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ATRIBUTOS FÍSICO-QUÍMICOS E COMPOSICIONAIS DO DOCE DE LEITE BRUNA EDUARDA COELHO MONTEIRO1 LAIS CAROLINA DOS SANTOS C. RAIMUNDO1 LAISA VALENTE BURATTO 1 LARISSA VENTURA DE MELO1 SABRINA DE BONA SARTOR2 RESUMO O doce de leite é um derivado lácteo, que apresenta um alto valor energético, e é um produto bastante consumido no Brasil e Argentina. É o resultado do cozimento do leite com o açúcar até a concentração e caramelização desejada. Utilizado como ingrediente na elaboração de bolos, tortas, etc. E também consumido diretamente na alimentação em combinação com queijos e outros alimentos. No Brasil, os doces de leite são produzidos artesanalmente ou por laticínios, e são processados por grandes empresas. Este trabalho tem como objetivo apresentar atributos físico-químicos, suas composições e a existência de grandes variações deste produto, que visa atender uma população de aproximadamente 30 milhões de pessoas. Dentre estas pessoas podemos citar os diabéticos, por exemplo. Tivemos como principal instrumento de pesquisa, materiais publicados em livros, artigos e sites com referência ao tema. Tivemos como foco, acessar informações nutricionais sobre o doce de leite, e assim, tornar conceituados dos benefícios que o mesmo pode oferecer ou não para nosso organismo. Palavras-chaves: Doce de leite, composição, físico-química. 1Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Unifacvest 2Professora Doutora, Curso de Bioquímica do Centro Universitário Unifacvest Sumário 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 4 2.1 Doce de leite / Composição ......................................................................... 4 2.2 Definição e composição química do Leite ................................................. 5 2.3 Atributos composicionais e físico-químicos ............................................. 5 2.3.1 Lipídeos .................................................................................................. 5 2.3.2 Proteínas ................................................................................................ 5 2.3.3 Carboidratos .......................................................................................... 6 2.3.4 Cinzas ..................................................................................................... 6 2.3.5 Umidade.................................................................................................. 6 2.3.6 Teor de sólidos solúveis ....................................................................... 7 2.3.7 Amido ..................................................................................................... 7 2.3.8 Atividade de água .................................................................................. 7 2.4 Reação de Maillard no alimento .................................................................. 8 2.5 Reação de Maillard no doce de leite ........................................................... 9 3 OBJETIVO .......................................................................................................... 10 4 METODOLOGIA ................................................................................................. 10 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 10 5.1 Atributos composicionais e físico-químicos ........................................... 10 5.2 Comparação da composição do leite de vaca integral e o Doce de leite 11 5.3 Doce de leite Light ..................................................................................... 12 5.4 Composição do Doce de Leite Diet .......................................................... 12 6 CONSIERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 14 1 INTRODUÇÃO O Doce de leite é um derivado lácteo, nutricionalmente apresenta alto valor energético e alta concentração de proteínas, carboidratos e minerais. É um produto de grande aceitação pela sua característica sensorial. É típico da América Latina, produzido e consumido com frequência no Brasil e Argentina. É basicamente o resultado do cozimento do leite com açúcar até a concentração e caramelização desejada. É empregado como ingrediente na elaboração de alimentos como tortas, bolos, bolachas, licores, sorvetes, diversos tipos de sobremesas, e também consumido diretamente na alimentação em combinação com queijos, pães e outros alimentos (VIEIRA,2005). Durante a sua fabricação, é exposto por longo tempo em altas temperaturas. Está condição somada com os ingredientes utilizados para sua elaboração estimula a aceleração da velocidade de reação de Maillard e consequentemente aumento dos índices de 5-hidroximetilfurfural. Este doce é produzido desde artesanalmente até a fabricação em pequenas, media e grandes indústrias de laticínios. O tipo de formulação utilizado, a qualidade da matéria-prima, e as tecnologias influenciam muito na padronização do produto, por conta disso, não é considerado uniforme. No Brasil, os doces de leite são produzidos artesanalmente ou por laticínios, são processados por muitas empresas, e sua maior produção fica nos laticínios de Minas Gerais, sendo selecionado por grandes marcas. Calcula-se que a produção do doce represente aproximadamente 0,6% do total de produtos em um laticínio. O estado de Minas Gerais, é responsável por 30% da produção nacional de leite, contendo o maior parque industrial de laticínios do país com 34,4% do total das empresas, possuem 50% da produção brasileira de doce de leite, destacando-se como o principal produtor brasileiro (PERRONE et al., 2012). Em 1997 foi estabelecido o Padrão de Identidade e Qualidade do Doce de Leite pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), iniciou a sua comercialização nos países integrantes do MERCOSUL, o doce de leite passou a ser definido da seguinte forma: Doce de leite é o produto, com ou sem adição de outras substâncias alimentícias, obtido por concentração e ação do calor a pressão normal ou reduzida do leite ou leite reconstituído, com ou sem adição de sólidos de origem láctea e/ou creme e adicionado de sacarose (parcialmente substituída ou não por monossacarídeos e/ou outros dissacarídeos) (BRASIL, 1997). Desta forma não é permitido o emprego de outras fontes de proteínas ou gorduras não lácteas, deve ser empregada somente sólidos de origem láctea como complementos à matéria prima (leite ou leite reconstituído) (OLIVEIRA, 2016). Atualmente existe grandes variações de produtos Diet e Light, que visam atender uma população de aproximadamente 30 milhões de pessoas, dentre elas a maioria são, diabéticos, hipertensos, hiperlipidêmicos, hipercolesterolêmicos, obesos e consumidores que desejam manter sua saúde em boas condições, como por exemplo manter sua aparência física (VILELA, 2000). 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Doce de leite / Composição A legislação estabelece ingredientes obrigatórios para a fabricação do doce de leite o leite e/ou leite reconstituído e a sacarose indicando ainda valores mínimos e máximos para os atributos umidade, matéria gorda, teor de cinzas e proteínas. Na sua formulação não deve conter gordura ou proteína de origem não láctea. O mesmo é obtido pela concentração do leite adicionado de açúcar (sacarose). Em alguns casos pode-se substituir parte da sacarose por glicose o que confere melhora da textura, brilho, redução na formação e crescimento dos cristais de lactose e aumento da viscosidade do produto (DEMIATEet al., 2001b; PERRONE, 2007). O doce de leite não apresenta uma forma uniforme, apesar de ser produzido em grande volume e empregado como um ingrediente alimentício. O doce de leite foi listado como um dos produtos que se apresenta com um parâmetro contraditória de acordo com a legislação, o doce de leite pastoso pode conter em torno de 30% de teor de umidade, e um teor sólido de 70%, o teor mínimo de proteína deve ser 5,0% (p/p) e o conteúdo de matéria graxa deve estar entre 6,0 e 9,0% (p/p). A sacarose de acordo com a legislação é empregada na obtenção do produto e a quantidade máxima admitida é de 30kg/100L de leite. Os amidos são adicionados em proporção não superior a de 0,5/100ML de leite, assim como mono ou dissacarídeos substitui a sacarose em até 40% (p/p) (DEMIATE, 2001). O doce de leite light (ou leve/reduzido), deve apresentar uma redução mínima de 25% no teor de gorduras totais e no máximo 3 g de gorduras por 100 g de alimento (sólidos) ou 1,5 g de gorduras por 100 ML de alimento (líquidos). É necessário utilizar substitutos de gordura para a fabricação de doce de leite light, ingredientes que simulam algumas características físico-químicas, sensoriais e visuais da gordura (sensação na boca, viscosidade e aparência). Alguns dos substitutos de gordura utilizados na área de lácteos são amido modificado, concentrado de proteínas do soro (Whey protein Concentrate ou WPC), fibra solúvel e a polidextrose (VIEIRA, 2005). Na versão diet (ou dietético), o produto é desenvolvido para atender principalmente pessoas com diabetes, restrições nutricionais e no caso de dietas alimentares a redução calórica. Para ser considerado diet (com restrição de sacarose), deverá apresentar o teor máximo de 0,5 g de sacarose por 100 g ou 100 ML de produto final a ser considerado. 2.2 Definição e composição química do Leite O Leite é o produto da secreção da glândula mamária das fêmeas mamíferas, é composto por diversos tipos de moléculas, tais como: leucócitos, bactérias, vitaminas, células mamárias secretoras e como principais componentes: água, proteínas, gorduras, minerais, sólidos totais e lactose (SOARES, 2013). A síntese do leite é feita pelas células secretoras da glândula mamária, a partir de nutrientes fornecidos pelo sangue. Os nutrientes obtidos para a realização da síntese, tem origem endógena e exógena, ou seja, obtidos pela reserva orgânica e por dieta consecutivamente (SOARES, 2013). De forma geral a composição do leite de vaca varia por conta de diversos fatores, como, alimentação, raça, fase da lactação, paridade, época do ano, individualidade animal entre outros fatores. A composição média do leite de vaca apresenta entre 87-88% de água e 12-13% de sólidos. 2.3 Atributos composicionais e físico-químicos O conhecimento sobre a composição dos alimentos é de suma importâncias, pois auxilia na determinação da qualidade nutricional, estabilidade para o processamento térmico e aprovação para o consumo humano. 2.3.1 Lipídeos Aproximadamente 90% dos lipídeos são encontrados de forma de triacilgliceróis, em quase todos os tipos de alimentos. É um componente insolúvel em água, e está sujeito a modificações durante o seu processamento, armazenamento e consumo (ARAÚJO, 2008). Sabe-se que o doce de leite é um derivado lácteo, apresentando as gorduras provenientes destes produtos, o que pode resultar em benefícios para a saúde. 2.3.2 Proteínas As proteínas são macromoléculas formadas pela união de aminoácidos através de ligações peptídicas, a sua diversidade funcional resulta principalmente de sua composição química. As principais proteínas presentes no doce de leite, e consequentemente leite e derivados, correspondem às caseínas e proteínas do soro que possuem grande qualidade nutricional e fornecem quantidade e qualidade de aminoácidos (DEMIATE et al., 2001). 2.3.3 Carboidratos Os carboidratos são biomoléculas muito abundantes na natureza, amplamente disponível, pode ser natural ou adicionados como ingredientes. Possui muitas estruturas moleculares, configurações diferentes e tamanhos. O termo carboidrato sugere uma composição elementar geral, representando moléculas que apresentam átomos de carbono juntamente com átomos hidrogênio e oxigênio, na mesma proporção que ocorrem na água (FENNEMA, 2010). A sacarose é um oligossacarídeo, é formado pela junção de uma molécula de glicose e outra de frutose, é comercialmente obtida através da cana de açúcar e da beterraba. Este oligossacarídeo é altamente solúvel o que faz dele ser um bom ingrediente para formulação de alimentos. É o tipo de açúcar mais empregado na fabricação de doce de leite e sua qualidade é crucial na tecnologia de fabricação, pois pode influenciar, dentre outros fatores, na cristalização do produto final (PERRONE et al., 2011a). A lactose é o açúcar presente no leite, é um oligossacarídeo formado por dois monossacarídeos a glicose e galactose, e unidas por ligação glicosídica β (1,4) sendo composta por D-glicose e D-galactose, sofre saturação e supersaturação durante a concentração do leite na fabricação do doce de leite. Como o doce de leite é formulado a partir da fusão de leite e açúcar, o mesmo apresentará carboidrato proveniente do leite (lactose) e carboidrato proveniente do açúcar (sacarose ou glicose). Assim, a quantidade e qualidade dos carboidratos empregados na formulação do doce de leite vão influenciar, consideravelmente, na característica de flavor, textura, cor e na velocidade da reação de Maillard no produto final. 2.3.4 Cinzas As cinzas, também conhecida por resíduo mineral fixo ou resíduo inorgânico (sódio, potássio, magnésio, cálcio, ferro, fosforo, cobre, cloreto, alumínio, zinco e entre outros componentes) são um dos componentes centesimais dos alimentos, fornecendo uma ideia bruta do conteúdo mineral (FENNEMA, 2010). 2.3.5 Umidade A água é um dos componentes, fundamentais é principal na formação dos alimentos, está presente intracelular e extracelular, quanto nos alimentos de origem vegetal como nos alimentos de origem animal (FENNEMA, 2010). Os produtos lácteos podem sofrer processos de concentração e desidratação com o objetivo de diminuir o conteúdo de água com concentração dos solutos e redução da perecibilidade do produto. Estes possuem modificações em sua estrutura química, microbiológica e física principalmente com a influência da umidade. O doce de leite pastoso corresponde a um destes produtos lácteos concentrados o que provoca sua baixa umidade e boa conservação (DEMIATE, 2001). 2.3.6 Teor de sólidos solúveis O teor de sólidos solúveis são as substâncias solúveis em água como carboidratos, vitaminas e sais, incluídos nos sólidos totais de um alimento. A determinação do ponto do doce de leite realizado através do teor de sólidos solúveis em °Brix é de grande relevância tanto no início quanto no final da tecnologia de fabricação. Este ponto indica se o doce está pronto ou não para ser envasado e posteriormente armazenado e comercializado. Quanto maior o teor de sólidos solúveis na matéria prima leite maior o rendimento na fabricação do doce de leite, menor o tempo de evaporação e menor os gastos com a fabricação (PERRONE et al., 2011a; PERRONE et al., 2012). 2.3.7 Amido O amido é um polissacarídeo composto basicamente pela mistura de dois polímeros um polissacarídeo linear chamado de amilose o qual possui ligações α (1,4) que se une com muita intensidade umas às outras e um polissacarídeo ramificado conhecido por amilopectina, é um polímero de D-glicose com ligações α (1,4) e α (1,6) (FENNEMA, 2010; PERRONE et al., 2011b). Por seguinte, o mesmo é utilizado na fabricação do doce de leite com a finalidade de aumento do rendimento do produto e da viscosidade, porém, em grandes concentrações pode apresentar fraude, causar sinéreseou retrogradação e reduzir a qualidade sensorial do produto fabricado. 2.3.8 Atividade de água A água está presente nos alimentos, e pode estar ligado às moléculas constituintes dos produtos não sendo separada e nem utilizada em reações químicas. Esta água também pode estar disponível nos alimentos para as reações físicas, químicas e microbiológicas (OLIVEIRA et al., 2008). A Aw pode ser utilizada como uma forma de controle da taxa de deterioração de produtos alimentícios, sendo uma medida para aferir a susceptibilidade do alimento à degradação, ajudando nas condições de armazenamento do produto, determinação da vida de prateleira e do tipo de embalagem. Quando os valores passam de 0,90 nos alimentos tem uma maior chance de desenvolvimento de microrganismo (OLIVEIRA et al., 2008; PERRONE et al., 2012). O doce de leite é um alimento microbiologicamente estável e higroscópico por ser industrializado, por sua concentração de carboidratos e pela baixa atividade de água, portanto é considerado um produto com baixa possibilidade de crescimento microbiano. Porém, não se pode descartar a hipótese de uma possível contaminação, como por exemplo, crescimento de leveduras, bolores e microrganismos mesófilos aeróbicos durante sua estocagem. Com isso, demonstra uma necessidade de medidas higiênicas sanitárias durante todo o processo de produção, armazenamento e comercialização do produto (OLIVEIRA et al., 2008; TIMM et al., 2007). 2.4 Reação de Maillard no alimento Entre as reações de escurecimento não-enzimático destaca-se a reação de Maillard, descoberta em 1912 por Louis-Camille Maillard durante a tentativa da síntese de peptídeo em condições fisiológicas. É um componente de grande interesse na atualidade, está relacionado com aspectos químicos, organolépticos, nutricionais, toxicológicos e manifestações in vivo (BASTOS et al.,2011; NUNES e BAPTISTA, 2001). A reação de Maillard é constituída por uma complexa cascata de reações, que surge principalmente durante o aquecimento e armazenamento prolongado de produtos alimentícios resultando em modificações positivas ou negativas na qualidade dos alimentos, favorecendo a formação de compostos responsáveis pelo aroma, sabor, cor dos alimentos tratados termicamente. Esta reação é subdividida em três estágios: estágio inicial, estágio intermediário e estágio final (ARAÚJO, 2008; BASTOS et al., 2011; BRIÃO et al., 2011; FENNEMA, 2010; NUNES e BAPTISTA, 2001; SILVA, 2004). O estágio inicial equivale na condensação do grupo carbonila do açúcar redutor com o grupamento amino livre de aminoácidos, peptídeos ou proteínas, o que se desenvolve através do ataque nucleofílico do par de elétrons do nitrogênio do grupo amino, levando ao começo da reação. Com o resultado desta condensação há formação da base de Schiff instável que libera água e forma uma glicosilamina. Assim, esta base de Schiff sofre rearranjos sequenciais produzindo uma aminocetose razoavelmente estável conhecida como produto de Amadori (açúcar aldose) ou produto de Heyns (açúcar cetose). Estes produtos, desenvolvidos no estágio inicial, são estáveis e não possuem cor, fluorescência ou absorção na região ultravioleta resultando em uma enorme variedade de produtos em distintas proporções (ARAÚJO, 2008; BASTOS et al., 2011; BRIÃO et al., 2011; FENNEMA, 2010; NUNES e BAPTISTA, 2001; SILVA, 2004). Os compostos originados na fase intermediária são fluorescentes e com capacidade de absorção da radiação na região ultravioleta. São cíclicos e altamente reativos, se polimerizando junto com resíduos de lisina ou arginina em proteínas, constituindo em compostos estáveis e resultando na formação de pigmentos escuros conhecidos como melanoidinas. Estes pigmentos levam à coloração dos alimentos sendo desejáveis ou indesejáveis e fazendo parte do estágio final da reação de Maillard (ARAÚJO, 2008; BASTOS et al., 2011; BRIÃO et al., 2011; FENNEMA, 2010; NUNES e BAPTISTA, 2001; SILVA, 2004). A reação de Maillard pode ser afetada por inúmeras causas entre elas a temperatura e o pH. A velocidade desta reação é lenta a temperaturas mais baixas e praticamente duplica a cada aumento de 10°C entre 40°C e 70°C. O pH também realiza efeito sobre a intensidade da reação, deste modo, a descoloração máxima incide principalmente na faixa alcalina entre pH 9 e 10 (ARAÚJO, 2008; BASTOS et al., 2011; BELLARDE, 2001; FENNEMA, 2010; NUNES e BAPTISTA, 2001). O açúcar redutor é indispensável para que a reação de Maillard aconteça, as pentoses são mais reativas que as hexoses que são mais reativas que os dissacarídeos. Este tipo de escurecimento sucede com maior repetição nos valores intermediários de atividade de água (0,5 e 0,8) e em umidade relativa entre 30% e 70%. Isto acontece porque em baixa atividade de água (0,2 a 0,25) a velocidade tende a zero por uma diminuição de solvente e em altos valores (0,9) os reagentes se encontram diluídos o que diminui a velocidade de escurecimento (ARAÚJO, 2008; BASTOS et al., 2011; BELLARDE, 2001; FENNEMA, 2010; NUNES e BAPTISTA, 2001. A extensão da reação de Maillard pode ser observada pelo surgimento de compostos o que permite avaliar a intensidade do processamento térmico e as alterações nutricionais relacionadas a ele. Entre estes compostos estão: a furosina, o hidroximetilfurfural e a carboximetilisina (ANDRADE et al., 2008). 2.5 Reação de Maillard no doce de leite A reação de Maillard no doce de leite, influência principalmente no escurecimento do produto. É de grande importância ficar atento, visto que o doce é definido pela cor castanho caramelado (SILVA, 2020) Um doce muito escuro não responde as características essências esperadas pelo mercado nacional e pode não ser bem aceito pelo consumidor. Diferentemente do que acontece no mercado argentino, onde se busca exatamente a coloração mais escura pois é típica do país. Deve-se ter um equilíbrio no momento da produção, entendendo que o escurecimento pode ser acelerado e intensificado de acordo com os ingredientes essências utilizados durante a fabricação: • Bicarbonato de sódio: utilizado para aumentar a estabilidade do leite, o bicarbonato favorece a reação de Maillard, pois aumenta o pH; • Citrato de sódio: muito utilizado em equilíbrio com o bicarbonato, pois também contribui com a estabilidade do leite e evita o escurecimento; • Glicose: é um açúcar redutor, que também tende a escurecer mais o doce; • Sacarose: a redução do açúcar na produção pode causar a alta concentração de lactose, que durante o aquecimento também faz com que o doce fique mais escuro. Sendo assim, a reação de Maillard é essencial para que o doce adquira o seu tom ideal. 3 OBJETIVO O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de apresentar os atributos físico- químicos e composicionais do doce de leite: tradicional, light e diet. Com base na alimentação humana existem grandes variações de produtos diet e light, que visam atender uma população de aproximadamente 30 milhões de pessoas. Dentre elas são a maioria diabéticos, hipertensos, hiperlipidêmicos, hipercolesterolêmicos e obesos. Permitindo que estes possam desfrutar do doce, sem ocasionar problemas ou doenças. Além disso, foi determinado o teor de sólidos solúveis e umidade. 4 METODOLOGIA Na criação do artigo, nosso instrumento principal foi a pesquisa documental, desenvolvida a partir de materiais publicados em livros, artigos e sites com referência ao tema, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Nossa pesquisa tinha como foco ter acesso à todas as informações nutricionais do doce de leite, em especifico o tradicional, light e diet. Sendo assim, nos tornar conceituados dos benefícios que o mesmo, pode ou não causar em nosso corpo. Objetivamos nossa pesquisa no campo da criação, produção, e o destino final de comercialização, pessoas com diferentestipos de comorbidades. 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Atributos composicionais e físico-químicos As características físicas-químicas e composicional dos alimentos são importantes de serem avaliadas e acompanhadas para a caracterização do mesmo. Sendo assim, sucede a necessidade de as empresas produzirem alimentos dentro dos padrões desejados. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) deliberou critérios físico-químicos e composicionais que devem ser seguidos na produção de doce de leite, estes limites podem ser visualizados na tabela 1. Tabela 1: Atributos físico-químicos obrigatórios (BRASIL, 1997). REQUISITOS (g.100g-1) DOCE DE LEITE Umidade Máx. 30,0 Lipídeos 6,0 a 9,0 Proteínas Min. 5,0 Cinzas Máx. 2,0 Fonte: Elaborada a partir dos dados obtidos do Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade do Doce de Leite (BRASIL, 1997). O doce de leite é vastamente consumido no Brasil sendo apreciado pelo mercado consumidor. O mesmo pode ser utilizado como ingrediente em muitas receitas ou para o consumo direto como sobremesa ou ainda acompanhado de pães, torradas ou queijos (DEMIATE et al., 2001a). A uniformidade dificilmente é obtida durante a fabricação do doce de leite, este produto apresenta variação principalmente em relação às características físico- químicas, composicionais, sensoriais e nutricionais (DEMIATE et al., 2001a; VIEIRA et al., 2011). Além disso, FRANCISQUINE analisou atributos físicos e químicos de nove diferentes marcas, podemos visualizar na Tabela 2. TABELA 2: Análise estatística descritiva dos atributos físico-químicos e composicionais de nove diferentes marcas de doces de leite comerciais Fonte: FRANCISQUINE, 2016. 5.2 Comparação da composição do leite de vaca integral e o Doce de leite O Doce de leite é basicamente o leite concentrado mais o açúcar. Nutricionalmente apresenta alto valor energético, podendo conter, proteínas, carboidratos, minerais e lipídeos. É um alimento menos perecível que o leite e de grande aceitação sensorial. Na tabela 3 podemos observar a comparação dos constituintes do leite de vaca integral e o Doce de leite pastoso. Estatística Descritiva Umidade %(m/m) Lipídeos %(m/m) Proteínas %(m/m) Cinzas %(m/m) Carboidratos %(m/m) Atividade de água %(m/m) Sólidos solúveis (ºBrix) Média 32,09 3,58 5,10 1,64 57,59 0,85 65,94 Desvio padrão 4,72 1,49 0,96 0,32 6,31 0,04 4,29 Mínimo 26,36 1,25 3,56 0,98 47,58 0,80 57,23 Máximo 40,95 5,50 6,55 2,05 67,89 0,91 70,00 Amplitude 14,59 4,25 3,03 1,07 20,31 0,11 12,77 Coeficiente de variação 14,71 41,71 18,86 19,46 10,95 4,34 6,51 Tabela 3: comparação dos constituintes do leite de vaca integral e do doce de leite. CONSTITUINTE (g%) Leite de vaca integral Doce de leite pastoso Água 87,6 26,6 Proteínas 3,3 8,3 Lipídeos 3,4 8,3 Lactose 4,7 10,2 Outros açucares 0,0 45,3 Cinzas 0,7 1,4 Fonte: Extraído de DEMIATE et al., 2001. 5.3 Doce de leite Light Os produtos Light vêm crescendo gradativamente no mercado de trabalho, e é buscado pro consumidor que se preocupam com sua saúde e forma física. A diminuição do teor de gordura do leite implica na formulação do doce de leite, por conta disso busca utilizar substitutos de gorduras apropriado, para garantir as características e a qualidade do produto. Alguns dos substitutos de gordura utilizados na área de lácteos são amido modificado, concentrado de proteínas do soro (Whey protein Concentrate ou WPC), fibra solúvel e a polidextrose. 5.4 Composição do Doce de Leite Diet Nos dias atuais, a proposta dos laticínios é desenvolver produtos diet sem comprometer com sua textura e sabor. O produto é desenvolvido para atender principalmente pessoas com diabetes, restrições nutricionais e no caso de dietas alimentares a redução calórica. A sucralose é um edulcorante não calórica, que pode ser até 600 vezes mais doce que a sacarose. O uso de edulcorante pode ser adequado em relação ao sabor, mas muitas vezes, não proporciona as características de aparência e textura desejadas. Por conta disso, é necessário o uso de polidextrose, que é um agente de corpo solúvel em água, estável em uma ampla faixa de pH, temperaturas e condições de processo, ajudando na formação da cor (RIBEIRO et al, 2009). Tabela 5: Composição físico-químicas do doce de leite diet comercial CONSTITUINTE DOCE DE LEITE DIET Umidade 42,79 Gordura 10,52 Proteínas 10,52 Carboidratos 40,22 Cinzas 1,71 Fonte: Elaborado a partir dos dados do artigo RIBEIRO et al, 2009. 6 CONSIERAÇÕES FINAIS Ao decorrer deste projeto chegamos à conclusão de que o doce de leite é bastante consumido no Brasil e que o mesmo pode ser utilizado como ingrediente de diversas receitas. Este produto pode apresentar variações em relação às suas características físico-químicas, composicionais e nutricionais. O doce de leite é basicamente o leite concentrado mais o açúcar, e apresenta alto valor energético, contendo proteínas, carboidratos, lipídios, etc. É um alimento menos perecível que o leite e de grande aceitação sensorial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, C. D.; SEIQUER, I.; NAVARRO, M. P. MORALES, F. J. Estimation of hydroxymethylfurfural availability in breakfast cereals. Studies in Caco-2 cells. 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