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Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 1 🥼 Cuidados e Complicações Pós- Operatórias Reviewed Type Aula ao Vivo Date Especialidade Cirurgia Geral Apostila Área Cirurgia Geral Resposta Metabólica ao Trauma Ocorre em todo e qualquer procedimento cirúrgico → ocorre como reflexo modulador para superar a injúria traumática → reação de “luta ou fuga”. O objetivo é aporte água e glicose para as áreas que mais precisam → a primeira fase é de inflamação ocorre pela liberação de citocinas, recrutamento de células de defesa → depois ocorre ativação do sistema nervoso simpático, com liberação de catecolaminas, vasoconstrição, taquicardia e hiperglicemia → posteriormente, ocorre ativação do eixo hipotálamo-hipófise, com liberação e cortisol (gliconeogênese, glicogenólise) e ADH (retenção de água intravascular) → em seguida, há ativação do SRAA, com a aldosterona gerando retenção de sódio e água no intravascular. A resposta endócrina é contrainsulínica. Elevação Diminuição Glucagon Insulina ACTH T3/T4 Cortisol Testosterona ADH @April 10, 2023 Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 2 Elevação Diminuição Aldosterona Agressões mais intensas e graves desencadeiam uma resposta maléfica. REMIT possui duas fases. Fase EBB ou Vazia: tem 1-3 dias de duração → tem hipovolemia e hipotensão → redução do fluxo sanguíneo, aumento da resistência vascular periférica, de catecolaminas, glucagon, glicocorticoides e mineralocorticoides → redução da insulina, hormônios tireoidianos e testosterona → TSH normal ou baixo → hiperglicemia. Fase FLOW ou Cheia: retenção hídrica → redução da resistências vascular periférica → hipermetabolismo: proteólise, lipólise, hipertermia → aumento de catecolaminas, glicocorticoides e insulina → hiperglicemia com resistência periférica à insulina. Modificar Respostas no Pós-Operatório: reduzir respostas com cirurgias menos invasivas (ex: laparoscopia) → reduzir resposta endócrina com anestesia com bloqueio de neuroeixo (ex: anestesia peridural). Cuidados com Drenos Drenos: monitorizar a saída de líquido e a sua quantidade (débito) → visualizar qual o conteúdo está saindo (coloração e aspecto) → perceber se há fístula de alto débito (> 500 mL/24h) ou não. Drenos de Sucção (port-o-vac e Blake): ao pressionar, faz pressão negativa, ajudando a drenar. Drenos Abertos (Penrose, pigtail, Waterman): funcionam por capilaridade, gravidade, etc. Aspecto: seroso, hemático, biliar, entérico (fezes). Complicações Gerais Febre: não é sinônimo de infecção → até 24h de pós-operatório, deve ser por REMIT, como tentativa de estabilidade hemodinâmica, aporte de O2, substrato calórico, controle da dor e controle da temperatura → em 24-48h, a principal causa de febre é atelectasia (principal causa no 2-3° dia), cursando com febre baixa, taquipneia leve e MV diminuído localmente, sendo tratada com fisioterapia respiratória → após 72h, as principais causas são infecção de FO, Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 3 ITU (SVD), flebites TVP → após o 5° dia, as causas são deiscência de anastomose, abscessos e pneumonias. Eventos Tromboembólicos: lesão da camada íntima do endotélio + estase sanguínea local + estado de hipercoagulabilidade → TVP aparece como edema simétrico de MMII, eritema, dor, empastamento de panturrilha, sinal de Homans (dor a dorsiflexão do pé), sinal da Bandeira (uma das panturrilhas não se movimenta ao ser mobilizada), sinal de Bancroft (pressão da tíbia gera dor); na vida real é inespecífica e maioria é silenciosa → TEP pode ser avaliado com os critérios de Wells Simplificado (provável se a partir de 5) → no pós-operatório, o melhor tratamento é a prevenção, com anticoagulação profilática, meias compressivas e deambulação precoce. Retenção Urinária: complicação comum, principalmente em cirurgias perianais e herniorrafias; devido incoordenação do trígono e detrusor → cursa com dor e abaulamento suprapúbico → tratamento com analgesia + sonda vesical. Seromas: coleção de gordura liquefeita, fluido sérico e linfático localizadas no tecido subcutâneo → principal fator de risco são cirurgias com maior descolamento de tecido subcutâneo (ex: herniorrafias) → cursa com abaulamento em FO com drenagem se secreção amarelo claro (seroso) → prevenção com redução do espaço morto no fechamento; drenos de sucção → tratamento com punção simples e curativo compressivo (abrir pontos se recidiva). Hematoma: não é normal → pode subcutâneo ou intra-abdominal → por hemostasia inadequada; coagulopatias → atentar para possibilidade de infecção, além do risco de hematoma expansivo. Infecção de Sítio Cirúrgico: diagnóstico é clínico, de uma infecção que ocorrem até 30 dias depois de uma cirurgia, com exceção de cirurgias com próteses, em que o tempo aumenta para até 1 ano → superficial se até subcutâneo → profunda se pega fáscia e músculo → principais agentes são S. epidermidis, S. aureus e enterococcus → os principais agentes intracavitários são E. coli e Klebsiella sp → fatores de risco relacionados ao paciente são ascite, obesidade, DM, extremos de idade, anemia no pós-operatório, desnutrição → outros fatores de risco são materiais contaminados, antissepsia inadequada, esterilização inadequada, tempo operatório prolongado, ATBprofilaxia inadequada → prevenção com redução do tempo de internação, nutrição adequada, ATBprofilaxia adequada, tratar infecções remotas, técnica asséptica correta, suplementação de O2, temperatura adequada, controle glicêmico, proteger Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 4 incisão por até 72h, remover drenos o mais precoce possível, dieta precoce, controle glicêmico e perfusional → usualmente, aparece a partir do 5° PO → se superficial, cursa com sinais inflamatórios da FO (eritema, calor, edema, dor), secreção purulenta → se profunda, cursa com drenagem purulenta pelo dreno, sintomas sistêmicos (taquicardia, febre obscura, dor abdominal, distensão, náusea/vômitos, prostração, septicemia). Recomendações gerais são: tricotomia, se necessária, feita no centro cirúrgico → ATBprofilaxia deve ser feita até 60 min da incisão → glicemia mantida < 200 → temperatura mantida sempre entre 36,5 e 38°C. Complicações Específicas Deiscência de Sutura: abertura dos pontos da FO → pode ocorrer na pele ou nas camadas musculoaponeuróticas abdominais → principal fator de risco é técnica inadequada; outros são cirurgias de emergência, infecções, pressão intra-abdominal elevada (DPOC, gravidez, obesidade), pacientes imunossuprimidos, desnutridos, idade avançada. Na pele: realizar ressuturar se precoce → 2ª intensão se infectado. Apenas aponeurose: saída de grande quantidade de líquido de aspecto “água de carne” = eventração → costuma ocorrer entre 7-10 dia do pós- operatório; se até 5º dia, é erro técnico; se após, é hematoma, infecção ou Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 5 aumento da PIA → se não corrigida, pode evoluir com hérnia incisional → não é urgência. Da aponeurose e da pele: contato das vísceras abdominais com o meio externo = evisceração → se dúvida, realizar exploração digital estéril → é urgência. Tratamento: se deiscência de 1/2 da parede, realizar ressutura → se deiscência maior, realizar novo fechamento, inspecionar cavidade abdominal; ressutura com pontos de retenção captonados (totais recobertos) OU telas absorvíveis com ou sem curativo a vácuo. Deiscência de Anastomose: abscessos e coleções abdominais → pode formar fístulas → preocupante pois tem potencial necessidade de reoperação, com altas chances de sepse, fístulas, ostomias permanentes e menor sobrevida → os fatores de risco são tipo de anastomose (condições dos tecidos envolvidos), preparo de cólon (controverso), distensão intraluminal (tensão nas bordas anastomóticas), drenos (são bons até 24/48h), cirurgias intestinais de emergência (shape do paciente), transfusão sanguínea (otimiza transporte de nutrientes, mas deprime resposta imunocelular), obesidade (dificuldade técnica e inflamaçãocrônica) e esteroides (diminuem resposta inflamatória e síntese de colágeno) → diagnóstico com clínica de prostração, febre, íleo abdominal, eritema peri-lesional, leucocitose → o ponto soltou e há extravasamento de conteúdo na cavidade, podendo haver (1) bloqueio do conteúdo (coleção ou abscesso), (2) conteúdo ser guiado (fístula) ou (3) conteúdo espalhar (peritonite). Abscesso ou Coleção Intra-Abdominal: por deiscência ou resíduo intraoperatório → cursa com pós-operatório arrastado (hiporexia, dor abdominal incompatível, náusea/vômitos, elevação de marcadores inflamatórios, febre…) → diagnóstico, se estável, com TC com contraste; se instável, no intraoperatório com reabordagem → tratamento, se instável, com ATB + laparotomia exploradora; se estável, com ATB + drenagem (percutânea, transretal ou transvaginal). Fístulas: por deiscência ou por dreno de vigilância → cursa com pós- operatório arrastado, podendo evoluir com sepse, desnutrição e DHE + saída de líquido incompatível do dreno/FO → classificada com baixo fluxo (< 200 mL/dia; TGI baixo, como colônicas), moderado (200-500 mL/dia) e alto fluxo (> 500 mL/dia; TGI alto, como biliares, delgado, gástricas) → diagnóstico com clínica + imagem (TC com contraste) → tratamento Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 6 conservador (40-80% dos casos) com jejum, reposição hídrica, correção de DHR e suporte parenteral preferencialmente, ATB, drenagem percutânea se necessário → tratamento cirúrgico se peritonite, sepse, deiscência de parede ou sem resolução em 8 semanas de tratamento conservador; com fistulectomia, reconstrução do trânsito/parede. Íleo Pós-Operatório: diminuição ou ausência de peristaltismo funcional → sem causa mecânica envolvida → por incoordenação transitória do TGI → cursa com distensão abdominal, diminuição ou ausência dos RHA, náuseas +/- vômitos, constipação, ausência de eliminação de flatos → fatores predisponentes são manipulação intestinal, infecção, lesão medular, distúrbios hormonais e DHE, isquemia mesentérica e medicamentos (opioides, anticolinérgicos) → tempo para retorno da peristalse demora algumas horas para intestino delgado, 24-48h para estômago, 3-5 dias para cólon → melhor tratamento é prevenção → intraoperatório: evitar manipulação de alças excessivas, procedimento minimamente invasivo, evitar hiperhidratar → pós-operatório: deambulação precoce, analgesia otimizada, correção de DHE, evitar opioides, usar procinéticos. Complicações de Vias Biliares: a prevenção é com a visão crítica de segurança → deve-se enxergar o Triângulo de Calot, pois por ele passa a artéria cística; formado pelo rebordo hepático, ducto cístico e ducto hepático comum → única coisa que deve-se ligar é artéria cística e ducto cístico → lesão iatrogênica de Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 7 via biliar é a complicação mais temida pois pode levar a estenoses, fístulas, biliomas, abscessos cavitários, colestase, colangite, cirrose e morte → aumento do número de laparoscopia leva ao aumento da incidência e complexidade dessas lesões → os mais lesados são ducto hepático comum e colédoco; mas pode haver lesão de ducto hepático direito e artéria hepática → classificações de Bismuth-Lazorthes (lesões tardias; estenoses) e de Strasberg (lesões agudas) → tratamento varia com a extensão → se diagnóstico intraoperatório: se lesão parcial de VB principal, fazer reparo primário + dreno de Kher; se lesão extensão de VB principal, fazer hepaticojejunosanastomose em Y de Roux → se diagnóstico pós-operatório agudas, fazer drenagem percutânea de bilioma +/- prótese biliar por CPRE; derivação biliodigestiva se refratário ou ligaduras completas. Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 8 Cuidados e Complicações Pós-Operatórias 9
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