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METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Raquel Pierini Lopes dos Santos Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915 — www.unasp.edu.br Missão: Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão: Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profissional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação a Distância: José Prudencio Júnior Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza 1ª Edição, 2020 Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Felipe Dutra Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani, Jônathas Sant’Ana e Werter Gouveia Designer gráfico Kenny Zukowski 1ª Edição, 2020 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Imprensa Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Raquel Pierini Lopes dos Santos Mestra em Educação pela Unimep Piracicaba Santos, Raquel Pierini Lopes dos Metodologia da Matemática [livro eletrônico] / Raquel Pierini Lopes dos Santos. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2020. 1 Mb, PDF ISBN 978-65-86848-14-4 (e-book) 1. Ensino da Matemática. I. Título. II. Santos, Raquel Pierini Lopes dos. CDD 510.07 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Metodologia da Matemática 1ª edição – 2020 e-book (PDF) OP 00123_047 Editora associada: Todos os direitos reservados para a Unaspress - Imprensa Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. Preparação: Werter Gouveia Revisão: Giovanna Finco Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa: Jonathas Sant’Ana Diagramação: Kenny Zukowski, Felipe Rocha Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP CEP 13.448-900 Tels.: (19) 3858-5222 / (19) 3858-5221 www.unaspress.com.br Imprensa Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Debora Pierini Gagliardo Mestra em Engenharia de Estruturas pela Unicamp Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp. Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso, Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr. Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo Siqueira, Dr. Fábio Alfieri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto CRB 7370 SUMÁRIO APRENDER A ENSINAR MATEMÁTICA .................... 13 Introdução ........................................................................................14 O papel da Matemática no ensino fundamental ............................15 A formação do professor de Matemática ........................................22 Objetivos e conteúdos da Matemática para o ensino fundamental I no 1º ciclo ................................................................24 Objetivos e conteúdos da Matemática para o ensino fundamental I no 2º ciclo ................................................................35 O papel do professor polivalente no ensino de Matemática ..........54 Referências ......................................................................................60 TEORIAS MATEMÁTICAS ........................................ 63 Introdução ........................................................................................64 Piaget e a Matemática .....................................................................64 Vygotsky e a Matemática ................................................................69 Freire e a Matemática ......................................................................73 Gardner e a Matemática ..................................................................78 Múltiplas inteligências ............................................................82 Ellen G. White e a Matemática ........................................................86 Teste de detecção de múltiplas inteligências ..................................90 Referências ......................................................................................104 MÉTODOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS .................. 107 Introdução .......................................................................................108 Construção do conceito de número e sistema de numeração ................................................................109 Blocos Lógicos ........................................................................112 Classificação ...........................................................................115 Seriação ..................................................................................116 Conservação ...........................................................................116 Recursos para a construção da ideia de número ...................119 VO CÊ ES TÁ A QU I Números naturais e operações .......................................................123 Adição.....................................................................................123 Subtração ...............................................................................127 Multiplicação ..........................................................................129 Divisão ....................................................................................131 Ações das operações básicas .................................................132 Números racionais ..........................................................................135 A fração como parte-todo .....................................................137 A fração como quociente .......................................................138 A fração como uma razão e como instrumento de medida ............................................139 A fração como operador ........................................................140 A fração como número ..........................................................140 Operações com números racionais ........................................141Geometria .......................................................................................148 Referências ......................................................................................157 VO CÊ ES TÁ A QU I TENDÊNCIAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA .......... 161 Introdução .......................................................................................162 Tendências no ensino de Matemática ............................................162 Etnomatemática .............................................................................163 Recursos tecnológicos.....................................................................168 Resolução de problemas.................................................................171 Investigações matemáticas em sala de aula ..................................178 Jogos matemáticos .........................................................................179 Como registrar os jogos .........................................................186 Referências ......................................................................................212 EMENTA Apresenta os conceitos básicos do pensamento lógico-matemático, métodos e técnicas para o ensino da Matemática, destacando o uso de metodologias ativas e lúdicas. CONHEÇA O CONTEÚDO Bem-vindo(a) ao estudo sobre a Metodo- logia da Matemática. Esse campo do co- nhecimento é de grande relevância para o processo de aprendizagem da criança, que será a base para suas ações cotidianas e para seu avanço em estudos posteriores. Para ser aprendida, porém, a matemática deve ser vista como agradável e útil. Como, porém, fazer isso? Se as situações e metodologias empregadas no processo ensino/aprendizagem forem planejadas tendo como perspectiva o nível de desenvolvimento do estudante, sua for- ma de aprendizagem, sua participação efeti- va, o perfil da turma e a relação do conteúdo matemático com o dia a dia do aluno, isso é perfeitamente possível. Neste material, buscamos apresentar refle- xões sobre a temática da Metodologia de ensino da Matemática, a fim de proporcio- nar subsídios pedagógicos a professores do Ensino Fundamental I em formação. Você verá quais são os conteúdos e habilidades requeridos na disciplina de Matemática de acordo com a Base Nacional Comum Curri- cular (BNCC) e terá a chance de observar a disciplina da matemática do ponto de vista de teóricos da educação, como, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Paulo Freire, Howard Gard- ner e Ellen G. White. Porém, não ficaremos apenas na teoria. Apresentaremos alguns recursos para servir como instrumentos facilitadores na forma- ção de futuros docentes do ensino funda- mental, ou seja, professores polivalentes. Por fim, também vamos sugerir algumas propostas de trabalho com esses recursos, que são situações de aprendizagem para o ensino fundamental nos anos iniciais. Como bem sabemos, a disciplina de ma- temática é considerada uma vilã entre as que compõem o currículo escolar brasilei- ro (e mais brutalmente no curso de pe- dagogia onde os alicerces necessitam ser construídos), por isso, seu foco e empe- nho são essenciais. Ótimo estudo! - Estabelecer correlações entre os métodos e práticas pedagógicas com os conteúdos matemáticos. MÉTODOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS UNIDADE 3 OB JE TI VO 108 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA INTRODUÇÃO Até aqui você já viu um bocado de teorias, não é mesmo? Que tal começar a visualizar onde essas teorias pedagógicas podem nos levar? Isso mesmo. A partir de agora vamos pensar em práticas pedagógicas mais concretas, tendo como foco o dia a dia do processo ensino/aprendizado que acontece na sala de aula. Isso não quer dizer que abandonaremos todo o arcabouço teórico já visto, mas que a partir de agora eles serão traduzidos em ações e procedimentos. Não será possível apontar práticas pedagógicas para todos os conteúdos da matemática, mas, com os que você verá, já estará habilitado a utilizar os melhores métodos em qualquer ocasião. Selecionamos os seguintes tópicos introdutórios para que você tenha essa primeira aproximação: • construção do número e sistema de numeração; • números naturais e operações; • números racionais: frações e decimais; • números racionais: operações; • geometria. Bons estudos! 109 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE NÚMERO E SISTEMA DE NUMERAÇÃO Os números estão em toda parte: na hora em que marcou no despertador para levantar, na quantidade de biscoitos que separou para o lanche, na metragem de tecido de sua camiseta, na porcentagem de sua renda separada para seus estudos e assim por diante. Entretanto, deve-se ter muito cuidado para não confundir os conceitos de número, numeral e algarismo. Quando contamos, ordenamos ou medimos, a ideia que nos vem à mente é de quantidade. Nesse caso, quando contamos as bolinhas de gude que estão em um pote, enumeramos nosso lugar na fila de espera do caixa do supermercado ou medimos o peso de nossa mala no aeroporto, estamos trabalhando com a ideia de quantidade e isso é número. Já o numeral nada mais é que a representação de um número, podendo ser escrita, falada ou até mesmo indicada, ou seja, é a palavra que indica o número ou a posição, como na Figura 12. Figura 12 — Tabela de numerais TABELA DE NUMERAIS Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários um (1) primeiro - - dois (2) segundo dobro, duplo meio 110 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários três (3) terceiro triplo, tríplice terço quatro (4) quarto quádruplo quarto cinco (5) quinto quíntuplo quinto seis (6) sexto sêxtuplo sexto sete (7) sétimo sétuplo sétimo oito (8) oitavo óctuplo oitavo nove (9) nono nônuplo nono dez (10) décimo décuplo décimo onze (11) décimo primeiro undécuplo onze avos doze (12) décimo segundo duodécuplo doze avos treze (13) décimo terceiro cardinal + vezes treze avos catorze (14) décimo quarto - catorze avos quinze (15) décimo quinto - quinze avos dezesseis (16) décimo sexto - dezesseis avos dezessete (17) décimo sétimo - dezessete avos dezoito (18) décimo oitavo - dezoito avos dezenove (19) décimo nono - dezenove avos vinte (20) vigésimo - vinte avos trinta (30) trigésimo - trinta avos quarenta (40) quadragésimo - quarenta avos cinquenta (50) quinquagésimo - cinquenta avos sessenta (60) sexagésimo - sessenta avos setenta (70) septuagésimo - setenta avos oitenta (80) octogésimo - oitenta avos noventa (90) nonagésimo - noventa avos cem (100) centésimo cêntuplo centésimo duzentos (200) ducentésimo - ducentésimo 111 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários trezentos (300) trecentésimo - trecentésimo quatrocentos (400) quadringentésimo - quadringentésimo quinhentos (500) quingentésimo - quingentésimo seiscentos (600) sexcentésimo - sexcentésimo setecentos (700) septingentésimo - septingentésimo oitocentos (800) octingentésimo - octingentésimo novecentos (900) nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo mil (1000) milésimo - milésimo Fonte: Toda Matéria (https://bit.ly/3aG1Cas) Por fim, algarismo é todo símbolo numérico que usamos para formar os numerais escritos. Existem 10 algarismos — 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0 — e a partir deles qualquer número é formado. Segundo Piaget (1976), o sujeito (criança) necessita ser avaliado em seu desenvolvimento psicogenético, para que se possa averiguar suas construções de acordo com os períodos do desenvolvimento que você já conhece. A construção da ideia de número inicia-se na educação infantil através das noções de pertinência, inclusão, intersecção, classificação, seriação e conservação e ocorre paralelamente ao desenvolvimento da própria lógica. A não compreensão do conceito de número é um dos principais motivos para as dificuldades matemáticas apresentadas pelas crianças nas séries iniciais. Alguns materiais podem ser úteis durante o processo de construção dessa 112 METODOLOGIA DA MATEMÁTICAideia. Veja a descrição de alguns materiais e métodos a serem utilizados na construção desses conceitos. BLOCOS LÓGICOS Segundo Soares (2011), os blocos lógicos foram criados na década de 50 pelo matemático húngaro Zoltan Paul Dienes. Eles são eficientes para fazer com que a criança exercite a lógica e progrida no desenvolvimento do raciocínio abstrato. Uma caixa de blocos lógicos é formada por 48 blocos geométricos, compostos de quatro formas: quadrado, retângulo, triângulo e círculo; nas cores: azul, vermelho e amarelo; em dois tamanhos: pequeno e grande; e em duas espessuras: fina e grossa (veja a Figura 13). Toda essa variação faz com que sejam vastamente utilizados para averiguação do nível psicogenético em que a criança se encontra. Figura 13 — Blocos lógicos Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/3c4AFik) 113 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS No jogo livre (inicial) é importante deixar os alunos brincarem livremente com o material, para que possam explorá- lo ao máximo e comparar uma peça com outra. Eles começam a montar figuras, valendo-se da percepção das formas, cores, espessura, identificando semelhanças e diferenças entre as peças, reconhecendo-as e nomeando-as. Depois, deve-se fazer um jogo com regras. Porém, antes de seu início, é importante que haja uma conversa em roda com os alunos, para constatar se já notaram os atributos de cada peça. Cada jogo deve ser planejado para conduzir à formação de um conceito específico. Veja algumas ideias criativas de jogos com blocos lógicos retiradas de Souza (2010). JOGO DA ADIVINHAÇÃO Material: 1 caixa de papelão, blocos lógicos. Objetivo: percepção tátil, cores, formas, tamanho, espessura. Desenvolvimento: dividir os alunos em vários grupos e colocar os blo- cos lógicos numa caixa fechada com uma tampa onde há um buraco pelo qual passa apenas a mão do aluno. De cada grupo um aluno vai à caixa, à sua vez, coloca a mão e “adivinha” o que está sendo pedido (forma, espessura, tamanho). Se acertar, o aluno leva a peça para seu grupo, marcando pontos. Se errar, recoloca o objeto na caixa. Ao final das rodadas combinadas, proceder à contagem de cada grupo com- parando as quantidades. 114 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA MONTANDO TORRES COM TRÊS DIFERENÇAS Material: blocos lógicos. Objetivo: cor, forma, espessura, percepção visual, atenção, coordenação motora. Desenvolvimento: os alunos constroem uma torre, de tal modo que a peça de cima deverá ter três características diferentes da de baixo, e assim sucessivamente. PIPA Material: blocos lógicos, caderno e lápis. Objetivos: desenvolvimento da estética, noção de cor, forma, espes- sura, tamanho e quantidade. Desenvolvimento: a professora trabalha a motivação dos alunos, perguntando se eles sabem o que é uma pipa, se já viram uma voando com seu rabo comprido e colorido. Com os blocos pode- mos construir rabos de pipa muito bonitos. O aluno pega um bloco na caixa, fala tudo o que sabe sobre ela e em seguida coloca sobre o rabo desenhado pela professora. Isto vai formar uma sequência longa no chão da sala. Proceder o registro escrito dessa atividade, desenhando as peças, colorindo-as e em seguida descrever as ativi- dades realizada. 115 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS JOGO DA QUANTIDADE Material: blocos lógicos, 1 dado, pinos coloridos. Objetivos: formas geométricas, noção de cores e quantidade. Desenvolvimento: a professora apresenta uma caixa com blocos lógicos. O aluno joga o dado e pega uma peça da caixa. Ele deverá pegar os pi- nos de acordo com o que sair (por exemplo, se ela tirar uma peça verde e no dado tirar 5, deverá pegar 5 pinos verdes). Ganha o jogo quem tiver mais pinos depois de terminada a última rodada combinada. Va- riante: pode-se utilizar pinos grandes e pequenos. CLASSIFICAÇÃO De acordo com Piaget (1995), a classificação exige do sujeito um raciocínio lógico que o permita esclarecer relações entre o todo e as partes, a fim de que se possa agrupar os objetos por semelhanças. Veja um exemplo de exercício de classificação: • Material: 10 círculos verdes e 10 círculos pretos de mesmo tamanho. 10 quadrados pretos e 10 quadrados verdes de mesmo tamanho; • Procedimento: pedir para a criança brincar e montar algo com esses materiais. Logo após, pedir para separarem utilizando qualquer 116 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA critério (cor, forma). Feito isso, pedir para separarem utilizando outro critério. SERIAÇÃO Para Kamii (1997), seriação é a capacidade de organizar objetos conforme uma dimensão quantificada, embasada em suas propriedades. Entretanto, para que a criança consiga seriar, é necessário que efetue o estabelecimento de relações entre elementos, como no seguinte exemplo: • Material: 10 bonecos com diferença pequena entre eles; • Procedimento: pedir à criança que brinque bastante com o material. Peça que coloquem o material em ordem, e depois noutra ordem. A ordem (sequência) deve ser definida pela própria criança e a maneira como ele organiza mostrará se já é capaz de seriar. CONSERVAÇÃO Piaget (1976) destaca que antes de chegar ao conceito de número, é necessária ao sujeito a ideia de conservação de quantidades tanto nas grandezas de natureza discreta quanto 117 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS nas de natureza contínua. Veja um exemplo de exercício de conservação de quantidades discretas: • Material: 10 círculos pretos e 10 círculos verdes do mesmo tamanho; • Procedimento: pedir para a criança brincar e montar algo com esses materiais. A seguir, pedir para separarem utilizando, como critério, a cor. O aplicador fica com um grupo e o sujeito com o outro. Então, solicitar à criança que coloque os seus círculos do mesmo modo que o aplicador o fez (muito provavelmente a criança colocará um a um). A seguir, o professor/aplicador altera a posição das peças do seu grupo e pergunta: “Quem tem mais círculos, eu ou você?” Depois da resposta, O professor é um auxiliar no processo de formação das estruturas lógicas da criança. Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/2SxPJxi) 118 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA é solicitado ao aluno que deixe o seu grupo com quantidade igual à do professor e fazer a mesma pergunta novamente. É necessário observar as respostas e reações da criança frente às situações e descobertas de que o material, mesmo disposto de forma diferente, continua com a mesma quantidade. Agora, um exemplo de exercício de conservação de quantidade de natureza contínua: • Material: 2 massas de modelar de mesmo tamanho e em cores diferentes. • Procedimento: solicitar à criança que escolha uma massa de modelar para ele e deixe a outra para o professor. Perguntar: “Qual das duas massinhas é maior?” Após a resposta, pedir que o aluno brinque com sua massa de modelar. O professor faz uma linha (minhoca) com a massinha e pergunta: “Qual das duas é maior ou tem mais quantidade de massinha agora?” Após a resposta, solicitar que a criança faça a mesma forma com a massinha dela e novamente fazer a pergunta. O professor volta a fazer uma bola com a sua massinha e repete a pergunta. Por fim, após 119 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS solicitar que a criança faça o mesmo, repete pela última vez a pergunta. A maneira como a criança utiliza a massinha para justificar sua resposta diz muito sobre o que está sendo construído quanto à quantidade de natureza contínua. RECURSOS PARA A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE NÚMERO De acordo com Góes (2015, p. 26 e 27), no que diz respeito ao ambiente escolar, os materiais manipuláveis estáticos vão desde instrumentos de trabalho (quadro de giz, giz, cadernos, compasso, régua, esquadros, transferidor, calculadoras, entre outros), passando por ilustrações (desenhos, murais, gravuras, discos, filmes, gráficos estatísticos, mapas etc.) até materiais de análise (modelos geométricos, jogos de tabuleiro, modelos de sólidos, geométricos, ábacos, entre outras ferramentas). Com relação aos materiais manipuláveisdinâmicos, estes podem ser classificados como experimentais Softwares de geometria dinâmica, por meio dos quais o aluno pode manipular propriedades geométricas, criando novas formas [...] ou informativos (revistas, livros didáticos ou paradidáticos, páginas da internet, jornais, panfletos etc.). 120 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Vamos conhecer alguns desses materiais e como eles podem ser utilizados para a construção da ideia de número. MATERIAL DOURADO Geralmente, o material dourado é confeccionado em peças de madeira (podendo ser encontrado também em material EVA) onde um cubinho representa uma unidade, uma barrinha representa uma dezena, uma placa representa uma centena, e o cubo representa uma unidade de milhar (Figura 14). Esse material, que possibilita a construção da ideia do número, foi idealizado por Maria Montessori e é muito utilizado nas séries iniciais, mas pode ser usado em outros níveis para desenvolvimento dos conceitos de décimo, centésimo e milésimo e no ensino de potenciação, radiciação e geometria. Figura 14 — Material dourado 1 10 100 1000 Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/3fjX90H) 121 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS ÁBACO O ábaco pode ser utilizado tanto para a construção do número quanto para o aprendizado das quatro operações matemáticas básicas. Há vários tipos de ábaco, sendo o mais comum uma moldura com pecinhas que se movimentam por meio de hastes. Cada haste representa uma ordem no sistema de numeração (Figura 15). Figura 15 — Ábaco Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/3c5Ebsy e https://shutr.bz/3c5jgWP) BARRINHAS DE CUISENAIRE O material de Cuisenaire é muito rico para o ensino do conceito de número, bem como para fazer e desfazer construções, cobrir superfícies, medir áreas e volumes, trabalhar classificação e seriação, construir gráficos, estudar as propriedades das operações, as frações e os números decimais, decompor e ordenar números e até resolver problemas. Na Figura 16 você pode ver o aspecto desse 122 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA material e na Figura 17 há uma descrição das peças em matéria de cor, quantidade e tamanho. Figura 16 — Barras de Cuisenaire Fonte: Shutterstock (https://shutr.bz/3b9Y5BL) Figura 17 — Descrição do material de Cuisenaire Cor da barra Número representado Comprimento (em centímetros) Quantidade Branca 1 1 50 Vermelha 2 2 50 Verde claro 3 3 33 Rosa ou lilás 4 4 25 Amarela 5 5 20 Verde escuro 6 6 16 Preta 7 7 14 Castanha 8 8 12 Azul 9 9 11 Laranja 10 10 10 Fonte: elaborado pelo autor 123 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS MATERIAL COMPLEMENTAR Quer mais ideias de técnicas para mediar a construção do conceito de número? Acesse os links abaixo e tenha vários insights para utilizar: - O material dourado. Disponível em: <https://bit.ly/2VMnkFx>. Acesso em: 04 maio 2020. - As barrinhas de Cuisenaire. Disponível em: <https://bit.ly/2VNIGT> e <https://bit.ly/2zEj6Hr>. Acesso em: 04 maio 2020. - O ábaco. Disponível em: <https://bit.ly/3aN8QJN> e <https://bit.ly/2WdC7bg>. Acesso em: 04 maio 2020. NÚMEROS NATURAIS E OPERAÇÕES Com a noção de número já construída na mente da criança, é necessário introduzir as operações básicas da matemática. Utilizar métodos eficientes para o ensino dessas operações pode levar a um aprendizado mais rápido. ADIÇÃO A primeira operação fundamental da matemática é a adição: a ideia nada mais é do que adicionar algo, ou seja, unir 124 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA todas as partes e, com isso, chegar a um todo. O sinal utilizado para isso é “+” (lê-se “mais”). Os termos corretos da adição são: Parcela23 43 66 Parcela+ Soma ou total Para calcular, é imprescindível alinharmos cada algarismo com os algarismos do número acima, de forma que a ordem das unidades estejam uma sob a ordem da unidade do outro número, a das dezenas sob a das centenas e assim por diante, sempre iniciando da direita para a esquerda. Além do material dourado, do ábaco ou do material de Cuisenaire, é necessário que utilizemos o quadro valor lugar (QVL). Na Figura 18 é exemplificado o uso do QVL na resolução da seguinte adição: 2036 + 322 = 3358. Figura 18 — Exemplo de uso do QVL Unidade de Milhar Centena Dezena Unidade 2 0 3 6 3 2 2 2 3 5 8 Fonte: elaborado pelo autor O uso do QVL permite identificar que em cada casa decimal podemos colocar até, no máximo, nove elementos. Caso esse valor seja ultrapassado, devemos agrupar de dez em 125 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS dez e transportá-los para a próxima casa decimal representando o grupo por uma unidade da nova casa. Veja o exemplo nas Figuras 19 e 20 que mostram a adição 818 + 674 = 1492 Figura 19 — QVL com criação de nova casa decimal Unidade de Milhar Centena Dezena Unidade 8 1 8 6 7 4 1 4 9 2 Fonte: elaborado pelo autor Figura 20 — QVL com utilização de figuras agrupadas e transportadas Unidade de Milhar Centena Dezena Unidade Termo I I I I I I I I I I I I I I I I I Parcela I I I I I I I I I I I I I I I I I Parcela I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I II Resultado com o transporte dos dez elementos para próxima casa decimal I I I I I I I I I I I I I I I Soma ou total 1 4 8 2 Total Fonte: elaborado pelo autor Os casos em que há transporte de um grupo para uma ordem superior são chamados de adição com agrupamento. Cuidado para não dizer vai “um”, pois não vai “um” para lugar 126 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA nenhum. O que ocorre é um agrupamento de quantidade dez. A adição possui quatro propriedades que auxiliam a criança a compreender melhor o processo de soma. São elas: • Comutativa: a ordem das parcelas não altera a soma: 36 + 13 = 49 13 + 36 = 49 • Associativa: o agrupamento das parcelas não muda a soma: (31 + 25) + 2 = 58 31 + (25 + 2) = 58 • Elemento Neutro: o elemento neutro da adição é o zero (0), pois qualquer número somado a ele, resultará no próprio número: 45 + 0 = 45 0 + 52 = 52 • Fechamento da adição: A adição de números naturais sempre terá como resultado um número natural: 127 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS 32 + 35 = 67 26 + 1 = 27 SUBTRAÇÃO A subtração é a operação inversa da adição, ou seja, ao invés de juntar, nós retiramos elementos de um grupo maior. Para efetuarmos essa operação, utilizamos o sinal “-” (lê-se “menos”). Os termos da subtração são: Minuendo25 12 13 Subtraendo- Resto ou diferença Assim como na adição, é importante colocarmos cada numeral em sua casa decimal exata. Utilizando o QVL, temos a subtração 145 - 15 = 130 (Figura 21). Figura 21 — Exemplo de QVL de subtração Centena Dezena Unidade 1 4 5 1 5 1 3 0 Fonte: elaborado pelo autor 128 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Para retirarmos do subtraendo, um valor maior do que o composto no minuendo, é necessário o desagrupamento um conjunto de dez elementos da próxima casa decimal. Veja, nas Figuras 22 e 23, como isso é feito na subtração 523 - 315 = 188: Figura 22 — QVL de subtração Centena Dezena Unidade 5 2 3 3 1 5 2 0 8 Fonte: elaborado pelo autor Figura 23 — QVL de subtração com desagrupamento de figuras Centena Dezena Unidade Termo I I I I I I I I I I Minuendo I I I I I I I I I Subtraendo I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Minuendo com desagrupamento de 1 dezena em dez unidades I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Riscando 5 unidades, 1 dezena e 3 centenas I I I I I I I I I I Resto ou diferença 2 0 8 Fonte: elaborado pelo autor Os casos em que deve ocorrer desagrupamento são chamados de subtração com recurso. 129 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS MULTIPLICAÇÃO A multiplicação de um número natural nada mais é que uma adição sucessiva de parcelas iguais. A multiplicação é representada por “x” (lê-se “vezes”). Os termos da multiplicação são: Multiplicando/fator 23 5 115 Multiplicador/fatorx Produto Veja como seria um QVL da multiplicação 4 x 41 = 164 na Figura 24. Figura 24 — QVL de multiplicação Centena Dezena Unidade I I I I I I I I I I I I I I I I I I II I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I 1 6 4 Fonte: elaborado pelo autor Assim como a adição, a multiplicação possui propriedades que auxiliam a criança a compreender melhor o processo. 130 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA • Comutativa: a ordem dos fatores não altera o produto: 4 x 2 = 8 2 x 4 = 8 • Associativa: o agrupamento de fatores não altera o produto: (2 x 3) x 4 = 24 2 x (3 x 4) = 24 • Distributiva: um fator colocado em evidência na multiplicação de uma soma dará como produto a soma do produto daquele fator pelas parcelas: 4 x (6 + 4) = 4 x 10 = 40 Ou seja (4 x 6) + (4 x 4) = 24 + 16 = 40 131 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS • Elemento Neutro: o elemento neutro da multiplicação é o um (1), pois qualquer número multiplicado por 1 tem como produto o próprio número: 4 x 5 = 20 4 x 5x 1= 20 DIVISÃO A divisão é a operação inversa da multiplicação. Ao fazê-la, descobrimos quantas vezes um determinado número cabe em outro de maior valor. Os termos da divisão são: Dividendo 10 0,9 01 - 23 Resto Divisor Quociente 3 Utilizando no Q.V.L em a divisão 8 : 2 = 4, temos a Figura 25: Figura 25 — Exemplo de QVL de divisão Centena Dezena Unidade Termos I I I I I I I I Dividendo I I I I I I I I Divisor (quantidade de grupos) I I I I Quociente (quantidade em cada grupo) Fonte: elaborado pelo autor 132 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA O número 1 é considerado como elemento neutro na divisão, pois qualquer número dividido por 1 é igual ao próprio número. AÇÕES DAS OPERAÇÕES BÁSICAS Cada uma das operações vistas estão ligadas a ações cotidianas, que devem ser usadas no momento do ensino. A adição, por exemplo, é uma operação ligada a situações que envolvem a ação de juntar, somar, acrescentar uma quantidade a outra. Veja o exemplo: • Ana Julia ganhou de sua mãe 5 bonecas e sua tia lhe deu mais 3. Com quantas bonecas Ana Julia ficou? 5 + 3 = 8 Já a subtração está ligada a 3 ações diferentes: (1) Tirar um valor/quantidade de outro: comprei um pacote com 50 balas, dei 20 balas para minha melhor amiga. Com quantas balas fiquei? 50 - 20 = 30 133 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS (2) Completar quantidades (quanto falta?): Pedro tem 44 lápis e Paulo tem 65. Quantos lápis Pedro precisa para ter a mesma quantidade que Paulo? 65 - 44 = 21 (3) Comparação: tenho 44 anos e minha irmã tem 29. Qual é a diferença de idade entre nós? 44 - 29 = 15 A multiplicação pode estar ligada a 3 ideias: junção de parcelas iguais, combinação, e organização retangular. (1) Soma de parcelas iguais: comprei 2 caixas de lápis, cada uma com 12 lápis. Quantos lápis comprei? 12 x 2 = 12 + 12 = 24 (2) Combinatória: em uma lanchonete há 3 tipos de lanche (hamburguer, natural e cachorro quente), 2 tipos de bebida (suco e refrigerante) e 4 tipos de sobremesa (cup cake de coco, de chocolate, de baunilha e de morango). Sabendo que alguém precisa comprar 1 lanche, 1 bebida 134 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA e 1 sobremesa, quantos tipos de combinações de refeição poderá fazer? Ora, se são 3 lanches, 2 bebidas e 4 sobremesas, fazemos o seguinte: 2 x 3 x 4 = 24 (3) Organização retangular: em uma sala de aula, as carteiras são organizadas em 7 fileiras de 5 mesas cada. Quantas carteiras há no total? 5 7 7 x 5 = 35 135 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS A divisão está ligada à ideia de repartir quantidades em partes iguais ou de verificar quantas vezes uma quantidade cabe em outra. (1) Repartições em partes iguais: 824 bolinhas de gude são repartidas para 2 crianças. Com quantas bolinhas cada um ficará? 824 0 2 412 (2) Divisão por comparação ou medida: 422 pessoas vão se organizar em trios para a realização de uma gincana. Quantos grupos serão formados? 422 421 1 - 3 147 NÚMEROS RACIONAIS Kieren foi o primeiro pesquisador a olhar para o fato de que a compreensão dos números racionais como depende do entendimento de seus diferentes significados (SMOLE, 2013). Para que as crianças compreendam o conceito de número racional, é necessário expor os alunos a situações em que eles 136 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA consigam perceber e compreender o que realmente significa quociente, razão, parte e todo e fazer uso de diferentes representações (fracionária e decimal). Vamos, então, discutir uma possível introdução ao mundo das frações levando em consideração cada um desses aspectos. Sabemos que os números racionais são resultado da divisão entre dois números inteiros. Entretanto, nas séries iniciais as crianças não conhecem o conceito de número inteiro, por isso conceituamos os números racionais com o resultado de uma divisão entre dois números naturais. Uma das melhores formas de trabalho com números fracionários é por meio de situações problema. É importante que o raciocínio de seus alunos não fique circunscrito apenas à percepção, mas se apropriem das lógicas das frações. Duas dessas lógicas são fundamentais: a lógica da equivalência e a lógica da ordenação. Para Smole (2013, p. 88) a lógica da equivalência é: Aquela necessária para que o estudante identifique e entenda que a fração equivale à fração . Tal identificação não é tão simples, porque até a apresentação das frações o estudante vinha trabalhando dentro do conjunto dos números naturais e nele essa lógica não tem validade […] 1 2 4 8 137 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS A lógica da ordenação requer o entendimento de que a ordenação das frações não é necessariamente a mesma daquela usada no universo dos números naturais. Na ordenação das frações, se tivermos numeradores iguais, quanto menor o numerador, maior a fração. Assim, é maior que , que, por sua vez, é maior que . Vamos ver alguns aspectos dos números racionais e algumas maneiras de introduzir cada um deles em sala de aula. A FRAÇÃO COMO PARTE-TODO Parte-Todo: o todo é dividido em partes iguais e são consideradas algumas dessas partes: Matheus, Marcos e Pedro foram à Pizzaria, compraram uma pizza pequena e a dividiram em 3 partes. Cada um dos meninos comeu uma parte. Quanto da pizza Matheus comeu? Ele comeu , o que significa que de 3 pedaços, Matheus comeu um. MARCOS MATHEUS PEDRO 1 21 3 1 4 1 3 138 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Uma atividade muito usada nas séries iniciais é a seguinte: “represente em forma de fração as partes pintadas do desenho abaixo” com uma figura como a seguinte: Esse tipo de exercício resume-se em dividir em partes iguais, nomear a fração com o número de partes pintadas sobre o total de partes e a analisar a equivalência e a ordem da fração por meio da percepção. O mesmo raciocínio pode ser incentivado com a confecção de uma pizza ou bolo em sala de aula, a divisão em partes iguais e o consumo de partes específicas, o que pode se tornar uma atividade inesquecível! A FRAÇÃO COMO QUOCIENTE Quociente refere-se à divisão entre dois números naturais, sendo o segundo diferente de zero: tenho 4 barras de chocolate e preciso dividir para 5 crianças. Que fração de barra cada criança irá receber? Cada um receberá de cada barra, ou seja, quatro barras divididas para 5 crianças: 4 5 139 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS A relação inversa entre o divisor e o quociente poderia ajudar as crianças a entenderem que quanto maior o denominador (no caso de nosso exemplo, o número de crianças), menor a parte do chocolate que cada uma ganhará. Nessas situações de quociente, o professor poderia também usar a razão para ajudar as crianças a entenderem a equivalência de frações: dada uma mesma razão entre crianças e bolos, a fração correspondente será equivalente, mesmo que o número de bolos e crianças possa diferir (SMOLE, 2013, p. 90). A FRAÇÃO COMO UMA RAZÃO E COMO INSTRUMENTO DE MEDIDA A fração pode ser vista como uma razão, que é uma relação entre duas grandezas. Por exemplo: no vestibular para pedagogia, a razão candidato/vaga foi de . O que isso significa? Significaque para cada vaga existente, tínhamos 10 candidatos. Além dessa relação, a fração pode ser utilizada com meio de medida, já que a probabilidade de um evento ocorrer é medida pelo quociente número de casos favoráveis dividido pelo número de casos possíveis: qual a probabilidade de se tirar cara duas vezes seguidas num jogo de cara e coroa? Há quatro 10 1 140 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA resultados possíveis para esse experimento e queremos saber a probabilidade de um resultado, ou seja, a probabilidade é . A FRAÇÃO COMO OPERADOR Por quanto devemos multiplicar 2 para obter o número 5? A resposta é pois 2 x = 5. A fração , nesse caso, funciona como um operador. Há casos em que é anunciada a fração de um todo para que se encontre a quantidade que essa fração representa. Por exemplo, se eu dei para meu irmão das 27 bolinhas que tinha, para saber quantas bolinhas eu dei a ele, é necessário multiplicar 27 x = 18. A FRAÇÃO COMO NÚMERO As frações são números que não necessariamente precisam se referir a quantidades específicas. É possível, por exemplo, colocar o número na reta da Figura 26. Figura 26 — Reta dos números racionais Fonte: elaborado pelo autor 1 4 5 2 5 2 5 2 2 3 2 3 1 2 141 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS Lembre-se de mostrar as formas de representação dos números racionais, ou seja, é o mesmo que 0,5; é o mesmo que 0,25; é igual a 0,222222... Valha-se de desenhos para a representação visual e de jogos para criar situações problema. Como esse é um conteúdo mais abstrato para as crianças das séries iniciais, apenas aulas expositivas não serão suficientes para desenvolver as estruturas do pensamento dos estudantes e levá-los a se apropriarem do conceito. Além disso, é importante que sempre se questione o aluno sobre como ele chegou àquela resposta. OPERAÇÕES COM NÚMEROS RACIONAIS Trabalhar com números racionais nas séries iniciais do ensino fundamental não é algo fácil. Mesmo que o conceito de número racional e as suas formas de representação fracionária e decimal sejam os principais pontos a serem trabalhados, as operações podem ser introduzidas, dependendo da maturidade das crianças e de seu grau de aprendizado. Ressaltamos que o lúdico se faz necessário para esse ensino pois, de acordo com Piaget (1976), as crianças (ensino fundamental) estão na fase do concreto. A seguir estão duas sugestões de atividade retiradas de Barba (2014). 1 2 1 42 9 142 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Figura 27 — Cartelas com operações fracionárias Fonte: Barba (2014) BINGO DE FRAÇÕES Material: cartelas com operações de frações (Figura 26) e uma caixa ou um envelope para colocar as fichas com os resultados das opera- ções fracionárias. Número de jogadores: individual. Objetivos: Operar com frações; desenvolver o raciocínio lógico-mate- mático. Como jogar: Distribuir uma cartela contendo operações fracionárias para cada aluno. Determinar um tempo para que os alunos resolvam as operações da sua cartela. O professor terá um saco de TNT, ou uma caixa com as fichas que contém os resultados das operações, fará o sorteio e, após ter esgotado o tempo estipulado para resolução, aquele que tiver a operação que resulta na fração sorteada marcará na sua cartela. Vence quem preencher a cartela primeiro. 143 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS DOMINÓ DE ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE FRAÇÕES Material: 28 peças com adição e subtração de frações. As peças pode- rão ser feitas de EVA ou de cartolina, a critério do professor. Número de jogadores: 4 alunos. Objetivo: desenvolver o raciocínio lógico-matemático; desenvolver estratégias de jogo. Material necessário: cartelas com operações de frações (Figura 28) e uma caixa ou envelope para colocar as fichas com os resultados das operações fracionárias. Como jogar: de forma semelhante à que se joga um dominó, as peças devem ser embaralhadas com as faces numeradas voltadas para baixo e os jogadores pegam certa quantidade de peças no monte. Uma pessoa sorteada começa o jogo revelando uma peça. Os outros jogadores, um a um, vão juntando as peças que são os resultados das operações que aparecem nas pontas da peça ou as peças que possuem a fração cujo resultado estava na primeira peça apresentada. Cada jogador, em sua vez, deve saber fazer a operação da fração para saber se possui a peça que encaixa em uma das pontas. Se um jogador não tiver nenhuma peça que se encaixe, ele fica uma rodada sem jogar. Ganha quem conseguir se livrar de todas as suas peças primeiro. 144 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Figura 28 — Cartelas com operações de frações Fonte: Barba (2014) OPERAÇÕES USANDO O MATERIAL DOURADO Para somar ou subtrair números decimais, deve ser feito como com os naturais. A expressão mais usada para armar o cálculo de decimais na aposição vertical é “colocar vírgula embaixo de vírgula”. O material dourado também pode ser de grande utilidade nesse processo, já que o cubo pode representar uma unidade (1), uma placa representa um décimo (0,1), uma barra, um centésimo (0,01) e um cubinho, um milésimo (0,001). Exemplo: 1,24 + 0,22 = 1,46. Se utilizarmos o material dourado, faremos conforme a Figura 29: 145 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS Figura 29 — Uso do material dourado para soma de decimais 1,24 0,22 1,46 Fonte: elaborado pelo autor Juntando 1 cubo grande, 4 placas e seis barras, temos 1 unidade, 4 décimos e 6 centésimos, ou seja, 1,46 (um inteiro e quarenta e seis centésimos). Para exemplificar o uso do material dourado em uma subtração, vamos utilizar a seguinte: 2, 57 - 1,14 = 1,43 (Figura 30). Figura 30 — Uso de material dourado em subtrações 2,57 146 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA 1,14 1,43 Fonte: elaborado pelo autor O algoritmo da multiplicação consiste em multiplicar os números como se não tivessem vírgula e, no fim, somar a quantidade de casas decimais dos dois fatores, aplicando tal quantidade ao resultado. Vamos ver como utilizar o material dourado na Figura 31, usando a multiplicação 0,13 x 0,12 = 0,0156. Figura 31 — Multiplicação utilizando material dourado 0,13 x 0,12 Lembre-se: devemos considerar os números como se não houvesse vírgulas. 147 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS 0,0156 Preenchemos, então, o espaço sob as primeiras peças até formar um retângulo. Agora contamos as casas decimais dos dois fatores juntos e aplicamos a quantidade encontrada ao produto. Fonte: elaborado pelo autor A divisão de números decimais utilizando o material dourado se dá como na Figura 32, onde faremos a divisão 1,56 ÷ 3 = 0,52. Figura 32 — Divisão utilizando material dourado 1,56 O cubo não pode ser divido em três grupo, porém pode ser substituído por 10 placas. 1,56 148 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA 0,52 Cada grupo ficou com 0,52. Fonte: elaborado pelo autor GEOMETRIA De acordo com Bonafini (2016), para compreender geometria é fundamental compreender formas, o que nos leva a entender que assim que as crianças vão se apropriando das formas bidimensionais básicas (quadrado, retângulo, triângulo), elas começam a ter a compreensão inicial de geometria. Materiais concretos devem ser utilizados para as crianças se apropriarem das formas mais complexas (hexágono, pentágono etc.) e das tridimensionais (cubo, pirâmide etc.). Ao pensarmos em geometria para o ensino fundamental I, precisamos proporcionar situações que abordem forma, direção 149 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS e dimensão. É muito importante, por exemplo, que os alunos do 2º ciclo se apropriem do conceito de área e saibam calculá-las, mas para chegar a esse ponto, a geometria precisa ser construída, sendo necessário trabalhar com linhas e retas; construir figuras na areia e na lixa; montar figuras tridimensionais com sucata destacando os pontos, os vértices e as arestas; e trabalhar as figuras planas em papel quadriculado antes. Diversos professores justificam o ensino superficial da geometria alegando nãohaver materiais adequados, livros com conteúdo apropriado para o nível das crianças ou até mesmo a falta de domínio da área. Pozebon et al. (2012 p. 1–2) afirma que: A geometria é um desses casos onde, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, existe o agravante de ser um conteúdo pouco trabalhado pelos professores e pouco valorizado nos livros didáticos e currículos escolares. […] Vários fatores colaboram para isto, como por exemplo, o despreparo do professor que nem sempre possui conhecimentos que lhe permitam desenvolver atividades que oportunizem a aprendizagem do aluno. Não vamos nos aprofundar nos conceitos e propriedades da geometria aqui, mas seguem algumas sugestões de atividades que podem auxiliar na aquisição 150 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA do conceito de geometria e na apropriação dos conteúdos pertinentes a esse ramo da matemática. Esses jogos foram retirados de Flemming (2014). JOGO DE CARTAS GEOMÉTRICAS Material: 15 pares de cartas. Entende-se por um par de cartas, o par que tem uma carta com uma figura geométrica com suas medidas e outra carta que apresenta o nome da figura com a sua área (Figura 33). Número de Jogadores: 2 a 4. Objetivo: Identificar figuras geométricas planas; nomear as figuras geométricas a partir de suas características; calcular áreas de figuras geométricas simples; fixar fórmulas para cálculo de área de figuras geométricas simples. Como jogar: as cartas são embaralhadas e cada participante recebe 3. As cartas restantes são colocadas num monte no centro da mesa, vira- das para baixo. Então, estabelece-se um critério de ordem para jogar. Cada aluno, na sua vez, compra a primeira carta do monte de cartas viradas para baixo, ou qualquer das cartas que estão sobre as mesas viradas para cima. Após analisar a formação de pares com as cartas da sua mão, elas são baixadas, viradas para cima, em um canto da mesa. Finalmente, o aluno deve descartar uma carta, na mesa, virada para cima. As cartas descartadas vão ficando acumuladas na mesa, todas viradas para cima e à disposição de qualquer participante, para pegá- -las na sua vez de jogar. A etapa do jogo termina quando um jogador fica sem cartas na sua vez de jogar, isto é, descarta todas as suas car- tas. Esse aluno será o vencedor do jogo ou da rodada. 151 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS Figura 33 — Exemplo de par de cartas Medidas: 2 cm em cada lado Quadrado com 4 cm2 Fonte: Flemming (2014) JOGO DA MEMÓRIA DE FIGURAS GEOMÉTRICAS Material: Este é um jogo de memória tradicional com as cartas adap- tadas para os objetivos propostos. As peças que compõem um par não são iguais, mas apresentam um relacionamento geométrico en- tre elas. Por exemplo: Peça 1 — figura geométrica; Peça 2 — nome ou característica da figura da peça 1. Para facilitar a memorização da po- sição das cartas, utilizamos o recurso da cor, isto é, os pares de peças têm a mesma cor no desenho e no texto (Figura 34). As peças podem ser confeccionadas utilizando o computador. Número de jogadores: 2 a 4 jogadores. Objetivo: discutir figuras geométricas; identificar as características de diferentes figuras geométricas; vivenciar as nomenclaturas adotadas no contexto do estudo dos triângulos e de outras figuras planas. Como jogar: as peças são colocadas numa forma matricial (linhas e colunas) e cada jogador na sua vez vira duas peças. Se as peças com- põem um par, devem ser retiradas e deixadas ao lado do jogador viradas para cima; O jogador que acertar um par poderá jogar nova- mente (essa regra poderá ser modificada previamente em discussão com o grupo). Quem retirar o maior número de pares será o vence- dor. Obs.: o professor deve esclarecer que as medidas indicadas são simbólicas, pois a figura pode não ter exatamente a medida indicada. 152 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA Figura 34 — Exemplo de peças para o jogo de memória RETÂNGULO PARALELO-GRAMO QUADRADO LOSANGO POLÍGONO REGULAR 8 LADOS TRIÂNGULO EQUILÁTERO TRIÂNGULO RETÂNGULO TRAPÉZIO CÍRCULO POLÍGONO IRREGULAR 12 LADOS QUADRADO ÂNGULO OBTUSO POLÍGONO IRREGULAR 6 LADOS HEXÁGONO ELIPSE SEMICÍRCULO PARALELO- GRAMO CURVA FECHADA PENTÁGONO CURVA SIMPLES ÂNGULO RETO POLÍGONO 16 LADOS SETA SIMPLES COROA CIRCULAR POLÍGONO 10 LADOS ÂNGULO AGUDO POLÍGONO IRREGULAR 5 LADOS SETA DUPLA Fonte: Flemming (2014) RESUMO Esse foi um conteúdo bastante prático, não é mesmo? Esperamos que tenha aproveitado e que tenha compreendido que • número é a representação subjetiva da ideia de quantidade ou ordem; • numeral é a representação escrita ou falada de um número, e podem ser cardinais, ordinais, multiplicativos ou fracionários; 153 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS • algarismos são os símbolos que usamos para formar os numerais; • a construção da ideia de número inicia-se através das noções de pertinência, inclusão, intersecção, classificação, seriação e conservação e ocorre paralelamente ao desenvolvimento da própria lógica; • os principais métodos para mediar a construção da ideia de número são os blocos lógicos, o material dourado, o ábaco e as barrinhas de Cuisenaire; • o QVL é um importante método de ensino das operações matemáticas; • a adição é representada pelo símbolo “+” e seus termos são: parcela 1, parcela 2 e soma ou total: (1) seu cálculo depende do alinhamento das ordens e classes dos números somados; (2) a adição em que ocorre o agrupamento e transporte para uma ordem superior é chamada de adição com agrupamento; 154 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA (3) ela possui as seguintes propriedades: a. comutativa: a ordem das parcelas não altera a soma; b. associativa: o agrupamento das parcelas não muda a soma; c. elemento neutro: o zero (0); d. fechamento da adição: a adição de dois naturais resulta em um número natural. • a subtração é a retirada de elementos de um grupo maior e é representada pelo sinal “-”; seus termos são: minuendo, subtraendo e resto ou diferença: (1) os casos em que é necessário efetuar desagrupamento são chamados de subtração com recurso. • a multiplicação é a adição sucessiva de parcelas iguais e é representada por “x”; seus termos são: multiplicando ou fator 1, multiplicador ou fator 2 e produto: (1) as propriedades da multiplicação são: 155 MéTODOS E PRáTICAS PEDAGóGICAS a. comutativa: a ordem dos fatores não altera o produto; b. associativa: o agrupamento de fatores não altera o produto; c. distributiva: fator colocado em evidência na multiplicação de soma dará como produto a soma do produto do fato pelas parcelas; d. elemento neutro: o um (1). • a divisão mostra quantas vezes um número cabe em outro; seus fatores são: dividendo, divisor, quociente e resto; • o número um (1) é considerado elemento neutro na divisão; • cada operação está ligada a ideias que devem ser trabalhadas em situações problema: (1) a adição está ligada às ideias de juntar, somar, acrescentar uma quantidade em outra; 156 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA (2) a subtração está ligada às ideias de tirar um valor de outro, complemento de quantidades e de comparação; (3) a multiplicação está ligada às ideias de soma de parcelas iguais, de combinatória e de organização retangular; (3) a divisão está ligada às ideias de repartir quantidades em partes iguais, de comparação e de medida. • para o ensino fundamental I, números racionais são os números que podem ser resultado da divisão de dois números naturais; • uma das melhores formas de se trabalhar com esses números é por meio de situações problemas que os permitam, sobretudo, perceber as lógicas da equivalência e da ordem; • para compreender os números racionais as crianças precisam entender o que significa quociente, razão, parte/todo, medida, operador e entender diferentes representações de números; • um método de se trabalhar operações com números racionais é por meio de jogos e do uso de materiais, como o material dourado. 157 MéTODOS E PRáTICASPEDAGóGICAS REFERÊNCIAS BARBA, Jogos: um recurso para o processo de ensino e aprendizagem de matemática. Ficha para identificação da produção didático-pedagógica do programa de desenvolvimento educacional — PDE. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE: Produções didático-pedagógicas. 2014. vol. II. BONAFINI, F. C. Metodologia do Ensino da matemática. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. Disponível em: <https://bit.ly/3aOZf5g>. Acesso em: 29 abr. 2020. FLEMMING, D. M. Criação de jogos didáticos no ensino da geometria. Série Educação Inovadora (SEI1), 2014. Disponível em: <https://bit.ly/2zyyqW0>. Acesso em: 29 abr. 2020. GÓES, A. R. T. Ensino da matemática (recurso eletrônico): concepções, metodologias, tendências e organização do trabalho pedagógico. E-book, 2015. Disponível em: <https:// bit.ly/3cTFhI2>. Acesso em: 20 abr. 2020. KAMII, C. A criança e o número: implicações educacionais da teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. 23. ed. Campinas: Papirus, 1997. 158 METODOLOGIA DA MATEMÁTICA PIAGET, J. Abstração reflexionante: relações lógico-aritméticas e ordem das relações espaciais. Porto Alegre: Artmed, 1995. PIAGET, J. Da lógica da criança à lógica do adolescente. São Paulo: Pioneira, 1976. POZEBON, S.; HUNDERTMARCK J.; FRAGA, L. P. Futuros professores aprendendo e ensinando matemática: Um caso de ensino de geometria. XVI ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino – UNICAMP – Campinas – 2012. SMOLE, K.S; MUNIZ, C. A. A matemática em sala de aula: reflexões e propostas para os anos iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo: Editora Penso, 2013. Disponível em: <https://bit.ly/35eED5i>. Acesso em: 29 abr. 2020. SOARES, E. T. P. INVESTIGANDO OS BLOCOS LÓGICOS: UM DESAFIO INICIAL. In: X Congresso Nacional de Educação EDUCERE. Curitiba, 2011. Disponível em em: <https://bit. ly/2W8SXrV>. Acesso em: 29 abr. 2020. SOUZA, S. M. A metodologia da mediação dialética e o ensino da matemática: atividades com blocos lógicos. 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