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ARQUITETURA E URBANISMO – 10º SEMESTRE RAPHAEL DE SOUSA MARQUES ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE I Guarulhos 2021 RAPHAEL DE SOUSA MARQUES ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE I Trabalho apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Guarulhos para a disciplina de Estética e História da Arte I Orientador: Prof. Alexandre Romão Guarulhos 2021 SUMÁRIO 1. ARTE NA IDADE ANTIGA ............................................................................................ 4 1.1 Arte Egípcia ......................................................................................................... 4 1.2 Arquitetura .......................................................................................................... 5 1.3 Escultura ............................................................................................................. 6 1.4 Pintura ................................................................................................................. 7 1.5 Escrita .................................................................................................................. 9 2. ARTE NA IDADE MÉDIA ............................................................................................ 10 2.1 Características da Arte na Idade Média ............................................................. 10 2.2 Arte Medieval Românica .................................................................................. 10 2.3 Arte Gótica ........................................................................................................ 11 3. Arte Renascentista .................................................................................................... 14 3.1 Características da Arte Renascentista na Arquitetura .................................. 14 3.2 Pintura e escultura ........................................................................................... 15 4. Arte Barroca ............................................................................................................... 17 4.1 Características da arte barroca: ...................................................................... 17 4.2 Pintura barroca ................................................................................................. 18 4.3 Escultura barroca ............................................................................................. 20 4.4 Arquitetura barroca .......................................................................................... 20 4.5 Arte barroca no Brasil ...................................................................................... 22 4 1. ARTE NA IDADE ANTIGA A arte antiga refere-se àquela desenvolvida pelas Antigas Civilizações, que se estende até a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 depois de Cristo, acuando das invasões bárbaras. Abrangente e bem diversificada, ela nos mostra diversos fundamentos ideológicos, compostos pelas riquezas das artes egípcia, grega, romana, paleocristã, bizantina e islâmica. Foi na Antiguidade que surgiram os primeiros conceitos teóricos a respeito da sistematização e estudo das artes. Para os egípcios e babilônios a arte esteve bastante associada às necessidades formais dos rituais religiosos, independente de qual forma de produção artística (pintura, escultura, arquitetura), buscava-se de alguma forma trazer para o mundo mortal os valores do mundo divino. Embora pertencentes ao mesmo período histórico, os gregos e romanos, ainda que cultivassem também está necessidade, caminharam para uma arte com novos significados: a arte, para eles, viria a se tornar uma forma de humanismo. A arte bizantina sofreu influências de Roma, Grécia e do Oriente, mas foi também conduzida pela religião. A união de alguns elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na técnica como na cor. A Arte islâmica, inevitavelmente, absorveu traços dos povos conquistados. De origem nômade, os muçulmanos demoraram a estabelecer sua própria identidade artística. Ao definir seu estilo conceitual e religioso, nos deixaram as belas cúpulas nas mesquitas e lindos tapetes persas. Seguindo uma linha cronológica, veremos agora como se manifestou as produções artísticas nas Civilizações Antigas. 1.1 Arte Egípcia O Egito antigo era uma civilização bastante complexa, A religião foi de fundamental importância à composição de sua organização social e política, determinando o papel de cada classe social, norteando inclusive as produções artístico-culturais. Acreditavam que deuses que poderiam interferir na história humana. Em sua crença, a vida após a morte era mais importante que a vivida no presente. Estes fatores fundamentaram toda ideologia da arte egípcia: focada na glorificação dos 5 deuses e dos grandes faraós (divinizados e cultuados em ritos religiosos), para os quais se erguiam templos funerários antológicos. Por estar focada especificamente à religião, a Arte Egípcia era bastante padronizada, não dava margem à criatividade e imaginação pessoal do artista. Desse modo, podemos dizer que os artistas egípcios foram criadores de uma arte anônima, pois a obra deveria revelar um perfeito domínio das técnicas de execução, e não do estilo individual do artista. 1.2 Arquitetura Ao se falar de Arquitetura Egípcia, automaticamente vem em mente As Pirâmides do deserto de Gizé - que são as obras arquitetônicas mais famosas e, foram construídas por importantes reis do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. As características gerais da arquitetura egípcia são: solidez e durabilidade; sentimento de eternidade; e aspecto misterioso e impenetrável. "As pirâmides tinham base quadrangular eram feitas com pedras que pesavam cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da frente da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que seu influxo se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences." Junto a essas três pirâmides está a esfinge mais conhecida do Egito, que representa o faraó Quéfren, mas a ação erosiva do vento e das areias do deserto deram-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e misterioso. Na verdade, a esfinge representa a força (corpo do leão) e a sabedoria (cabeça humana). Ela foi colocada na alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos. 6 Figura 1 - Templo Agrigento 1.3 Escultura No Egito, os escultores buscavam representar os faraós e os deuses, quase sempre em posições serenas, sem nenhuma emotividade. Com isso, pretendiam traduzir na pedra, uma ilusão de imortalidade. Exploravam com exagero as proporções do corpo humano, dando às figuras, uma impressão marcante de força e de majestade. Os mitos religiosos também estão presentes na escultura, através dos Usciabtis, figuras funerárias em miniatura, de cores fortes, geralmente esmaltadas de azul e verde, escuros (com inscrições em baixo-relevo), destinadas a substituir o faraó morto nos trabalhos ingratos no além. Uma característica importante é o fato de a Escultura estar agregada a Arquitetura como adornos decorativos que dão um encanto místico, todo especial às construções. Os baixos-relevos, quase sempre pintados, estavam presentes em colunas e paredes. Os próprios hieróglifos eram transcritos, em sua maioria, em baixo- relevo. 7 Figura 2 - Vénus de Milo - Louvre 1.4 Pintura Assim como na arquitetura e escultura, os egípcios utilizavam a pintura como um poderoso elemento de complementação das atitudes religiosas. Sendo assim,ela tem o seu grande campo de ação nas decorações dos monumentos funerários. No interior das tumbas, grandes telas murais aparecem recobertas por relevos e pinturas onde se descrevem as ocupações e o ambiente vital do defunto e se representam cenas de caráter religioso. As figuras eram pintadas em uma perspectiva da aparência, isto é, posicionavam em perfil, mas braços e corpo eram de frente. Eles não representavam as partes do corpo humano com base na sua posição real, mas sim, levando em consideração a posição de onde melhor se observasse 8 cada uma das partes, dando uma característica singular, surreal, que difere a pintura egípcia das demais. Junto a estas decorações funerárias, deve-se recordar também as de palácios e casas, que adquirem especial importância no Império Novo, que foi uma das etapas históricas mais importantes e brilhantes desta cultura, onde a pintura atingiu seu apogeu. Nessa época encontramos uma aspiração à delicadeza, uma certa distensão, que faltavam anteriormente. as figuras tornam-se mais estilizadas, os artistas procuram refletir o movimento e, ao mesmo tempo que se entregam à uma grande variedade temática, tentam exibir com grande preciosismo o espetáculo da natureza. As representações de pássaros e peixes nos pântanos, jardins e estanques alcançaram um grau de graça e de naturalismo próximos aos da pintura cretense (Grécia). Os pintores mostram-se mais afastados das convenções que regiam os baixos-relevos e começam tímidos ensaios de novas disposições espaciais, mudando um pouco suas técnicas de execução. Figura 3 - Pintura no túmulo de Nebamun 9 1.5 Escrita Podemos dizer que, a própria pintura egípcia era uma forma de escrita, pois sua escrita era por meio de desenhos, e não por letras como nós. Desenvolveram três formas distintas de escrita: Os hieróglifos, que eram escritas sagradas, usadas mais precisamente em rituais religiosos. Hierática, uma escrita mais simplificada, utilizada pela nobreza e pelos sacerdotes. Por fim, a escrita Demótica, que era a escrita popular. Um dos maiores marcos da escrita egípcia foi o Livro dos Mortos, que era um rolo de papiro com rituais funerários, sempre postos no sarcófago do faraó morto. Seu conteúdo centrava em ilustrações de cenas muito vivas. Figura 4 - Escrita Cuneiforme 10 2. ARTE NA IDADE MÉDIA A Idade Média teve início com a queda do Império romano do Ocidente, em 476. Seu fim foi marcado com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. Na Idade Média (ou medievo), poucas pessoas sabiam ler. Essa atividade era exclusiva dos membros da Igreja (clero) e dos nobres. Portanto, a arte religiosa da Idade Média tinha o intuito de aproximar as pessoas da religiosidade e apresentar um caráter didático. A principal organização político-administrativa desse período estava baseada no sistema feudal. Nessas grandes extensões de terra, a mobilidade social era inexistente. A sociedade feudal era exclusivamente rural e autossuficiente. A estrutura social era estamental e fixa, dividida em rei, clero, nobreza e povo. Foi nesse contexto que a arte medieval se desenvolveu em diversos campos, como a arquitetura, pintura, música, escultura e literatura. Dois estilos foram predominantes nesse período: o Estilo Românico e o Estilo Gótico. 2.1 Características da Arte na Idade Média Como foi dito, a arte medieval se dividiu em dois períodos, sendo que possuía características diferentes em cada um deles. No entanto, o principal traço em comum se deu no tema das obras, que eram basicamente religiosos. 2.2 Arte Medieval Românica A arte românica recebe esse nome uma vez que está associada à cultura romana. O estilo românico foi desenvolvido durante o período denominado de Alta Idade Média (entre os séculos V e IX). Na arquitetura, temos castelos, igrejas e mosteiros que revelam o estilo mais “pesado” se comparado à arte gótica. Com poucas janelas, nesses locais a entrada de luz era escassa. Ou seja, na arquitetura românica as paredes das construções eram grossas, os quais revelavam o intuito principal de defesa. https://www.todamateria.com.br/arte-romanica/ 11 Nesse período prevaleceu as abóbadas e os arcos de volta perfeita. A horizontalidade das construções representou uma importante caraterística desse período. As plantas arquitetônicas eram construídas em forma de cruz e a horizontalidade da construção era evidente. Na pintura e escultura, os temas estavam essencialmente voltados para a religião. Essas manifestações artísticas eram encontradas nas igrejas e nos castelos e tinham o intuito de adornar, bem como de instruir as pessoas sobre os temas da religiosidade. Em relação ao estilo gótico, a decoração românica era mais simples. Figura 5 - Igreja Notre Dame - Arte Medieval Românica 2.3 Arte Gótica A arte gótica é posterior à arte românica, e foi desenvolvida no período denominado Baixa Idade Média (século X ao XV). Diferente da arte românica, a arte gótica revelou maior leveza e abertura. Ou seja, se compararmos a arquitetura dos dois períodos, notamos que na arte gótica, as construções não possuíam paredes tão grossas. Além disso, as https://www.todamateria.com.br/arte-gotica/ 12 entradas (seja das igrejas ou dos mosteiros) já incluíam mais aberturas, desde janelas e portas. Figura 6 - Catedral de Milão - Arte Gótica Devemos lembrar que as janelas da arte românica eram muito estreitas, enquanto na arte gótica as janelas já são maiores e em maior número, permitindo assim, a entrada da luz. Nesse período prevaleceu os arcos de volta-quebrada e as ogivas. Ainda na arquitetura, a arte gótica utilizou os vitrais para a entrada da luz. A maioria deles com temas religiosos. Uma das características mais relevantes da arquitetura gótica era verticalidade. Ou seja, as construções eram muito elevadas, as quais revelam a força da religiosidade. Quanto mais alto, mais perto de Deus estavam. Da mesma maneira que na arte românica, as pinturas e esculturas góticas tinham como principal tema a religião. 13 Figura 7 - Exemplo de Vitral Gótico Os vitrais foram muito comuns nesse período. Eram feitos de vidro e repleto de cores. Geralmente representavam temas religiosos, no entanto, há aqueles em formato arredondados, tal qual as rosáceas e mosaicos. 14 3. ARTE RENASCENTISTA O período chamado de Renascimento ou Renascentismo é um termo usado para identificar, nos séculos XIV e XVII, a história da arte e da sociedade na Europa. Pode, também, ser chamado de arte renascentista. Esse período artístico foi marcado por mudanças em diferentes áreas, na pintura, arquitetura e música. Todas essas transformações ocorreram caracterizando a mudança do feudalismo para o capitalismo, rompendo com a era medieval. De certa maneira, a arte renascentista resgata a cultura clássica e greco- romana. As construções nesse período ainda tiveram influências pelas edificações antigas, sendo somente adaptadas para as necessidades naquele momento. Os segmentos artísticos como a pintura e escultura, tiveram uma evolução muito grande nessa época. Se você quer saber mais sobre o período da arte renascentista, o Westwing trouxe informações e tudo o que você precisa saber sobre este período marcante na história da nossa sociedade. 3.1 Características da Arte Renascentista na Arquitetura A arte renascentista na arquitetura foi marcada por cálculos matemáticos. Quem entrar e observar o local, perceberá que todo espaço foi calculado de forma que fosse bem planejado e projetado. Ou seja, era necessário muito planejamento e cálculos para garantir a simetria e para entender o local e a sua dinâmica para então, colocá-lo em prática. 15 Por isso, as principais características da arte renascentista na arquitetura eraa ordem arquitetônica. Usava-se de arcos de voltas perfeitas e a simplicidade na construção era a palavra-chave. Na arte renascentista, a escultura e pintura, foram desprendidas da arquitetura. Nas principais características da arte renascentista na arquitetura está o círculo como modelo centralizador dos templos com a cúpula. O principal arquiteto da arte renascentista, foi Brunelleschi. Foi pintor, arquiteto, escultor e conhecia muito sobre matemática e geometria, mas seu sucesso maior foi como construtor e neste posto trabalhou para a cúpula da Catedral de Florença e Capela de Pazzi. Outros nomes notáveis da arte renascentista na arquitetura foram: Della Porta, Sansovino, Palladio e Vignola. Dentre eles, Palladio foi o mais influente e é um dos arquitetos da arte renascentista mais estudados em todo o mundo. 3.2 Pintura e escultura A arte renascentista na escultura foi uma expressão artística muito forte no sentido mais humanista. Aqui também utilizava- se de proporções geométricas e 16 perfeita simetria. Na arte renascentista a escultura ganhou forma e vida, colocava- se a obra em cima de uma base para ser apreciada por diferentes ângulos. O corpo humano era levemente torneado, tinham proporções impecáveis e demonstravam seus sentimentos refletindo. O nu foi muito utilizado na arte renascentista para demonstrar o naturalismo. Na pintura, a arte renascentista foi marcada por novidades. A primeira foi a utilização de perspectiva, deixando as pinturas mais reais e vivas com as técnicas de luz e sombra para dar profundidade e volume na obra. Brincava-se com jogo de cores quentes com frias, para variar a luz e permitir distância ou proximidade. A segunda marca foi o início da utilização da tinta à base de óleo, deixando a tela com uma qualidade muito superior, mais real e com maior durabilidade. O período da arte renascentista foi muito marcante para a pintura, nesse período Leonardo da Vinci fez a obra, a Monalisa. Foi a partir daí que muitas grandes obras surgiram e puderam ser mais bem preservadas para serem contempladas por nós atualmente. 17 4. ARTE BARROCA O Barroco é um período na história cultural do Ocidente que vai de 1600 até a segunda metade do século XVIII, aproximadamente. Durante essa época, desenvolve-se um estilo artístico muito difícil de definir, dada a diversidade de condições religiosas, políticas, sociais e culturais de cada lugar onde ele se desenvolveu. Os elementos formais empregados por todas as formas da arte barroca são herdeiros do classicismo renascentista, mas sua utilização tende a ser grandiosa e sedutora aos sentidos, seja pela complexidade acumulativa e simbólica, seja pelo virtuosismo naturalista das aparências. 4.1 Características da arte barroca: A arte barroca utilizou a temática religiosa e as cenas extraídas da vida cotidiana, buscando a integração entre as disciplinas artísticas, renunciando à harmonia individual em benefício da harmonia do conjunto, o que favoreceu, em especial, a articulação entre pintura, escultura e arquitetura. O estilo barroco promoveu a liberação do espaço, o que se refletiu no livramento intelectual das normas dos tratados e das convenções da geometria elementar praticadas até então. Houve a desobrigação com a simetria e com o contraste entre os espaços exterior e interior, ou seja, a arte barroca tratou de atender ao desejo de libertação artística num jogo de conflitos e contradições e assumiu um sentido psicológico. Este período artístico foi marcado pela saída do mecenato das mãos da Igreja Católica para se estabelecer nas mãos da aristocracia. Alguns aspectos comuns prevaleceram na arte barroca: o predomínio da razão sobre a emoção, a representação do drama humano trazida à cena pela expressividade do gesto teatral grandiloquente, pelos exageros, pelos excessos de sua ornamentação vivaz, pela monumentalidade das dimensões iluminadas, extraordinariamente, por uma progressão de claro-escuro e pelo vigor de suas combinações cromáticas e texturas, no dramático movimento retorcido das formas espiraladas, das curvas e das diagonais, que deram dinamismo à obra, demonstrando perfeito domínio sobre o uso do espaço. 18 4.2 Pintura barroca A pintura barroca tem uma tal diversidade de técnicas, estilos e funções que se toma difícil encontrar características que unifiquem as diferentes escolas. Na Itália, assim como em todo o mundo católico, adquire muita importância a pintura religiosa, destinada a familiarizar o fiel com a visão do sobrenatural e com os temas que ressaltam a glória do poder divino. Paralelamente, também se refletiu sobre a vaidade dos triunfos mundanos, às vezes por meio de cenas de gênero (temas da vida diária) e de naturezas-mortas, que tiveram desenvolvimento singular na época. Também adquiriram importância a pintura mitológica e a histórica, assim como o retrato. A pintura barroca do século XVII divide-se entre a representação realista e a inspiração na Antiguidade: • o naturalismo, representado pela genial figura de Caravaggio, que radicaliza as tendências esclarecedoras e populistas da Contrarreforma; • e o classicismo, que teve em Annibale Carracci seu principal defensor, recuperando a tradição clássica, com um sentido harmônico da beleza, como encarnação de um pensamento. https://www.coladaweb.com/biografias/caravaggio 19 Caravaggio, A vocação de São Mateus (c. 1600). São Luís dos Franceses, Roma. Annibele Carracci, O martírio de Santo Estêvão. Museu do Louvre, Paris. 20 4.3 Escultura barroca A escultura barroca apresenta grande diversidade de temas. Há esculturas ornamentais, alegóricas ou mitológicas, e retratos, especialmente em igrejas e túmulos. O material mais usado é o mármore, do qual se aproveitam todas as possibilidades de cor e textura. O bronze é o segundo material mais utilizado. Formalmente, trata-se de uma escultura naturalista, carregada de expressividade nos gestos, que insinua movimento e possui figuras cheias de energia e vitalidade formando composições complexas e teatrais, que transmitem ao observador grande instabilidade. No início do século XVII, vários escultores buscam afastar-se da sofisticação maneirista em busca da simplicidade. É o caso de Stefano Maderno (1576-1636), autor de Santa Cecília, peça que já aponta para a paixão pelo corpo e o êxtase dos santos, forte característica do Barroco. Stefano Maderno, Santa Cecília. Roma, Itália. Arquitetura e escultura muitas vezes caminharam juntas no Barroco italiano, como com Bernini, que uniu as duas artes ao projetar tumbas papais. 4.4 Arquitetura barroca A arquitetura barroca foi concebida para gerar uma ilusão sensorial que cative e emocione. Para que isso ocorresse, os arquitetos seguiram algumas regras: • Cor e textura têm sempre muita importância na escolha dos materiais, já que o objetivo é produzir uma impressão de enriquecimento e ostentação; para isso, 21 são utilizados mármores coloridos, combinados com metais e elementos dourados. • Há um sentido rítmico nas fachadas e nos muros, com efeitos dinâmicos obtidos por meio de curvas côncavas e convexas que buscam a continuidade espacial. Há ainda o uso de elementos que criam ilusões ópticas, efeitos de luz e sensação de que certos elementos arquitetônicos estão flutuando em relação ao resto da construção, caso, por exemplo, das cúpulas. • A complexidade do repertório formal, que supõe uma escala gigantesca, monumental, além de colunas salomônicas e entalhamentos em curvas. • A profusão decorativa, com abundância de motivos vegetais, cortinagens e elementos sobrepostos à estrutura, ainda que cumpram, muitas vezes, funções meramente cenográficas. Em virtude do movimento da Contrarreforma, encontra-se, na arte sacra, a mais expressiva característica da arquitetura barroca, que edificou muitasigrejas, nas quais foram utilizados recursos como a elevação do teto, que, aliada às esculturas, produzem a sensação de infinito. Empregou-se também a luminosidade, que atravessa as janelas de modo a evidenciar as mais importantes esculturas. Por meio do movimento espiralado encontrado nas colunas, conseguiu-se conduzir à sensação de movimento e grandiosidade; instituiu-se um monumental portal e o sino foi deslocado da área central para a dianteira. A partir de 1630, começaram a se multiplicar as plantas ovaladas e elípticas de menor tamanho, que, rapidamente, se tornariam características desse estilo. Além de Bernini, também se destacaram, na arquitetura barroca, os italianos Borromini e Pietro da Cortona. 22 Gianlorenzo Bernini, fachada da igreja de Santa Maria Dell’Assunzione (1662-1664). Ariccia, Itália. Em relação à arquitetura palaciana, a edificação era organizada em três pavimentos, diferentemente da renascentista, que utilizava um único bloco. Os palácios apresentavam diversas colunas e janelas que se repetiam e eram cercados por imensos e ricos jardins, numa perfeita simbiose que abriu caminho para o estilo neoclássico, que viria a seguir. Edificado durante o reinado de Luís XIV (o Rei Sol), o Palácio de Versalhes tornou-se um símbolo do absolutismo monárquico e é a edificação mais representativa do Barroco. Ele foi projetado pelo arquiteto francês Louis Le Vau (1612-1670) e, após sua morte, concluído por Jules Hardouin-Mansart (1646-1708). O Palácio de Versalhes foi um castelo real. Hoje abriga um museu e seu edifício é Patrimônio Mundial tombado pela Unesco. 4.5 Arte barroca no Brasil O estilo barroco no Brasil manifestou-se tardiamente e evidenciou a fase de maior efervescência artístico-cultural no período colonial. Seu apogeu ocorreu no século XVIII, mas se manteve até a chegada da missão francesa, em 1816. Enquanto isso, na Europa, o estilo barroco já não era mais usado e dava espaço para o retorno do modelo artístico clássico. https://www.coladaweb.com/historia/luis-xiv-o-verdadeiro-rei-absoluto https://www.coladaweb.com/artes/movimento-barroco-no-brasil 23 Representado pela arte icônica sacra, pelas pinturas e pelas igrejas em Pernambuco, na Bahia, no Rio de Janeiro e, principalmente, em Minas Gerais, o Barroco no Brasil determinou seu próprio caminho de propagação, variando de uma região para outra, transformando-se e fundindo-se com os estilos maneirista e rococó. Nas regiões que comercializavam açúcar e ouro, as igrejas eram ricamente decoradas com talhas douradas e esculturas minuciosamente trabalhadas. Nas regiões onde esse comércio era menos intenso, as igrejas eram mais modestas. O ciclo do ouro favoreceu sobremaneira a produção da escola mineira, que é tida como a mais importante do período. Revelando-se reservadamente nas fachadas, o Barroco brasileiro abrigou proporções de grandiosidade e esplendor em seus interiores ricamente cobertos de ouro. Antônio Francisco Lisboa, popularmente conhecido como Aleijadinho é considerado o maior artista no período colonial do Brasil e um dos mais importantes da arte brasileira ao longo dos tempos. Foi escultor, entalhador, desenhista e arquiteto. Aleijadinho, Cristo no Horto. Uma das 66 estátuas dos Passos da Paixão. Congonhas, Minas Gerais. https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/ciclo-do-ouro https://www.coladaweb.com/artes/aleijadinho 24 Outro grande nome desse período foi Manoel da Costa Ataíde, mais conhecido como Mestre Ataíde. Ao retratar uma madona mulata, representando Nossa Senhora cercada por inúmeros anjinhos igualmente mulatos, no teto da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, demonstrou, pela coragem de suas pinceladas, os primeiros traços étnicos de nosso povo, confirmando o princípio de nossa identidade cultural. Outros grandes nomes da fase barroca brasileira são: Frei Jesuíno do Monte Carmelo, pintor e arquiteto, em São Paulo; Mestre Valentim, escultor, entalhador e arquiteto, no Rio de Janeiro; Caetano da Costa Coelho, pintor, no Rio de Janeiro, José Joaquim da Rocha, pintor, na Bahia.