão. 
Geralmente, acidentes automobilísticos levam a lesão em 
chicote → rápida flexão e extensão do pescoço, sendo que o 
mecanismo exato da lesão não é conhecido. O diagnostico 
geralmente não precisa de exames de imagem e não deve 
ser feito em pacientes com fratura, herniação de disco, 
traumatismo craniano, achados neurológicos focais ou 
alteração de consciência. 
Até 50% das pessoas que relatam lesão em chicote aguda 
têm dor persistente no pescoço até 1 ano mais tarde, sendo 
que se persistir por mais de 6 semanas após a lesão, deve-se 
realizar exames de imagem da coluna cervical para detectar 
hernias de disco 
Os sintomas graves iniciais têm sido associados a desfecho 
precário em longo prazo. 
 
MANEJO 
A imobilização imediata do pescoço é essencial para evitar 
qualquer lesão adicional da medula espinal em 
consequência do movimento de segmentos instáveis da 
coluna cervical 
A indicação para se obter exames de imagem são: 
1. Paciente com mais de 65 anos de idade 
2. Parestesia de membro 
3. Mecanismo perigoso para a lesão → colisão de 
bicicleta com árvore ou carro estacionado, queda 
de altura > 1 metro ou cinco degraus, acidente de 
mergulho 
Geralmente pacientes alertas sem sensibilidade à palpação 
na linha media, intoxicação, déficits neurológicos ou lesões 
dolorosas preocupantes têm uma baixa probabilidade de 
lesão traumática significativa da coluna cervical 
Essas diretrizes devem ser ajustadas às circunstâncias 
individuais; por exemplo, os pacientes com osteoporose 
avançada, uso de glicocorticoides ou câncer podem 
necessitar de exames de imagem mesmo após trauma leve. 
Os exames que podem ser pedidos são: 
1. TC → é o procedimento diagnóstico de escolha para 
a detecção de fraturas agudas após trauma grave; 
2. Radiografias simples → podem ser usadas para 
graus menores de traumatismo. 
3. RM com angiorresonância → Quando se suspeita 
de lesão traumática das artérias vertebrais ou da 
medula espinal cervical 
SINDROME DO DESFILADEIRO TORACICO (SDT) 
O desfiladeiro torácico contém a primeira costela, a artéria e 
a veia subclávias, o plexo braquial, a clavícula e o ápice 
pulmonar. Uma lesão nessas estruturas pode resultar em 
CERVICALGIA E LOMBALGIA LETÍCIA FAGUNDES 
 
dor no ombro e na região supraclavicular, induzida pela 
postura ou pelo movimento e com as classificações a seguir. 
A SDT pode ser dividida em: 
1. Neurogênica verdadeira 
É um distúrbio incomum que resulta da compressão do 
tronco inferior do plexo braquial ou dos ramos ventrais das 
raízes nervosas C8 ou T1 por uma faixa anormal de tecido 
que conecta um processo transverso alongado em C7 com a 
primeira costela. 
A dor é leve ou pode estar ausente. Os sinais consistem em 
fraqueza dos músculos intrínsecos da mão e sensibilidade 
diminuída na face palmar do quinto dedo. 
Uma radiografia anteroposterior da coluna cervical mostrará 
o processo C7 alongado (um marcador anatômico para a 
faixa cartilaginosa anômala), e a EMG e os ECNs confirmam 
o diagnóstico. 
O tratamento consiste na ressecção cirúrgica da faixa 
anômala. A fraqueza e a emaciação dos músculos intrínsecos 
da mão não melhoram, porém, a cirurgia interrompe a 
progressão insidiosa da fraqueza. 
2. SDT arterial 
Resulta de compressão da artéria subclávia por uma costela 
cervical, que, por sua vez, resulta em dilatação pós-
estenótica da artéria e, em alguns casos, formação 
secundária de trombo. A pressão arterial fica reduzida no 
membro acometido, podendo haver sinais de embolia na 
mão. Não há sinais neurológicos. 
A ultrassonografia pode confirmar o diagnóstico de maneira 
não invasiva. 
O tratamento consiste em trombólise ou anticoagulação 
(com ou sem embolectomia) e excisão cirúrgica da costela 
cervical que comprime a artéria subclávia. 
3. SDT venosa 
Deve-se a trombose da veia subclávia, resultando em edema 
do braço e dor. A veia pode ser comprimida por uma costela 
cervical ou um músculo escaleno anômalo. 
A venografia é o exame de escolha para o diagnóstico. 
4. SDT inespecífica ou disputada 
É responsável por 95% dos pacientes diagnosticados com 
SDT; dor crônica no braço e ombro é proeminente e sem 
causa clara. A ausência de achados sensíveis e específicos ao 
exame físico ou de marcadores laboratoriais paraesse 
distúrbio resulta em incerteza diagnóstica. 
O papel da cirurgia na SDT inespecífica e controversa. 
Depressão maior, sintomas crônicos, lesão relacionada ao 
trabalho e sintomas difusos no braço predizem resultados 
cirúrgicos ruins. O tratamento multidisciplinar da dor é uma 
conduta conservadora, embora o tratamento, com 
frequência, não tenha êxito. 
PLEXO BRAQUIAL E NERVOS 
 A dor em decorrência de lesão do plexo braquial ou de 
nervos periféricos no braço às vezes simula a dor referida 
que provém da coluna cervical, incluindo a radiculopatia 
cervical. 
A infiltração neoplásica do tronco inferior do plexo braquial 
pode provocar dor no ombro ou supraclavicular que se 
irradia pelo braço, dormência dos quarto e quinto dedos da 
mão ou do antebraço medial, bem como fraqueza dos 
músculos intrínsecos da mão inervados pelo tronco inferior 
e cordão medial do plexo braquial. A lesão tardia por 
irradiação pode produzir fraqueza na parte superior do 
braço ou dormência na face lateral do antebraço ou braço 
devido ao envolvimento do tronco superior e cordão lateral 
do plexo. A dor é menos comum e menos intensa do que na 
infiltração neoplásica. Um tumor pulmonar de Pancost é 
outra causa e deve ser considerada, especialmente quando 
há síndrome de Horner concomitante.

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