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FACULDADE SÃO FRANCISCO DE ASSIS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE II FELIPE MACHADO MAIA MARIA EDUARDA MACHADO MAIA RESENHA LIVRO: DIBIS – EM BUSCA DE SI MESMO PORTO ALEGRE 2023 Introdução O livro de Virginia Axiline "Dibs, em busca de si mesmo" conta a história de vida enfrentada por uma criança em direção à autodescoberta e autorrealização em meio a uma sociedade que resiste ao lidar com o "diferente". O livro traça o crescimento e desenvolvimento de Dibs ao longo do tempo, enquanto ele se esforça para construir sua própria identidade e personalidade, enfrentando resistências e oposições. Através das páginas do livro, os leitores podem testemunhar as dificuldades traçadas entre o menino e o mundo ao seu redor. Apesar de ser filho de um renomado cientista e uma cirurgiã, Dibs foi rejeitado por seus pais desde o momento de seu nascimento, deixando-o sem qualquer afeto materno ou paterno e interação social. Como resultado, o menino apresentava dificuldades para se conectar com outras pessoas, não se comunicava, não brincava e encontrava-se em constante estado de isolamento, tendo frequentes explosões de raiva em casa e na escola. Após a equipe escolar perceber as dificuldades da criança, se iniciou um trabalho através da ludoterapia, a terapia foi uma fonte de libertação para Dibs, um momento em que ele pode se entregar para seus desejos e gostos sem medo de ser julgado e podendo ser ele mesmo, proporcionando novos conhecimentos e perspectivas, explorando diversos recursos. O desenvolvimento de Dibs deu um salto significativo por meio das sessões de ludoterapia, acompanhada de muita liberdade e carinho, deixando-o livre para se desenvolver. Diante disso, este trabalho tem como objetivo analisar a trajetória de um menino de 5 anos que, após estar 2 anos frequentando escola, com o auxílio de profissionais, supera diversas dificuldades vivenciadas. A análise evidenciará a evolução da criança e o empenho do psicólogo em alcançar esse resultado positivo. Desenvolvimento O livro "Dibs, em busca de si mesmo" conta a história de um menino de cinco anos que se manteve distante e pouco comunicativo, recusando-se a interagir com os colegas, professores, ou até mesmo brincar com os brinquedos disponíveis na escola, preferindo ficar em um canto da sala e evitando qualquer interação social, ao mesmo tempo em que não demonstrava qualquer expressão de alegria ou afeto. “Era hora do almoço, hora de ir para casa, e as crianças circulavam com seu barulho habitual, ziguezagueando para apanhar seus casacos e chapéus. Todas, menos Dibs. Ele recuara até o canto da sala, e lá permanecia agachado, cabeça baixa, braços dobrados e firmemente cruzados sobre o peito, ignorando o mundo à sua volta.” Dibs frequentemente resistia a ir embora sempre que chegava a hora, desencadeando repetidos episódios de raiva e explosões no garoto. A equipe da escola, incluindo professores e superiores, fizeram várias tentativas de interagir com Dibs, no entanto, ele respondeu a esses esforços com agressividade, tentando arranhar qualquer um que tentasse se aproximar. A equipe escolar começou a especular sobre a possibilidade do garoto ter um transtorno mental. “Às vezes, apresentava indícios de retardamento mental em grau extremo. Outras vezes realizava certas atividades com tanta rapidez e tranquilidade, que evidenciava possuir, de fato, um nível de inteligência superior.” Inicialmente, a busca por respostas e auxílios em relação à situação do menino não se iniciou até que os desentendimentos de Dibs com os colegas tornaram-se mais frequentes e começaram a despertar a reprovação dos pais. Em resposta a isso, foi marcada uma reunião, na qual participaram todos os funcionários da escola para tratar das preocupações dos pais. A equipe disciplinar manifestou o desejo de que o menino continuasse matriculado na escola, apesar das objeções dos pais. A psicóloga Virginia compareceu ao encontro e ouviu atentamente os relatos apresentados, à medida que o caso foi discutido, Virginia começou a se interessar por ele. Em sua opinião profissional, as ações de Dibs estavam entrelaçadas com dificuldades emocionais, situação que poderia ter sido desencadeadas por suas suspeitas de descaso da família, visto que seu pai raramente comparecia a escola e os dois não davam sinais de estimular o filho. Após decidir participar do caso, Virginia solicitou um encontro com os pais e uma conversa com quem havia interagido com o menino durante seus dois anos frequentando a escola. Após uma investigação mais aprofundada sobre sua vida pessoal, descobriu-se que o garoto foi fruto de uma gravidez não planejada, filho de um cientista renomado, Dibs cresceu com resistência sobre o pai, sendo repetidamente rejeitado por sua mãe, a mesma acreditava que seu filho havia sido um obstáculo para sua vida pessoal e profissional e se envergonhava pelo seu modo atípico de agir. O menino também tinha uma irmã mais velha, que sua mãe considerava a filha perfeita, tachada de aluna modelo e exemplar, isso só aumentava o desafio de aceitar as limitações do menino. Para iniciar o processo terapêutico, Virginia utilizou técnicas de Ludoterapia, onde a sala de Ludoterapia foi utilizada como recurso para permitir que o Dibs se expressasse por meio de objetos. Durante a sessão inicial de acompanhamento, Virginia apenas observou o comportamento de Dibs sem qualquer interferência. Em seguida, Virgínia convidou Dibs para acompanhá-la, podendo brincar com os brinquedos que desejasse, dando-lhe a oportunidade de se expressar por meio da brincadeira. Virgínia visitou a residência dos pais de Dibs, que residiam em uma grande mansão, nesse momento foi deixado claro por sua mãe que as mudanças ou melhorias comportamentais do menino não eram esperadas. “Sabemos que você foi chamada à escola como psicóloga para observar Dibs – disse ela. – É muita gentileza sua assumir essa tarefa. Gostaríamos que você soubesse que nós não esperamos nenhum milagre. Já aceitamos a tragédia de Dibs.” Depois de iniciar a terapia de Dibs, Virginia descobriu que estava gradualmente conquistando a confiança da criança por meio de suas experiências compartilhadas, que se tornaram um canal de comunicação entre eles. “Uma criança adquire seus sentimentos de segurança a partir de conhecimentos previsíveis e limitações reais. Desejava ajudar Dibs a diferenciar seus sentimentos de suas ações. Parecia que ele já havia conseguido um pouco disso.” A abordagem de Virginia para ajudar Dibs a se sentir incluído foi focada em priorizar suas necessidades emocionais sem impor nenhuma exigência a ele. Ela respeitava seu tempo e permitia que ele se expressasse por meio de brincadeiras e brinquedos. Essa abordagem permitiu que Dibs expressasse todas as suas emoções negativas que anteriormente o tornavam agressivo e distante dos outros. A criança parecia possuir muita sensibilidade, como evidenciado por sua intrigante afinidade com o mundo natural. Muitas vezes ele podia ser observado conversando com o vento e expressando sua adoração pelas árvores, relatou uma situação com seu pai, onde admirava uma árvore que crescia em direção a janela, o jardineiro percebeu esse carinho e cuidava da planta muito bem, mas o pai do Dibs não tinha o mesmo pensamento, mandando cortar a árvore e adicionando grades na janela do menino. Conforme a brincadeira avançava, os problemas do menino com seu pai começam a vir à tona, em um momento o menino faz uma simulação ameaçando atirar nele com uma espingarda e relata que apesar dos apelos de seu pai para conversar, o garoto se recusa teimosamente a isso. Inicialmente, quando Virginia pergunta se ele gostaria que outra criança participasse das brincadeiras, ele fica bravo, depois diz que nenhumacriança ia querer e por último admite que desejava que o ambiente fosse apenas dele, aquele era seu lugar segura e ele queria ser o único a disfrutar dessa sensação. No dia seguinte à sessão de terapia, a mãe de Dibs entra em contato com a terapeuta para agendar uma entrevista, aguardando ansiosamente o encontro e já elogiando as mudanças visíveis em Dibs. A mãe do menino relata que o mesmo expressou suas emoções, brincou com a Irmã e até demonstrou afeto, ele tirou o casaco e pendurou-o, sentou-se ao lado de seus colegas, conversou, respondeu a perguntas, sorriu e completou seus trabalhos escolares. Conclusão Virginia Axline foi a primeira a utilizar as técnicas Humanistas Rogerianas com as crianças. O caso de Dibs era um caso muito complexo. Tanto a escola quanto a família não tinham esperanças de recuperar suas capacidades cognitivas. Na ânsia de ver o filho corresponder as suas expectativas, a família “oprimiu” o menino de forma que ele suprimiu toda sua genialidade. Para o processo de Dibs foi muito importante a consciência e empatia de sua mãe em relação ao seu próprio crescimento. É intrigante observar como as mães podem projetar suas próprias expectativas sobre seus filhos, especialmente se elas sofreram pressões semelhantes de suas próprias famílias. Dibs veio de uma família rica, onde ambos os pais eram intelectualmente estimados; sua mãe era cirurgiã e seu pai um renomado cientista. No entanto, eles não estavam preparados para enfrentar as emoções desafiadoras e desconhecidas que acompanham a paternidade. A paciência e o acolhimento da terapeuta, aliada com as técnicas não diretivas defendidas por Rogers ajudaram a criança a encontrar a si mesmo, entrar em contato com seus sentimentos. Além disso, a família foi muito beneficiada com esse processo de descoberta, pois conseguiram lidar com seus sentimentos de frustração e culpa que manifestavam diante do filho Dibs. O garoto foi capaz de se desenvolver e superar grandes etapas, adquirindo muito conhecimento durante a trajetória, Dibs através da Ludoterapia foi capaz de apresentar melhoras tanto na escola como em casa, surpreendendo todos a sua volta.
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