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Veja Digital 2836 - 12Abr23

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Publisher: Fabio Carvalho
VICTOR CIVITA 
(1907-1990)
 
Fundada em 1950
ROBERTO CIVITA 
(1936-2013)
 
Diretor de Redação: Mauricio Lima
DIRETORIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO EDITORIAL E AUDIÊNCIA Andrea Abelleira 
DIRETORIA EXECUTIVA DE OPERAÇÕES Guilherme Valente 
DIRETORIA DE MONETIZAÇÃO E RELACIONAMENTO COM CLIENTES Erik Carvalho
VEJA 2 836 (ISSN 0100-7122), ano 56/nº 14. VEJA é uma publicação semanal da Editora Abril. Edições anteriores: 
Venda exclusiva em bancas, pelo preço da última edição em banca mais despesa de remessa. Solicite ao seu jornaleiro. 
VEJA não admite publicidade redacional.
Redatores-Chefes: Fábio Altman, Policarpo Junior e Sérgio Ruiz Luz
Editores Executivos: Daniel Hessel Teich, Monica Weinberg Editor Sênior: Marcelo Marthe Editores: Amauri 
Barnabe Segalla, André Afetian Sollitto, Carlos Eduardo Valim Banhos Henrique, Clarissa Ferreira de Souza e 
Oliveira, José Benedito da Silva, Raquel Angelo Carneiro, Sergio Roberto Vieira Almeida, Tiago Bruno de Faria 
Editores Assistentes: Larissa Vicente Quintino, Ricardo Vasques Helcias, Thomaz de Molina Repórteres: Alessandro 
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Monteiro de Barros, Meire Akemi Kusumoto, Paula Vieira Felix Rodrigues, Ramiro Brites Pereira da Silva, Sérgio 
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Brasília — Chefe: Policarpo Junior Editor Executivo: Daniel Pereira Editor Sênior: Robson Bonin da Silva Editora 
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CARTA AO LEITOR
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“AQUELES que não se lembram do passado estão conde-
nados a repeti-lo.” Popularizada pelo pensador hispano- 
americano George Santayana (1863-1952), a frase acima é 
de uma racionalidade difícil de ser contestada. Entre os 
políticos brasileiros, porém, encontramos uma versão pio-
rada dos desmemoriados citados por Santayana. Há aque-
les que se recordam bem de erros do passado mas, infeliz-
mente, se mostram dispostos a repeti-los. No assunto pri-
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NA CONTRAMÃO O leilão da Vale e algumas capas 
de VEJA sobre privatização: apesar dos benefícios de 
um Estado mais enxuto para o país, a oposição 
ideológica ainda persiste 
vatização, esse é o caso da nova gestão petista. Mesmo an-
tes de assumir o governo, o presidente Lula voltou suas ba-
terias para a já concluída transferência do controle da Ele-
trobras, a qual chamou de “um crime de lesa-pátria”, como 
se, nas mãos do Estado, diversas ilegalidades não tivessem 
sido cometidas contra o Erário (além, é claro, da absoluta 
falta de competência para tocar projetos na área). Em ou-
tra frente, nomes graúdos do governo têm pressionado a 
Petrobras a não repassar ativos já negociados para outras 
empresas. Enfim, um colossal retrocesso. Para piorar, até 
o marco do saneamento corre risco. Defendida por mem-
bros da atual administração, uma revisão do texto pode 
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dar mais tempo para empresas estaduais ou municipais 
manterem sem licitação contratos com prefeituras, algo in-
justificável depois de décadas de fracassos da iniciativa pú-
blica em atingir metas de universalização. 
Ninguém imaginaria que, de volta ao poder, o petismo te-
ria se convertido em ferrenho defensor da iniciativa privada. 
Mas as reservas que os seus políticos mantêm frente a esses 
investimentos — curiosamente, num momento de contas 
públicas bastante fragilizadas — ultrapassam o razoável. A 
insistência em acreditar no Estado como o único capaz de 
ser um grande indutor do crescimento da economia vai con-
tra todas as evidências práticas e teóricas. Como estaria o 
setor de comunicações brasileiro se tivesse seguido, até hoje, 
trajetória similar à do setor de saneamento? No fim dos anos 
90, a Telebras chegava a levar anos para instalar linhas de 
telefonia fixa. Nas mãos da iniciativa privada, a eficiência fi-
nalmente foi alcançada: o Brasil possui hoje 40 milhões de 
linhas de celular a mais do que o seu número de habitantes. 
No setor de mineração, a Vale atualmente paga 45 bilhões 
de reais em impostos anuais e emprega mais de 70 000 pes-
soas. Em 1997, tinha 15 000 funcionários e o faturamento 
era de apenas 3 bilhões de reais. 
Na concepção mais atual de atuação do Estado, ele po-
de ajudar em alguns setores, regulamentando as empresas 
que assumem serviços como a administração de estradas 
ou abastecimento de água, ficando mais livre assim para 
concentrar energia e investimentos em áreas essenciais 
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como saúde e educação. No ideário petista, no entanto, vi-
gora ainda uma certa ojeriza ao modelo. Esse dogmatis-
mo, vale ressaltar, se contrapõe hoje ao esforço de vários 
governadores na direção contrária. Em São Paulo, como 
mostra a reportagem que começa na página 24, Tarcísio 
deFreitas luta no momento para concretizar a privatiza-
ção do Porto de Santos, ainda sob risco de naufragar dian-
te da oposição do presidente. 
Enquanto escala seus ministros para embarreirar proje-
tos como esse e congelar privatizações óbvias e urgentes, 
como a dos Correios, Lula sonha em reviver o PAC. Um es-
tudo recente da consultoria Inter.B mostrou que o progra-
ma prioritário de investimentos das gestões petistas teve 
um impacto direto e indireto de apenas 1,23% do PIB, 
anualmente, entre 2007 e 2014 (bem menos do que se alar-
deava anteriormente). Por último, mas não menos impor-
tante, o Estado grande foi terreno que semeou diversos es-
cândalos de corrupção, servindo de cabide de empregos 
para políticos mais interessados em arrecadar recursos pa-
ra o próprio bolso do que em fazer o Brasil crescer. A ava-
lanche de denúncias, aliás, levou o partido ao ponto mais 
baixo de sua história e à prisão de muitos dos seus correli-
gionários. Portanto, é surpreendente constatar que, depois 
de tudo isso, a atual administração continue disposta a re-
petir os mesmos erros do passado. ƒ
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“JUIZ NÃO É 
VINGADOR”
Corregedor Nacional de Justiça critica 
magistrados que se comportam como paladinos 
e afirma que a democracia foi preservada 
graças à ação enérgica do Judiciário
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ENTREVISTA LUIS FELIPE SALOMÃO
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O CORREGEDOR DO CNJ é uma espécie de xerife encar-
regado de investigar irregularidades praticadas por juízes e 
tribunais. No cargo há sete meses, Luis Felipe Salomão con-
duz atualmente cerca de 2 800 apurações dessa natureza, a 
mais rumorosa delas a que resultou recentemente no afasta-
mento de Marcelo Bretas, magistrado responsável pela Ope-
ração Lava- Jato no Rio de Janeiro. Essa é a parte mais visível 
do trabalho. Há outras menos visíveis, mas não menos im-
portantes, que incluem a busca de soluções para problemas 
como a morosidade de processos e ações de abrangência so-
cial. O órgão vai coordenar, em breve, uma força-tarefa que 
visa a dar cidadania a cerca de três milhões de brasileiros 
que beiram a invisibilidade por não terem sequer o registro 
do próprio nascimento — a maioria é de moradores de rua. 
Juiz do Superior Tribunal de Justiça (STJ) há catorze anos, o 
ministro diz que os magistrados não podem ser responsabili-
zados pela impunidade no Brasil, critica os colegas que se 
comportam como vingadores e afirma que, se não fosse a 
ação enérgica do Judiciário, a democracia brasileira teria sido 
sufocada. A seguir os principais trechos da entrevista.
Por que o cidadão comum tem a sensação de que a impu-
nidade é a regra no país, especialmente quando se trata 
de casos envolvendo poderosos? No Conselho Nacional 
de Justiça temos metas para julgamentos de processos que 
envolvem casos de corrupção. Mas, ao contrário do que 
pensa o senso comum, o juiz não pode ter compromisso 
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“A Lava-Jato se perdeu quando 
os juízes confundiram a função 
deles com atividade política e 
começaram a se expor demais, 
a se acharem paladinos”
com um resultado predeterminado, com a punição de quem 
está sendo acusado. O compromisso de todo e qualquer juiz 
é julgar de forma célere, resguardar o direito de defesa e 
aplicar a lei no caso concreto. O papel do Judiciário não é o 
de ser o paladino no combate à corrupção.
Se existe corrupção e não há corruptos presos, algo está 
errado, certo? Não estou adotando uma postura defensiva, 
mas o sistema criminal no Brasil não é composto só pelo 
juiz. Ele envolve delegado, Ministério Público, estrutura de 
apuração, perícia. Reconheço que nosso sistema criminal 
está longe de ser o ideal, mas a sensação de impunidade que 
recai no colo do Judiciário não é responsabilidade exclusiva 
dele. É preciso investir em sistemas de inteligência, troca de 
informações. Como juiz, estou aqui para analisar as provas 
que me são trazidas. Claro que não sou uma samambaia, 
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mas, sob o risco de perder a isenção que todo magistrado 
deve ter, não posso ser um vingador. Juiz não é vingador.
Mesmo em casos notórios em que políticos confessaram 
seus crimes ou foram apanhados em flagrante, poucos 
acabaram de fato penalizados. Varas específicas para 
julgar casos assim não minimizariam essa distorção? 
Com quase 35 anos de experiência no Judiciário, acho que 
a especialização na área criminal gera deformações. Varas 
especializadas com temas muito midiáticos levam a uma 
exposição que não combina com a atividade de juiz. Muitos 
magistrados acabam misturando a atividade com política, 
se extasiam com reconhecimento, acham que vão resolver 
todos os problemas do Brasil, extrapolam, abandonam a 
ideia de imparcialidade, e vai tudo por água abaixo.
O senhor está se referindo à Operação Lava-Jato? A La-
va-Jato se perdeu quando os juízes confundiram a função 
deles com uma atividade política e começaram a se expor 
demais, se acharem paladinos. Na Corregedoria, por exem-
plo, está sendo apurado no âmbito administrativo o caso do 
magistrado Marcelo Bretas, responsável pela operação no 
Rio. O processo dele está sob sigilo, mas o Plenário do CNJ 
reconheceu que ele ultrapassou a linha não só pela mistura 
da atividade judicial com a política, mas por sua própria 
conduta, incompatível com o que se deve esperar de um 
juiz. Recentemente, recebemos reclamações disciplinares 
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também contra o juiz Edua rdo Appio, o responsável pela 
Lava-Ja to no Paraná. Vamos examinar as condutas dele.
O senador Sergio Moro está nesse rol de magistrados 
que misturaram a magistratura com a política? Sim. Ele é 
um exemplo clássico de utilização da toga com finalidade 
política. Essa suspeição foi reconhecida pelo Supremo. O 
fato de o juiz deixar a magistratura para trabalhar no Exe-
cutivo e depois disputar uma eleição parlamentar, por si só, 
comprova essa mistura. Por isso, defendo o cumprimento 
de uma quarentena para que magistrados possam entrar na 
política após deixarem o cargo de juiz.
A Polícia Federal descobriu um plano para assassinar Mo-
ro. Como o senhor viu a declaração do presidente Lula de 
que isso seria uma armação? Nesse caso específico, a Polí-
cia Federal agiu com muita competência e provou que o tra-
balho com inteligência é a melhor solução para enfrentar o 
crime organizado. Descobrir o plano e agir contra seus auto-
res também foi um sinal de vitalidade da corporação e uma 
demonstração clara da importância de atuar como uma polí-
cia republicana. Foi uma ação policial muito bem-feita.
A maior pena para um juiz pego em irregularidades é a 
aposentadoria compulsória. Ele vai para casa e continua 
recebendo salário, mesmo sem trabalhar. Isso não está 
mais para um prêmio? Há uma percepção errada do que 
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seja a aposentadoria compulsória. Ela não é um prêmio pa-
ra o juiz nem significa a manutenção do salário que ele re-
cebia quando estava no cargo. Com a punição, o magistra-
do perde os vencimentos, mas, como contribuiu para a Pre-
vidência Social, tem direito a receber o que recolheu. Um 
criminoso não perde a aposentadoria do INSS porque co-
meteu um crime. O que qualquer um pagou até o dia da pu-
nição entra no cálculo da aposentadoria. Isso vale para to-
do cidadão, e não só para os magistrados.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de 
Moraes pode ser colocado na categoria de juiz herói ou 
vingador? Como presidente do Tribunal Superior Eleito-
ral, se ele não tivesse tido a firmeza que teve, as eleições tal-
vez nem tivessem acontecido. Eu, na condição de juiz elei-
toral, acompanhei parte do processo instaurado contra o 
ex-presidente Bolsonaro. Criamos precedentes importan-
tes para a democracia, como a tese de que atacar a urna ele-
trônica, o sistema de votação ou o sistema eleitoral gera 
inelegibilidade e cassação. Foi preciso muitacoragem do 
ministro Alexandre e do TSE para poder levar à frente o 
processo eleitoral de 2022. As instituições democráticas e 
o Judiciário deram uma prova muito robusta de que atuam 
efetivamente para o estado democrático de direito.
Juristas questionam muitas dessas decisões. Falam, in-
clusive, em abusos. As decisões do ministro Alexandre de 
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“Se não fosse a independência, 
a autonomia e a firmeza do Judiciário, 
estaríamos numa situação muito pior. 
Não sei exatamente onde, mas 
certamente muito pior”
Moraes foram confirmadas pelo plenário. O papel dele foi 
muito relevante na defesa da democracia. Dele, do Tribunal 
Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal. Se não 
fosse a independência, a autonomia e a firmeza do Judiciá-
rio, estaríamos numa situação muito pior. Não sei exatamen-
te onde, mas certamente muito pior. 
O senhor se alinha com a tese de que a democracia bra-
sileira de fato correu risco? Acho que não é uma tese, são 
fatos concretos que apontam nessa direção. Se não fosse o 
Judiciário independente, a imprensa livre e a reação da so-
ciedade, que percebeu o avanço do sistema autoritário, não 
tenho dúvida de que algo terrível poderia ter acontecido. O 
êxtase dessa marcha foi no dia 8 de janeiro. Cabe agora ao 
TSE analisar a questão da inelegibilidade do ex- presidente 
Bolsonaro, e no campo criminal fatos serão apurados.
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É aceitável que juízes recebam por palestras ou eventos 
patrocinados por empresários que podem no futuro ter 
processos nas mãos desses mesmos magistrados? O juiz 
não pode ser impedido de realizar uma atividade docente. A 
maioria desses eventos é feita por entidades ligadas à magis-
tratura e é realizada para debates relevantes para o funciona-
mento do Poder Judiciário. O que é ruim — e ilegal — é a 
confusão entre o interesse privado e a atividade pública. A 
monetização de palestras, a meu ver, é um problema ético 
que cada juiz avalia do seu ponto de vista. É esperado desse 
magistrado que se declare suspeito se vier a deparar com um 
processo desse contratante. Mas cada caso é um caso.
Qual deve ser o limite de participação de magistrados em 
redes sociais? A lei impede que haja politização e que o 
juiz externe qualquer opinião com conotação política para 
que não se quebre a imparcialidade de sua atuação no jul-
gamento. Isso vale da mesma forma para as redes sociais. 
Em alguns casos com os quais nos deparamos no CNJ, a 
atuação de magistrados nas redes era tão intensa que trans-
bordava para a realização de cursos em que eles ganhavam 
dinheiro. Também encontramos episódios em que o sujeito 
perdia o tempo dele na internet e não cumpria com a obri-
gação de julgar processos. 
O Congresso discute a possibilidade de criar mandatos 
para os juízes do STF e alterar a forma como eles de-
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vem ser escolhidos. O senhor vê necessidade de mu-
danças? O mundo todo vem debatendo o tempo de per-
manência e a melhor forma de escolher um cidadão que 
vai dizer o que é ou não é constitucional. São discussões 
que visam a conferir legitimidade para o indicado a uma 
cadeira de ministro do Supremo. É preciso, porém, anali-
sar cuidadosamente os prós e os contras de cada uma 
dessas propostas. O que não me parece razoável é sim-
plesmente instituir mandatos, alterar a idade de ingresso 
e modificar o próprio funcionamento do sistema sem que 
haja um consenso com o Supremo.
Representatividade é um requisito a ser observado pa-
ra a escolha de futuros ministros do STF? Como requisi-
to constitucional, não. O tema da representatividade está 
muito presente hoje, mas isso não pode tolher a escolha 
do presidente da República. O critério constitucional só 
estabelece que o indicado tem de ter o mínimo de 35 anos, 
notório saber jurídico e reputação ilibada. A representati-
vidade até pode ser um elemento a ser considerado, mas 
não pode ser vinculativo.
Quem diz isso é o juiz do STJ ou o candidato a ministro do 
Supremo? O presidente da República detém legitimidade e 
competência para fazer as melhores indicações para o Su-
premo Tribunal Federal, que depois terão seus nomes sa-
batinados no Senado da República. ƒ
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IMAGEM DA SEMANA
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PATRICK RODRIGUES/NSC TOTAL/AFP
UMA ONDA DE BARBARIDADE
NOTÍCIAS sobre massacres em escolas sempre foram 
tristemente comuns em outros países, principalmente nos 
Estados Unidos, palco de episódios como o de Columbine, 
em 1999, quando a ação de dois jovens atiradores deixou 
quinze mortos. Nos últimos anos, infelizmente, esse tipo 
de brutalidade se tornou frequente no Brasil. O caso 
mais recente foi registrado na quarta-feira 5, quando 
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um criminoso de 25 anos invadiu uma creche em 
Blumenau (SC), matou quatro crianças com idade 
entre 4 e 7 anos e feriu mais cinco. A chacina veio dez 
dias após um aluno de 13 anos matar uma professora e ferir 
quatro pessoas em uma escola de São Paulo. A escalada é 
preocupante. Levantamento do Monitor do Debate Político 
no Meio Digital da USP identificou 22 ataques em escolas 
brasileiras desde 2002 — onze deles desde o ano passado. 
O “efeito contágio”, como dizem especialistas, deveria 
mobilizar as autoridades. Boa parte dos atentados é 
planejada e incentivada em comunidades no submundo da 
internet, onde assassinos como os de Columbine são 
tratados como heróis. A arma usada em Blumenau, uma 
machadinha, não é coincidência. Desde que foi empunhada 
no massacre de Suzano (SP), em 2019, que teve dez mortos, 
ela apareceu em cinco ocorrências em escolas de quatro 
estados. O alerta está dado. É preciso, no mínimo, criar 
mecanismos para proteger o ambiente escolar e frear a 
cultura à violência que se espalha nos meios digitais. Essas 
iniciativas não apagam a dor no coração das famílias das 
vítimas, mas podem evitar novas tragédias. ƒ
Victoria Bechara 
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CONVERSA TIAGO IORC
“FUI ALÉM DA 
MINHA ENERGIA”
Após longo período de reclusão, o cantor gaúcho de 37 
anos fala da volta à ativa com novo disco e turnê — e 
analisa a masculinidade tóxica, a pressão por hits e a 
onipresença de seu pop “fofinho” 
OLHAR SENSÍVEL O compositor de Amei Te Ver: 
“A música não vem da razão”
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Qual foi a razão de seu autoisolamento a partir de 2018 — 
reclusão prolongada pela pandemia? Minha vida mudou 
desde o sucesso das músicas Amei Te Ver e Coisa Linda. Acon-
teceram muitas coisas que demandavam tempo, e senti que fui 
além da minha energia. Sabe quando você come um prato de 
que gosta até enjoar? Foi isso. Eu estava em desequilíbrio e não 
acordava com vontade de fazer shows, algo que eu amo. 
A distância dos palcos não o incomodou? Nas primeiras se-
manas após me afastar, eu me arrependi. Ainda estava a 100 
quilômetros por hora. Mas depois senti uma felicidade tremen-
da, e entrei em um ritmo de pequenos prazeres. Voltei a jogar 
futebol, a ver os amigos, fazer coisas que eu não fazia. Essa vida 
mais cotidiana restaurou minha saúde mental e vitalidade. Foi 
a partir daí que eu peguei o violão e voltei a compor. 
Você lançou recentemente o álbum Daramô, e vai fazer 
uma turnê por 22 cidades brasileiras. Como se sente ao vol-
tar, enfim, para a estrada? Fiz recentemente shows na Euro-
pa, como um aquecimento para a turnê. Eu não fazia ideia do 
quanto estava com saudade dos palcos. Não faço shows no Bra-
sil há quase quatro anos. Sempre gostei de ver minha vida como 
capítulos. Este é o capítulo do Daramô, composto em parceria 
com minha mulher, Duda Rodrigues. 
Após a explosão do hit Amei Te Ver, sente pressão para atin-
gir feito semelhante? Não acho que terei o mesmo resultado 
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se repetir a fórmula. Percebi que tudo o que diz respeito ao meu 
trabalho está fora do meu controle. A música não vem da razão, 
ela vem do sentimento e tomaseu próprio caminho. É uma 
questão de sensibilidade. 
Quando você abordou numa letra a masculinidade tóxica 
e sua relação com ela, muitos zombaram e fizeram me-
mes. Qual foi sua intenção ao criar a música que se cha-
ma, justamente, Masculinidade? A beleza da arte é fazer 
com que as pessoas olhem para si. Essa música partiu de ques-
tionamentos meus, de trocas e conversas com amigos ao com-
preender que existia uma dor ali. Esse era um tema pendente 
para falar, inclusive com meus familiares, meu pai e meu ir-
mão. Achei bonito como brotaram muitos pontos de vista a 
partir dela. O diálogo nos torna mais próximos — do contrá-
rio, viveremos de extremismos. 
Acredita que o pop fofinho que você faz inspirou outros ar-
tistas, como Melim e Anavitória? Imagino que sim. Fura-
mos uma bolha na qual predominavam o sertanejo e outros gê-
neros mais populares. Sinto que iniciamos um resgate da músi-
ca pop e da MPB. Acho ótimo ver que basta uma faísca para 
gerar outras tantas. Fiquei muito feliz. ƒ
Felipe Branco Cruz
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DATAS
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Em 1983, quando contra-
cenou com David Bowie em 
Furyo — Em Nome da Honra 
e assinou a trilha sonora do 
filme dirigido por Nagisa 
Oshima, o músico japonês 
Ryuichi Sakamoto já era 
bastante conhecido em sua 
terra natal. À frente do pionei-
ro grupo Yellow Magic Or-
chestra, formado em 1978, ele 
havia estabelecido as bases da 
música eletrônica que domi-
naria as rádios ao longo dos anos 1980. O filme, no entanto, 
abriu portas para o sucesso internacional. Suas habilidades co-
mo compositor de trilhas foram requisitadas em Hollywood, e 
ele acabaria assinando produções como O Último Imperador, 
de 1987, e O Regresso, de 2015. Recebeu um Oscar, um Bafta, 
um Grammy e dois Globos de Ouro por seu trabalho. Fã de 
bossa nova, explorou o gênero em trabalhos solo. Sakamoto 
morreu em 28 de março, aos 71 anos, em decorrência de um 
câncer, mas o anúncio só foi feito em 2 de abril.
O MESTRE 
DAS TRILHAS
VISIONÁRIO O músico 
Ryuichi Sakamoto: trabalho em 
múltiplos gêneros musicais
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PIONEIRA DAS TELAS
A televisão ainda era um veículo de comunicação pou-
co conhecido quando Léa Camargo, egressa da Escola 
de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, mos-
trou desenvoltura diante das câmeras. Participou das pri-
meiras adaptações de teatro para o novo formato televisi-
vo, na TV Tupi, ainda nos anos 1950, e foi pioneira da te-
ledramaturgia brasileira, participando de produções ini-
ciais na também extinta TV Excelsior. De volta à Tupi, 
no final da década de 70, estrelou papéis importantes em 
novelas como Mulheres de Areia, de 1973, e a primeira 
versão de O Profeta, 
de 1977. Fez comer-
ciais, apresentou pro-
gramas de TV e parti-
cipou de alguns filmes 
menores. Seus últimos 
trabalhos foram na 
TV Globo, na década 
de 90, como Despedi-
da de Solteiro, veicula-
da em 1992, e Era 
uma Vez , de 1998. 
Morreu em 1º de abril, 
de causa não divulga-
da, poucos dias após 
completar 90 anos.
LONGA CARREIRA 
A atriz Léa Camargo: papéis em 
novelas clássicas
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OUVIDO 
ATENTO 
Seymour Stein: 
ele “descobriu” 
Madonna
O CAÇADOR DE TALENTOS
Seymour Stein estava em uma cama de hospital, 
em 1982, quando conheceu uma jovem e promissora 
cantora: Madonna. O executivo 
da indústria musical ficou en-
cantado e decidiu contratá-la 
para sua gravadora, Sire Re-
cords (atualmente parte da 
Warner). Com faro para 
identificar talentos, Stein as-
sinou com grupos lendários co-
mo Ramones, Talking 
Heads, Depeche Mo-
de e The Smiths. 
Morreu em 2 de 
abril, aos 80 anos, 
em decorrência 
de um câncer. ƒ
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O ESTADO 
E A VERDADE
O ESTADO brasileiro anda obcecado pela “verdade”. Leio 
que o governo criou uma procuradoria para combater a 
“desinformação”. O país viveria uma “ruína moral” e seria 
preciso combater a “praga” das fake news. O mesmo que 
faz o novo portal ao estilo fact-checking, no qual o governo 
diz o que é ou não verdadeiro sobre o próprio governo. O 
fenômeno não se dá apenas no Executivo. Ainda na campa-
nha, o ministro Fachin filosofou que estamos metidos em 
uma imensa “desordem informacional”, o que justificaria a 
ação reguladora do Estado. É o que tem ocorrido. Por estas 
semanas, o Supremo recriou a norma constitucional, que-
brando a imunidade de um deputado federal, porque, entre 
outras razões, ele teria veiculado “fatos sabidamente fal-
sos”, nas redes sociais, em um bate-boca sobre o projeto de 
uma colega deputada. Tudo com direito a uma frase sínte-
se: “Liberdade de expressão não é liberdade de propagação 
de discursos mentirosos”. Isso é tudo muito curioso. Houve 
tempo em que havia certo consenso de que não cabia ao Es-
tado se envolver nessas coisas. Ainda em 2019, o vice-pro-
FERNANDO SCHÜLER
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curador-geral eleitoral Humberto de Medeiros dizia que 
não cabia ao Estado “ser o dono da verdade” e “tutelar so-
bre aquilo que é fato”. E que, se tentasse, iria agir como um 
herói truculento, que “resolve um problema criando vários 
outros”. Agora as coisas mudaram.
Por óbvio, não estamos falando de uma decisão técnica, 
no curso do devido processo, sobre a verdade de uma prova 
ou alegação específica. O problema é a presunção da verda-
de sobre fatos e opiniões, no debate geral da sociedade. 
Quem teria a prerrogativa de definir essas coisas? Alguns 
dizem que Sebastian Castellion, um sábio francês do século 
XVI, foi o primeiro a se fazer essa pergunta, sugerindo que 
“somos todos hereges aos olhos de quem diverge de nós”. A 
pergunta agora parece renascer. Dias atrás, li a proposta do 
governo para a “lei das fake news”, que tramita no Congres-
so. A lei usa quinze vezes a palavra “desinformação”, cria 
uma Comissão e um código regulando o que pode ou não 
ser dito. Achei curioso o veto ao impulsionamento de con-
teúdos negando “fatos históricos violentos bem documenta-
dos, com o objetivo de minimizá-los”. Quem sabe um semi-
nário sobre a Revolução Russa? Ou nossa Revolução Far-
roupilha? Fiquei no ar. O problema parece generalizado. No 
último pleito, a Justiça Eleitoral literalmente editou o debate 
eleitoral, como nunca havia acontecido no país, e mesmo 
agora uma lei proposta pelo presidente do Senado deseja in-
cluir as fake news no rol dos crimes de responsabilidade, 
passíveis de levar um presidente ao impeachment. 
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DIVERSIDADE Tocqueville: a saída não reside no controle 
da informação, mas na abundância de opiniões
PICTURES FROM HISTORY/GETTY IMAGES
O argumento pró-censura é sempre muito parecido. Gira 
em torno de temas como a “disseminação de notícias falsas”, 
“ameaças à democracia”, “discursos de ódio”. Quanto mais 
abertos os conceitos, mas discricionariedade nas mãos de 
quem tem poder. Se você questionar, surge a falácia do espan-
talho: “Então pode propaganda nazista? Pode mentir à vonta-
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de?”. Estes dias me aplicaram esta, em um debate, e imediata-
mente me lembrei do caso Hunter Biden. À época, o Twitter e 
o Facebook esconderam a notícia sobre os e-mails compro-
metedores para a imagem de Joe Biden, então concorrendo à 
Presidência, referentes a negócios nebulosos do filho dele na 
Ucrânia e na China quando o pai era vice-presidente de Ba-
rack Obama. Os eleitores foram privados de ter acesso a uma 
informação que poderia ter afetado sua decisão, porque os do-
nos de algumas redes acharam que a informação deveria ser 
censurada. Fica claro qual é o problema? 
Durante a campanha eleitoral, nossa Justiça Eleitoral proi-
biu os jornais de associarem Lula ao ditador Daniel Ortega. 
Agora, no início de março, o governo Lula se recusou a assi-
nar uma nota conjunta de 55 países, na ONU, incluindo Esta-
dos Unidos e grandes democracias europeias, condenando as 
infrações a direitoshumanos na Nicarágua. Teria sido impor-
tante que os eleitores tivessem acesso àquela crítica? Ela era 
dura demais? Cabia ao Estado bloquear aquela opinião? 
É evidente que deve haver limites. Cometimento de 
crimes bem tipificados, como a pedofilia e a injúria ra-
“Querem incluir as fake news 
no rol de crimes passíveis 
de impeachment”
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cial, são exemplos claros no Brasil. Ou tudo que envolva 
o que os americanos tipificam como “fighting words”, 
que funcionam como convocações diretas à violência. Is-
so nada tem a ver com um cidadão dizer “prefiro uma di-
tadura à vitória do candidato A ou B”, em um grupo pri-
vado, ou uma crítica, ácida que seja, a nosso sistema elei-
toral. O ministro Alexandre de Moraes disse em um se-
minário que “é uma narrativa ridícula” dizer que se está 
tentando limitar a liberdade de expressão. Com o respei-
to devido ao ministro, censurar previamente um filme ou 
alguém por dizer que prefere viver uma ditadura ou criti-
car as urnas eletrônicas (os exemplos poderiam ir longe) 
é, sim, constranger a liberdade de expressão. A não ser 
que aceitemos a tese da tutela estatal sobre a verdade. Há 
muita gente que acredita nisso, em geral quando os cen-
surados são os “outros”, um pouco como os hereges, na 
boa lição de Castellion. O ponto é que delegar ao Estado 
o direito de arbitrar sobre a verdade é trair uma das gran-
des promessas modernas, do poder político como funda-
mentalmente apartado da consciência individual. Esta-
dos totalitários recriaram essa ideia, com as consequên-
cias sabidas. Não vivemos em um Estado totalitário no 
Brasil. Apenas vamos aceitando, na miséria da guerra 
política, um iliberalismo a conta-gotas, feito de urgências 
políticas e visões plásticas de quem detém o poder. 
Algo que me intriga é a ideia comum de que o surgimento 
da internet tornou obsoletas as grandes lições modernas so-
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bre a liberdade de expressão. É irônico observar como se pen-
sou assim a cada nova revolução nas tecnologias da informa-
ção. De fato, há riscos. O rádio, a TV e o cinema foram usados 
para a guerra e a dominação, tanto quanto para a liberdade. 
Nossa atual revolução tecnológica parece fatal por ter ofereci-
do um desmedido aos indivíduos. Acentuou a dispersão de 
ideias e valores em um mundo cuja marca de nascença é a 
própria diversidade. Me lembra a imagem de John Milton, em 
sua Areopagítica, sobre Osíris, o deus egípcio esquartejado e 
lançado às águas do Nilo. “Tomaram a virgem verdade, cor-
taram suas belas formas em mil pedaços e a jogaram aos ven-
tos.” Apenas no juízo final, dizia ele, isso tudo será refeito. Até 
lá, nosso destino é a incerteza. 
De um jeito mais pragmático, foi a mesma intuição do jo-
vem Alexis de Tocqueville, em sua icônica viagem à América, 
em 1830. Ele se impressionou com a abundância de jornais 
circulando na jovem república. Era aquela diversidade de vo-
zes que impedia “a formação dessas grandes correntes de opi-
nião que derrubam tudo à frente”. Seu ponto é sutil: a saída 
não reside no controle, mas na abundância. Na multiplicidade 
de vozes que se opõem, nos enfurecem, mas que ao longo do 
percurso regulam-se mutualmente. E mais importante: nos 
ensinam a viver em meio ao ruído, ao risco dado pelo avanço 
implacável da tecnologia, que não podemos deter. ƒ 
ƒ Os textos dos colunistas não refletem 
necessariamente as opiniões de VEJA
Fernando Schüler é cientista político e professor do Insper
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SOBEDESCE
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NASA 
A agência espacial americana 
vai levar a primeira mulher e 
o primeiro negro à Lua dentro 
da nave Orion na missão 
Artemis II, prevista para 2024. 
VICKY SAFRA 
A viúva do banqueiro Joseph Safra e 
seus familiares encabeçam a lista da 
Forbes de maiores fortunas 
brasileiras, com patrimônio estimado 
em 16,7 bilhões de dólares.
RAFAELA SILVA 
Número 3 do mundo, a judoca carioca 
conquistou medalha 
de ouro na categoria 57 quilos 
feminino no Grand Slam 
de Antália, na Turquia. 
SOBE
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CAMILO SANTANA 
O ministro da Educação congelou o 
cronograma em curso de 
implementação do Novo Ensino 
Médio, bagunçando a vida dos 
estudantes e das escolas. 
PRISÃO ESPECIAL 
O STF derrubou o direito a cela 
diferenciada para pessoas com 
diploma universitário, pondo fim à 
regra surgida na época do Estado 
Novo, de Getúlio Vargas.
WALLACE 
O jogador de vôlei, ouro pela seleção 
na Olimpíada de 2016, recebeu 
punição de noventa dias por fazer 
uma postagem incitando violência 
contra o presidente Lula.
DESCE
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VEJA ESSA
RICK BOWMER/POOL/AFP
“Desejo tudo de bom.”
GWYNETH PALTROW, atriz, ao pé 
do ouvido do oftalmologista Terry Anderson, 
que a acusara de ter provocado um acidente 
de esqui em 2016. Ela foi absolvida 
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“Ainda estou vivo.”
PAPA FRANCISCO, ao deixar o hospital em Roma, depois de 
tratar uma infecção pulmonar
“Em sinal de novos tempos, Exército avisa 
que vai punir quem comemorar golpe de 64. 
Ignorar a data entre os militares da ativa 
é 1º passo pra que daqui a alguns anos não 
tenhamos que assistir o Clube Militar, onde 
estão os da reserva, fazendo almoço pró-
golpe. #DitaduraNuncaMais.” 
GLEISI HOFFMANN, presidente do PT, 
em 31 de março, em suas redes sociais
“O BC tem feito sua parte.”
HENRIQUE MEIRELLES, presidente do Banco Central nos 
tempos de Lula 1 e Lula 2
“O diabo mora nos detalhes.”
FABIO GIAMBIAGI, economista e pesquisador 
da FGV, a respeito do novo arcabouço fiscal 
apresentado pelo ministro Fernando Haddad 
“Mas nem sequer resolvemos os problemas do 
século XVIII, as grandes contradições, a pobreza 
generalizada, a desigualdade, a exploração.”
RAFAEL CORREA, ex-presidente do Equador, 
ao criticar o apego da esquerda às pautas identitárias
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“Você nunca sabe qual 
porcaria vai acontecer com você. 
Estou velho, cara. O meu corpo dói.”
ADAM SANDLER, de 56 anos, depois de fazer uma cirurgia de 
quadril. O ator estreou a comédia Mistério em Paris, na Netflix
“A educação alimentar é um presente que a 
gente pode dar para as nossas crianças, e é 
sempre muito mais fácil a gente educar do que 
ter que reeducar.A gente vê muitos adultos 
hoje reclamando dos seus hábitos alimentares 
porque não tiveram isso”. 
BELA GIL, culinarista e apresentadora, no 
programa Boas Práticas Escolares, da TV Cultura
“Não devemos dar atenção para essas 
pessoas cheias de ódio. 
Mas eu gostaria de reconhecer 
o que o governo do Brasil fez. 
É impressionante que tenham 
responsabilizado alguém e mostrado 
às pessoas que isso não é tolerado. 
Racismo e homofobia não são 
aceitáveis, não há lugar para isso 
em nossa sociedade.” 
LEWIS HAMILTON, piloto de Fórmula 1, 
a respeito da condenação de Nelson Piquet, que fez 
comentários inadmissíveis a respeito do britânico
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“Ver filmes era meu 
prazer, mais do que 
o esporte, mais do 
que a música.”
QUENTIN TARANTINO, 
diretor de cinema
“Há toda uma 
geração de pessoas, 
crianças, que agora 
estão voltando 
aos episódios 
de Friends e os 
consideram 
ofensivos.”
JENNIFER ANISTON, a 
Rachel do celebrado sitcom 
dos anos 1990 e 2000
“Meus apelidos na escola eram 
completamente diferentes dos 
de uma amiga de pele clara. Não 
que fosse mais fácil para ela. 
Mas as pessoas têm um entendimento 
raso sobre o que é ser negro.” 
IZA, cantora
INSTAGRAM @IZA
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RADAR
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ROBSON BONIN 
Com reportagem de Gustavo Maia, 
Lucas Vettorazzo e Ramiro Brites
REPETECO Michel Temer, em 2017: slogan dos 100 dias 
de Lula já foi usado antes
MARCOS CORRÊA/PALÁCIO DO PLANALTO
Eterno retorno 
Michel Temer achou graça 
na escolha do slogan dos 
100 dias do governo Lula. 
A frase “O Brasil voltou” foi 
a marca de sua gestão em 
2017. “Falei em Davos e foi 
um sucesso”, relembra.
Terror no campo
EnquantoLula pena para 
conquistar o apoio dos ru-
ralistas no Congresso, o 
avanço de acampamentos 
do MST nos arredores de 
fazendas de São Paulo tem 
provocado uma corrida de 
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produtores à Justiça paulis-
ta. Só em março, foram 
quinze ações denunciando 
líderes do MST por amea-
ças no campo.
Não vai acabar bem
Os produtores pedem à 
Justiça garantias de posse 
e multa diária aos invaso-
res do MST. E alertam: há 
risco real de confronto e 
até de mortes nessas áreas 
de conflito. Em algumas 
cidades, os fazendeiros se 
organizam em grupos de 
WhatsApp para enfrentar 
o MST. 
Arquivado 
A PGR descartou recente-
mente investigar Lula por 
desperdício de dinheiro pú-
blico ao ter optado por mo-
rar num hotel de Brasília 
durantes as primeiras se-
manas de mandato.
Todo o cuidado é pouco 
Lula informou à PGR que só 
usou o hotel porque era pre-
ciso realizar obras para “au-
mentar o nível de seguran-
ça” no Palácio da Alvorada. 
Menos um tormento 
Pelo menos uma coisa me-
lhorou para Lula nesses três 
meses de governo. Segundo 
Flávio Dino, as ameaças de 
morte contra o petista, mar-
cantes na campanha, aca-
baram. Ótima notícia. 
Cruel, mas dentro da lei 
A PGR arquivou uma ação 
movida por servidoras ges-
tantes ou que foram exone-
radas pelo governo Lula du-
rante a licença-maternidade. 
Pagamos tudo
O governo petista alega que 
o fato de a servidora estar 
grávida ou em licença não 
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garante estabilidade em 
cargo comissionado. Diz 
ainda que todos os direitos 
delas foram pagos.
Nada como o silêncio 
Jair Bolsonaro foi aconse-
lhado a ignorar as provoca-
ções de Gleisi Hoff mann. A 
leitura é de que ela busca 
status de presidenciável ao 
provocá-lo.
Na estrada 
A partir de maio, o PL vai 
virar uma espécie de agên-
cia de viagens. Bolsonaro 
visitará dois estados por 
mês. Michelle e Braga Net-
to também terão roteiros 
independentes pelo país.
Caravana paulista
Se depender de Valdemar 
Costa Neto, as primeiras 
viagens de Bolsonaro serão 
para o interior de São Paulo.
Coisa de maluco
O aloprado bolsonarista 
que postou no Facebook 
uma foto de Lula perfura-
do a bala escapou de ser 
investigado. Apesar do 
“mau gosto”, a postagem 
não configurou crime, diz 
a PGR.
O amor vem primeiro 
Bastante sincero nessa vol-
ta dos EUA, Bolsonaro dis-
se a um aliado que não quer 
que a aventura política de 
Michelle nas urnas prejudi-
que seu casamento.
Adversário ideal 
Outro dia, ao cruzar com 
Ricardo Salles na Câmara, 
Guilherme Boulos deu um 
tapinha nos ombros do 
“colega”: “E aí, prefeito?”. 
Os dois buscam a polariza-
ção para disputar a prefei-
tura de SP.
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 Sonho meu 
Na China, Lula vai assinar 
pelo menos quatro acordos 
aguardados pelo agro. Car-
los Fávaro, da Agricultura, 
está otimista. “Tratativas que 
há muito a gente sonhava de-
vem se concretizar”, diz.
 Tomara que dê certo 
Depois do sucesso do lan-
çamento de sua biografia — 
foram mais de 1 000 autó-
grafos numa noite —, João 
Doria foi até a casa de FHC le-
var um exemplar autogra-
fado do livro. O ex-presi-
dente assina o prefácio da 
obra. Entre memórias e 
avaliações do momento, FH 
disse a Doria que está “mo-
deradamente otimista” com 
o governo Lula.
Ele não vai 
Apesar de Lula ter dito a 
Rodrigo Pacheco que iria ao 
Senado debater com Rober-
to Campos Neto, Fernando 
Haddad descarta a partici-
pação do chefe.
 Follow the money 
Uma grande banca de São 
Paulo está reunindo ricaços 
que perderam dinheiro no 
FPB Bank de Nelson Pinhei-
ro, no Panamá, para acioná-
-lo na Justiça. Uma briga de 
100 milhões de dólares.
SARAU Doria e FH: viagem 
pelas páginas da biografia do 
ex-governador
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Eles sabiam 
Recentemente, Pinheiro 
prestou depoimento na PF. 
Disse que foi diagnosticado 
com Alzheimer e que os 
clientes que fizeram inves-
timentos no banco tinham 
ciência dos riscos. 
Briga de gente grande 
Uma grande rede de fast 
food se prepara para decla-
rar guerra à Coca-Cola no 
Cade. A ação está no forno.
Aqui, tudo certo 
O TCU descartou crime de 
Bolsonaro no caso dos ca-
minhões e tratores distri-
buídos pela Codevasf a pre-
feituras do Nordeste no pe-
ríodo pré-eleitoral. 
O lado doce do poder
A Câmara já bancou neste 
ano viagens oficiais de 32 
deputados. Foram 650 000 
reais em visitas a destinos 
como NY, Barcelona, Lis-
boa, Dubai...
O jogo não para 
Pablo Nobel, o marquetei-
ro de Tarcísio em SP, acaba 
de abrir a PLTK, agência 
de marketing político per-
manente. “Uma campanha 
começa logo que a outra 
acaba. O político não pode 
abandonar o eleitor por 
quatro anos”, diz.
A coisa esfriou 
A chance de Joe Biden vir 
ao Brasil no segundo se-
mestre ainda existe, mas, 
segundo uma fonte da em-
baixada dos EUA, é cada 
vez mais “improvável”. 
Tá liberado 
A embaixada, aliás, voltou 
a autorizar nesta semana a 
viagem de funcionários ao 
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Rio Grande do Norte. O ve-
to foi imposto por causa dos 
ataques de facções crimino-
sas no estado. 
Uma boa causa 
Nesta passagem pelo Brasil, 
Chris Martin, vocalista do 
Coldplay, chamou Helder 
Barbalho para uma conver-
sa política depois do show 
no Rio. A convite de Martin, 
o governador do Pará irá a 
NY no fim do mês participar 
da cúpula do Global Citizen, 
iniciativa de combate à crise 
climática e contra o avanço 
da pobreza no mundo. ƒ
ATIVISTA Chris Martin: show e conversas com políticos 
brasileiros sobre a crise climática mundial
FRANCISCO GUASCO/EFE
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NO CAMINHO CERTO
Enquanto a gestão Lula briga contra 
as privatizações, governos estaduais 
aceleram planos de desestatização, com 
geração de recursos e de eficiência
SÉRGIO QUINTELLA
GESTÃOBRASIL
COMEMORAÇÃO Zema: concessão 
bilionária para o metrô em Belo Horizonte 
CAUÃ DINIZ/B3/DIVULGAÇÃO
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esde a campanha do ano passado, Luiz Inácio Lula 
da Silva vem batendo na tecla o plano de reverter a 
privatização da Eletrobras, cujo processo, legítimo, 
foi encerrado há mais de um ano. Esse episódio 
não teria maiores consequências se ficasse apenas 
como mais uma de suas bravatas. O problema é 
que o petista parece ter transformado o negócio em uma ob-
sessão, usando argumentos risíveis para justificar esse em-
penho e, em última instância, gastando energia à toa, dada a 
NOS TRILHOS Tarcísio de Freitas: 
dezesseis projetos na fila em São Paulo 
ROGÉRIO CASSIMIRO/GOVERNO DO ESTADO DE SP
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alta improbabilidade de se voltar atrás nesse assunto. Após 
reassumir o poder e citando termos como “lesa-pátria” e 
“não vai ficar por isso”, Lula escalou a Advocacia-Geral da 
União (AGU) e até estruturas menores da administração fe-
deral (caso da Secretaria do Consumidor) para tentar melar 
na Justiça e no Tribunal de Contas da União a exitosa opera-
ção, responsável por atrair 33,7 bilhões de reais em investi-
mentos para o país. Enquanto tenta levar adiante essa im-
Algumas das principais 
estatais na mira dos 
governadores
ATIVIDADE
LUCRO LÍQUIDO
EM 2022
ALCANCE
SITUAÇÃO
Empresa de água e 
saneamento básico
Fornece água para
28,4 milhões de pessoas
3,1 bilhões de reais
12 000NÚMERO DE
FUNCIONÁRIOS
Privatização em estudo
AS JOIAS DA COROA
(SP)
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provável empreitada (falta combinar com o Congresso e o 
próprio TCU, que avalizaram a iniciativa), o presidente de-
terminou a suspensão de diversos processos iniciados na 
gestão de Jair Bolsonaro. Da Petrobras aos Correios, passan-
do pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e Dataprev, 
ele mandou engavetar oito estudos preliminares sobre possí-
veis novas privatizações. A ordem do Palácio do Planalto é 
explícita: brecar qualquer negócio nesse sentido. 
Felizmente, na contramão do governo federal, alguns 
dos chefes dos estados mais ricos da federação não seguem 
ATIVIDADE
LUCRO LÍQUIDO
EM 2022
ALCANCE
SITUAÇÃO
Companhia de 
energia elétrica8,7 milhões
de consumidores
4,1 bilhões de reais
16 300NÚMERO DE
FUNCIONÁRIOS
Privatização em estudo
(MG)
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ATIVIDADE
LUCRO LÍQUIDO
EM 2022
ALCANCE
SITUAÇÃO
Companhia de 
energia elétrica
4,9 milhões
de consumidores
1,1 bilhão de reais
5 875NÚMERO DE
FUNCIONÁRIOS
Processo de venda iniciado
(PR)
a mesma cartilha de Lula e iniciaram seus mandatos com 
o pé no acelerador, prometendo planos ambiciosos na polí-
tica de desestatização. Um dos destaques nesse campo é o 
governador paulista Tarcísio de Freitas, do Republicanos. 
Ele planeja negociar durante sua gestão dezesseis ativos. 
Segundo estimativas do Palácio dos Bandeirantes, o paco-
te pode atrair quase 170 bilhões de reais em investimentos. 
A joia da coroa é a Sabesp, companhia de saneamento ava-
liada em 33 bilhões de reais. Por isso mesmo, será a opera-
ção mais desafiadora. 
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ATIVIDADE
LUCRO LÍQUIDO
EM 2022
ALCANCE
SITUAÇÃO
Companhia de 
saneamento básico
Fornece água para
6 milhões de pessoas
307 milhões de reais
5 681NÚMERO DE
FUNCIONÁRIOS
Privatização concluída —
a assinatura do contrato 
ocorrerá até maio
(RS)
Além de enfrentar a resistência de prefeitos e de funcio-
nários da estatal, o projeto esbarra nos deputados estadu-
ais do PT, que recriaram uma frente parlamentar para difi-
cultar e até mesmo impedir a aprovação do projeto na Ca-
sa. O governador garantiu que só levará a ideia adiante se 
os estudos mostrarem redução no preço da conta de água. 
A previsão é que o levantamento seja concluído em seis 
meses e o processo de negociação, em 2024. “Se o projeto 
se mostrar viá vel, vamos chegar para a população e per-
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ATIVIDADE
LUCRO LÍQUIDO
EM 2022
ALCANCE
SITUAÇÃO
Terminal marítimo de 
mercadorias e passageiros
Movimentou 162,4 milhões 
de toneladas de carga em 2022
547,3 milhões de reais
1 468NÚMERO DE
FUNCIONÁRIOS
Estado e União 
discutem privatização
(SP)
guntar se ela é a favor ou contra uma tarifa menor. As pes-
soas que darão suas respostas”, afirma Rafael Benini, se-
cretário de Parcerias em Investimentos. No caso da priva-
tização do Porto de Santos, projeto concebido quando Tar-
císio estava no ministério de Bolsonaro, ocorre também 
uma trombada com os petistas — no caso, com o próprio 
Lula, que mandou brecar o processo. 
Em outros estados com projetos avançados ou concluí-
dos recentemente, a dissonância entre os poderes estaduais 
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e federal também é visível. Em Minas, sob a gestão de Ro-
meu Zema, do Novo, nem a assinatura do contrato de con-
cessão do metrô de Belo Horizonte, realizada na última se-
mana de março, colocou fim a uma interminável disputa 
político- ideológica. Poucos dias antes da posse de Lula, a 
presidente do PT, Gleisi Hoffmann, entrou com uma ação 
popular tentando suspender o negócio. O processo foi julga-
do improcedente no início de março, mas Hoffmann recor-
re. Ela não está sozinha nessa luta. Dias antes da assinatura 
da papelada do pacote de concessão, o ministro de Desen-
volvimento e vice-pre sidente, Geraldo Alckmin, recebeu 
“romarias” de políticos alinhados ao PT solicitando o cance-
lamento do acordo. O próprio Alckmin, durante a transição, 
pediu ao então ministro da Economia, Paulo Guedes, o adia-
mento do leilão — ainda bem que não foi atendido. 
Como sempre acontece em situações desse tipo, o cor-
porativismo se mobiliza a fim de manter seus privilégios — 
muitas vezes, com narrativas absolutamente inverídicas. 
Servidores do metrô mineiro engrossaram recentemente o 
coro de oposição, cruzando os braços por uma semana, sob 
o argumento de que a privatização trará perda de emprego 
para a categoria. “Vai ocorrer o contrário disso, pois o con-
trato prevê a expansão do sistema, com a criação de uma li-
nha nova”, afirma o secretário de Desenvolvimento Econô-
mico de Minas, Fernando Passalio. Segundo as previsões 
de Zema, os investimentos na rede metroviária mineira de-
verão chegar a 4 bilhões de reais. 
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DUAS VISÕES 
Manifestação 
contra a 
privatização da 
Eletrobras e 
Ratinho Junior: 
visão pragmática 
ainda enfrenta 
forte resistência 
político-ideológica 
GUSTAVO BEZERRA
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A gritaria enfrentada por Zema nas Alterosas se repete 
igualmente nos pampas gaúchos. No Rio Grande do Sul, 
Eduardo Leite, do PSDB, luta para desembaraçar a con-
cessão da companhia de saneamento gaúcha, Corsan, fi-
nalizada em dezembro do ano passado. “Enquanto houver 
a discussão na Justiça, inclusive com pedido de liminar 
aceito, não conseguiremos prever uma data para assinar a 
documentação”, lamenta o secretário de Parcerias e Con-
cessões, Pedro Capeluppi. A expectativa (otimista) do go-
verno local é que os advogados públicos consigam destra-
var as ações até o fim de maio. 
Até aqui, outro mandatário bem- sucedido na diminui-
ção da estrutura estatal tem sido o governador do Paraná, 
Ratinho Junior. Mesmo com forte oposição do PT no esta-
do, base eleitoral de Gleisi Hoffmann, ele conseguiu apro-
var em três dias o plano de transformar a Companhia Para-
naense de Energia, a Copel, em uma corporação. No pro-
cesso, que deve ser concluído até o fim deste ano, a empresa 
será pulverizada entre vários acionistas, sendo que o gover-
no ficará com uma fatia de 15% (atualmente, essa participa-
ção é de 31,1%). No fim do mês passado, ele comemorou a 
concessão de uma área do Porto de Paranaguá, garantindo 
investimentos de 338 milhões de reais e se prepara agora 
para pôr em prática um ambicioso projeto de concessão ro-
doviária em parceria com o governo federal. Um dos maio-
res do gênero nos últimos tempos, o pacote inclui 3 300 qui-
lômetros de rodovias estaduais e federais. Estão previstos 
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investimentos de 50 bilhões de reais em obras (duplicações, 
contornos, viadutos). Para vencer resistências no Palácio do 
Planalto, Ratinho Junior tem como aliado o ministro dos 
Transportes Renan Filho, mas Gleisi Hoffmann — sempre 
ela — já deu sinais de que tentará atrapalhar seus planos. 
Evidentemente, o fato de alguns desses chefes do Exe-
cutivo estadual estarem na oposição a Lula (o caso mais 
emblemático é o do paulista Tarcísio de Freitas, eleito com 
o apoio de Bolsonaro) é o motivo mais óbvio para essa 
dissonância entre governadores e o presidente no campo 
das privatizações. Para além disso, há o fato de que os es-
tados, muitos deles com o caixa em baixa, não têm outra 
saída a não ser adotar uma postura mais pragmática, en-
xugando a máquina pública e atraindo investimentos pri-
LONGA ESPERA 
Eduardo Leite, do PSDB: 
venda da Corsan só terá 
um desfecho em maio
ITAMAR AGUIAR/PALÁCIO PIRATINI
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vados. “É preciso buscar o racional em todos os proces-
sos, ver caso a caso e não transformar cada privatização 
em uma guerra ideológica”, diz o cientista político e pro-
fessor do Insper Carlos Melo.
Relativamente recente, o processo de desestatização no 
Brasil começou a ganhar tração no governo Fernando Hen-
rique Cardoso, com privatizações em áreas como as de mi-
neração e de comunicações. Os dividendos foram inquestio-
náveis. O telefone deixou de ser um patrimônio caro e para 
poucos (uma instalação demorava uma eternidade), a ponto 
de ser declarado no imposto de renda, enquanto estatais co-
mo a Vale ganharam eficiência e multiplicaram lucros (leia 
a Carta ao Leitor). “O sucesso das privatizações vai matan-
do as ideologias contrárias, como a do PT, que perdeu essa 
luta”, afirma o economista Luiz Carlos Mendonça de Bar-
ros, ex-presidente do BNDES na primeira gestão de Fernan-
do Henrique Cardoso. 
Como fica nítido agora, Lula e seu partido ainda não en-
tenderam essa derrota, investindo perigosamente na ultra-
passada ideia do Estado como o grande indutor do cresci-
mento, algo que vai na contramão de todas as evidências 
práticase teóricas. Vale lembrar ainda que, nos anos petis-
tas, o controle político de estatais como a Petrobras abriu as 
portas para grandes escândalos de corrupção. Definitiva-
mente, algumas lições do passado não foram devidamente 
aprendidas pelo presidente. ƒ 
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DISPUTA DE PODER
Formalização da união de cinco partidos de centro-
direita para compor um “superbloco” embaralha ainda 
mais o já bastante confuso xadrez político na Câmara 
LAÍSA DALL’AGNOL
CONTRA-ATAQUE Arthur Lira: tentativa de acertos com PL, 
União Brasil e até PSDB para neutralizar a nova frente
CRISTIANO MARIZ/AGÊNCIA O GLOBO
CONGRESSOBRASIL
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NA ÚLTIMA campanha à Presidência da República, Luiz 
Inácio Lula da Silva declarou que, frente ao desafio de 
montar a sua futura base em um Congresso que saía das 
urnas mais inclinado à direita, daria cabo da tarefa por 
meio de muita conversa com todos os partidos. O esforço 
tentaria passar ao largo das estratégias adotadas em suas 
gestões anteriores, quando a busca de apoio no Legislativo 
acabou desembocando em escândalos como mensalão e 
petrolão. Passados quase 100 dias desde a posse e com os 
novos deputados e senadores já há dois meses nos seus 
postos, a situação, no entanto, se mostra bastante nebulo-
sa, com muitas dúvidas sobre o tamanho real da tropa go-
vernista — o que cria alguma incerteza sobre a capacidade 
para aprovar medidas cruciais para o mandato, como o 
novo arcabouço fiscal e a reforma tributária.
O que já estava confuso ficou ainda mais embaçado nos 
últimos dias com uma movimentação de deputados que não 
estava no radar: a formação de um bloco na Câmara com 
142 deputados e cinco partidos, que já nasceu com tamanho 
suficiente (mais de um quarto dos 513 parlamentares) para 
ser protagonista no jogo legislativo. Formado por MDB, 
PSD, Republicanos, Podemos e PSC, o grupo já é maior que 
o bloco de partidos de esquerda que deram sustentação a 
Lula na campanha e praticamente se iguala à soma da dupla 
PL-PP, as legendas que se colocam como oposição (veja o 
quadro na pág. ao lado). A nova frente surpreendeu também 
porque se apresentou com partidos que têm cargos no go-
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BATALHA DE BLOCOS
Nova frente com 142 deputados é maior que a 
bancada governista e quase igual à da oposição
SUPERBLOCO
MDB: 42
PSD: 42
Republicanos: 42
Podemos: 12
PSC: 4
142 DEPUTADOS
OPOSIÇÃO
PL: 99
PP: 49
Novo: 3
151 DEPUTADOS
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GOVERNISTAS
Federação PT/PCdoB/PV: 81
PDT: 17
PSB: 14
Federação PSOL/Rede: 14
126 DEPUTADOS
* A sigla tem três ministros, mas vem ameaçando uma postura 
independente no Congresso
** Apoiaram Lula ainda no primeiro turno, mas estão 
descontentes com o governo
INDEFINIDOS
União Brasil*: 59
Federação PSDB/Cidadania: 18
Avante**: 7
Solidariedade**: 5
Patriota: 4
Sem partido: 1
94 DEPUTADOS
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verno, como MDB e PSD, e outros longe da influência de 
Lula, como o Republicanos, que apoiou Jair Bolsonaro na 
eleição e sempre comungou da cartilha do Centrão chefiado 
pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O “superbloco”, como tem sido chamado, tem, ao me-
nos por ora, uma tendência a ajudar o governo. “No nosso 
bloco, hoje, 70% é governista”, afirma Fábio Macedo (Po-
demos-MA), o líder da frente. Parlamentar pouco conheci-
do, que tem proximidade com o ministro Flávio Dino (Jus-
tiça), ele já mostra disposição para apoiar projetos impor-
tantes de Lula que estão na Casa. “Tem duas MPs de gran-
de importância, que são as do Bolsa Família e do Minha 
Casa, Minha Vida, e que com certeza, com muita boa von-
tade, vamos dar andamento”, diz. 
Único bloco formalizado até agora na Câmara (o Cen-
trão tem uma composição mais solta), a nova frente nasce, 
em tese, com muita bala na agulha. Com votações de gran-
de porte ainda não iniciadas e em meio à queda de braço 
entre Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PS-
D-MG), pelo controle do rito das MPs, o grupo tem poten-
cial para provocar alguma reconfiguração do jogo de forças 
no Legislativo. Um ponto importante é a formação das co-
missões mistas para analisar as MPs. Apesar de estar nas 
mãos de Lira esse poder, será preciso obedecer ao critério 
da proporcionalidade, o que faria com que o grupo ficasse 
com três das doze vagas nesses colegiados. Outro aspecto é 
a maior influência que o quinteto de siglas terá na definição 
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das votações. Se antes o jogo estava concentrado entre go-
verno e presidência da Câmara, agora há um bloco que, 
apesar da inclinação governista, pode se colocar como co-
laborador de Lira, dependendo do caso. Assim, a turma 
precisará ser ouvida também nas maiores decisões.
A nova frente surgiu no velho estilo de “fazer política”. 
As negociações ocorreram simultaneamente a duas conver-
sas frustradas para alianças — uma entre MDB e PSDB e 
outra entre PP e União Brasil. Essa última suscitou receio 
entre os demais partidos, principalmente após a demonstra-
ção de força dada por Lira ao aprovar a PEC da Transição, 
ACENO Fábio Macedo, o líder do bloco: “boa vontade” para 
votar projetos de Lula
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muito cara ao governo Lula. A formalização do “superblo-
co” buscou neutralizar a influência de Lira e contou com a 
atuação de três importantes caciques — Baleia Rossi (MDB), 
Gilberto Kassab (PSD) e Marcos Pereira (Republicanos), to-
dos presidentes de suas siglas. Também pesou a necessidade 
de acomodar interesses regionais. Na Bahia, MDB e PSD 
são os principais aliados do PT, enquanto PP e União estive-
ram do lado oposto na eleição. Já em São Paulo, MDB e PSD 
estão com o governador Tarcísio de Freitas, do Republica-
nos, cuja direção há muito se afastou do jogo de Lira e seu 
aliado Elmar Nascimento (União-BA). Nos bastidores, os 
caciques da frente dizem que eles querem se diferenciar da 
política “baseada no orçamento secreto” de Lira. É ver para 
crer. No horizonte, está até uma candidatura à Presidência 
da Câmara no ainda distante 2025.
Arthur Lira, um dos políticos mais poderosos no Con-
gresso nos últimos anos, ensaia, claro, uma reação. Como 
o seu partido, PP, tem apenas 49 deputados, ele articula 
para construir outra frente, que teria o PL e o União Bra-
sil, com quem voltou a negociar. Esse trio teria 207 depu-
tados e não seria superado. No caso de uma eventual fe-
deração, a estimativa é que as negociações avancem, so-
bretudo com a aproximação das eleições municipais. “A 
tendência é os partidos se afunilarem para ter mais tem-
po de televisão e mais acesso a recursos de campanha”, 
avalia Danilo Forte (União-CE), entusiasta de uma fede-
ração “programática” entre a sua legenda e o PP. Outra 
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sigla cobiçada é o PSDB, que, apesar de ter se apresenta-
do como terceira via em 2022, na Câmara sempre foi 
mais ligada a Lira e a Bolsonaro. 
O governo acompanha com atenção as movimentações 
na Câmara, dialoga com os líderes da nova aliança e afirma 
não ter preocupações adicionais, por enquanto, com a atua-
ção do grupo. “Percebo que esse bloco tem mais a ver com a 
ocupação de espaços na Câmara do que com ajudar ou atra-
SEM BALA Eduardo Bolsonaro: o líder da minoria não 
controla nem o seu PL
SÉRGIO LIMA/AFP
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palhar tanto o governo quanto o Lira”, afirma Zeca Dirceu 
(PT-PR), líder da bancada petista. Ele aponta até um lado 
positivo na união de partidos no Legislativo. “A vantagem 
dos blocos e, principalmente, da criação das federações é a 
correção de um problema do nosso sistema político, que é o 
grande número de partidos”, afirma. De fato, há nada me-
nos que 21 legendas com assento na Casa.
Os membros do novo grupo, ao mesmo tempo em que 
sinalizam boa vontade, mostram que o governo terá de 
negociar. O MDB, que tem três ministérios, lançou recen-
temente uma carta-compromisso dizendoque a sua atua-
ção no Legislativo será propositiva, mas crítica. “Vamos 
dar suporte às medidas encaminhadas pelo governo, sem 
deixar de fazer as críticas quando necessário”, diz Baleia 
Rossi (SP). “O ‘superbloco’ equilibra ainda mais a relação 
entre os partidos na Câmara. É a volta da grande políti-
ca”, completa. Se Lula não tiver habilidade, porém, pode 
arrumar um problema, como alerta, reservadamente, um 
integrante da nova frente. “O governo agora vai ter de 
dialogar com o bloco e dialogar com o Lira, que tem o 
poder de agenda. Mas o pior cenário seria o Lira conti-
nuar ‘todo-poderoso’, com o ‘supercentrão’ e todos os 
partidos do lado dele”, diz essa mesma fonte. O líder do 
bloco, Fábio Macedo, apesar do aceno a Lula, também 
deixa a porta aberta. “A tendência maior do bloco é go-
verno, mas respeitando também cada parlamentar que 
queira ir para a oposição”, afirma.
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Essa é a principal dificuldade hoje no Congresso: pouca 
gente fala claramente como oposição. Mesmo Lira, apesar 
do poder que tem para pressionar o governo, não fará movi-
mentos bruscos para não correr o risco de um rompimento, 
o que dificultaria fazer andar as liberações de emendas para 
a sua base eleitoral e seus aliados. Evidentemente, o líder da 
minoria, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é o único chefe de 
bancada a esgrimir um discurso de oposição, mas o exército 
que lidera é o de um punhado de radicais que têm pouca in-
fluência. Mesmo o seu PL, maior partido, com 99 deputa-
dos, tem muitos políticos dispostos a votar com o governo.
GUINADA Marcos Pereira: Republicanos se afasta do jogo 
de Lira e do Centrão
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O fato é que, por ora, há muitas tratativas, muitas estraté-
gias e muitas projeções, mas pouca certeza sobre o tamanho 
de cada agrupamento e a influência de cada líder no Con-
gresso. A hora da verdade provavelmente se descortinará 
nas votações importantes, tanto das MPs quanto dos proje-
tos que vão tratar da âncora fiscal e da reforma tributária. O 
cenário de incerteza predominante é agravado pelo inusita-
do fato de que o Legislativo, já em abril, ainda não apreciou 
um único projeto de Lula. O que temos, então, são muitos 
generais e soldados se movendo enquanto esperam o jogo 
começar para valer. ƒ
INDEPENDÊNCIA Baleia Rossi: o MDB vai apoiar, 
mas também vai criticar Lula
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PERCALÇOS À VISTA
Interesses políticos e lobbies poderosos podem 
atrasar e dificultar a tramitação do projeto que vai 
estabelecer as novas regras de controle das 
despesas do governo MARCELA MATTOS 
URGÊNCIA Padilha e Pacheco: esforço para que o Congresso 
vote o arcabouço fiscal o mais rapidamente possível
AGÊNCIA SENADO
POLÍTICABRASIL
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O GOVERNO vai enviar ao Congresso na próxima sema-
na o texto do projeto que estabelece as novas regras para 
substituir o chamado “teto de gastos”. Em linhas gerais, se-
rão apresentadas as medidas que o Ministério da Fazenda 
pretende implementar para garantir o equilíbrio entre as 
receitas e as despesas — premissa essencial e urgente na 
busca da estabilidade econômica. Os mais otimistas consi-
deram a possibilidade de o novo arcabouço fiscal ser ana-
lisado, votado e aprovado na Câmara dos Deputados até o 
fim de abril. Os mais realistas preveem um caminho bem 
mais longo pela frente. Isso porque a proposta envolve 
uma miríade de interesses — políticos, empresariais, cor-
porativos e eleitorais. Até aqui, o projeto já dividiu o PT, 
provocou divergências dentro do próprio governo, mexeu 
com os brios do mercado, gerou uma intensa disputa de 
poder entre parlamentares e acelerou a pressão pela libe-
ração de emendas e cargos federais. E é só o início. 
O fato é que o presidente Lula chega aos 100 dias de go-
verno numa situação bem distinta do clima de lua de mel 
que ele manteve com o Congresso no início dos seus dois 
primeiros mandatos. Sem uma base mínima de apoio, hoje o 
Planalto não tem, sequer, a garantia de que um aliado assu-
mirá a relatoria do projeto. Os embates, entendimentos e de-
sentendimentos começam a partir desse ponto. Há uma lista 
enorme de candidatos ao posto. O relator é uma espécie de 
“senhor do destino” de qualquer projeto. Cabe a ele elaborar 
o parecer que será votado no plenário, acatando ou não su-
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gestões de mudança — no fim, a proposta pode ser aprecia-
da sem alterações da versão original ou ter seu conteúdo 
parcial ou totalmente descaracterizado. Por conta desse po-
der extraordinário, relatores de projetos importantes ga-
nham dimensão política e, consequentemente, tornam-se os 
principais alvos dos mais diversos lobbies.
A escolha do relator do arcabouço fiscal cabe ao presi-
dente da Câmara, Arthur Lira, que já avisou que a tarefa se-
rá designada a um deputado “equilibrado” — mas do seu 
OPOSIÇÃO Ciro Nogueira: “Do jeito que está, será uma 
surpresa se for aprovada”
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OS CANDIDATOS Cajado e Mendonça Filho: disputa pela 
relatoria do projeto movimenta os partidos 
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partido, o PP, cujo presidente é ninguém menos que o sena-
dor Ciro Nogueira (PP-PI), ex-chefe da Casa Civil de Jair 
Bolsonaro. Não é uma boa notícia para o governo. Entre os 
nomes citados até agora, o do deputado Claudio Cajado (PP-
-BA) é o que desponta como favorito. O motivo? Ele é um 
dos parlamentares mais próximos de... Ciro Nogueira, e che-
gou a assumir o comando do partido quando o senador ocu-
pava o cargo de ministro. Os governistas, especialmente os 
petistas, se mostram pouco à vontade com a situação. Afi-
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nal, a sigla que se alinhava ao governo Bolsonaro até um dia 
desses será a dona da agenda econômica do país. Para se ter 
ideia do que está em jogo, a ministra do Planejamento, Simo-
ne Tebet, definiu o arcabouço fiscal e a reforma tributária 
que virá na sequência, respectivamente, como as balas “de 
bronze e de prata” da economia. Os dois projetos ficarão sob 
a égide de Lira e Nogueira.
A disputa pela relatoria começou muito antes de o pro-
jeto ser anunciado. Inicialmente, num acordo que envol-
veu o PP e o governo, chegou-se a cogitar para a função o 
deputado Mendonça Filho (União-PE), ex-ministro de Mi-
chel Temer. A indicação atenderia a duas necessidades: 
seria bem recebida pelo mercado e, ao mesmo tempo, ser-
viria como um agrado ao União Brasil, que, apesar de já 
ter sido contemplado com três ministérios, reclama por 
mais espaço no governo. Mas não deu certo. Agora, os 
agrados precisarão ser feitos tanto aos parlamentares do 
União quanto aos do PP, que reclamam da demora na libe-
ração de emendas e dos cargos no segundo e terceiro es-
calões. “Acreditamos que na pós-Semana Santa já haja a 
definição do relator pela Câmara para que a gente possa 
iniciar toda a tramitação dentro do Congresso Nacional 
do novo marco fiscal”, disse o ministro Alexandre Padi-
lha, das Relações Institucionais. Em uma conversa mais 
objetiva que teve com um parlamentar logo depois, o mi-
nistro prometeu que as demandas dos congressistas serão 
resolvidas até meados de abril. 
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A seu favor, o governo espera contar com a boa vonta-
de de um Congresso mais reformista e que tende a priori-
zar a agenda econômica em detrimento das disputas par-
tidárias e dos interesses individuais. O clamor nesse senti-
do é urgente. Uma pesquisa do Instituto Datafolha mos-
trou que o pessimismo com a economia aumentou, atin-
gindo 26% da população, que dizem acreditar que haverá 
uma piora nas contas públicas. A proposta do governo es-
tabelece um novo desenho para as regras fiscais dopaís, 
OTIMISMO Simone Tebet e Haddad: romaria entre os 
parlamentares para explicar as linhas gerais da proposta
JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL 
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com previsão de reduzir o déficit, estimado em mais de 
100 bilhões de reais neste ano, a zero já em 2024. Ainda 
não está claro como isso será feito. 
Na apresentação da proposta, cujo detalhamento será 
encaminhado ao Congresso a partir da semana que vem, 
o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiu que 
não haverá aumento de impostos. O equilíbrio entre as re-
ceitas e as despesas será atingido acabando, entre outras 
coisas, com “abusos” de grandes empresas. No desafio de 
aprovar sua regra fiscal, o ministro da Fazenda tem feito 
uma romaria entre os parlamentares para explicar as li-
nhas gerais da proposta — uma sugestão do presidente da 
Câmara, que já avisou em alto e bom som que o governo 
não tem uma base robusta. Haddad já se reuniu com lide-
ranças aliadas e de oposição para apresentar os pilares do 
projeto, que visa a ampliar a receita em até 150 bilhões de 
reais para atingir a meta de equilíbrio das contas públicas. 
A intenção do ministro, em linhas gerais, foi bem recebida 
pelos congressistas. A questão é saber de onde tirar o di-
nheiro — provável ponto de partida para outras dificulda-
des políticas que se apresentarão. O ministro antecipou 
que a ideia é dar andamento a um pacote de medidas que 
visa a taxar os sites de apostas eletrônicas, tributar em-
presas de e-commerce, principalmente as estrangeiras, 
que driblam as regras da Receita Federal — o que Had dad 
chamou de “contrabando” — e alterar regras de incenti-
vos fiscais dados pelos estados a empresas. 
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Nada disso ainda está formalizado, mas só o anúncio so-
bre as intenções do governo já movimentou alguns setores. 
Na última semana, oito times de futebol, entre os quais gi-
gantes como o Flamengo e Palmeiras, emitiram nota con-
junta exigindo uma “participação direta” nas discussões so-
bre a regulamentação das apostas on-line, alegando um 
“risco de colapso” da atividade, já que o futebol é o esporte 
que gera o maior volume de transações dessas plataformas. 
Por questões eleitorais e mesmo clubísticas, há um bom nú-
“CONTRABANDO” Importações: pacote de medidas prevê 
taxação de empresas de e-commerce e sites de apostas
MATT MAWSON/MOMENT/GETTY IMAGES
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mero de deputados dispostos a defender os interesses dos 
grandes times. Além disso, empresários também já bateram 
à porta de deputados, advertindo que os números aventados 
pelo governo estão inflados e que as medidas anunciadas na 
prática significam um risco para a sustentação financeira 
das equipes e das empresas. 
Além dos lobbies como esse, que podem atrapalhar a tra-
mitação dos projetos, há a preocupação de que os parlamen-
tares incluam no pacote mecanismos que resultem em au-
mento de gastos, o que não é improvável. Do lado do gover-
no, no entanto, a confiança é absoluta. “Eu penso que o Con-
gresso Nacional está realisticamente otimista. Por que eu di-
go que é realista esse otimismo? Porque com quem você 
conversa, da oposição à situação, todo mundo fala: ‘Nós pre-
cisamos aprovar a nova regra fiscal e a reforma tributária. 
Isso não é o governo, é o estado brasileiro que está em jogo”, 
avalia Fernando Haddad. A realidade, porém, é menos flui-
da. Um dos cotados a assumir a relatoria das propostas disse 
a VEJA que, após o seu nome entrar no rol dos possíveis in-
dicados, seu telefone não parou de tocar. Eram representan-
tes de diversos setores da economia — todos se dizendo 
preocupados com o arcabouço e suas implicações. “Com 
certeza a gente vai propor muitos ajustes, pensando no país, 
na economia, na inflação. Do jeito que está, será uma sur-
presa para mim se a proposta for aprovada. Tem muita re-
sistência”, disse a VEJA o senador Ciro Nogueira. Os percal-
ços, de fato, serão muitos. ƒ
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RECUO ESTRATÉGICO
Aos poucos, Lula vai aparando as arestas com 
as Forças Armadas e encontra no Superior 
Tribunal Militar um aliado para a pacificação — 
mesmo assim, a missão é difícil 
MAIÁ MENEZES
PANOS QUENTES Posse de Camelo no STM: novo 
presidente age para desanuviar clima com o governo
PEDRO GONTIJO/SENADO FEDERAL
PODERBRASIL
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AOS POUCOS, graças a muita conversa de bastidores, o nó 
que se criou entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) 
e os militares começa a ser desatado. Nessa semana, o presi-
dente teve mais dois encontros públicos com integrantes das 
Forças Armadas, cujo objetivo principal era sinalizar à caser-
na que o Planalto está disposto a construir pontes, agora que a 
poeira dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro começa a as-
sentar. Na terça-feira, na condição de comandante em chefe, 
Lula participou da cerimônia de nomeação de 56 novos ofi-
ciais das três armas e, no dia seguinte, almoçou com a cúpula 
do Exército. Os eventos foram estrategicamente pensados pe-
lo Ministério da Defesa para demonstrar que algumas reivin-
dicações feitas à pasta, como o investimento em projetos es-
tratégicos e novos equipamentos, poderão ser atendidas, mas 
que a politização dos quartéis não será mais tolerada. 
Até o momento, a bandeira branca tem sido bem recebi-
da pelos dois lados. O governo demonstra não estar disposto 
a levar adiante uma Proposta de Emenda Constitucional pa-
ra alterar o polêmico artigo 142 da Carta Magna, que costu-
ma ser erroneamente interpretado pela turba golpista para 
justificar uma intervenção militar no país. Já os generais in-
dicam que não devem se opor ao Projeto de Lei que obriga 
os egressos das tropas a ir para a reserva se quiserem se can-
didatar a um cargo eletivo. “O caminho agora é o da pacifi-
cação e o governo vem dando sinais positivos para o Alto- 
Comando. A aproximação está, de fato, acontecendo”, disse 
a VEJA um oficial de alta patente. 
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Um desses sinais vem do Judiciário. O novo presidente 
do Superior Tribunal Militar, o Tenente-Brigadeiro do Ar, 
Francisco Joseli Parente Camelo, tem atuado para dissolver 
o clima de desconfiança que se instalou entre os fardados 
desde que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexan-
dre de Moraes determinou que os ataques aos três poderes 
da República deverão ser julgados pela Justiça comum. A 
decisão monocrática, tomada no fim de fevereiro, se baseou 
em depoimentos de servidores ouvidos na Operação Lesa 
Pátria que narraram em detalhes a inação e conivência das 
Fonte: Jurisprudência do STM
MARTELO DE VIDRO
Os casos julgados pelo STM dificilmente 
condenam oficiais
Período de 2012 a 2022
PATENTE CONDENAÇÕES
GENERAL —
CORONEL 2
TENENTE-CORONEL 1
MAJOR 1
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tropas do Exército diante dos atos de vandalismo. Entre os 
depoentes está um integrante do Gabinete de Segurança 
Institucional (GSI), órgão responsável pela segurança do 
Planalto, que no governo anterior era comandado pelo ge-
neral Augusto Heleno, um dos mais fiéis apoiadores de Jair 
Bolsonaro (PL). Em grupos de WhatsApp oficiais da ativa 
chegaram a classificar a medida como “massacre da legali-
dade”, “vergonha nacional” e “insulto à lei”.
A operação panos quentes apoiada por Camelo, que 
mantém uma relação de certa proximidade com Lula pelo 
fato de ter sido piloto do avião presidencial durante os man-
datos anteriores do petista, busca convencer os mais exalta-
dos de que a transferência de competência para um tribunal 
civil é benéfica. Isso porque a decisão desobrigaria os mili-
tares a agir contra seus próprios pares. Lula prestigiou a 
posse do novo presidente da Corte e os dois conversaram 
na terça-feira. Mais uma vez, o papo girou em torno da pa-
cificação. “É possível que, durante o transcorrer das inves-
tigações, se conclua que alguém possa ter incorrido em cri-
me militar. Nesse caso, estou seguro de que o processo será 
direcionado à Justiça Militar. Em nenhum momento, o mi-
nistro

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