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FACULDADE UNYLEYA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ISLA SAMARA SILVA MEDEIROS ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO RIO BRANCO - ACRE 2021 ISLA SAMARA SILVA MEDEIROS ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade Unyleya, Curso de Pós Graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho, para obtenção do Título de Engenheira de Segurança do Trabalho. Orientador: Prof MsC Luis Antônio dos Santos. Rio Branco - Acre 2021 ISLA SAMARA SILVA MEDEIROS ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade Unyleya, Curso de Pós Graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho, para obtenção do Título de Engenheira de Segurança do Trabalho. Orientador: Prof MsC Luis Antônio dos Santos. Aprovado pelos membros da banca examinador em: ___ / ___ /2021 BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ ________________________________________________ Rio Branco - Acre 2021 LISTA DE ILUSTRAÇÃO Figura 1 – Exemplo prático da antropometria na postura sentada.................... 29 Figura 2 – Exemplo prático da antropometria na postura em pé ...................... 29 ABREVIATURAS E SIGLAS QVT – Qualidade de Vida do Trabalhador NR – 17 – Norma Regulamentadora n°17 MTE – Ministério do Trabalho e do Emprego ABQV – Associação Brasileira de Qualidade de Vida DORT’s – Distúrbios Osteomusculares relacionado ao trabalho LER – Lesão por Esforço Repetitivo NBR – Norma Brasileira INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia Db/ Db(a) - Decibel EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual RESUMO O presente trabalho apresenta a função da ergonomia no ambiente de trabalho, mostrando sua importância na qualidade de vida do trabalhador (QVT) e enumerando todos os seus benefícios. Mostra que através das análises e estudos feitos não só no ambiente laboral mas também nas características individuais de cada colaborador é possível humanizar o trabalho das organizações, desde que as práticas sejam aplicadas de forma correta e seguindo as normas e leis que se aplicam à ergonomia. No trabalho são mostradas algumas doenças ocupacionais, como agir na prevenção e como cada setor de trabalho pode se adaptar para oferecer conforto, segurança e bem estar à seus colaboradores. Explana também as vantagens que o empregador tem ao implantar as práticas ergonômicas na sua empresa. Afinal trabalhador seguro e motivado produz mais e de forma mais eficiente, aumentando consequentemente a produtividade e lucratividade de sua empresa. Palavras-chaves: Ergonomia, Qualidade de vida, Ambiente de Trabalho ABSTRACT The present work presents the function of ergonomics in the work environment, showing its importance in the worker's quality of life (QWL) and listing all its benefits. It shows that through the analyzes and studies carried out not only in the work environment but also in the individual characteristics of each employee, it is possible to humanize the work of organizations, as long as the practices are applied correctly and following the rules and laws that apply to ergonomics. At work, some occupational diseases are shown, how to act in prevention and how each sector of work can adapt to offer comfort, safety and well-being to its employees. It also explains the advantages that the employer has when implementing ergonomic practices in your company. After all, a safe and motivated worker produces more and more efficiently, consequently increasing the productivity and profitability of your company. Keyword: Ergonomics, Quality of life, Work Environment SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12 1.1. JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 14 1.2. OBJETIVOS ................................................................................................. 15 1.2.1. Objetivo geral......................................................................................... 15 1.2.2. Objetivos específicos ............................................................................. 15 2. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) ................................................. 16 3. ERGONOMIA ..................................................................................................... 18 3.1. OBJETIVOS DA ERGONOMIA .................................................................... 19 3.2. TIPOS DE ERGONOMIA ............................................................................. 20 3.3. NORMA REGULAMENTADORA 17 – NR-17 .............................................. 21 3.4. A IMPORTÂNCIA E OS BENEFÍCIOS DA ERGONOMIA NO TRABALHO . 22 4. ERGONOMIA NA SAÚDE DO TRABALHADOR .............................................. 24 5. A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA NO AUMENTO DE PRODUTIVIDADE ... 25 6. A ANTROPOMETRIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA ERGONOMIA ................ 28 7. PROJETO ERGONÔMICO NO AMBIENTE DE TRABALHO ........................... 30 7.1. POSTO DE TRABALHO .............................................................................. 30 7.2. MOBILIÁRIO ................................................................................................ 31 7.3. TEMPERATURA .......................................................................................... 33 7.4. ILUMINAÇÃO ............................................................................................... 33 7.5. RUÍDO .......................................................................................................... 34 8. ERGONOMIA APLICADA EM DETERMINADOS SETORES ........................... 36 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 38 10. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 40 12 1. INTRODUÇÃO Nos dias atuais a maioria das pessoas têm passado a maior parte do seu tempo no seu ambiente de trabalho. Esse é um lugar onde as pessoas devem se sentir bem, confortáveis e estimuladas. Infelizmente nem sempre acontece, acarretando possíveis danos à saúde do trabalhador, além de prejudicar o desenvolvimento da empresa, pois resultará em trabalhadores desmotivados e com falta de concentração, entre outras coisas. Pensando nesse contexto pode-se observar que cada vez mais o estudo da ergonomia tem tido uma grande relevância para as mudanças e busca de uma melhor Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), tendo como foco a adaptação do trabalho ao homem, buscando entender que as condições adequadas de trabalho são de grande importância para qualidade dos serviços executados e principalmente para o bem estar dos trabalhadores. A ergonomia nada mais é que um conjunto de procedimentos e normas que buscam além de prevenir possíveis doenças ocupacionais, buscam estudar e entender cada ambiente de trabalho, para que haja uma boa interação entre o serviço em questão e o homem que o executa, ou seja, o objetivo da ergonomia é organizar as relações entre o homem e todo o ambiente laboral, com seus equipamentos e máquinas, atuando nas condições dos espaços físicos, organizando todo o processo corporativo, priorizandosempre a preservação das capacidades físicas e psicológicas do colaborador. Essas normas e procedimentos ergonômicos cumprem esse papel de prevenção se aplicadas de forma responsável e adequada, possibilitando que o trabalhador possa realizar determinada atividade adequando os recurso e o ambiente laboral a seu favor, adaptando as ferramentas às capacidades fisiológicas, psicológicas, antropométricas e biomecânicas do homem. Quando as organizações começam a colocar em prática as normas de ergonomia, com o objetivo de atingir a qualidade de vida no trabalho, começam a perceber uma melhoria na produtividade do trabalho, motivação e melhor comprometimento dos trabalhadores, o fortalecimento do trabalho em equipe, ou seja, 13 trabalhadores motivados, produzem mais e melhor, resultando em um maior ganho, inclusive financeiro. Levando em consideração essa importância do estudo da ergonomia para a QVT, foi escolhido esse tema para a realização do presente trabalho. Este estudo irá abordar a importância das organizações das empresas e os benefícios que traz para o desenvolvimento da mesma e principalmente o impacto que traz para a saúde e bem estar dos colaboradores, o que reflete no sucesso e bom rendimento da empresa. Para isso iremos abordar primeiramente o conceito de qualidade de vida no trabalho, para em seguida nos aprofundarmos o eixo ergonômico para entendermos melhor a importância, os conceitos, normas e procedimentos, e observarmos como a ergonomia está diretamente ligada a essa qualidade de vida no trabalho. 14 1.1. JUSTIFICATIVA No decorrer da história da humanidade, a ergonomia foi aplicada pelo homem no intuito de melhorar as condições de trabalho existentes. A escolha do tema se deu por acreditar na necessidade de destacar o estudo da ergonomia relacionado a Qualidade de Vida no Trabalho, dentro das empresas e contribuir para o aprofundamento teórico do assunto em questão, tendo em vista que a ergonomia é uma das principais vertentes para a saúde ocupacional e, felizmente, vem ganhando cada vez mais terreno nos últimos anos. Nesse estudo será abordado a importância da qualidade de vida dentro das organizações, bem como apresentará os benefícios que a sua implementação trará tanto para a empresa quanto para o colaborador. Para o desenvolvimento do mesmo foram realizadas consultas prévias em diversas bibliografias relacionadas ao tema, encontradas em sites da internet e em acervos pessoais. 15 1.2. OBJETIVOS 1.2.1. Objetivo geral O objetivo da pesquisa é mostrar não só a importância da aplicação da ergonomia, bem como mostrar o impacto positivo que o uso da mesma terá nos resultados pretendidos de cada empresa. 1.2.2. Objetivos específicos • Relacionar os ganhos e benefícios que a implantação da ergonomia aplicada no programa de qualidade de vida no trabalho trazem para as empresas; • Apresentar as normas que regem os princípios da ergonomia, que estão dispostas na Norma Regulamentadora 17 (NR17), disposta pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE); • Apresentar de forma geral, soluções para a melhoria dos ambientes de trabalho das empresas, baseadas na NR17. 16 2. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) A implantação de programas de qualidade de vida no trabalho é de fundamental importância para as empresas, tendo em vista, que a qualidade de vida do trabalhador está intimamente relacionada ao seu rendimento de serviço, já que o QVT está relacionado aos conjuntos de conceitos do bem-estar físico, mental e social, que interfere diretamente com o desenvolvimento profissional dos trabalhadores. Antes de qualquer coisa é importante conhecer o conceito básico de Qualidade de Vida no trabalho. Segundo Fernandes (1996, p.45), a QVT pode ser considerada como “uma gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, sociológicos, psicológicos e tecnológicos da organização do próprio trabalho, que afetam a cultura e interferem no clima organizacional refletindo na produtividade e na satisfação dos clientes internos”. De acordo com Limongi-França (2004), “a QVT é um conjunto de ações que envolve diagnostico e implantação de melhorias e inovação gerenciais, tecnológicas e estruturais.” Para ele, quanto melhor for a condição de trabalho para o colaborador, melhor, mais produtiva e eficiente será a organização de trabalho da empresa, levando desse modo a resultados mais satisfatório. Outro ponto importante a saber é que na década de 50 que começaram a surgir os primeiros estudos relacionados a Qualidade de Vida no Trabalho, Segundo Huse e Cummings (1985). Esses estudos buscavam fazer uma relação indivíduo-trabalho- organização, tentando estruturar as tarefas realizadas dentro das empresas. Nas décadas seguintes, iniciativas e movimentos tomaram impulsos na busca de melhoria na forma de organizar os trabalhos, visando uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores, fazendo com que a QVT passe a ser vista como um conceito global. Para Bom Sucesso (1998, apud Detoni, 2001, p.124): Na década de 90 o termo qualidade de vida invadiu todos os espaços, passou a integrar o discurso acadêmico, a literatura relativa ao comportamento nas organizações, os programas de qualidade total, as conversas informais e a mídia em geral. Por volta do século XX as organizações começaram a entender que a motivação, saúde e bem estar dos colaboradores interferiam significativamente na melhoria e produtividade da empresa. Com essa nova realidade e perspectiva, o termo 17 qualidade de vida passou a ser tratado com uma maior importância para gestão de pessoas e começou a ser discutido e implantado usando técnicas de ergonomia, para assim evitar acidentes e doenças profissionais. A partir daí foi possível observar que a QVT passou a ter um lugar definitivo em vários âmbitos. Assim sendo, temos que entender que a QVT deve atender as necessidades de todos no que diz respeito às questões físicas, mentais, sociais e emocionais, tendo em vista que a mesma abrange vários aspectos, não podendo ser reduzida a um único ponto de vista. Vasconcelos (2001) relata que com crescimento relacionado à Qualidade de Vida no Trabalho recebeu contribuições de diversas áreas da ciência como psicologia, sociologia, administração, economia, ergonomia entre outras. No Brasil os programas de QVT deram início em meados da década de 1990. Com os altos custos com assistência médicas para tratamento de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, e com o aumento de reclamações na justiça, principalmente pelo surgimento de uma legislação mais específica, as grandes organizações começaram a observar que seria mais econômico desenvolver um programa de prevenção. Com o objetivo de estimular ações e programas de qualidade de vida nos ambientes laborais, foi criado a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV). Por meio desta, os profissionais puderam expandir seus conhecimentos na área. A discussão sobre a QVT vem aos poucos ganhando espaço pois as empresas entenderam o quão é essencial para seu desenvolvimento, e passaram a valorizar cada vez mais a motivação dos trabalhadores dentro do ambiente laboral. E é de suma importância esse reconhecimento por parte tanto das corporações quanto dos colaboradores, e ambos devem saber os seus deveres e direitos que a QVT aborda. 18 3. ERGONOMIA A ergonomia é o estudo das relações entre o homem e suas condições de trabalho, que por meio de normas estabelecidas busca melhorar essa relação. Na prática, a ergonomia analisa o perfil dos trabalhadores de determinada organização e elabora medidas que visam reduzir riscos, prevenir doenças ocupacionais, cuidando das capacidades físicas e psicológicas dotrabalhador, além de buscar proporcionar conforto físico para os colaboradores. A palavra ergonomia deriva do grego, sendo erg, que significa trabalho, e nomos, que por sua vez significa regras. Desta forma, o termo é definido como o “estudo da adaptação do homem ao trabalho” (ILDA, 2003, p.1). Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem- estar e a eficácia das atividades humanas (Associação Brasileira de Ergonomia, 2000). Para Nascimento e Moraes (2000), acredita-se que a ergonomia vem desde os tempos pré-históricos, quando os seres humanos, independentemente dos conhecimentos e com a pouca capacidade de raciocínio, buscavam soluções para adaptar o trabalho e suas tarefas às suas próprias condições, como adaptar armas para garantir a sua sobrevivência, facilitando a caça e a defesa, e também no desenvolvimento de objetos, utensílios e ferramentas para modificar o ambiente ao seu redor. O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez em 1857 pelo polonês Woitej Yastembowky. Ele publicou um artigo intitulado “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseado nas leis objetivas da ciência sobre a natureza” (BARBOSA FILHO, 2010). Segundo o inglês Murrel, no ano de 1949, deu-se o surgimento da ergonomia. De acordo com Iida (2004, p. 05) “ao contrário de muitas outras ciências cujas origens se perdem no tempo e no espaço, a ergonomia tem uma data oficial de nascimento: 12 de julho de 1949”. Segundo o autor foi nesse dia que um grupo de cientistas e pesquisadores, interessados nos problemas da adaptação do trabalho ao homem, se 19 reuniram pela primeira vez para discutir sobre esse novo ramo. Iida (2004, p. 05) diz ainda que “em uma segunda reunião do grupo, ocorrida em 16 de fevereiro de 1950, foi proposto o neologismo ergonomia, formado pelos termos gregos ergon = trabalho e nomos = regras, leis naturais (MURRELL, 1965)”. A partir daí a ergonomia passou a ter maior relevância e foi fundado a Ergonomics Research Society, na Inglaterra. Desde então o estudo da ergonomia vem se aprofundado e adaptando de acordo com as necessidades que vão surgindo. Nos tempos atuais a saúde do trabalhador vem sendo mais valorizada e o objetivo é atender a todos respeitando as individualidades em relação ao posto de trabalho exercido. 3.1. OBJETIVOS DA ERGONOMIA O principal objetivo da ergonomia é aumentar o conforto, a saúde e a segurança do trabalhador, promovendo a perfeita integração entre a capacidade e limitações do trabalhador, suas condições e a eficiência do sistema produtivo. O objetivo da ergonomia é proporcionar ao homem condições de trabalho que sejam favoráveis, com o intuito de torná-lo mais produtivo por meio de ambiente de trabalho saudáveis e seguros, que solicite dos trabalhadores menor exigência e, por consequência, concorra para um menor desgaste e um maior resultado (BARBOSA FILHO, 2010). De acordo com Daniellou e Nael (1995 apud MASCIA; SZNELWAR, 2010, p. 149): A melhoria das condições de trabalho e projeto de dispositivo técnicos adaptados às características do homem, com base em critérios ergonômicos, tem duplo objetivo. O primeiro refere-se ao conforto e a saúde dos operadores. Trata-se de evitar os riscos de acidentes e de doenças ligadas ao trabalho e de procurar diminuir, tanto quanto possível, todas as fontes de fadiga, sejam elas associadas ao metabolismo do corpo humano (trabalho em turnos, trabalho em altas temperaturas), à força muscular e das articulações, ou a exigências cognitivas do trabalho (tratamento de informação, resolução de problemas). O segundo objetivo da ergonomia visa à eficiência na utilização de produto ou na operação de um sistema de produção, que pode ser comprometida por exigências inadequadas ou excessivas das funções humanas. 20 Em síntese o objetivo da ergonomia é estudar as condições de trabalho e adaptá-los para que a realização das atividades estejam em harmonia com o conforto e segurança do colaborador, para que o mesmo execute sua função sem desgaste e com maior estímulo, e consequentemente obtenha melhores resultados. 3.2. TIPOS DE ERGONOMIA A ergonomia tem uma abordagem bastante ampla e pode ser dividida em três áreas, levando em consideração diversos fatores. As áreas são a Ergonomia Física, a Ergonomia Organizacional e a Ergonomia Cognitiva. A ergonomia física estuda a relação entre a anatomia, a fisiologia, a biomecânica e antropometria do trabalhador com as atividades físicas que ele realiza. Abrange desde a qualidade dos equipamentos utilizados até a postura corporal do empregado. Envolve aspectos como postura no trabalho, a forma como os materiais são manuseados, presença de movimento repetitivos, a projeção dos postos de trabalho, possíveis distúrbios musculoesqueléticos e a segurança e saúde do trabalhador. O objetivo da ergonomia física é avaliar classificar os biótipos, para então dimensionar os equipamentos, máquina e ferramentas de trabalho, fazendo que os mesmo se adaptem às capacidades do ser humano de operá-los de forma adequada, considerando os fatores fisiológicos e psicológicos. Além de avaliar a ergonomia física tem também o papel de orientar o trabalhador, a fim de preservar sua saúde física. A ergonomia organizacional trata da otimização do modo como são operadas as atividades de uma organização, envolve o clima organizacional, com o objetivo de melhorar os processos internos que possam vir a oferecer riscos à saúde dos trabalhadores. Alguns tópicos relevantes dessa área da ergonomia são as comunicações, trabalhos em grupos, projetos participativos e cooperativos, organização em rede, a gestão de qualidade. O objetivo da ergonomia organizacional é adaptar as condições da empresa, propondo estudar e intervir na cultura e no clima organizacional, buscando o bem- estar e saúde do colaborador. A ergonomia cognitiva se propõe a observar, avaliar e intervir nas questões relacionadas às condições mentais dos trabalhadores. Busca medidas de combate ao 21 estresse e ansiedade dos colaboradores. Os principais aspectos avaliados nesse caso são, o estudo da carga mental exigida pelo trabalhador, a cobrança excessiva em relação ao tempo, o processo de tomada de decisão, o desempenho especializado em determinadas áreas, a forma como ocorre a interação entre homem e máquinas, ausência de abertura para diálogo entre funcionário e líderes, a confiabilidade humana. Como já citado, seu principal objetivo é buscar medidas que diminuirão os fatores de estresse no ambiente de trabalho. 3.3. NORMA REGULAMENTADORA 17 – NR-17 No Brasil a norma que aborda a ergonomia no trabalho, tratando de assuntos como por exemplo, o conforto dos trabalhadores, redução ou eliminação de agravos e aumento da produtividade é a NR-17, que é uma norma regulamentadora estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A NR-17 estabelece parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características físicas e psicológicas dos trabalhadores, visando garantir maior segurança, conforto e eficiência nas atividades exercidas. De acordo com a NR-17, o empregador deve realizar uma análise ergonômica do trabalho, junto aos seus colaboradores, avaliando as características psicofisiológicas dos trabalhadores, levando em consideração informações sobre a atividade laboral, adequando todo mobiliário e equipamentos utilizados, às condições de trabalho. Em caso de descumprimento da NR-17 o empregador primeiramente recebe uma notificação, e um prazo de 60 dias para se adequar e corrigir as irregularidades. Caso não sejam tomadas as medidas o empregador recebe uma multa e se ainda sim persistir o erro, a empresa responderá judicialmente. Caso o trabalhadorquem descumpra as normas ele está sujeito a demissão por justa causa. 22 3.4. A IMPORTÂNCIA E OS BENEFÍCIOS DA ERGONOMIA NO TRABALHO Os benefícios da ergonomia, tanto para o empregador, quanto para o colaborador, são várias e abrangem todos os setores e cada área tem ganhos específicos. De modo geral, a aplicação da ergonomia no ambiente do trabalho, além de preservar a saúde do trabalhador, promove uma maior satisfação para realizar determinado trabalho, sendo um importante fator para o aumento da produtividade laboral. Segundo o pesquisador francês Henri Savall, quando uma empresa investe em ergonomia no trabalho, ela garante uma série de vantagens, como a redução de até 3% no absenteísmo e a diminuição do desperdício de matérias primas em até 25%. Dentre os vários benefícios que a ergonomia gera para os colaboradores e empresas, podemos citar, a valorização do profissional, assim como a valorização do trabalho em equipe, deixando-os mais motivados e dispostos a permanecerem na empresa, consequentemente reduzindo o absenteísmo, ou seja, a quantidade de atrasos, faltas e até mesmo pedidos de demissão. Quando há uma alta taxa de absenteísmo, a instituição deve procurar a causa e tentar contornar a situação, já que o absenteísmo está ligado à queda de produtividade atrapalhando o fluxo de operações da empresa, chegando a trazer até mesmo prejuízos financeiros. A prevenção de acidentes e doenças ocupacionais também é um importante benefício da correta aplicação da ergonomia. Tendo um ambiente adequado, com recursos adaptados ao trabalhador, a ergonomia contribui para a redução dos riscos que podem provocar acidentes e desenvolver doenças ocupacionais. Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT’s), que se enquadra nas doenças ocupacionais, geralmente são causados por má postura e trabalho repetitivo exaustivo, e é o principal motivo de afastamento no trabalho, e segundo a OMS, estima que 80% da população sofrerá com dor crônica nas costas (dorsalgia) pelo menos uma vez na vida. http://www.rh.com.br/Portal/Mudanca/Dicas/8758/10-razoes-para-investir-na-ergonomia.html 23 A lesão por esforço repetitivo (LER) também é uma doença ocupacional bem comum, e dependendo do nível de gravidade pode levar à aposentadoria por invalidez. Além das doenças ocupacionais mencionadas até aqui, vale citar também as doenças psicossociais que podem desencadear ansiedade e depressão, estresse, e também são responsáveis por grande partes dos afastamentos do trabalho. Importante citar também as doenças causadas pelo contato direto do trabalhados com agentes nocivos, como por exemplo, a surdez, silicose, entre outros. Outros benefícios trazidos pela ergonomia aplicada no ambiente do trabalho que podemos citar é o alcance de melhor qualidades de vida, diminuição de desperdício, otimização dos custos da empresa em saúde. 24 4. ERGONOMIA NA SAÚDE DO TRABALHADOR Pode-se dizer que a ergonomia no trabalho oferece ao indivíduo, o conforto adequado e os métodos de prevenção de acidentes e de patologias especificas para cada tipo de atividade executada. É possível prevenir lesões e doenças relacionadas com condições ergonômicas adequadas, desde que tanto o local quanto à organização do trabalho sejam ajustados às necessidades individuais (físicas e mentais) de cada um. Afinal, uma das principais causas da baixa produtividade é o desconforto consequente da má adequação do corpo a um determinado equipamento de trabalho. Segundo Laurell (1985), as condições de trabalho e suas patologias estão estreitamente relacionadas à organização do trabalho e ambas dependem das relações de trabalho vigentes naquele espaço social definido, refletindo valores e regras da sociedade. As condições gerais de trabalho, considerando, a iluminação, o nível de ruídos e a temperatura, são os principais causadores dos problemas que afetam, diretamente, a saúde dos funcionários de uma empresa. Nesse caso, a ergonomia pode também contribuir muito para evitar que essas enfermidades ocorram, com objetivo de tornar cada vez mais eficiente os procedimentos de controle e de regulação das condições adequadas de trabalho. Numa situação ideal a ergonomia deve ser aplicada já nas etapas iniciais do projeto de uma máquina, ambiente ou local de trabalho. Estas devem sempre incluir o ser humano como um de seus componentes, prevenindo a ocorrência de futuras complicações osteomioarticulares (IIDA, 1993). 25 5. A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA NO AUMENTO DE PRODUTIVIDADE Como já mencionado, a aplicação adequada da ergonomia traz inúmeros benefícios tanto para o empregador quanto para o colaborador. É nesse contexto que ela pode e deve ser uma grande aliada para tornar a jornada de trabalho mais produtiva e menos exaustiva para os colaboradores, que estão em busca de um melhor equilíbrio com suas vidas pessoais e também de experiências mais humanas no ambiente de trabalho. É a partir dela que a empresa observa os pontos que precisa melhorar e as novas medidas que precisam tomar para alcançar o resultado esperado. Um dos principais benefícios que a ergonomia traz as empresas é o aumento da produtividade. Quanto melhor as condições de trabalho, maior a motivação e consequentemente, melhor o rendimento e melhores resultados. Há uma série de medidas e ajustes que podem ser aplicados para que o uso da ergonomia atinja o objetivo de tornar o ambiente laboral mais adequado possível para seus colaboradores. Primeiro passo seria a criação de um comitê com participação dos colaboradores, tendo em vista a importância do engajamento do público-alvo. O objetivo do comitê é elaborar um plano de ação e orientar a todos sobre as práticas ergonômicas. O comitê é formado através de eleição dos membros, que em seguida passam por capacitação, através de treinamentos, palestras e workshops oferecidos pela empresa. O comitê tem a missão de fazer uma análise ergonômica do trabalho, identificando onde é necessário agir, para a partir desse ponto criar o plano de ação. O plano de ação é a etapa onde se estabelece como e onde comitê deverá atuar buscando as melhorias. O objetivo é elaborar uma tabela que mapeie as questões referentes à atividade que o gestor deseja adotar. É importante destacar que é fundamental que o plano de ação seja seguido conforme o planejado, pois as ações isoladas, mesmo que estejam inseridas no plano de ação, não costumam funcionar. 26 Outro ponto importante é que o empregador tenha em mente que o essa análise precoce aumenta a efetividade do plano de ação e previne complicações, bem como na máxima de que “prevenir é o melhor remédio”. Para a elaboração de um bom plano de ação voltados à ergonomia o ideal seria começar com essas perguntas: O que é a solução de ergonomia proposta? Qual carência exatamente ela busca solucionar? Por que essa ação é uma boa ideia? Onde a ação será implementada? Em qual setor da empresa? Quando será implementada? Quem será responsável pela implementação? Qual grupo está envolvido? Como essa ação será colocada em prática? Quanto custará para a empresa? Quantos elementos estão envolvidos no processo? Por exemplo, quantas cadeiras deverão ser substituídas por assentos ergonômicos? Ou ainda, quantos profissionais de saúde estarão envolvidos nas ações? Com qual frequência? Para que a ergonomia atinja esse objetivo de auxiliar no aumento de produtividade é importante incorporar as ações iniciativas de gestão de saúde que integrem as estratégias do plano de ação criadas pelo comitê a partir da análise ergonômica. A conscientização é fundamental para melhorar a produtividade da empresa, pois quando os funcionários adotam, no dia a dia, recomendações de saúde e segurança no trabalho, eles reduzem os riscos e otimizam aefetividade do serviço. Essa conscientização deve ser passada para todos os colaboradores, por meio de treinamentos, palestras. Algumas medidas simples para assegurar um ambiente mais confortável para que o colaborador produza melhor e com mais eficiência: • A adoção de um mobiliário e de equipamentos ergonômicos para garantir o conforto básico para os colaboradores. Evitar passar horas na mesma posição também é um cuidado importante. Além disso, o funcionário deve sempre acomodar-se de forma confortável e relaxada. Os trabalhadores que passam muitas horas na mesma posição ou que realizam atividades repetitivas precisam deste cuidado para evitar as ‘lesões por esforço repetitivo’ (LER); • Respeitar a carga horária adequada à atividade também é importante. Excesso de horas extras, por exemplo, pode levar ao estresse e comprometer o desempenho e a produtividade; 27 • A ginástica laboral é uma medida já bem popularizada entre as empresas preocupadas com a saúde dos colaboradores. Realizada antes do começo do expediente ou ao longo da jornada, em paradas estratégicas, apresenta grandes benefícios para a saúde física e mental dos colaboradores; • Quem trabalha no computador, deve posicionar a tela do monitor em uma altura que não exija que se dobre a cabeça para visualizá-la. O teclado deve ficar em um local em que as mão fiquem eretas e os braços, relaxados. Cotovelos devem permanecer junto ao corpo quando se usa o mouse; • Cuidado com a iluminação no ambiente de trabalho. Uma iluminação ruim pode prejudicar a saúde e o desempenho do trabalhador. • Quando se realiza uma atividade repetitiva, é importante fazer uma pausa para descanso a cada 45 minutos para relaxar e alongar o corpo. Desse modo podemos observar que os seus benefícios trazidos por essa prática não só aumentam a melhoria na qualidade de vida, como contribuem de forma positiva para a saúde da empresa, diminuindo assim gastos com saúde e aumentando consideravelmente a produtividade da mesma. 28 6. A ANTROPOMETRIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA ERGONOMIA Antropometria é a ciência que estuda as medidas do corpo humano, a fim de estabelecer diferenças entre indivíduos, sexo, idade, raças, status socioeconômico, entre outros. O conceito de antropometria vem de muito tempo, quando a antiga Grécia e os povos egípcios já analisavam as relações das partes do corpo humano. A partir da década de 40, com o aumento da produção em massa da indústria, fez que também aumentasse o interesse sobre o assunto. Depois da segunda guerra mundial tornou-se necessário um maior estudo das dimensões das partes do corpo para a produção de equipamentos, ferramentas e máquinas. A partir de então vários estudos multidisciplinares ajudaram no melhor entendimento da antropometria. O conceito da ciência de ergonomia é a adaptação do trabalho ao homem, portanto é importante que se conheça as dimensões ideais para que o posto/função do trabalhador gere menos estresse físico e mental. Sendo assim a ferramenta de conhecer a média das medidas físicas dos indivíduos, para utilizar como parâmetro para confecção de equipamentos, máquinas, posto de trabalho pode contribuir para o conforto, segurança e produtividade do trabalhador. Uma das grandes aplicabilidade das medidas antropométricas na ergonomia é no dimensionamento do espaço de trabalho. IIDA (1991), define espaço de trabalho como sendo o espaço imaginário necessário para realizar os movimentos requeridos pelo trabalho. Dentro do espaço de trabalho as superfícies horizontais são de especial importância, pois sobre ela que se realiza grande parte do trabalho. Para a concepção dos espaços de trabalho, mobília e ferramentas, são utilizados muitos dados antropométricos. Devido à grande quantidade de variáveis, é importante definir o perfil dos usuários que se pretende servir em função da idade, sexo, raça e trabalho, para se usar como base os dados que melhor se adaptam a eles. 29 Muitas vezes quando o usuário é um indivíduo ou um grupo reduzido de pessoas e estão presentes algumas situações especiais, o levantamento da informação antropométrica é importante, principalmente quando o projeto envolve um grande investimento econômico (PANERO e ZELNIK, 1991). Os dados antropométricos só tem sentido para a ergonomia se analisadas também as atividades que o trabalhador desenvolve. Considerando as ferramentas como extensões do próprio homem para executar o seu trabalho com o máximo de eficiência e conforto, isto só será possível se na concepção destas o usuário for analisado e considerado. É extremamente necessário o perfeito conhecimento das características físicas e socioculturais dos usuários de ferramentas e equipamentos. Figura 1: Exemplo Prático de Antropometria na Postura Sentada. Fonte: (LIDA, 2005 apud SEMINOVA, 1979) Figura 2: Exemplo Prático de Antropometria na Postura em Pé. Fonte: (LIDA, 2005 apud SEMINOVA, 1979) 30 7. PROJETO ERGONÔMICO NO AMBIENTE DE TRABALHO É fundamental que no planejamento do ambiente laboral seja levado em consideração a aplicação da ergonomia. O projeto ergonômico no ambiente deve relacionar o trabalhador com as condições ambientais da sua área de trabalho. Além de buscar adaptar os ambientes e objetos às características do corpo humano, o projeto ergonômico também deve levar em consideração fatores como a temperatura, iluminação, ruídos, entre outros. Slack et al. (1999, p. 218), relata que: O ambiente imediato no qual o trabalho acontece pode influenciar a forma como ele é executado. As condições de trabalho que são muito quente ou frias, insuficientemente iluminadas, ou excessivamente claras, barulhentas ou irritantemente silenciosas. Todas vão influenciar a forma como o trabalho é levado avante. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) criou regras para aplicar a ergonomia no ambiente de trabalho, através da norma regulamentadora 17 (NR-17), que determina as melhores práticas ergonômicas a serem adotadas pelas organizações para que a atividade laboral seja exercida de acordo com as capacidades psicofisiológicas de cada indivíduo. Os projetos ergonômicos devem considerar tanto os perfis dos trabalhadores, quanto as atividades que serão executadas, sempre as adaptando à NR-17. 7.1. POSTO DE TRABALHO Entende – se por posto de trabalho uma unidade formada por um grupo de elementos que fazem parte do ambiente físico, onde o trabalhador realiza suas funções. Fazem parte desses elementos os componentes, máquinas, ferramentas, materiais, entre outros. O homem precisa encontrar no seu local de trabalho, condições capazes de proporcionar o máximo de proteção e, ao mesmo tempo, satisfação no trabalho. As 31 condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executada (VERDUSSEN, 1978, p. 49). É imprescindível que cada acessório do posto de trabalho esteja adequado ergonomicamente, respeitando o espaço de distribuição de cada um, o conjunto de componentes estejam interligados com acessibilidade ergonômica. O posto de trabalho deve ser agradável, possibilitar a humanização, ter boa iluminação, espaço adequado, cores que auxiliem no bem-estar do colaborador e objetos pertinentes as tarefas que serão realizadas (RIO e PIRES, 2001). Segundo a abordagem ergonômica o estudo do posto de trabalho tem como base a redução das exigências biomecânicas e prima pela boa postura do operador em seu ambiente de trabalho, os objetos utilizados nas tarefas diárias devem estar dentro dos alcances dos movimentos corporais e que haja fácil percepção de informações. O correto dimensionamento do posto do trabalho é uma das principais etapas para o bom desempenho do colaborador. A definição do layout (arranjo físico)também é bastante importante para um posto de trabalho adequado, e é baseado em alguns critérios e são escolhido caso a caso. São eles a importância, a frequência de uso, o agrupamento funcional, a sequência de uso, a intensidade de fluxo, as ligações preferenciais e uso dos critérios. Postos de trabalhos projetados dentro dos padrões ergonômicos, além de proporcionar ao trabalhador conforto e segurança, proporcionam também à empresa maior produtividade e qualidade. 7.2. MOBILIÁRIO A escolha do mobiliário vai muito além de apenas atender as normas, a aquisição dos móveis para o posto de trabalho é um importante investimento para a saúde dos trabalhadores da empresa. Quanto a norma, a NR-17 estabelece condições mínimas para que o mobiliário atenda os parâmetros da ergonomia no trabalho, visando estabelecer uma relação de equilíbrio entre as condições de trabalho e características psicofisiológicas dos 32 trabalhadores, proporcionando conforto e segurança, bem como um desempenho eficiente de suas funções. O mobiliário deverá ser especificado levando em consideração critérios técnicos, atendendo as normas ergonômicas e os materiais adequados. Deve observar também o desempenho, considerando a segurança, o conforto, a qualidade, a durabilidade. A estética, acabamento e estilo, e os custos são fatores a ser considerados, tendo em vista que ambos devem ser compatíveis com as necessidades e orçamentos da empresa. Os mobiliários mais usados nos postos de trabalho são a mesa, cadeiras e equipamentos eletrônicos. A NR-17 traz algumas orientações quanto ao uso desses mobiliários. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; borda frontal arredondada; encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo devem observar as condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas; a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho - tela, olho - 33 teclado e olho - documento sejam aproximadamente iguais; serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável. São muitos os benefícios da utilização do mobiliário conforme as normas. As empresas ganham no aumento da produtividade, na redução de desperdícios e redução de absenteísmo. Já para o trabalhador se beneficiam com uma melhora a postura, previne as doenças ocupacionais, reduz as lesões e acidentes e proporciona uma melhor qualidade de vida. 7.3. TEMPERATURA Segundo a NR-17 do Ministério do Trabalho, fica determinado que a temperatura do ambiente de trabalho como, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento, análise de projetos, tenham a temperatura entre 20 a 23 graus, com umidade do ar não inferior a 40%. E devem ser implementados projetos adequados de climatização dos ambientes de trabalho que permitam distribuição homogênea das temperaturas e fluxos de ar utilizando, se necessário, controles locais e/ou setorizados da temperatura, velocidade e direção dos fluxos. Quanto aos ambientes climatizados artificialmente, com o resfriamento feito por ar condicionado, necessitará de manutenção diária, com limpezas rígidas dos filtros, para que não haja o risco de doenças respiratórias graves. É recomendado também que a saída do ar refrigerado não atinja diretamente o trabalhador. Nas tarefas de natureza motora, a influência da temperatura sobre a perda de sensibilidade e coordenação é evidente, com isso os riscos de acidentes aumentam. Nas tarefas mentais essa perda de sensibilidade é menos perceptível. Pode-se constatar que em temperatura acima do conforto térmico a uma queda de produção. (FIALHO, 1997, p. 119) 7.4. ILUMINAÇÃO 34 De acordo com a NR-17, todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, seja ela natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. A iluminação natural é provida por janelas e artificial, por sua vez, é feita por lâmpadas. A iluminação geral deve ser distribuída uniformemente e deve ser difusa, projeta e instalada, de maneira que evite o ofuscamento, reflexos incômodos, evite sombras e contrastes excessivos. O Ministério do Trabalho fiscaliza os ambientes de trabalho exigindo uma iluminância de acordo com a atividade exercida no local. Por exemplo, uma área pública com arredores escuros deve ter uma iluminação de 50 a 100 lux. Já a iluminação geral para área de trabalho com requisitos visuais normais, como escritórios, deve ser de 500 a 1.000 lux. O uso de lâmpadas com cores mais frias, o uso luminárias suspensas, para deixar o ambiente mais iluminado e menos cansativo, o aproveitamento máximo da luminosidade natural, e a escolha de cores claras para o teto e para as paredes, são medidas que buscam otimizar a iluminação do ambiente de trabalha, deixando-o mais eficiente e confortável. É importante ressaltar que um nível inadequado de iluminação prejudica a saúde e a execução das tarefas dos colaboradores. Para evitar problemas oculares, fadiga, estresse, acidentes de trabalho e até mesmo autuações trabalhistas, é imprescindível que a iluminação esteja adequada e conforme a legislação. 7.5. RUÍDO O ruído é um outro importante fator que deve ser levado em consideração no momento de projetar e executar um ambiente de trabalho ergonômico. Os níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO, observando o nível de ruído aceitável para efeito de conforto é de até 65 dB(A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB. 35 O ruído afeta fisicamente e psicologicamente, causando lesões irreversíveis, ou tornando o homem verdadeiramente neurótico. Há ainda, um condicionamento emocional, fazendo com que em certos momentos não aceitemos ruídos que, sobre outro estado de espírito, não nos afetariam da mesma maneira. (VERDUSSEN, 1978, p. 122) O ruído pode comprometer o rendimento no trabalho, afetando assim, a produtividade e a qualidade de vida do funcionário. Existem inúmeras soluções para o controle de ruído nas empresas. É necessário, que os aparelhos barulhentos e até mesmo a casa de máquinas estejam longe de onde o trabalho é executado. Os trabalhadores que necessitem manusear equipamentos que produzam quantidade de ruídos acima do parâmetro adequado, deverão contar com os equipamentos de proteção coletiva e sempre utilizar equipamentos de proteção individuais, como protetores auditivos, fornecidos pela empresa. Outra solução eficiente é o uso de isolamento acústico nos ambientes, fazendo que os sons não ultrapassem e invadam outros ambientes que já tenham o seu próprio ruído, reduzindo assim uma redução de barulho no qual os trabalhadores ficam expostos em cada recinto específico.Para o controle de ruídos seria importante contar com aparelhos que auxiliam na medição dos sons, como medidores de nível e pressão sonora, juntamente com os respectivos calibradores acústicos. Com o problema identificado fica mais fácil encontrar a solução adequada. Manter a segurança no trabalho evitando acidentes e doenças ocupacionais, é do interesse de todos os envolvidos em uma corporação. 36 8. ERGONOMIA APLICADA EM DETERMINADOS SETORES A ergonomia é uma prática que está presente em diferentes setores e segmentos, visando principalmente a segurança e saúde do trabalhador, a redução de acidentes de trabalho, o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade de vida. Cada um desses setores buscam, através da análise ergonômica, adotar medidas e estratégias específicas a fim de atender suas próprias demandas, bem como as necessidades de seus profissionais. A ergonomia na indústria está presente tanto no setor administrativo quanto nas áreas de produção. A utilização da mobília correta, o posicionamento adequado de computadores e seus periféricos, como mouse e teclado são exemplos do uso da ergonomia nesse setor. Também está nas adaptações da cadeia produtiva para que o trabalhador não sofra com os movimentos repetitivos e o esforço excessivo. Alguns EPIs, como o estabilizador de coluna, ajudam a melhorar a ergonomia das tarefas. Na agricultura, o cuidado com a ergonomia está na mecanização de processos que antes exigiam trabalho braçal e um esforço muito grande. As ferramentas também ganharam cabos especiais para amenizar a força nas mãos e posicionar melhor o punho. Os estabilizadores de coluna e os cintos ergonômicos para a lombar também estão presentes nesse segmento, além de recursos simples, como a utilização de carrinhos de mão para transportar peso. No setor da construção civil temos recursos semelhantes aos adotados na agricultura, afinal, são utilizadas máquinas para realizar o esforço que antes era manual. É possível contar com o suporte de tratores e máquinas elétricas, como as serras e furadeiras. Há também os estabilizadores de coluna, ferramentas com cabos 37 anatômicos, andaimes, entre muitos outros equipamentos que reduzem o esforço do trabalhador e aumentam a sua segurança. Já no setor de serviços, cada segmento tem suas próprias estratégias. Tomando como exemplo a limpeza, a utilização de ferramentas e equipamentos que facilitam bastante o trabalho. Temos também as ferramentas que possibilitam realizar tarefas em altura com mais conforto e até mesmo equipamentos tecnológicos que facilitam a limpeza, como os aspiradores de pó, as lavadeiras elétricas e as enceradeiras. Mesmo em nossas atividades diárias vemos a presença da preocupação com a ergonomia. É o caso, por exemplo, dos fabricantes de sofás, cadeiras e poltronas que procuram um design que se ajuste aos quadris, à lombar e à cabeça. Temos, ainda, mouses que se ajustam melhor à mão, suportes para o punho e até mesmo utensílios de cozinha e eletrodomésticos adaptados à anatomia do ser humano. O banco da bicicleta, da moto e do carro visam o mesmo conforto e ergonomia. Até mesmo lápis e canetas são projetados com esse objetivo. Apesar de cada um desses setores terem suas particularidades, é importante entender que o objetivo geral é comum para todos as áreas, e é fundamental a conscientização no processo de implementação das medidas e estratégias. Outro ponto comum na busca pelo bom funcionamento ergonômico das empresas de qualquer setor é a criação de comissões internas para analisar cada situação e criar o plano de ação necessário para cada caso específico. 38 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do apresentado pode – se constatar que nos dias atuais é cada vez maior a importância da ergonomia para a qualidade de vida do trabalhador no seu ambiente de trabalho e consequentemente, para o desempenho da empresa. Com o passar do tempo grande parte das organizações de trabalho se conscientizaram que a aplicação da ergonomia refletia positivamente no aumento da produtividade e lucratividade. A partir de então, a empresas passaram a adaptar as empresas, de forma com que a máquina e o ambiente laboral se adequassem às características e às necessidades dos trabalhadores, e não o contrário. Colaboradores com problemas de saúde, seja ele físico ou psicológico, resultará em baixa produtividade, ausências e despesas decorrentes da substituição do trabalhador, o que não é interessante para o empregador. A QVT aliada com a ergonomia torna-se uma ferramenta estratégica que busca, através das suas ações, uma participação mais efetiva do trabalhador, descentralizando as decisões, proporcionando um ambiente de trabalho seguro e confortável, concedendo a oportunidade do desenvolvimento pessoal, sendo, portanto, sinônimo de obter níveis de produtividade aliado ao comportamento, motivação e satisfação do trabalhador. Fica claro ainda que para se obter sucesso na aplicação das práticas ergonômicas deve-se alguns passos importantes, de avaliação, reconhecimento de riscos, criação de um plano de ação, e principalmente seguir as normas e leis relacionadas ao assunto, como NR-17. 39 Atendendo aos objetivos específicos, o trabalho conseguiu mostrar que através de ações preventivas realizadas, juntamente com as pequenas modificações feitas na empresa e na política pessoal, considerando as características individuais de cada colaborador, seguindo as normas e protocolos, são essenciais para alcançar todos os benefícios propostos com a implantação das práticas ergonômicas, como por exemplo, a prevenção das doenças ocupacionais e aumento de lucro das organizações. Mostra ainda as melhores práticas a serem adotadas em determinados setores, para a busca do objetivo principal que é o bem estar, conforto e segurança dos trabalhadores, uma vez que funcionários satisfeitos e saudáveis, associados à ambiente de trabalho adequado e condições favoráveis, proporcionam crescimento de qualquer empresa. Enfim, os temas abordado no desenvolvimento deste trabalho conseguiu alcançar seu objetivo principal que é mostrar a importância da ergonomia, não apenas para as empresas e empregadores, mas principalmente para o colaborador. 40 10. REFERÊNCIAS IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 2003. VASCONCELOS, A. F. Qualidade de Vida no Trabalho: Origem, Evolução e Perspectivas. São Paulo, v. 08, nº 1, p. 24-35, mar. 2001. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia? [Rio de Janeiro]: ABERGO. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso em: 10 fev 2021. BRASIL. Ministério do Trabalho. 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