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direito aula 6 Legislação Aplicada e Direito do Consumidor

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LEGISLAÇÃO COMERCIAL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Sonia de Oliveira 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Olá! Sejam bem-vindos ao último encontro da disciplina. Nele, 
continuaremos a estudar o Código de Defesa do Consumidor, mas agora 
conversaremos sobre os aspectos de práticas comerciais e as penalidades 
aplicadas aos que violam os direitos dos consumidores, e também estudaremos 
os títulos de crédito. 
 Nesta primeira parte, falaremos sobre os seguintes temas: 
1. Das práticas comerciais: oferta e publicidade; 
2. Das práticas comerciais: políticas abusivas e cobranças de dívidas; 
3. Da proteção contratual do consumidor; 
4. Títulos de crédito; 
5. Das sanções penais e administrativas. 
Vamos iniciar os estudos? Boa Aula! 
 
CONTEXTUALIZANDO 
 Diariamente, na oferta de produtos e serviços no mercado de consumo, 
empresas praticam atos de oferta e publicidade que, muitas vezes, podem ser 
interpretados como abusivos. Por isso, é muito importante conhecer a legislação 
para atuar de forma a não causar prejuízos ao empreendimento. Ainda, a 
cobrança de dívida dos clientes não realizada de acordo com os ditames legais 
é considerada abusiva e, por consequência, a empresa pode ser 
responsabilizada no caso de reclamação formal por parte do consumidor junto 
aos órgãos competentes. 
 A proteção contratual do consumidor está inserida neste contexto, sendo 
imprescindível que seja respeitada, para que, igualmente, não gere sanções 
penais ou administrativas para a empresa, as quais também estudaremos neste 
encontro. Os títulos de crédito estão inseridos nesta parte, pois são a forma 
utilizada para que o consumidor realize o pagamento. Para tanto, faz-se 
necessário estar ciente do processo de cobrança e de pagamento. 
 Esta segunda parte dos estudos sobre o Direito do Consumidor envolve 
as práticas por parte da empresa em relação aos consumidores, por isso, seu 
estudo é fundamental para sua atividade. 
 
 
3 
 
TEMA 1 – DAS PRÁTICAS COMERCIAIS: OFERTA E PUBLICIDADE 
 No exercício da atividade comercial, é possível, apenas, ofertar produtos 
e serviços, de forma indiscriminada, pois algumas condutas devem ser adotadas 
para que não se pratiquem atos abusivos contra o consumidor. O CDC regula o 
assunto entre os artigos 30 e 38, sobre os quais passaremos a estudar. 
 Toda informação ou publicidade veiculada ao consumidor, seja por rádio, 
TV, outdoor, panfleto, jornal, revista etc., deve ser precisa, sem deixar dúvidas 
sobre o seu conteúdo. 
 As informações ou publicidades veiculadas obrigam o fornecedor a 
garantir ao consumidor aquilo que anunciou, de modo que o conteúdo da 
informação ou publicidade deve integrar o contrato que vier a ser celebrado. 
 Sobre a oferta e a apresentação dos produtos e serviços, exige-se que a 
informação seja: correta, clara, precisa, visível e em língua portuguesa. Caso um 
destes requisitos não seja atendido, o fornecedor precisa arcar com as 
consequências, como garantir o preço do anúncio que foi veiculado de forma 
equivocada. 
 Nesta questão do anúncio do preço de forma equivocada, especialmente 
quando tratamos de comércio eletrônico, não é raro nos depararmos com ofertas 
que não condizem com a realidade do preço esperado do produto ou serviço. 
Dessa forma, muitos consumidores adquirem o produto/serviço anunciado e, 
depois, a empresa retifica a oferta, cancelando a venda e não entregando o que 
tenha sido adquirido, de modo que o caso acaba parando na justiça. 
 Nestes casos, as decisões não têm sido unânimes, mas, em regra, 
determinam que o fornecedor deve garantir a oferta anunciada desde que não 
tenha havido erro grosseiro, capaz de ser identificado pelo consumidor, no 
anúncio. 
 Vamos ver alguns exemplos? 
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, 
CUMPRIMENTO FORÇADO DE OFERTA DE PRODUTO C/C DANO 
MORAL. PROPAGANDA ENGANOSA. VEICULAÇÃO DE ANÚNCIO 
PUBLICITÁRIO DE DESCONTO NA COMPRA DE DUAS PANELAS. 
OFERTA NÃO CUMPRIDA. COBRANÇA DE VALORES ACIMA DO 
ANUNCIADO. OFERTA EM PREÇO NÃO ÍNFIMO QUE OBRIGA O 
CUMPRIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 30 DO CDC. FALHA NA 
PRESTAÇÃODO SERVIÇO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS 
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. Recurso conhecido e desprovido, esta 
Turma Recursal resolve, por unanimidade de votos, conhecer e negar 
 
 
4 
provimento aos recursos interpostos, nos exatos termos deste voto. 
(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0064997-41.2014.8.16.0014 - Londrina - 
Rel.: Aldemar Sternadt - J. 04.12.2015, destaque nosso) 
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C 
DANOS MORAIS. PRODUTO NÃO ENTREGUE. COMPRA FEITA 
PELA INTERNET. CAMISA DE TIME. ERRO GROSSEIRO NO 
ANÚNCIO DA OFERTA. VALOR MUITO ABAIXO DO PREÇO DE 
MERCADO. AUSÊNCIA DE PLUS AO CASO CONCRETO, 
MEDIANTE PROVAS MÍNIMAS NOS AUTOS, DE OFENSA À HONRA 
SUBJETIVA. BEM NÃO ESSENCIAL. AUSÊNCIA DE COBRANÇA E 
RETRATAÇÃO DA RECORRIDA ANTES DA EFETIVAÇÃO DA 
COMPRA. INFORMAÇÃO A TEMPO EFICIENTE PELA RÉ 
SOBREPONDO-SE À ALEGADA INEFICIÊNCIA DE CALL CENTER. 
DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. MERO ABORRECIMENTO DO 
COTIDIANO QUE NÃO ENSEJA REPARAÇÃO. INEXISTENTE 
DEVER DE INDENIZAR. SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS 
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS (ART. 46, LJE). AUTORIZAÇÃO LEGAL 
E POR REITERADO ENTENDIMENTO DO STF. RECURSO 
CONHECIDO DESPROVIDO. Ante o exposto, esta 1ª Turma Recursal 
- DM92 resolve, por unanimidade dos votos, em relação ao recurso de 
XXXX, julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos 
exatos termos do vot (TJPR - 1ª Turma Recursal - DM92 - 0016762-
72.2016.8.16.0014 - Londrina - Rel.: Daniel Tempski Ferreira da Costa 
- J. 23.05.2017) 
 Existem alguns produtos no mercado que podem requerer manutenção 
ou troca de peças. Por este motivo, a legislação determina que o fabricante e o 
importador garantam a oferta de componentes para reposição enquanto o 
produto estiver sendo fabricado ou importado. Quando parar de ser vendido, 
esses componentes ainda devem ser disponibilizados por tempo razoável, no 
entanto, a lei não esclarece o período exato dessa disponibilidade. 
 Outra situação muito comum é a utilização de palavras em inglês, e é bem 
provável que você já tenha se deparado com expressões como delivery, show 
room, off etc. Tais expressões, de certa forma, podem ser consideradas 
populares e de conhecimento do consumidor, mas o risco é sempre do 
fornecedor ao utilizá-las, pois, caso o consumidor sofra algum tipo de prejuízo 
por enganar-se, aquele poderá ser responsabilizado. 
 No caso importação, os importadores devem inserir, no rótulo do produto, 
as informações em língua portuguesa, de modo a permitir que o consumidor 
identifique o produto e suas características. 
 Nas ofertas e vendas realizadas pelo telefone ou reembolso postal, o 
nome do fabricante e o seu endereço devem ser inscritos na embalagem, na 
publicidade e/ou em quaisquer outros impressos que venham a ser utilizados na 
transação comercial. 
 Em se tratando de publicidade por telefone, seja de bem ou serviços, 
proíbe-se a sua realização quando a ligação for onerosa para quem recebe. É o 
 
 
5 
caso em que o consumidor entra em contato com o fornecedor, por telefone, e 
enquanto aguarda ser atendido, veicula-se propaganda de produtos ou serviços 
daquele prestador. 
 Como a legislação não proíbe que os fornecedores entrem em contato 
com o consumidor para oferecer produtos e serviços, já que neste caso a ligação 
não é custeada pelo consumidor, em alguns estados, o Procon permite 
cadastramento dos consumidores que não desejam receber tais ligações. O 
estado de São Paulo, por exemplo, tem uma lei estadual neste sentido, a qual 
pode ser consultada. Acesse: 
<http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2008/lei-13226-
07.10.2008.html>. 
 No caso de o fornecedor se recusar a cumprir a apresentação, publicidade 
ou oferta, poderá o consumidor optar entre: a) exigir o cumprimento forçado; b) 
aceitar outro produto ou prestaçãosemelhante/equivalente; ou c) rescindir o 
contrato, recebendo, em valores atualizados, a quantia paga. 
 Em relação à veiculação do produto, o consumidor deve conseguir 
identificá-lo facilmente como tal. Assim, é vedada publicidade mascarada ou 
publicidade subliminar, ou seja, aquela que induz, indiretamente, o consumidor 
à compra de determinado produto. 
 
Vídeo 
Sobre mensagem subliminar, assista o vídeo “Direito do Consumidor - 
Casos de publicidade subliminar - FGV Direito Rio”, que explica rapidamente o 
que isso significa. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=c5o-
3xYh_Xc>. 
 
 É importante destacar que o CDC não proíbe o merchandising, técnica de 
veicular produtos e serviços, de forma “camuflada” ou não, em programas de 
televisão, rádio, espetáculos, filmes etc. Também não há vedação legal em 
relação ao teaser, técnica para criar uma curiosidade ou expectativa em relação 
a algum produto ou serviço a ser lançado. (Garcia, 2008, p. 205) 
 Uma modalidade de publicidade enganosa é a publicidade chamariz, na 
qual o fornecedor faz uma publicidade de um serviço ou produto, com preço 
altamente competitivo e, ao chegar na loja, o consumidor é informado sobre o 
 
 
6 
término dos estoques daquilo que foi anunciado e a ele é ofertado outro, com 
preço não tão atrativo. (Garcia, 2008, p. 206) 
 
Saiba mais 
Veja a notícia de uma empresa condenada ao pagamento de multa 
milionária por propaganda enganosa acessando <http://g1.globo.com/mato-
grosso-do-sul/noticia/2017/03/extra-e-condenado-pagar-r-1-milhao-por-
propaganda-enganosa.html>. 
 A legislação impõe ao fornecedor a guarda de todos os elementos fáticos, 
técnicos e científicos que sustentam a publicidade para o caso de legítimos 
interessados (consumidores e seus protetores) requisitarem. Essa ideia se 
recorre do princípio da transparência das fundamentações, que deve nortear as 
condutas comerciais. 
 O art. 37 do CDC proíbe expressamente toda publicidade enganosa e a 
abusiva. Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre o tema. 
TEMA 2 – DAS PRÁTICAS COMERCIAIS: POLÍTICAS ABUSIVAS E COBRANÇA 
DE DÍVIDAS 
 O CDC apresenta um rol de práticas abusivas vedadas no fornecimento 
de produtos ou serviços. Este rol é apenas exemplificativo, podendo alguma 
conduta ali não descrita ser assim considerada por autoridade competente que 
faça a sua interpretação no caso concreto. 
 Vamos analisar cada um dos incisos do artigo 39 do CDC: 
 “I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao 
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa 
causa, a limites quantitativos” (Brasil, 1990). 
 A situação de condicionar um produto ou serviço à aquisição de outro, 
também conhecida como venda casada. Neste caso, o consumidor que precisa 
de determinado bem ou serviço acaba se submetendo à exigência do fornecedor 
e, por consequência, é onerado no valor. Ainda, o inciso proíbe que o fornecedor 
limite, de forma injustificada, quantidade máxima ou mínima de aquisição, pois 
faz com que o consumidor seja limitado em suas necessidades de menor ou 
maior quantidade. 
 
 
7 
 Exemplos de venda casada: obrigatoriedade de adquirir seguro pessoal 
na abertura de conte corrente; cinema que permite somente entrar nas salas 
cinematográficas com produtos comprados no seu estabelecimento; aquisição 
de seguro habitacional na aquisição de imóvel; aquisição de outro bem 
específico para aceitação de pagamento com cartão de crédito etc. 
 Exemplos de limitação de quantidade: o famoso “leve 3 e pague 2”, desde 
que não seja dada ao consumidor a possibilidade de adquirir em unidades o 
produto; limitar o número máximo de um determinado produto sem que ele esteja 
em promoção e sem informação prévia do consumidor etc. 
 “II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata 
medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de 
conformidade com os usos e costumes” (Brasil, 1990). 
 Situação que evita uma discriminação ao consumidor. Não pode o 
fornecedor de produtos e serviços negar-se a realizar a venda para quem a 
queira e tenha condições de pagar o preço. 
 Exemplo: deixar o comerciante de vender apenas uma bala; negar-se o 
taxista a fazer a corrida porque a distância percorrida é curta etc. 
 “III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, 
qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço” (Brasil, 1990). 
 Assim como a venda casada, esta prática é uma das mais comuns por 
parte dos fornecedores de produtos e serviços. Trata-se das hipóteses em que 
o fornecedor afronta a liberdade de consumo e não respeita a vontade do 
consumidor, impondo a ele produtos e serviços. 
 O problema ainda se agrava quando o produto ou serviço, não requerido, 
passa a gerar ônus para o consumidor, como anuidades, mensalidades, faturas 
etc., bem como a inserção do seu nome em órgão de proteção ao crédito pelo 
não pagamento da cobrança indevida. Para que haja a responsabilização do 
fornecedor, basta o simples envio ou a entrega do produto ou serviço, não sendo 
necessária a realização de qualquer tipo de cobrança. 
 Exemplos: envio de cartão de crédito, que pode ter, ou não, cobrança 
posterior de anuidade; envio de aparelhos de telefone celular com linha ativa e, 
posteriormente, cobrança de mensalidades; cobrança de seguros no cartão de 
crédito etc. 
 
 
8 
 “IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo 
em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para 
impingir-lhe seus produtos ou serviços” (Brasil, 1990). 
 É o caso em que o fornecedor se aproveita de alguma condição pessoal 
do consumidor que o torne vulnerável para facilitar a aquisição de produto ou 
serviço, sendo expressamente previsto: idade, saúde e conhecimento ou 
condição social. 
 Exemplos: contratação de empréstimo a analfabetos, que não podem 
identificar e conhecer as cláusulas contratuais; empréstimos consignados com 
taxas abusivas a idosos etc. 
 “V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva” 
(Brasil, 1990). 
 Não se pode admitir que o fornecedor se valha da sua condição de 
superioridade econômica e financeira em relação ao consumidor para deste 
exigir vantagem excessiva, causando um desequilíbrio contratual entre as 
partes. 
 Exemplo: exigir cheque caução para atendimento hospitalar emergencial 
de paciente que tenha plano de saúde. 
 “VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e 
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de 
práticas anteriores entre as partes” (Brasil, 1990). 
 Trata-se do caso em que o fornecedor age por conta própria, sem 
manifestação prévia de aceitação por parte do consumidor. O fato de este 
solicitar um orçamento não autoriza a execução do serviço, a qual deve ser feita 
mediante aprovação do consumidor. Caso o fornecedor realize serviço sem a 
autorização do consumidor, este terá valor de amostra grátis, nada sendo devido. 
 Exemplo: você solicita a uma farmácia de manipulação um orçamento. Ela 
expõe o valor, mas não há expressa aceitação da sua parte. Mesmo assim, ela 
informa que o produto foi manipulado e pode ser retirado. 
 “VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo 
consumidor no exercício de seus direitos” (Brasil, 1990). 
 A legislação civil, em especial o CDC, confere ao consumidor o direito de 
acesso aos órgãos administrativos e judiciais de proteção, sem que ele seja 
depreciado no mercado de consumo por se valer de tais instrumentos. 
 
 
9 
 Assim, o fornecedor não pode publicar ou divulgar qualquer informação 
depreciativa do consumidor que tenha buscado autoridades no intuito de fazer 
valer direito a ele legalmente garantido, pois isso lhe causaria constrangimentos 
e, até quem sabe, negativa de atendimento de outros fornecedores. 
 Exemplo: em sites de vendas, que permitem ao consumidor qualificar 
vendedor e vice-versa, o vendedorinforme que foi demandado pelo consumidor, 
sem explicar as circunstâncias, depreciando-o. 
 VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou 
serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos 
oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, 
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra 
entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, 
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) (Brasil, 1990, 
grifo nosso). 
 Alguns produtos e serviços devem atender a padrões de normas técnicas 
previstas por alguns órgãos como ABNT, Inmetro ou Conmetro. Portanto, colocar 
esses produtos no mercado em desacordo com tais normas é considerado 
conduta abusiva. 
 Essas normas técnicas visam à melhora da qualidade e segurança do 
produto ou serviço garantindo a sua eficiência, de modo que sua existência não 
é simples exigência formal. 
 Exemplo: o Inmetro, a partir de denúncias, analisou um modelo específico 
de determinada marca de um fogão e verificou que ele não atendia aos critérios 
de segurança, pois a liberação de monóxido de carbono estava acima dos níveis 
permitidos. Leia na íntegra o resultado dos testes acessando 
<http://www.inmetro.gov.br/noticias/verNoticia.asp?seq_noticia=4094>. 
 
 “IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente 
a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, 
ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais” 
(Brasil, 1990). 
 A diferença entre este inciso e o II é de que, neste caso, o fornecedor se 
recusa a atender diretamente o consumidor, impondo a participação de um 
intermediário, com exceção das intermediações permitidas em lei. 
 O fato é que o fornecedor não pode se negar a atender o cliente, ou seja, 
ele deve ser impessoal em relação aos que lhe procuram. Quando o texto fala 
em “pronto pagamento”, entende-se dinheiro, pois a transferência é imediata, ao 
contrário do cheque ou do cartão de crédito. 
 
 
10 
 Exemplo: não podem as concessionárias de serviços públicos (luz e água, 
por exemplo) se negarem a firmar contrato com o consumidor que as procuram. 
 “X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços” (Brasil, 
1990). 
 Ao fornecedor, não é proibido o reajuste de preços dos produtos ou 
serviços, entretanto, este deve fazê-lo de forma a não prejudicar os 
consumidores. Justificariam o aumento do valor do produto o aumento da 
matéria-prima ou inflação, bem como demais elementos do mercado que 
interfiram do preço final do produto. 
 Em 2015, o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento de que 
é abusiva a prática de preços diferenciados para pagamento com cartão de 
crédito ou dinheiro para o mesmo produto. Ou seja, quem pagar em dinheiro 
paga valor menor e quem opta pelo cartão de crédito paga um outro valor maior. 
 Em 2016, foi editada a Medida Provisória n. 763, que prevê justamente o 
contrário da decisão do STJ antes informada. Ou seja, o texto permite o valor 
diferenciado da mercadoria de acordo com a forma de pagamento. Entretanto, a 
medida provisória ainda não foi convertida em lei, estando em tramitação. 
 Exemplo: o fornecedor anuncia um produto e, dentro do período de sua 
validade, aumenta o preço; valores diferentes para o mesmo produto de acordo 
com a forma de pagamento. 
 “XI - convertido no inciso XIII” (Brasil, 1990). 
 Esse inciso será analisado no item XIII. 
 “XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação 
ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério” 
(Brasil, 1990). 
 Essa previsão do CDC visa à proteção do equilíbrio contratual, pois se o 
consumidor tem os prazos bem definidos para pagamento, o fornecedor também 
deve tê-los para entrega dos produtos ou dos serviços adquiridos. 
 O ideal é que seja firmado contrato entre as partes, com a fixação dos 
prazos de cumprimento das obrigações por cada uma delas no contrato, no 
intuito de evitar, inclusive, que a relação se perpetue no tempo. 
 Exemplo: contratação de móveis sob medida sem previsão de entrega 
pelo fornecedor. 
 “XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou 
contratualmente estabelecido” (Brasil, 1990). 
 
 
11 
 Nas contratações que se perpetuam no tempo, é comum a previsão de 
índices de reajuste das parcelas, no intuito de recompor o preço ajustado. Nesse 
caso, na data firmada, o reajuste deve ser feito, mas é vedado ao fornecedor 
adotar índice diverso daquele contratado, pois pode onerar ainda mais o 
consumidor. 
 A legislação não trata de índice diverso que beneficie o consumidor, razão 
pela qual a ideia é de que não se efetue a alteração, salvo por concordância 
expressa das partes em adendo ao contrato firmado. 
 Exemplo: contrato de locação residencial que prevê índice de reajuste 
anual. 
 Como dito anteriormente, este rol é exemplificativo, podendo ser 
considerada como abusiva outras condutas não descritas pela legislação, desde 
que assim sejam vistas pelo juiz ou órgão administrativo que analise o caso. 
 O artigo 40 do CDC trata do orçamento. Aduz que ele é obrigatório e deve 
especificar os valores de mão de obra e materiais a serem utilizados. Caso o 
prazo não seja convencionado pelas partes, o orçamento tem validade de dez 
dias e deve ser expressamente aceito pelo consumidor. Sendo, portanto, aceito, 
ele obriga os contratantes, de modo que suas alterações somente podem se dar 
por meio de negociação das partes, ou seja, não se admite alteração unilateral 
por uma delas, apenas. 
 A lei, ainda, determina como imposição aos fornecedores o dever de 
fornecer produtos e serviços sob o regime de tabelamento de preços de acordo 
com o previsto, sob pena de responsabilidade e de devolução da diferença paga 
ao consumidor, que também pode optar pelo desfazimento do negócio. 
 E quanto à cobrança de dívidas, vamos aprender o que o CDC dispõe a 
respeito? Para tanto, veja o vídeo a seguir. 
TEMA 3 – DA PROTEÇÃO CONTRATUAL DO CONSUMIDOR 
 O CDC tem algumas normas básicas que devem ser atendidas para a 
proteção contratual do consumidor. Elas precisam ser atentamente observadas 
no intuito de garantir um equilíbrio contratual entre as partes, evitando, assim, as 
práticas comerciais abusivas antes estudadas. 
 É direito do consumidor ter acesso prévio às regras contratuais aplicáveis 
ao seu contrato de consumo, sob pena de não ser obrigado ao seu cumprimento. 
 
 
12 
Ainda, o consumidor estará desobrigado se as normas não tiverem sido redigidas 
de forma clara e dificultarem a compreensão de seu conteúdo, sentido e alcance. 
 Havendo dificuldades na interpretação de alguma cláusula do contrato, ou 
caso exista sentido dúbio, a interpretação sempre será feita de forma a beneficiar 
o consumidor, que não pode arcar com prejuízos ou ser lesado por conduta do 
fornecedor. 
 Quando a compra do produto ou contratação do serviço se der fora do 
estabelecimento comercial, por telefone ou a domicílio, o consumidor pode 
desistir da compra em um prazo de 7 dias contados da assinatura do contrato ou 
do ato de recebimento do produto ou serviço. Esta previsão configura o chamado 
“direito de arrependimento” do consumidor, que, se for exercido, dará a este o 
direito de receber os valores eventualmente pagos, atualizados monetariamente. 
 As partes podem contratar garantias diversas às legais, complementares 
a estas, devendo ser formalizadas por escrito. O termo de garantia contratada 
deve esclarecer no que ela consiste, a sua forma, o prazo e o local em que pode 
ser exercida, bem como o ônus do consumidor, a quem deve ser entregue pelo 
fornecedor o manual de instruções, de instalação e de uso do produto. Este 
manual de instrução deve apresentar linguagem didática para permitir a 
compreensão e ser acompanhado de ilustrações. 
 Algumas cláusulas contratuais podem ser consideradas nulas de pleno 
direito, ou seja, em momentoalgum, podem obrigar o consumidor. O art. 51 do 
CDC elenca algumas destas normas, vejamos: 
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do 
fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou 
impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de 
consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a 
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; 
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, 
nos casos previstos neste código; 
III - transfiram responsabilidades a terceiros; 
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que 
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam 
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; 
V - (Vetado); 
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do 
consumidor; 
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; 
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio 
jurídico pelo consumidor; 
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, 
embora obrigando o consumidor; 
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço 
de maneira unilateral; 
 
 
13 
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem 
que igual direito seja conferido ao consumidor; 
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua 
obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor; 
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou 
a qualidade do contrato, após sua celebração; 
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; 
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; 
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias 
necessárias. (Brasil, 1990) 
 É importante destacar que uma cláusula nula não invalida o contrato 
inteiro, salvo se esta nulidade acarretar ônus excessivo a qualquer uma das 
partes envolvidas na relação contratual. 
 A declaração de nulidade de cláusula contratual pode ser feita a pedido 
do consumidor, ou por este representado por qualquer entidade que o 
represente, juntamente ao Ministério Público, que ajuizará ação competente para 
tanto. O Ministério Público pode, inclusive, atuar em favor de uma coletividade 
de consumidores, identificáveis ou não. 
 Quando o contrato de fornecimento de produtos ou serviços envolver 
concessão de crédito ou financiamento ao consumidor, este deverá ser 
previamente informado de forma adequada sobre: 
1. Preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional. 
2. Montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros. 
3. Acréscimos legalmente previstos. 
4. Número e periodicidade das prestações. 
5. Soma total a pagar, com e sem financiamento. 
 O CDC fixa o valor máximo de 2% da parcela como multa nos casos de 
mora na obrigação pelo consumidor. Entretanto, caso o consumidor tenha 
interesse em liquidação antecipada da obrigação (pagamento antecipado de 
prestações, por exemplo), total ou parcialmente, deve ter redução proporcional 
dos juros e demais acréscimos inseridos no contrato. 
 Para o caso de contratos que envolvam compra e venda de móveis ou 
imóveis com parcelas mensais, incluindo alienações fiduciárias em garantia, são 
nulas as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações já pagas no 
caso em que o fornecedor requerer a resolução do contrato por inadimplemento 
do consumidor e a devolução do produto objeto do contrato. 
 Existe uma categoria chamada contrato de adesão. Você sabe por que 
ele recebe esse nome? Assista ao vídeo a seguir e saiba mais. 
 
 
14 
TEMA 4 – OS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 Dentro deste estudo do Direito do Consumidor, inserimos o tema “títulos 
de crédito”, pois estes, muitas vezes, são utilizados como formas de pagamento 
e, por isso, exige-se o seu conhecimento. 
 O artigo 887 do Código Civil define título de crédito como sendo o 
“documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido” 
(Brasil, 2002) e que somente produz efeitos se atendidos todos os seus 
requisitos legais. 
 Se declarada a invalidade de um título de crédito, isto não invalida o 
negócio jurídico que deu origem a ele. Por exemplo: se um cheque está 
rasurado, ele se torna inválido, mas isto não invalida a compra e venda na qual 
ele foi dado em pagamento. 
 O título de crédito deve, obrigatoriamente, conter a data de emissão, a 
indicação precisa dos direitos que confere e a assinatura do emitente. Quando 
não constar data de vencimento no título de crédito, considera-se que é à vista. 
Quanto ao local da emissão e do pagamento, caso não haja indicação expressa, 
considera-se o domicílio do emitente. 
 O título de crédito pode ser transferido de uma pessoa a outra. Neste 
caso, serão também transferidos todos os direitos nele inscritos e que lhe sejam 
inerentes. 
 É permitida a garantia de título de crédito por aval quando ele contenha a 
obrigação de pagar determinada quantia. Este aval deve ser dado em relação ao 
valor integral, sendo vedado aval parcial, salvo autorização legal expressa. Este, 
por sua vez, deve ser formalizado no verso ou anverso do título de crédito, sendo 
suficiente a assinatura do avalista, o qual, se desejar fazer o cancelamento do 
aval, deverá fazê-lo expressamente. 
 O pagamento do título de crédito pode ser feito ao seu legítimo portador, 
ficando, então, o devedor desonerado, salvo de agir de má-fé. Efetuado o 
pagamento, o devedor pode requerer quitação regular, bem como a entrega do 
título (a nota promissória, por exemplo, deve ser resgatada pelo devedor depois 
da quitação). 
 O credor não é obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do 
título, ainda que parcialmente. Todavia, no vencimento, o credor não pode se 
 
 
15 
negar a receber o pagamento, ainda que parcial, para o que deverá entregar 
recibo específico. 
 Os títulos de crédito podem ser transferidos a terceiros pela simples 
entrega, de modo que, a partir desta, o recebedor passa a ser o credor da quantia 
encartada no documento, podendo receber mediante simples apresentação ao 
devedor: são os títulos ao portador. O fato de o título ter circulado nas mãos 
de terceiro sem a autorização do emitente não afasta do direito de crédito o 
portador do título. 
 Caso o título de crédito seja danificado, o seu portador pode exigir outro 
do devedor, mediante entrega daquele e pagamento das despesas para a nova 
emissão. No caso de perda do título, ou seja, o portador for injustamente dele 
privado, pode também requerer um novo judicialmente, bem como impedir de 
que sejam pagos a outras pessoas o capital e os rendimentos do título. 
 Além dos títulos ao portador, a legislação contempla o título à ordem, 
que consiste no título de crédito emitido em favor de determinada pessoa e 
transferido a outra por meio de endosso no verso ou anverso do título (simples 
assinatura do endossante). Esta, por fim, se completa com a entrega do título ao 
endossatário. Caso o endosso seja cancelado, este deve ser expressamente 
escrito no título. 
 O endosso do título pode ser em preto ou branco. Será em branco quando 
o endossatário não for identificado no momento da entrega do título e, em preto, 
quando o for. 
 É importante frisar que, sem cláusula expressa no endosso, o endossante 
não responde pela prestação do título. Havendo uma cláusula que assim o 
determine, ele será devedor solidário juntamente com o emitente do título e, 
neste caso, se realizar o pagamento, poderá cobrar de forma retroativa dos 
demais coobrigados. 
 Por fim, a legislação prevê o título nominativo, ou seja, aquele cujo nome 
da pessoa a favor de quem foi emitido esteja expresso no título. O título 
nominativo pode ser transferido a terceiros mediante endosso em que conste o 
nome do endossatário ou mediante termo, que deve ser assinado pelo 
proprietário e adquirente. 
 É permitido, ainda, que o título nominativoseja transformado em título à 
ordem ou ao portador, a pedido do proprietário e à sua custa. 
 
 
 
16 
Saiba mais 
Leia na íntegra a decisão que condenou responsável por estabelecimento 
comercial pela venda de produtos vencidos aos consumidores. Acesse: 
<https://portal.tjpr.jus.br/jurisprudencia/j/11194061/Ac%C3%B3rd%C3%A3o-
779149-3>. 
TEMA 5 – DAS SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS 
 O CDC prevê sanções administrativas e infrações penais por condutas 
que violam os direitos dos consumidores e as suas normas. 
 Condutas que violam as normas de direito do consumidor ficam sujeitas 
às seguintes sanções administrativas: multa, apreensão de produto, inutilização 
de produto, cassação de registro do produto, proibição de fabricação do produto, 
suspensão de fornecimento de produto ou serviço, suspensão temporária da 
atividade, revogação de concessão ou permissão de uso, cassação da licença 
do estabelecimento, interdição total ou parcial do estabelecimento, intervenção 
administrativa e imposição de contrapropaganda. 
 Estas penalidades serão aplicadas pelos órgãos administrativos da esfera 
Federal, Estadual ou Municipal, vez que a todos são atribuídas competências 
para proteção do consumidor. Inclusive, a legislação permite que as penalidades 
administrativas sejam cumulativas e sem prejuízo de outras de natureza civil e 
criminal. 
 Destacamos aqui a contrapropaganda, que deve ser determinada nos 
casos em que for veiculada pelo fornecedor publicidade enganosa ou abusiva, 
sobre as quais já estudamos. É uma forma de se redimir e levar ao público 
consumidor a informação verdadeira. A divulgação da contrapropaganda deve 
ser veiculada com o mesmo alcance da que se presta contradizer, no intuito de 
tentar alcançar o mesmo público e desfazer a propaganda enganosa ou abusiva. 
 A multa pode ser aplicada de forma gradativa, após a finalização de 
processo administrativo, sendo revertido o valor para fundos de proteção ao 
consumidor. As demais penalidades, como a de cassação de alvará de licença, 
de interdição e de suspensão temporária da atividade, bem como a de 
intervenção administrativa, devem ser precedidas de procedimentos 
administrativos, nos quais é assegurada a defesa do fornecedor. 
 A pena de cassação da concessão pode ser aplicada contra 
concessionárias de serviços públicos quando violar dever legal ou contratual. A 
 
 
17 
intervenção administrativa será aplicada quando a cassação da licença não for 
aconselhável, assim como a interdição ou suspensão da atividade. 
 Habitualmente, vemos empresas de grande porte sendo multadas por 
infrações contra o consumidor. Veja um exemplo da notícia veiculada pelo jornal 
O Globo acessando <https://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-
consumidor/banco-do-brasil-bradesco-itaucard-sao-multados-por-violacao-de-
direitos-do-consumidor-9327468>. 
 O CDC prevê as condutas consideradas crime contra as relações de 
consumo, as quais, em regra, são punidas com pena de detenção e multa. A 
pena de detenção significa que o agente condenado não ficará preso em regime 
fechado, mas, se condenado, pode ficar em regime aberto ou semiaberto. 
 Cada um que concorrer para os crimes previstos no CDC será condenado 
na medida da sua culpa, no que se inclui diretor, administrador ou gerente da 
pessoa jurídica que concorrerem para o crime. Além das penas privativas de 
liberdade (detenção) e multa, podem ser aplicadas medidas de interdição 
temporária de direitos, publicação na imprensa, expensas do condenado, do fato 
e da condenação e prestação de serviços à comunidade. 
 Vamos conhecer algumas condutas consideradas crime pelo CDC? 
TROCANDO IDEIAS 
 Neste encontro, estudamos que o CDC tem um capítulo inteiro destinado 
à proteção contratual do consumidor. 
 Os contratos são inerentes ao direito privado, sendo prevista a livre 
contratação entre as partes, inclusive quanto à previsão de cláusulas aplicáveis 
à relação jurídica. 
 Neste caso, você pensa que é conveniente ao Estado interferir na relação 
contratual entre consumidor e fornecedor, tratando-se, isso, de uma forma de 
contratação privada? Se sim, o que justifica esta intervenção? 
NA PRÁTICA 
 Responda à questão a seguir: 
(ENADE 2009 - TECNOLOGIA EM MARKETING – 2009) Uma empresa de 
varejo de eletrodomésticos colocou uma propaganda em um grande jornal de 
circulação nacional, no qual anunciava uma geladeira duplex por R$ 500,00, 
 
 
18 
podendo ser paga em 24 meses. Entretanto, quando o consumidor tentava 
aproveitar a oferta, descobria que, para isso, teria que possuir um cartão de 
crédito da loja, que cobrava juros abusivos. 
 Tal empresa fere qual direito básico do consumidor? 
a. A proteção da vida, da saúde e da segurança do consumidor contra possíveis 
riscos provocados por quaisquer práticas associadas ao fornecimento de 
produtos e de serviços considerados perigosos e/ou nocivos. 
b. A educação do consumidor e a divulgação sobre as formas de consumidor 
adequadamente produtos e serviços, assegurando a liberdade de escolha e a 
igualdade nas contratações. 
c. A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos, bem como contra práticas e cláusulas abusivas impostas no 
fornecimento de produtos e serviços. 
d. A modificação das cláusulas contratuais que estabelecem prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as 
tornem excessivamente onerosas. 
e. O acesso aos órgãos judiciários e administrativos na prevenção ou reparação 
de danos patrimoniais e morais, individuais ou coletivos, assegurada a 
proteção jurídica, administrativa e técnica dos necessitados. 
FINALIZANDO 
 Neste encontro, finalizamos o estudo do Direito do Consumidor 
abordando os seguintes temas: 
1. Das práticas comerciais: oferta e publicidade 
2. Das práticas comerciais: políticas abusivas e cobrança de dívidas 
3. Da proteção contratual do consumidor 
4. Títulos de crédito 
5. Das sanções penais e administrativas 
 Espero que o estudo tenha contribuído para aprimoramento de seus 
conhecimentos! 
 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
AZEVEDO, N. Q. de. Direito do consumidor. [livro eletrônico] Curitiba: 
Intersaberes, 2015. 
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. 
Brasília, DF, 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 12 jan. 
2017. 
BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do 
consumidor e dá outras providencias. Brasília, DF, 1990. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm>. Acesso em: 12 jan. 2017. 
GARCIA, L. de M. Direito do consumidor: código comentado e jurisprudência. 
4 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2008. 
VENERAL, D.; ALCANTARA, S. A. Direito aplicado. Curitiba: Intersaberes, 
2014. 
 
 
 
 
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RESPOSTAS 
a. Errada. Apesar de abusiva, a prática comercial não coloca em risco a saúde 
e a segurança do consumidor. 
b. Errada. A prática comercial, apesar de abusiva, não induz ao consumo de 
forma a violar a liberdade de escolha. 
c. Correta. A loja de eletrodomésticos promoveu ato abusivo contra o 
consumidor de propaganda enganosa e venda casada. 
d. Errada. Não houve alteração de cláusulas contratuais, pois o consumidor 
conheceu todos os seus termos ao tentar adquirir o produto, contudo, estas 
se mostraram abusivas. 
e. Errada. Em momento algum foram impostas cláusulas contratuais que 
impediam o acesso aos órgãos administrativos e judiciários de defesa do 
consumidor. 
Portanto, resposta correta: C

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