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1 SUMÁRIO 4. PERSECUÇÃO CRIMINAL 4 4.1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 4 4.2. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (TCO) 5 4.3. INQUÉRITO POLICIAL 8 4.3.1. CONCEITO 8 4.3.2. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL 12 4.3.3. FUNÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 14 4.3.4. FINALIDADE 16 4.3.5. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO E PROVAS 16 4.3.6. ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA 18 4.3.7. FUNÇÕES EXERCIDAS PELA POLÍCIA 19 4.3.8. VALOR PROBATÓRIO E VÍCIOS NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL 21 4.3.9. NATUREZA DO CRIME E ATRIBUIÇÃO PARA AS INVESTIGAÇÕES 23 4.3.10. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 26 4.3.11. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 41 4.3.12. PEÇAS DE INAUGURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 44 4.3.13. NOTITIA CRIMINIS E DELATIO CRIMINIS 44 4.3.14. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS 50 4.3.15. RECONSTITUIÇÃO 51 4.3.16. PRAZOS PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 51 4.3.16.1. CPP – REGRA GERAL 51 4.3.16.2. JUSTIÇA FEDERAL 52 4.3.16.3. CPM 52 4.3.16.4. LEI DOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 53 4.3.16.5. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS E PRISÃO TEMPORÁRIA 53 4.3.16.6. LEI DE DROGAS 53 4.3.18. EXCESSO DE PRAZO 54 4.3.18. RELATÓRIO 56 4.3.19. INDICIAMENTO 57 4.3.20. CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES 61 4.3.21. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 62 4.3.22. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 64 2 4.3.23. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL 67 4.4. DE OLHO NAS SÚMULAS 68 4.5. INFORMATIVOS 68 4.6. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 77 3 APRESENTAÇÃO Esse conteúdo faz parte da apostila de processo penal I do Manual Caseiro, sendo apenas um dos capítulos abordados na apostila. O primeiro passo para o sucesso nas provas é, certamente, a ESCOLHA DE UM BOM MATERIAL. E o que seria um bom material? Um bom material, meu caro aluno, é aquele que apresenta a informação segura, de forma OBJETIVA, CONCISA, ATUALIZADA. Um bom material é, além disso, aquele que busca preencher todas as lacunas do estudo, sem que recorramos a materiais adicionais. Dessa forma, buscamos reunir todas as informações em um único material: doutrina, lei seca, questões e jurisprudência. O nosso material oferta justamente essa proposta, TUDO em UM só lugar. NOSSO SITE: www.meumanualcaseiro.com.br http://www.meumanualcaseiro.com.br/ 4 DIREITO PROCESSUAL PENAL I 4. PERSECUÇÃO CRIMINAL Segundo Távora e Alencar (2016), a persecução criminal para a apuração das infrações penais e sua respectiva autoria comporta duas fases bem delineadas. A primeira, preliminar, inquisitiva, e objeto do presente capítulo, é o inquérito policial. A segunda, submissa ao contraditório e à ampla defesa, é denominada de fase processual. Assim, materializado o dever de punir do Estado com a ocorrência de um suposto fato delituoso, cabe a ele, Estado, como regra, iniciar a persecutio criminis para apurar, processar e enfim fazer valer o direito de punir, solucionando as lides e aplicando a lei ao caso concreto. Em RESUMO: 4.1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL A investigação preliminar criminal é o conjunto de diligências preliminares devidamente formalizadas que, nos limites da lei, se destinam a apurar a existência, materialidade, circunstâncias e autoria de uma infração penal, coletando provas e elementos de informações que poderão ser utilizadas na persecução penal. Desta feita é o gênero do qual fazem parte a investigação feita pelo Ministério Público, comissões parlamentares de inquérito, termo circunstanciado de ocorrência (TCO), dentre outros instrumentos investigatórios, mas o inquérito policial é sem dúvidas a principal espécie desse gênero. Contudo, reforçamos, o inquérito policial é uma das espécies de investigações criminais (e não a única). Cumpre ainda fazermos uma distinção entre a persecução criminal e a investigação criminal. Nesse sentido, a persecução criminal pode ser compreendida como atividade do Estado, desde a investigação até o momento de aplicação ou não do sanção penal. Ou seja, quando surge um ilícito criminal, surge para o estado o poder/dever em razão do monopólio por ele assumido, de aplicar a Persecução Penal Fase Investigatória Investigação Criminal Fase Processual ou Judicial 5 jurisdição e investigar aquela conduta delitiva, e a partir da colheita de elementos de informação, eventualmente provocar o aparato jurisdicional por intermédio da propositura de uma ação penal, para que obedecido devidamente o processo legal, verificar se, na situação concreta, deverá ser aplicada a sanção penal. Em RESUMO: 4.2. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (TCO) O termo circunstanciado de ocorrência trata-se de um procedimento simplificado, que não segue o mesmo rigor do inquérito policial, substituindo este, nas investigações das infrações penais de menor potencial ofensivo (IMPO). A competência para julgar IMPO é dos Juizados Especiais Criminais, nesse sentido, a fase preliminar ao procedimento judicial é também disciplinada na Lei 9.099/95, cujo art. 69 dispõe sobre a lavratura do termo circunstanciado e seu encaminhamento imediato ao Juizado, permitindo que a investigação policial seja concluída de forma mais célere. Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. Dessa forma, enquanto o IP está para a investigação dos crimes comuns, o TCO está para a investigação das infrações de menor potencial ofensivo. Portanto, pode-se dizer que o TCO tem função de registrar os fatos que, em tese, configuram-se como IMPO. Nele será qualificado o ofendido, o autor do fato criminoso, descrito o local e as condições em que ocorreu a infração penal e mencionará as provas existentes, indicando desde já as testemunhas. Persecução Penal Fase investigatória (Investigação preliminar – inquérito policial) Fase Judicial/Processual (Ação Penal) 6 Vale destacar, que nem sempre será utilizado o TCO para a investigação das infrações de menor potencial ofensivo, conforme esquematizado abaixo: AUTORIA IGNORADA Inquérito será instaurado mediante portaria, pois não é possível que o autor desconhecido compareça ao JECRIM. COMPLEXIDADE NA INVESTIGAÇÃO Inquérito será instaurado, já que não é possível observar os princípios que regem o procedimento sumaríssimo, quais sejam: simplicidade, celeridade e informalidade. RECUSA DE COMPARECER AO JECRIM Na hipótese de o indivíduo se recusar a comparecer no Jecrim, será lavrado APF, e não TCO. #Atenção: no crime de porte de drogas para uso pessoal (art. 28, Lei 11. 343/06) → ainda que o autor se recuse a comparecer no Jecrim, será lavrado TCO, uma vez que não é possível impor um título prisional àquele que pratica o crime. AUTOR NÃO PRESTA SOCORRO IMEDIATO NOS CRIMES DO CTB O IP será lavrado mediante APF, considerando uma interpretação a contrário senso do art. 301. Art. 301 . Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. O art. 69 da Lei nº 9.099/95 fala que o termo circunstanciado é lavrado pela “autoridade policial”. Quem é considerado “autoridade policial”? De acordo com o STF, o termo circunstanciado é o instrumento legal que se limita a constatar a ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo, motivo pelo qual não configura atividade investigativae, por via de consequência, NÃO se revela como função privativa de polícia judiciária Assim, o art. 69 da Lei nº 9.099/95 não se refere exclusivamente à polícia judiciária, englobando também as demais autoridades legalmente reconhecidas. Dessa forma, o STF julgou constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos circunstanciados pela polícia militar e pelo corpo de bombeiros militar. Além disso, do ponto de vista formal, de acordo com o art. 24, incisos X e XI, da CF/8835, o Estado possui competência para legislar sobre o tema, pois trata-se de assunto cuja competência é concorrente. [STF. Plenário. ADI 5637/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/3/2022 (Info 1046)]. Ademais, em recente decisão (24/02/2023), o plenário do Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, validou o decreto da Presidência da República que deu competência à Polícia Rodoviária Federal (PRF) para lavrar termo circunstanciado de ocorrência (TCO) de crime federal de menor potencial ofensivo. A questão foi objeto de duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs 6245 e 35 CF/88, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre: (...) X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; 7 6264) julgadas na sessão virtual encerrada em 17/2. As duas ações questionavam o artigo 6º do Decreto 10.073/2019, que autorizava a lavratura do termo. O STF, em uma ação que discutia a inconstitucionalidade dos parágrafos 2º e 3º do art. 48 da Lei 11.343/06, firmou entendimento de que cabe ao magistrado lavrar o TCO no crime de porte ou posse de droga para uso pessoal, tipificado no art. 28 da Lei 11.343/06 e, somente na sua ausência, poderá fazê-lo o delegado. O STF entendeu que a lavratura de termo circunstanciado e a requisição de exames e perícias não são atividades de investigação. [STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 29/06/2020 (Info 986 – clipping)] ESQUEMATIZANDO: Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RO Prova: Delegado de Polícia. Considerando a doutrina e o entendimento do STF, o termo circunstanciado de ocorrência A. refere-se a instrumento legal limitado a constatar a ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo e constitui atividade investigativa. B. constitui instrumento cuja lavratura é função privativa da polícia judiciária. C. deve ser lavrado em caso de crime que envolva violência doméstica ou familiar contra a mulher com pena máxima inferior a dois anos. D. deve ser lavrado em caso de crime de lesão corporal culposa cometido na direção de veículo automotor em que o agente estava sob a influência de álcool. E. pode ser lavrado pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar se houver norma estadual prevendo tal possibilidade. Gab. E. AUTORIDADES COMPETENTES PARA LAVRAR TCO DELEGADO DE POLÍCIA POLÍCIA MILITAR BOMBEIROS MILITARES POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL POLÍCIA RODOVIÁRIA ESTADUAL MAGISTRADO (ART. 28, LEI 11.343) 8 4.3. INQUÉRITO POLICIAL O prof. Leonardo de Barreto Moreira Alves (2021, pág.89) 36 ressalta a importância do inquérito policial explicando que “em um Estado Democrático de Direito, no qual vige o princiṕio da presunção da inocência e o processo é tido sob uma visão garantista, somente sendo possível a aplicação da pena se há́ elementos de prova para tanto, surge o inquérito policial como a principal forma de investigação estatal, tendo como função primordial sustentar e viabilizar o oferecimento da ação penal, garantindo assim a sua justa causa, no sentido de exigência de um suporte probatório mínimo (indícios suficientes de autoria e prova da materialidade do delito)”. 4.3.1. CONCEITO O inquérito policial pode ser conceituado como um procedimento administrativo de natureza inquisitorial, presidido por autoridade policial, que ostenta como finalidade viabilizar a identificação de elementos de informação relacionados a autoria e materialidade delitiva, proporcionando ao titular da ação penal a análise sobre a propositura ou não da ação penal. Corroborando ao exposto, Távora e Alencar (2020), o inquérito policial deve ser compreendido como sendo “procedimento administrativo, preliminar, presidido pelo delegado de polícia, no intuito de identificar o autor do ilícito e os elementos que atestem a sua materialidade (existência), contribuindo para a formação da opinião delitiva do titular da ação penal, ou seja, fornecendo elementos para convencer o titular da ação penal se o processo deve ou não ser deflagrado”. Agregue- se ainda a definição proposta, a característica de que o inquérito policial é um procedimento de cunho inquisitorial. Complementando, preceitua Pedro Coelho37 “o inquérito policial pode ser definido como procedimento administrativo de caráter preparatório e inquisitorial, presidido exclusivamente pela autoridade policial, com a finalidade precípua de coletar elementos de informação acerca da autoria e materialidade de uma infração penal”. - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO: o que significa que o inquérito policial não é PROCESSO, mas sim PROCEDIMENTO. Em não se tratando de processo, mas procedimento, na fase do inquérito policial não há necessidade de observância do contraditório ou da ampla defesa. Nesse sentido, explica Leonardo de Barreto Moreira Alves (2021, pág.89)38 “inquérito policial não é um 36 Sinopse para Concursos. Processo Penal Parte Geral, Leonardo Barreto Moreira Alves, 2021, Editora Juspodivm. 37 Dialógos sobre o Processo Penal/ Pedro Coelho – Salvador: Editora JusPodivm, 2020. 38 Sinopse para Concursos. Processo Penal Parte Geral, Leonardo Barreto Moreira Alves, 2021, Editora Juspodivm. 9 processo. Por conta disso, não há que se falar, em regra, na existência de contraditório nesta etapa, vigendo, pois, um sistema inquisitivo, não existindo participação do agente do delito na produção de provas”. Os vícios oriundos da fase do inquérito policial não são hábeis a anular posterior processo, salvo as chamadas provas ilícitas. Assim, em regra, não há que se falar em contaminação e declaração de nulidade que macule o processo. PRETENSÃO PUNITIVA Investigação Preliminar Fase Judicial Vícios no Inquérito Policial NÃO CONTAMINAM o processo penal subsequente. Exceção: provas ilícitas. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2018 - Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal. Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte. O inquérito instaurado contra José é procedimento de natureza administrativa, cuja finalidade é obter informações a respeito da autoria e da materialidade do delito. Gab. CERTO. Justificativa: O inquérito policial é procedimento administrativo, e não processo. Além disso, possui a finalidade de colher elementos informativos de autoria e materialidade do delito. - PROCEDIMENTO PRELIMINAR (preparatório da ação penal): nos termos do art. 12 do CPP, inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Assim, temos que ele é preparatório da ação penal, na hipótese que servir de base para o ajuizamento desta. Contudo, cumpre destacarmos que o inquérito policial possui a característica de serum procedimento dispensável, o que significa dizer que a ação penal poderá ser proposta sem o IP se já houverem outros elementos comprobatórios da autoria e materialidade do delito. Nesse sentido, preceitua Norberto Avena “o inquérito policial não é imprescindível ao ajuizamento da ação penal. Na medida em que seu conteúdo é meramente informativo, se já dispuserem o Ministério Público (na ação penal pública) ou o ofendido (na ação penal privada) dos elementos necessários ao oferecimento da denúncia ou queixa-crime (indícios de autoria e prova da materialidade do fato), poderá ser dispensado o procedimento policial sem que isto importe qualquer irregularidade (arts. 39, § 5, e 46, § 1º, do CPP). 10 - INQUISITORIAL: não há que se falar em contraditório ou ampla defesa na fase do inquérito policial. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia. Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias constitucionais. No âmbito do inquérito policial, cuja natureza é inquisitiva, não se faz necessária a aplicação plena do princípio do contraditório, conforme a jurisprudência dominante. Gab. CERTO. - PRESIDIDO EXCLUSIVAMENTE PELO DELEGADO DE POLÍCIA: embora a investigação preliminar não seja exclusiva da autoridade policial, podendo outros órgãos proceder a investigação, por exemplo, o Ministério Público através do PIC, a presidência do inquérito policial é atribuição exclusiva do Delegado de Polícia. Somente o Delegado de Polícia tem atribuição para presidir o inquérito policial. Nesse sentido, explica Norberto Avena “a previsão legal de que incumbe ao delegado a condução do inquérito policial não implica a proibição de que outros órgãos realizem investigações criminais, como é o caso do Ministério Público. Destarte, deve a lei ser interpretada no sentido de que a presidência do inquérito policial é incumbência do delegado, e não que a atividade investigatória, em qualquer caso, seja exclusividade absoluta da polícia”. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2009 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: Delegado de Polícia. Nos termos da Constituição Federal, ressalvada a competência da União, incumbem às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Portanto, com as ressalvas constitucionais, cabe à polícia civil conduzir as investigações necessárias, colhendo provas pré-constituídas e formar o inquérito, que servirá de base de sustentação a uma futura ação penal. Acerca do tema inquérito policial, e com fundamento na orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa incorreta. A. Arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. B. Pode o Ministério Público, como titular da ação penal pública, proceder a investigações e presidir o inquérito policial. C. Constitui direito do investigado e do respectivo defensor o acesso aos elementos coligidos no inquérito policial, ainda que este tramite sob segredo de justiça. D. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. E. O inquérito policial é dispensável, já que o Ministério Público pode embasar seu pedido em peças de informação que concretizem justa causa para a denúncia. Gab. B. 11 Justificativa: Atenção, a questão pediu a alternativa incorreta. De fato, o MP pode investigar, contudo a presidência do inquérito policial é exclusiva do Delegado de Polícia, o que torna a assertiva incorreta. ATRIBUIÇÃO DO DELEGADO DE POLÍCIA: presidência do Inquérito Policial. Lei nº. 12.830/2013 Art. 2º. As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. §1º. Ao delegado de polícia, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo, a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais. Embora a atribuição da presidência do inquérito policial seja exclusiva da polícia, existem outros meios de investigação que poderão ser feitos por outro órgão, que não a Polícia Judiciária. (Ex. Ministério Público realiza PIC - Procedimento Investigatório Criminal). §2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. (Desde que respeitada a Cláusula de Reserva de Jurisdição: por expressa previsão constitucional, compete exclusivamente aos órgãos do Poder Judiciário, com total exclusão de qualquer outro órgão estatal, a prática de determinadas restrições a direitos e garantias individuais). (...) §4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia das investigações. - IDENTIFICAR ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO (autor do ilícito e elementos de materialidade do delito): o inquérito policial tem a finalidade de colher elementos informativos. No tocante aos elementos informativos, temos que eles são colhidos na fase do inquérito policial. Diferentemente das provas, que são colhidas na fase do processo. Nesse momento, não há necessidade de observância do contraditório e da ampla defesa. Tem por função corroborar na opinio delicti e serem úteis para a eventual decretação de medidas cautelares. Candidato, o juiz pode fundamentar sua decisão com base apenas nos elementos informativos? Nos termos do art. 155 do CPP, não pode ser se for exclusivamente. O JUIZ NÃO PODE CONDENAR COM BASE APENAS com o que consta no IP, pode utilizá-lo de maneira a complementá- lo. 12 Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2016 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-GO Prova: Agente de Polícia Substituto. A respeito do IP e da instrução criminal, assinale a opção correta. A. O juiz é livre para apreciar as provas e, de acordo com sua convicção íntima, poderá basear a condenação do réu exclusivamente nos elementos informativos colhidos no IP. Gab. ERRADO. Nos termos do art. 155 do Código de Processo Penal, embora o juiz possua liberdade para apreciar as provas, é necessária a motivação, e não poderá proferir condenação com base exclusivamente nos chamados “elementos informativos”. Vejamos a legislação: Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 4.3.2. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL Candidato, qual a natureza jurídica do Inquérito Policial? A natureza jurídica do inquérito policial é ser PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO e não processo, desta forma uma eventual irregularidade não contamina os atos subsequentes, conforme preceitua o STF: 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal estabelece que a suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. Precedentes. 3. É inviável anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada neste Supremo Tribunal, as nulidades processuais concernem tão somente aos defeitos de ordem jurídica pelos quais afetados os atos praticados ao longo da açãopenal condenatória. Precedentes. (RHC 131450, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 03/05/2016). Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág. 252]39: Diante disso, assevera-se que eventuais vícios existentes no inquérito policial não têm o condão de contaminar a futura ação penal ajuizada com base nele. Ou seja, diligências 39 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora JusPodivm,2021. 13 investigatórias que sejam colhidas descumprindo a forma prevista no ordenamento jurídico não repercutem na futura ação penal, não têm como consequência a nulidade do processo. O inquérito policial é um procedimento administrativo, não se trata de processo judicial, bem como, de processo administrativo. Em sendo procedimento administrativo, dele não resulta a imposição direta de uma sanção penal. Conforme apontado acima, uma das consequências da natureza do Inquérito Policial como sendo procedimento administrativo, é de que os vícios constantes do mesmo não contaminam o processo penal que der origem, SALVO na hipótese das chamadas provas ilícitas. Exemplo de irregularidades que não tem o condão de macular a futura ação penal: crimes de competência da justiça estadual sendo investigado pela Polícia Federal. Nesse caso, haverá mera irregularidade. STF: Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos colhidos em inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal considerando que a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei Caso concreto: a Polícia Federal, sob a supervisão do Ministério Público estadual e do Juízo de Direito, conduziu inquérito policial destinado a apurar crimes de competência da Justiça Estadual. Entendeu-se que a Polícia Federal não tinha atribuição para apurar tais delitos considerando que não se enquadravam nas hipóteses do art. 144, § 1º da CF/88 e do art. 1º da Lei nº 10.446/2002. A despeito disso, o STF entendeu que não havia nulidade na ação penal instaurada com base nos elementos informativos colhidos. O fato de os crimes de competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela Polícia Federal não geram nulidade. Isso porque esse procedimento investigatório, presidido por autoridade de Polícia Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo competente) e por membro do Ministério Público estadual (que tinha a atribuição para a causa). O inquérito policial constitui procedimento administrativo, de caráter meramente informativo e não obrigatório à regular instauração do processo-crime, cuja finalidade consiste em subsidiar eventual denúncia a ser apresentada pelo Ministério Público, razão pela qual irregularidades ocorridas não implicam, de regra, nulidade de processo-crime. O art. 5º, LIII, da Constituição Federal, afirma que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Esse dispositivo contempla o chamado “princípio do juiz natural”, princípio esse que não se estende para autoridades policiais, considerando que estas não possuem competência para julgar. Logo, não é possível anular provas ou processos em tramitação com base no argumento de que a Polícia Federal não teria atribuição para investigar os crimes apurados. A desconformidade da atuação da Polícia Federal com as disposições da Lei nº 10.446/2002 e eventuais abusos cometidos por autoridade policial, embora possam implicar responsabilidade no âmbito administrativo ou criminal dos agentes, não podem gerar a nulidade do inquérito ou do processo penal. STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019 (Info 964). Ainda sobre a não contaminação dos vícios do inquérito policial na ação penal subsequente: 14 É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória. STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824). Por outro lado, podemos apontar como irregularidade na fase do inquérito policial que irá macular o futuro processo, a confissão do agente na Delegacia obtida mediante tortura dos agentes públicos. Nesse caso, estamos diante de uma prova ilícita por patente violação a norma de direito material. Não cabe falarmos em mera irregularidade neste segundo caso. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal. Julgue o seguinte item, a respeito de suspeição e impedimento no âmbito do processo penal. O fato de não ser cabível a oposição de exceção de suspeição à autoridade policial na presidência do IP faz, por consequência, que não sejam cabíveis as hipóteses de suspeição em investigação criminal. Gab. ERRADO. Inicialmente, cumpre reafirmarmos que de fato, não é cabível a exceção de suspeição em face da autoridade policial, nos termos do art. 107 do CPP. Contudo, isso não significa que não seja possível a alegação de suspeição, inclusive, o CPP declina que esta deverá ser levantada pelo próprio delegado de polícia, quando ocorrer motivo legal. Nesse sentido, o texto normativo “não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal”. 4.3.3. FUNÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL A função preparatória do inquérito policial, que é a função mais conhecida entre os estudiosos, revela o lastro probatório mínimo necessário para o ajuizamento da ação penal. Dessa forma, temos que a finalidade do inquérito policial é colher elementos de informação a respeito da autoria, materialidade e circunstâncias do crime para subsidiar a opinio delicti. A FUNÇÃO PREPARATÓRIA FUNÇÃO PRESERVADORA O inquérito policial serve para fornecer elementos de informação para que o titular da ação penal forme sua opinio delicti. O inquérito policial inibe ações penais temerárias, evitando imputações criminais infundadas. 15 opinio delicti é a convicção do titular da ação penal de que houve um crime e que um crime foi praticado por determinada pessoa. Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte afirmação: “O inquérito policial é um procedimento preliminar, extrajudicial e preparatório para a ação penal, sendo por isso considerado como a primeira fase da persecutio criminis; é instaurado pela polícia judiciária e tem como finalidade a apuração de infração penal e de sua respectiva autoria”. Vale destacar que o inquérito policial além de ser instrumento unidirecional com função preparatória (para eventual ação penal), possui uma função preservadora da dignidade da pessoa humana e do status de inocência (binômio de função preparatória-preservadora). Conforme ensina o prof. Norberto Avena, a função preservadora do inquérito policial está relacionada ao intuito de evitar imputações infundadas ou levianas. Tal linha de pensamento, ao fim e ao cabo, importa em afastar a clássica função unidirecional da investigação criminal, voltada exclusivamente para a acusação. O inquérito policial também possui uma função preservadora. Fala-se em função preservadora pelo fato de que o inquérito serve como instrumento de inibir a instauração de um processo destituídode elementos de autoria e materialidade, ou seja, um processo temerário. Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág, 234]40: Função preservadora: é a função que assegura que o inquérito servira como filtro contra processos penais temerários, levianos, arbitrários, o que violaria direitos fundamentais colocados em jogo, notadamente a presunção de inocência, o status dignitatis e a dignidade da pessoa humana. Entende-se que o simples ajuizamento da ação penal contra alguém provoca um fardo à pessoa [...], não podendo, pois, ser ato leviano, desprovido de provas e sem um exame pré-constituído da legalidade. Esse mecanismo auxilia a Justiça Criminal a preservar inocentes de acusações injustas e temerárias, garantindo um juízo inaugural de delibação, inclusive para verificar se se trata de fato definido como crime? O inquérito constitui-se assim em um meio de afastar dúvidas e corrigir o prumo da investigação, evitando-se o indesejável erro judiciário [...]. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Em concurso de Delegado de Polícia Civil do Pará (2016), foi apontada como CORRETA a seguinte afirmação: “O inquérito ostenta a função preservadora, consistente em preservar a inocência contra acusações infundadas e o organismo judiciário contra o custo e a inutilidade em que estas redundariam, propiciando sólida base e elementos para a propositura e exercício da ação penal”. 40 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora JusPodivm,2021. 16 4.3.4. FINALIDADE O inquérito policial possui a finalidade de apurar os elementos de informação quanto a autoria e materialidade de uma infração penal. É cediço que após a prática delitiva, surge para o Estado o poder-dever de punir o autor do delito, esse poder-dever constituir-se no chamado jus puniendi. Nesse contexto, o inquérito policial apresenta-se como instrumento disponibilizado ao Estado destinado à colheita de elementos de informação quanto à autoria e à materialidade do delito, viabilizando posterior propositura da ação penal pelo seu titular (seja o Ministério Público ou a vítima/ofendido). O propósito dos elementos de informação colhidos no inquérito policial é fornecer ao titular da ação penal subsídios para o oferecimento da peça acusatória (denúncia ou queixa- crime). Corroborando ao exposto, preceitua Fábio Roque e Klaus Negri (2020): 41 O objetivo do inquérito policial é apurar a existência da infração penal (materialidade) e quem a cometeu (autoria), consoante o art. 4°, CPP. De modo prático, não visa a fornecer os elementos necessários para que o titular da ação penal mova uma ação penal; visa, na verdade, a munir o acusador de elementos para formar o seu convencimento, isto é, a formar a sua opinio delicti, de modo que disso pode ensejar – ou não – uma ação penal. 4.3.5. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO E PROVAS Candidato, muito se destaca sobre a finalidade do inquérito policial ser a de colher elementos de informação, mas o que são esses elementos de informação? São provas? Muita atenção nesse ponto, prezado candidato. É de extrema relevância a distinção entre os chamados elementos de informação e as provas. Desse modo, já podemos afirmar a indagação no sentido de que não, elementos de informação não é sinônimo de provas e devemos vislumbrar de forma pontual a distinção entre eles. Vejamos, inicialmente, o que prevê o Código de Processo Penal: Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 41 Costa, Klaus Negri. Processo penal didático/ Klaus Negri Costa, Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodbm, 3 Ed. rev. Ampl. e atual 2020. 17 Ao analisarmos o teor do art. 155 do CPP, já podemos extrair uma conclusão: enquanto a prova é produzida em contraditório judicial, os elementos informativos (elementos de informação) são colhidos na fase de investigação. Em RESUMO: ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO PROVAS São colhidos na fase investigatória. São produzidas na fase judicial. SALVO, as provas cautelares, irrepetíveis e antecipadas. É desnecessário a observância do contraditório e da ampla defesa. Torna-se imprescindível a observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Atuação excepcional do juiz (cláusula de reserva de jurisdição). Para confecção dos elementos de informação como regra, não será necessária a participação do juiz, salvo nos casos em que durante a investigação se precise vulnerar um direito de intimidade, por exemplo, decretação da interceptação telefônica. Atuação de ofício: Não é cabível atuação de ofício do juiz nessa fase (reforçada pela Lei 13.964/19). O juiz é dotado de iniciativa probatória (subsidiária). Buscam a formação da opinio delicti do titular da ação penal. Além disso, colabora na junção de elementos necessários para a decretação de medidas cautelares (ex. elementos para a fundamentação da decretação da prisão preventiva). Buscam convencer o juiz para posterior sentença. Assim, contemplamos que as provas corroboram para o convencimento do juiz. Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág, 235]42: Elementos de informação: são produzidos na investigação criminal, no intuito de se promover um juizo de probabilidade, não havendo o respeito ao contraditório e à ampla defesa, muito menos à publicidade e à imediatidade, não podendo ser utilizados, via de regra, para a formação do convencimento do juiz e consequente prolação de sentença penal condenatoria. Provas: são produzidas no processo penal, diante de um juiz, com respeito ao contraditório, ampla detesa, publicidade e imediatidade, e pretendem formar o convencimento do juiz, permitindo que este venha a utilizá-la para fins de condenação do réu. 42 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora JusPodivm,2021. 18 Candidato, é possível o magistrado utilizar os elementos informativos para fundamentar sua sentença? Nos termos do art. 155 do CPP, não pode ser se for exclusivamente com base neles, ou seja, não poderá condenar com base apenas nos elementos informativos. O JUIZ NÃO PODE CONDENAR COM BASE APENAS com o que consta no inquérito policial, contudo, pode utilizá-lo de maneira a complementá-lo. Desse modo, contemplamos que o juiz pode se valer dos elementos de informação para fundamentar a sentença condenatória desde que não baseadas exclusivamente nos elementos de informação, conforme preceitua o art. 155 do CP. Nesse sentido, a Jurisprudência: I. Habeas corpus: falta de justa causa: inteligência. 1. A previsão legal de cabimento de habeas corpus quando não houver "justa causa" para a coação alcança tanto a instauração de processo penal, quanto, com maior razão, a condenação, sob pena de contrariar a Constituição. 2. Padece de falta de justa causa a condenação que se funde EXCLUSIVAMENTE em elementos informativos do inquérito policial. II. Garantia do contraditório: inteligência. Ofende a garantia constitucional do contraditório fundar-se a condenação exclusivamente em testemunhos prestados no inquérito policial, sob o pretexto de não se haver provado, em juízo, que tivessem sido obtidos mediante coação. (RE 287658, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 16/09/2003). 4.3.6. ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA Existem várias formas de investigação criminal, o PIC de atribuição do Ministério Público, porexemplo. Contudo, outras autoridades que não seja a autoridade policial não pode instaurar e presidir o inquérito, essa atribuição é única e exclusiva do Delegado. Nesse sentido, o art. Art. 2° § 1° da Lei n. 12.830/2013. Vejamos: Lei 12.830/2013, Art. 2° § 1° Ao DELEGADO DE POLÍCIA, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais. § 2° Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. (...) § 4° O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância 19 dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: Promotor Substituto. Sobre o inquérito policial, controle externo da atividade policial e poder investigatório do Ministério Público, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa incorreta: A. O inquérito policial pode ser instaurado de ofício, por requisição do Ministério Público e a requerimento do ofendido em casos de crime de ação penal pública incondicionada. B. O membro do “Parquet”, com atuação na área de investigação criminal, pode avocar a presidência do inquérito policial, em sede de controle difuso da atividade policial. C. No exercício do controle externo da atividade policial, o membro do “Parquet”, pode requisitar informações, a serem prestadas pela autoridade, acerca de inquérito policial não concluído no prazo legal, bem assim requisitar sua imediata remessa ao Ministério Público ou Poder Judiciário, no estado em que se encontre. D. O membro do Ministério Público pode encaminhar peças de informação em seu poder diretamente ao Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo. E. No inquérito policial, a autoridade policial assegurará o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade e, no procedimento investigatório criminal, os atos e peças, em regra, são públicos. Gab. B. Justificativa: No controle externo da atividade policial que incumbe ao MP, nos termos do art. 129, VII, da CF, não há a possibilidade de avocar inquérito policial, cuja atribuição para presidência é da autoridade policial. Lembre-se, a presidência do inquérito policial é de atribuição exclusiva da autoridade policial. 4.3.7. FUNÇÕES EXERCIDAS PELA POLÍCIA Polícia Administrativa Polícia Judiciária Polícia Investigativa 20 a) Polícia Administrativa, Preventiva ou Ostensiva: é a atividade policial de natureza preventiva, encontra-se atrelada a segurança pública, cujo propósito é de impedir a prática de infrações penais. Denota-se, pois, o seu caráter preventivo. Exemplo: ronda ostensiva realizada pela Polícia Militar. A polícia administrativa previne crimes. b) Polícia Judiciária: é a atividade policial de natureza repressiva, cuja atuação acontece depois que ocorre a prática de uma infração penal. É essa polícia que tem a missão de colher os chamados elementos de informação para subsidiar a futura ação penal. Exemplo: Polícia Civil. A polícia judiciária investiga crimes. Em suma, “é aquela voltada para a investigação criminal, tendo, portanto, caráter repressivo, já que atua após a prática da infração penal, apurando a sua autoria e materialidade” [ALVES, 2021, pág. 236]43. c) Polícia Investigativa: Para parte da doutrina a função de polícia investigativa não é a mesma coisa da função de polícia judiciária, e a primeira não é exclusiva da polícia civil e federal. Temos algumas disposições normativas que asseveram acerca da diferença entre funções investigativas e judiciárias: CF/88 Art. 144, § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - APURAR INFRAÇÕES PENAIS contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; IV - exercer, com exclusividade, as funções de POLÍCIA JUDICIÁRIA da União. Observe que nesse aspecto a polícia judiciária é diferente da polícia investigava, tendo em vista que não teria sentido o legislador fazer tal distinção como vemos no artigo supracitado. Vejamos também o texto da Lei 12.830/2013: Art. 2º As funções de POLÍCIA JUDICIÁRIA e a APURAÇÃO DE INFRAÇÕES PENAIS exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. Súmula Vinculante 14 do STF: Súmula Vinculante 14 STF - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 43 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora JusPodivm,2021. 21 No tocante ao teor da súmula vinculante n. 14, ao analisarmos pontualmente seu texto, vislumbrarmos um primeiro erro – expressão elementos de prova “não há o que se falar elementos de prova, em âmbito de investigação temos os chamados elementos de informação”, enquanto no âmbito processual temos a prova propriamente (elementos de prova tecnicamente não existe). Posteriormente cumpre destacar a expressão “competência” (deveria ser atribuição ou função) de polícia judiciária, também é um termo que tecnicamente equivocado, competência é atrelado a função jurisdicional. De qualquer forma, apesar dos erros, a súmula traz uma ideia de não diferenciação de polícia investigativa e judiciária. Desta feita, podemos concluir acerca deste tema, que com relação a função de polícia investigativa e judiciária é possível que sejam tratadas de forma divergente, bem como, de forma sinônima. 4.3.8. VALOR PROBATÓRIO E VÍCIOS NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL Candidato, qual o valor probatório do Inquérito Policial? O inquérito policial TEM VALOR PROBATÓRIO RELATIVO, o que significa dizer que os elementos informativos colhidos nessa fase, não são hábeis a fundamentar uma sentença condenatória, por si só, isso porque esses elementos informativos não foram submetidos ao contraditório e a ampla defesa. O valor probatório do inquérito policial é relativo, no sentido de que ele, por si só, não pode ser utilizado para a formação do convencimento do juiz e consequente prolação de sentença penal condenatória. E que os elementos informativos da investigação são produzidos sem a observância do contraditório e da ampla defesa, ou seja, de forma unilateral, a partir de determinações emanadas do delegado de polícia, sem envolvimento direto e efetivo do investigado e do Ministério Público44. Dessa forma, temos que o valor probatório do inquérito policial é relativo. Os elementos produzidos na fase inquisitorial não estão sujeitos ao contraditório e à ampla defesa. Quando se fala de inquérito policial, é preciso lembrar que o inquérito policial por si só não produz provas. Prova é um elemento que demonstra determinado fato, mas que está sujeito ao contraditório e à ampla defesa. Ou seja, é quando o titular da ação penal produz um elemento mostrando que um fato ocorreu e que foi praticado por determinadapessoa, mas aquele que é imputado pode contraditar, pode se defender daquilo que está sendo demonstrado. 44 Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora JusPodivm,2021. 22 No inquérito policial, em regra, não há provas, há elementos de informação. Quando o delegado de polícia descobre algum fato no âmbito do inquérito policial, ele está descobrindo um elemento de informação. CPP, Art. 155. “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.” É possível, durante o inquérito policial, a produção de provas. Mas no caso dessas provas não há que se falar em contraditório real, mas apenas em contraditório diferido. a) Provas cautelares: produzidas no momento anterior à ação penal, e que precisam ser produzidas naquele momento, pois serão utilizadas posteriormente na ação penal, e se não for produzida não terá como dar prosseguimento as investigações, pois há um risco de perecimento. Exemplo: Interceptação telefônica. b) Provas não repetíveis: eventualmente podem vir a se perder se não forem produzidas em um momento específico. Exemplo: exame de corpo de delito em vítima do crime de lesão corporal. No caso as marcas corporais podem vir a se perder se não forem registradas c) Provas antecipadas: produzidas antes mesmo da ação penal. São aquelas produzidas perante o juiz, antes do momento adequad, ou seja, em momento processual distinto do previsto. Exemplo: Testemunha com 89 anos de idade com COVID-19, a chance dessa testemunha vir a falecer é alta, então o juiz determina a colheita do depoimento antecipadamente [art. 225 do CPP]. Em RESUMO: PROVAS CAUTELARES PROVAS IRREPETÍVEIS PROVAS ANTECIPADAS São aquelas que sofrem risco de perecimento; São aquelas que uma vez realizadas não poderão ser refeitas; São aquelas produzidas perante o juiz, antes do momento adequado; Ex.: Interceptação telefônica; Ex.: Exame de corpo de delito em vítima de agressão. Ex.: Interrogatório de testemunha em estado terminal. Dependem de autorização judicial; Não dependem de autorização judicial; Dependem de autorização judicial; Possuem contraditório postergado ou diferido. Possuem contraditório postergado ou diferido. Possuem contraditório real. CPP Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. 23 Polícia judiciária: Polícias Civis e Polícia Federal. É a polícia que auxilia o Poder Judiciário para as futuras ações penais e para a persecução penal. São instituições comandadas por um delegado de polícia. Obs.: o mero fato de um delegado de polícia de determinada localidade investigar um crime praticado em outra localidade não gera irregularidade. Todas as provas produzidas, desde que lícitas, serão válidas e ensejarão provas no âmbito da ação penal. Candidato, caso um delegado de Polícia Civil investigue um crime de competência da Justiça Federal que, em tese, deveria ser investigado pela Polícia Federal, haverá algum vício? Pode-se falar que há uma irregularidade, mas essa mera irregularidade não gerará qualquer sanção processual. Os elementos e as provas colhidas por esse delegado de Polícia Civil serão válidas e não vão macular a ação penal, ainda que essa ação penal seja de competência da Justiça Federal. Sobre o tema, vejamos o informativo do STJ: A ausência de afirmação da autoridade policial de sua própria suspeição não eiva de nulidade o processo judicial, por si só, sendo necessária a demonstração do prejuízo suportado pelo réu. Caso concreto: após a condenação, a defesa do réu descobriu que um dos Delegados que participou das investigações – conduzidas pelo Ministério Público – seria suspeito já que seu pai também teria envolvimento com a organização criminosa. Logo, o Delegado deveria ter se declarado suspeito, nos termos do art. 107 do CPP: “Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. ” Para o STJ, contudo, o descumprimento do art. 107 do CPP - quando a autoridade policial deixa de afirmar sua própria suspeição - não gera, por si só, a nulidade do processo judicial, sendo necessária a demonstração do prejuízo suportado pelo réu. O inquérito é uma peça de informação, destinada a auxiliar a construção da opinio delicti do MP. Vale ressaltar, inclusive, que o inquérito é uma peça facultativa. Logo, possíveis irregularidades ocorridas no inquérito policial não afetam a ação penal. No caso concreto, dentre as provas que fundamentaram a condenação do réu, apenas a interceptação telefônica foi realizada com a participação do Delegado suspeito. A defesa, contudo, não se insurgiu contra o conteúdo material das conversas gravadas nem indicou que seriam falsas. Assim, como não foi demonstrado qualquer prejuízo causado pela suspeição, é inviável decretação de nulidade da condenação. STJ. 5ª Turma. REsp 1942942-RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/08/2021 (Info 704). 4.3.9. NATUREZA DO CRIME E ATRIBUIÇÃO PARA AS INVESTIGAÇÕES Nos crimes militares de competência da Justiça Militar da União, a atribuição para presidir a investigação será de um oficial denominado “encarregado”, que será pertencente a mesma força armada e via de regra terá uma patente maior que a do investigado. 24 Da mesma forma, nos crimes militares de competência da Justiça Militar do Estado, a atribuição para presidir a investigação será de um oficial denominado “encarregado”, que será pertencente a mesma força armada e via de regra terá uma patente maior que a do investigado. Nos crimes eleitorais via de regra a atribuição para investigação será da Polícia Federal, considerando o interesse direto da União. No entanto existe uma exceção pacificada no TSE, nos locais em que não houver sede da polícia federal, os crimes serão investigados pela polícia civil. Dessa forma, contemplamos que a atribuição da PF não excluirá a atribuição subsidiária da polícia civil estadual, na hipótese de município em que não haja órgão da Polícia Federal. Habeas corpus. Oferecimento. Denúncia. Ausência. Pronunciamento. Autoridade Judiciária. TRE. Crime eleitoral. Possibilidade. Investigá-lo. Polícia estadual. Ausência. Órgão da Polícia Federal. Art. 290 do Código Eleitoral. Na investigação de crime eleitoral, não há óbice para a atuação da polícia estadual quando no local do crime não existir órgão da Polícia Federal. Ausência de constrangimento ilegal do paciente, em razão de oferecimento da denúncia, quando presentes a tipicidade da conduta e indícios de autoria. O processo de habeas corpus não admite o exame aprofundado das provas. Nesse entendimento, o Tribunal indeferiu o habeas corpus. Unânime. Habeas Corpus n 439/SP, rel. Min. Carlos Velloso, em 15.5.2003. Nos crimes de competência da justiça estadual, as investigações serão atribuição da polícia civil. Contudo, cumpre destacarmos que nesse caso, é possível ainda a atuação da polícia federal (art. 144, par. 1º, I da CF/88). Nos crimes de competência da justiça federal (art. 144, par. 1º, I da CF/88) há uma exceção. A atribuição de investigação da polícia federal é maior que a competência dos crimes da justiça federal, de forma que existem situações de crimes de competência da justiça estadual, mas que são investigados pela políciafederal, desde que presentes dois requisitos cumulativos: (i) Repercussão Interestadual ou Internacional e (ii) Exigir Repressão Uniforme, conforme dispuser lei específica. (Lei 10.446/2002). Trata-se de um rol exemplificativo prioritário (deve se tomar cuidado na hora de se ampliar o rol). Desta forma se estiver presente crime do rol do art. 1º da Lei 10.446/2002 e estiver presente a repercussão interestadual ou internacional e exigir repressão uniforme, a polícia federal sem qualquer outra condicionante pode instaurar a investigação. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-ES Prova: Delegado de Polícia. Em relação ao inquérito policial, assinale a opção correta. 25 A. Havendo repercussão interestadual que exija repressão uniforme, o delegado da Polícia Federal poderá apurar crimes cuja apuração seja de competência da justiça estadual, não havendo mácula apta a invalidar a produção de provas. B. O delegado de polícia não pode presidir nem instaurar inquérito policial para apurar crime ocorrido fora de sua circunscrição territorial, pois o lugar de consumação do delito é o que define a atribuição da polícia investigativa, em nome do princípio do delegado natural. C. Se, no curso de investigações policiais presididas por delegado de polícia civil estadual, sobrevier a federalização do crime, deverá ser mantida a atribuição da polícia civil estadual, uma vez que esta não está subordinada à Polícia Federal e não há, no ordenamento jurídico brasileiro, a possibilidade de instauração do incidente de deslocamento de competência no curso do inquérito. D. O prazo para o delegado de polícia civil concluir o inquérito policial é de trinta dias, se o indiciado estiver solto, configurando constrangimento ilegal a superação desse prazo sem autorização judicial, por se tratar de prazo próprio. E. Ainda que haja motivo de interesse público, o chefe de polícia civil não pode avocar nem redistribuir o inquérito policial, uma vez que a regra dos atos administrativos não se aplica no âmbito da investigação policial. Gab. A. Cumpre ressaltarmos que o parágrafo único deste artigo traz que se for outro crime que não previsto no rol exemplificativo e presentes os dois requisitos cumulativos podem ensejar a atuação investigativa da polícia federal, desde que autorizadas pelo ministro da justiça. Art. 1º Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais: I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima; II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990); III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação. (Antiga quadrilha ou bando, agora associação criminosa). V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal). (Incluído pela Lei nº 12.894, de 2013). 26 VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da Federação. (Incluído pela Lei nº 13.124, de 2015). VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres. (Incluído pela Lei nº 13.642, de 2018). Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça. Em RESUMO: CRIMES MILITARES Polícia Judiciária Militar. Encarregado. CRIMES ELEITORAIS Polícia Federal. Subsidiariamente, a polícia civil Estadual. CRIMES ESTADUAIS Polícia Civil. Excepcionalmente, Polícia Federal. CRIMES FEDERAIS Polícia Federal. 4.3.10. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL A. Procedimento Escrito: nos moldes do art. 9° do CPP, as peças do inquérito serão reduzidas a escrito. Desse modo, temos que a forma escrita é que será adotada e prevalecerá na elaboração do inquérito policial, leia-se, na formalização das investigações. E os atos praticados de forma oral? Entende-se que esses deverão ser reduzidos a termo e, neste caso, rubricadas pela CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL Escrito Dispensável Sigiloso InquisitorialDiscricionário e Indisponível Temporário Oficiosidade e Oficialidade 27 autoridade policial. Corroborando ao exposto Norberto Avena45 “todos os atos realizados no curso das investigações policiais serão formalizados de forma escrita e rubricados pela autoridade, incluindo-se, nesta regra, depoimentos, testemunhos, reconhecimentos, acareações e todo gênero de diligências que sejam realizadas”. Vejamos o dispositivo legal: Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. B. Dispensabilidade: na eventual hipótese de o titular da ação penal já contar com elementos de informação suficientes para subsidiar a futura ação penal, o inquérito policial poderá ser dispensado. Nesse sentido, vejamos o texto normativo: Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Interpretando o teor do art. 12 do CPP em sentido contrário, podemos concluir que se não servir de base para denúncia ou queixa, será dispensado. Contudo, se servir de base, deverá acompanhar a peça (denúncia ou queixa-crime). Nessa mesma linha, dispõe o art. Art. 39 § 5° do CPP: Art. 39, § 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte afirmação quanto a dispensabilidade do inquérito policial: “A instauração de inquérito policial não é imprescindível à propositura da ação penal pública, podendo o Ministério Público valer-se de outros elementos de prova para formar sua convicção”. Obs.: Existe uma doutrina minoritária, uma corrente doutrinária, que entende que o inquérito policial é indispensável. Como a maior parte das ações penais são precedidas de inquérito policial, essa corrente defende que a regra é a prévia realização de um inquérito policial e apenas excepcionalmente não haveria um inquérito policial prévio e, portanto, o inquérito policial seria indispensável. Nesse sentido, explica Leonardo Barreto (2021, pág. 255): 45 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual.e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. 28 Há posição (minoritária) na doutrina sustentando que o inquérito policial seria indispensável. Sem dúvida alguma, Henrique Hoffmann é o maior defensor desta ideia. Para este brilhante autor, dentre outros argumentos relevantes, observa-se que “nos crimes de ação penal publica incondicionada (que são a maioria), a regra é a obrigatoriedade de instauração do inquérito policial, e esse procedimento deve acompanhar a peça acusatória sempre que servir de suporte à acusação, daí porque a regra é a indispensabilidade, sendo a dispensabilidade uma exceção que por isso não pode ser erigida à característica do instituto”. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2017 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: Promotor de Justiça Substituto. Assinale a alternativa correta. A. O inquérito policial, por ser peça informativa, é dispensável para a propositura da ação penal, mas sempre acompanhará a inicial acusatória quando servir de base para a denúncia ou a queixa. B. A autoridade policial poderá, a seu critério e em qualquer hipótese, nos termos do artigo 7º do Código de Processo Penal, determinar a reprodução simulada dos fatos com as participações obrigatórias do indiciado e do ofendido. C. Os elementos informativos do inquérito policial servem de base para o oferecimento da denúncia, mas não podem ser considerados para o reconhecimento da procedência ou não da ação penal. D. O arquivamento do inquérito policial se dá por decisão judicial e impede que a autoridade policial, de ofício, proceda a novas investigações. E. Nos crimes que dependem de representação, a autoridade policial só poderá instaurar inquérito policial em razão de iniciativa formal do ofendido, seu representante legal ou de procurador com poderes especiais. Gab. A. Justificativa: A alternativa foi elaborada de acordo com o art. 12 do CPP, que prevê que o inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. A “contrario sensu”, quando não servir de base, será dispensável, não precisando acompanhar. C. Procedimento Sigiloso: A regra geral é a de que o inquérito policial seja sigiloso, tendo em vista a possibilidade da coleta de mais elementos de informação e garantia da eficácia das diligências empreendidas no inquérito policial, vejamos o texto normativo: Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Dessa forma, ao contrário do que ocorre em relação ao processo criminal, que se rege pelo princípio da publicidade (salvo exceções legais), no inquérito policial é possível resguardar sigilo durante a sua realização. O sigilo na fase do inquérito policial mostra-se necessário para garantia da própria eficácia das investigações, posto que a sua publicação acabaria por prejudicar a própria medida, basta pensarmos, 29 por exemplo, que o investigado tivesse conhecimento que em face dele teria sido decretada a interceptação telefônica, com toda certeza, não seriam colhidas as conversas necessárias. Cumpre ressaltarmos, esse sigilo não é oposto em face de todos os envolvidos na relação processual penal. Conforme explica o prof. Norberto Avena, “o sigilo não alcança o juiz e o Ministério Público. Não alcança, também, o advogado que, por força do art. 7, XIV, Estatuto da OAB, tem o direito de examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração (salvo nas hipóteses de sigilo formalmente decretado, caso em que o instrumento procuratório é necessário, nos termos do art. 7, § 10, do EOAB), autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos em meio físico ou digital, estabelecendo, ainda, a Súmula Vinculante 14 do STF”. Nessa esteira, vejamos o teor da Súmula: Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, JÁ DOCUMENTADOS em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. O acesso está restrito as diligências JÁ DOCUMENTADAS, e não aquelas ainda em andamento. Cumpre ressaltarmos que essa súmula não instituiu o contraditório e/ou ampla defesa no âmbito do inquérito policial, simplesmente criou, leia-se, reafirmou o direito de acesso da defesa aos documentos que já foram documentados. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RJ Prova: Delegado de Polícia. Assinale a opção correta, acerca de inquérito policial. A. A autoridade policial que preside o inquérito policial para apurar crime de ação penal pública pode, fundamentadamente, decidir sobre a conveniência e(ou) oportunidade de diligências requisitadas pelo Ministério Público. B. O inquérito policial, consoante o princípio da oficialidade, poderá ser instaurado apenas de ofício pela autoridade policial ou mediante requisição do Ministério Público. C. Com base em denúncia anônima de fato criminoso, a autoridade policial pode, independentemente de apuração prévia, instaurar inquérito policial com fundamento exclusivo naquela informação anônima. D. Não se permite ao indiciado qualquer tipo de intervenção probatória durante o inquérito policial. E. O investigado deve ter acesso a todos os elementos já documentados nos autos do inquérito policial, ressalvadas as diligências em andamento cuja eficácia dependa do sigilo. Gab. E. 30 Nos termos da Súmula Vinculante 14, restringe-se aos elementos de prova já documentados, e não a todos e quaisquer documentos, ante a premente possibilidade de atrapalhar as próprias investigações. Nesse sentido, vejamos o teor da súmula: Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte afirmação: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2013 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: Promotor de Justiça. Sobre o inquérito policial, assinale a alternativa correta: A. ainda existe, em casos excepcionais e previstos em lei, a figura do curador para indiciados menores de vinte e um anos. B. o sigilo possui dupla função: garantista no sentido de preservar o investigado e utilitarista de assegurar a eficácia da investigação. C. nos crimes relacionados ao tráfico de drogas (Lei n. 11.343/06), fixou-se o prazo de conclusão do inquérito em 30 dias para o réu preso e 60 dias para réus soltos, podendo haver duplicação pelo juiz mediante pedido justificado. D. a polícia civil não exerce funções de polícia administrativa. Gab. B. Justificativa: É o que decorre do CPP: Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Acesso dos autos do Inquérito Policial pelo Advogado Candidato, para que o advogado/defensor tenha acesso aos autos do inquérito policial é necessária procuração? Em regra, não. Qualquer advogado/defensor tem direito a ter acesso a autos de inquérito policial. A exceção fica por conta de inquéritos policiais que corram em segredo de justiça ou atos investigatórios que contenhaminformações sigilosas. Vejamos: Estatuto da OAB, Art. 7º – São direitos do advogado: XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, MESMO SEM PROCURAÇÃO, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. 31 §10º. NOS AUTOS SUJEITOS A SIGILO, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos que trata o inciso XIV. Candidato, diante de depoimento colhido de uma testemunha, deve a autoridade policial promover a juntada imediata do documento? Ou poderia promover a juntada posterior deste depoimento, com a finalidade de assegurar seu sigilo? A regra é a juntada imediata. Entretanto, conforme o art. 20 do CPP, cabe à autoridade policial assegurar “no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. ” Assim, excepcionalmente, poderá o delegado promover a juntada posterior do depoimento sem incorrer em qualquer ilegalidade, observado o princípio da proporcionalidade. Autorização Judicial prévia – acesso aos autos do IP Candidato, para que o advogado tenha acesso aos autos do IP, é necessária autorização judicial prévia? Em regra, não há necessidade de autorização judicial prévia para que o advogado tenha acesso dos autos do IP. Contudo, existe uma exceção prevista ao teor do art. 23, da Lei nº 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosa): Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. Em RESUMO: Investigação SEM sigilo Investigação COM sigilo Investigação que apura ORCRIM com SIGILO decretado QUALQUER advogado pode acessar os autos; apenas advogado com PROCURAÇÃO pode acessar os autos; o defensor terá acesso aos autos apenas com AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. D. Procedimento Inquisitorial: nesta fase não há necessidade de observância do contraditório e da ampla defesa. Não existe contraditório ou ampla defesa no curso do inquérito policial. Além disso, eventuais irregularidades não contaminam eventual processo futuro. Nas lições de Norberto Avena (2020, pág. 164), “salvo na hipótese de inquérito instaurado pela polícia federal visando à expulsão do estrangeiro, não são inerentes à sindicância policial as garantias do contraditório e da ampla defesa”. 32 Trata-se o inquérito, assim, de um procedimento inquisitivo, voltado, precipuamente, à obtenção de elementos que sirvam de suporte ao oferecimento de denúncia ou de queixa-crime (função preparatória do inquérito). Observação: Existe uma exceção à ausência de contraditório: o inquérito policial que tem como objetivo a expulsão de estrangeiro. Neste, há uma série de procedimentos a serem adotados, bem como prazo para apresentação de defesa pelo expulsando e seu defensor. Entretanto, a nova lei de migração (Lei n. 13.445/2017) denomina este inquérito de PROCESSO DE EXPULSÃO e explicita: “Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla defesa.” Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia. Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias constitucionais. No âmbito do inquérito policial, cuja natureza é inquisitiva, não se faz necessária a aplicação plena do princípio do contraditório, conforme a jurisprudência dominante. Gab. CERTO. O entendimento do STJ é de que é inaplicável o princípio do contraditório tendo em vista que o inquérito possui apenas natureza administrativa: HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DO RECURSO PRÓPRIO. NÃO RECONHECIMENTO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. INQUÉRITO POLICIAL. INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. FASE PRÉ- PROCESSUAL. NATUREZA MERAMENTE INFORMATIVA. EXUMAÇÃO DE CADÁVER. AUSÊNCIA DE PRAZO HÁBIL PARA REQUERER NOMEAÇÃO DE ASSISTENTE TÉCNICO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. AUSÊNCIA DE PATENTE ILEGALIDADE. Precedentes. III – inaplicável o princípio do contraditório na fase inquisitorial, porquanto essa possui natureza administrativa, destinando-se a prover elementos informativos ao responsável pela Acusação, que lhe permitam oferecer a denúncia. Precedentes. IV- Impossibilidade desta Corte aprofundar o exame do conjunto fático- probatório, sobretudo na via estreita do writ. (STJ HC 212494 SC 2011/01573769, Relator: Ministra Regina Helena da Costa, Data de julgamento: 08/05/2014, T5 – quinta turma, Data de Publicação DJe 14/05/2014.) E. Procedimento Discricionário: por se tratar de procedimento administrativo (e não processo), o inquérito policial não tem o rigor procedimental da persecução em juízo. 33 Desse modo, o delegado de polícia conduz as investigações da forma que melhor se apresenta e mostra-se necessária. Nessa esteira, existe um rol não taxativo nos art. 6º e 7º do CPP de diligências previstas para serem cumpridas. Destaca-se, porém, que essas diligências não são vinculantes, obrigatórias, e o delegado pode verificar quais serão necessárias, bem como, poderá também realizar alguma que não esteja prevista. Inobstante a regra da não obrigatoriedade de diligências pré- estipuladas, o Ordenamento Jurídico comporta uma exceção, qual seja, a realização do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios. Por todo o exposto, contemplamos que dizer que o inquérito policial goza da característica da discricionariedade significa que a autoridade policial possui liberdade de atuação dentro dos parâmetros legais que lhe são conferidos. Não há que se falar em procedimento rígido de observância obrigatória. Sobre o tema, discorre Norberto Avena46, “a persecução, no inquérito policial, concentra-se na figura do delegado de polícia, que, por isso mesmo, pode determinar ou postular, com discricionariedade, todas as diligências que julgar necessárias ao esclarecimento dos fatos. Enfim, uma vez instaurado o inquérito, possui a autoridade policial liberdade para decidir acerca das providências pertinentes ao êxito da investigação. Isso quer dizer que, no início da investigação e no seu curso, cabe ao delegado proceder ao que tem sido chamado pela doutrina de juízo de prognose, a partir do qual decidirá quais providências são necessárias para elucidar a infração penal investigada”. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos? Em concurso de Delegado de Polícia Civil de Goiás (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte afirmação: “No que diz respeito ao inquérito policial, o ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade”. NÃO POSSO IR PARA A PROVA SEM LEMBRAR DA EXCECÃO: A discricionariedade como característica do inquérito policial não é de natureza absoluta, leia- se, o Ordenamento Jurídico Brasileiro contempla exceções, ou seja, situação na qual a realização de determinadas diligências será de realização obrigatória. Exemplo: realização do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios. Diante do exposto, contemplamos que não caberá a Autoridade Policial o indeferimento das diligências de natureza relevante, como é o caso do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios. Contudo, aqueles requerimentos que se tratar meramente de diligências impertinentes e protelatórias, poderão ser indeferidos. 46 Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena.
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