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FAMÍLIAS SIMULTÂNEAS OU PARALELAS FACULDADE OBJETIVO CURSO DE DIREITO FAMÍLIAS SIMULTÂNEAS OU PARALELAS GOIÂNIA 2023 0 1 CARLA MARTINS DE C. UCHÔA – R.A. 002290013215 DIEGO ROBERTO FARIA DE PAIVA RA 02290013472 GABRIEL MOREIRA BORGES – R.A. 02290013388 GABRIEL SCALON PUREZA – R.A. 02290013422 IVANI FONSECA LIMA – R.A. 02290013559 MICHELLI MELO QUEIROZ MIRANDA - R.A.02290013668 FAMÍLIAS SIMULTÂNEAS OU PARALELAS Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de Direito de Família, curso de Direito da UNICEUG para obtenção de nota na NP2. Prof (a). Elza GOIÂNIA 2023 2 “Toda a doutrina social que visa destruir a família é má, e para mais inaplicável. Quando se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo final não é o indivíduo mas sim a família..”. Victor Hugo 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4 Reconhecimento de união estável "post mortem" ................................................................. 5 1 - ADVOGADO DE MARIA ................................................................................................................ 6 2 – ADVOGADO DE CAROLINA .....................................................................................................11 OS DEVERES MARITAIS, A PARTILHA DE BENS, PENSÃO POR MORTE E QUESTÕES RELACIONADAS AO PROCESSO DE INVENTÁRIO ................................................................12 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................................14 4 INTRODUÇÃO A união estável é um instituto do Direito de Família que reconhece a convivência duradoura, pública e contínua entre duas pessoas, conhecida como uma entidade familiar. No nosso ordenamento jurídico, a união estável é regulamentada pelo Código Civil, nos artigos 1.723 a 1.727. Abaixo, uma fundamentação com base nos principais artigos relacionados à união estável. - Artigo 1.723: Este artigo estabelece que a união estável é reconhecida como entidade familiar quando ocorrer a convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituição de família. Essa definição permite que a união estável seja configurada independentemente de qualquer formalidade ou presunção. - Artigo 1.724: Estabelece que a união estável pode ser provada por diversos meios, como documentos, testemunhas, entre outros. Significa que não é necessário um contrato ou registro formal para comprovar a existência da união estável, a comprovação pode ser feita por meio de indícios e circunstâncias que demonstrem a convivência do casal. - Artigo 1.725: Dispõe que a união estável não se configura quando um dos conviventes estiver casado. Assim, se uma das partes está casada, não pode estabelecer uma união estável com outra pessoa enquanto o casamento não for dissolvido. - Artigo 1.726: Este artigo estabelece que a união estável pode ser convertida em casamento, mediante pedido ao juiz, sendo observado as formalidades legais para a celebração do casamento. Isso significa que, caso o casal opte por formalizar sua união estável em casamento, eles têm o direito de fazê-lo. - Artigo 1.727: estabelece que os direitos e deveres referentes à união estável aplicam-se também às relações homoafetivas. Isso significa que casais do mesmo sexo têm o direito de constituir uma união estável e desfrutar dos mesmos direitos e obrigações conferidos aos casais heterossexuais. Além desses artigos, é importante destacar que existem outras normas e jurisprudências que complementam a união estável, vejamos: - Súmula 382 do STJ: Essa súmula estabelece que "a vida em comum sob o mesmo teto, a mútua assistência, inclusive econômica, e a intenção de constituir família são elementos que caracterizam a união estável". Em outras palavras, essa súmula oferece diretrizes para identificar a configuração da união estável, levando em consideração critérios como a convivência, assistência mútua e intenção de constituir família. - Súmula 588 do STJ: Essa súmula dispõe que "configura união estável a relação não eventual entre o homem e a mulher, impedidos de casar, por motivo de parentesco em linha reta", ou seja, essa súmula reconhece a união estável mesmo nos casos em que há um impedimento legal para o casamento, como é o caso de parentesco em linha reta. 5 - Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) - Reconhecimento da União Homoafetiva: O STF em 2011proferiu uma decisão reconhecendo a união estável entre casais do mesmo sexo. A partir dessa decisão, os casais homoafetivos passaram a ter os mesmos direitos e deveres atribuídos aos casais heterossexuais em união estável, assegurando o mesmo tratamento. - Emenda Constitucional nº 66/2010: Essa emenda alterou o artigo 226, § 6º, da Constituição Federal, eliminando a necessidade de separação judicial prévia de casais para que possam se divorciar e contrair uma nova união estável ou casamento. Com isso, ficou mais ágil o processo de dissolução da união estável ou do casamento para permitir a formação de novas entidades familiares. Reconhecimento de união estável "post mortem" A Constituição Federal, no artigo 226, § 3º, e o Código Civil, no artigo 1.723, reconheceram como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Cabe à parte autora, nos termos do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil, comprovar os fatos constitutivos de seu direito, notadamente a convivência more uxório, a data de início e fim de seu relacionamento, bem como o ânimo de constituir família. Compete ao réu, nos termos do art. 373, inciso II, do Novo Código de Processo Civil, comprovar os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. Demonstrado, de maneira inconteste, que a autora e o falecido possuíam um relacionamento público, estável e que conviveram sob o mesmo teto por vários anos, até o óbito deste, tais elementos são suficientes para caracterizar a existência de união estável”. Sendo assim, o reconhecimento em caso de falecimento do parceiro deve ser realizado pela via judicial, com a ajuda de um profissional para solicitar a entrada do processo, que deve conter a explicação e todo o período de duração da união. Sendo reconhecida a união estável por sentença, o companheiro fará parte do inventário, que é o processo necessário para a transmissão dos bens do falecido para os seus sucessores. Nesse caso seu companheiro(a) terá direito à meação (metade) de todos os bens adquiridos onerosamente durante a união estável, bem como terá direito à herança quanto aos bens particulares por ele deixados – em concorrência com eventuais herdeiros legítimos. 6 1 - ADVOGADO DE MARIA PETIÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZO DA ____ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP. MARIA, brasileira, viúva, trabalhadora do lar, portadora do Registro Geral sob o nº. 000-0 SSP/SP e inscrita no CPF sob o Nº. 000.000.000-00; neste ato representada por seu advogado que esta subscreve, (procuração anexa), com escritório profissional localizado na Rua 205 nº 13 St Coimbra, Goiânia-GO, vêm à presença de Vossa Excelência, com sucedâneo no Art. 1.723 e 1.725 do Código Civil Brasileiro, propor a presente AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM E ANULAÇÃO DE CASAMENTO POSTERIOR POR em face dos herdeiros de JOAO; brasileiro, caminhoneiro, portadora do Registro Geral sob o nº. 000-0 SSP/SP e inscrita no CPF sob o Nº. 000.000.000-00, falecido em 03/04/2017, conformecertidão de óbito anexa. 1. HERDEIROS MARIA, brasileira, viúva, trabalhadora do lar, portadora do Registro Geral sob o nº. 000-0 SSP/SP e inscrita no CPF sob o Nº. 000.000.000-00; e BERNARDO, brasileiro, filho, estudante, portadora do Registro Geral sob o nº. 000-0 SSP/SP e inscrita no CPF sob o Nº. 000.000.000-00. pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: 1. DOS FATOS QUE MOTIVAM O PEDIDO A Requerente e o falecido JOAO conviveram em União Estável por mais de 22 (vinte e dois) anos, sendo referida convivência pública, contínua e duradoura com o intuito de constituir família, reconhecida por parentes e amigos. O casal não formalizou a união antes do falecimento do de cujus. Referida união persistiu até o falecimento de seu companheiro em 03/04/2017. (certidão de óbito anexa). João trabalhava como caminhoneiro autônomo e namorava Maria, que residia em um apartamento alugado na cidade de são Paulo. Ocorre que, a partir de 15/01/1995, o casal decidiu morar juntos. Com o passar do tempo, João fez um financiamento, no banco, para adquirir uma casa própria, o contrato foi firmado em janeiro de 1996. Após dois anos, ele finalmente quitou o financiamento (em 05 de janeiro de 1998). A vida era comum, os gastos divididos, andavam de mãos dadas pela cidade, iam a festas e churrascos dos vizinhos. 7 Maria tinha o desejo de ter um filho em comum com João que resistia a idéia de ser pai, razão pela qual brigaram. Em 31/12/1998 João conheceu Carolina em uma festa e constrangido pelo pai de Carolina se casaram apressadamente em junho de 1999, fato esse ocorreu sem o conhecimento de Maria, e sem terminar seu relacionamento com ela, pois como prova um mês após o casamento ele engravidou Maria com filho que nasceu nove meses depois em 11/04/2000 com nome de Bernardo. O fato de Bernardo ter nascido com problemas de saúde, levou Maria a sair do emprego para se dedicar ao filho, pois ele necessitava de cuidados especiais. 1. DO DIREITO O Código Civil em seu Art. 1.723. assevera que é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.” Ainda, esclarece o legislador no mesmo diploma legal o seguinte: Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Entende-se pela leitura conjugada destes dois artigos que a Requerente possui direitos ao reconhecimento da união estável com o de cujos, uma vez que viveu com o mesmo constituindo família por mais de 22 anos. Elucida, por fim, Roberto Senise Lisboa, em Manual de Direito Civil, vol. 5, 3.ª ed., RT, p. 213, o a seguir aduzido: União Estável é a relação íntima e informal, prolongada no tempo e assemelhada ao vínculo decorrente do casamento civil, entre sujeitos de sexos diversos (conviventes ou companheiros), que não possuem qualquer impedimento matrimonial entre si. A dissolução da união estável ocorre por morte de um dos companheiros, pela vontade das partes de não mais viverem como se casados fossem ou por infringirem um dos deveres estabelecidos no artigo 1.724 do código civil, ou ainda pelo casamento. Neste caso ocorreu a morte do companheiro Sr. JOSE BENEDITO DE SOUSA, em 30/06/2013, conforme certidão de óbito anexa. Sendo assim a dissolução deverá ser homologada judicialmente, na qual requer a este douto juízo a declaração do reconhecimento e a dissolução da união estável. CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DEUNIÃO ESTÁVEL CUMULADA COM PARTILHA DE PATRIMÔNIO. JUNTADA DEDOCUMENTO EM GRAU RECURSAL. POSSIBILIDADE, DESDE QUE OBSERVADO OCONTRADITÓRIO, COMO NA HIPÓTESE. REQUALIFICAÇÃO JURÍDICA DOS FATOS. POSSIBILIDADE. [...]. CONFIGURAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL. PRESENÇA CUMULATIVA DOS REQUISITOS DE CONVIVÊNCIA PÚBLICA, CONTINUIDADE, DURABILIDADE E INTENÇÃO DE ESTABELECER FAMÍLIA A PARTIR DE DETERMINADO LAPSO TEMPORAL [...] 5- Embora a identificação do momento preciso em que se configura a união estável, deve se 8 examinar a presença cumulativa dos requisitos de convivência pública (união não oculta da sociedade), de continuidade (ausência de interrupções), de durabilidade e a presença do objetivo de estabelecer família, nas perspectivas subjetiva (tratamento familiar entre os próprios companheiros) e objetiva (reconhecimento social acerca da existência do ente familiar). 6- Na hipótese, deve ser afastada a data gravada nas alianças docasal - 25/08/2002 - como termo inicial da união estável, eis que ausente o requisito da convivência pública e diante da ausência deprova da específica simbologia representada pelas referidas alianças, como também deve ser afastada a data de nascimento do filho primogênito - 18/06/2004 - como termo inicial da convivência, eis que produzida prova suficiente de que os requisitos configuradores da união estável estavam presentes em momento anterior. 7- Os elementos de prova colhidos nos graus de jurisdição, interpretados à luz das máximas de experiência e da observação do modo pelo qual os fatos normalmente se desenvolvem, somada a existência de coabitação entre as partes desde Fevereiro de 2003, mantida ao tempo da descoberta da gravidez, ocorrida em 24/10/2003, do primeiro filho do casal, permitem estabelecer essa data como o momento temporal em que a união estável havida entre as partes ficou plenamente configurada. 8- A dessemelhança fática entre o acórdão recorrido e os acórdãos tidos como paradigmáticos impede o conhecimento do recurso especial pela divergência jurisprudencial. 9-Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão,parcialmente provido.(STJ – Superior Tribunal de Justiça- REsp 1678437 / RJ-RECURSO ESPECIAL- 2016/0253462-3. Relator (a) Ministra NANCY ANDRIGHI (1118), T3 - TERCEIRA TURMA, Data do Julgamento 21/08/2018, Data da Publicação: DJe 24/08/2018. Esse também é o entendimento da jurisprudência de nossos tribunais, como se observa no julgado do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, a seguir aduzido: APELAÇÃO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE EXISTÊNCIA DE SOCIEDADE DE FATO – UNIÃO ESTÁVEL – COMPROVADA – A união estável se configura pela união entre homem e mulher, baseada na convivência pública, contínua e duradoura, caso dos autos. Apelação conhecida e não provida.” (TJES – AC 011980228289 – 3ª C.Cív. - Rel. Des. Nivaldo Xavier Valinho – J. 21.09.2004). A Constituição Federal em seu artigo 226 reconhece a união estável, dando-lhe todo o abrigo tal qual às uniões legais e devidamente constituídas, sendo hoje pacífico na jurisprudência, conforme entendimento sumulado, Súmula 380 do Supremo Tribunal Federal, que, comprovada a existência de sociedade de fato entre os pares, é cabível a dissolução judicial com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum, temos ainda a Lei nº 8.971/94 que regula o direito dos companheiros à alimentos e até mesmo à sucessão bem como a Lei nº 9.278, de 10.05.1996, que regula o parágrafo terceiro do artigo 226 da Constituição Federal, leis essas que oferecem todo o amparo legal a união estável e aos direitos dos companheiros. Vide abaixo julgado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, como se segue: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. BENS ADQUIRIDOS DURANTE A CONVIVÊNCIA. PARTILHA. POSSIBILIDADE. PRELIMINAR. NULIDADE DA SENTENÇA. REJEITADA. PROVA DOCUMENTAL. VALORAÇÃO. 9 1. O juiz é o condutor do processo, cabendo-lhe a função precípua de valorar as provas apresentadas, até a formação do convencimento lastreador da prolação da sentença. Não padece de nulidade a sentença que aprecia todos os pontos controvertidos trazidos nos autos. 2. Segundo os ditames da lei que regulamenta a união estável, uma vez formada a entidade familiar, surgem os efeitos patrimoniais daí decorrentes, de forma que não é necessáriaa comprovação de contribuição para a construção do patrimônio comum, haja vista a presunção de mútua colaboração dos conviventes, a qual somente pode ser afastada por contrato escrito dispondo ao contrário. A união estável é Regido pelo Direito de Família, do novo Código Civil Brasileiro – Livro IV, artigos 1.511 a 1.783, e Regida pela Lei 9.278/96, de acordo com a constituição de 88 em seu artigo 226, é reconhecida como entidade familiar, não há a obrigação de formalidade. Tendo em vista o reconhecimento por mérito da união estável, iniciada antes do casamento com Carolina e perdurada após o casamento, como o casamento foi descoberto somente após o falecimento, e sendo a união estável equiparada ao casamento para todos os fins, é também considerado para fins de enquadramento como impedimento no art. 1.521 inciso VI do C.C. como sendo impedidos de se casar “as pessoas casadas;”. De acordo com o art. 1.724 do Código Civil/02, as relações pessoais entre os companheiros (regidas pela União Estável) obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos, além de o art. 1.725 prever que na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial bens, ou seja, para o caso em tela, temos que JOÃO ainda vinculado pelo instituto da união estável com MARIA, tem um casamento forçado e arbitrado com Carolina mesmo com todos os indícios de que impedia o casamento e mesmo após o casamento não cessou o vinculo conjugal, fato esse que engravidou Maria, cuidou e manteve Maria e seu filho por toda a vida. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO C/C DIVÓRCIO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DA AUTORA PRELIMINAR EM CONTRARRAZÕES. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL DA RECORRENTE, EM VIRTUDE DO ACOLHIMENTO DO PEDIDO ALTERNATIVO DE DIVÓRCIO. INSUBSISTÊNCIA. PLEITOS INICIAIS QUE SÃO SUBSIDIÁRIOS. ART. 326 DO CPC. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO PRINCIPAL DE ANULAÇÃO DO CASAMENTO. INTERESSE DE RECORRER VERIFICADO. PRELIMINAR AFASTADA. MÉRITO AUTORA BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA. CONDENAÇÃO NOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. PEDIDO DE AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. CONCESSÃO DA BENESSE QUE SUSPENDE A EXIGIBILIDADE DAS VERBAS, NOS TERMOS DO ART. 98, §§ 2º E 3º, DO CPC. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL SOBRE A PESSOA DO CÔNJUGE. NÃO CONFIGURAÇÃO. UNIÃO ESTÁVEL MANTIDA PELO DEMANDADO ANTERIORMENTE AO RELACIONAMENTO DAS PARTES. CIÊNCIA SUPERVENIENTE DA DEMANDANTE. AUSÊNCIA DE PROVAS DE QUE TAL FATO GEROU A INSUPORTABILIDADE DA VIDA EM COMUM. EXISTÊNCIA DE DESENTENDIMENTOS 10 FINANCEIROS. LITIGANTES QUE SE RELACIONARAM POR CURTO PERÍODO. NAMORO DE SOMENTE TRÊS MESES PELA INTERNET, COM UM ÚNICO ENCONTRO. CASAMENTO PREMATURO. RISCO ASSUMIDO PELA APELANTE QUANTO À PESSOA DO CÔNJUGE. REQUISITOS DOS ARTIGOS 1556 e 1557, I, DO CC NÃO PREENCHIDOS. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE ANULAÇÃO MANTIDA. HONORÁRIOS RECURSAIS. CABIMENTO. EXIGIBILIDADE SUSPENSA, DIANTE DO DEFERIMENTO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA À REQUERENTE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 2. DOS BENS O falecido deixou uma casa, três apartamentos e um caminhão novo. 3. DOS PEDIDOS Passando-se dessa maneira, REQUER: a) O total procedência da ação para que seja reconhecida a união estável conforme demonstrado e anulação do casamento contraído com Carolina. b) Seja expedido um mandado de segurança com tutela de urgência para bloquear os bens e possível inventario levantado por Carolina até o final do processo em epigrafe. c) Seja intimado o Ilustre Representante do Ministério Público, para que se manifeste no feito; d) Sejam concedidos os benefícios da Justiça gratuita a parte autora, conforme declaração de hipossuficiência jurídica já devidamente anexa. Protesta provar o alegado, por todos os meios admitidos em direito, rol de testemunhas conforme abaixo, os documentos inclusos, depoimento pessoal e demais que julgar necessários no decorrer do processo. Dá-se a presente o valor de R$: 10.000,00 (dez mil reais) para efeito de alçada. Termos em que, Pede e espera deferimento. São Paulo 00 de mês de 20__. DIEGO ROBERTO FARIA DE PAIVA OAB GO 00.000 11 2 – ADVOGADO DE CAROLINA RECONHECIMENTO OU NÃO DE TAL SITUAÇÃO COMO FAMÍLIA (AS) A pretensão deduzida pela concubina Maria vai contra a literalidade do art. 1.727 do Código Civil, segundo o qual a relação eventual mantida simultaneamente ao casamento constitui concubinato, e não pode ser reconhecida como união estável. Do caso concreto, verifica-se que eram relações não eventuais, que perduraram mais de uma década. A lei já descreve claramente o que significa uma relação não eventual entre um homem e uma mulher impedidos de se casarem, a saber o concubinato. Vide entendimento jurisprudencial: RECURSO ESPECIAL N. 1.754.008 – RJ (2018/0176652-5) 12 Nesse sentido, Carolina tem sua filiação reconhecida com João considerando que se casaram em junho de 1999. Carolina e João mantiveram relacionamento estável na constância do casamento por 17 anos e 10 meses. Ainda, Carolina não tinha conhecimento da existência de Maria e do filho de João Bernardo. OS DEVERES MARITAIS, A PARTILHA DE BENS, PENSÃO POR MORTE E QUESTÕES RELACIONADAS AO PROCESSO DE INVENTÁRIO João tem como deveres maritais em relação a Carolina: O casamento produz várias conseqüências que se projetam no ambiente social, nas relações pessoais e econômicas dos cônjuges, dando origem a direitos e deveres que são disciplinados por normas jurídicas. É possível observar que a partir da análise do artigo 1.724 do Código Civil, “as relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”. Quanto a pensão por morte: De acordo com o artigo 74 da lei 8.213/91, a pensão por morte é devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, quer ele já fosse aposentado ou não. O “conjunto de dependentes” mencionado no artigo 74 está descrito no artigo 16 da mesma lei. Ele é dividido em três classes, da seguinte forma: 1ª Classe Cônjuge Companheiro ou companheira Filho não emancipado menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave Outro detalhe importante é que, para os dependentes da primeira classe, não é necessário provar a dependência econômica com o segurado falecido. Essa dependência é presumida, bastando comprovar o vínculo em si de matrimônio. 13 Recentemente, os tribunais superiores não vêm admitindo reconhecimento de duas uniões estáveis simultâneas, ou o mesmo da união estável e o casamento simultâneo, existindo assim, várias decisões conflitantes acerca do tema. No tema extraordinário 526, de Repercussão Geral, RE 883168, a impossibilidade de concubinato de longa duração gerar efeitos prévio denciários, vejamos: É incompatível com a Constituição Federal, o reconhecimento de direitos previdenciários (pensão por morte) à pessoa que manteve, durante longo período e com aparência familiar, união com outra casada, porquanto o concubinato não se equipara, para fins de proteção estatal, às uniões afetivas resultantes do casamento e da união estável. (STF, 2021) Nesta toar, por unanimidade, decidiu a 3º Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar a REsp 191631/31/MG, “é incabível o reconhecimento da união estável” simultânea ao casamento, assim como a partilha de bens em três partes iguais (traição), mesmo que o início da união seja anterior ao matrimônio” (STJ, 2022). No entendimento, firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, nos autos do Recurso Especial, restou o entendimento firmado, ao dar parcial provimento ao recurso, o Colegiado, entendeu que não há, impedimento ao reconhecimento da união estável no período anterior ao casamento, mas a partir do casamento sim, sendo a união fora do casamento, classificadocomo concubinato impuro. Como não reconhecemos o suposto filho Bernardo, Carolina terá direito na sua integralidade da pensão por morte, ante ao fato desta ser casada com João. Relativo à partilha de Bens Carolina casou-se com João em junho de 1999. João adquiriu um apartamento em janeiro de 1998 anterior ao casamento. Na constância do matrimonio comprou três apartamentos e um caminhão novo. Carolina era responsável pelos cuidados do lar do casal. O casal optou pelo regime de comunhão total de bens. Assim, relativo àabertura de inventário para a partilha de bens, sendo pleiteado para Carolina a totalidade do apartamentode João e dos bens que foram adquiridos pelo casal, com fundamento no artigo 1667 do código civil que dispõe:“O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte”. 14 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-sc/759741413, Visto dia 25/05/2023; https://www.sassoadvocacia.com.br/blog2.php?item=131, Visto dia 25/05/2023; https://www.significados.com.br/casamento-e-uniao- estavel/#:~:text=Qual%20a%20diferen%C3%A7a%20entre%20casamento,casal%20pas se%20a%20morar%20junto. Visto dia 25/05/2023; https://www.camara.leg.br/noticias/727203-projeto-impede-reconhecimento-de-uniao- estavel-diante-de-casamento-ou-outra- uniao/#:~:text=O%20Projeto%20de%20Lei%20309,separada%20de%20fato%20ou%2 0judicialmente. Visto dia 25/05/2023; https://www.jusbrasil.com.br/artigos/posso-casar-com-alguem-que-ja-tem-um-contrato- de-uniao-estavel/335385366#:~:text=civil%20dos%20conviventes.- ,Contrato%20de%20uni%C3%A3o%20est%C3%A1vel%20impede%20casamento%3F, a%20ser%20constitu%C3%ADdo%20no%20casamento. Visto dia 25/05/2023; https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=pedido+de+anula%C3%A7ao+de +casamento, Visto dia 25/05/2023; https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito- facil/edicao-semanal/casamento-invalido; Visto dia 25/05/2023; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm; Visto dia 25/05/2023; https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito- facil/edicao-semanal/casamento-invalido,; https://www.jusbrasil.com.br/artigos/uniao-estavel-anterior-ao-casamento- possibilidade-de-reconhecimento-na-acao-de-divorcio-em- reconvencao/922444248#:~:text=%C3%89%20poss%C3%ADvel%20o%20reconhecim ento%20da,publicidade%20e%20notoriedade%20do%20relacionamento. Visto dia 25/05/2023.
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